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MÓDULO III – ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO

Breve Histórico:

A humanidade sempre esteve às voltas com a questão do


envelhecimento humano. Através dos tempos e em diferentes culturas, o
processo em si é objeto de estudos e reflexões.
Nas sociedades primitivas, os velhos eram objetos de veneração. Os
jovens a eles recorriam em busca de seus conselhos, eram respeitados e lhes
confiavam negócios. Na antiga China, o filósofo Confúcio pregava que todos os
elementos de uma família deveriam obedecer aos mais velhos. Em geral, as
sociedades da antiguidade, consideravam o estado de velhice dignificante e
adotavam como sábio aquele que atingia essa etapa.
Com a evolução e progressão em andamento e, fruto da revolução
industrial, ocorreu uma inversão de valores, em vez da sabedoria, passa-se a
julgar o homem pela sua capacidade de produção - Ao idoso começa a restar
um lugar de exclusão e marginalização restando a esta apenas o ócio.
Para Bosi (1994), o envelhecimento se constitui como categoria social. A
autora afirma que a rejeição ao velho destitui o idoso de sua obra, pois devido
às mudanças históricas que se aceleram, aquilo que foi construído por ele acaba
por ser destruído. Ao perder sua força de trabalho, o idoso já não faz mais parte
da rede de produção e, portanto, não é produtor e nem reprodutor daquilo que
se valoriza numa sociedade de consumo.
Pensar o idoso imerso numa sociedade capitalista em que as relações de
produção e o valor dado ao trabalho exclui e descarta tudo o que é velho, em
que o novo, o útil e o viril é sempre mais respeitado é essencial para
compreender a visão de homem de família e de sociedade.

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Envelhecimento:

O envelhecimento é um <processo de diminuição orgânica e funcional, não


decorrente de doença, e que acontece inevitavelmente com o passar do tempo=.
Considera-se o envelhecimento como um fenômeno natural, mas que
geralmente apresenta um aumento da fragilidade e vulnerabilidade, devido à
influência dos agravos à saúde e do estilo de vida. O envelhecimento pode ser
dividido em três dimensões: cronológica, biológica e social.
A dimensão cronológica é mensurada pelo calendário católico romano. A
pessoa idosa é calculada com idade de 60 anos ou mais, nos países em
desenvolvimento, entre eles o Brasil, conforme o critério da Organização das
Nações Unidas (ONU). Tal critério foi definido em 1982, na primeira Assembleia
Mundial do Envelhecimento. Os países desenvolvidos consideram a pessoa
idosa com idade de 65 anos ou mais.
A dimensão biológica se expressa pela alteração estrutural e funcional, a
qual nem sempre coincide com o avanço cronológico e a perda social. O
envelhecimento é regulado por mecanismos intrínsecos e modulados por
numerosas influências do meio ambiente. Porém, as alterações biológicas
tornam o idoso menos capaz dentro desse cenário onde cada um possui uma
função social e, dentro dessa conjuntura, não restou sequer um espaço social
para o velho. É como se o novo devesse ser obrigatoriamente bom e melhor.
Dessa forma, durante anos o envelhecimento foi tratado principalmente
como uma questão biológica, ou seja, todos os estudos e pesquisas eram
realizados somente pela área médica. A partir do começo do século XX foi dado
ênfase não apenas aos seus aspectos biológicos, mas também os sociais e
psicológicos. Isto porque, junto com as transformações corporais, e interagindo
com elas, as pessoas apresentavam mudanças de comportamentos.
Então, a designação <velho= não é mais adequada para nomear esses
´jovens senhores´ e seu novo estilo de vida, surgindo a denominação <idoso=,
que é mais respeitosa e humana. Pode-se entender um pouco mais a dinâmica
de sociedade atual nas palavras de Pacheco (2005), que toma como exemplo o
fenômeno dos aparelhos celulares: Em poucos anos, eles se modificaram

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centena de vezes. Desenhos modernos, bonitos e funcionais são criados para
que as pessoas pareçam antenadas, jovens e bem-sucedidos. O medo da
transformação que surge com a velhice assemelha-se um pouco ao fenômeno
dos celulares. Tem-se medo de envelhecer como se tem receio de ser
ridicularizado ao usar o aparelho antigo de dez anos, como os tijolões dos
tiozinhos. O ser humano envelhecido se apresenta, pela ideologia dominante,
como o aparelho ultrapassado. Fala, mas ninguém quer! (p.65).
Assim, ser velho assume uma conotação negativa. Tal atitude seria uma
falsa consciência ou uma atitude preconceituosa? Uma vez em que as pessoas
querem viver muito, mas não querem ficar velhas.

