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Farmacoterapia do Diabetes

Brasília-DF.
Elaboração

Thiago Faria Gonçalves

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO............................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
DIABETES MELLITUS – INTRODUÇÃO........................................................................................... 9

UNIDADE II
O DIABETES E AS TERAPIAS.................................................................................................................... 28

CAPÍTULO 1
TERAPIA.................................................................................................................................. 28

CAPÍTULO 2
TERAPIA FARMACOLÓGICA..................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 85
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O diabetes é uma doença crônica caracterizada por níveis elevados de glicemia, e
sua etiologia é variada, possuindo origem primária e/ou secundária. Alguns tipos
de diabetes decorrem de alterações hormonais, como no caso do diabetes insipidus,
em que o paciente apresenta alterações na produção ou liberação do hormônio
antidiurético (ADH), resultando em aumento da micção, redução da volemia e,
consequentemente, aumento da concentração de glicose na corrente sanguínea.

Dentre os tipos mais comuns e com grande relevância clínica e epidemiológica,


destaca-se o diabetes mellitus (DM) e suas variáveis. Tais patologias acometem
aproximadamente 415 milhões de pessoas no mundo e aproximadamente 15 milhões
no Brasil.

Nesta disciplina, vamos estudar os tratamentos disponíveis para pacientes


diabéticos dependentes de insulina ou em uso de hipoglicemiantes orais, seus
mecanismos de ação, efeitos adversos possíveis e interações clínicas relevantes
que podem intervir positiva ou negativamente no tratamento do diabetes mellitus,
além de correlacionar os tratamentos farmacológicos com as vias fisiológicas, o
rastreamento, a prevenção, as medidas de estilo de vida e as complicações crônicas
possíveis.

Objetivos
»» Revisar as principais vias fisiológicas e bioquímicas envolvidas na
regulação da glicemia e no diabetes mellitus.

»» Caracterizar os diferentes mecanismos fisiopatológicos existentes nos


diferentes tipos de diabetes mellitus.

»» Correlacionar as alterações glicêmicas e as lesões em órgãos-alvo de


pacientes sem tratamento adequado.

»» Apresentar a influência de estilos de vida compatíveis nos tratamentos e


na fisiopatologia do paciente com diabetes mellitus.

»» Apresentar e detalhar as classes farmacológicas e os tratamentos


disponíveis para os diferentes tipos de diabetes mellitus.

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O DIABETES E O
METABOLISMO UNIDADE I
GLICÍDICO

CAPÍTULO 1
Diabetes mellitus – Introdução

Epidemiologia
O diabetes mellitus e suas variáveis (tipo 1 e 2) é uma patologia importante sob
o ponto de vista médico e epidemiológico visto que está relacionado a milhões de
óbitos em todo o mundo. Estima-se que a quantidade de óbitos associados ao diabetes
no mundo seja de aproximadamente 422 milhões, sendo 12 milhões no Brasil. É
importante ressaltar que, em alguns casos, o diabetes não é mencionado na declaração
de óbito, visto que as suas complicações cardiovasculares e cerebrovasculares é que
são declaradas como a causa dos óbitos. Dessa forma, estima-se cerca de 4 milhões
de óbitos ao ano associados ao diabetes no mundo.

No tocante à prevalência no Brasil, a faixa etária dos pacientes entre 30 e 59 anos


possui em torno de 2,7% de pessoas diagnosticadas, ao passo que, na faixa etária
acima dos 60 anos, a prevalência aumenta para 17,4%; destes indivíduos, metade
desconhece seu diagnóstico, e ¼ das pessoas com DM não realiza o tratamento
instituído.

Tabela 1. Relação dos dez países com maior número de pessoas com diabetes (20 a 79 anos) e respectivo

intervalo de confiança de 95%, em 2015, com projeções para 2040.

2015 – Número 2040 – Número


Posição País de pessoas com Posição País de pessoas com
diabetes diabetes
1 China 109,6 milhões (99,6 a 1 China 150,7 milhões (138,0 a
133,4) 179,4)
2 Índia 69,2 milhões (56,2 a 84,4) 2 Índia 123,5 milhões (99,1 a
150,3)

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UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

2015 – Número 2040 – Número


Posição País de pessoas com Posição País de pessoas com
diabetes diabetes
3 Estados Unidos da 29,3 milhões (27,6 a30,9) 3 Estados Unidos da 35,1 milhões (33,0 a 37,2)
América América
4 Brasil 14,3 milhões (12,9 a 15,8) 4 Brasil 23,3 milhões (21,0 a 25,9)
5 Federação Russa 12,1 milhões (6,2 a 13,7) 5 México 20,6 milhões (11,4 a 24,7)
6 México 11,5 milhões (6,2 a 13,7) 6 Indonésia 16,2 milhões (14,3 a 17,7)
7 Indonésia 10,0 milhões (8,7 a 10,9) 7 Egito 15,1 milhões (7,3 a 17,3)
8 Egito 7,8 milhões (3,8 a 9,0) 8 Paquistão 14,4 milhões (10,6 a 20,4)
9 Japão 7,2 milhões (6,1 a 9,6) 9 Bangladesh 13,6 milhões (10,7 a 24,6)
10 Bangladesh 7,1 milhões (5,3 a 12,0) 10 Federação Russa 12,4 milhões (6,4 a 17,1)
Fonte: Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016).

Fatores como rápida urbanização, transição nutricional, maior frequência de estilo


de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso e crescente envelhecimento
populacional estão relacionados ao aumento da prevalência da DM.

O tratamento baseia-se em medidas preventivas e paliativas, com o objetivo de retardar


os agravos, por meio do tratamento farmacológico e das mudanças no estilo de vida.
Alimentação saudável e prática de atividade física devem ser estimuladas nesses
indivíduos, pois contribuem com o tratamento farmacológico no alcance das metas
terapêuticas estabelecidas.

Em relação ao grau de importância, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),


a glicemia elevada é o terceiro fator da causa de mortalidade precoce, perdendo
apenas para o aumento da pressão arterial e o uso de tabaco. Infelizmente, governo
e profissionais da saúde ainda não se conscientizaram da relevância da DM e de suas
complicações.

Devido à associação da DM com maiores taxas de hospitalizações, maior utilização


dos serviços de saúde, maior incidência de doenças cardiovasculares e cerebrais,
cegueira, insuficiência renal e amputações não traumáticas, imagina-se a carga que isso
representará nos próximos anos para os sistemas de saúde públicos.

Sobre a mortalidade associada ao diabetes no Brasil, as bases populacionais são


escassas e merecem maior aprofundamento. A tabela a seguir apresenta dados
disponíveis nas diretrizes brasileiras para tratamento de diabetes.

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O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

Tabela 2. Taxa de mortalidade por diabetes (a cada 100 mil habitantes), por macrorregião brasileira, segundo a

faixa etária, no ano de 2011.

Faixa etária (anos) Norte Nordeste Sudoeste Sul Centro-Oeste Total


0 a 29 0,5 0,6 0,5 0,5 0,6 0,5
30 a 39 2,6 3,8 3,0 2,4 3,4 3,1
40 a 49 11,8 13,3 10,3 8,5 10,0 10,8
50 a 59 46,1 49,1 35,4 33,1 38,0 39,1
60 e mais 245,6 292,7 190,9 209,3 192,6 223,8
Total 21,8 36,6 28,6 30,6 22,6 30,1
Fonte: Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016).

O controle da DM só poderá ser obtido por meio do estabelecimento e


desenvolvimento de novas e fortes parcerias entre governo e população, com ações
direcionadas à prevenção, à detecção e ao controle da DM. Juntamente com o setor
educacional, tais ações devem priorizar a população de crianças, adolescentes e
jovens adultos.

Os dados supracitados evidenciam a necessidade constante de aprimoramento


nos conhecimentos sobre o diabetes, sua prevenção e tratamento por todos
os profissionais de saúde a fim de minimizar os impactos, os custos e a
morbimortalidade associados a essa doença.

EPIDEMIOLOGIA E ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: DIABETES MELLITUS


NUMA COMUNIDADE DE PORTO ALEGRE

Rodrigo Geisler Mielczarski; Juvenal Soares Dias da Costa; Maria Teresa Anselmo Olinto

RESUMO: O objetivo foi avaliar as condições de processo e de resultado no


atendimento às pessoas acima de 20 anos com diagnóstico de diabetes mellitus,
residentes na área de cobertura da UBS Vila Gaúcha, Porto Alegre. Avaliou-se
a prevalência de pacientes controlados com diabetes mellitus. A definição
de pacientes controlados foi estabelecida a partir dos valores da pressão
arterial, hemoglobina glicada, circunferência abdominal e/ou IMC. Das 753
pessoas acima de 20 anos, 37 (4,9%; IC95% 3,4 6,5) referiram diabetes mellitus
diagnosticado por médico. Realizaram-se as medidas de controle em 31 (83,8%)
pessoas. Encontraram-se 24 (77,4%) indivíduos com níveis pressóricos alterados,
25 (80,6%) com IMC igual ou maior que 25 kg/m², 29 (93,5%) com circunferência
abdominal acima da normalidade e 18 (58,1%) com hemoglobina glicada igual
ou maior que 8%. Para se avaliar os resultados foram utilizados diagramas. Apenas
um paciente foi classificado como controlado. A interpretação dos diagramas
aponta para a necessidade de ações visando à redução de peso corporal na
comunidade, medida que atingiria os pacientes com diabetes.

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UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

Palavras-chave: Diabetes mellitus. Qualidade dos cuidados de saúde. Atenção


primária à saúde. Estudos transversais. Avaliação de processos e resultados.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n1/a10v17n1.


pdf>.

Conceito

Existem diversas maneiras de definir os diferentes tipos de diabetes, mas todos


possuem como característica principal a hiperglicemia. O diabetes mellitus, foco
de estudo desse capítulo, apresenta como características principais hiperglicemia,
alterações no metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas – além disso, aumenta
consideravelmente o risco para doenças vasculares.

Tabela 3. Classificação etiológica do DM.

DM tipo 1:
1 - Tipo 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune das células β comprovada por exames laboratoriais
- Tipo 1B: deficiência de insulina por natureza idiopática
2 DM Tipo 2: perda progressiva de secreção de insulina combinada com resistência à insulina
3 DM gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévio
4 Outros tipos de DM:
Monogênicos (MODY)
Diabetes neonatal
Secundário a endocrinopatias
Secundário a doenças do pâncreas exócrino
Secundário a infecções
Secundário a medicamentos
DM: diabetes mellitus; MODY: Maturity-Onset Diabetes of the Young.

Fonte: Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016).

As alterações metabólicas que conduzem à hiperglicemia normalmente decorrem de:

»» Deficiência na produção ou secreção da insulina.

»» Resistência à ação da insulina.

»» Misto entre as situações supracitadas.

O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, caracterizada pela


deficiência completa na produção de insulina, decorrente da destruição das células
β do pâncreas. Calcula-se que aproximadamente mais de 30 mil brasileiros sejam

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O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

portadores desse tipo de DM. Apesar da crescente prevalência de DM1, esse tipo
corresponde a apenas 5% a 10% de todos os casos de DM.

É mais frequentemente diagnosticada em crianças, adolescentes e, em um número


menor de casos, adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres. A depender
da presença ou ausência de autoanticorpos circulantes, a DM1 pode ser subdividida em
DM tipo 1A e DM tipo 1B.

