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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO AMAPÁ

CAMPUS SANTANA

PERÍODO: 3º ANO / 2º BIMESTRE


COMPONENTE CURRICULAR: GEOGRAFIA
PROFESSOR (A): FLÁVIA DE OLIVEIRA SANTOS
DATA: 07/10/2023
ALUNO(A): Cinthia Kimberly Silva Coelho

“ATUAL COMPLEXIDADE DA REFORMA AGRÁRIA”

“A questão da distribuição de terras no Brasil permanece sem solução e é


mais complexa do que a registrada há algumas décadas [...].
Além de um desafio, a reforma agrária é uma obrigação constitucional que
deve ser efetivada por todos os governos, assim como políticas de saúde e educação,
destaca o professor da Universidade de São Paulo (USP) Ariovaldo Umbelino.
Segundo ele, ‘a reforma agrária é instrumento de política pública para que a terra
cumpra sua função social e a renda seja melhor distribuída na sociedade brasileira’.
Para ele, a distribuição de terras também é fundamental para acabar com
conflitos. ‘A barbárie vivida no campo brasileiro é a melhor evidência da
necessidade urgente de o país fazer, de fato, a reforma agrária’, diz Umbelino. Nos
últimos 15 anos, segundo o especialista, 524 pessoas foram assassinadas no campo e
foram registrados 19.548 conflitos envolvendo 10,5 milhões de habitantes.
Além dos desafios históricos, novos componentes se somaram a essa questão
com o desenvolvimento do agronegócio, que modificou a organização do setor
agrícola. ‘Ele [o agronegócio] é totalmente dependente das grandes extensões de
terra. Então, a manutenção do latifúndio e o avanço para cima das áreas
quilombolas, indígenas e da Amazônia, áreas de proteção e unidades de
conservação, por exemplo, é parte da lógica do agronegócio, que precisa dessas
terras para aumentar sua produção e seus lucros’, explica Diego Moreira, integrante
da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST).
O movimento estima que mais de 200 mil pessoas vivam hoje em
acampamentos, sofrendo com a falta de assistência e com a lona preta como teto.
Apesar disso, segundo Moreira, ‘a reforma agrária clássica está superada’, diz. ‘A
lógica do mercado e da apropriação da terra tomou conta do campo brasileiro’, o
que, na avaliação dele, formou um bloqueio econômico e político que impede
reformas.
O MST defende o que chama de reforma agrária popular, formada por três
elementos básicos: a desapropriação da terra; a preservação do meio ambiente e a
produção de alimentos saudáveis e de qualidade. Segundo Moreira, há mais de 5
milhões de camponeses na cidade que querem produzir alimentos e viver da
agricultura. Isso poderia diversificar a produção, garantir alimentação saudável e,
ainda, fixar as famílias na zona rural.
Para manter as famílias no campo, o sociólogo e professor da Universidade de
Brasília (UnB) Sérgio Sauer [...] aponta que é preciso garantir a universalização do
acesso aos programas de crédito. Hoje, segundo o especialista, mais de dois terços
dos agricultores familiares não são atendidos pelas linhas de crédito.
‘O desafio de um novo governo seria como, ao mesmo tempo, gerar
dividendos que não sejam baseados só na produção e exportação de produtos
primários, diminuir preços da terra e promover políticas mais estruturantes para o
meio rural’, resume, acrescentando que essas políticas devem contemplar ações que
melhorem as condições gerais de vida nesses territórios, como acesso à educação,
eletricidade e internet. […]
Além da propriedade da terra, a produção de alimentos saudáveis também
deve ser encarada como um desafio para resolução da questão agrária, na avaliação
da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Para a entidade, essa produção traz
benefícios não só para a mesa dos cidadãos como para a soberania do país, uma vez
que boa parte das sementes usadas hoje na agricultura é produzida por empresas
multinacionais, que as modificam geneticamente. Assim, sementes naturais – as
chamadas crioulas – têm cada vez menos espaço e dificuldade de ‘vingar’, já que
convivem em um cenário marcado por produtos químicos. [...]”

MARTINS, Helena. Distribuição de terras e produção de alimentos saudáveis são desafios ao país.
Agência Brasil, 11 set. 2014. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em: abr.
2023.

1. Comente os desafios históricos e os novos componentes que se somam


atualmente à questão da reforma agrária no Brasil.
A reforma agrária é urgente porque as famílias que deveriam viver do plantio de suas
terras estão sendo despojadas desse direito pelas grandes agroindústrias.

E um dos maiores desafios que devem ser enfrentados para que a reforma agrária ocorra
é que o Brasil precisa do agronegócio porque é um dos carros-chefe da economia
brasileira. Outro fator é que as indústrias estão "seguradas por lei" para comprar terras e,
portanto, os mais pobres são prejudicados.

2. Que aspectos são levantados no texto como desafios à reforma agrária no Brasil?
Quais seriam os benefícios se esses desafios fossem superados?
A má distribuição da terra no Brasil tem razões históricas. A luta pela reforma agrária
envolve aspectos econômicos, políticos e sociais. Montar uma nova estrutura fundiária
socialmente justa e economicamente viável é um dos maiores desafios do Brasil. Com
seu privilégio territorial, o Brasil jamais deveria ter o campo incendiado.
A questão fundiária afeta os interesses de um quarto da população brasileira que vive
no campo. Criar uma nova estrutura fundiária socialmente justa e economicamente
viável é um dos maiores desafios do Brasil. Até a última década, quase metade das
terras aráveis ainda estava nas mãos de 1% dos agricultores.

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