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A revolução social

o DECLÍNIO DA ARISTOCRACIA

1907 HermyniaIsabella Maria, condessaFolliotd C .


Ern ' filh , • e rennev1lee
195 ' l) de 24 anos, a un1ca de um diplomata au t h,
183-- . • s ro- ungaro
l d te de um emigrado anstocrata francês casouco v·k
descen en ' m 1 torvon
~ 1 .. hlen(1879-1950), um nobre de 28 anos de uma f:am'l'
ZUflVlU ,.., , • • } la PfOe-
. te de alemaes balt1cos. Viktor era bem-parecidoe eharmosoe
nunen
tinha relaçõescultas (uma del~s com uma cantora conhecidae amiga
deJohannes Bra~s). He~yn1a: por seu lado, não era poucoatraente,
mas foraamaldiçoada,e nao so na sua mente, com um nariz muito
grande. «Comesse nariz, querida», disse-lhe o tio Anton,«tensabso-
lutamente de te tomar numa mulher muito culta e esperta».Levando0
conselho a sério,Hermynia tomou-se uma amantede livros,irrequieta
eintelectualmente ambiciosa: com vinte e poucos anos,já dominava
várias línguas,principalmente o inglês, graçasàs suasestadiasemcida-
desestrangeiras, para onde a família se ia mudando,seguindoas mis-
sões diplomáticas do pai. Nas suas memórias,redigidasemmeadosdo
anos trintado século xx, Hermynia descreveu a arrogânciaincorrigível
demuitos dosseus familiares, que tratavam as pessoasda classemédia,
<<mesmo quandoeram milionários», com um desprezoprofundo.Certo
dia,ªmulherdo seu tio-avô disse-lhe: «Sabes, os burguesessãoiu<li-
víduos bons,e sei que todos somos iguais aos olhos de Deus,ma não
consigo vê-loscomo pessoas iguais a nós.» Tentandoescaparà prc s~o
cada
. ve· • do pai para casar na alta soc1eda
z.maior • de vienen
• se' Hem1ynta
viuerny·k 1 tor von Zur Mühlen um meio de escape e um passaport
Para a ind ,.. ,. O l conheceu-
ependencia em relação à sua fam1ha. casa

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A LUTA PELO PODER 4. A REVOLUÇÃO SOCIAL

num baile na estância de Merano, nos Alpes austríac ·mais» podem fazer, disse Viktor D ~
os,qua d es an1 • e tacto
dela estavam fora, e ficaram logo atraídos um pelo outr ~ o osp . ,,e«ess
qv ntra
va uma pequena carroça numa estrad
.
' «sernpre
a rural
. . o. Tres ais 0
depots, estavam noivos. senian o se enc ngado Kurratz-sax! (demónio alemã ) ' o carn.
q~e ·t va za o .» Noenta
O pai dela, ~e regresso da sua via~em, não aprovou. . as pOoésgflficaramª habituados a ela e diziam: «O senhorcasoucornunto,
0
um alemão bálttco protestante; ela devia casar com um . Jovenie ressa . , louca, mas boa pessoa.» Hermyniaaté se to rna
, . anuo ~ oeP loura,e nh . , . rnouPüpular
nense catoltco. «Já te ocorreu», perguntou a Hermyn· crataVi ·gana a usar os co ec1mentosmed1cosqueobt'
ta, «q e. c1 corneçoO _ . . , . 1veraquando
filhos nunca poderão vir a ser camareiros ou as tuas filhas~e s teus0 08ndo fiermaria das Irmas da M1sencord1aem Floren
q na en . .1. d ça,tratando
Ordem da Estrela e da Cruz?» Mas esta não era a ambição d ªlllasda ,iudava menores e ate aux1 tan o uma camponesano tr b Ih
aJ idades , . a a o de
Na sua imaginação romântica, iria viver numa rica proprj e liernii'rlia. enfef111 sternação do medico local, que vivia a trêsho d .
• • • do Ba'I ttco.
. O par casou discretamente
. aracon , ras e dts-
paisagem magica e edade
F ' numa parlº• P nha a caça a frente dos seus deveres profissionais.Es
• partiu • • H ermynta
• para a Russ1a. • não
• pensava quem rancofi •
a e pu . . . . . tava
e, depo1s, 0 rte iânc1
efacta co
m a miséria e a 1gnoranc1aque via e impressionada
_ com a
• •
Ihe 11m1tasse • 'd d . o casarne estuP h bi·tual dos camponeses, que nao se contentavam com odka
mais a v1 a o que os pais. Mas estava enganada nto . dade a . . .v
gar à propriedade von Zur Mühlen, na Estónia, encontrou a •Aoche. ebne . e'terpara alimentar a sua necessidadede alienação
, bebiam ·
livros na casa de campo do marido, «a Bíblia e uma obra po~enas_ dois eate bres bálticos que agora frequentava, observouHermynia,
Os no . .
As Memórias de uma Cantora». As revistas e os jornais im:~fica, . m realmente na aristocracia e no seu lugarentreos eleitos.
creditava
eram normalmente censurados pelas autoridades czaristas . dos <<ª Ih ocorrera, em momento algum das suas vidas,que as outras
, que risca Nuncaes .
vam quase tudo, à exceção da Circular da Corte. «Até na minha .' pessoas t ambém eram humanas».
. Certo
. dia, quandoo maridochegoua
clopédia», escreveu ela, «que me foi depois enviada com outros tnci. a sua vara partida ao meio, e
1 casacom
secções inteiras da entrada "Rússia: História" foram riscadas.»F:ros,
. ,.d .. cou
cbela
oca com a 1gnoranc1a a anstocrac1a a 1emã báltica da Estónia u lheperguntei oqueacontecera,respondeu:«Parti-anascostasdeumdoscam-
se referia às pessoas da classe média, independentementedo quefi'q e poneses.» Não mecompreendeuquandogritei,meioa chorar,meiofuriosa:
zes-
sem, como literati. «Quando fui pela primeira vez a Dorpat»,recor- «Mande preparara carruagem.Vou-meembora.Querodivorciar-me!»
dou mais tarde Hermynia, «e comprei livros no valor de cem rublose
subscrevi revistas em várias línguas, o meu marido ficou genuinamente Noutraocasião,quando Viktor contou que dera a outrotrabalhador
perplexo, e a minha sogra, espantada, perguntou "Para que precisade «atareiada sua vida», porque se «atrevera a assobiara Marselhesa»,
todos estes livros? Uma boa dona de casa tem tanto que fazeremcasa Hermynia «dirigiu-seao piano, que estava pertodajanelaaberta,e tocou
que mal tem tempo para ler."» Outro escândalo foi causado pelohábito aMarselhesa durante todo o dia. Os trabalhadoresriam-se:"O senhor
de Hermynia de tomar dois banhos por dia («Nenhuma mulherdecente nãocontrolaaquela cigana."» E, de facto, não controlava.Hennynia
faz isso!», exclamou a sogra) e de usar roupas de tecidos coloridos: nãoestavainteressada em ter filhos, que era o seu principaldeverna
«"Por que não usa antes preto?", perguntava-me a minha sograquando opinião dossogros («O quê, ainda nada? Deviaandarmenosde cavalo
eu aparecia nos meus vestidos parisienses mais bonitos. "Agoraé uma e,sobretudo, não tomar banho tantas vezes»). Por seu lado,Viktorsó
mulher casada, por amor de Deus!"» estava interessadoem administrar a sua propriedadee nas suasexpe-
As relações entre a nobreza alemã báltica e os campones·ese traba- dições de caça ao alce (numa destas saídas, quandoHerrnyniaficou
lhadoresagrícolas estónios não eram boas. O marido de Hermyoneofe· responsável pela propriedade, deixou que os camponesesro_ubassem
receu-lheum revólver Browningcomo prenda de casamento,avisand0 ·ªgrandes quantidadesde bens dos celeiros, pois pensouque issolhes
para andar com a arma sempre que fosse passear sozinha. Não se sabe aliviaria a pobreza).

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4 . A REVOLUÇÃO SOCIAL
A LUTA PELO PODER

s na Suíça, onde ainda perman .


0 casamento de Hennynia era invulgar em muitos oavO , ec1aquand
aspeto , rioef1l 14 Não regressou a casa do marido AR o a guerra
só por ser claramenteum casamento de opostos. o matrj . s, e Oâ ,rti
i"'.
10
dr'i.t
19 • , .
ef1l bt r O divorcio. Em 1919, estava na AI
• evotu ã
ç o Russa
0
dos círculosfechados das f:anu·1· ias aIemas ba'I trcas
N • ainda eratnónro
a dentro 10 '
e<, jtiu-1~
h o e emanha
cornunista e ganhava a vida com a t ad 'onde ade-
Estónia· 58 porcento dos 2060 casamentos contraídos p 00 rnia ,,e(lfl . .-11do , · l' r ução de •
• . or nob 0a r •0 pa.i • s de frances e mg es para alemão -10 1 . rna1s
J860 e 1914 ocorreram no seio da nobreza, 20 porcent tes entre ·o• aoce , e Uindo
~ 150rof1l critor americano Upton Sinclair Vive as obras
traídos com mulheres locais plebeias (literati ou burgues:s~orarnc00_ de 5
do es • u cornO .
..,pleta ·dor Klein (1889-1960) em Francoforte escntor
cento com mulheres russas. O casamento com uma estra _e22 Por. eº"" fan 1s1 , . e escreveu •
. fi . nge1ra . deºste contos vanos deles com sucesso come . 1 rnu1-
tal maneirararo que nem gura nas estatísticas. A nobreza erade Jº 11ces e , reia. Ern 1933
I ror11ª •s chegaram ao poder, abandonou a Alemanh d . ,
da Estorna amda detinha 58 porcento de todas as terras ademãb't
, . . . ·
a hca to5 osnazi . a, epo1sde
a Prov· ,,30do arta a condenar o novo regune e mudou
em 1914.Contudo, em 1902, a nobreza, detentora de 40 1 Incia q• . uma c ' -se paraln la-
·
pnedades, · 71 destas carram
vm , nas maosN de plebeus. AIgrandes
u Pro. pobltcar rn l951, morreu na pobreza e na obscuridadee Radg
onde,e b .d m lett,
tentaram seguir a via legalmente duvidosa de restringir dn~~obres ! ieJ111• . tendo as suas o ras s1 o totalmente esquecidasE
~ rdsb1re, . , .
!ferlOViktOíorganizou uma rru11c1aantibolchevique
. • ntre-

herança das suas propnedades, mas o mercado das propri d 1te110de . apo'sa evo1ução
e ades , ianto, d n·u às tropas de choque nazis nos anos trinta do s,ecuoxx
podia ser travado. Outros começaram a usar fertilizantes irn nao 17ae 1
mudaram do cu1t1vo • trad.1c1ona
• 1 para um sistema• de vária Portados , de19 ' !950 pouco antes da sua ex-mulher.
. s~~
rreuern ,
comercializarama madeira, adotaram a produção de produtos . as, ern° dOis mundos habitados por Hermynia von Zur Mühlenantesda
• . No tota,I nas três décadas ant 1acteos Os. GuerraMundia • 1 difi ·1m
c1 ente pod.1amser maisdiferentesumd
e começaram a usar maqumar1a. p·meira . o
• ·dade agnco' 1a das tr'es provmcias
• • da Estónia L ..es de n
1914,a produt1v1
, e1on1ae tro:por um lado' o mundo cosmopolita, sofisticado , letradoe culto
Curlândiaaumentouentre 20 e 30 porcento, ainda que isto tenhae . . ou brezaaustríaca;por outro, o mundo pobre, filistino,brutale pro-
• . x1g1do da 00
• rura1 a1ema ba'! tlca.
• No entanto ambosfaziam
investimentosque agravaram o endividamento da nobreza o ge'] . . da aristocracia
vmc1a110 .
N

. . '
. • o ogo edasclassessupenores da sociedade europeiano iníciodo séculoxx;
Alaxander von Keyserling ( 1815-91) disse no seu diário, em 1889 u
era «muito dificil ser um senhorio na Estónia», pois «não se ficaricq e part nassuasmanerras • d.fi I erentes, tentavam res1strr
• • as
• vagasdamoder-
0)), am bÜS l

