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ResearchGate ss sens ad aor peso abi tps aca aon DHE Trabalho, tempo livre, lazer e 6cio: da antiguidade aos tempos atuais pre Jay 2016 Vitor Huge Anis SioPoul stat Univerety ‘Somect the authors ofthis publication ae alo working on thes related project = Deo do abaino, Reforms eps ees Profiles lets da fons bata no Cendra apartho Bali View project, = Ae Gerald Protege de Dacos nas empresas seus eens na elonma tbat basa ees dens ndamentas des tabaatores View ject ‘coment fling this page was platy Vr apo Anes on 0 November 220 Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— ANO XVI -ISSN 1519.6186 Trabalho, tempo livre, lazer e écio: da antiguidade aos tempos atuais VICTOR NOBREGA ABREL VICTOR HUGO ALMEIDA“ Resumo: O trabalho apresenta papel central na vida humana, sendo expresso de personalidade € vertente identitéria importante, No decorrer da historia, o trabalho se modificou acompanhando € trazendo consigo transformagdes sociais e, além disso, a relagdo humana com ele também. cambiou, bem como a significagéo de termos correlates como tempo livre, lazer € écio. Utilizando-se de abordagem qualitativa, pautada na investigagdo bibliografica © no método dialético, este artigo busca examinar as mudangas na relagdo do ser humano com o trabalho, tempo livre, lazer ¢ écio, focalizando as variagdes semanticas ¢ axiolégicas dos principais termos relacionados desde a antiguidade até os tempos atuais. Como resultado, expdem-se as principais caracteristicas do trabalho contemporaneo e, em paralelo, a utilizagdo do tempo livre, tendo como escopo o potencial de desenvolvimento subjetivo decorrente de sua utilizagao. O que se percebe, porém, é que o trabalho ¢ o lazer se unem num ciclo de consumo, potencializado pela cultura de massa globalizada, que subtrai o tempo livre, seja lazer ou écio, do seu carter autotélico. Palavras-chave: trabalho; tempo livre; lazer; écio. Work, free time, leisure and idleness: from antiquity to present times Abstract: Work plays a central role in human life, being regarded as a form of personal expression and an important part of identity. Over time, work has shifted, bringing many social changes. Moreover, the human relationship with work varied as well as the meaning of related terms such as free time, leisure and idleness (otium). By means of qualitative approach, based on bibliographic research and dialectical method, this article seeks to examine the changes in the relationship of humans with work, leisure, recreation and idleness, focusing on the semantic and. axiological variations in key related terms from antiquity to the present day. As a result, the main characteristics of contemporary work are exposed and, in parallel, the use of free time, with the scope of its potential for subjective development. What is noticeable, however, is that work and leisure are bonded in a cycle of consumerism, boosted by global mass culture, which subtracts, the free time, whether leisure or idleness, of its autotelic character. Key words: work; free time; leisure; idleness. + BER vicTOR NOBREGA ABREU é Servidor Piblico do Estado de Sio Paulo; Bacharel em Direito pela Universidade Estadual Paulista Jilio de Mesquita Fitho ~ UNESP, Faculdade de Ciéncias Humanas e Sociais de Franca (SP), ICTOR HUGO ALMEIDA € Doutor em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de Sio Paulo - Largo Sio Francisco, Docente da Universidade Estadual Paulista "Jilio de ‘Mesquita Filho" - UNESP. Faculdade de Ciéncias Humanas e Sociais de Franca 121 Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— ANO XVI -ISSN 1519.6186 Noon - Rest from Work (after Millet), obra de Vincent van Gogh (1890) Introdugao Nos tempos —_atuais, __busca-se incessantemente a adaptagio do. ser humano ao trabalho, do tempo as necessidades produtivas e a amoldagem do ser humano a tecnologia, Contudo, 0 ser humano nao se reduz a sua profissio, devendo possuir campo temporal para semear seus outros interesses_ permanecer multifacetado ‘A presente abordagem busca examinar as mudangas na relago do ser humano com o trabalho, tempo livre, lazer e Scio, focalizandoas__—_variagdes seminticas ¢ axiolégicas dos principais termos relacionados desde a antiguidade até os tempos atuais. Trata-se de uma abordagem qualitativa, construida sob o emprego do método de levantamento através da técnica de pesquisa bibliogrifica, cujos dados 122 foram analisados com base no método dialético, de forma a demarcar as caracteristicas atuais do mundo do trabalho e a carga valorativa. dos principais temas circundantes, tendo por base todo o seu trajeto histérico. 