Apesar da fisiopatologia da DM1A não estar totalmente conhecida, sabe-se que envolve,
além dos fatores genéticos, fatores ambientais que também podem desencadear uma
resposta autoimune. Infecções virais, componentes da dieta e certas composições da
microbiota intestinal são exemplos de exposições ambientais que podem desencadear
respostas autoimunes.

Como já dito anteriormente, a DM1 é mais frequente na fase da infância e da


adolescência, porém pode ser diagnosticada na fase adulta, em que uma forma
lentamente progressiva da doença pode se desenvolver, chamada de latent
autoimmune diabetes in adults (Lada).

O subtipo 1B é atribuído aos casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são
detectados na circulação. Não há evidências de riscos distintos para as complicações
crônicas entre os subtipos, e as recomendações terapêuticas também são iguais.

FATORES IMUNOGENÉTICOS ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS DO TIPO 1


Ana Paula Morais Fernandes; Ana Emilia Pace; Maria Lúcia Zanetti;

Milton Cesar Foss; Eduardo Antonio Donadi

RESUMO: O diabetes mellitus do tipo 1 tem sido considerado uma doença


autoimune órgão-específica, decorrente da destruição seletiva das células
betapancreáticas. Apresenta patogenia complexa, envolvendo a participação
de vários fatores, dentre esses a susceptibilidade imunogenética com forte
associação aos genes de histocompatibilidade (HLA), eventos ambientais e
resposta autoimune com presença de autoanticorpos e/ou linfócitos autor-
reativos, culminando em anormalidades metabólicas. Nesse estudo, a revisão da
literatura descreve os mecanismos pelos quais determinados fatores conferem
susceptibilidade para o seu desencadeamento e, adicionalmente, as inovações
na predição dessa desordem que, certamente, contribuirão para a assistência de
enfermagem aos pacientes portadores do diabetes tipo 1.

Descritores: Diabetes mellitus tipo I. Imunogenética. enfermagem.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n5/v13n5a20.


pdf>.

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UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM DIABETES TIPO 1


José L. P. Ribeiro; Rute F. Meneses;

Isabel Meneses; Gru.Po- Qvd

RESUMO: O presente trabalho inclui-se num projeto mais vasto do Grupo


Português para o estudo da Qualidade de Vida, e visa construir um questionário
destinado a crianças até os 11 anos que sofrem de diabetes tipo 1. Esta é
uma doença crônica com características muito específicas, sendo uma delas
a precisão da avaliação do estado de glicemia, em tempos certos, e a sua
correção em medidas precisas. Essa rotina, no caso das crianças, é conduzida
por quem cuida delas e, obviamente, afeta o estilo de vida e é susceptível de
prejudicar gravemente a qualidade de vida da família. A avaliação do impacto do
tratamento nessa qualidade de vida torna-se um elemento central nos processos
de intervenção atuais. Desse modo, com base na pesquisa bibliográfica e na
informação dada por nove mães cujos filhos, com idades iguais ou inferiores
a 11 anos, sofriam de diabetes tipo 1 há mais de um ano, construiu-se um
questionário que deverá ser aplicado à população-alvo para determinação das
suas propriedades psicométricas e clinimétricas.

Palavras-chave: Qualidade de vida. Diabetes tipo I. Crianças. Doenças crônicas.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v16n1/v16n1a09.


pdf>.

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) corresponde a cerca de 90 a 95% de todos os casos


de DM. Complexa e multifatorial, envolve componentes genéticos e ambientais.
Comumente, acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, embora
haja, em alguns países, um aumento na incidência em crianças e jovens. Hábitos
dietéticos, inatividade física e, consequentemente, obesidade têm destaque como
principais fatores de risco.

Assintomática ou oligossintomática, em grande número de casos, seu diagnóstico


é realizado por meio de dosagens laboratoriais de rotinas ou manifestações das
complicações crônicas. Apesar de assintomáticos, a presença de fatores de risco já
impõe o rastreamento para um diagnóstico precoce.

Sugere-se rastreamento de DM2 em indivíduos com idade ≥ 45 anos com sobrepeso


ou obesidade e que apresentem mais fator de risco para DM entre os seguintes:

»» pré-diabetes;

»» história familiar de DM (parente de primeiro grau);

14
O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

»» raça/etnia de alto risco para DM (negros, hispânicos ou índios Pima);

»» mulheres com diagnóstico prévio de DMG;

»» história de doença cardiovascular;

»» hipertensão arterial;

»» hDL-c < 35 mg/dL e/ou triglicérides > 250 mg/dL;

»» síndrome de ovários policísticos;

»» sedentarismo;

»» acantose nigricans.

Ainda que a investigação laboratorial seja normal, sugere-se repetição do


rastreamento em intervalos de três anos, ou mais frequentes, se indicado.

COMPLICAÇÕES E O TEMPO DE DIAGNÓSTICO DO DIABETES MELLITUS NA


ATENÇÃO PRIMÁRIA

Daniel Nogueira Cortez; Ilka Afonso Reis; Débora Aparecida Silva Souza;

Maísa Mara Lopes Macedo; Heloisa de Carvalho Torres

RESUMO Objetivo: Analisar a associação entre o tempo da doença e o


aparecimento de complicações do diabetes mellitus e descrever as características
da população de diabéticos de um município de médio porte do Centro-Oeste
mineiro. MÉTODOS: Estudo transversal realizado com 1320 usuários com diabetes
mellitus. Os dados foram obtidos do sistema de cadastramento de Hipertensos
e Diabéticos e foram avaliadas as variáveis: características sociodemográficas,
duração da doença e complicações do diabetes. RESULTADOS: Entre os usuários
que possuem o diagnóstico da doença há mais de 10 anos, o percentual daqueles
que apresentam complicações 156 (32,2%) é maior do que entre os que possuem
o diagnóstico da doença há menos de 10 anos 45 (12,1%). CONCLUSÃO: Os
resultados apontaram que a presença de complicações relacionadas ao diabetes
pôde ser associada ao tempo de duração da doença.

Palavras-chaves: Diabetes mellitus. Complicações do diabetes. Autocuidado.


Atenção primária à saúde. Estratégia de saúde da família.

Leia o texto na íntegra em: <https://www.redalyc.org/pdf/3070/307039760010.


pdf>.

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UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

Uma vez que a placenta é produtora de hormônios hiperglicemiantes e enzimas


placentárias que degradam a insulina, a gestação consiste em uma condição
diabetogênica, com consequente aumento compensatório na produção de insulina, e,
na resistência a ela, pode evoluir para uma disfunção das células β pancreáticas.

O diabetes mellitus gestacional (DMG) não traz riscos apenas para a mãe,
mas também para o feto e o neonato. Pode ser transitório ou persistir após o
parto, caracterizando-se como fator importante de risco independente para o
desenvolvimento futuro de DM2.

Os principais fatores de risco para DMG são:

»» idade materna avançada;

»» sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual;

»» deposição central excessiva de gordura corporal;

»» história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau;

»» crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia


na gravidez atual;

»» antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações,


morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG;

»» síndrome de ovários policísticos;

»» baixa estatura (inferior a 1,5 m).

Na história natural da DM, antes que os índices glicêmicos se mostrem


supranormais, alterações fisiológicas já estão presentes. Quando os valores
glicêmicos estão acima dos valores de referência, mas ainda não são suficientes
para o diagnóstico de DM, denomina-se pré-diabetes. A resistência à insulina já
é presente e, na ausência de ações de combate aos fatores de risco modificáveis,
frequentemente esse quadro evolui para a forma clinicamente manifestada da
doença.

A Sociedade Brasileira de Diabetes elaborou critérios para o diagnóstico de


normoglicemia, pré-diabetes e DM.

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O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

Tabela 4. Índices glicêmicos para diagnóstico de normoglicemia, pré-diabetes e DM.

Glicose duas horas


Glicose em Glicose ao
após sobrecarga com HbA1c (%) Observações
jejum (mg/dL) acaso
75 g de glicose (mg/dL)
OMS emprega valor de corte de
Normoglicemia < 100 < 140 – < 5,7 110 mg/ dL para normalidade da
glicose em jejum.
Pré-diabetes ou Positividade de qualquer dos
risco aumentado ≥ 100 e < 126 ≥ 140 e < 200 – ≥ 5,7 e < 6,5 parâmetros confirma diagnóstico de
para DM pré-diabetes.
Positividade de qualquer dos
parâmetros confirma diagnóstico
≥ 200 com
de DM. Método de HbA1c deve
Diabetes sintomas
≥ 126 ≥ 200 ≥ 6,5 ser o padronizado. Na ausência
estabelecido inequívocos de
de sintomas de hiperglicemia, é
hiperglicemia
necessário confirmar o diagnóstico
pela repetição de testes.
Fonte: Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016).

CLASSIFICAÇÃO DO DIABETE MELITO


Jorge de Faria Maraschin; Nádia Murussi; Vanessa Witter;

Sandra Pinho Silveiro

RESUMO: A correta classificação do diabete melito (DM) permite o tratamento


mais adequado e compreende quatro categorias: DM tipo 1; DM tipo 2; outros
tipos e Diabete Gestacional. Em alguns casos, pode ocorrer sobreposição de
quadros, principalmente no DM que inicia no adulto jovem ou que se apresenta
inicialmente com cetoacidose, intermediários ao DM 1 e DM 2. Assim, acréscimos
ao sistema de classificação clássico têm sido propostos, avaliando a presença de
autoimunidade (anticorpos) e a função de célula β (peptídeo-C) para definir mais
precisamente os subtipos. O objetivo desta revisão foi de analisar o desempenho
desses índices diagnósticos para a classificação do DM e descrever os subtipos
em detalhe. Os anticorpos contra o pâncreas evidenciam a autoimunidade,
sendo o anticorpo contra insulina o mais acurado antes dos 5 anos de idade
e o antidescarboxilase do ácido glutâmico para início da doença acima dos 20
anos, é esse o teste que permanece positivo por mais tempo. Já a medida do
peptídeo-C avalia a reserva pancreática de insulina, e os métodos de estímulo
mais usados são a medida após refeição ou após glucagon endovenoso. Valores
de peptídeo-C < 1,5 ng/ml definem o paciente com função pancreática ausente,
e acima desse valor, com função preservada. Combinando-se a presença de
anticorpos (A+) dirigidos ao pâncreas e a sua capacidade secretória de insulina
(β+), pode-se subdividir a classificação do DM em tipo 1A (A+β-) e 1B (A+ β-);
e o DM tipo 2 em subgrupos de DM 2A (A+β+) e DM 2B (A-β+), o que permite
uma classificação e tratamento mais precisos, além de abrir os horizontes para o
entendimento da patogênese do DM.

17
UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

Leia o texto completo em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v95n2/a25v95n2.


pdf>.

