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ACÓRDÃO
Belo Horizonte
2023
Brad Braz Silva – 323112211
Bruno Menezes Rodrigues Gomes De Castro – 319230450
Guilherme Cerqueira dos anjos Franco – 320125076
Karine Ellen de Oliveira Alves - 323129273
Paola Mayara Pereira das Graças – 321220198
Ruan Ricardo Oliveira Saturnino – 323119587
Verônica Vitória da Costa Silva – 32313962
Victor Ventura de Souza Prata – 323115042
ACÓRDÃO
ACÓRDÃO
DESA.
RELATORA
DESA.
VOTO
Após instrução, foram apresentadas os memorias finais, pelo Ministério Público, pedindo
a condenação conforme a denúncia (ID 9548281536) e, pela defesa, requerendo a
absolvição (ID 9562182268)
A sentença foi publicada em XX.XX.2023, julgando procedente o pedido contido na
denúncia, condenando Everton Cristiano dos Santos pela prática do crime do art. 155,
caput, do Código Penal, às penas de um (01) ano e seis (06) meses de reclusão em regime
semiaberto e quinze (15) dias-multa.
Inconformado, Everton interpôs, através de Defensor Público, o presente recurso de
apelação, requerendo a absolvição aplicando-se o princípio da insignificância. Em caso
de entendimento diverso, requer a redução da pena-base para o mínimo legal, com o
reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, e ainda, o cumprimento inicial da
pena em regime aberto.
O processo transcorreu nos termos do relatório da sentença, que ora adoto, tendo sido o
réu pessoalmente intimado.
Ao exame dos autos, verifico que não se implementou nenhum prazo prescricional.
Também não vislumbro qualquer nulidade que deva ser declarada, de ofício, bem como
não há preliminares a serem enfrentadas. Assim, passo ao exame do mérito.
De acordo com o que se depreende dos autos, no dia e momento dos fatos, o apelante,
visando à subtração patrimonial, adentrou no transporte público e, portando de uma faca
e uma mochila, começou a subtrair algumas barras de ferro. Todavia, os passageiros,
estranhando toda a situação, acionaram a guarda municipal. Assim, tendo estes abordado
o apelante, o encontrou com as barras subtraídas e com uma arma branca em sua mochila,
lavrando o auto de apreensão em flagrante delito.
Data máxima vênia, ouso divergir do entendimento da defesa, eis que não se trata, de
“crime de bagatela”
Primeiramente, cumpre considerar que o princípio da insignificância surgiu como
instrumento de interpretação restritiva do tipo penal e, dessa forma, conforme a dogmática
moderna, sustenta que os tipos penais não devem ser considerados apenas em seu aspecto
formal, de subsunção do fato à norma, mas, primordialmente, em seu conteúdo material,
de cunho valorativo, no sentido da sua efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela
norma penal.
Assim, para se considerar que a conduta do agente não resultou em perigo concreto e
relevante, de modo a lesionar ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma
penal, é preciso conjugar a inexistência de dano ao patrimônio com a nenhuma
periculosidade social da ação e o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do seu
comportamento, o que, com a devida vênia, não está presente na espécie.
Tal princípio deve incidir sobre a magnitude do injusto em sua inteireza, ou seja, tanto no
desvalor da ação quanto no desvalor do resultado, sendo que aquele pode ser constatado,
entre outros dados, na vida pregressa do agente e nas circunstâncias do delito.
A propósito, o excelso Supremo Tribunal Federal, por sua vez, fixou os parâmetros de
aplicação da benesse, a saber:
a. mínima ofensividade da conduta do agente
b. ausência de periculosidade social da ação
c. reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente
d. inexpressividade da lesão ao bem juridicamente tutelado.
Como já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça "...Nos casos de delitos patrimoniais,
a Terceira Seção desta Corte, no julgamento dos EREsp n. 221.999/RS, estabeleceu a
tese de que a reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da
insignificância, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, o aplicador do
direito verificar que a medida é socialmente recomendável. (...)". (STJ - AgRg no HC
601.321/SC, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 20/04/2021,
DJe 30/04/2021 - grifei)
No caso em análise, tenho que não estão presentes os requisitos do "reduzido grau de
reprovação do comportamento" e "nenhuma periculosidade social da ação", o que
inviabiliza a aplicação do "princípio da insignificância", demonstrando a necessidade de
intervenção do direito penal. Pensamento diferente, neste caso concreto, incentivaria a
desordem e a criminalidade, diminuindo a credibilidade da justiça.
Destarte, deve ser mantida a condenação de Everton Cristiano dos Santos pela prática do
crime do artigo 155, caput, Código Penal.
Sabe-se que faz jus à atenuante da confissão espontânea o acusado que confessa
espontaneamente a autoria do crime, auxiliando o julgador na formação do seu
convencimento.
A confissão do agente para afins de atenuação da reprimenda deve ser feita de forma
plena, ou seja, deve o mesmo assumir a imputação que lhe é feita em sua integralidade.
Desse modo, no caso em testilha, o apelante apesar de admitir a prática do delito, não
auxiliou em nada a formação do Julgador, eis que em audiência permaneceu silente, pelo
que não é de lhe ser reconhecida a atenuante prevista no art. 65, inc. III, "d", do Código
Penal.
A propósito:
STF: "(...) A confissão qualificada não é suficiente para justificar a atenuante prevista
no art. 65, III, 'd', do CP (HC 74148, Relator(a): Min. Carlos Velloso, Segunda Turma,
julgado em 17/12/1996) [...] Deveras, a confissão da autoria do delito contrasta com
a tese de legítima defesa putativa sustentada desde a pronúncia e, por isso, restou
corretamente rejeitada na segunda votação..." (HC 103172, Relator(a): LUIZ FUX,
Primeira Turma, julgado em 10/09/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-187
DIVULG 23-09-2013 PUBLIC 24-09-2013).
De mais a mais, melhor sorte não socorre à defesa, quanto ao pleito de regime menos
gravoso.
É que, não obstante a pena fixada seja inferior a quatro anos, há circunstância judicial
desfavorável (antecedentes) e o réu é multireincidente, possuindo nada menos que cinco
(05) condenações anteriores transitadas em julgado, o que evidencia maior periculosidade
e lesividade da conduta e, por conseguinte, nos termos do disposto no artigo 33, § 3º, do
Código Penal, reclamam a imposição do regime semiaberto, nos termos fixados na
sentença, de forma a assegurar que a pena atinja os seus reais objetivos, quais sejam: a
expiação do crime cometido, meio de neutralização da atividade criminosa potencial e,
ainda, ensejo para recuperação social do réu.