1. Da antiguidade classica as novas modalidades de trabalho Com 0 surgimento da propriedade privada, determinado por privilégios de classe, ¢ com a consolidagio de uma forma de Estado que legitima a apropriagdo (OLIVEIRA, 2001), na antiguidade classica a produgdo era eminentemente agraria e realizada na pequena unidade familiar. A escravidio, resultante da prisio militar e da sujeigao por dividas, se mostrava marcante. Em paralelo a tal sistema, 0 trabalhador era contratado para realizar tarefas didrias complementares, especialmente em Revista Espaco Académico — n. 18' épocas de colheita, trabalho pelo qual recebia remuneragio em — géneros (OLIVEIRA, 2001). Posteriormente, na Europa ovidental, sob © dominio romano, ocorreram as invasdes birbaras, que cambiariam as estruturas sociais. A escravidio j4 no correspondia as necessidades da produgo, tendo em vista o avango do latifindio e © aumento do prego dos escravos. Assim, a produtividade do ravo € a sua propria manutengao passam a nao justificar o investimento necessario para adquiri-lo. E nessa etapa que surge a primeira forma de senhorio (OLIVEIRA, 2001), que posteriormente se derivaria para a_servidio caracteristica do feudalismo, Com muita frequéncia, nota-se que na antiguidade classica © trabalho nao era visto como algo positive. Era entendido como peso, como algo que fadiga e deprime; 0 trabalho, assim, era o contraponto. da divindade, que permanecia contemplativa. ¢ nao trabalhava, A produgio de bens materiais devia ser encargo apenas dos seres ndo livres, pois 0 homem que trabalha, segundo a visio da épo. perde a sua liberdade, Para verdadeiramente | dedicar apenas ao exei da politica e das armas (BATTAGLIA, 1951). De acordo com Battaglia (1951), hd aqui a oposigao entre o trabalhador e © pensador, pois 0 trabalhador conheceria apenas as coisas materiais, nao detendo o verdadeiro conhecimento, que seria possivel apenas por meio do pensamento contemplativo. A atividade mental preseinde da matéria, sendo considerada, portanto, como écio e nao como trabalho. Tal representagdo negativa do trabalho no mundo antigo, entretanto, no se mostra plenamente consensual. Surge nova visio, pouco reconhecida entre os 123 —dezembro/2016 - mensal—— ANO XVI ISSN 1519.6186 estudiosos do period, segundo a qual o trabalho teria valor de redengdo, ou seja, era capaz de agradar aos deuses, na medida em que cria recursos, nos tomando independentes e gloriosos. Desta feita, existem duas _visdes contrastantes de trabalho na antiguidade: a que sustenta que o trabalho seria essencial ao homem; e a que considera set © trabalho apenas designado aos escravos (BATTAGLIA, 1951). 1.2. O trabalho feudalismo em tempos de © feudalismo se caracteriza como a liltima etapa no proceso de formagao das sociedades —_pré-capitalistas. Constitui-se nos séculos IV a IX, apés as primeiras invasdes birbaras, porém se consolida entre os séculos X e XII, quando 0 dominio dos senhores feudais & legitimado pelas politicas basicas e pela Igreja. Tem como caracteristicas principais © trabalho compulsério, sob regime de servidio, primordialmente campestre, constituido por dependéncia social e juridica, A origem dessa relagao de servidio (suserania ¢ vassalagem) remonta as primeiras manifestagdes de dependéncia quando da distribuigao de terras entre romanos e barbaros (OLIVEIRA, 2001). No mesmo periodo, a associagio de trabalhadores em comunidades aldeds, confrarias ¢ corporagdes de oficio se fez muito presente, Finalmente, entre os séculos XIV e XVIII, ocorre a crise do feudalismo na Europa _ocidental, avangando-se para a consolidago do capitalismo. Nesta época, desenvolvimento. acentuado do mercantilismo proporciona uma estratificagio mais demarcada da sociedade, que se divide em nobreza, cleto e povo, de acordo com a estrutura de poder consolidada. Nos centros urbanos, as manufaturas téxteis tomam- se o principal ndcleo de transformagées Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— no sentido de se formar a indéstria (OLIVEIRA, 2001). No decorrer