O casamentode Hermynia não durou muito. As diferençaspolíticas nidade quehá muitos anos inundavam a Europa.A nobrezaalemãbáltica
do casal foram aumentando,ao ponto de «eu e o meu maridodeixarmos sóeraexcecionalna natureza extrema da sua situação.Não era apenas
de escarnecer alegremente das nossas opiniões mútuas ou de esperar- umapequenacasta hereditária, constituindo menos de sete porcentoda
mos que algum de nós mudasse de posição». Liam jornais de orien- população da Letónia, Estónia e Curlândia; era tambémumacorporação
tações políticas opostas, Hermynia de esquerda, Viktor de direita: feudal autónomacujos direitos e privilégios só haviamsidogradualmente
«Quando o saco do correio chegava, quem o abrisse entregavao jornal minados durantedo século XIX. Só nos anos noventado séculoXIXo seu
ao outro com a tenaz da lareira para não sujar as mãos. Cada vez com antigo sistemajudicial foi substituído pelos modernostribunaisrussos
mais frequência, ouvia estas palavras: "Não permito que isso sejadito introduzidos com as reformas de Alexandre II, em 1864,aindaque os
na minha casa!"» O sogro de Hermynia tentava intervir: «Olhavapara nobres conservassemalguns direitos senhoriaise policiais.Ignoraram
mim como se eu tivesse perdido o juízo, depois bramia bem alto:"Seeu tantoquantopuderam as políticas de russificaçãodo governode São
fosse o seu marido, dar-lhe-ia tareia até aprender." "Se o senhorfosseo Petersburgo, celebrando obstinadamente a sua culturaalemãe a sua fé
meu marido", respondia-lhe,"Já o teria matado há muito ou entãoteria protestante, apesar de o russo ser a língua oficiale de a ortodoxiaser
aprendido a comportar-se como um cavalheiro".» Hermynia adoeceu ªreligiãooficial.Além disso, a nobreza alemã bálticaresistiuteimosa-
com tuberculosee teve de passar muitos meses em recuperaçãonum mente a concederqualquer poder administrativoou políticoà população

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4. A REVOLUÇÃO SOCIAL
A LUTA PELO PODER

a Roménia, que perderam O estatu .


mdígcna.Esta foi uma das principais razões por que eram ·ardos d to nob 1·,
osbOI idão e passaram a ser conhecidosa i iarquico
pelo campesinatonativo.
..
Durante a Revolução de l 90S tâo Odilld
, este 6d·1 ~
,co1 da serv N S é .
~ o fiJ11 . de terras. a u eia, os títulos n b·1·.
penascomo
gran-
formou-seem host1hdadeabe~, quando 184 propriedadesfo º.,. f11 • táflOS
i,J proPíle ncedidos após 1902, tendo O último sid
o I tarqu·1
_cos dei-
diadasna Curlândiae na Estóma e 90 senhorios alemães fo ram inee0_ JeS deser co d. (1865-1952). o atribuídoao
As represáliasdas tropas enviadas de São Petersburgo m· ~ lllottos tilfllf!l r sven J-{e 1D
. , e1u1ndo . loJ11do pularidade do Almanach de Gotha a bíbi"
cos, estenderam-seaté 1908, aporndas pelas milícias locais de cossa. ~,p da Pº . ' 1 1ada ge
/\Pesar., •ca nas salas de leitura dos castelos e d .. nea-
tários de terras. Ao todo, 2000 alegados rebeldes das provf . ProPl'le. biharqu1 ' os palaetosa
mandadospara a Sibéria,e pelo menos 900 foram executad nciasforani ogiaoo . rn muitas partes da Europa, nem sempreera de lính. '
l ,.,,c1a, e, ssia, houve 1129 enobrec1mentos •
Os nobres proprietários de terras com poucos meios c
os. aris1ocw apenasno , agem
. ]'iapru fi • - d • d. , Pet1odode
• ' a m31ona
constitmam • • da comum.dade a1ema~ ba•1tica,
• existia' ornoos qUe tll1
11ga- odos por de mçao e m 1v1duosde origensb
, • d d 1918,t . , 1 d urguesas
tas partes da Europa.Na Russrn, on e to os os filhos herdava merntn.
U1. 1g71- nça de1 ·xou-se de cnar titu os e nobreza após 1848
, ' mastodas

e as propne• dades do pai, • • e as princ mO títu1
• abundavam os pnnc1pes o ~JJlfra . ' de abolição dos titulos pela lei fracassaram,à ~
. esas;c 13
uvas exceçao do
de 890 mil pessoas eram legalmente definidas como de estatu erca as1en . . dio da revolução de 1848. Urna lei aprovada d
veinter1u .. uranteo
em finais do séculoxrx; este número quase duplicou entre 1858to nobre bre d -..rapoleão III, em 1858, pemutm que os nobresdo .
•nadoe 1" _ • anczen
Na Hungria, onde o ordenamento era semelhante, a nobrez e 1897 • ie1 bt·vessemuma confirmaçao oficial dos seustítulosem trocade
. ;,neo .1
tuía cerca de cinco porcento da população durante o mesmoª consti . • ,eg tiasubstancial- 5000 francos para um duquee 2000para
aquan , um
,. . Penodo
Em vanas partes da Europa, sobretudo na França pre-revolucio . . •
. _ nana,
ufll •
marques. 0 valorrelativo .
de um novo titulo imperial,mesmodurant
eo
estatuto de nobreza era conferido pela detençao de um cargoestatal 0 Império,era ilustrado pelo valor cobradopara a confirma~
segun do ' . çao
se este cargo não gerasse rendimentos substanciais, o filho dess fue, deumd
ucadonapoleomco, que custava apenas 200 francos As pre
. • -
cionárioherdava o título nobiliárquicosem ter recursos para suste:1at _ burguesasforam atendidas em França por uma lei quepermitia
0 iensoes
estilo de vida a que a convençãoo obrigava. Este sistema não existiae queaS Pessoasacrescentassem o nobre prefixo «de»·aos seus nomes,
Inglaterra,onde, até 1871, até os oficiais do exército tinham de adqu: demaneira que, por exemplo, um certo Laurent Delattre(datasdesco-
rir os seus cargos, enquanto a marinha era uma instituiçãosocialmente nhecidas) mudoulegalmente o nome em 1829para Lattrede Tassigny,
igualitária,onde a promoção era obtida por mérito; de facto, quasenão 3
partirdo nome de uma pequena propriedade que possuía.Isto,por
havia aristocrataspobres em Inglaterra, onde a primogenituralimitava suavez,permitiuque o seu descendente, Jean Joseph MarieGabriel
o número de homens com títulos e os privilégios legalmentedefinidos deLattrede Tassigny ( 1889-1952), um famoso general,obtivesseum
da nobreza, à exceção do lugar na Câmara dos Lordes, desapareceram brasão dearmase reivindicasse uma ascendêncianobre.EmEspanha,a
muito antes do século x1x.O czar Nicolau I reduziu cerca de 64 mil rainha Isabelconcedeu títulos nobiliárquicos a muitosgeneraise polí-
nobres polacos ao estatuto plebeu como castigo pela sua rebeldia,e, ticos destacados.No entanto, também enobreceualgunsbanqueirose
em 1864, cerca de 80 porcento da nobre casta hereditária dos sz/achta industriais ricos. Entre 1886 e 1914, 21O espanhóisreceberamtítulos
perdera os títulos e privilégios. O príncipe, mais tarde rei, NicolauI nobres, a maioriado mundo dos negócios e da política.
de Montenegro (1841-1921), não teve escrúpulos em retirar os títu- A novanobreza foi casando cada vez mais com a antiga,umatran-
los nobiliárquicosaos súbditos desleais (e eram muitos), como fezao sação queconferia estatuto à primeira e riqueza à segunda.Um bom
Vojvoda(senhor da guerra) duque Marko Miljanov Popovic (1833- exemplo eraa família do banqueiro e industrialespanholEusebiGüelli
-1901), que perdeu o título após uma disputa com o príncipe em 1882. Bacigalupi (1846-1918). Em 1871,casou com a filhadeAntonioLópez,
Em certos casos, os títulos caíam apenas em desuso, como aconteceu marquês de Comillas (1817-83), magnata dos transportesmarítimos.

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A LUTA PELO PODER

eramente reduzidos por uma Le·I d


o filhodestes,Juan Antoni Güell Lopez
.
( 1874-1958) t'nh
,. ' t a du .
fl1 sev o Parlam
d rdes [or:i d por pressão do governo, que convenceu . ento de
b
que casaram com mem ros e antigas fam1has aristocr as1rniãs ~oOaprovaa s lordes com novas obrigações se este ãore1a concor-
. í , atas u ,
quais, os Castelldos1rus,possu a um tttu1o que remontav ' lllan. 91• dar o . , . s n o aceitas
• • 1 h d •
novo mercado matnmoma , as er eiras americanas e 1148ªª )., "<IS
••~es,.
1 J11iflll11
Jife de gra
ndes propnetanos na Câmara dos C
omuns ba·
sem.
ramum 'I: óJllero ra 7g em J 885. Enquanto os grandesprop . , . IXoude
muito procurado. Os nobres franceses entravam com g ltofé., Oo g74pa netánosdom.
osto n . " eJllJ . mente o governo entre 1868(12 cont ) 1
-
0 duque Decazes (1864-1912), por exemplo , casou as hs,
com 1 '<lll.
0 -.
1(J9 menca ra 8 os n
',aJllou .,emo entre 1868e 1886,incluíam 15 hom ' d ovos
-BlancheSinger(1869-96),u~a das herdeiras da fortunada lllá sa_belle. , it3 dogo• ' eos e ne ,
...eobro 5 . nais mas apenas nove grandes proprietáriosN . go-
coser Singer,que lhe proporc1onouum dote de dois milho~ quinade 1
,,.. ofissio ' • a viragem
es de dói
Na Grã-Bretanha,os duques de Marlborough que bavi·a ares eioS,eprlo,ehei• •esde governo como Robert Gascoyne-Cecil3 0
, • marques

' rn sid0 0 • i10séCº , . (l 30-J903), membro de uma das mais antigas r. , .


gados a vender uma parte da sua coleção de arte nos ao . bn. j'sburia 8 . 1am1 1ias
. os Oitenta desa 1 . d Grã-Bretanha, e o seu sobnnho, Arthur Balfour( 184
séculoXIXpara sobreviver,tornaram-semestres na descobertad do riais a h . 8-
ras americanas.O oitavo duque, George Spencer-CburchilJ(I; herdei. seoJIº d ..,.,lugar a novos omens de diferentes origens ..
O) erau• . SOC1a1s
casou com urna milionáriaamericana, Jane Warren Price ( 1854--44- 92), ,193•erbertHenryAsqu1th( 1852-1928),filhode um comercianted~
viúva de um corretor de Nova Iorque, enquanto o seu filh
19 9
), º corn° ~ t.1nrycampbell-Bannerman (!,836-1908),
. s,rJle .
filhode umc
omer-
o, o no 'ª.'e upas.Entretanto, novos poht1cosde origenshumildes t,
duque, Charles Spencer-Churchill(1871-1934), casou com C no ie de ro eae
. . onsueio c1aJI rnoDavid Lloyd George (1863-1945), criadopela sua ~
Vanderb1lt(1877-1964), que detinha ações dos caminhos de fi bres, co . . , . . . ma.e
. ·- ~~ p0 lo tio, sapateiro, em c1rcunstãncias d1fíce1s numacasi·nbano
Estados Umdos no valor de 4,2 rmlhoes de dólares; o casament "vaepe . ,
. _ , . d o, rea. viu doPaísde Gales, ascendiam na cena política.
hzado por razoes puramente mercenanas a parte dele e por amb·
. , . IÇão ~orte • 1at1ºfund"' •
social maternaldela, acabou em d1vorc10.No total, entre 1870e oder dos «interesses ianos» na política britânicafoi
1914 0
houve mais de uma centena de casamentos celebrados entre filhosd ' iecendo com os alargamentos do direito de voto,em 1832,1867
enfraq , d . d . .
nobresinglesese mulheres ricas americanas. e e1884 , e comos proce_ssos cont1~uos em ustnahzaçãoe urbanização.
1
Os aristocratascontinuarama desempenharum papel importante na Amudança social obngou os anstocratas a envolverem-sena política
corte, fornecendoaos monarcas e às suas esposas pessoal para cargos parlamentar. Adaptando-seao novo clima políticono seu própriopaís,
com nomes exóticos como (na Grã-Bretanha,por exemplo),«damade 05
aristocratas russos começaram a envolver-senos partidospolíticos
quarto» ou «vara de prata à espera». No entanto, tratava-sede cargos quesurgiram com a criação de uma Duma eleita após 1905,como
sobretudo cerimoniais com pouca importância política. Os exércitos principe GeorgyYevgenyenichLvov (1861-1925) a lideraro Partido
passarampor um processocontínuode aburguesamento.Na Monarquia Kadet, de tendêncialiberal moderada. Na Prússia,o esplendidamente
dos Habsburgos,só dois dos 37 generais no ativo em 1804erambur- chamado Elard Kurt Maria Fürchtcgott von Oldenburg-Januschau
gueses;em 1908,menos de IOporcento dos oficiaiseram plebeus;em (1855), umJunker ultraconservador,chamou publicamenteaos socia-
1913,a proporçãoaumentarapara 70 porcento, incluindoquasemetade lis1asalemãesuma <rjuntade porcos» e ficou famosopor dizer:«Orei
dos generais e coronéis. Desenvolvimentossimilares ocorreramnas daPníssiae Imperador Germânico deve sempre poder dizer a um
burocraciasem expansão dos Estados europeus. Em alguns destes, 1enen1e: levedez homens e encerre o Reichstag»;no entanto,sentiu-se
com um Parlamentobica.mera!,a aristocraciaconservavaos seusdirei- obrigado a apresentar-seàs eleições para o Parlamentoprussianoem
tos na CâmaraAlta, como a Herrenhausprussiana ou a Câmarados 1901 e,parao Reichstagalemão, no ano seguinte.Os grandesproprie-
Lordesbritânica,mas estas foramperdendolegitimidadeem relaçãoàs tários aristocratas, como Oldenburg-Januschau,tinhamagorade fazer
CâmarasBaixas eleitas; na Grã-Bretanha,os poderes da Câmarados campanha paraobteremos seus assentos;já não podiamcontarcomos

