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Aspectos Psicológicos Do Envelhecimento
Aspectos Psicológicos Do Envelhecimento
Breve Histórico:
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Envelhecimento:
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centena de vezes. Desenhos modernos, bonitos e funcionais são criados para
que as pessoas pareçam antenadas, jovens e bem-sucedidos. O medo da
transformação que surge com a velhice assemelha-se um pouco ao fenômeno
dos celulares. Tem-se medo de envelhecer como se tem receio de ser
ridicularizado ao usar o aparelho antigo de dez anos, como os tijolões dos
tiozinhos. O ser humano envelhecido se apresenta, pela ideologia dominante,
como o aparelho ultrapassado. Fala, mas ninguém quer! (p.65).
Assim, ser velho assume uma conotação negativa. Tal atitude seria uma
falsa consciência ou uma atitude preconceituosa? Uma vez em que as pessoas
querem viver muito, mas não querem ficar velhas.
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Adaptação:
As associações negativas relacionadas à velhice atravessaram os
séculos. Estudos apontam que o maior temor da velhice está relacionado com a
perda da saúde. E, ainda hoje mesmo com tantos recursos para prevenir
doenças e retardá-la é temida por muitas pessoas e vista como uma etapa
detestável.
A célebre frase de uma artista brasileira idosa famosa, <o envelhecimento
é a prova de que o inferno existe=, demonstra o quanto a velhice é uma
experiência individual que pode ser vivenciada de forma positiva ou negativa, em
consonância com a história de vida da pessoa e da representação de velhice
que está enraizada na sociedade em que vive. Assim, pode-se interferir que não
importa a quantidade de anos que o indivíduo tem, mas sim, o que ele fez com
os anos vividos.
O principal inimigo do ser humano que envelhece é ele próprio, e a única
vitória importante, é a vitória, sobre si próprio. As experiências humanas são
diversas, e a adaptação a estas situações é influenciada pela ação do tempo
(idade), as estratégias escolhidas para, se adaptar as crises que atravessou na
existência e as forças pessoais.
Nos idosos, os problemas psicológicos ligados ao envelhecimento
raramente são causados pela diminuição das funções cognitivas. São,
sobretudo, as perdas de papel, as crises, as múltiplas situações de stress, a
doença, a fadiga, o desenraizamento e diversos outros traumas que diminuem a
capacidade de concentração e de reflexão. Embora estes fatores não estejam
apenas ligados ao envelhecimento, influenciam grandemente para capacidade
de adaptação.
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mais frequentes nas pessoas idosas são as fraturas, incontinência, perturbações
do sono, perturbações de memória, demência (nomeadamente de doença de
Alzheimer, doença de Parkinson), depressão, problemas auditivos, visuais, de
comunicação e da fala.
Abaixo, as principais patologias, cujo sofrimento, de ordem psicológica
são mais afetados, tanto ao portador quanto aos seus cuidadores que possuem
ativamente o importante papel no processo de cuidado e empatia.
Alzheimer:
A doença de Alzheimer é uma doença do cérebro (morte das células e
consequente atrofia do cérebro), progressiva, irreversível e com causas e
tratamento ainda desconhecidos. Começa por atingir a memória e,
progressivamente as outras funções mentais, acabando por determinar a
completa ausência de autonomia dos doentes. Os doentes de Alzheimer tornam-
se incapazes de realizar a mais pequena tarefa, deixam de reconhecer os rostos
familiares, ficam incontinentes e acabam, quase sempre acamados.
Quais os sintomas?
Ao princípio observam-se pequenos esquecimentos, perda de memória,
normalmente aceites pelos familiares como parte do processo normal de
envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se
confusos e, por vezes, agressivos, passando a apresentar alterações da
personalidade, com distúrbios de conduta.
Acabam por não reconhecer até a si mesmos quando colocados frente a
um espelho. À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais
dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, passam a
necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para atividades
elementares do cotidiano, como alimentação, higiene, vestuário, etc.
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Dicas importantes:
É normal o doente não encontrar as palavras que precisa expressar ou
não compreender os termos que ouve. Esteja próximo e olhe bem para o seu
doente, olho nos olhos quando conversam;
Permaneça calmo e quieto. Fale clara e pausadamente, num tom de voz
nem demasiado alto nem demasiado baixo;
Evite ruídos (rádio, televisão ou conversas próximas);
Se for possível, segure na mão do doente ou ponha a sua mão no ombro dele.
Demonstra-lhe carinho e apoio;
Em todas as fases da doença, é necessário manter uma atitude carinhosa
e tranquilizadora, mesmo quando o doente parece não reagir às nossas
tentativas de comunicação e as nossas expressões de afeto.
Em certas fases da doença é normal que o doente se torne agressivo.
Sente-se incapaz de realizar tarefas simples, reconhece que está a perder a
independência, a autonomia e a privacidade, o que é muito frustrante.
Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto;
Se não conseguir lidar com a situação, peça ajuda!