Qual o nome da Velhice?


Atualmente, percebe-se uma proliferação dos termos utilizados para se
referir ás pessoas que já viveram mais tempo à fase da vida anteriormente
chamadas de velhice. Entre os termos mais comuns estão: terceira idade, melhor
idade, adulto maduro, idoso, velho, meia idade, maturidade e idade madura. O
uso de tantos termos e expressões tem por objetivo <soar bem=. Esses tipos de
posicionamentos, requerem atenção a cada detalhe.
Atualmente, os especialistas no estudo do envelhecimento referem-se a
três grupos de pessoas mais velhas: os idosos jovens, os idosos velhos e os
idosos mais velhos.
O termo idoso jovem, geralmente se refere a pessoas de 65 a 74 anos
que costumam estar ativas, cheias de vida e vigorosas. Os idosos velhos de 75
a 84 anos e os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, são aqueles que têm
maior tendência para a fraqueza e para desempenhar algumas atividades da
vida diária. Embora esta categorização seja bastante usual, cada vez mais
pesquisas revelam que o processo de envelhecimento é individual. Algumas
pessoas, aos 60 anos, já apresentam alguma incapacidade, outras estão cheias
de vida e energia aos 85 anos.

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Adaptação:
As associações negativas relacionadas à velhice atravessaram os
séculos. Estudos apontam que o maior temor da velhice está relacionado com a
perda da saúde. E, ainda hoje mesmo com tantos recursos para prevenir
doenças e retardá-la é temida por muitas pessoas e vista como uma etapa
detestável.
A célebre frase de uma artista brasileira idosa famosa, <o envelhecimento
é a prova de que o inferno existe=, demonstra o quanto a velhice é uma
experiência individual que pode ser vivenciada de forma positiva ou negativa, em
consonância com a história de vida da pessoa e da representação de velhice
que está enraizada na sociedade em que vive. Assim, pode-se interferir que não
importa a quantidade de anos que o indivíduo tem, mas sim, o que ele fez com
os anos vividos.
O principal inimigo do ser humano que envelhece é ele próprio, e a única
vitória importante, é a vitória, sobre si próprio. As experiências humanas são
diversas, e a adaptação a estas situações é influenciada pela ação do tempo
(idade), as estratégias escolhidas para, se adaptar as crises que atravessou na
existência e as forças pessoais.
Nos idosos, os problemas psicológicos ligados ao envelhecimento
raramente são causados pela diminuição das funções cognitivas. São,
sobretudo, as perdas de papel, as crises, as múltiplas situações de stress, a
doença, a fadiga, o desenraizamento e diversos outros traumas que diminuem a
capacidade de concentração e de reflexão. Embora estes fatores não estejam
apenas ligados ao envelhecimento, influenciam grandemente para capacidade
de adaptação.

O envelhecimento e as doenças associadas:


Uma boa saúde é essencial para que as pessoas mais idosas possam
manter uma qualidade de vida aceitável. Porém, nem sempre é possível viver o
envelhecimento em plena saúde. A maioria das pessoas chega nesse estágio da
vida com doenças crônicas e não transmissíveis. As patologias incapacitantes

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mais frequentes nas pessoas idosas são as fraturas, incontinência, perturbações
do sono, perturbações de memória, demência (nomeadamente de doença de
Alzheimer, doença de Parkinson), depressão, problemas auditivos, visuais, de
comunicação e da fala.
Abaixo, as principais patologias, cujo sofrimento, de ordem psicológica
são mais afetados, tanto ao portador quanto aos seus cuidadores que possuem
ativamente o importante papel no processo de cuidado e empatia.