DETERMINAÇÃO DAS GLICEMIAS CAPILAR E VENOSA COM GLICOSÍMETRO


VERSUS DOSAGEM LABORATORIAL DA GLICOSE PLASMÁTICA

Caio Mauricio Mendes de Cordova; Jéssyca Pereira Valle;

Celina Noriko Yamanaka; Maurício Mendes de Cordova

RESUMO: Diabetes mellitus (DM) é a mais importante patologia que envolve


o pâncreas endócrino, sendo uma das principais causas de morbidade e
mortalidade na população geral. O objetivo deste trabalho foi avaliar a
determinação da glicemia em diferentes tipos de amostras e metodologias.
Utilizando um equipamento Accu-Check Advantage (Roche), foi avaliada a
glicemia em amostras de sangue capilar (GCG) e de sangue venoso (GVG),
e a dosagem da glicemia venosa em plasma (GVE) foi realizada por método
enzimático de rotina. Foi observada boa correlação entre a GCG e a GVG (r =
0,8742). Entretanto, houve diferença significativa entre a GCG e a GVE (r =
0,6543) e entre a GVG e a GVE (r = 0,5038) (p < 0,001). Essa diferença é maior
considerando-se apenas os pacientes normoglicêmicos. O fato de haver
diferentes estudos com resultados conflitantes entre si não depende somente
da marca ou série específica do glicosímetro, já que uma mesma marca pode
apresentar resultados inconsistentes em diferentes estudos.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v45n5/v45n5a06.


pdf>.

Vias fisiológicas e alvos para o tratamento


farmacológico

O controle da produção e secreção da insulina é fundamental para a manutenção


da homeostasia relacionada ao metabolismo glicídico, e falhas na secreção ou
produção comprometem o funcionamento dessas vias fisiológicas. É importante
ressaltar que a insulina é um hormônio fundamental no metabolismo de
carboidratos, mas há outros hormônios produzidos no pâncreas endócrino com
importância fisiológica conhecida.

O pâncreas endócrino possui conjuntos de células responsáveis pela produção,


pela secreção e pelo controle da liberação de hormônios. Tais células estão
agrupadas em conjuntos conhecidos como ilhotas de Languerrans. Tais ilhotas

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O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

são compostas por diferentes tipos celulares, cada uma produzindo um tipo de
hormônio com função conhecida.

Entre as células e hormônios pancreáticos de maior destaque, podemos citar:

»» as células alfaprodutoras de glucagon;

»» as células betaprodutoras de insulina;

»» as células deltaprodutoras de somatostatina;

»» as células PP produtoras de popipeptídeo pancreático.

Quais as principais funções dos hormônios supracitados?

A manutenção dos níveis de glicemia no organismo é fundamental para a


homeostasia (equilíbrio fisiológico do organismo), pois tais níveis glicêmicos,
além de influenciar diretamente na produção de energia celular, influenciam na
composição, densidade, pressão osmótica e oncótica especialmente nos vasos
sanguíneos de menor calibre, conhecidos como capilares sanguíneos. As alterações
osmóticas e oncóticas nos capilares sanguíneos e no líquido perivascular são
fenômenos que influenciam em alguns tipos de disfunções que ocorrem em órgãos-
alvo da diabetes. Dentre as alterações mais conhecidas que decorrem desses
processos, podemos citar a microangiopatia, ou seja, alterações na microcirculação,
que podem resultar em dificuldades de cicatrização, alterações na função renal,
alterações na microcirculação da retina, alterações na sensibilidade em nervos
periféricos, maior propensão à formação de placas de ateromatosas, entre outras.

Em adição, a manutenção dos níveis glicêmicos estáveis passa por muitas


variáveis, visto que existe uma necessidade constante de energia para os órgãos
e sistemas que são viabilizadas pelo aporte (ingestão) de alimentos. Além disso,
o organismo humano possui algumas formas de armazenamento de energia na
forma de polissacarídeos, glicerídeos e até proteínas. Cabe ressaltar que, caso a
ingestão de energia (calorias) seja superior às necessidades calóricas imediatas,
o organismo poderá sintetizar reservas na forma de glicogênio, triglicerídeos e
proteínas. Quando as necessidades calóricas não estão suprimidas pela ingestão
de alimentos, o organismo pode mobilizar os depósitos de energia por meio do
catabolismo do glicogênio (glicogenólise) com síntese de glicose (gliconeogênese),
quebra de lipídeos (lipólise) e catabolismo proteico.

19
UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

O equilíbrio entre os processos de anabolismo e catabolismo de carboidratos e


demais fontes de energia no organismo humano é coordenado por vias hormonais,
especialmente entre a insulina e o glucagon, sendo a insulina um hormônio
anabólico no sentido das produções de carboidratos de reserva (polissacarídeos
como o glicogênio), ao passo que o glucagon é responsável pela quebra de
polissacarídeos, como o glicogênio, proporcionando o aumento da glicemia.

As células betapancreáticas são as produtoras de insulina, hormônio de natureza


proteica que necessita de endopeptidases dependentes de cálcio para secretar os
seus grânulos secretórios na corrente sanguínea. Entre os principais estímulos
para a secreção de insulina, encontra-se a presença de glicose, aminoácidos, ácidos
graxos sendo processados no aparelho digestório e sendo absorvidos para a corrente
sanguínea, estimulação nervosa especialmente pelo sistema nervoso autônomo
parassimpático e alguns hormônios presentes no trato gastrintestinal (TGI), como
as incretinas. Em contrapartida, entre os principais estímulos para a inibição da
secreção de insulina encontra-se a atividade do sistema nervoso autônomo simpático,
a própria presença da insulina e a redução da atividade do glucagon.

Ações da insulina

De forma simplificada, as ações da insulina podem ser resumidas em duas frentes


principais:

»» redução da captação hepática de glicose: tal resultado se dá por meio da


inibição da gliconeogênese e glicogenólise, assim como da ativação da
glicogênese;

»» aumento da captação periférica de glicose.

»» pesquise a relação do aumento da glicemia com o aumento da


atividade do sistema nervoso autônomo;

»» pesquise a relação entre o aumento da atividade parassimpática e a


redução da glicemia;

»» diferencie: gliconeogênese e glicogênese;

»» diferencie: glicogenolise e glicólise.

20
O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

A insulina apresenta diversas ações fisiológicas em diversas vias, no entanto o


efeito sobre a concentração da glicose é o maior interesse nesse capítulo, e, de
forma simplificada, vamos descrever um dos mecanismos de ação da insulina que
apresenta relação direta com as flutuações nos níveis glicêmicos dos pacientes.

Para realizar as ações supracitadas, a insulina se liga a um receptor de superfície


celular, conhecido como receptor do tipo tirosina quinase.

A ação da insulina na célula inicia-se pela sua ligação ao receptor de membrana


plasmática. Esse receptor está presente em praticamente todos os tecidos dos
mamíferos, mas suas concentrações variam desde 40 receptores nos eritrócitos
circulantes até mais de 200.000 nas células adiposas e hepáticas. O receptor de
insulina é uma glicoproteína heterotetramérica constituída por 2 subunidades
a e duas subunidades b, unidas por ligações dissulfeto. A subunidade a é
inteiramente extracelular e contém o sítio de ligação da insulina. A subunidade
b é uma proteína transmembrana responsável pela transmissão do sinal e
possui atividade tirosina quinase (10). O ATP age como doador de fosfatos, e
a fosforilação ocorre em resíduos tirosina. O mecanismo molecular exato da
ação da insulina é desconhecido, mas parece depender da remoção do efeito
inibitório da subunidade a sobre a atividade da subunidade b do seu receptor.

A insulina induz a autofosforilação do receptor, aumentando a sua capacidade de


fosforilar um ou mais substratos proteicos intracelulares. A fosforilação de seus
substratos dá início a uma série de eventos, incluindo a cascata de reações de fosforilação
e defosforilação que regula os seus efeitos metabólicos e de crescimento.

Como a insulina, por meio da sua ação no receptor, aumenta a captação, utilização
e armazenamento de glicose, ácidos graxos e proteínas a nível intracelular, entre os
seus efeitos práticos encontra-se a redução dos níveis extracelulares (plasmáticos)
de glicose. Mas qual a relevância de todos os mecanismos supracitados? Qual a
relevância de entender essa ação da insulina, do glucagon e entender que existem
vias de regulação de glicemia/ energia tão complexos e de regulação tão fina?

O entendimento dos mecanismos supracitados é a chave para o entendimento das


alterações moleculares que resultam em alterações homeostáticas, que conduzem
o paciente a um quadro patológico, assim como para compreender a lógica dos
tratamentos farmacológicos disponíveis, seus efeitos clínicos e adversos possíveis.

21
UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

Tabela 5. Ações da insulina sobre o metabolismo.

Transporte de glicose para o tecido adiposo e musculoesquelético.


GLUT 4: musculoesquelético e tecido adiposo, sequestrado IC, translocação para a membrana estimulada por
Glicose insulina.
Glicólise (uso da glicose como fonte de energia) e glicogênese (armazenamento de glicose na forma de glicogênio).
Inibição da glicogenólise e gliconeogênese.
Metabolismo de Armazenamento de triglicerídeos.
lipídios Inibição da lipólise.
Metabolismo de Transporte de aminoácidos para o fígado, o musculoesquelético e outras células.
proteínas Síntese proteica – Inibição do catabolismo proteico.
Fonte: Site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Disponível em: <http://www.endocrino.org.br/numeros-
do-diabetes-no-brasil/>. Acesso em: 27 de junho de 2016.

SECREÇÃO DA INSULINA: EFEITO AUTÓCRINO DA INSULINA E MODULAÇÃO POR


ÁCIDOS GRAXOS

Esther P. Haber; Rui Curi; Carla R.O. Carvalho;

Angelo R. Carpinelli

RESUMO: A insulina exerce um papel central na regulação da homeostase da


glicose e atua de maneira coordenada em eventos celulares que regulam os efeitos
metabólicos e de crescimento. A subunidade β do receptor de insulina possui
atividade tirosina quinase intrínseca. A autofosforilação do receptor, induzida
pela insulina, resulta na fosforilação de substratos proteicos intracelulares, como
o substrato-1 do receptor de insulina (IRS1). O IRS-1 fosforilado associa-se a
domínios SH2 e SH3 da enzima PI 3- quinase, transmitindo, dessa maneira, o
sinal insulínico. A insulina parece exercer feedback positivo na sua secreção, pela
interação com seu receptor em células B pancreáticas. Alterações nos mecanismos
moleculares da via de sinalização insulínica sugerem uma associação entre
resistência à insulina e diminuição da secreção deste hormônio, semelhante
ao observado em diabetes mellitus tipo 2. Uma das anormalidades associadas
à resistência à insulina é a hiperlipidemia. O aumento do pool de ácidos graxos
livres circulantes pode modular a atividade de enzimas e de proteínas que
participam na exocitose da insulina. Essa revisão descreve também os possíveis
mecanismos de modulação da secreção de insulina pelos ácidos graxos em
ilhotas pancreáticas.

Unitermos: Ação da insulina. Célula betapancreática. Substratos do receptor de


insulina. Ácidos graxos livres. Resistência à insulina.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v45n3/a03v45n3.


pdf>.

22
O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

Tolerância à glicose

A tolerância à glicose, também conhecida como intolerância, é o estágio intermediário


entre a homeostasia normal da glicose e o diabetes mellitus. Tal condição clínica é
entendida como uma anormalidade na regulação da glicemia no estado pós-sobrecarga.
O diagnóstico dessa condição é feito por meio do teste oral de tolerância à glicose
realizado pela determinação da glicemia em jejum, comparando-se com a glicemia após
duas horas de sobrecarga com 75g de glicose.

Tal condição é também conhecida como pré-diabetes e trata-se da glicemia de jejum


alterada e da tolerância à glicose diminuída. Dessa forma, a pré-diabetes não é
necessariamente uma entidade clínica, mas um fator de risco para o desenvolvimento
do diabetes mellitus e de doenças cardiovasculares.