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A LUTA PELO PODlR

, há muito dominado pela agricultura ca . .


pars p1tahstae
deferência dos camponeses e dos trabalhad o uffl sse de camponeses ou de agricultoresque .
costumesde . ores a l
f11P' aca I vivessem
que dviam nas ou perto das suas propnedadcs. As eleições &rfeoias ,,e sefl1uffl 363 indivíduos, todos com títulos nobiliárqu· _
foramintroduzidaspor lei em Inglaterra em 1872 Porv 3sc 1110 1cos, dett-
e, dcPo 010 qu tf!lba ' rto de toda a terra em 1873,com uma méd· d .
secrc1o . .
•on·adospaíseseuropeus(existiamem França desde os a is,11a seu urrtqua
J<l quase ada um. Magnatas como o duque de

Bectfi
e mais
d
~ ~% ~aJll tares c or ou o
do séculoxvm).Na Alemanha,passou a ser cada vez mais d' .Venta ~ ,.llll 11ec hire detinham vastas propriedades que lhespr ,d
• 1ftc11 O< ~uvv vevollS OVI en-
a coer"ão
y
e a intimidaçãoquando as e1e1çõesse tomaram rna.s Usar C dC tos suficientes para manter grandes casas de
1 dVqv dimen . . - campo
tas: Oldenburg-Januschau perd~u o seu assento em 1912.Na E/CCre. afllren 'nheiros, criadas de copa, mordomos lacaios vai te
,101 . dos cozi . ' , e s,
liberal a nobrezatambémnão tmha grande poder político· Panha J11ena '. d'neiros, guardas de caça e muitos outros empregad
• . . - • •
com títulos,e haVJamuitos, nao adqumam poder político • os Polir1COs c0 • S Jªr I os.
• • • 1 &raças a 0re1ra • orno a Chatsworth House no Derbyshire eram tê.
seus títulos,mas adqumam titu os graças ao seu poder polític os c:iJ11 delas,c . . , au n-
, igvfllªs,. No Centro-Leste da Europa, havia atnda maioresma _
Ainda mais importanteno declínio do poder da aristoc º·. ,, 1ac1os. N , d p . . g
rac1afoi ocos pa . 'rios de terras. as vesperas a nme,ra GuerraMundial
crescimentodo poder do Estado, que, durante o século, revo o • h I27 ·1 h
natas P.ropneta hwarzenberg detm a m1 ectares de terra no Sul da
'
direitos nobiliárquicosde autonomia nas corporações feuda' &ou0s i ')laSe • .d d
. . . is e sub 3 fa1111 nto na Hungria, as propne a es da família Esterházy
tituiu O domímofeudal sobre os servos e os subd1tospelas lib s- 11. enqua '
. erdade 9oén ª• . or cerca de 300 mil hectares. Na Silésia, os JI maiores
de movimento,de trabalhoe de herança e pela igualdadeperante s
o aumento. da tributaçãofiscal e de outros encargos criadospelo ª lei. sees.tendiam p
, . de terras detm am
. h 20 d
porcento e toda a superficieda
netanos d
ed . . d . apare- proP,. No entanto, embora o gran e aumento dos preços dos cereais
lhocentralizadodo governor uzm am a mais a autonomiados b v1nc1a. d .
. A d.mi' -
detentoresde propnedades. a mstraçao local profissionaliz
nores pro nos cinquenta e sessenta o seculo x,x tenha permitidoque
d ranteosa . 1 .
substituiuos oficiaisdejustiça e os tribunaissenhoriais.As corpo :da u . proprietários obtivessem ucros consideráveis a crise pro-
raçoes rna1ores . . '
dos nobres foram postas de lado pelos Parlamentos eleitos qu os d anos setenta cnou-lhes muitos problemas. Na Grã-Bretanha
. . 'd d , e, ern funda os '
muitospaíses,aumentarama sua 1eg1turu a e ao alargaremO direitod dotrigocaiu para metade entre 187I e 1901,e a área de cultivo
opreço .
voto a grupos maiores de eleitores.Não há dúvida sobre aquiloa ue . foireduzidade 1,4 milhões de hectares para menosde 607 mil
detrigo , . _ •
os historiadoreschamaram«persistênciado antigo regime» até , 9; 4~ Muitos tentaramadaptar-se recorrendo a modem1zaçao,mas O investi-
O declínio da aristocracia era um tópico comum dos comentadores mento necessáriosó era possível para as grandes quintase propriedades
sociaisde toda a Europamuito antes do fim do século. Historicamente ueproduziam para o mercado. O engenheiro britânicoThomasAveling
o estatuto nobiliárquicoderivou o seu significado do domíniodo; ~)824--82) inventouo primeiro motor de trator movidoa vaporem 1859,
senhoressobreos seus servos, mas, ao longo das décadas, as principais quepermitiuque as máquinas de debulha e outras fossem deslocadas
funçõesdo senhor foram assumidaspelo Estado, deixando os nobres, deumlocalpara outro. Em breve, estaria a fazer negóciosem toda a
em termoslegais,não muitodiferentes dos outros súbditos. Europa. NaAlemanha, de 1882 a 1907, o número de máquinasde debu-
lhaaumentou 385 porcento, as semeadoras aumentaram450 porcento,
easceifeirasmecânicas I 500 porcento. Na Itália, as importaçõesde
A NOVAELITE maquinaria agrícoladuplicaram entre 1888 e 191O.No Norteda França,
osproprietários de terras começaram a importar da Américamáquinas
Apesar da sua perda geral de poder político, a aristocraciacon- dedebulha,de ceifa e de atamento nos anos setenta do séculoxix: em
tinuavaa ser, pelo menos em algumas partes da Europa de finaisdo 1892, havia262 mil arados puxados por cavalos, 234 mil máquinas
séculox1x,uma força com que era preciso contar. Em Inglaterra,por debulhadoras e 39 mil ceifeiras mecânicas em França, e o valortotal

372
373
4. A REVOLUÇÃO SOCJAL
A LUTA PELO PODER

agrícola aumentou m . ou de 12 milhões em 1892para 26 .


das importações de maquinaria , ais de urnertt mrlhõe
rcos11 . do que compensando a queda s na véspera
entre 1890 e 1913. Os pa1ses da Europa Continental ta b dez ve iel'° rna1s . acentuadad
.
ram a produzir cada vez mais as suas próprias máquin
m élll
collle
~es 0
uerfll,
J3g 5 os P
orcos precisavam de muito men
. os terra e
° número
, . as agrí Ça. vell111
: usada para muitos fins, sobretudo b '. a carnede
Rússia o valor da produção das fabncas de maquinari·a , Colas• deo d1aser . ' o v1amente
' agnc0 1 •na reºpo d tipos diferentes de salsichas consumid , Para
tou mais de dez vezes entre 1890 e 1913, um desenvolv· ªaufll,.,_
. 1lllent0 -,,. pO centenase te período, perderam quase totalmenteaspelosalemães,
imitado de uma fom1amenos dramática noutras zonas de quefoi iJ.S l)fltees o gosto
priedades viradas para a produção comercial. &randesPro. ,,e dur der·ro Ainda na Alemanha, as cooperativasd Porcar-
q•' cor • e prod to
Estes desenvolvimentosnão afetaram em nada os cam eifO ou rais, ambos fundados por FriedricbWilh 1 . u res
, . Ponese o ncosru .d . e mRa1ffeis
terços de todos os arados usados na Russ1a em \ 91o a. d s. Dois s bll rneçaram a aJu ar os agncultores a mod . en
. ma eri.- e0 88) co ern12ar-se
madeira, e apenas dois porcento dos camponeses usavam •...,, de (1gJ8-esso' ioi: i muito lento; em 1914, as faixas de culti·
.
. 'mas
vo aindanão
O facto de, em finais do século XIX, haver um total de 3 se~eadoras. proc
0 rT1cons o!idadas em muitas zonas, e predominavam
. . as pequenas
quintas em França m • dica que a maqumana • . era usada apen' 5 milhõesde e5taV 8 d terra com d01s terços das qumtas da provm'• .
. . . . d . . asPoru Ias e ' eia Prussiana
minúscula mmona; a matona as qumtas contmuava a fazer llla parce ocuparem apenas um quarto da área cultivadanas ,
O Renoa . vesperas
à mão. Os bancos de crédito agrícola começaram a proporcio lrabalho do Raiffeisen teve um llllpacto europeu, com os b ,
. . , •d d . - naralgum uerra. . . ancosagri-
mvestimentonesta area, am a que a mo erruzaçao agrícola se . dag erativos fundados pelo seu seguidor italianoLui,:r;L .
lasco0P . . d . o• llZZatti
vesse limitadaàs maiorespropriedades.Os aperfeiçoamentos,. rnant,. cO ) a serem p10neiros e um movimento que criou . d
. wrarnm18 . 34J-l927 . . _ mrus e
rápidos e de mator alcance na Alemanha, onde mais de 10 m·lh- ª (1 tas instituiçoes, em 1908, quase todas na Lombardial:ambém
• 1 oesde 100 des . . . . •
pessoastrabalhavamna agncultura em 1913.Embora o aumentod . grandeimpacto na Hungna, onde o nomeRaiffeisenaindah •
. , . d , 1 . e pro. 0veram·stoem várias ruas de Budapeste. OJe
dução que ocorreu no IIllCIO o secu o XIX se tivesse devido em deserVl ,
parte a• uti·1· ~ de mais
1zaçao • terra para cu1tivo,
• • dos anos set
a partir grande PoEmtodasestas áreas agrrcolas, o advento dos fertilizantesquími-
. enta
do século XIX contmuou a aumentar, apesar da redução da área lota cosdesempenhou um papel.fu~damentalno aumentoda produtividade.
1
de cultivo.A produção de batatas quase duplicou de 1875a 1884 e d Osfosfatos, usados pela pnmeira vez pelo químicoalemãoJustusvon
1905a 1914,enquantoa de açúcar praticamente triplicou.De facto,e; Liebig (1803-83) e pelo agrónomo britânico Sir John BennetLawes
1910, a Alemanha produzia um terço do total da produçãomundialde (181 4-1900),passaram a substituir o guano quando empresascomo
batata. Boa parte desta produção ia para a destilação de aguardentes, em aFisons, que remontava a 1843, começarama produziro fertilizante
fábricas construídasem propriedades de nobres. Parte dela era expor- a umaescalaindustrial. Em Itália, o valor do fertilizanteimportado
tada. Em 1894,quase 200 mil litros de aguardentede cereaise de batata aumentou de quatro milhões de liras em 1887 para 60 milhõesem
foram importadospara o Sul de África através do entrepostoportuguês 1910, e houveaumentos comparáveis noutrospaíses.Foi tambémum
de LourençoMarques.Quase meio milhão de litros de aguardenteforam período de inúmeras pequenas invenções, muitas delas agoraesque-
importadosno apogeudeste comércio,em 1896,para entorpecerossen- cidas,que melhoraram de muitas maneiras a produçãoagrícola.O
tidos dos milhares de trabalhadoresafricanos recrutados para as minas setor doslacticínios,por exemplo, foi ajudadocom o centrifugador de
de ouro do Rand,onde,diluídacom água, tintura de ameixas,cháverdee nata, aperfeiçoadopelo inventor sueco Gustaf de Lavai(1845-1913),
creosoto,a forte aguardenteera vendida como brandy kefir. umainvençãoparticularmente útil para os pequenosagricultores, que,
Os pequenos agricultores,por contraste, acharam mais fácildedi- neste período,mudaram para a pecuária e que não podiamcompet~
carem-se à pecuária. Na Alemanha, o número de cabeças de gado comosgrandesprodutores de cereais. No entanto,só os grandesagn-
aumentoude 16milhõesem 1873para 21 milhões em 1913,e o número cultores podiamadquirir maquinaria e fertilizante.Das 511 máquinas