Alzheimer:
A doença de Alzheimer é uma doença do cérebro (morte das células e
consequente atrofia do cérebro), progressiva, irreversível e com causas e
tratamento ainda desconhecidos. Começa por atingir a memória e,
progressivamente as outras funções mentais, acabando por determinar a
completa ausência de autonomia dos doentes. Os doentes de Alzheimer tornam-
se incapazes de realizar a mais pequena tarefa, deixam de reconhecer os rostos
familiares, ficam incontinentes e acabam, quase sempre acamados.

Quais os sintomas?
Ao princípio observam-se pequenos esquecimentos, perda de memória,
normalmente aceites pelos familiares como parte do processo normal de
envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se
confusos e, por vezes, agressivos, passando a apresentar alterações da
personalidade, com distúrbios de conduta.
Acabam por não reconhecer até a si mesmos quando colocados frente a
um espelho. À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais
dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, passam a
necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para atividades
elementares do cotidiano, como alimentação, higiene, vestuário, etc.

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Dicas importantes:
É normal o doente não encontrar as palavras que precisa expressar ou
não compreender os termos que ouve. Esteja próximo e olhe bem para o seu
doente, olho nos olhos quando conversam;
Permaneça calmo e quieto. Fale clara e pausadamente, num tom de voz
nem demasiado alto nem demasiado baixo;
Evite ruídos (rádio, televisão ou conversas próximas);
Se for possível, segure na mão do doente ou ponha a sua mão no ombro dele.
Demonstra-lhe carinho e apoio;
Em todas as fases da doença, é necessário manter uma atitude carinhosa
e tranquilizadora, mesmo quando o doente parece não reagir às nossas
tentativas de comunicação e as nossas expressões de afeto.
Em certas fases da doença é normal que o doente se torne agressivo.
Sente-se incapaz de realizar tarefas simples, reconhece que está a perder a
independência, a autonomia e a privacidade, o que é muito frustrante.
Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto;
Se não conseguir lidar com a situação, peça ajuda!
É extremamente difícil cuidar de um doente de Alzheimer. Tem de
acompanhar ao longo do tempo, viver um dia a dia que se torna
progressivamente mais difícil e experimentar sentimentos diversos, muitos deles
negativos.
Sentirá também tristeza pela sensação de que todos os seus cuidados,
atenção e carinho não impedem a progressão da doença.
Vai sentir culpa pela falta de paciência que por vezes tem.
Todos esses sentimentos negativos não significam que não sejam um bom
prestador de cuidados e de apoio. São apenas reações humanas!

Parkinson:
A doença de Parkinson é um dos distúrbios dos movimentos que mais
acomete os idosos. É caracterizada por quatro sinais essenciais: rigidez, tremor,
bradicinesia, e instabilidade postural. Há também comprometimento cognitivo

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que, aliado ao distúrbio motor gera incapacidade comparável aos acidentes
vasculares cerebrais.
A doença de Parkinson é um desiquilíbrio do sistema nervoso central que
afeta milhares de pessoas. Porque não é contagioso e pode aparecer em
qualquer idade, mas é pouco comum nas pessoas com idade inferior a 30 anos,
o risco de desenvolvê-la aumenta com a idade.
É importante salientar que nem todos os pacientes sofrem dos mesmos
sintomas. Os mais comuns são:
Rigidez aumentada nos músculos. A menos que seja facilitada
temporariamente por medicamentos anti-Parkinson, a rigidez estará sempre
presente. É frequentemente responsável por um rosto marcado por um certo tipo
de aparência. Em alguns pacientes, a rigidez conduz à sensação de dor,
especialmente nos braços e ombros.
O tremor é o sintoma que o público identifica mais frequentemente com a
doença. Quando está presente, o tremor pode ser pior num só lado do corpo.
Além de afetar os membros, envolve as vezes a cabeça, a garganta, a cara e os
maxilares.
A bradicinesia significa lentidão do movimento. Neste sintoma é
caracterizado pelo atraso em iniciar os movimentos, causados pela demora do
cérebro em transmitir as instruções necessárias as partes apropriadas do corpo.
Sinais de alerta: Quedas precoces: as quedas ocorrem geralmente em
fases mais avançadas da doença.