O teste de tolerância à glicose visa auxiliar no diagnóstico e no direcionamento do


tratamento farmacológico, visto que alguns fármacos podem estimular a secreção de
insulina em pacientes cujas células betapancreáticas estejam funcionando bem ou
agonizar receptores de insulina em pacientes cuja produção ou ação da insulina não
ocorra de forma normal.

A IMPORTÂNCIA DO TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE ORAL NO DIAGNÓSTICO


DA INTOLERÂNCIA À GLICOSE E DIABETES MELLITUS DO TIPO 2 EM MULHERES
COM SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

Ana Gabriela Pontes; Marta Francis Benevides Rehme; Maria Thereza Albuquerque Barbosa
Cabral Micussi; Técia Maria de Oliveira Maranhão; Walkyria de Paula Pimenta; Lídia Raquel de
Carvalho; Anaglória Pontes

RESUMO OBJETIVO: Avaliar a importância do teste de tolerância à glicose oral


(TTGO) no diagnóstico da intolerância à glicose (IG) e diabetes mellitus do tipo
2 (DM-2) em mulheres com SOP. MÉTODOS: Estudo retrospectivo em que foram
incluídas 247 pacientes portadoras de SOP, selecionadas de forma aleatória. O
diagnóstico de IG foi obtido por meio do TTGO de duas horas com 75 gramas
de glicose de acordo com os critérios do World Health Organization (WHO)
(IG: glicemia plasmática aos 120 minutos ≥140 mg/dL e <200mg/dL); e o de
DM-2 tanto pelo TTGO (DM: glicemia plasmática aos 120 minutos ≥200 mg/
dL) quanto pela glicemia de jejum segundo os critérios da American Diabetes
Association (glicemia de jejum alterada: glicemia plasmática ≥100 e <126 mg/dL;
DM: glicemia de jejum ≥126 mg/dL). Para comparar o TTGO com a glicemia de
jejum, foi aplicado o modelo de regressão logística para medidas repetidas. Para
a análise das características clínicas e bioquímicas das pacientes com e sem IG
e/ou DM-2, foi utilizada a ANOVA seguida do teste de Tukey. O valor p < 0,05 foi

23
UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

considerado estatisticamente significante. RESULTADOS: As pacientes com SOP


apresentaram média etária de 24,8±6,3 e índice de massa corpórea (IMC) entre
18,3 e 54,9 kg/m² (32,5±7,6). O percentual de pacientes obesas foi de 64%, de
sobrepeso 18,6%, e peso saudável 17,4%. O TTGO identificou 14 casos de DM-2
(5,7%), enquanto a glicemia de jejum detectou somente três casos (1,2%), sendo
que a frequência destes distúrbios foi maior com o aumento da idade e IMC.
CONCLUSÕES: Os resultados do presente estudo demonstram a superioridade
do TTGO em relação à glicemia de jejum em diagnosticar DM-2 em mulheres
jovens com SOP e deve ser realizado neste grupo de pacientes.

Palavras-chave: Diabetes mellitus. Intolerância à glucose/diagnóstico. Obesidade.


Síndrome do ovário policístico.

Leita o texto na integra em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v34n3/a07v34n3>.

Valores de glicemia e monitoramento

Os valores glicêmicos por si não determinam o diagnóstico da diabetes; no entanto,


são ferramentas auxiliares indispensáveis para isso. É importante ressaltar que as
alterações glicêmicas somadas ao quadro clínico e sintomatológico do paciente vão
permitir o diagnóstico correto assim como a intensidade e necessidade do tratamento
farmacológico, quando for o caso.

As diretrizes brasileiras para tratamento de diabetes preconizam os valores glicêmicos


normais e alterados nas condições de jejum, após o teste de tolerância à glicose e em
situações casuais.

Tabela 6. Valores de glicose plasmática para diagnóstico de diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos.

Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos
Categoria Jejum* Duas horas após 75g de Casual
glicose
Glicemia normal Menor que 100 Menor que 140 -
Tolerância à glicose diminuída Maior que 100 a menor que 126 Igual ou superior a 140 a menor -
que 200
Diabetes mellitus Igual ou superior a 126 Igual ou superior a 200 Igual ou superior a 200 (com
sintomas clássicos)***
* Define-se jejum como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, 8 horas.
* O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas. **Glicemia plasmática casual é aquela
realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição. ***Os sintomas clássicos de DM
incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.
Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição dos testes em outro dia, a menos que haja
hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-KKMHVltjbLk/VGXzcs0yeaI/AAAAAAAACDk/a4KWDYTj60U/s1600/valores%2Bde%2Bglicose%2Bp
ara%2Bdiagn%C3%B3stico%2Bde%2Bdiabetes.JPG>.

24
O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

Valores glicêmicos e categorização: a análise em jejum é a mais utilizada na prática


clínica e preconiza a glicemia normal inferior a 100mg/dl, valores entre 100 e 126mg/
dl sugerem tolerância à glicose diminuída, ao passo que valores superiores a 126 mg/dl
sugerem diabetes mellitus.

CONTRIBUIÇÃO DA GLICEMIA PÓS-DESJEJUM PARA O CONTROLE GLICÊMICO


DO PACIENTE COM DIABETES MELITO TIPO 2

Maria Salete Sartori; Flávio Ferrari Aragon; Carlos Roberto Padovani;

Walkyria de P. Pimenta

RESUMO: Estudos epidemiológicos observaram que glicemias pós-prandiais


(GPPs) elevadas são fator principal na ocorrência de doenças cardiovasculares.
Sabe-se que a hemoglobina glicada (HbA1C) reflete a glicemia média dos
últimos 2-3 meses, entretanto é controversa a contribuição relativa da glicemia
de jejum (GJ) e GPP para o valor da HbA1C. OBJETIVO: Avaliar a contribuição da
GJ e GPPs para o valor da HbA1C em pacientes com diabetes melito tipo 2 (DM2).
MÉTODOS: Participaram 53 indivíduos com DM2, estáveis e em tratamento com
antidiabéticos orais (n= 27) e/ou insulina (n= 26). Cada paciente comparecia a
3 visitas a intervalos de 2 meses. Em cada visita era medida a GJ, as GPPs (2h
pós-desjejum: GPD e pós-almoço: GPA) e a HbA1C, sendo fornecido o desjejum
e o almoço segundo seus hábitos alimentares. Mediu-se a glicose plasmática
pela glicoseoxidase e a HbA1C, pela cromatografia de troca iônica. Realizou-se
a análise das associações pelo coeficiente de correlação de Spearman, com P<
0,05. RESULTADOS: A HbA1C correlacionou-se melhor em cada visita ao longo
do estudo com a GPD (r: 0,66–0,48), a glicemia média (r: 0,64–0,41), a área abaixo
da curva glicêmica (r : 0,64–0,46) e a GPP média (r: 0,59–0,41). CONCLUSÕES:
A GPD mostrou-se um parâmetro eficaz adicional no monitoramento glicêmico
dos pacientes com DM2 (Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2006;50/1:53-59).

Descritores: Glicemia pós-prandial. Glicemia pós-desjejum. Hemoglobina


glicada. Diabetes melito tipo 2.

Leita o texto na íntegra disponível em: <https://repositorio.unesp.br/


handle/11449/11296>.

O monitoramento de pacientes suspeitos ou com diagnóstico de diabetes mellitus


também pode ser feito utilizando outro parâmetro, como a hemoglobina glicada;
tal marcador reflete a glicemia média do paciente durante 2 a 3 meses anteriores. É
importante que a dosagem da hemoglobina glicada seja realizada pelo menos duas vezes
ao ano em pacientes diabéticos e a cada três meses em pacientes que se submeteram

25
UNIDADE I │ O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO

a alterações do esquema terapêutico ou cujo tratamento atual não esteja atingindo os


objetivos propostos.

A sociedade brasileira de diabetes preconiza uma comparação entre os níveis de


hemoglobina glicada e os níveis médios de glicemia dos últimos dois a três meses
anteriores ao teste, sendo que o teste de glicemia revela o nível glicêmico instantâneo
ou atual, ao passo que a hemoglobina glicada revela a glicemia média pregressa ou o
saldo médio dos últimos meses.

Tabela 7. Correlação dos níveis de hemoglobina glicada e os níveis médios de glicemia.

Correlação dos níveis de hemoglobina glicada e os níveis médios de glicemia dos últimos dois a três meses
anteriores ao teste
Nível de hemoglobina Glicemia média Nível de hemoglobina Glicemia média
glicada (%) correspondente (mg/dl) glicada (%) correspondente (mg/dl)
5 100 9 240
6 135 10 275
7 170 11 310
8 205 12 345
Fonte: <https://slideplayer.com.br/slide/87876/1/images/4/Diagn%C3%B3stico+e+acompanhamento+do+diabetes.jpg>.

Níveis de hemoglobina glicada e a glicemia: a imagem acima faz a correlação entre


os valores de hemoglobina glicada e glicemia, sendo a hemoglobina glicada até 5%
correspondente a valores médios de 100mg/dl. À medida que os valores de hemoglobina
glicada vão subindo, os valores de glicemia correspondente também sobem.

EXPERIÊNCIAS, NECESSIDADES E EXPECTATIVAS DE PESSOAS COM DIABETES


MELLITUS.

SILVA, J.A., et al, Rev. Bioét. vol. 26 nº 1 Brasília Jan./Mar. 2018.

RESUMO: Este estudo tem como objetivo identificar as experiências,


necessidades e expectativas dos sujeitos com diabetes, a partir da perspectiva
da autonomia para a promoção da saúde. Trata-se de estudo exploratório-
descritivo, qualitativo, aplicado na Estratégia Saúde da Família no Rio Grande
do Norte. Participaram de três rodas de conversa 44 pessoas. Os dados foram
submetidos à análise temática de conteúdo e geraram as categorias: “reconhecer
os direitos e as responsabilidades”; “ser capaz de decidir com responsabilidade”;
e “protagonismo dos sujeitos”. São descritas experiências, necessidades e
expectativas dos sujeitos com diabetes sobre autonomia, autocuidado e
qualidade de vida, para fazer levantamento, junto com os entrevistados, sobre
aspectos que propiciem construir propostas de ação para promover a saúde.

26
O DIABETES E O METABOLISMO GLICÍDICO │ UNIDADE I

Conclui-se que é necessário analisar a promoção da saúde na perspectiva da


autonomia, considerando o respeito pelas escolhas das pessoas com diabetes.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/bioet/v26n1/1983-8042-


bioet-26-01-0095.pdf>.

PRÁTICAS EDUCATIVAS NO PACIENTE DIABÉTICO E PERSPECTIVA DO


PROFISSIONAL DE SAÚDE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Iquize, R. C. C., et al., J. Bras. Nefrol. (2017)

RESUMO: Esta revisão sistemática procurou identificar a produção científica


multiprofissional, que aborde fatores para o adequado manejo do diabetes
mellitus com enfoque na educação em saúde, na perspectiva do paciente e
do profissional. O objetivo foi sintetizar o conhecimento produzido e apontar
suas implicações na prática do atendimento ao doente. Foi realizada uma
busca nas bases de PubMed, Medline, Scopus, Lilacs e Bireme. Os programas
de intervenção apresentam metodologias e estruturas distintas, embora a base
teórica seja a educação para autogestão. As metodologias de avaliação da eficácia
dos programas educativos incidiram no número de adesões e permanência
nos grupos. Alguns estudos também avaliaram parâmetros psicológicos,
fisiopatológicos e sociais. Os resultados mostram ganhos qualitativos no
autocuidado, na humanização do atendimento, e na qualidade de vida dos
pacientes. As evidências apontam que parece haver uma resposta positiva aos
programas de intervenção quando comparados os parâmetros fisiológicos,
psicológicos, educativos e sociais, iniciais e finais dos estudos.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/jbn/v39n2/pt_0101-2800-


jbn-39-02-0196.pdf>.