É extremamente difícil cuidar de um doente de Alzheimer. Tem de
acompanhar ao longo do tempo, viver um dia a dia que se torna
progressivamente mais difícil e experimentar sentimentos diversos, muitos deles
negativos.
Sentirá também tristeza pela sensação de que todos os seus cuidados,
atenção e carinho não impedem a progressão da doença.
Vai sentir culpa pela falta de paciência que por vezes tem.
Todos esses sentimentos negativos não significam que não sejam um bom
prestador de cuidados e de apoio. São apenas reações humanas!
Parkinson:
A doença de Parkinson é um dos distúrbios dos movimentos que mais
acomete os idosos. É caracterizada por quatro sinais essenciais: rigidez, tremor,
bradicinesia, e instabilidade postural. Há também comprometimento cognitivo
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que, aliado ao distúrbio motor gera incapacidade comparável aos acidentes
vasculares cerebrais.
A doença de Parkinson é um desiquilíbrio do sistema nervoso central que
afeta milhares de pessoas. Porque não é contagioso e pode aparecer em
qualquer idade, mas é pouco comum nas pessoas com idade inferior a 30 anos,
o risco de desenvolvê-la aumenta com a idade.
É importante salientar que nem todos os pacientes sofrem dos mesmos
sintomas. Os mais comuns são:
Rigidez aumentada nos músculos. A menos que seja facilitada
temporariamente por medicamentos anti-Parkinson, a rigidez estará sempre
presente. É frequentemente responsável por um rosto marcado por um certo tipo
de aparência. Em alguns pacientes, a rigidez conduz à sensação de dor,
especialmente nos braços e ombros.
O tremor é o sintoma que o público identifica mais frequentemente com a
doença. Quando está presente, o tremor pode ser pior num só lado do corpo.
Além de afetar os membros, envolve as vezes a cabeça, a garganta, a cara e os
maxilares.
A bradicinesia significa lentidão do movimento. Neste sintoma é
caracterizado pelo atraso em iniciar os movimentos, causados pela demora do
cérebro em transmitir as instruções necessárias as partes apropriadas do corpo.
Sinais de alerta: Quedas precoces: as quedas ocorrem geralmente em
fases mais avançadas da doença.
Depressão:
Durante toda a vida estamos pré-dispostos a alterações na rotina e
mudanças no corpo. Na terceira idade essas mudanças ocorrem também, e em
alguns casos é tão grande que se o indivíduo não se prepara, e não aceita essas
mudanças, logo elas podem lhe causar grande sofrimento e comprometendo sua
vida social.
Muitos idosos apresentam algum problema psiquiátrico ou neurológico,
entre eles um dos que merecem grande atenção é a depressão, pois ela atinge
uma parcela considerável desse público.
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Na terceira idade a depressão pode ser mais severa, tem maior duração
e é mais incapacitante do que em outras fases da vida. Além dos sintomas
comuns, o idoso tem queixas somáticas, hipocondria, baixa autoestima,
sentimentos de inutilidade, alteração do sono e na alimentação, e em alguns
casos pensamentos recorrentes de suicídio.
A depressão é uma das doenças mentais que mais atinge os idosos. A
prevalência da doença e como ela se manifesta pode variar de acordo com a
situação vivida pelo idoso. Ela não tem causa específica, podendo ser
desencadeada por uma mistura de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Além de fatores ambientais, inerentes ao envelhecimento, a depressão em
idosos pode se manifestar a partir de uma série de problemas relacionados à
terceira idade como o afastamento da família, a perda do papel social como
aposentadoria, falecimento do cônjuge e solidão. Limitações físicas e fatores
clínicos como AVC, infarto e doenças cardiovasculares também podem contribuir
para o desenvolvimento de um quadro de depressão.
Essa doença, além de influenciar a qualidade de vida, pode também
interferir em aspectos físicos à medida que leva o indivíduo a uma menor
disponibilidade para colocar em prática medidas essenciais para a manutenção
de uma boa qualidade de vida e para controle de outros problemas de saúde,
tais como manter uma dieta saudável r praticar exercícios físicos regulamente.
A principal dica é nunca considerar uma alteração no comportamento do
idoso como sendo algo normal do envelhecimento. <Se existe alteração no
comportamento, na forma como o idoso se apresenta, se está mais quieto e
isolado, comendo menos, mais apático, menos ativo, tudo isso precisa ser levado
em consideração. O envelhecimento normal é o envelhecimento saudável.
Na maioria dos casos os idosos tornam-se excessivamente distante e
discreto, ou procurando refúgio no sono, tentam adaptar-se à sua falta de
energia e problemas de saúde, ou preencher à sua maneira a falta de interesse
de que se nos apercebem outros. No entanto, o isolamento prejudica a
satisfação das necessidades fundamentais.