374 375
A LUTA PELO PODER 4. A REVOLUÇÃO SOCIAL

agrícolas a vapor existentes na Galícia austríaca em 1 ue a avaliação e a tributação fiscalfi


902 5 jraJ11 q . d cassem

em quintas que cobriam mais e • d 48 h ectares. Mesmo ' o5 estav osegll dores locais, recruta os entre os propn·tá . nasrnãos
• des sen11ona1s • • e as qumtas
• 0
c . 15 • tra • e nos b
, ações as propneda orientadcom e81as1.ªIli e dJ11111 fixavam nos interessesdos seus c I no res,os
' . as p no. Jei . queos _ o egaspro • , .
cado em toda a Europa tinham cada vez mais dificuld d arao lll 1r11te, do em França, a pressao para a ,·ntrd Pnetános.
a ee er. f,P,,1,, mo , o uçãod
a onda crescente de importações de cereais baratos da A 111 , .ª&\lenta esrn° umentou até serem implementada e tarifas
, • d M • O n..lllenc t 00111 ção a , . s em 1885
PI
as vastas Grandes ameies o e10- este começaram a, ond if11Pºrta d I 892 chegaram a mve1s muito elev d • Coma
, a ser e dt ·roe e ' a os torna d
das na segunda metade do seculo. A produção cerealífera e"Plora. ~aNf e 1 . cerca de 45 porcento mais elevadosdo q . ' n o os
'd • d • 1· russata ~ dotrigo . , . . ueerarnna Grã
aumentou rap1 amente, mais o que tnp 1candoentre os lllbé"' .,,ços d se praticava o comercwlivre.A Rússia• tr . •
anos ··• p•· ]1a,on e tn odllZ!un
e oitenta do século x,x e quase voltando a duplicar em sessenta eretJlll s cereais, sobretudo com a nova taxa Mend ovas
191 •. sobreo , . d . . I
eeev,del89J·
parte desta produção era exportada. Os camponeses russ 0-~3• Boa fllnfas. f-l ngria tambem mtro uziu novas tanfas em 1878 '
. os llla1s. , stoa· u ,· d , 1882e
depressa perceberam a necessidade de alterar o preço do tri l'lco
8 a1\UA Jta·1·,a inverteu a sua po 1,tica .
os anos sessentad .
· o seculoXlX
<luziampara exportação a fim de não serem ultrapassados gloq~ePro. 1s87, . novas tarifas sobre as importaçõesem 1878 1888
.. U . pe as 1rn . aduziu , e 1894
tações da Amenca. m americano que estava no cais de ""'' Por. e1ntr tes casos, e sobretudo com as taxas introduzidas , •
• "I~~ todoses , . . porpa1ses
um porto ucraniano no mar Negro, observou que «campon Yev, EI11 B Jgária e a Romerua, bavrn um forte elementod _
. eses eh 0
a u . _ e proteçao
vam ao mercado com os seus cereais e perguntavam: "Qual . ega. coI11. ..,,asuma parte importante da pressao para a impl _
O . dustrIª1, '" . . ementaçao
na América segundo o último telegrama?" O mais surpr e Preço in -~ vinha das quintas de dimensão média que produzi
. . . eendente. detaruas am para
que sabiam converter centJmos por alquerre em copeques P e
or Pood omercado. . . .
No entanto com a população russa a crescer depressa, os cereais ·» Todasestasmedidas tt':'eram o e~e1tode_apoiaras grandesproprie-
necessáriospara alimentar a sua procura insaciável de pão de e~rn Noentanto,não apmaram a anstocrac1atradicionale pós-feudal
_ . . , maneira dades. . •
que a proporçao de tngo exportado cam de um terço para um muitospaíses da Europa, as propnedades falidaseram cada vez
quarto Ern . . . .
entre 1897 e 1913. Contudo, a par da Alemanha, a Rússia cont· rnaisadquiridaspor empres~nos e investidores abastados,que, em
. , muou
a ser um grande exportador de cereais ate 1914. haviamcomprado um oitavo de toda a terradetidapor indivíduos
O comércioeuropeu foi facilitadoao longo dos séculoscomare 1877' • •
mo- naRússia.Na Prússia, a anstocrac1aJunker ganhou400 mil hectares
ção das barreirastarifáriasgraças a uma grande série de tratadoscomer- deterracomo processo de emancipação, além de 260 milhõesde mar-
ciais bilaterais- 24 acordos concluídospela Itália nos ?nos sessentado coscompagamentosem dinheiro; no entanto, até esta enormetrans-
século XIX, por exemplo, 18 pela Alemanha, 14 pela Austria-Hungria. ferência de recursos pouco fez para contrariar o seu endividamento,
No entanto, a situação alterou-se fortemente com a crise económica queduplicoude 162 milhões para 325 milhõesde marcosentre 1805e
dos anos setenta e com o aumento em flecha das exportaçõesameri- 1845. Nestasituação, muitos proprietáriosde terrasnãotinhamalterna-
canas de cereais para a Europa. Na Alemanha, Bismarck, cedendoà tivasenãovender.Em 1900, apenas um terço das propriedadesnobres
pressão dos Junker e de outros interesses dos proprietários, introduziu doLestedo Elba ainda era detido por aristocratas,incluindorecém-
medidasprotecionistasem 1879 e voltou a aumentar as tarifasem 1885 -enobrecidos. A compra de propriedades pela classe médiaa famílias
e 1887, altura em que as taxas sobre a importação de cereaisestavam nobres empobrecidasfoi um dos fenómenos sociaismaisgeneraliza-
nos 30 porcento.No entanto,nas vésperas da Primeira GuerraMundial, dosdoperíodopós-feudal na Europa do séculox,x.Apósa desamorti-
40 porcento de todo o trigo consumido na Alemanha ainda tinhamde zação em Espanha,por exemplo, um sexto das propriedadesvendidas
ser importados,a maior parte da Rússia. Os interesses dos proprietá- emValhadolid foi adquirida por indivíduosde Madrid,todosplebeus.
rios também garantiram conceções fiscais para as suas propriedades Em1855,um governo liberal ordenou que todasas terraspertencentes

376 377
4. A REVOLUÇÃO SOCIAL
.'1 LUTA PELO PODER

ficiente para viver após o fim da 8 .


rra sU ervrdão
ao F.s"tndo, à Jarda,
e,•~J
às caridades e às municipalidades c1•0 ssell\ ~hafllte . ham de migrar para as cidades. Na H . e que,em
cm leilão,por dinheiro que devia ser usa~o para financiar obrvend1das 111• ttn . ungr1aas "
~o s caso.s, m-se, e muitas pequenas propriedadese ' •alên-
cas• Como resultado, cerca de 615 mil propriedades que as Púbt~ oitº . 11cara . ioramvend·das1
111..,lJlttP . tários, que, em mmtos casos, recorriam b
9,7 milhões de hectares, cerca de um terço de toda a superfi Cobria ... 35,,. ropne · a ancosd ·
~,1 ,, odesP número de propriedades plebeias de d' et,.
Espanha,foram para o mercado entre 1836 e 1895. Ern certa Ciede gf1l . deus-O . rmensãoméd·
' 0rJll 867 para apenas 10 mtl em J900· so' ta
da Europa, os grandes proprietários de terras conseguira s Partes JOS P il ern 1 • em 1890h
• d ã d • rn trava . de30'1'. tecárias sobre quase 15 mil quintas cujosdo ouve
processocom a remtro uç o a amort1zaçao:na Hungria
N
reste c,110 ·es htPº nosestavam
e . . , Por exe xecllço até ao pescoço.
onde em J844, os plebeus 1oram pela primeira vez legal lllpl0
' • mente '
e; 'dodOS
di"'" s cujo rend'1ment o o perm1t1a, ••
a melhor .
rizados a comprar terras, 64 propnedades voltaram a ser a . auto.. ,o ague1e . , . , . maneirade
1 para ·nvestir na mdustna. Na Russ1a,os pagamento d
entre J853 e 1867,criandoquase 1,4 milhões de hectares de ;ort 2:1das . er era 1 . s e eman-
_ ue os senhorios anstocratas
,nbr&"'" receberam pelo fimda servidão .
visível e inalienável».No entanto, em vez de o travar, isto só rra«1ndi. ,.. .
0 q. rn-lhes fundos para isso. Nos anos setentado sé
e • • abrandou c,paça
0 processogeral de trans1erenc1a. .dencrara . cu1o XIX,
Alguns proprietáriosaristocratas foram incapazes de se ad ro"'
P f ne nc
. d . h observou num dos seus escritos na Alemanh .
, . a, a ans-
novo comercia • 1·ismo, mesmo com o aux1·1·10das enormes qua . ªPtarao cor11º d ·xou para tras os tempos antigos e respeitáveise
eia« et . , agora,
. n1iasPa ,oera listasde diretores de todos os tipos de sociedadespor a õe
por compensaçãopela sua perda de rendimentos de fonte fi g~ ordaas . d . d . . . ç s,
,•
como o d1z1mo. Em Espanha, o duque de Osuna, o maior . contrib
s euda1s . • eoge mas». , Na perspetiva . . os m _ ustria1s, a mclusão de um . an·sto-
'
fiscal do pais em 1850 • ' d •
, Jª começara a ven er propriedades em Uinte t,oas nselho de admmrstraçao de uma companhiapodia dar-Ih
m~oo e
para reduzir as div1·das, mas e101• obriga
• do a contrair• mais emp é 184! . era e de classe, enquanto as recompensas financeiraseram ansio-
. r Stirnos uJTl 1oqu I b - •
até deixarde poder pagar osJuros, tendo de vender mais terra. Em rocuradaspe os no res que nao vrnm essas atividadescomo
187 sarnente p •
abaixoda sua d1gm a e. m "d d E 190 5, os conselhosde adminis-
47 vendas «algumasdelas no valor de milhões», reduziram ainda '.• do
. ' , , rna1s esian fi • •d .. h'
as propriedadesdo duque, ate que em 1894, apos urna série de proces- _ d s empresas nance1ras e m ustna1s ungaras contavamcom
iraçaoa - . ,
sosjudiciais entrepostospelos seus credores, todas as suas propriedad ndese 66 baroes; em 1902, os nobres const1tu1am 30 porcento
.d es 88co nh' e ., .
restantes foram penhoradas e vend I as. Segundo uma investigaçãoa ·retores de compa ias 1errov1arias e 23 porcento das grandes
dosd1 . , . , .
maior parte das terras caiu nas mãos de «grandes agricultores,mui;os resasmetalúrgicase bancanas. Na Austna, em 1874,os conselhos
eJTlP h' e •, .
dos quais haviam sido rendeiros da Casa [de Osuna], juntando a pro- deadministração das compan ias 1errov1ariasfundadas desde 1866
priedade à exploração e reforçando assim a figura do agricultorcapi- incluíam J3 príncipes, 64 condes, 21 barões e outros 42 nobres.Isto
talista». No entanto, apesar destas falências espetaculares, a maioria refletia, entre outras coisas, a enorme mudança das fontes de riqueza
dos grandes aristocratas detentores de terras em Espanha e noutros queocorreranas décadas anteriores. Em França, os registosde heranças
países conseguiu resistir à transição para uma economia agráriacapi- de1848mostramque apenas cinco porcento das fortunaslegadasapós
talista, usando a sua nova liquidez para investir numa vasta carteira amorte eramcompostas de ações e obrigações, enquanto58 porcento
de negócios, incluindo serviços e empresas industriais, ou vendendo eram emterrasou casas; no entanto, em 1900,o primeirovaloraumen-
propriedadesde um modo cuidadosamentegerido para reduziremo seu toupara31porcento e o segundo diminuiu para 45 porcento.
endividamento.Mas os proprietários nobres mais pequenos nem sem- Oinvestimentona indústria ainda era mais fácil para um proprietá-
pre se saíam tão bem. A «nobreza de sandálias», como lhe chamavam riodeterrasse houvesse depósitos de minério nas suasterras.Engelbert,
na Hungria,ou a «nobrezade trigo mourisco», na Polónia, eramsimila- duque deArenberge Croy (1875-1949), pouco invulgara esterespeito,
res aos Krautjunker«ou fidalgosdo repolho» na Prússia - pessoasque pennitia a exploraçãode minas na sua propriedadena Vestefáliaemtroca