27
O DIABETES E AS UNIDADE II
TERAPIAS

CAPÍTULO 1
Terapia

Classificação

A classificação atual do DM baseia-se na etiologia, e não no tipo de tratamento.


Portanto, os termos “DM insulinodependente” e “DM insulinoindependente” devem
ser eliminados dessa categoria classificatória, visto que, dependendo das necessidades
dos pacientes e do curso das terapias vigentes, o uso de insulinas ou de medicamentos
hipoglicemiantes pode ser associado.

Estilo de vida

O estilo de vida de cada paciente é bastante subjetivo. No entanto, algumas ações


podem facilitar e otimizar os tratamentos propostos ou em curso, como:

»» diminuir a ingestão de carboidratos processados;

»» reduzir a ingestão total de calorias;

»» aumentar a atividade física e praticar exercícios físicos regularmente;

»» evitar o tabagismo e etilismo crônico;

»» acompanhar e monitorar outros tratamentos farmacológicos em curso,


visto que interações medicamentosas e antagonismos clínicos com
certas classes de medicamentos ocorrem com certa frequência.

28
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

PERFIL SOCIOSSANITÁRIO E ESTILO DE VIDA DE HIPERTENSOS E/OU


DIABÉTICOS, USUÁRIOS DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO
DE TEIXEIRAS, MG
Rosângela Minardi Mitre Cotta, Kelly Cristina Siqueira Batista,

Roberta Sena Reis, Gisele Adriana de Souza, Glauce Dias,

Fátima Aparecida Ferreira de Castro, Rita de Cássia Gonçalves Alfenas

RESUMO: O objetivo deste estudo foi traçar o perfil sociossanitário e estilo de


vida da população hipertensa e/ou diabética do município de Teixeiras (MG).
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas nos domicílios de hipertensos
e/ou diabéticos cadastrados no Programa de Saúde da Família de Teixeiras
(MG), selecionados aleatoriamente. Foram entrevistados 150 hipertensos
(10,33% da população hipertensa) e 30 diabéticos (15% da população
diabética), havendo uma predominância de indivíduos idosos (idade
média=63,59 + 13,12 anos), do sexo feminino (74,4%), de baixa escolaridade
(40,9% de analfabetismo) e de baixa renda (mediana de 0,5 salário mínimo).
O tratamento dessas morbidades foi basicamente medicamentoso (96,6%);
houve uma elevada prevalência do sedentarismo (67,4%). Além disso, houve
um grande consumo per capita diário de açúcar (153g + 110,66g), sal (18g
+ 21,26g) e óleo (60g + 43,23g). Os resultados obtidos apontam para a
importância de intervenções multiprofissionais, por meio do Programa de
Saúde da Família, com o objetivo de promover a adoção de hábitos e estilos
de vida saudáveis, prevenir complicações dessas doenças e proporcionar
melhoria da qualidade de vida.

Palavras-chave: Estilo de vida. Hipertensão. Diabetes. Saúde da família.

Leia o texto na íntegra em: <https://www.scielosp.org/pdf/csc/2009.v14n4/1251-


1260/pt>.

Fisiopatologia e relação com o tratamento

Para compreendermos melhor os tratamentos farmacológicos e as estratégias de


prevenção de lesões em órgãos-alvo da diabetes, é importante revisarmos alguns
aspectos relacionados à fisiopatologia e etiologia dos distintos tipos de diabetes
mellitus.

O diabetes mellitus tipo 1 normalmente acomete de 5% a 10% dos pacientes diabéticos


totais, sendo a predisposição e a alta incidência em crianças e adolescentes mesmo
não obesos uma característica típica dessa patologia. No tocante aos aspectos
fisiológicos e que são relevantes para a decisão terapêutica, a deficiência na secreção

29
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

de insulina é a mais marcante. As principais causas conhecidas para a deficiência


supracitada são:

»» destruição das células betapancreáticas;

»» doenças autoimunes;

»» agressões externas causadas por agentes químicos ou vírus (caxumba,


rubéola, corcsarkie, echo);

»» deficiência absoluta na secreção de insulina;

»» causas idiopáticas (sem marcadores).

Cabe ressaltar que a taxa de destruição das células beta é variável, sendo, em
geral, mais rápida e intensa em crianças, ao passo que nos adultos a forma latente
e progressiva é mais frequente – tal forma é conhecida como diabetes autoimune
latente do adulto.

NEM TODA CRIANÇA DIABÉTICA É TIPO 1

Thais Della Manna

RESUMO: Objetivo: Apesar de o diabetes melito tipo 1 de origem autoimune ser


o mais prevalente na infância e adolescência, outras formas de diabetes também
podem acometer essa população, implicando em prognóstico e tratamentos
diferentes. Fontes dos dados: Foram utilizadas informações por meio de revisão
bibliográfica realizada por busca direta de artigos científicos nas bases de
dados Medline e Lilacs, além de publicações clássicas referentes ao tema, sendo
escolhidas as mais representativas. SÍNTESE DOS DADOS: Este artigo discute os
mecanismos fisiopatológicos, quadro clínico e tratamento das diversas formas
de diabetes que acometem a faixa etária pediátrica, como diabetes melito tipo
1, diabetes melito tipo 2, diabetes do tipo maturity-onset diabetes of youth,
diabetes neonatal, diabetes mitocondrial, diabetes da lipodistrofia generalizada,
diabetes secundário a outras pancreatopatias, diabetes secundário a outras
endocrinopatias, diabetes associado a infecções e drogas citotóxicas e diabetes
relacionado a algumas síndromes genéticas. CONCLUSÃO: O reconhecimento
do mecanismo fisiopatológico primário da forma de diabetes apresentada
pode orientar seu tratamento específico, otimizando seu controle metabólico e
minimizando suas complicações em longo prazo.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.jped.com.br/conteudo/07-83-S178/


port.asp>.

30
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Sintomas: Diabetes tipo 1

O início abrupto da diabetes tipo 1 resulta em uma série de sintomas decorrentes


de alterações glicêmicas, e tais alterações não resultam apenas em mudanças de
natureza energética ou metabólica, mas também em de natureza osmótica. Em
seguida, vamos listar as principais e mais conhecidas variações fisiológicas.

Glicosúria: a glicosúria é a presença de glicose na urina, que ocorre devido ao


fato de que a reabsorção tubular de glicose nos néfrons apresenta um caráter de
saturação, ou seja, em média os rins conseguem reabsorver a glicose nos túbulos
renais até um limite de 180mg/dl e, a partir dessa concentração, a glicose começa
a ser excretada na urina. A depuração da glicose na urina não ocorre em pacientes
não diabéticos ou diabéticos com a doença controlada, e, dessa forma, o excesso
de glicose que está sendo eliminada acaba influenciando maior fluxo osmótico. O
resultado dessa alteração é que o paciente elimina glicose e maior volume de água
na urina.

Poliúria: A poliúria é o resultado da glicosúria em função das alterações osmóticas


supracitadas e, com isso, o paciente tende a desidratar com maior facilidade, o que
resulta em maior sede e ingestão de líquido (polidipsia).

Polifagia: A polifagia é o fato de aumentar a ingestão de alimentos ou comer mais.


Mas o paciente não apresenta maior concentração de glicose na corrente sanguínea?
Então porque ele tende a comer mais? Pelo fato de a glicose sanguínea ter dificuldade
em adentrar nas células consumidoras, o organismo erroneamente sente falta de
alimento, e, dessa forma, o indivíduo procura maior aporte de alimentos.

Fadiga: A falta de glicose nas células musculares em função da dificuldade de


transporte mediado pela insulina pode resultar em fadiga precoce e, no caso das
crianças, pode ocorrer dificuldades de crescimento.

Cetoacidose diabética (CAD): Trata-se de uma condição metabólica resultante do


maior catabolismo de lipídios. Tal catabolismo ocorre devido a maior dificuldade
da glicose adentrar nas células consumidoras e, com isso o organismo aumenta
vias de produção de ATPs à custa de maior catabolismo de lipídios, resultando
em maior produção de acetona e acetato. O excesso de acetona e acetato pode ser
bastante prejudicial visto que reduzem o pH sanguíneo e indiretamente alteram a
atividade de incontáveis vias metabólicas.

31
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

CETOACIDOSE OACIDOSE DIABÉTICA EM CRIANÇAS CRIANÇAS: PERFIL DE


TRATAMENTO EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Lelma Castro, André Moreno Morcillo, Gil Guerra-Júnior

RESUMO OBJETIVO: Avaliar as características de crianças com cetoacidose


diabética (CAD) tratadas no Hospital de Clínicas da UNICAMP. MÉTODOS: Estudo
retrospectivo e descritivo de variáveis clínicas e laboratoriais de 74 internações
por CAD em 49 pacientes no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2003.
RESULTADOS: Doze pacientes tiveram mais de uma internação, 27 eram do sexo
feminino e a idade variou de 0,9 a 14,5 anos. O tempo médio de DM1 foi de 3 ± 3,1
anos, sendo em 20 casos a primeira manifestação do DM1. A CAD foi classificada
em grave em 51% e moderada em 30%, 17 apresentaram choque e 13 coma
na admissão. O tempo decorrido para a normalização da glicemia, do pH e do
bicarbonato apresentou correlação significativa positiva com o valor inicial. Em
apenas três internações foi usado o bicarbonato endovenoso. O potássio inicial
variou de 3,1 a 5,9 mEq/l, sendo 8% com valores abaixo de 3,5 e 62% acima de
4,5. A hipoglicemia ocorreu em 10 internações e o edema cerebral com óbito em
uma. O tempo total de tratamento correlacionou-se significativamente com o
tempo de fluidoterapia, o local de internação e o tempo para normalização do
pH. CONCLUSÃO. Na amostra estudada, houve predomínio de pacientes do sexo
feminino, abaixo de 10 anos, com manifestação grave da doença, porém com
boa evolução e poucas complicações. As internações corresponderam, em sua
maioria, a um pequeno número de pacientes.

Unitermos: Acidose. Cetose. Diabetes mellitus. Glicemia. Pediatria. Potássio.

Leia o texto na íntegra em: <https://www.researchgate.net/profile/Gil_Guerra-


Junior/publication/245846603_Cetoacidose_diabetica_em_criancas_perfil_
de_tratamento_em_hospital_universitario/links/545205190cf24884d8872f6e.
pdf>.

Forma mais frequente de DM1, a DM1 Tipo 1A é confirmada pela positividade de


um ou mais autoanticorpos. Em diferentes populações, descreve-se forte associação
com antígeno leucocitário humano (human leukocyte antigen, HLA) DR3 e
DR4. Embora sua fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além da
predisposição genética, fatores ambientais que desencadeiam a resposta autoimune.
Entre as principais exposições ambientais associadas ao DM1, estão infecções virais,
componentes dietéticos e certas composições da microbiota intestinal.

32
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Os marcadores conhecidos de autoimunidade são: anticorpo anti-ilhota (islet cell


antibody, ICA), autoanticorpo anti-insulina (insulin autoantibody, IAA), anticorpo
antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65), anticorpo antitirosina-fosfatase
IA-2 e IA-2B e anticorpo antitransportador de zinco (Znt8).