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Muitas mudanças acontecem nessa fase, por isso se faz necessário todo o
cuidado e dedicação. Abaixo algumas principais alterações:
Memória:
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Capacidade de Aprendizagem:
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Envelhecimento Bem Sucedido:
Promover uma boa qualidade de vida na velhice tem sido um assunto que vem
chamando atenção cada vez mais das pessoas. Envelhecer bem estaria assim
associado as condições ótimas da influência da genética, do ambiente e dos
comportamentos ao longo de toda a vida.
Mesmo na presença de doenças e agravos afetivos e sociais, o idoso
pode viver bem a sua velhice com as condições que tem e os cuidados
necessários.
A pessoa que realiza o cuidado deve compreender todas as questões que
envolvem as respostas do ser humano que está sendo cuidado, isso implica
reações positivas e negativas ao ato de cuidar. As reações negativas,
geralmente podem causar no cuidador decepções frente à realização do seu
serviço, entretanto é preciso que as mesmas sejam trabalhadas. É importante
que o cuidador perceba as reações e os sentimentos que afloram, para que
possa cuidar da pessoa da melhor maneira possível. É importante que se
reconheça as dificuldades em prestar o cuidado quando a pessoa cuidada não
se disponibiliza para o cuidado e trabalhe seus sentimentos de frustração sem
culpar-se.
O ato de cuidar:
Embora encontremos diversos conceitos de cuidador, há um consenso sobre a
definição: São os cuidadores de idosos que dão a eles suporte físico e
emocional, auxiliando suas vidas de forma geral, fornecendo ajuda prática;
A definição de cuidador, segundo a Política Nacional de Saúde do Idoso
é: Cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que com ou sem
remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício de suas
atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina,
acompanhamento aos serviços de saúde e demais serviços requeridos no
cotidiano.
Assim também e com maior intensidade quando o cuidar é referido à
pessoa humana não se está falando apenas de uma ação, mas sim de um
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relacionamento entre o ser que cuida e o ser que é cuidado. Segundo o Ministério
da Saúde (2008 pg.07) <Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é,
e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor e limitação=.
Algumas das principais funções para com o idoso:
Tratar e manter boa aparência e higiene pessoal do idoso; respeitar e
seguir os horários determinados às suas atividades diárias; auxiliá-lo
durante a alimentação, banho... O cuidador deverá procurar saber como
foi o dia do seu cliente, ter uma boa comunicação com os familiares e
tratar de desestimular a agressividade, caso a possua.
Saber ouvir com toda calma, paciência e sem interrupções, deverá apoiar
psicologicamente e emocionalmente o idoso, não discutindo ou indo
contra suas ideologias; deverá estimular a independência do idoso em
atividades que eles se sintam capazes de realizar, auxiliá-los na execução
da mesmas (caso necessário) e, sobretudo, respeitar a pessoa idosa.
O cuidador deverá saber lidar pacificamente e sem estresse com
comportamentos compulsivos dos seus clientes.
Estimular o gosto pela música, dança e pelo esporte, mantendo na medida
do possível seu físico em exercício.
Diante disso, conclui-se que o cuidador não significa apenas realizar uma
ação para ajudar ao auxílio o outro, mas engloba questões muito maiores por
parte de quem está realizando o cuidado e de quem está sendo cuidado. Para
cuidar é preciso um comprometimento com o outro, com sua singularidade, ser
solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades.
Outra realidade importante diz respeito à inserção do cuidado na realidade da
pessoa a ser cuidada, nesse ponto, é essencial que o idoso seja tratado como
idoso. É importante que se trate a pessoa de acordo com sua idade. Os adultos
e idosos não gostam quando o tratam como crianças.
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desenvolvem. Também estão vivenciando suas próprias perdas e consequentes
lutos. Por isso, também precisam buscar vias de expressão emocional e suporte
para lidar com a enorme gama de situações vividas.
Precisamos lembrar que o lugar do cuidado é também o lugar da crise,
onde são experiências a doença, a dor, a dúvida, o sofrimento. Dentro de
tamanha complexidade, por mais que o profissional quisesse, ele não
conseguiria ficar imune as emoções e aos sentimentos despertados pelas
inúmeras situações com a qual se envolve.
Não é nada simples essa profissão, pois além de cuidar e atender ao
paciente, o cuidador necessita ainda cuidar de si. Salienta-se a importância de
uma boa qualidade de vida, atividades de lazer fora do ambiente de trabalho e
cuidado com o super envolvimento. O ato de cuidar é um ato de amor.
< Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma
planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser
alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser
continuamente alimentada. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da
convivência=. (BOFF,1999)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SALGADO, Marcelo, Velhice: Uma nova questão social. São Paulo: SESC, 1980.
Link: https://www.abcdasaude.com.br/psiquiatria/transtornos-mentais-em-
idosos | Data de Acesso : 22/09/2016 - Código do Conteúdo : Artigo 423 |
Palavras-Chave : Transtornos Mentais Em Idosos - Psiquiatria - Demência ,
Alzheimer , Depressão em Idoso.
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