deste longo trajeto, & possivel se constatar, também, a mudanga operada na significagio de trabalho, que foi _progressivamente deixando de ser considerado como algo que aprisiona 0 homem. Elucida Battaglia (1951) que, no perfodo feudal, a religiio enseja a superacio do dualismo presente na antiguidade e afirmando a dignidade moral do trabalho livre. E com a visio do hebraismo que se tem a nova significagdo mais demareada: no Génesis, 0 trabalho fatigante é visto como decorréncia do pecado de Adio, sendo condenado a retirar seu sustento da terra todos os dias da vida com seu suor. Assim, 0 trabalho nao seria pena desmotivada, mas sim a permissio do restabelecimento do valor que se perdeu diante de Deus, pelo _pecado (BATTAGLIA, 1951). Conforme Battaglia (1951), na ética cristé, o trabalho, ao mesmo tempo em que permite a produgdo e acumulagdo de riguezas, permite também praticar 0 bem, na medida em que fomece os meios de fazer caridade, obrigatéria aos cristaos. No periodo do Renascimento (séculos XV e XVI), surge a exaltagio ao trabalho sob a ética humanista, como parte da esséneia humana ou um chamado, uma vocagio, segundo as ideias protestantes (VEAL, 2004). Para Battaglia (1951), a ética humanista é a ética do trabalho, pois 0 homem livre seria 0 responsdvel pela sua propria vida e hist6ria, ndo se sujeitando ao destino ¢ sendo capaz de dominar os fendmenos ¢ as vicissitudes, sendo 0 trabalho um meio necessirio de efetivar esse dominio. O trabalho seria, pois, meio para 0 progresso. O écio seria a recompensa ao tempo de trabalho, sendo 124 ANO XVI -ISSN 1519.6186 vil aquele écio inerte, que no fosse decorrente diretamente do trabalho. 1.3. O trabalho na era industrial e em tempos de tecnologia ‘A Revoluco Industrial tem sua primeira fase caracterizada pelas transformagée: tecnolégicas no setor téxtil e na introdugio, em outros setores, de maquindrios, como a maquina a vapor, que substituem antigas fontes motoras, como a forga manual, a trago animal e a energia hidraulica. A descoberta da eletricidade e© a utilizagdo de combustiveis, além de invengdes como © radio e 0 aulomével, tomam mais expressivo © acentuado 0 processo revolucionario (OLIVEIRA, 2001). Do ponto de vista do trabalho, o trabalhador, que antes estava vinculado a terra, que jé nao Ihe pertencia, pois era concedida pela relagio de servidio, se afasta cada vez dos meios de produgio. Assim, de camponés passou_a ser artifice, transformando-se, por fim, em trabalhador livre, obrigado a vender sua forga de trabalho em roca de remunerago que the proporcionaria meios de subsisténcia (OLIVEIRA, 2001). © trabathador, nese cendrio, & livre para vender sua forga de trabalho a quem quiser o que regula essa venda & 0 contrato de trabalho. O salario se torna a contrapartida ao dispéndio de energia por parte do trabalhador. Todavia, do ponto de vista do detentor dos meios de produgio, tal saldrio deve ser efetivamente menor do que o valor que & produzido pelo trabalho, de forma a gerar mais-valia, ou seja, lucro ao capitalista, representando tempo de trabalho ndo-remunerado (OLIVEIRA, 2001), Em tal cenério surgiram os sindicatos, com a finalidade de organizar 0 proletariado em tomo de reivindicagdes Revista Espaco Académico — n. 18' comuns, usualmente consubstanciadas em maiores protegdes ao trabalho das mulheres e criangas, com sua regulamentagio de jornada, direito a assisténcia médica e liberdade de expressio e organizagao. No caso brasileiro, com a expansio cafeeira a partir de 1889, acentuou-se 0 nivel da divisio social do trabalho, tendo em vista que se configurou num pequeno proceso de industrializagao. Em virtude da concentragao de capital, 0 volume do maquindrio aumentou, porém a compra esses. equipamentos pressupée amortizago por meio de volumes de produgdo cada vez maiores e, consequentemente, de um grande mercado interno, o que nao ocorria no Brasil, que softia concorréneia dos produtos ingleses, principalmente, e que apresentava estrutura agréria baseada no latifiindio, 0 que impedia 0 acesso as terras e restringia as dimensées do mercado (FOOT; LEONARDI, 1982). Assim avangou 0 Brasil no processo de industrializagéo, tendo como expoente apenas a produgdo de café, vendido em contrapartida da grande quantidade de produtos inglesesimportados. No entanto, a concorréncia acabou por afetar negativamente as produgdes internas de tecidos, fumo, couro entre outros (FOOT; LEONARDI, 1982). Do ponto de vista trabalhista brasileiro, © aumento das jomadas de trabalho nessa época se mostrava mais evidente no setor téxtil, Tal processo gerava 0 aumento do exército industrial de reserva. og, simultaneamente, desvalorizava a forga de trabalho, com salirios reduzidos ¢ ampla sujeigao as determinagdes da_——_burguesia, considerando as poucas _previsdes legislativas nesse sentido (FOOT; LEONARDI, 1982). 