Geralmente, esses autoanticorpos precedem a hiperglicemia por meses a anos,


durante um estágio pré-diabético. Quanto maior o número de autoanticorpos
presentes e mais elevados seus títulos, maior a chance de o indivíduo desenvolver
a doença. Na fase clinicamente manifesta do DM1, o início é, em geral, abrupto,
podendo ser a cetoacidose diabética a primeira manifestação da doença em um terço
dos casos. Embora a maioria dos pacientes com DM1 tenha peso normal, a presença
de sobrepeso e obesidade não exclui o diagnóstico da doença.

Aproximadamente 86 mil crianças desenvolvem DM1 anualmente. Sem insulina


disponível, a expectativa de vida dessas crianças é muito curta. O Brasil, atualmente,
está em terceiro lugar entre os dez países com maior índice de crianças com DM1,
perdendo apenas para os Estados Unidos e a Índia.

Para o tratamento de crianças e adolescentes portadores de DM1, deve-se considerar


algumas características, como:

»» faixa etária;

»» mudança na sensibilidade à insulina relacionadas à maturidade sexual;

»» capacidade de iniciar o autocuidado;

»» vulnerabilidade neurológica à hipoglicemia e hiperglicemia;

»» cetoacidose Diabética (CAD).

Devido às características da DM1, o tratamento medicamentoso é feito com a


reposição de insulina, utilizando esquemas e preparações variados, além das “metas
glicêmicas” pré e pós-prandiais. Em todas as faixas etárias, essa reposição de insulina,
deve tentar atingir o índice glicêmico mais próximo possível dos índices fisiológicos.

A cetoacidose diabética (CAD) é uma condição de grave descompensação metabólica,


devendo ser tratada em ambiente hospitalar. A depender do serviço, de 25% a 67% dos
casos de DM1 na infância ainda são diagnosticados na vigência de CAD.

O DM1 é bem mais frequente na infância e na adolescência, mas pode ser


diagnosticado em adultos, que podem desenvolver uma forma lentamente
progressiva da doença, a Lada.

33
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

Tabela 8. Estágios do DM tipo 1 e suas características.

Estágios
1 2 3
Autoimunidade Anticorpos positivos Anticorpos positivos Anticorpos positivos
Normoglicemia: glicemia de jejum, Disglicemia: níveis glicêmicos Hiperglicemia evidente e de início
TOTG e HbA1c normais alterados, compatíveis com pré- recente, critérios clássicos para
Níveis glicêmicos diabetes (jejum entre 100 e 125 mg/ diagnóstico de DM (glicemia de jejum
para diagnóstico dL, 2 horas no TOTG entre 140 e ≥ 126mg/dL, 2 horas no TOTG ≥
199mg/dL, ou HbA1c entre 5,7 e 200mg/dL, ou HbA1c ≥ 6,5%*)
6,4%)
Sintomas Ausentes Ausentes Presentes
HbA1c: hemoglobina glicada; TOTG: teste oral de tolerância à glicose; DM: diabetes mellitus.
* Em pacientes sintomáticos, deve-se preferir diagnóstico pelas dosagens diretas de glicemia em vez de determinação de
HbA1c.
Fonte: American Diabetes Association (2017, Insel et al., 2015)

De forma simples e objetiva, o tratamento da diabetes tipo 1, na maior parte das


vezes, é feito com reposição de insulina; no entanto, tal reposição não simula
com perfeição a secreção normal desse hormônio em condições homeostáticas.
Para minimizar os impactos de flutuações bruscas nos valores glicêmicos, foram
desenvolvidos diferentes tipos de insulinas, que variam em potência, intensidade e
duração de efeito. As diferentes insulinas disponíveis no mercado serão estudadas
com detalhes no próximo capítulo dessa unidade.

AS DEMANDAS DE CUIDADO DAS CRIANÇAS COM DIABETES MELLITUS TIPO 1


Aline Cristiane Cavicchioli Okido; Aline de Almeida; Mahyra Medeiros Vieira;

Eliane Tatsch Neves; Débora Falleiros de Mello;

Regina Aparecida Garcia Lima

RESUMO: Conhecer a experiência de famílias no cuidado às crianças com


diabetes mellitus tipo 1. Estudo descritivo e exploratório com abordagem
qualitativa. Para a produção do material empírico, desenvolveu-se entrevista
aberta com 13 familiares. A análise ocorreu segundo o processo de análise
de conteúdo do tipo temática indutiva. Utilizou-se o referencial do Cuidado
Centrado na Família como condutor da análise. Foram categorizados em
dois temas: a família diante da demanda de cuidado habitual modificado e a
insulinoterapia no cotidiano das famílias. Conclui-se que o tempo de vivência
com a doença aliado às estruturas de apoio, o empenho e a perseverança
das famílias potencializam o manejo da doença crônica na infância. Sugere-se
a reorganização dos serviços de saúde buscando o desenvolvimento de um
cuidado pautado na concepção de cuidado centrado na família.

Palavras-chave: Enfermagem Pediátrica. Família. Diabetes mellitus Tipo 1.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v21n2/1414-8145-


ean-21-02-e20170034.pdf>.

34
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Sintomas: Diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 é entendido como uma síndrome complexa. Sendo assim,


partindo do pressuposto que toda síndrome é um conjunto de sinais e sintomas
que conduzem o paciente a uma condição patológica, merece tanta atenção e
cuidado como o diabetes tipo1.

Esse tipo de diabetes está presente em 90% a 95% dos pacientes diabéticos, e,
entre as suas principais características, encontra-se a resistência insulínica e as
deficiências na secreção da insulina.

Como tal condição é uma mescla de fatores genéticos (primários) e ambientais, os


pacientes acometidos em geral apresentam características como obesidade, idade um
pouco mais avançada, vida sedentária, que, somadas a hipertensão arterial sistêmica
e dislipidemias, resultam em síndrome metabólica.

Dentre os principais sinais e sintomas que acompanham pacientes com diabetes tipo
2, podemos destacar:

»» poliúria;

»» polidipsia;

»» turvação visual;

»» maior propensão a infecções cutâneas;

»» maior propensão à candidíase;

»» aantose nigricans: doença de pelo, caracterizada por hiperqueratose


(excesso de queratina) e hiperpigmentação (lesões de cor cinza e
engrossadas, que dão aspecto verrugoso) frequentemente associada a
obesidade e endocrinopatias.

DIABETES MELITO: HIPERGLICEMIA CRÔNICA E SUAS COMPLICAÇÕES

Leandro Tadeu Ferreira; Israel Hideo Saviolli;

Vitor Engrácia Valenti; Luiz Carlos de Abreu

RESUMO INTRODUÇÃO: O termo diabetes melito descreve uma desordem


metabólica de múltipla etiologia, caracterizado por hiperglicemia crônica
decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insulina. O diabetes melito é
classificado em tipo 1 e 2, diabetes gestacional e outros tipos. A hiperglicemia

35
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

crônica é o fator primário desencadeador das complicações do diabetes


melito. OBJETIVO: Descrever os mecanismos fisiopatológicos das complicações
crônicas e dos distúrbios metabólicos decorrentes da hiperglicemia. MÉTODOS:
Foram consultadas as bases de dados do SciELO, Lilacs e Medline. As consultas
incluíram artigos registrados entre 1999 e 2010, nas línguas portuguesa e
inglesa. RESULTADOS: A hiperglicemia promove a formação dos produtos de
glicação avançada (AGEs), responsáveis por complicações macrovasculares.
A insulinopenia estimula a secreção de hormônios contrainsulínicos como
glucagon, cortisol, catecolaminas e hormônio do crescimento. Iniciam-se
processos catabólicos (lipólise e proteólise). Ácidos graxos são captados pelas
células hepáticas. Ocorre síntese de acetil-Coa que é convertida em corpos
cetônicos. A retenção de corpos cetônicos no plasma provoca acidose metabólica.
Alterações na fisiologia ocular são derivadas da opacificação do cristalino e de
modificações vasculares retinianas. Nefropatia diabética é a complicação crônica
microvascular que compromete a função renal por aumento da membrana basal
glomerular. A neuropatia diabética envolve a ativação da via do poliol, a síntese
de AGEs e a redução do fluxo sanguíneo neural. CONCLUSÃO: A patogênese das
alterações fisiológicas e metabólicas decorrentes da hiperglicemia compreende
mecanismos fisiológicos, biológicos e bioquímicos que afetam a qualidade de
vida do organismo.

Palavras-chave: Diabetes mellitus. Hiperglicemia. Complicações do diabetes.


Cetoacidose diabética.

Leia o texto na íntegra em: <https://portalnepas.org.br/abcs/article/view/59/58>.

Fatores de risco e prevenção


Os principais fatores de risco associados ao surgimento de diabetes tipo 2 são
obesidade, uso de medicamentos hiperglicemiantes, como os glicocorticoides,
diuréticos tiazídicos e betabloqueadores, e diabetes gestacional prévio. No tocante
à prevenção, não existe até o momento alguma prevenção específica para a diabetes
tipo 1. No entanto, existem evidências de que a redução do peso pode também reduzir
a incidência de diabetes melittus tipo 2.

LEVANTAMENTO DOS FATORES DE RISCO PARA DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM


UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

Maria Carolina Alves Ortiz; Maria Lúcia Zanetti

RESUMO: O aumento da expectativa de vida da população, a diminuição da


atividade física e o aumento da ingesta calórica exercem importante papel
no aparecimento do diabetes na população. Assim, o objetivo deste estudo

36
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

é identificar os fatores de risco para o diabetes mellitus tipo 2, em 99 sujeitos


de instituição de ensino, em uma cidade do interior paulista. Os resultados
permitiram-nos concluir que: 51,5% dos sujeitos estão com sobrepeso ou
obesos; 51,5% têm antecedentes hereditários; 70% não realizam atividades
físicas regularmente; 68% sentem-se estressados no trabalho; e 6% apresentam
níveis pressóricos alterados. Os resultados indicam a necessidade de programa
educativo junto às instituições, visando despertar nos sujeitos a necessidade
de buscar estilos de vida saudáveis a fim de prevenir os fatores de risco para o
diabetes tipo 2.

Unitermos: Diabetes mellitus tipo 2. Fatores de risco. Enfermagem.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n3/11499>.

Complicações crônicas

Entre os principais motivos para tratamento do diabetes, além das complicações


agudas, encontram-se as complicações crônicas, ou seja, as lesões em órgãos-alvo da
diabetes como:

»» Pé diabético: com prevalência de 5% a 10% dos pacientes descompensados,


tal complicação é responsável por 87% dos casos de amputação não
traumática.

Figura 1. Neuropatia Diabética, pé diabético.

Fonte: <http://www.scielo.mec.pt/img/revistas/rpc/n27/n27a05f9.jpg>.

37
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

»» Pé diabético: condição clínica com prevalência de 5% a 10% dos


pacientes acometidos pelo diabetes. O pé diabético é caracterizado
pela dificuldade de cicatrização, em que pequenos machucados sofrem
infecções e se tornam lesões infeccionadas de caráter crônico.

»» Retinopatia diabética: tal complicação apresenta grande relevância


clínica, pois é a principal causa de cegueira entre os pacientes acometidos
pelo diabetes.