Depressão:
Durante toda a vida estamos pré-dispostos a alterações na rotina e
mudanças no corpo. Na terceira idade essas mudanças ocorrem também, e em
alguns casos é tão grande que se o indivíduo não se prepara, e não aceita essas
mudanças, logo elas podem lhe causar grande sofrimento e comprometendo sua
vida social.
Muitos idosos apresentam algum problema psiquiátrico ou neurológico,
entre eles um dos que merecem grande atenção é a depressão, pois ela atinge
uma parcela considerável desse público.

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Na terceira idade a depressão pode ser mais severa, tem maior duração
e é mais incapacitante do que em outras fases da vida. Além dos sintomas
comuns, o idoso tem queixas somáticas, hipocondria, baixa autoestima,
sentimentos de inutilidade, alteração do sono e na alimentação, e em alguns
casos pensamentos recorrentes de suicídio.
A depressão é uma das doenças mentais que mais atinge os idosos. A
prevalência da doença e como ela se manifesta pode variar de acordo com a
situação vivida pelo idoso. Ela não tem causa específica, podendo ser
desencadeada por uma mistura de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Além de fatores ambientais, inerentes ao envelhecimento, a depressão em
idosos pode se manifestar a partir de uma série de problemas relacionados à
terceira idade como o afastamento da família, a perda do papel social como
aposentadoria, falecimento do cônjuge e solidão. Limitações físicas e fatores
clínicos como AVC, infarto e doenças cardiovasculares também podem contribuir
para o desenvolvimento de um quadro de depressão.
Essa doença, além de influenciar a qualidade de vida, pode também
interferir em aspectos físicos à medida que leva o indivíduo a uma menor
disponibilidade para colocar em prática medidas essenciais para a manutenção
de uma boa qualidade de vida e para controle de outros problemas de saúde,
tais como manter uma dieta saudável r praticar exercícios físicos regulamente.
A principal dica é nunca considerar uma alteração no comportamento do
idoso como sendo algo normal do envelhecimento. <Se existe alteração no
comportamento, na forma como o idoso se apresenta, se está mais quieto e
isolado, comendo menos, mais apático, menos ativo, tudo isso precisa ser levado
em consideração. O envelhecimento normal é o envelhecimento saudável.
Na maioria dos casos os idosos tornam-se excessivamente distante e
discreto, ou procurando refúgio no sono, tentam adaptar-se à sua falta de
energia e problemas de saúde, ou preencher à sua maneira a falta de interesse
de que se nos apercebem outros. No entanto, o isolamento prejudica a
satisfação das necessidades fundamentais.

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Muitas mudanças acontecem nessa fase, por isso se faz necessário todo o
cuidado e dedicação. Abaixo algumas principais alterações:

Memória:

Fundamental para a aprendizagem, a memória é um complexo processo


em que os dados entram como imagens em relação aos acontecimentos que a
pessoa experimenta e com uma capacidade de discriminação subjetiva, de
acordo com as experiências prazerosas ou adversas do acontecimento.
Recordamos mais as experiências agradáveis do que as desagradáveis,
recordamos melhor o que nos atinge pessoalmente do que aquilo que nos é
indiferente.
Na velhice, as pessoas afirmam que, recordam melhor os acontecimentos
distantes (memória remota) do que os próximos (memória recente).
As causas que acarretam a perda da memória são complexas, existindo
uma base biológica, no caso das demências, do acidente vascular cerebral,
alguns tipos de traumatismos cranianos e fatores psicossociais, como o
estresse, a ansiedade e a depressão.

Dicas para estimular a Memória:


1- Mantenha a rotina da pessoa idosa;
2- Organize o ambiente da pessoa idosa;
3- Utilize calendários e relógio em casa;
4- Estimule a pessoa idosa a participar das atividades domésticas;
5- Peça ajuda para fazer a lista de compras;
6- Ofereça atividades de lazer;
7- Ligue o rádio;
8- Estimule as histórias do passado;
9- Estimule que a pessoa idosa entre em contato com familiares e
amigos;
10- Estimule a pessoa idosa a desenvolver atividades que exercitam a
memória, tais como leitura, canto e palavras cruzadas.