378 379
4 A RfiVOLUÇÃO SOCIAL
,\ LllT-\ PT•LO POOl•R

fi mos, minas de ferro, minas de ca ã


de uma rc
.nda que lhe providenciava um rendimento d .
e l'lla1s ·toalto~-o ueo complexo foi aumentando c rv o ~ fábricasde
- ~0 de marcos na primeira década do século xx 1o
1 dida q , onstruiu .
111
1111 a • O Utros de ... ·•1e,O ~,t1 À rrie . da a São Jorge e (obviamente) a Sã D .uma1&reja
1os- d drca . 0
av,d
nos anstocratasfica:7amcom uma percentagem d~s receitas larºPticlá.
pJ\caJlile fas de chá, balneános e muitos outros . ' eseoias,
negócioque impulsionououtro magnata vestefahano, AI& s lllrnas ,tii~05pitii1, sa es de lidar com as exigências dos m· ~uipamentos.
zu Salm-Salm(1846-1923), para as posições de topo d ed, Prínc,~ 1 ,, • capaz . Jnerrosno
JIII/882,,n . m rápido crescimento e enredado com.
dos MilionáriosAlemães, compilado _porRudolf Martin\~; Anuár, 0
,~1 tna1 e . . s em Proee
v·(o jndUS as suas propriedades, os Lievens venderam ssos
como forma de demonstrar a prosperidade do Reich ale ~ 67-1939) ~,, . sobre - b • - as terrasa
. . . tnao. o rd·cíii1s t'ram em açoes, o ngaçoes e nas florestasb'I .
empreendedoreseram os grandes propnetános stlesianos . s lllais 11, •nvesi . a trcas Uma
. . . , seis dos J ahesei, orte de Hughes, a localidade, agora adrni . •
figuravamna hsta de Martm dos 11 prussianos mais ric quais ~JJ, os a J1J •a rustrada or
, . . . os em 19 1 J,oada aP filhos produzia tres quartos de todo O min. . d P
Um deles o pnnc1peChristian Kraft zu Hohenlohe-Õhri 13 J..- d s seus , . . eno e ferro
' . ngen d • atrº o d isto foi feito por um homem que não sabia
de Uiest (1848-1926),empregava mais de 5000 mineiros ' Uque qJJ ' ·a ru o .' escrevere
J . e erao . J, _Russt • texto estivesse em ma1usculas,enquantoospro . ..
produtor mundial de zmco. Em 191O, quatro quintos da su .l'llaror u,, ' liase o pnetários
estavaminvestidosna indústria. Outro, o príncipe Guido B a nqueia , so d terra nem eram capazes de compreerlderO q .nh
q11 ratas a . ue t1 am
. . . enckelv .,;5toC ·n·ade Hughes foi homenageada com O nome d 1
Donnersmarck(1830--191 6), d1vers16cou o seu império ind . 0n ": rnerno , , o ocal,
. . UStriaJ feiro. A ('-1ughesovka), que so mudou apos a RevoluçãoBolcheviqu
crómio,viscose,papel e celulose e mvestia em empresas indus .. em vka n . • 1 l e,
, H • I , 1• tr1a1s n YJJZº ·oriados mmeuos ga eses votou para casa· em 1924
Austria,em França,na ungna, em ta 1ae na Rússia. No entant a doa rna1 . ' ' pas-
muito enérgicosque fossem, estes aristocratas ricos tinham cad:•Por quan ar se Stalino e, depois de o nome de Estalineter cai'do
a challl - em
mais dificuldadeem acompanharo rápido desenvolvimentoe vez sou'd·to Donetsk.
são da indústria.Em 1909,os negócios do duque de Ujest envo~:?ªº· descre1,
exemplo
k ti ••.
de Yuzov a, a como as expenencias~osmagnatassile-
'd''I1cia com os de Henckle von Donnersmar ram. 0
-se num processoJU k . ontavapara o facto de, mesmo quandoa anstocraciaproprie-
estavamà beirada falência:o kaiser GuilhermeII foi forçadoa int e .e
s1anos,
.
apva acompanbar os tempos, era normalmente ultrapassadapor
erv1r ~naten1a . . .
e o duque teve de vender uma grande parte das suas terras «O ' <ledores ativos de ongens muito mais humildes.Na verdade
• mero enipreen . . . ,
diletantismo»,comentouo embaixadoraustríaco sobre o escândalo .. . ueemergiudas mudanças soc1a1sdo seculoX1X comos empre-
. . . . '«Ja aqu1 1Oq . . . _'.
não era suficientepara administrar grandes propnedades num mundo , . burgueses a mvestlfem em terras e os propnet.ànosaristocratas
5805
capitalista>>.
Cadavez mais, estes homens transformavamos seusnegó- ~ostaremna indústria, foi um novo tipo de elite, baseadasobre-
cios em sociedadesanónimase, para a sua administração,empregavam ~d:nariqueza,misturando latifundiários, banqueirose empresários,
gestoresprofissionais. indusrriais e investidores,alguns com títulos, outros sem títulos,mas
Em muitos casos, os aristocratasproprietários que tentavamobter rodos commais ou menos o mesmo tipo de vida, usandoos mesmos
ganhos com as empresas industriais baseadas nas suas terras eram ripos deroupase gozando dos mesmos divertimentos.As caçadase os
ultrapassadospelos empresários que empregavam para as adminis- fins desemananas casas de campo eram frequentadospor homensde
trar. Na região da bacia do Donets, o metalúrgicogalês John Hughes negócios, políticosnão aristocratas e outros plebeusque entravamna
(1814-89), tendo recebido uma comissão do governo russo, chegou «Sociedade» graçasà sua riqueza. Os muito ricos tinhamum estilode
em 1870com uma centenade operários especializadose mineirosdo vida peripatética, movendo-se de uma residênciapara outraem fun.
Sul do País de Gales. Depois de arrendar a terra da família Lieven, çào dasestações.Em Inglaterra, por exemplo,ocupavamumacasaem
originalmenteda nobrezaalemã báltica, mas que ocupava entãoaltas Londres no fim da primavera e no início do verão.Mudavam-se para
posiçõesna corte e no exército,Hughes construiu um vasto complexo ascharnecas escocesaspara a abertura da estaçãode caçaao tetrazno

380 381
A LUTA PELO PODER 4 . A REVOLUÇÃO SOCIAL

«glorioso décimo segundo» de agosto e depois Para N . otares no restaurante Maxim'


os Jª sem Paris
caça ao faisão, ou para as Terras Médias, para a caça à : 0 1k,pélta varr1
.,1 3 rnesma mulher antes da guerra e até terem
...corv corn a .Ih . •
os bailes de campo. Regressavam a Londres para O N Posae a ""- "'do ·sfel·tas em parti ar assim o estilo de Vi.da da I'
.r1101v
passavam o mvemo em on e ar o ou em Btarritz d . ªPós 0~
• M t C 1 · atat, fl"' ,.r3o satl ....,édias-altastambém se envolv e 1te))roprie-
, . . _ ,. . , ed1cand q~ J' lasses ,,. eram na . .
jogo, a soc1altzaçaoe a mtnga. O-Se . as c . 'd des do século x1x:os duelos.No m d ~ts ans~
. . ao (Bf'ª' auv1 a , . un o anstocra
Para os mmto ncos, era comum ter uma casa em cad . tadas busca da glona era acompanhadapeJ d tado
cf11 v1n a
sassem mais de umas semanas por ano, embora só a prin .
a sítio0
nctep,. , ulo;( ' , odia ser retn'bm'd o por um desafio.Osa efesa. da . honra.
c1pa(r . ..,, séC !toso P - d" . potenciais dUeJ'
de campo fosse realmente grande. Os ricos do centro da es,dência "' insll r como os a1emaes iz1am,satis•akti0 ,r.- . ts-
Ú,,.. rl1de se , 'J' ns1ah1g, ou •
<liama passar boa parte do tempo em estâncias terrnai·s Europaten unhª~ h nrosa adequada para propor ou aceitar um d SCJa,
. como1( , tll5 • 30 o . d . esafiomas•
ou Baden-Baden, onde o casmo era quase tão importa
. nte q
arJsbad depos1Ç
'd que o
século foi avançan o, a defimçãode quem
.
' ,a
erahonoráv1
banhos termais. Estes locais eram pontos de encontro pa uantoos .,,ed1a la social. Dos 232 duelistas prussianosq e
. ra urna "' a esca ue terãolutado
variedade da alta nobreza europeia e, cada vez mais, da bur .grande desce~gOO e 1869, 44 porcento eram nobres; entre os 303 duelistas
. . . , . gues,aab entre ~ mbatido entre 1870 e 1914, a percentagemd
tada. Baden-Baden receb1a v1S1tasesporad1cas da rainha V . . as.
teraoco 'd. I escera para
kaiser Guilherme I e do imperador Napoleão III, bem como llona,do que
JTleros 19 porcento.
. . . .
Os me icos utavam por diagnóstic
,. . os,osrufvo-
tados estrangeiros como o xá persa Nasir al-Din ( 1831_96).~ P<>t~n- l)llS casos Judiciais, os po 1iticos por discussõespari
dospor , . . amentares,
serviu de cenário a alguns dos episódios do romance An K ªlllbélll ga . ·s do exercito e da marinha, com ou sem títulonobili' .
fic1a1 d fi . . . arqlllco
de Lev Nikolayevich Tolstoi (1828-191 O), e de O Jogado: dare~ina, os0 ento do corpo e o ciais prussianose a grandem • • d0
e 20porc . _ . , .. atona
Mikhailovich Dostoievski ( 1821-81 ), que ia lá para joga/ n~ Fiodor ( d oficiaisda armada nao tinham títulosJa nos anosISSO)luta
corpoe • -
do casino, embora não tivesse realmente dinheiro para isso.Jotesas elas táticas usadas. Ao afirmaram o seu estatutohonorável,os
Brahms (1833- 97) tI'nh a a1, uma casa, e 1van SergeyevichTur annes . vamP da classe me'd'ta re1vm
homens . .
• • d.tcavam para si aquiloque antes
. . , , era
.d d , . guenev
(18 I 8-83 ) escoIheu a ct a e como cenano para o seu romanceFu domínio exclusivo da anstocrac1a. em toda a Europa,escritorescomo
. d . rno,
de 1867. Nestes 1oca1s,os gran es anstocratas e, cada vez mais, ase 1- . Marcel Proust ( 1871-1922), :':lexander Pushkin e MikhailYuryevich
1
tes ricas de muitos países tinham a oporrunidade de se encontrard Lerrnontov( 1814-41 ), pohticos como Pyotr Stolypin, Georges
. ' e
socializar, de jogar e fazer negócios cruzando as divisõesnacionais e Clemenceau ( 1841-1929) e Ferdinand Lassallee até o pintorÉdouard
linguísticas. O seu cosmopolitismo era auxiliado pela universalidade Manet (1832-83) travaram duelos. A fusão dos costumesaristocratas e
do francês como meio básico de comunicação. As grandescidadesda burgueses representada pelos duelos da classe médiaocorreuemmui-
Europa, sobretudo Paris, providenciavam mais locais deste género; tosníveisao longo do século. Na Grã-Bretanha,a partirde meadosdo
alguns nobres viviam quase sempre nesta cidade, como os boiardos século, os duelos foram substituídos por desafiosdesportivos, maso
pós-feudais da Roménia, que, de um modo geral, preferiamficarem processo era o mesmo. Muito antes de 1914, era claroquese formara
França ou na Suíça a viverem no seu país pobre, onde, aindaassim, umanovaclasse alta de indivíduos ricos e influentes.
2000 deles detinham 38 porcento da terra na viragem do século.Mais Algunshistoriadores afirmaram que, nos séculosxvu1 e XIX, a aris-
tarde, o filmeA Grande Ilusão ( 1937), do realizador francêsJeanRenoir tocracia mudou de uma ordem social para uma classe,masistonão
( 1894--1979),iria reconstituir este mundo cosmopolita da eliteeuropeia é exatamentecorreto. Não há dúvida de que, duranteo regimelegal
no encontro entre o major von Rauffenstein, governador de umcampo dofeudalismoagrário, a aristocracia detinha direitose privilégios que
alemão de prisioneiros durante a Primeira Guerra Mundial,e o capitão eramnegadosaos plebeus, o que refletiaa conceçãodo ancienrégime
de Boeldieu, um dos seus prisioneiros franceses: ambos aristocratas, deumasociedade em que cada ordem não só conheciaO seu lugar,