»» Retinopatia diabética: condição clínica caracterizada por alterações


vasculares e hiperemia que resultam em pequenas hemorragias e
exsudatos inflamatórios. Tal condição provoca lesões na retina, podendo
levar o paciente a cegueira.

FATORES DE RISCO PARA RETINOPATIA DIABÉTICA

Jorge Freitas Esteves; Andréia Ferreira Laranjeira; Murilo Felix Roggia; Pizzol Dall; Melissa
Manfroi; Caio Augusto Scocco; Caroline Kaercher Kramer; Mirela Jobim de Azevedo; Luis
Henrique Santos Canani

RESUMO: A retinopatia diabética (RD) acomete cerca de 95% dos pacientes


com diabetes melito tipo 1 (DM1) e 60% dos pacientes com diabetes
melito tipo 2 (DM2), sendo a principal causa de cegueira legal em adultos.
O objetivo desse manuscrito foi revisar os principais fatores de risco para
RD. Os fatores de risco ambientais mais importantes são a hiperglicemia
sustentada, os valores elevados de pressão arterial e a longa duração de
DM. Entretanto, nem todos os pacientes desenvolvem RD, o que sugere
a presença de fatores genéticos, em especial para as formas graves de RD.
Diferentes estratégias têm sido utilizadas para avaliar o papel da genética
na RD. Estudos de famílias demonstraram agregação familiar de RD. Genes
candidatos têm sido estudados (RAGE; VEGF; PPAR-δ; ICAM-1; ECA; ENPP 1;
eNOS), observando-se associações positivas ou negativas com a RD. Também
alguns cromossomos, em populações selecionadas, foram associados à RD.
Finalmente, estudos de expressão genética reforçam a associação de genes
candidatos, ou determinam a participação de outros, com a presença da RD. A
RD é uma complicação frequente do DM e, junto com os fatores não genéticos
ou ambientais, a identificação de genes relacionados à RD poderá resultar
tratamentos mais específicos e eficazes para a RD

Leia o texto na íntegra em: <https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/40043>.

38
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

FATORES ASSOCIADOS À ULCERAÇÃO NOS PÉS DE PESSOAS COM DIABETES


MELLITUS RESIDENTES EM ÁREA RURAL

Silva, J. M. T. S., et al.

RESUMO: Objetivo: Analisar os fatores associados ao risco de ulceração nos pés


de pessoas com diabetes mellitus residentes em área rural. Métodos: Estudo
transversal realizado com 293 pessoas com diabetes mellitus, com 40 anos ou
mais, residentes em município do sul do Brasil, em 2014. Analisou-se variáveis
socioeconômicas, clínicas e o autocuidado com os pés. Utilizou-se o modelo
de regressão múltipla de Poisson e, como medida de associação, a Razão de
Prevalência (RP) e p-valor < 0,05. Resultados: 43,7% da amostra apresentou
risco de ulceração nos pés. A maior prevalência desse risco foi associada a
pessoas com menor poder aquisitivo (RPajustada=1,62/IC95%:1,52-2,22),
retinopatia (RPajustada=1,30/IC95%:1,12-1,68) e alteração na umidade dos pés
(RPajustada=1,57/IC95%:1,22-2,01). Identificou-se baixa escolaridade (64,2%),
alta prevalência de hipertensão arterial (86,3%) e onicomicose nos pés (72%).
Conclusões: Pessoas com diabetes necessitam de avaliação do risco de ulceração
nos pés, principalmente, os com maior tempo de diagnóstico, complicações
crônicas e baixo nível socioeducacional.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v38n3/0102-6933-


rgenf-38-3-e68767.pdf>.

Diabetes Gestacional (DMG)

A gestação consiste em condição diabetogênica, uma vez que a placenta produz


hormônios hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina, com
consequente aumento compensatório na produção de insulina e na resistência à
insulina, podendo evoluir com disfunção das células β.

Trata-se de uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se iniciou


durante a gestação atual, sem ter previamente preenchido os critérios diagnósticos
de DM. O DMG traz riscos tanto para a mãe quanto para o feto e o neonato, sendo
geralmente diagnosticado no segundo ou terceiro trimestre da gestação. Pode ser
transitório ou persistir após o parto, caracterizando-se como importante fator de
risco independente para desenvolvimento futuro de DM2. A prevalência varia de 1%
a 14%, a depender da população estudada e do critério diagnóstico adotado. Vários
fatores de risco foram associados ao desenvolvimento de DMG.

39
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

Tabela 9. Fatores de risco para DMG.

»» Idade materna avançada.


»» Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual.
»» Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG.
»» Síndrome de ovários policísticos.
»» Baixa estatura (inferior a 1,5m).
DMG: diabetes mellitus gestacional
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015).

DIABETES GESTACIONAL: UMA DOENÇA, DUAS GERAÇÕES, VÁRIOS PROBLEMAS

Joana Queirós; Ângela Magalhães; José Luís Medina

RESUMO: A Diabetes Gestacional representa aproximadamente 90% de todas


as gravidezes complicadas por Diabetes e está associada a complicações
maternas e a um aumento de morbilidade e mortalidade fetais. No nosso país,
o rastreio deste tipo de Diabetes é universal. Apesar de todas as controvérsias
no que se refere ao rastreio e diagnóstico da DG, existe um consenso sobre
a necessidade de controlo glicémico apertado (com dieta e, eventualmente,
insulinoterapia) para melhorar o prognóstico. O acompanhamento das
grávidas deve ser efetuado por uma equipe multidisciplinar especificamente
vocacionada e com experiência nessa patologia. A terapêutica da grávida
com DG tem várias vertentes que incluem tanto medidas farmacológicas,
como as relacionadas com a nutrição, educação e programação da atividade
física. De 6 a 8 semanas após o parto, deverá ser efetuada uma PTOG com 75
gr de glicose, para a reclassificação da DG. As mulheres com DG têm um risco
de desenvolvimento futuro de DM tipo 2, superior em cerca de 50% ao da
população em geral.

Palavras-chave: Diabetes gestacional. Dieta. Insulinoterapia.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.nutricaoemfoco.com.br/NetManager/


documentos/diabetes_gestacional__uma_doenca,_duas_geracoes,_varios_
problemas.pdf>.

Insulinograma

A dosagem da insulina durante o teste oral de tolerância a glicose é uma ferramenta


de monitoramento importante, pois permite conhecer o comportamento da produção
e secreção de insulina e, dessa forma, direcionar o tratamento farmacológico a
ser iniciado, visto que alguns fármacos aumentam a secreção de insulina e outros
sensibilizam receptores de insulina.

40
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

RESISTÊNCIA À INSULINA: MÉTODOS DIAGNÓSTICOS E FATORES QUE


INFLUENCIAM A AÇÃO DA INSULINA

Bernardo L. Wajchenberg; Ana Tereza M. G. Santomauro; Marcia Nery; Rosa F. Santos; Maria E. L.
Rossi Silva; Mileni J. M. Ursich; Dalva M. Rocha

RESUMO: Os autores apresentam uma definição de resistência à insulina e


discutem os métodos diagnósticos desde o padrão-ouro – o clamp euglicêmico
hiperinsulinêmico –, passando pela prova de supressão da insulina, a infusão
contínua de glicose, a prova de tolerância à glicose endovenosa com um modelo
matemático mínimo, até o teste de tolerância à insulina. Analisam também a
glicemia e insulina basais e após sobrecarga oral de glicose. Finalmente mostram
fatores que influenciam a ação da insulina, como: peso corporal, condicionamento
físico, peso ao nascimento, tipo de fibra muscular predominante, hormônios,
densidade capilar e fluxo no musculoesquelético, dieta, idade e hereditariedade.

Unitermos: Resistência à insulina. Medida da resistência à insulina. Ação da


insulina.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v43n2/11916.pdf>.

DOENÇAS ASSOCIADAS À RESISTÊNCIA À INSULINA/ HIPERINSULINEMIA, NÃO


INCLUÍDAS NA SÍNDROME METABÓLICA

José B. C. Carvalheira; Mario J. A. Saad.

RESUMO: Nos últimos anos, no Brasil e em países do mundo desenvolvido, a


obesidade se tornou um problema de saúde pública mais importante que a
desnutrição. Com o aumento de prevalência de obesidade, identificou-se que,
além do DM2 e da síndrome metabólica, outras entidades clínicas também
estavam associadas à resistência à insulina. Nesta revisão, abordaremos algumas
destas alterações, com destaque para a doença hepática gordurosa não
alcoólica, mas incluindo também a SOP, a hiperuricemia, a doença renal crônica,
a insuficiência cardíaca, alterações cognitivas e câncer.

Descritores: Síndrome metabólica. Doença hepática gordurosa não alcoólica.


Síndrome dos ovários policísticos. Hiperuricemia. Doença renal crônica.
Insuficiência cardíaca. Alterações cognitivas. Câncer

Leia o texto na íntegra em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/


REPOSIP/9192/1/S0004-27302006000200022.pdf>.

41
CAPÍTULO 2
Terapia farmacológica

Diabetes tipo1
O tratamento farmacológico da diabetes tipo 1 é feito por meio da insulinoterapia, e
tal tratamento, assim como na diabetes tipo2, tem como principais objetivos manter
o paciente assintomático, prevenir as complicações agudas e crônicas, alcançar a
normoglicemia sem hipoglicemias frequentes e controle de peso.

Insulina

Como já citado anteriormente, a insulina atua em seus receptores, promovendo o


transporte de glicose para o meio intracelular.

As preparações de insulina podem ser classificadas de acordo com o início de


ação, pico de ação ou duração da ação. Cabe ressaltar que as primeiras terapias
com insulinas eram de origem animal (suína e bovina) e atualmente encontram-
se em desuso devido aos problemas de hipersensibilidade e também devido ao
desenvolvimento da tecnologia de DNA recombinante, que permitiu a produção
industrial de insulina e análogos de insulina humana.

POR QUE AS PESSOAS RECORREM AO JUDICIÁRIO PARA OBTER O ACESSO AOS


MEDICAMENTOS? O CASO DAS INSULINAS ANÁLOGAS NA BAHIA

Erick Soares Lisboa; Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza

RESUMO: As insulinas análogas são alvo de controvérsias quanto à sua


superioridade terapêutica em relação às humanas. Talvez, em parte, devido a
isso, são objetos frequentes de ações judiciais. A judicialização da saúde tem sido
muito estudada, mas pouco se sabe sobre os motivos que levam as pessoas a
recorrerem ao Judiciário para obter acesso a medicamentos no SUS. Sendo assim,
o presente estudo tem por objetivo analisar os motivos que levaram as pessoas a
recorrerem ao Judiciário para obter o acesso às insulinas análogas no estado da
Bahia, tratando-se de um estudo de caso apoiado em fonte documental. Foram
analisadas, entre 2010 e 2013, 149 ações judiciais que solicitaram o fornecimento
de análogas pela secretaria estadual da saúde. Os motivos do recurso à Justiça,
citados nos autos, podem ser classificados em: hipossuficiência financeira do

42
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

usuário, necessidade de insulina análoga, dever e obrigação do Estado em


fornecê-las e dificuldades burocráticas. Majoritariamente, as pessoas recorreram
ao Judiciário porque os médicos que as acompanham, divergindo das políticas
oficiais, acreditam que as insulinas análogas são melhores do que as humanas,
e o sistema público de saúde não as dispensa, não dispondo elas de condições
financeiras que lhes permitam adquiri-las com recursos próprios.

