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Richard Evans, A Luta Pelo Poder, Europa 1815-1914 (Lisboa - Edições 70, 2018), Pp. 363-385, 444-452.
Richard Evans, A Luta Pelo Poder, Europa 1815-1914 (Lisboa - Edições 70, 2018), Pp. 363-385, 444-452.
A revolução social
o DECLÍNIO DA ARISTOCRACIA
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A LUTA PELO PODER 4. A REVOLUÇÃO SOCIAL
num baile na estância de Merano, nos Alpes austríac ·mais» podem fazer, disse Viktor D ~
os,qua d es an1 • e tacto
dela estavam fora, e ficaram logo atraídos um pelo outr ~ o osp . ,,e«ess
qv ntra
va uma pequena carroça numa estrad
.
' «sernpre
a rural
. . o. Tres ais 0
depots, estavam noivos. senian o se enc ngado Kurratz-sax! (demónio alemã ) ' o carn.
q~e ·t va za o .» Noenta
O pai dela, ~e regresso da sua via~em, não aprovou. . as pOoésgflficaramª habituados a ela e diziam: «O senhorcasoucornunto,
0
um alemão bálttco protestante; ela devia casar com um . Jovenie ressa . , louca, mas boa pessoa.» Hermyniaaté se to rna
, . anuo ~ oeP loura,e nh . , . rnouPüpular
nense catoltco. «Já te ocorreu», perguntou a Hermyn· crataVi ·gana a usar os co ec1mentosmed1cosqueobt'
ta, «q e. c1 corneçoO _ . . , . 1veraquando
filhos nunca poderão vir a ser camareiros ou as tuas filhas~e s teus0 08ndo fiermaria das Irmas da M1sencord1aem Floren
q na en . .1. d ça,tratando
Ordem da Estrela e da Cruz?» Mas esta não era a ambição d ªlllasda ,iudava menores e ate aux1 tan o uma camponesano tr b Ih
aJ idades , . a a o de
Na sua imaginação romântica, iria viver numa rica proprj e liernii'rlia. enfef111 sternação do medico local, que vivia a trêsho d .
• • • do Ba'I ttco.
. O par casou discretamente
. aracon , ras e dts-
paisagem magica e edade
F ' numa parlº• P nha a caça a frente dos seus deveres profissionais.Es
• partiu • • H ermynta
• para a Russ1a. • não
• pensava quem rancofi •
a e pu . . . . . tava
e, depo1s, 0 rte iânc1
efacta co
m a miséria e a 1gnoranc1aque via e impressionada
_ com a
• •
Ihe 11m1tasse • 'd d . o casarne estuP h bi·tual dos camponeses, que nao se contentavam com odka
mais a v1 a o que os pais. Mas estava enganada nto . dade a . . .v
gar à propriedade von Zur Mühlen, na Estónia, encontrou a •Aoche. ebne . e'terpara alimentar a sua necessidadede alienação
, bebiam ·
livros na casa de campo do marido, «a Bíblia e uma obra po~enas_ dois eate bres bálticos que agora frequentava, observouHermynia,
Os no . .
As Memórias de uma Cantora». As revistas e os jornais im:~fica, . m realmente na aristocracia e no seu lugarentreos eleitos.
creditava
eram normalmente censurados pelas autoridades czaristas . dos <<ª Ih ocorrera, em momento algum das suas vidas,que as outras
, que risca Nuncaes .
vam quase tudo, à exceção da Circular da Corte. «Até na minha .' pessoas t ambém eram humanas».
. Certo
. dia, quandoo maridochegoua
clopédia», escreveu ela, «que me foi depois enviada com outros tnci. a sua vara partida ao meio, e
1 casacom
secções inteiras da entrada "Rússia: História" foram riscadas.»F:ros,
. ,.d .. cou
cbela
oca com a 1gnoranc1a a anstocrac1a a 1emã báltica da Estónia u lheperguntei oqueacontecera,respondeu:«Parti-anascostasdeumdoscam-
se referia às pessoas da classe média, independentementedo quefi'q e poneses.» Não mecompreendeuquandogritei,meioa chorar,meiofuriosa:
zes-
sem, como literati. «Quando fui pela primeira vez a Dorpat»,recor- «Mande preparara carruagem.Vou-meembora.Querodivorciar-me!»