382 383
4 , A REVOLUÇÃO SOCIAL
A LUTA PliLO PODER

'd que vive à conta dos seus camponese


como também era aí mantida pela lei. No entanto, antes d breei o s e nãotra.
• parte da Europa, a aristocracia
• o dec11nj
• J11Pº par-se com o seu passatempoprivadoda
feudalismo,na maior ta b. 1 o e • do ocu astron0-
0 • 1,aJ1ferrn , ipe é abalada quando se confrontacoma .
classe, ou seja, tambémpodia ser definida em tennos ec m errieraIIdo ,1~ 11re d princ . d . ,. ª&li.ação
. . d . d , Onórri1c Ili. - lbª·r i·na I o no qual o Remo as Duas. S1c1ltascai e e'.incorpo.
0 grupo social cuJanqueza envava a terra. E claro que oscon-.. 1
13 ro
. d. .
tcs inferiores,neste aspeto, 11av1apouca 1stmçãoentre
, nosse -,'li
Us1111)_ ~ 5o,g110 Itáha unida' governada a partir de Piemonte
J
r\ ir!ler1to,.
. J)OrpoJ·.
1ti-
• ó • . O Kraur· 1 o flloa va eJO • dustriais plebeus., Com os apoiantesda unífic:.,.-1
pobre e o campones pr spero, e, aqui, a teta de direitos . . 'lu111ce . --yc,O
. 1· • ' Pl'IV1lé ~ i,dºi,an queiros_ ricos e influentes, o pnnc1pepercebe d que.ele e assuas
deveres ~ec1dap~lo feud_aismo era a mais forte e restritiva. 810s e N

1,os,are m-se, sobreviverao neste . novo. mun . o se segur conselh o


0 declímo da anstocrac1a no século x1x refletia em ge Contlldo 1O
. raI o d • , 10~ dadeS
ne so d'
"" ncre t, que se aliou
,
a Ganbald1
.
para
1 mostrar a aceitação
da terra como fonte de nqueza e a ascensão da banca, do co eclin 10
r..i0Pi,n·nno , a ela nobreza: «E preciso que a guma coisamudepara
indústria,que acabaram por a ultrapassar.A aristocracia dlllércio e da
'ca a v dO so •i:caçãoP
separada da riqueza gerada pela terra, tornou-se mais ex . ezllla:s 1111111 na mesma.» Apesar de , .não a 1amar,
· . odambiciosoTancredi
e1us1va d:J dofique • filha do empresano e po 1ticoru e e semescrúpulos
um grupo de estatuto, conservando o seu prestígio social lllenie
que53tu
co11..,.,
• p.ngehca,que manipulou O plebiscito na Sicíliapara obteruma
<lendoa sua identidade económica, fundindo-se nos níve· ' masPer.
is supe. c3 calogero, ificação. Ao longo do romance,o príncipee
da burguesia.Os contemporâneosreconheciam este facto E nore1 [)On r. or da un . 'd , .
por exemplo, em finais do século XIX, era comum dizer q~em F~nÇa, 3jona • a •ª" am-se cada vez mais pareci
, . os, com o pnnc1pea ficar
0

O fll pres áfiotom . roat1vo• nos seus negocios e Don Calogeroa começar
dirigidopor «200 famílias»da elite rica, a maioria plebeia Paisera
. , queorg . efll
da• ,,ez n,ais rfi
d ape e1•çoamento
P . contínuo . que, durante. trêsgerações,
zavam tudo em seu benefic10(embora, se realmente existia fi an,.
. . . . ) , osseu"' ca
io pro cesso mponeses
e t•nocentes em anstocratasmdefesos» .
ohgarqmammto ma10r. '"ª i rorma
(!l!OSI'
ca
Em Der Stech/in, o último romancede TheodorFontane(!
. b • , . 1 819-98)
o protagomsta, o no re propnetano rura Dubslav von Stechr •
uma vida . tranqm·1a, apenas mterromp1
• 'da por umas eleiçõesemin, tem . A OFICINA DO MUNDO
derrotadopor um socialista.Stechlin reconheceque ele e os se quee
Jª., nao- sao
- capazes de acompanhar o mundo moderno. Comod' uspares ouranteO séculoxrx, a economia da Europae, na verdade,de todo0
- . IZUma
das personagens,o pastor Lorenzen,«nao tinham de seguirneces . mundo eradomina~apela Grã-Bretanha.Em 1850,maisde 40porcento
sana.
mente o novo: antes o velho, tanto quanto pudermos' e o novo, apenas da roduçãomundial de bens manufaturadose comercializados eram
tanto quanto for necessário». No entanto, a evocação ficcionalmais geJdosno Reino Unido. A Grã-Bretanha era a «oficinado mundo».
poderosa do declínio da aristocracia e da ascensão de uma novabur- umestatutocelebrado na Grande Exposiçãodas Obrasda Indústria
guesia surge, talvez, num romance mais tardio, II Gattopardo(quese deTodas as Nações, realizada em 1851 num grandepavilhãode vidro
refere ao serval, um grande felino selvagemque foi caçadoatéà extin- construído especialmentepara o evento - o Paláciode Cristal-, eri-
ção em Itália no século x1x,mas conhecido como O Leopardo).o seu gido noHydePark de Londres. Apesar do convitea expositores de todo
autor, GiuseppeTomasidi Lampedusa (1896-1957), era um príncipe 0 mundo paramostraremos seus artigos no pavilhão,nãohaviadúvida
menor siciliano cujo casamento incompatível com uma nobrealemã dequea principal intenção era promover o papel da Grã-Bretanha
báltica,AlexandraAlice Wolff von Stomersee (1894--1982),se asse- como líderindustrial do mundo. A influênciada aristocracialatifun-
melhavaestranhamenteao de Hermynia e de Viktor von Zur Mühlen. diária estavasimbolicamente presente na escolhado chefejardineiro
O romance,baseadoem históriase documentosda famíliado tempodo doduquede Devonshire, Joseph Paxton ( 1803 65), para concebero
bisavô de Lampedusa,centra-se no príncipe Fabrizio, um aristocrata Palácio de Cristal, uma versão maior de um enormeconservatório de

384 385
A LUTA PELO PODFR 4 A REVOWÇÀO SOCIAL

Os distritos de jazidas de ardósia. no Norte do p . dres em 1863. Em 1852, Karl Marx d


. ais de de Lon escreveua L
era comum os trabalhadores das pedreiras viverem for d Gates es rirr11n
,r;111
,,
. osa• O Lumpenproletariat ou «classe Operária
. suo-
csf;
. a o lo ' 13ssc e t rrnos drásticos: arra.
trabalho, num monte ou numa pequena quinta, onde as suas m catde C e01 e
e famílias tomavam conta de algumas vacas e ovelhas u Ulheres 3da>>,
algumas galinhas durante o d•ta, ou, se a qumta • fosse' d'111Poreo Ou P roués arruinados,com duvidososmeiosde b . .
. inan~ Juntoa su s1stenc,a e de
homens tivessem de viver em casernas na pedreira dur e os d vidosa, junto a descendentesdegeneradose
. ' ante tod . ern u aventureiros da
semana. o gerente de uma pedreira, em 1892, queixava-se d a a ong . havia vagabundos,soldadosdesmobilizados
urguesia, . ,
., .
ex-pres1d1anos
trabalhadores: «no verão, por exemplo na colheita de fe os seus b . da prisão, escroques,saltimbancosdelinquent . '
• d no, 111Uit [ugiuvos ' es, carteinstas

-~
vão-se embora.» Em 1911, o Diretora o das Minas do Estad . os ladrões,jogadores, chulos, donos de bordéis '
nequenos . , carregadores,
que dois terços dos mineiros de carvão
.
das Astúrias no N
,
° dizia
oroeste

escrevm
. hadores tocadoresde realejo,trapeiras afiadores ld
' ' , ca e1rcrros
Espanha «eram camponeses que tmham as suas casas e as su de . 05 _ em suma,todaessa massadifusae errantea que fran '
' o trabalho nos seus campos com o trabalho nas . rtas,
menigd os ceses
alternando am la boheme.
. .. . minas>> charll
Em São Petersburgo, os Jovens operanos mantinham os la •
. . ços corn
as suas aldeias natais, de tal maneira que um estudo de 570 A descriçãode Marx tinha eco nos oficiais do exércitoque repri-
. . assata.
riados qualificados, realizado em 1908, revelou que 42 porce 1 . Comunade Paris em 1871, responsabilizando pelarevolta«as
. • no dos 1rarn
111 a .
casados e 67 porcento dos solteiros enviavam parte do seu d'1 h erigosas», «escuros da poeira, extenuados, esfarrapados[ . .]
. . . n e1ro classesP , .
Para familiares no campo. Até aqm, porem, como mostrou O censode acomP anhados pelas suas sord1das
.
mulheres». Pouco menos famige
ra-
191o,quase 20 porcento dos homens da categoria «camponesa»ern doqueO submundofrances ou do que os lazzarom dosbairrospobres
das . .
São Petersburgo tinham nascido no campo, bem como 25 porcento napolitanoseram as c1asses cnmmosas e empobrecidasde Londres,
das mulheres; em 1902, 16 porcento dos homens e 21 porcentodas ternade um estudo de quatro volumes do jornalista Henry Mayhew
operadoras fabris da cidade eram trabalhadores da segunda geraçã (ISIZ-87),intituladoLondon Labour and t~e London Poor ( 1851-6l ).
Também aqui, estava em formação um proletariado permanente º·e Comosseuscolaboradores, Mayhew entrevistougrandenúmerode cn-
hereditário. Antes do fim do século, este desenvolvimentojá come- minosos, desde«ladrões comuns» até «assaltantesde casas e ladrões»,
çava a ter grandes consequências políticas. eregistou as experiências da subclasse urbana, incluindoos «vasculha-
doresde lama» (mudlarks), que ganhavam a vida a roubarcarvãodas
barcaças do Tamisa, vendendo-o aos pobres. No romancede Charles
AS «CLASSES PERIGOSAS» Dickens O Amigo Comum (1864--65),a protagonistafeminina,Lizzie
Hexam, ajuda o pai na sua atividade de vasculharos bolsosdos cadá-
A urbanização da Europa provocou um alarme geral entre oscon- veresdaspessoas caídas ao rio, enquanto flutuavamlevada pela maré
temporâneos conservadores. O teórico social conservador alemão Muitoscomentadores excitavam o fascínio horrorizadodo seus
Wilhelm Heinrich Riehl achava que as grandes cidades destruíam leitoresburgueses com a existência desta classe soctal upostamente
as estruturas tradicionais da família e do estatuto, de tal maneira separada, que tinha os seus próprios costumes, hábitos e linguagem
que as pessoas ficavam «intoxicadas, confusas e descontentes». Defacto,em Oliver Twist, de Dickcns, há todo um ubmundocnm1-
O aumento das taxas de criminalidade era uma consequência inevi- nosoem Londres,povoado de personagens como a prostituta anc},o
tável. De factó, os comentadores sociais observavam com alarmea violentoladrão Bill Sykes e o sinistro «recetadornFagm,que emprega
criação de uma «classe irremediavelmente criminosa», como disseo umbando de carteiristas juvenis para quem Oliver é obngado a