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Capacidade de Aprendizagem:

O ato de aprender está ligado às faixas etárias mais jovens. A psicologia


atual aceita que a assimilação de novos conhecimentos, aptidões e hábitos
podem ocorrer em qualquer idade, modificando-se apenas, a velocidade de
assimilação. O rendimento na aprendizagem pode ser prejudicado por uma série
de fatores não cognitivos, aqueles não diretamente relacionados com a
capacidade de aprendizagem: motivação, saúde boa ou má, interesse etc. A
aprendizagem pode ocorrer em qualquer idade, embora o rendimento diminua.
Esta diminuição é substancial depois dos 70 anos. O idoso necessita de
um tempo maior e de estímulos motivadores adequados para uma efetiva
aprendizagem. Os maiores êxitos com a aprendizagem ocorrem com pessoas
de um nível educacional mais elevado e que frequentemente exercitavam suas
aptidões profissionais liberais, educadores, diretores. Daí, concluímos que os
que mais aprendem durante a vida adulta foram aqueles que tiveram acesso à
educação, podendo assim vivenciar melhor esta etapa da velhice.

Lentidão e Diminuição da Consciência e Rendimento Intelectual:

A diminuição de certas funções cognitivas é normal no envelhecimento,


pelo que representa um dos medos mais frequentes. Mesmo nos idosos mais
funcionais, manifestações como a lentidão e a diminuição da consciência
representam importante ameaça ao bem-estar e autoestima. O cérebro é o mais
importante órgão do ser humano, as baixas de desempenho a este nível são
sempre vividas de maneira dramática. À medida que se envelhece as aptidões
cerebrais diminuem, enquanto que outras aptidões (como as funções de
integração) melhoram.
Saber cuidar de idosos não é um conhecimento que nasce com ele.
Esta atividade requer estudos, preparos e treinamentos. Assim como os jovens,
os idosos também possuem suas características individuais, opiniões,
resistências, simpatias, Gostos, onhos e anseios.

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Envelhecimento Bem Sucedido:
Promover uma boa qualidade de vida na velhice tem sido um assunto que vem
chamando atenção cada vez mais das pessoas. Envelhecer bem estaria assim
associado as condições ótimas da influência da genética, do ambiente e dos
comportamentos ao longo de toda a vida.
Mesmo na presença de doenças e agravos afetivos e sociais, o idoso
pode viver bem a sua velhice com as condições que tem e os cuidados
necessários.
A pessoa que realiza o cuidado deve compreender todas as questões que
envolvem as respostas do ser humano que está sendo cuidado, isso implica
reações positivas e negativas ao ato de cuidar. As reações negativas,
geralmente podem causar no cuidador decepções frente à realização do seu
serviço, entretanto é preciso que as mesmas sejam trabalhadas. É importante
que o cuidador perceba as reações e os sentimentos que afloram, para que
possa cuidar da pessoa da melhor maneira possível. É importante que se
reconheça as dificuldades em prestar o cuidado quando a pessoa cuidada não
se disponibiliza para o cuidado e trabalhe seus sentimentos de frustração sem
culpar-se.

O ato de cuidar:
Embora encontremos diversos conceitos de cuidador, há um consenso sobre a
definição: São os cuidadores de idosos que dão a eles suporte físico e
emocional, auxiliando suas vidas de forma geral, fornecendo ajuda prática;
A definição de cuidador, segundo a Política Nacional de Saúde do Idoso
é: Cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que com ou sem
remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício de suas
atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina,
acompanhamento aos serviços de saúde e demais serviços requeridos no
cotidiano.
Assim também e com maior intensidade quando o cuidar é referido à
pessoa humana não se está falando apenas de uma ação, mas sim de um