dou mais tarde Hermynia, «e comprei livros no valor de cem rublose
subscrevi revistas em várias línguas, o meu marido ficou genuinamente Noutraocasião,quando Viktor contou que dera a outrotrabalhador
perplexo, e a minha sogra, espantada, perguntou "Para que precisade «atareiada sua vida», porque se «atrevera a assobiara Marselhesa»,
todos estes livros? Uma boa dona de casa tem tanto que fazeremcasa Hermynia «dirigiu-seao piano, que estava pertodajanelaaberta,e tocou
que mal tem tempo para ler."» Outro escândalo foi causado pelohábito aMarselhesa durante todo o dia. Os trabalhadoresriam-se:"O senhor
de Hermynia de tomar dois banhos por dia («Nenhuma mulherdecente nãocontrolaaquela cigana."» E, de facto, não controlava.Hennynia
faz isso!», exclamou a sogra) e de usar roupas de tecidos coloridos: nãoestavainteressada em ter filhos, que era o seu principaldeverna
«"Por que não usa antes preto?", perguntava-me a minha sograquando opinião dossogros («O quê, ainda nada? Deviaandarmenosde cavalo
eu aparecia nos meus vestidos parisienses mais bonitos. "Agoraé uma e,sobretudo, não tomar banho tantas vezes»). Por seu lado,Viktorsó
mulher casada, por amor de Deus!"» estava interessadoem administrar a sua propriedadee nas suasexpe-
As relações entre a nobreza alemã báltica e os campones·ese traba- dições de caça ao alce (numa destas saídas, quandoHerrnyniaficou
lhadoresagrícolas estónios não eram boas. O marido de Hermyoneofe· responsável pela propriedade, deixou que os camponesesro_ubassem
receu-lheum revólver Browningcomo prenda de casamento,avisand0 ·ªgrandes quantidadesde bens dos celeiros, pois pensouque issolhes
para andar com a arma sempre que fosse passear sozinha. Não se sabe aliviaria a pobreza).
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A LUTA PELO PODER
. . '
. • o ogo edasclassessupenores da sociedade europeiano iníciodo séculoxx;
Alaxander von Keyserling ( 1815-91) disse no seu diário, em 1889 u
era «muito dificil ser um senhorio na Estónia», pois «não se ficaricq e part nassuasmanerras • d.fi I erentes, tentavam res1strr
• • as
• vagasdamoder-
0)), am bÜS l
O casamentode Hermynia não durou muito. As diferençaspolíticas nidade quehá muitos anos inundavam a Europa.A nobrezaalemãbáltica
do casal foram aumentando,ao ponto de «eu e o meu maridodeixarmos sóeraexcecionalna natureza extrema da sua situação.Não era apenas
de escarnecer alegremente das nossas opiniões mútuas ou de esperar- umapequenacasta hereditária, constituindo menos de sete porcentoda
mos que algum de nós mudasse de posição». Liam jornais de orien- população da Letónia, Estónia e Curlândia; era tambémumacorporação
tações políticas opostas, Hermynia de esquerda, Viktor de direita: feudal autónomacujos direitos e privilégios só haviamsidogradualmente
«Quando o saco do correio chegava, quem o abrisse entregavao jornal minados durantedo século XIX. Só nos anos noventado séculoXIXo seu
ao outro com a tenaz da lareira para não sujar as mãos. Cada vez com antigo sistemajudicial foi substituído pelos modernostribunaisrussos
mais frequência, ouvia estas palavras: "Não permito que isso sejadito introduzidos com as reformas de Alexandre II, em 1864,aindaque os
na minha casa!"» O sogro de Hermynia tentava intervir: «Olhavapara nobres conservassemalguns direitos senhoriaise policiais.Ignoraram
mim como se eu tivesse perdido o juízo, depois bramia bem alto:"Seeu tantoquantopuderam as políticas de russificaçãodo governode São
fosse o seu marido, dar-lhe-ia tareia até aprender." "Se o senhorfosseo Petersburgo, celebrando obstinadamente a sua culturaalemãe a sua fé
meu marido", respondia-lhe,"Já o teria matado há muito ou entãoteria protestante, apesar de o russo ser a língua oficiale de a ortodoxiaser
aprendido a comportar-se como um cavalheiro".» Hermynia adoeceu ªreligiãooficial.Além disso, a nobreza alemã bálticaresistiuteimosa-
com tuberculosee teve de passar muitos meses em recuperaçãonum mente a concederqualquer poder administrativoou políticoà população
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O fll pres áfiotom . roat1vo• nos seus negocios e Don Calogeroa começar
dirigidopor «200 famílias»da elite rica, a maioria plebeia Paisera
. , queorg . efll
da• ,,ez n,ais rfi
d ape e1•çoamento
P . contínuo . que, durante. trêsgerações,
zavam tudo em seu benefic10(embora, se realmente existia fi an,.