444 445
A LUTA PLLO PODER 4 A RCVOLUÇÃO SOCIAL

.,r Em França,uma exploração literária semelha ia certamente criminosos profiss


traba111
.... . . . nte do to, haV . 1ona1sÂrth
minaiurbanofoi feita por Eugene François V1~ocq(I 775_1 ;e1 0 Cri, 0 cntan I) que cresceu num bairro miserável h . ur Hard1rig
85 1 198 , d con ec1do
condenado, falsificadore recluso, que, na prisão, se tornou ), la<lrto g8<Y cnst End de Lon res, recordou na velh como<,o
(l no r;o •. ice como . .
polícia. 0 final do período napoleónico, fundou a Sfire espião,1. J.ao>>, . criminosa como cartemsta, antes de se d d IJ1Jc1ara a
,:, eira e icar a t'1 .
detetives francesa, e publ 1cou
, .
• uma séne • d .
e hvros (a ,....té,
. .
. a. i;orÇa""
..,a1or,a \IC
~ carr
s03 b1c10
.. sas. Em 1908, era descrito
. .
como O «re· ª
1»ou ((capitã
v1dades
por autores anommos) sobre o submundo, mclumdo u esctito ,.,31Sanl B i·ck Lane - «um cnmmoso muito evas· o» dos
• d • h Ch • . rn sobre ~ w ~ r ~e~~
calão. o policia alemão Fne nc nstian Benedikt Avé.L o 5eii ladrões grande bando de ladrões». «Tivea minha .
deurn . Pnme1raarm
so [ • ],
( J809 92) escreveu quatro volumes sobre as classes crimi allernant ,befe rdou ele. Hardmg e o seu bando começara d a em
. . • d 1· nosas, sendo n/\.1 reco - . . m epo1sa exto
0 último um d1c1onáno a sua mguagem, conhecida corno IYIT'>>:• 0 por proteçao a casas de Jogo ilegal: «Qu d , r-
dinhe1r an o atacav
No entanto, o conceito de uma subclasse social totalrne l?ollvelsch. quir brigávamos toda a gente a levantar-see ag·tá I vamosas n
amos
1ube,o
era, em grande parte, uma I'deia • 1·1terána.
. Muitos dos Pob nte sepªtada l)ll1e para mostrarmos que não estávamosa brincar»M . os-
• 1 • af!Tlªs . • u1tasoutras
dedicavam-se ocasiona mente ao cnme medida das ci· rescasUais
à . sas rtuárias abngavam uma classe criminosasim'J E
. rcunstâ . 'd despo i ar. mJane.
ganhando a vida o melhor que podiam, construindo para . ~c1as, c1 ª outro lado do mar do Norte, em Hamburgo iro
• 1906' n0 ,. ' enquantouma
uma economia de expedientes na qual as atividades legais~P~p·nos de anifestaçãopoht1caocupava a atençãode tod ., .
ormem . . a a torçapohc1al
vam com as 1\ega1s. mvest1gador soc1a
• • O • • • 1Charles Booth entrem ea. en . d os moradores do bauro das Vielas,perto do port ,
084 19 dac1dae, o, sa1ramdas
reconheciaesta realidade nos seus famosos mapas de Londre 0.... 16) s e atiraram pedras aos candeeiros de rua apagand
'd' d • d' sernfina· suascasa . , o-os,antes
do século XIX, com co 1gos e cores para m 1caremníveis d . is • em as montras e de ret1raremas grades de segu das .
e nqueza depart1r . rança Joa-
pobreza: o azul estava reservado para as ruas ocupadas por «ele e .
!banas do centro da cidade: «Quando a montra foi parti"-·>
UID , re1atouuma
. . .
perigosos e serrucnmmosos», • ba1xos
os mais . de todos. rnentos nha «e as grades de ferro foram retiradas dedos gan .
testem 'U , . , • anc1osos
o entanto, muitos trabalhadores, que, noutros aspetos,eram . ram nos relog1ose no ouro que.estavam a vista•••>> A Vl.s1'b'lid d
• agarra , 1 a e
dãos obed1entes a' 1e1,
• nao- viam • nada de ma1 no f:acto de se r bCida.
deacontecimentoscomo este ~ontr:bma bastante para convenceros
. ou aros
patrões. as mmas, achavam que era totalmente legítimo levar contemporâneos de que a urbamzaçao conduzia inevitavelmentea um
carvão
para aquecer a casa, uma vez que o carvão era o produto do seu ró . umento da criminalidade e da desordem.
.,. dos anos setenta do século xix ce Ppno
trabalho; de f:acto, em 1Illc1os
, rcade ª «Asestatísticas criminais», observava um jornal russo em 1893
3000 mineiros entraram em greve na Alta Silésia quando os donosd <<atestam que a criminalidade é maior nas cidades do que nas aldeias»:
. , . , as
minas propuseram revistas aos operanos que saiam das mesmas, para Avidaera insegura, os habitantes da cidade estavam apartadosdas
se certificaremde que não levavam carvão. De forma similar,nasdocas suasfamíliase não sofriam a influência moralizadorada Igreja.Havia
alguns dos artigos dos navios de carga eram frequentementeroubado~ muitomais tentações nas vilas e cidades do que no campo pobre.
pelos carregadorese estivadores,que os vendiam ou usavam.«Quando Considerava-se que a criminalidade rural tinha uma naturezaessencial-
as pessoas trabalhamtoda a noite, sozinhas e sem supervisão»,escrevia mente violentae interpessoal; com o crescimento das cidades,houve
o Jornal da Bolsa de Hamburgo em 1891, «será de admirarqueum umamudançapara os crimes contra a propriedade.Assim,na Rússia,
ou outro ganhe alguns quilos de peso durante a noite e que essepeso de1874a 1913, por exemplo, 85 porcento dos homicídiosocorreram
suplementarconsista, de facto, em café?» Havia partes da indústriade emzonasrurais, bem como 89 porcento dos homicídiosinvoluntáriose
pequena escala de Londres que consistiam apenas em bens roubados 85porcentodas agressões. Em contraste, só metade de todos os casos
ou surripiados,com lojas de mobílias e de roupa a usarem artigosrou- derouboe de recetação de artigos roubados ocorreuno campo,embora
bados. Isto não fazia dos seus fornecedores ladrões a tempo inteiro. fosseaqui que ainda vivesse a esmagadora maioria dos russo . Mas

446 447
4 A REVOLUÇÃO SOCIAL
A LUTA PFLO PODhR

, eram enganadores.Não só, com frequência barrete na cabeça, uma roca na mão
e te numero . . , nãoin l he um d e Passeava
. dos pelos tribunais locais das zonas rurais co- Chiía,,_ ll3rrt· t do num burro e costas para a frente N m-no
caso Jll ga1 ' "'º ta1111..,.,, ofl • scn a . • o entant0
·s ,·n,portanteignoravam o facto de a criminali'd d ucllld P 9 1dc1a . em especial na Inglaterra, como desc .t , com
fom1amat ' a e no • e ~19 uênc1a, n o no roma
muitas vezes um choque de valores e crenças calllPo r isfrcQ .r casterbridge (1886) de Thomas Hardy ( nce
reprcscntar entre0 fJl9 oro; 184~1928)
<1eJ',,laY, orta da casa do ofensor nas primeiras ho d ,
pesinatoe as autoridades. calll. ,,, se a p ti . ras a manhã,
A crença popular fazia uma distinção entre a propried onia!Tl· ma efígie do o ensor, gntavam insultose canta
'ed d •d ade e •
re var11u vam can-
pela ação humana e a propn. a e ena a sem,~ contributohu nada oeifT1ª . Jmente compostas, tocavam cometas e chocalh b
q pccia e. • • os, attam
Esta incluíaa madeira,essencial para fazer mob1has,cabanase lllan0. ,.,;eses panelas e 1az1amaqui1o a que os alemães h
r chos e . c amavam
bem como para usar como comb , casas, e c0rt1ta "k («miados»), repetmdo o processo durante noit fi
t odo O tipo de acessórios, . . UShve1 ,11us1 . 1 . d . es a o.
aquecimentoe para a cozinha.Em mmtas zonas, os antigos se Para ,,0i;ell um agncu tor tivesse se uz,do a sua criada O •
• . d . . ~ rvosre t>' viera,se , , s Jovensda
savamaceitar as consequenc1as a pnvat1zaçaodas florestas u cu. 3 13a . am-Uteuma carroça do estábulo, desmontavam-o 1
. reurav a e eva-
panhou a sua emancipação. Entre 1815 e 1848, as conden~: acolll. aldeia para O telhado da sua residência,voltavama mo tá' 1 .
5
peças ,. . n - a a1e
roubo de madeira na Prússia alcançaram proporções impressi°esPor vafll ~ _ a de esterco, uma pratica conhecida comoMistwagenstell
, 1 , onantes ,ainn d·c. _ , . f: en.
Nos anos trinta e quarenta do secu o XIX, o numero de condena _ . encl1 nto,0 roubo' a 11amaçao , e.ate o m anticídiotambémmerec1am •
• lum • do a provmcia
• 018
roubo de madeira na Pruss1a • • (nao ~ me do R ÇoesPor Noe c;asug . os, sendo
. tambem, aplicados . .aos
. cerveieiros
. , que m·1stura-
. eno)con 5
tinuou a aumentar,de 120_mil em 1836 para 25~ mil dez anosdePoi• este águan a cerve1a,
, aos usuranos
. que
. ex1g1am Juros excessivos ou aos
Houve 351 mil condenaçoes em 1856 e 373 mil em 1865.De f: s. Vll~ que transgrediam repetidamente os limites da propriedad
cultore 5 e
. d 1 ti . . acto agn ,
0 roubo de madeira era, e onge, a o ensa cnmmal mais comu ' dealguern- ~ ,
Prússia durante este peno o, com m1 acusaçoes por l 00 mil h b" na
, d ·1 ~ m
Esta5
práticas eram comuns nao so na Inglaterra, na França e
b, ,. ,
a itan.
tes no reino em 1836, em contraste com apenas 236 por 100mil lernanha,mas tam em em Ita11a, na Austria, na Holanda e na
'd d • . Por naA , . h . . .
ofensa corporal e agressão. eomuru a es mte1rasestavamenvolvidas E5can d1·oa'via.Na. Russia, o e arzvarz .
visava sobretudoos ladrões·de
. ,
levandoa confrontosarmados entre os guardas florestaisdos senhonos . ' ra conhecidocomo vozhdeme («conduziro ladrão»).Envolviaa
facto, e .
que procuravamagora usar as suas florestas como fonte de rendimento' .b.• do ofensor pela aldeia, por vezes usando um colar de cavalo
~~0 ,
e os camponeses locais, que continuavam a vê-las como um recurs~ acom Panhado de um bater barulhento de tachos e panelas' baldes, tan-
comunitário.O choque de culturas subjacente às disputas entrecampo- quese Portasde fomos de_ ferro. Os mais. injuriadoseram os ladrõesde
neses e guardas florestaisnunca foi totalmente resolvido. cavalos; em J887, os aldeoes de Umansk momperampelacadeiado dis-
Em muitos aspetos, a sociedade rural durante grande partedo tritoondeestavampresos alguns ladrões de cavalos,levaram-nosparaa
século, e em algumas zonas até à Primeira Guerra Mundiale depois, ruae torturaram-nos,enquanto uma multidão de observadoresgritava:
era autossuficientena administração da justiça. Os que violavamas «batam-lhes, batam-lhes até à morte!» «Quase todos os dias», obser-
regras da aldeia podiam ser punidos pela prática aldeã comunitária vavaumartigoda revista russa O Jurista, em 1905,«o telégrafofaz-nos
conhecidaem Françacomo charivari, em Inglaterra como roughmusic chegar notíciassobre casos de justiça vigilante contra ladrões,assal-
ou skimmington, na Alemanha como Haberfeldtreiben e na Itáliacomo tantes, vândalose outros elementos criminosos[ ... ]. Poderiapensar-se
scampanate. Em França,o charivari podia assumir várias formas,mas, quea Rússiafoi temporariamente levada para a pradariaamericanae
na maioria dos casos, os jovens da aldeia reuniam-se, faziamumjul- quea lei do linchamento foi concedida aos cidadãos».Os funcionários
gamento simuladoe decapitavam ou queimavam uma efigie do ofen- czaristas e a opinião pública educada viam estas práticascomoprovas
sor. Em certas zonas, esfregavamo rosto do ofensor com mel e penas, dobarbarismo e do caráter atrasado do campesinato.« ada é sagrado»,