125 —dezembro/2016 - mensal—— ANO XVI ISSN 1519.6186 Aponta Thompson (2004) que, algum tempo antes da Revoluco Industrial, o aparecimento de relégios comegou a alterar a nogdo de tempo das pessoas, posto que se deixou de lado a orientagao as tarefas que se precisava realizar e passou-se ao vinculo ao tempo do relégio. J4 no século XIII, os relégios mecanicos se encontravam no alto das torres comunais, mareando 0 tempo dos mercadores, dos negécios e das vinhas, em concoréncia com os sinos das igrejas (DE MASI, 2001). Segundo Veal (2004), isso se refletiu também nas fabricas, pois, para iniciar a produgio, todas as mos deveriam estar no mesmo lugar e momento, pois a cada minuto que 0 maquinério restava parado, menos lucto se obtinha © capitalismo, portanto, acabou por mudar a percepgdo do trabalho, antes visto como dever moral ou necessario 4 gléria de Deus; o trabalho adquire uma vertente mais terrena, materialista, na medida em que, com a crescente produgdo ¢ oferta de bens de consumo ¢ © aumento da prestagdo assalariada, cada vez mais trabalhadores tinham acesso a bens, o que Ihes permitia mudar sua condigdo social. Isso se refletia na percepgdo do trabalho, que passou a ser © meio para a mudanga de condigdes de vida. No mesmo cenério, o lazer também se alterou. Com 0 pensamento centrado no trabalho ¢ no consumo de bens, 0 lazer passa ao segundo plano, tendo sua alocagiio temporal reduzida e, quando disponivel, ocupada por atividades como esportes cruéis, apostas, consumo de Aleool, a0 lado de atividades como compras e participacio em reunides religiosas. Posteriormente, 0 cenirio se aprofunda, com 0 massivo aumento na produtividade proporcionado pela linha mével de produgdo preconizada por Henry Ford e Frederick Taylor. E, em Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— paralelo, as ideias da sociedade do lazer ganharam forea, defendendo jornadas de trabalho reduzidas e maior gozo ¢ contemplago. (VEAL, 2004), Da mesma forma, Keynes (1972) ja sustentava 0 pensamento exposto acima, segundo qual a vida no consistiria de apenas encher a barriga e vestir 0 corpo, e sim na criagdo e contemplagio da beleza ¢ na compreensio cientifica do mundo, proporcionada pelo. trabalho durante pequena parte do dia, de forma a produzir apenas o suficiente para a subsisténcia. Porém, na pritica, a realidade no se amoldava a tais utopias. Critico da sociedade industrial, Marx (1996) analisou a exploragio realizada pelo trabalho assalariado sob a forma de alienagdo objetiva ¢ subjeti Na visio de Marx (1996), 0 trabalho, que deveria ser a mais alta expressio do homem, resgatando-o da barbérie e serindo-o na cultura e riqueza, fez cada trabalhador se reduzir a0 nivel de escravo e regredir todo o proletariado a uma classe subaltema. A partir de tais pensamentos, propée a eliminagdo da divisio entre proprietarios dos meios de produgio e produtores (DE MASI, 2001). Como encaminhamento a partir de tal cenirio, a sociedade do lazer preconizada por muitos foi abandonada a partir da década de 1970, quando os paises industrializados do Oriente, dentre eles o Japao e as atuais poténcias do sudeste asidtico, adentraram a concorréncia do mercado mundial com uma ética de trabalho mais intensa do que os valores ocidentais (VEAL, 2004). Iniciava-se a Era Globalizada. 