. . . . ) , osseu"' ca
io pro cesso mponeses
e t•nocentes em anstocratasmdefesos» .
ohgarqmammto ma10r. '"ª i rorma
(!l!OSI'
ca
Em Der Stech/in, o último romancede TheodorFontane(!
. b • , . 1 819-98)
o protagomsta, o no re propnetano rura Dubslav von Stechr •
uma vida . tranqm·1a, apenas mterromp1
• 'da por umas eleiçõesemin, tem . A OFICINA DO MUNDO
derrotadopor um socialista.Stechlin reconheceque ele e os se quee
Jª., nao- sao
- capazes de acompanhar o mundo moderno. Comod' uspares ouranteO séculoxrx, a economia da Europae, na verdade,de todo0
- . IZUma
das personagens,o pastor Lorenzen,«nao tinham de seguirneces . mundo eradomina~apela Grã-Bretanha.Em 1850,maisde 40porcento
sana.
mente o novo: antes o velho, tanto quanto pudermos' e o novo, apenas da roduçãomundial de bens manufaturadose comercializados eram
tanto quanto for necessário». No entanto, a evocação ficcionalmais geJdosno Reino Unido. A Grã-Bretanha era a «oficinado mundo».
poderosa do declínio da aristocracia e da ascensão de uma novabur- umestatutocelebrado na Grande Exposiçãodas Obrasda Indústria
guesia surge, talvez, num romance mais tardio, II Gattopardo(quese deTodas as Nações, realizada em 1851 num grandepavilhãode vidro
refere ao serval, um grande felino selvagemque foi caçadoatéà extin- construído especialmentepara o evento - o Paláciode Cristal-, eri-
ção em Itália no século x1x,mas conhecido como O Leopardo).o seu gido noHydePark de Londres. Apesar do convitea expositores de todo
autor, GiuseppeTomasidi Lampedusa (1896-1957), era um príncipe 0 mundo paramostraremos seus artigos no pavilhão,nãohaviadúvida
menor siciliano cujo casamento incompatível com uma nobrealemã dequea principal intenção era promover o papel da Grã-Bretanha
báltica,AlexandraAlice Wolff von Stomersee (1894--1982),se asse- como líderindustrial do mundo. A influênciada aristocracialatifun-
melhavaestranhamenteao de Hermynia e de Viktor von Zur Mühlen. diária estavasimbolicamente presente na escolhado chefejardineiro
O romance,baseadoem históriase documentosda famíliado tempodo doduquede Devonshire, Joseph Paxton ( 1803 65), para concebero
bisavô de Lampedusa,centra-se no príncipe Fabrizio, um aristocrata Palácio de Cristal, uma versão maior de um enormeconservatório de
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-~
vão-se embora.» Em 1911, o Diretora o das Minas do Estad . os ladrões,jogadores, chulos, donos de bordéis '
nequenos . , carregadores,
que dois terços dos mineiros de carvão
.
das Astúrias no N
,
° dizia
oroeste
r·
escrevm
. hadores tocadoresde realejo,trapeiras afiadores ld
' ' , ca e1rcrros
Espanha «eram camponeses que tmham as suas casas e as su de . 05 _ em suma,todaessa massadifusae errantea que fran '
' o trabalho nos seus campos com o trabalho nas . rtas,
menigd os ceses
alternando am la boheme.
. .. . minas>> charll
Em São Petersburgo, os Jovens operanos mantinham os la •
. . ços corn
as suas aldeias natais, de tal maneira que um estudo de 570 A descriçãode Marx tinha eco nos oficiais do exércitoque repri-
. . assata.
riados qualificados, realizado em 1908, revelou que 42 porce 1 . Comunade Paris em 1871, responsabilizando pelarevolta«as
. • no dos 1rarn
111 a .
casados e 67 porcento dos solteiros enviavam parte do seu d'1 h erigosas», «escuros da poeira, extenuados, esfarrapados[ . .]
. . . n e1ro classesP , .