448 449
LUTA PELO PODER 4 A REVOLUÇÃO SOCIAL

. a se um escritor em 1912: «Há anarquismo ate{ reendendo que só estavam a aiudar


quc1xav - ' stn.o u comP . ~ os seus se h
fornf11 Córsega e no Sul de Itálra, o Estado fez n ores
dência total da moral.» . , 'lla d~a. qoc s Na . IA • , aI&urnprogr
ui da Europa, as vendettas e as nxas de san . ..,8no • trolo da v10 encia, e o numero de m esso
0 . . 1 &ue a1nd otº"' no con . . ortes provoeac1as
mns no fim do sécu 1o. A qm, uma v10 ação do costurn a era 1111 1-118do
J rtasc
a,·u No entanto, na S1cf11a,as rixas desa
• ngue adq • •
con . ..,e social 'll ,re11"e a perigosa nos anos sessenta do século Utrrram
a recusa de um casamento, uma nxa, o roubo de propriedade , ~lllo pO va forrn h d x1x,quando os
tas sobre limites de terras ou rebanhos, ou apenas urn . , disp11_ .•o1a no . dos dos sen ores, esmantelados pelo E tad .
. . 1nsu1t I>'.. . priva . . s o 1talian0
d
rido, mesmo a brincar, contra um 1sttnto aldeão, podia ser Profe. 0 :<éfc1toS·tuídos por clãs nva1s - a Máfia _ que co ,
e, 5ubstl ' meçaram por
com a morte do culpado pelo clã ou pela família rival . castigado ,0f1lrn ões dos senhores contra os seus arrendatários d .
. , tnaugu ,, 5anÇ _ , epo1spas-
uma rixa de sangue que podia prolongar-se por décadas rando ...,por a5 extorsões por proteçao e outras formas de c • . .
11•· ara as . rrmma1idade
com O pagamento de dinheiro de sangue. Nas aldeias da ' ª:é acabar Saf1Jfll P
{ifll, co
rneçaram a lutar entre s1 pelos despoios Ond E
, • e o stado
• , Pen1nsut e por . do fraco para penetrar nas zonas montanhosas ou
Mani na Grécia, as f:am ÍI ias constrmam torres altas para a de ' demasia ~ . , . remotas,
' . . . ,. . a sua p
-
ça0, que semam para v1g1ar os membros da fam1lta nval contra rote. ef11
a Alb'ni·a
a , a Catama, a Corsega e o Mam' as rixas de sangue e a
tinham declarado uma rixa de sangue. Faziam-se tréguas na ª qua1 co111° ntinuaram a florescer.
dettaco . . .
• - d • :f: , • alturad ven ervadores soc1a1s que viam o campo como um par , d
colheitas, mas, com a conttnuaçao a nxa, arrultas inteiras . as ~~ . ~e
destruídas. a pequena 1"lha d a C'orsega, entre 1821 e 1852P<>diams er e tranq Ul .lidade de moraltdade e de ordem estavam assi·m .
' ' muito
. . . , as aut ·
dades francesas registaram pelo menos 4300 horruc1dios resulta 0n- paZ d De facto, com a Grã-Bretanha a sofrer uma vasta expan -
uana os. . , . sao
. . , . ntesda en,, ·ias e cidades, o registo estattstico mostrou um declíni·oco
vendetta. o entanto, apesar das estattshcas temve1s, a rixa d s suasv1 . ns-
• 1· . e sangue da~e da taxa de roubos e de atos v10lentos, até que, como O Crimina1
era tanto uma forma de regu 1ar e de ntua 1zar a violência com .
. OUllJtnc'1
tamento ao seu desenvolvimento. No Montenegro, a família ~ . • ta . r observou em 1901, se tornou claro que houve «uma grande
. . 01end1da Registe b . . - d
nomeava alguém para executar a vmgança, fazia um juramento e udanç a nos costumes: a su stttu1çao. e palavras _ sem golpes por gol-
.d • :f: ·1· d
ofensor tivesse cometi o um cnme, a arru ia a vítima podia d'
, , seo 01
om ou sem palavras; uma aprox1maçao dos costumes de classes
·1· 1·d . pe ira pes. e tes·, um dechnto ' • do espmto ' • de 1•1ega lºd
aprovação ritual da outra :f: arru 1apara 1 ar com o cnminoso. o costume ~iren . . . . 1 ade». O bávaro Georg von
ditava quem devia matar e quem devia ser morto (normalmente O f: . Mayr(l 841-1925) foi o pn~e1to a compilar «estatísticas morais», rela-
liar masculino mais próximo do perpetrador mais recente). Na Alb:::· cionando os roubos de corruda com os preços dos alimentos, e, pouco
havia até um conjunto de regras, o Kanun Leke, preservado na tradiçã~ de ois, todos os Estados europeus começaram a publicar estatísticas
oral até ter sido finalmente publicado em excertos em 1913, que estabe. )minais oficiais. As condenações anuais por crimes contra a pessoa
Iecia as regras do homicídio em defesa da honra do clã. «O sangueder- naAlemanhacaíram, de 369 em 1882-83 para 346 por 100 mil habi-
ramado», afirmava o código, «tem de ser pago com sangue derramado». tantesem 1914. Berlim, de longe a maior cidade da Alemanha, tinha
A desordem criada por estes acontecimentos provocava cada vezmais taxasde criminalidade pouco acima da média nacional. No País de
a ira do Estado. Em Inglaterra, a prática do skimmington foi ilegalizada Gales,um país que passou por um rápido crescimento industrial nas
pelo Highways Act de 1882, ainda que, em alguns locais, continuasse zonasde minas de carvão no Sul e de pedreiras de ardósia no orte,
no século xx. Na Alemanha, os últimos exemplos do Habe,feldtreiben a taxade acusações criminais caiu de uma pessoa por 845 em 1851
ocorreram em 1894; todos os participantes foram detidos pela polícia. paraumaem 2994 em 1899. A religião, a autodisciplina, a temperança,
As rixas de sangue transformavam-se cada vez mais em violência inter- a melhoriados níveis de vida e, não menos importante, a educação,
comunitária, com as famílias montenegrinas a lutarem contra as alba- tudoteve influência. O declínio da criminalidade, relatou o secretàrio
nesas, enquanto as rixas entre as famílias sérvias diminuíram à medida daAdministraçãoInterna britânico, Sir William Harcourt (1827-1904),

450 451
A Ll, TA PI·I O PODER 4, A RLVOLUÇÃO SOCIAL

·ro-ministroGladstone, era «uma luz brilhante O GRANDEÊXODO


30 pn111c1 . . e cnco .
horizontesocial». Quanto mais urbana e indu . ta.Jado
no no o . . . Slfialj ta o século x1x, milhões de europeus t
na mais as suas taxas gerais de cnmtnalidadc t . Qdae te tod O , d entaram esca
uma zo , . . . end1a ta 11
Ollfll d opressão de1xan o o continentepara Par
0 entanto os cnmmosos e os cmnes tomaram-se e
O •ocod
ll1a ca 1t. za e a . uma nova vida
,, . p0bre Os seus motivos eram geralmente mistos.A
t l'ntercsse publicoquando algumas refonnas legais e o C!'es
cene . . , . . .' orn00 . • dJ rnaf• h• , atraçãoda
de DireitoCnmmalde ~ 851 na Pruss1a:o Cód1~0de DireitoCri CÓd 1g0 iJIIJ11 ricana, bem como a 1potesede adquirirt
fiO de ame , b . , . errabaratae
1863 na Itália, influenciadopelo frances, e mmtos outros d 1111 11a1de ..,(da
/JII" balhar
não so para a su s1stenc1a,mas para obt
. er 1ucro era
" • d'' • , ecretos e a tf<I ra muitos CUJO futuro na Europa pareciadesol d '
beleceramO julgamentopor Jun em au 1enc1apublica, urnad. d' esta. d fvelPª I' • a or e sem
a nova imprensapopular de massas de finais do século. Os seª ivaPara ,r,~ .,,,_ç1st erseguição po 1t1caera outro motivo emes .
nǪ·A P . ' pecia1paraos
• 'd'10scomeçarama chegar aos jornais nsac10 olucionáríos de l 848. Cerca de 30 mil «quar
J'uJgamentos de hom1c1 . , co1110 na,s .,..efll
..,r_-1· e rev . entas e oito»
.
homeopataamericanoDr. Haw1ey enppen (1862-1910) . ºdo r,id1cas m-senaquele que ficou conhecidocomoO bairro 0
elecera . . « ver-the-
. ' cons1d
culpadodo homicídioda mulher e detido a bordo de um tra _etado e51J1b d Cincinnatr,no Oh10,onde fizerammanifestações • 1
• 1• nsauanti ·ne>> e . , • v10entas
com a sua jovem amante, ou o antigo mo e1ro e agressor . . co ./UI' do
d vi·sitade um em1ssanopapal, em l 853 No seioda E
a . • uropa,
reinc1d aquan O primeiro porto de escala para todosos tiposde re 1 .
AugustStemickel(1866-1913),executadoem Francoforted0 . ente dresera . . vo uc10-
0 der
1913por ter estranguladoum camponês durante um assalto . CllJ LO~ d I(arlMarx a LaJOS Kossuth.Haviamsidoprecedidos r
. . , • d . . , ªPosu"' iriose ,. dPI", pouma
julgamentoque fez as pnmeiras pagmas urante vanos dias.Os1 . •11 n.,,' •gradospoJ1t1cosa ooma,aposarevoltade183J ap d
uadeernr . . , esar e
ficavamfascinadoscom histórias de detetive ficcionais com ~Jtores l'llo d tes se terem estabelecido em Pans. Os nacionalistaspol
' ººinspe uitoS es . . acos
tor Bucketem A Casa Abandonada(1852-53), de Dickens • Ili nharamum papel importantenos conflitosde 1848em mu·t
. . . ,ouoins. desempe . . . 1 os
petor Porfiryno Crimee Casllgo(1866), de Dostoievski.A In 1 afses eu ropeus' combateramna GuerraCIVIiAmencanae, mai·sdo que
... a ascensao
sobretudo,ass1stm -dd.o etet1veprofi'ss10nalficcionalgaterra,
u : maioria dos emigrados de outros países, recusavamcortaros laços
·
balhavacomo mdepen dente em re1açao- a• pol"1c1a,em especialSherlock
q etnJ. átria. Durante a revolta de 1863,um ComitéCentralPolaco
com aP "d
Holrnes,criaçãode Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930);noutrospaí- . rorrnado nos Estados Um os para ajudar os revoltosos.Umafigura
ses, comoa Alemanha,o primadoda confissãosobre as provascircuns. característica foi
foi ~u ian . rs~n N.iemcew1cz
• 1· U • ( 1758-1841 ), um naciona-
tanciaispara a obtençãode uma condenaçãodificultavaa escritadeuma . tarevolucionánode míc10sdos anos noventa do séculoXVIII que
história baseadana leitura de pistas, e o perigo de os autorescritica- emigrou bs para o~ Estados Um.'dos a~o_s ' a derro~ da revoltapolacade
rem a políciadificultavaa escrita de uma história baseadanumdetetive 1795 , iemcew1cz regressou a Poloma após a mvasãonapoleónicae,
civil cujo trabalhomostravaconstantementea incompetênciadapolícia. em1817,escreveuo primeiro folhetoantissemitapolaco,O Ano 3333,
Paraagradaremaos seus leitoresmaioritariamenteda classemédia,estes 011umSonhoIncrível, no qual pintava um retratoterrívelde um futuro
escritoresconcentravam-seem crimes e criminososda classemédia,ou distante em que o seu país era dominadopor judeus.Publicadapostu-
criavamvilõesexóticosde origemestrangeira;a criminalidademundana mamente em 1858,a sua exposiçãode uma elaboradateoriada conspi-
do resíduourbanoraramenteera consideradamerecedoradaatençãodes- ração naquala «Judeo-Polónia»já começavaa substituiras estruturas
ses leitores,comosucederacom os romancistassociaiscomoDickens sociais daantigaComunidadePolaca teve uma forteinfluênciana nova
ou Vidocq.Algumaszonasdas grandescidadesda Europacontinuavam direita nacionalistapolaca. Nos anos vinte do séculoXIX,relativamente
a ser perigosaspara serem visitadaspor pessoas respeitáveis,mas,ao liberais, Niemcewiczteve vários cargos oficiaisna administraçãoda
contráriodos avisosalarmistasdos críticos da urbanização,as taxasde Polónia do Congresso,tendo sido obrigadoa voltarao exíliodepoisde
criminalidade estavama cair de formaconstante. lerparticipado na insurreiçãode 1831.Desesperadocomos revesesque

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