1.4, Globalizagio e novas modalidades de trabalho © trabalho, acompanhando 0 fenémeno da globalizagio, também se toma mundial, apresentando uma nova divisdo 126 ANO NVI -ISSN 1519.6186 internacional do trabalho, a dinamizagao fomecida elas. tecnologias da informatica, a penetragio do capitalismo nos antigos paises socialistas e a queda do Muro de Berlim em 1989. Tais mudangas influenciaram a classe operitia, na medida em que se romperam os padres nacionais de referéncia, — consolidando-se uma sociedade verdadeiramente global (IANNI, 1999), © setor de servigos, especificamente, apresentou —grande_—_expansiio, incorporando parcelas significativas da forga de trabalho renegada pela nova dindmica produtiva industrial (ANTUNES; ALVES, 2004). O trabalhador se toma polivalente e a tecnificagdo da forga produtiva também se acentua. Assim, conforme Antunes e Alves (2004), outra—_tendéncia significativa ¢ a do aumento do novo proletariado fabril e de servigos em todo © globo, que se apresenta com vinculos de trabalho precarizados, entre os quais se encontram os__trabalhadores terceirizados, aqueles em regime de tempo parcial (part-time), os subcontratados, entre outros. Os direitos trabalhistas se reduzem em nome da flexibilizagao, amoldando o Direito do Trabalho a esas novas realidades e possibilitando o aumento da contratago por parte das empresas, de forma a combater o problema do desemprego (SOUTO MAIOR, 2001). Todavia, a flexibilizagao tem provocado grande desvalorizagio do trabalho humano, o que, por sua vez, agrava o ja nefasto problema brasileiro. de ma distribuigdo de renda (SOUTO MAIOR, 2001). Conforme Kalleberg (2009), 0 trabalho precario produz inseguranga econémica e — volatilidade para individuos e lares, contribui para 0 aumento de desigualdades e reforga smas desiguais, Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— ‘Além da questio econdmica, a questio social também se altera com a globalizagio. A expressividade do desemprego ciclico e estrutural, a superexploragdo da forga de trabalho, permanéncia de discriminagio racial, sexual, religiosa ¢ — movimentos migratérios sio alguns dos aspectos sociais influenciados pela grande intemacionalizago (IANNI, 1999). Constata-se, também, a exclusio por idade, afastando os jovens ¢ os idosos do mercado de trabalho; para além do vigor fisico, ha, também, 0 conceit de idoso para o capital, que se daria pouco acima dos 40 anos de idade (ANTUNES; ALVES, 2004). Aponta Kalleberg (2009) existir estudos que corroboram a ligagio da precarizagio, fruto da globalizagao, com problemas de satide, como o estresse em virtude da inseguranga gerada por tais relagdes trabalhistas, bem como corrosio de identidade ¢ anomia Todavia, talvez 0 aspecto mais relevante do movimento de globalizagao seja 0 desenvolvimento de cultura de massa em escala global, por intermédio da midia eletrénica, que alcanga os lugares mais distantes e se difunde com o marketing global, reiterando padrées valores das grandes nagGes ou cidades globais, formando —_ideologia.¢ fluenciando as vontades ¢ os desejos da populagdo (ANNI, 1999). Nesse ponto, é interessante notar que a propria organizagdo da forga se trabalho se torna internacional. Para além da regulamentagio de cada pais, os trabalhadores de empresas multinacionais ou trabalhadores de determinada categoria, exercem 0 mesmo trabalho, ainda que em paises diferentes (ANTUNI ALVES, 2004). Na pritica, evidentemente, as condigdes de trabalho sao efetivamente 127 ANO XVI -ISSN 1519.6186 demarcadas segundo as condigées locais (macrossistémicas, incluindo econémicas e sociais) e, nesse ponto, as organizagdes _ sindicais mantém relevantes. Porém, segundo anni (1999), as estruturas sindicais restaram dcbilitadas, pois 0 mundo do trabalho ndo se restringe mais 4 area de atuagdo dos sindicatos, extrapolando seus limites. 2. Trabalho, lazer, écio ¢ tempo livre Consoante conceituagio juridica brasileira, tem-se que emprego ou o exercicio de um trabalho sob a ética juridica seria 0 vinculo de prestagio de servigo recorrente, de forma dependente em relagdo a quem contrata ¢ possuindo como retribuigo um salario, que seria a contrapartida pelo servigo prestado, No entanto, vale explorar de forma mais aprofundada e, sobretudo, humana o conceito de trabalho, De acordo com Hannah Arendt (2007), sio distintas as trés atividades humanas, quais sejam, o labor, 0 trabalho e a ago. Por meio de tais ages, 0 ser humano pode se sentir como parte do mundo. © labor seria considerado como a atividade correspondente ao processo bioligico do corpo, 0 metabolismo e tudo 0 mais que esteja ligado as necessidades vitais (ARENDT, 2007). A condigo humana do labor seria a vida. Jé trabalho, ou fabricagdo, seria a atividade humana ndo-natural, que se encontra fora do ciclo vital da espécie e que produz um mundo artificial de objetos, diferente de todo meio natural. A condigo humana do trabalho seria o “pertencer-ao- mundo”, “mundanidade” ou worldliness (MAGALHAES, 2006, p. 3). Agao, por fim, seria a ‘mica atividade que se da sem a mediagio da matéria, cortespondendo a condigo humana da pluralidade (ARENDT, — 2007; MAGALHAES, 2006). Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— Com base em tais distingdes, Hannah Arendt (2007) vincula a ideia de labor a0 animal laborans, ou seja, aquele que sobrevive em incessante e recorrente interagdo com a natureza, em oposicao a0 homo faber, que trabalha, criando artefatos que nfo sio para consumo imediato, mas sim produtos finais, (EHMER; LIS, 2009, p. 3). Ji na visio de Oliveira (2001), trabalho seria a atividade desenvolvida pelo homem, sob determinadas formas, para produzir riqueza. Acrescenta, ainda, que so as condigées historicas que dio validade ao trabalho ¢ estabelecem quais seriam os seus limites por meio da organizago técnica, também conhecida como modo de produgdo. Define que 0 processo de trabalho seria a congruéncia de objeto, meios, forga e produto do trabalho, conceituando-os da_seguinte forma: objeto é a matéria com que se trabalha, seja ela bruta, natural ou que j tenha sofrido intervengao humana, ocasiio em que é conhecida como matéria-prima; meios etiam os instrumentos que 0 homem utiliza para realizar tal transformagio; forga, a energia humana empregada no processo de transformagio, que, por sua vez, niio se confunde com 0 trabalho propriamente dito, visto que esse seria 0 rendimento dessa fora; e, por fim, produto seria o valor criado pelo trabalho, de forma a satisfazer as necessidades humanas (OLIVEIRA, 2001), Battaglia (1951), partindo de uma perspectiva ea, considera a nossa civilizagio como a civilizagio do trabalho, pois se fala em dignidade do trabalho, dever do trabalho, direito a0 trabalho, sendo, assim, algo que eleva o homem, chegando a afirmar-se uma religiio do trabalho, laica e humana, transformando-o num. culto, Battaglia (1951) ainda explica que trabalho denota 128 ANO XVI -ISSN 1519.6186 tanto a agdo de trabalhar, a coisa elaborada, ou seja, o produto do trabalho-agdo realizado, e 0 esforgo mantido durante a ago, sendo, nesse sentido, equivalente a fadiga, tanto fisica quanto intelectual. Conelui, portanto, que trabalho “é (..) termo sintético do ato de construir, do produto obtido, do esforgo realizado; & 0 termo sintético do objeto, da agdo ¢ da relagdo de produtividade entre sujeito objeto” (BATTAGLIA, 1951, p. 18). Tal confluéncia de sentidos provém dos antigos idiomas. Battaglia (1951) ensina que, segundo estudos de etimologistas, a raiz grega da palavra trabalho é a mesma do latim poena. Da mesma forma, o latim labor © 0 francés travail, proveniente do baixo latim iripaliare, ou a, torturar com instrumento fripalium (objeto de trés paus) possuem a conotagio de fatigar e trabalhar. Por fim, besogne ou no italiano bisogna, tarefa, representa 0 que devemos fazer mesmo que a contragosto; e o alemao Arbeit © 0 inglés labour ou work, possuem, todos, a confluéncia de sentidos aqui retratada. Em complemento, Van Der Linden Q011, p. 26) traz nova relagdo linguistica da palavra trabalho, indicando que se relaciona também & feminilidade, proveniente do grego tikto, significando, em tradugo livre, trazer ao mundo, ¢ do inglés labour, que pode ser utilizado com o sentido de parto, Desse modo, a dor e pena do trabalho se vinculariam a dor do parto, Porém, Battaglia (1951) afirma que a visio tripartite do trabalho, qual seja, de atividade, produto e esforgo, ndo se encontra completa, pois, para além de pena, o trabalho também pode ser fonte de alegria, Tal caracteristica ndo se encontra na etimologia do termo, mas valor que se agrega historicamente. Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— Acrescenta Battaglia (1951, p. 23) que “o ato de consciéncia e de criagio que dé comeco ao espirito, é j4 trabalho. Desdobra tudo no sentido de que ndo ha existéncia e produgo de bens, no ha atividade voltada para 0 exterior, que no pressuponha aquele ato, jé trabalho, enquanto —atividade —desdobrada” Portanto, com tais novos elementos agregados, tem-se a conceituagio de Battaglia (1951, p. 25), ainda que parcial, que trabalho seria. “toda atividade do homem, seja criando em si a sua vida, seja projetando-se no mundo exterior, Livre exaltagio. do ew profundo, explicagdo para 0 ndo-eu, sempre trabalho, tormento e destinagio do homem, fadiga e alegria”. Superado o exame da compreensio do nificado de trabalho ao longo da histéria, pautada em aspectos como fadiga, alegria, —introspecgio. extroversio, cabe o exame dos termos lazer, écio e tempo livre no decorrer do tempo. 