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relacionamento entre o ser que cuida e o ser que é cuidado. Segundo o Ministério
da Saúde (2008 pg.07) <Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é,
e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação=.
Algumas das principais funções para com o idoso:
 Tratar e manter boa aparência e higiene pessoal do idoso; respeitar e
seguir os horários determinados às suas atividades diárias; auxiliá-lo
durante a alimentação, banho... O cuidador deverá procurar saber como
foi o dia do seu cliente, ter uma boa comunicação com os familiares e
tratar de desestimular a agressividade, caso a possua.
 Saber ouvir com toda calma, paciência e sem interrupções, deverá apoiar
psicologicamente e emocionalmente o idoso, não discutindo ou indo
contra suas ideologias; deverá estimular a independência do idoso em
atividades que eles se sintam capazes de realizar, auxiliá-los na execução
da mesmas (caso necessário) e, sobretudo, respeitar a pessoa idosa.
 O cuidador deverá saber lidar pacificamente e sem estresse com
comportamentos compulsivos dos seus clientes.
 Estimular o gosto pela música, dança e pelo esporte, mantendo na medida
do possível seu físico em exercício.

Diante disso, conclui-se que o cuidador não significa apenas realizar uma
ação para ajudar ao auxílio o outro, mas engloba questões muito maiores por
parte de quem está realizando o cuidado e de quem está sendo cuidado. Para
cuidar é preciso um comprometimento com o outro, com sua singularidade, ser
solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades.
Outra realidade importante diz respeito à inserção do cuidado na realidade da
pessoa a ser cuidada, nesse ponto, é essencial que o idoso seja tratado como
idoso. É importante que se trate a pessoa de acordo com sua idade. Os adultos
e idosos não gostam quando o tratam como crianças.

Cuidar de si para cuidar do outro:


Qualquer profissional de ajuda está o tempo todo acompanhando pessoas em
processo de adoecimento, perdas e luto e que, por meio das relações que

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desenvolvem. Também estão vivenciando suas próprias perdas e consequentes
lutos. Por isso, também precisam buscar vias de expressão emocional e suporte
para lidar com a enorme gama de situações vividas.
Precisamos lembrar que o lugar do cuidado é também o lugar da crise,
onde são experiências a doença, a dor, a dúvida, o sofrimento. Dentro de
tamanha complexidade, por mais que o profissional quisesse, ele não
conseguiria ficar imune as emoções e aos sentimentos despertados pelas
inúmeras situações com a qual se envolve.
Não é nada simples essa profissão, pois além de cuidar e atender ao
paciente, o cuidador necessita ainda cuidar de si. Salienta-se a importância de
uma boa qualidade de vida, atividades de lazer fora do ambiente de trabalho e
cuidado com o super envolvimento. O ato de cuidar é um ato de amor.

Dicas de Auto-Cuidado para Cuidadores:


1-Reserve um tempo para você. Siga o seu ritmo, os seus conhecimentos, as
suas experiências! Valorize os seus saberes! Acrescente outros cuidados com
você;
2- Compartilhe, crie e alimente a sua rede de companheiros de trabalho e de
amigos, dividir os desafios e trocar experiências com quem também cuida de
pessoa idosa pode trazer apoio e estratégias para facilitar o trabalho;
3- Meditação é uma técnica que permite conduzir a mente para um estado de
calma e relaxamento;

< Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma
planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser
alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser
continuamente alimentada. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da
convivência=. (BOFF,1999)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2.ed. atual ampl – Viçosa: UFV. 2005.

FREITAS, Elizabete Viana de. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ed. – Rio


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MORAGAS, Ricardo Moragas. Gerontologia Social: Envelhecimento e Qualidade


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PINTO, Claudio C. Garcia, A Familia e a Terceira Idade. Orientações


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SALGADO, Marcelo, Velhice: Uma nova questão social. São Paulo: SESC, 1980.

VIEIRA, E.B. – Qualidade de Vida na Instituição – In: GERP 98 – SBGG/SP –


São Paulo – 1998.

ZIMERMAN, Guite I. Velhice: Aspectos Biopsicossociais: Porto Alegre, Artmed.


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Link: https://www.abcdasaude.com.br/psiquiatria/transtornos-mentais-em-
idosos | Data de Acesso : 22/09/2016 - Código do Conteúdo : Artigo 423 |
Palavras-Chave : Transtornos Mentais Em Idosos - Psiquiatria - Demência ,
Alzheimer , Depressão em Idoso.

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