Para familiares no campo. Até aqm, porem, como mostrou O censode acomP anhados pelas suas sord1das
.
mulheres». Pouco menos famige
ra-
191o,quase 20 porcento dos homens da categoria «camponesa»ern doqueO submundofrances ou do que os lazzarom dosbairrospobres
das . .
São Petersburgo tinham nascido no campo, bem como 25 porcento napolitanoseram as c1asses cnmmosas e empobrecidasde Londres,
das mulheres; em 1902, 16 porcento dos homens e 21 porcentodas ternade um estudo de quatro volumes do jornalista Henry Mayhew
operadoras fabris da cidade eram trabalhadores da segunda geraçã (ISIZ-87),intituladoLondon Labour and t~e London Poor ( 1851-6l ).
Também aqui, estava em formação um proletariado permanente º·e Comosseuscolaboradores, Mayhew entrevistougrandenúmerode cn-
hereditário. Antes do fim do século, este desenvolvimentojá come- minosos, desde«ladrões comuns» até «assaltantesde casas e ladrões»,
çava a ter grandes consequências políticas. eregistou as experiências da subclasse urbana, incluindoos «vasculha-
doresde lama» (mudlarks), que ganhavam a vida a roubarcarvãodas
barcaças do Tamisa, vendendo-o aos pobres. No romancede Charles
AS «CLASSES PERIGOSAS» Dickens O Amigo Comum (1864--65),a protagonistafeminina,Lizzie
Hexam, ajuda o pai na sua atividade de vasculharos bolsosdos cadá-
A urbanização da Europa provocou um alarme geral entre oscon- veresdaspessoas caídas ao rio, enquanto flutuavamlevada pela maré
temporâneos conservadores. O teórico social conservador alemão Muitoscomentadores excitavam o fascínio horrorizadodo seus
Wilhelm Heinrich Riehl achava que as grandes cidades destruíam leitoresburgueses com a existência desta classe soctal upostamente
as estruturas tradicionais da família e do estatuto, de tal maneira separada, que tinha os seus próprios costumes, hábitos e linguagem
que as pessoas ficavam «intoxicadas, confusas e descontentes». Defacto,em Oliver Twist, de Dickcns, há todo um ubmundocnm1-
O aumento das taxas de criminalidade era uma consequência inevi- nosoem Londres,povoado de personagens como a prostituta anc},o
tável. De factó, os comentadores sociais observavam com alarmea violentoladrão Bill Sykes e o sinistro «recetadornFagm,que emprega
criação de uma «classe irremediavelmente criminosa», como disseo umbando de carteiristas juvenis para quem Oliver é obngado a
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A LUTA PFLO PODhR
, eram enganadores.Não só, com frequência barrete na cabeça, uma roca na mão
e te numero . . , nãoin l he um d e Passeava
. dos pelos tribunais locais das zonas rurais co- Chiía,,_ ll3rrt· t do num burro e costas para a frente N m-no
caso Jll ga1 ' "'º ta1111..,.,, ofl • scn a . • o entant0
·s ,·n,portanteignoravam o facto de a criminali'd d ucllld P 9 1dc1a . em especial na Inglaterra, como desc .t , com
fom1amat ' a e no • e ~19 uênc1a, n o no roma
muitas vezes um choque de valores e crenças calllPo r isfrcQ .r casterbridge (1886) de Thomas Hardy ( nce
reprcscntar entre0 fJl9 oro; 184~1928)
<1eJ',,laY, orta da casa do ofensor nas primeiras ho d ,
pesinatoe as autoridades. calll. ,,, se a p ti . ras a manhã,
A crença popular fazia uma distinção entre a propried onia!Tl· ma efígie do o ensor, gntavam insultose canta
'ed d •d ade e •
re var11u vam can-
pela ação humana e a propn. a e ena a sem,~ contributohu nada oeifT1ª . Jmente compostas, tocavam cometas e chocalh b
q pccia e. • • os, attam
Esta incluíaa madeira,essencial para fazer mob1has,cabanase lllan0. ,.,;eses panelas e 1az1amaqui1o a que os alemães h
r chos e . c amavam
bem como para usar como comb , casas, e c0rt1ta "k («miados»), repetmdo o processo durante noit fi
t odo O tipo de acessórios, . . UShve1 ,11us1 . 1 . d . es a o.
aquecimentoe para a cozinha.Em mmtas zonas, os antigos se Para ,,0i;ell um agncu tor tivesse se uz,do a sua criada O •
• . d . . ~ rvosre t>' viera,se , , s Jovensda
savamaceitar as consequenc1as a pnvat1zaçaodas florestas u cu. 3 13a . am-Uteuma carroça do estábulo, desmontavam-o 1
. reurav a e eva-
panhou a sua emancipação. Entre 1815 e 1848, as conden~: acolll. aldeia para O telhado da sua residência,voltavama mo tá' 1 .