2.1. Nogdes necessirias de lazer, écio € tempo livre ‘A vida humana sempre se organizou em fungio do tempo e, atualmente, temos os “tempos sociais”, expresso utilizada para designar as diversas alocagdes temporais dedicadas a atividades especificas, tais como tempo de trabalho, tempo livre, tempo familiar, tempo de estudos ou educagio, tempo para a igreja (PADILHA, 2003, p. 192) Em relagdo ao tempo livre, tem-se que ele ndo se regula por fatores externos, estranhos 4 subjetividade. Para Dumazedier (2003, p. 223), “tempo liberado” seria o tempo restante apés 0 cumprimento de todas as obrigagdes profissionais; “tempo livre” seria o tempo que sobra apés 0 cumprimento de todas as obrigagdes, no apenas as relativas 4 profissio, e “tempo 129) ANO XVI -ISSN 1519.6186 inocupado” seria 0 tempo daqueles que no possuem obrigagdes profissionais. Nessa mesma logica, assevera Theodor Adorno (2002, p. 103) que “o tempo livre € acorrentado a0 seu oposto”, ou seja, & apéndice do trabalho, pois visa & restauragdo da propria forga de trabalho. Para Adomo (2002), a ansia de ocupar 0 “tempo livre” com algo que escape 20 trabalho é a mais evidente prova dessa estreita relagio, sobretudo em decorréncia do modo de produgdo capitalista que toma deveras impossivel a separago entre sujeito e trabalho. Por isso, 0 “tempo livre” (ou ndo-trabalho) no € dissociado do tempo das obrigages e das possibilidades efetivas de dominagio, ao passo que 0 modelo capitalista a ele impde 0 consumo de “produtos culturais”capazes_ de justificar a necessidade de sobrelabor (ADORNO, 2002). Haveria, portanto, muitas guas entre “tempo livre” e liberdade. © conceito de “écio”, da mesma forma que conceito de trabalho, em muito se alterou no decorrer do tempo. Derivado do latim ofium, seria ele o fruto das horas vagas, do descanso eda tranguilidade, agregando ainda o conceito de ocupagio agradavel prazerosa (AQUINO; MARTINS, 2007, p. 488). O que era visto na antiguidade classica como um valor nobre, tendo em vista. 0 seu viés contemplative ¢ educacional, no século XIX 0 écio passou a _adquirir —_significagdes associadas —vadiagem, tempo desperdigado, libertinagem © desordem (PINHEIRO; RHODEN; MARTINS, 2010) Assim, a Enciclopédia de Paris refletindo © pensamento da época em que foi produzida, traz a nogdo de que a ociosidade seria contraria aos deveres do homem e do cidadio, cuja obrigagao seria se fazer util A sociedade, obrigagao Revista Espaco Académico — n. 187 — dezembro/2016 - mensal—— sta imposta pela natureza, Fazia-se necesséria, entio, a persuaso de que o trabalho seria uma das fontes de prazer e que a ociosidade, a seu turno, seria a fonte de diversas doencas (JACOB, 1994), Em sintese, conforme Jacob (1994), © trabalho seria o remédio a todos os males que a ociosidade traz consigo, Essa visio de écio parece inclusive se manter relativamente robusta até os dias atuais, pois o écio ainda é visto como contemplagdo, enquanto 0 lazer se ligaria mais a atividade, embora ambos sejam possibilidades de “tempo livre” (PADILHA, 2003). Em conceituagdo mais contemporénea de écio, este seria “uma experiéneia humana integral, centrada em atuagées queridas, livres _satisfatdrias. Autotélicas, ou seja, aquelas com um fim em si mesmas e pessoais, ou seja, com implicagdes individuais e sociais”; logo, 0 cio possui potencial de desenvolvimento © construgio pessoal, na medida em que permite um processo de aprendizagem mais livre © natural (PINHEIRO; RHODEN; MARTINS, 2010, p. 1135), de forma engajada e mais auténtica, Apresenta a percepgdo de identidade e pertencimento, por meio da escolha da atividade e possui funy terapéutica, na medida em que promove a manutengdo da saiide fisica e mental (AQUINO; MARTINS, 2007). Ja “lazer”, para Dumazedier (2003), seriam as ocupagdes. is quais 0 individuo pode se entregar livremente, tanto para repousar quanto para se divertir; para formar-se ¢ informar-se, participar da sociedade ou _criar livremente, apés livrar-se das obrigagdes profissionais, familiares e sociais. O lazer se oporia as obrigagGes (trabalho, estudos, afazeres domésticos, obrigagdes familiares, etc.); seria oposto ao trabalho, em relagéo —_necessaria. 