Você está na página 1de 9

1

CANTO VII

TÓPICO 1

PROFESSORA ESPECIALISTA VIVIAN PELOSO RABELO


2

A HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA E O


CANTO
Tópico 1 – História Do Canto Na Música Brasileira
Olá pessoal, tudo bem?
Seja bem-vindo (a) a mais um semestre do curso de Canto. Vamos estudar agora
um pouco sobre a história da música brasileira e o Canto. Começaremos caminhando
dentro da trajetória do Canto dentro de atividades coletivas, como grupos e corais. No
módulo 2, estudaremos a trajetória do Canto solo, ok?
Quando falamos em música popular Brasileira devemos refletir as variadas
possibilidades existentes, sendo impossível pensarmos em uma unidade musical.
A pluralidade de nossa cultura faz surgir dentro da música popular, diversas
expressões e características sonoras em cada região, tendo em vista a produção
musical diversificada que conhecemos.
Sendo a música vocal brasileira nosso foco de estudo, devemos destacar alguns
dos principais compositores que em muito contribuíram para a diversidade musical.
Não obstante, temos ainda a música erudita brasileira, onde cantaremos algumas
peças, que tem seu Canto Impostado, porém com uma característica típica de se
cantar em português (Brasil), cuidando da articulação do “R”, que deve ser
pronunciado em italiano.

Em pequenos tópicos, iniciaremos nossa trajetória:


o Os portugueses se espantam como os nativos faziam música, cantando,
dançando, tocando instrumentos como chocalhos, flautas e tambores.
o A música no Brasil se formou a partir da mistura de elementos europeus,
africanos e indígenas, trazidos por colonizadores portugueses, escravos e pelos
nativos que aqui viviam.
o As outras influências presentes em nossa música foram se somando ao longo
da história e estabelecendo, da mesma forma que em nossa raça, uma enorme
variedade de estilos musicais.
3

o Os primeiros professores de música foram os padres Jesuítas, estabelecidos no


Brasil desde 1549, responsáveis pela catequese dos nativos.
o No sul do Brasil, os Jesuítas construíram as chamadas Missões, através das
quais, além de aculturar os índios, ensinando a religião católica e a agricultura,
ensinavam a prática da música vocal e instrumental com alto grau de
complexidade e refinamento, criando orquestras compostas somente por
indígenas.
o Um século depois, essas Missões conheceriam um enorme florescimento
cultural baseado em padrões de estilo e interpretação vindos da Europa, com o
objetivo primeiro de catequizar os nativos, musicalizando-se com escassa ou
nenhuma contribuição criativa da parte deles.
o Com o passar do tempo, os índios que sobreviveram aos massacres e
epidemias fugiram do contato com o homem branco e, consequentemente, sua
colaboração na vida musical brasileira foi diminuindo até se extinguir
completamente.
o A dominação cultural aconteceu com os negros trazidos como escravos. Porém,
a cultura africana foi decisiva na formação da música brasileira.
o Grande parte de negros e mulatos passaram a ser educados musicalmente
dentro dos padrões portugueses.
o A contribuição negra à música brasileira veio se destacar com a formação de
irmandades de músicos a partir do século XVII, algumas integradas somente
por negros e mulatos. Essas irmandades passariam a monopolizar a escrita e a
execução de música em grande parte do território brasileiro.

Tiveram força na Capitania das Minas Gerais


4

Vamos apreciar?

Magnificat - Manoel Dias de Oliveira

https://youtu.be/01xOeaFNrko

ANTIPHONA DE NOSSA SENHORA (Salve Regina) - J. J. Emerico Lobo de Mesquita ( c.1746


- 1805)

https://youtu.be/PolNCZfuIjE

Dom João VI trouxe uma vasta biblioteca musical, a propósito, uma das melhores
da Europa. E ainda, temos a vinda de músicos de Lisboa e de Castratis da Itália
reorganizando a produção musical feita na colônia.
Padre José Maurício Nunes Garcia, um homem de grande cultura, e embora
mulato e pobre, foi um dos fundadores da Irmandade de Santa Cecília no Rio de
Janeiro e Mestre da Capela da Sé durante a estada de Dom João VI no Brasil. O padre
José Maurício foi o responsável por uma vasta herança musical de altíssima qualidade.
Vamos entender mais sobre este compositor?

História da Música Brasileira - Cap. 5. J M Nunes Garcia: um brasileiro nos ouvidos da


Corte
https://youtu.be/Bjjj7UYHCfc
Sabemos que a corte foi obrigada a retornar para Portugal. Contudo, permaneceram por aqui
muitos músicos. Nesse período de instabilidade e fragilidade política, uma figura
importantíssima no cenário musical brasileiro foi o discípulo do Padre José Maurício, Francisco
Manuel da Silva.
5

Ritmos e melodias folclóricas foram empregados em uma síntese inovadora e


efetiva com as estruturas formais de matriz europeia, conferindo à nossa música um
sabor definitivamente brasileiro. Importantes nomes desse período foram Antônio
Francisco Braga e Alberto Nepomuceno.
6

Sobre o Compositor Heitor Villa Lobos:


Este compositor desempenhou um papel decisivo na educação musical
brasileira por ocasião de um projeto apresentado e firmado com o governo de Getúlio
Vargas, durante o Estado Novo, através do qual foi instaurado o ensino do Canto
Orfeônico em todas as escolas do país.
Com ela, desenvolveu-se um modelo de coro que representou um
importante momento da educação musical brasileira e refletia a necessidade de
ordem e autoafirmação nacional daquela época.
Discutiam o caráter nacionalista ao qual a educação deveria estar vinculada,
pois se discutia a necessidade de formar cidadãos que valorizassem sua nação.
O canto foi apresentado como uma atividade recreativa, capaz de proporcionar
ao estudante, além de um relaxamento mental, esse sentimento nacionalista buscado
também em outras artes, por meio do resgate de elementos do folclore e pela a
relação entre a expressão estética e a identidade cultural do país. Assim, a escola
poderia fornecer ao aluno um equilíbrio entre as atividades recreativas e intelectuais.
Lemos (2005) pontua que o projeto educacional de Villa-Lobos teve algumas
razões para dar ênfase ao canto orfeônico - um termo derivado do francês orphéon,
palavra que originalmente designava qualquer performance coral à cappella. Para
Villa-Lobos canto orfeônico significava canto coral com ou sem acompanhamento.
7

 Contudo, depois da realização do projeto do Canto Orfeônico e de seu devido


sucesso, como reação à escola nacionalista, identificada como servil à política
centralizadora do presidente Vargas, ergueram-se frentes artísticas em 1939.
 Surge o Movimento Música Viva liderado por Hans Joachim Koellreutter,
que defendiam a adoção de uma estética internacionalizante derivada do
Dodecafonismo. Eram adotados métodos de ensino revolucionários, que
respeitavam a individualidade de aluno e estimulava a livre criação antes mesmo
do conhecimento aprofundado das regras tradicionais de composição.
 Outros movimentos musicais surgiram depois disso, como por exemplo, uma
produção independente centrada no regionalismo, que posteriormente influenciou a
música popular instrumental. Outros compositores, buscando um pluralismo idiomático,
utilizaram materiais tradicionais, progressistas, folclóricos e tonais. Outros ainda
buscaram sintetizar o serialismo com pesquisas mais recentes sobre a
microtonalidade, além de processos eletroacústicos e a música concreta, empregando
novos recursos notacionais e reavaliando conceitos da semiótica na música brasileira.

 De acordo com Morrow (2007), essa configuração de prática vocal coletiva


denominada inicialmente de “Doo wop”, teve sua origem em uma comunidade negra
norte americana nos anos 30 e na música dos anos 40. O estilo evoluiu de grupos que
cantavam gospel nas igrejas e em áreas urbanas. Para James (1987), foi no gospel
que o Doo wop nasceu verdadeiramente. Contudo, as influências adicionadas pelo
Blues deram a essa música sua própria identidade.
 Os grupos que cantavam esse estilo de música vocal pelas ruas compunham-
se, geralmente, de três a seis membros, e a música consistia de três, quatro ou cinco
vozes, podendo haver exceções. Morrow (2007) aponta que esse era o segredo da
característica sonora dos grupos vocais, “a presença pesada de harmonias com
alma”Cada cantor executava uma parte diferente da canção. E como não tinham
dinheiro para aquisição de instrumentos musicais, conforme menciona James (1987), a
8

maior parte dos grupos utilizava somente a voz no estilo a capela.

No Brasil, a íntima relação entre a MPB e os grupos vocais é mesmo


inquestionável, e o final do século XX e início do XXI comprovam esta tendência
quando vários grupos vocais surgiram. Dentre esses grupos muitos são os nomes de
destaque como o Bando da Lua, um conjunto vocal e instrumental brasileiro.

CARMEN MIRANDA e BANDO DA LUA - Zé Carioca e Nestor Amaral


https://youtu.be/jVnOVT1LRe0

Outro grupo vocal brasileiro representativo foi o Bando de Tangarás que surgiu
na cidade do Rio de Janeiro em 1929 por inspiração de conjuntos regionais de
sucesso da época.

Almirante & Bando de Tangarás - Vamos Falar Do Norte


https://youtu.be/mTPXbIKrEAU
9

Pesquisas mostram que grande parte dos coristas não tem como objetivo
principal o estudo da música quando ingressa em um coro – o prazer de cantar em si
ou a oportunidade de estar em contato com amigos podem ser apontados como alguns
dos objetivos. Mas é certo que a prática musical sempre trará algum benefício para
quem a vivencia. Porém, quando o regente dirige o coro com consciência do aspecto
educativo desta atividade, a probabilidade de o cantor evoluir e superar suas
dificuldades musicais é inegavelmente maior.
Pessoal, continuaremos no próximo Tópico, a conceituar sobre o Canto Popular
e sua trajetória na música solo. Aqui, pudemos observar resumidamente a trajetória da
voz em suas várias facetas, demonstrando a música executada em grupo e como foi
realizada, desde o início da colonização portuguesa. Para melhor entendimento, sugiro
leituras de livros sobre a história da Música Popular, como citados na bibliografia
inicial.

Vamos avançar?

Você também pode gostar