5
peças ,. . n - a a1e
roubo de madeira na Prússia alcançaram proporções impressi°esPor vafll ~ _ a de esterco, uma pratica conhecida comoMistwagenstell
, 1 , onantes ,ainn d·c. _ , . f: en.
Nos anos trinta e quarenta do secu o XIX, o numero de condena _ . encl1 nto,0 roubo' a 11amaçao , e.ate o m anticídiotambémmerec1am •
• lum • do a provmcia
• 018
roubo de madeira na Pruss1a • • (nao ~ me do R ÇoesPor Noe c;asug . os, sendo
. tambem, aplicados . .aos
. cerveieiros
. , que m·1stura-
. eno)con 5
tinuou a aumentar,de 120_mil em 1836 para 25~ mil dez anosdePoi• este águan a cerve1a,
, aos usuranos
. que
. ex1g1am Juros excessivos ou aos
Houve 351 mil condenaçoes em 1856 e 373 mil em 1865.De f: s. Vll~ que transgrediam repetidamente os limites da propriedad
cultore 5 e
. d 1 ti . . acto agn ,
0 roubo de madeira era, e onge, a o ensa cnmmal mais comu ' dealguern- ~ ,
Prússia durante este peno o, com m1 acusaçoes por l 00 mil h b" na
, d ·1 ~ m
Esta5
práticas eram comuns nao so na Inglaterra, na França e
b, ,. ,
a itan.
tes no reino em 1836, em contraste com apenas 236 por 100mil lernanha,mas tam em em Ita11a, na Austria, na Holanda e na
'd d • . Por naA , . h . . .
ofensa corporal e agressão. eomuru a es mte1rasestavamenvolvidas E5can d1·oa'via.Na. Russia, o e arzvarz .
visava sobretudoos ladrões·de
. ,
levandoa confrontosarmados entre os guardas florestaisdos senhonos . ' ra conhecidocomo vozhdeme («conduziro ladrão»).Envolviaa
facto, e .
que procuravamagora usar as suas florestas como fonte de rendimento' .b.• do ofensor pela aldeia, por vezes usando um colar de cavalo
~~0 ,
e os camponeses locais, que continuavam a vê-las como um recurs~ acom Panhado de um bater barulhento de tachos e panelas' baldes, tan-
comunitário.O choque de culturas subjacente às disputas entrecampo- quese Portasde fomos de_ ferro. Os mais. injuriadoseram os ladrõesde
neses e guardas florestaisnunca foi totalmente resolvido. cavalos; em J887, os aldeoes de Umansk momperampelacadeiado dis-
Em muitos aspetos, a sociedade rural durante grande partedo tritoondeestavampresos alguns ladrões de cavalos,levaram-nosparaa
século, e em algumas zonas até à Primeira Guerra Mundiale depois, ruae torturaram-nos,enquanto uma multidão de observadoresgritava:
era autossuficientena administração da justiça. Os que violavamas «batam-lhes, batam-lhes até à morte!» «Quase todos os dias», obser-
regras da aldeia podiam ser punidos pela prática aldeã comunitária vavaumartigoda revista russa O Jurista, em 1905,«o telégrafofaz-nos
conhecidaem Françacomo charivari, em Inglaterra como roughmusic chegar notíciassobre casos de justiça vigilante contra ladrões,assal-
ou skimmington, na Alemanha como Haberfeldtreiben e na Itáliacomo tantes, vândalose outros elementos criminosos[ ... ]. Poderiapensar-se
scampanate. Em França,o charivari podia assumir várias formas,mas, quea Rússiafoi temporariamente levada para a pradariaamericanae
na maioria dos casos, os jovens da aldeia reuniam-se, faziamumjul- quea lei do linchamento foi concedida aos cidadãos».Os funcionários
gamento simuladoe decapitavam ou queimavam uma efigie do ofen- czaristas e a opinião pública educada viam estas práticascomoprovas
sor. Em certas zonas, esfregavamo rosto do ofensor com mel e penas, dobarbarismo e do caráter atrasado do campesinato.« ada é sagrado»,
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