130 ANO XVI -ISSN 1519.6186 Portanto, pressupde-se a existéncia de trabalho para que haja lazer e vice-versa, na medida em que lazer seria sindnimo de prazer ¢ liberagio, em oposigo a pena e sofrimento do trabalho (PADILHA, 2003). Em diferenciagao de dcio e lazer, tem-se que o lazer é exercido 4 margem das obrigagdes sociais, num tempo que vari: de acordo com a intensidade de engajamento com as atividades laborais (AQUINO; — MARTINS, 2007), relacionando-se com 0 conceito de trabalho. Ocio, entretanto, representa algo @ mais, inserindo-se “no ambito do liberatério, do gratuito, do hedonismo e do pessoal, sendo estes fatores nao condicionados inteiramente pelo social e sim pelo modo de viver de cada um [...]” (AQUINO; MARTINS, 2007, p. 223). Nao existe, no dcio, conotagio de atividade voltada a fim determinado, conforme Aquino e Martins (2007), a atividade do cio carrega consigo mesma 0 seu fim. Battaglia (1951) afirma que o lazer nos seria indiferente, enquanto © trabalho, segundo a légica contempordnea, nos interessa profundamente, na medida em que as pessoas se veem por ele representadas. Afirma inexistir lazer que nfo possa se tomar trabalho ou vice- versa, considerando a intengdo ou 0 vinculo subjetivo com a_ atividade desenvolvida a principal diferenciagao entre lazer e trabalho; e vé possibilidade de aproximago entre o trabalho © a alegria presente no lazer, pois certos trabalhos permitem expressar a prépria personalidade ¢ agir de acordo com a vontade pessoal. Dessa forma, ao satisfazer sua personalidade, 0 trabalho passa a ser, além de penoso, jucundo (BATTAGLIA, 1951), expressdo que indica algo ser feliz, alegre, prazeroso, agradavel. Felice Battaglia (1951) nao Revista Espaco Académico — n. 18' se deixa levar, porém, por utopismos, alegando que, ainda que seja possivel reduzir 0 cardter penoso do trabalho, a pena em si nao é eliminivel, pois nao se liga necessariamente a0 sistema de produgdo ou organizagio econémica, mas sim a propria moralidade do homem. E, expostas as caracteristicas principai: da globalizagao na seco anterior, resta © questionamento acerca dos efeitos sobre a visio de trabalho e lazer na contemporaneidade. No atual contexto, © consumo massificado influencia 0 lazer; influencia, ainda, perversamente, o estado de saiide de uma sociedade que se consome na tentativa de se manter financeiramente estivel. _ Conforme Brant (2012), 0 ciclo frequentemente visto é 0 de trabalho intenso para que se possa ganhar mais e, da mesma forma, consumir mais, retornando-se_ a0 trabalho intenso para manter esse estilo de vida Em retomada de Arendt (2007), aduz Brant (2012) que o ciclo de consumo acima jamais terd fim, tendo em vista a sua constante expansio, _afetando sobremaneira o tempo livre ¢, particularmente, o lazer, na medida em que este se reduz ao consumo ou é realizado de forma sedentiria (ISO- AHOLA, 2004) e, sobretudo, supérflua. Conclusio © trabalho, seu conceito e a percepgao de lazer, écio e tempo livre sofreram grandes mudangas no decorrer do tempo. Trabalho, conforme se expés, seria a atividade do ser humano, ardua e, ao mesmo tempo, espirituosa, fatigante alegre. E através do trabalho que o ser humano transforma a natureza ao seu redor, de forma a produzir valores de roca e obter_ 0 sua sobrevivencia, necessirio a 131 —dezembro/2016 - mensal—— ANO XVI ISSN 1519.6186 Inicialmente tribal e desorganizado, o trabalho passou a ser influenciado pela religifo, glorificando-o como dever humano na terra, forma de expiagdo de pecados e fonte de virtuosidade, até a Revolugio Industrial, que _permitiu grande progresso econdmico, porém, sem a contrapartida do progresso social Certo € que a relago do trabalhador com o tempo no contexto social jamais deixou a pauta de discussio no campo do trabalho, justificando, inclusive, a fixagdo de regramentos para limitar a jomada de trabalho e a exploragao da forga de trabalho. Todavia, 0 capital sempre cuida de reinventar novas formas de se abordar a exploragao da forga produtiva humana, avangando, sem pudor, no tempo “livre” do trabalhador, de modo a justificar a necessidade do sobrelabor. 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