Palavras-chave: Decisões judiciais. Diabetes mellitus. Insulinas. Direito à saúde.

Leia o texto na íntegra em: <https://www.scielosp.org/pdf/csc/2017.v22n6/1857-


1864>.

Preparações de insulina

Dentre as preparações de insulina comumente utilizadas destaca-se:

»» Insulina de ação ultrarrápida Lispro (análoga humana): essa insulina


possui uma peculiaridade que é a translocação de um radical de lisina
por uma prolina na cadeia beta do polipeptídeo. Tal característica
permite que essa preparação apresente o início de ação mais rápido
que a insulina regular, com início médio de 0,2 a 0,5h. O pico de ação
da insulina LIspro varia de 30 minutos a duas horas, enquanto a
duração de ação varia entre 3 e 4 horas. Dessa forma, essa preparação
de insulina é ideal para situações como hiperglicemia pós-prandial
(após as refeições).

»» Insulina Regular ou de ação curta: normalmente essa preparação de


insulina apresenta uma solução com cristais de insulina zincica (com
zinco) com início de ação médio de 30 minutos e 1 hora. O pico de ação
da insulina regular varia de 2 a 3 horas, enquanto a duração da ação varia
de 6 a 8 horas.

»» Insulina Semilenta de ação intermediária: essa insulina apresenta-se


como uma suspensão semicristalina com início de ação de 1 a 2 horas.
O pico de ação da insulina semilenta varia de 2 a 5 horas, enquanto a
duração da ação varia de 8 a 12 horas.

»» Insulina NPH (humana): essa insulina apresenta-se como uma


suspensão zincica com protamina com tampão de fosfato com início
de ação que varia de 1 a 5 horas. O pico de ação varia de 4 a 10 horas,
enquanto a duração da ação varia de 16 a 24 horas. A insulina NPH e

43
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

as demais insulinas de ação mais lenta são ideias para proporcionar


uma concentração basal de insulina ao longo do dia e uma cobertura
durante a noite.

»» Insulina Lenta (humana): essa insulina apresenta-se como uma


mistura de insulina cristalina e amorfa em uma solução tamponada
com acetato. Assim como a insulina NPH, essa preparação é ideal para
manter uma concentração basal de insulina ao longo do dia e da noite,
o início de ação varia de 1,5 a 3 horas, enquanto o pico de ação fica em
torno de 7 a 15 horas, e a duração da ação varia de 16 a 24 horas.

»» Insulina de ação Longa ou Ultralenta (humana): essa insulina


apresenta-se como uma suspensão cristalina tamponada com acetato.
Assim como a insulina NPH, essa preparação é ideal para manter uma
concentração basal de insulina ao longo do dia e da noite, o início de
ação varia de 4 a 6 horas enquanto que o pico de ação fica em torno de
8 a 30 horas e a duração da ação varia de 24 a 36 horas.

»» Insulina Glargina: essa insulina apresenta-se como um análogo de


insulina humana com uma glicina no lugar de uma asparagina na
cadeia beta e duas argininas adicionais na cadeia Beta. Tal preparação
não apresenta pico de ação e, assim como as demais preparações de
ação mais lenta, é ideal para manter a concentração basal de insulina
ao longo do dia e da noite, o início de ação ocorre em torno de 4 a 6
horas, e a duração média varia de 18 a 24 horas. Essa preparação não
apresenta pico de ação.

As terapias com insulina podem ocorrer em pacientes com diabetes tipo 1 ou , mas
o uso dessas preparações normalmente possuem objetivos distintos nessas categorias
de pacientes. Enquanto o objetivo do tratamento na diabetes tipo 1 é realizar um
tratamento intensivo e mimetizar o padrão normal de secreção de insulina, o tratamento
com insulina na diabetes tipo 2 visa realizar o controle inadequado da glicemia com
atividade física, dieta e hipoglicemiantes orais, e nem todo paciente pode responder
adequadamente.

As doses de insulinas são preconizadas em unidades internacionais (UIs), e a


dose pode variar bastante, dependendo do tempo de diagnóstico, intensidade ou
severidade do quadro e resposta do paciente após o início da terapia.

44
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

A dose diária total de insulina preconizada em indivíduos com DM1 com diagnóstico
recente fica em torno de 0,5 a 1 U/kg/dia, mas pode evoluir para 0,7 a 1 U/kg/dia,
podendo alcançar de 1 a 2 U/kg/dia.

O tratamento intensivo clássico é o que utiliza duas doses de insulina neutral


protamine Hagedorn (NPH) (antes do café da manhã e antes de dormir), com
três doses de insulina regular (antes do café da manhã, do almoço e do jantar).
Cabe ressaltar que esse padrão pode variar bastante dependendo do paciente e da
percepção da resposta ao tratamento pelo médico prescritor.

Tabela 10. Preparações de insulina comumente utilizadas.

Perfil de ação (horas)


Tipo de Constituintes Início Pico Duração Uso
preparação
Ação Ultrarrápida Idêntica à insulina humana regular, com Para refeições ou
exceção da transposição de lisina e prolina 0,2-,05 0,5-2 3-4 hiperglicemia aguda
Lispro (análogo
humano) na cadeia B
Solução de cristais de insulina zíncica não
Ação curta 0,5-1 2-3 6-8 Para refeições ou
modificada
Regular (humana) 1-2 2-5 8-12 hiperglicemia aguda
Suspensão semicristalina (amorfa)
Semilenta (humana)
Proporciona uma insulina
Ação intermediária Zíncica com protamina, tampão de acetato 1,5 4-10 16-24 basal e cobertura durante
a noite
NPH (humana)
Proporciona uma insulina
Mistura de cristalina/amofa, tampão de
Lenta (humana) 1,5-3 7-15 16-24 basal e cobertura durante
acetato
a noite
Ação Longa Proporciona uma insulina
Suspensão cristalina, tampão de acetato 4-6 8-30 24-36 basal e cobertura durante
Ultralenta (humana) a noite
Semelhante à insulina humana regular, com Proporciona uma insulina
Glargina (análogo
glicina em lugar da asparagina na cadeia A 4-6 Nenhuma 18-24 basal e cobertura durante
humano)
e duas argininas na cadeia B a noite
As modificações da insulina humana nativa consistem em (1) alterações na sequência de aminoácidos da molécula ou (2) mudanças na forma física
da molécula. Essas modificações afetam a velocidade de absorção da insulina e o perfil temporal de ação da insulina. As alterações na sequência de
aminoácidos modificam a tendência da insulina a agregar-se. A modificação na insulina lispro diminui a agregação, resultando em absorção e ação
mais rápidas. Em contrapartida, a suspensão cristalina (ultralenta) retarda a velocidade de absorção da insulina de seu local de injeção subcutânea,
tornando essa preparação uma forma de ação longa.
Fonte: Silverthorn (2010).

PERFIL DE CONSUMO DE INSULINA NO BRASIL

Alves Costa, Caroline; Oliveira-Nascimento, Laura

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi delinear o perfil de consumo de


insulina por diabéticos beneficiados por uma operadora de saúde, no período
de 2012. Neste programa, 361 pacientes de ambos os sexos e todas as faixas
etárias adquiriram insulina no período estudado. A análise revelou que as

45
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

insulinas mais prescritas foram a de ação lenta e intermediária, onde o tempo de


ação da insulina acaba reduzindo o número de aplicações por dia e facilitando
a adesão do paciente ao tratamento. A insulina humana foi a mais prescrita,
provavelmente pelo preço mais acessível e distribuição gratuita pelo Programa
Farmácia Popular. Esse tipo de estudo realizado neste artigo é escasso na
literatura, principalmente relacionado ao Brasil, e poderá contribuir para maior
entendimento das escolhas dos receituários.

Palavras-chave: Diabetes. Insulina. Pacientes.

Leia o texto na íntegra em: <http://revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/


Edicao_8_Caroline_Alves_Costa.pdf>.

INSULINAS DE AÇÃO PROLONGADA NO TRATAMENTO DE

DIABETE MELLITUS TIPO 2

RESUMO: Este informe foi desenvolvido no âmbito do Curso Avançado


de Avaliação de Tecnologias em Saúde, oferecido pelo Decit/Ministério
da Saúde em parceria com Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS)
e finalizado em fevereiro de 2012. Objeto: Avaliar as evidências sobre a
eficácia das insulinas de ação longa (glargina e detemir) no tratamento de
pacientes com diabete mellitus tipo 2 comparada ao tratamento convencional
(insulina NPH). Métodos: Realizou-se busca nas bases de dados MEDLINE,
Pubmed, EMBASE, Cochrane Library, Trip Database e LILACS, e de forma
global, em diversas fontes para localizar Avaliações Tecnológicas, Políticas de
Cobertura e Avaliações Econômicas. Deu-se prioridade a estudos de revisão
sistemática (RS) de 2000 a 2011 e ensaios clínicos randomizados divulgados
em português, inglês e espanhol, de 2008 a 2011, no intuito de aperfeiçoar a
última RS identificada, publicada em 2010. Resultados: As insulinas de longa
duração não se mostraram superiores à insulina NPH em relação ao controle
glicêmico, medido pela hemoglobina glicosilada; mostraram-se mais eficazes
em relação à insulina NPH na redução de episódios de hipoglicemia noturna
e hipoglicemia em geral, em pacientes que recebem tanto insulina glargina
quanto detemir, mas não se observou redução de episódios de hipoglicemia
grave; as alterações no ganho de peso não foram analisadas em muitos
estudos, mas houve tendência a menor ganho de peso com as insulinas de
longa duração.

Palavras-chave: Diabete Mellitus. Insulinas Análogas. Revisão Sistemática.

Leia o texto na íntegra disponível em: <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/pdf/bis/


v14n2/v14n2a09.pdf>.

46
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Esquemas para tratamentos

Em geral, os esquemas de preparações de insulina visam manter uma base de


insulina de ação longa sem deixar de tratar as elevações de glicemia decorrentes
da alimentação. Com isso, é usual o uso de uma insulina basal (de ação longa ou
intermediária) somado a uma insulina prandial (in bolus) antes do café da manhã,
almoço e jantar.

A insulinoterapia intensiva, utilizando sistema de infusão contínua de insulina


(SICI; bomba de infusão) ou múltiplas aplicações de insulina é fundamental e
deve ser associada à terapia nutricional, prática regular e planejada de atividade
física e automonitorização, com o objetivo principal de manter o controle
metabólico, postergando, assim, as complicações crônicas e evitando hipoglicemias,
principalmente em período noturno, em que se mostram mais graves e despercebidas.

A dose diária total de insulina preconizada varia de 0,5 a 1 U/kg/dia, em pacientes


com diagnóstico recente ou logo após diagnóstico de CAD.

Os esquemas de tratamento intensivo em esquema basal-bolus com múltiplas


aplicações ao dia são:

»» insulina NPH (neutral protomine Hagedorn), duas ou quatro vezes ao


dia: (1) antes do desjejum e ao deitar; (2) antes do desjejum, no almoço e
ao deitar; (3) antes do desjejum, no almoço, no jantar e ao deitar;

»» análogo de insulina glargina, uma vez ao dia: (1) antes do desjejum; (2)
no almoço; (3) no jantar; (4) ao deitar;

»» glargina U300: mesmo esquema da glargina, que é U100;

»» insulina detemir, uma ou duas vezes ao dia: antes do desjejum e/ou jantar
e/ou ao deitar;

»» análogo de insulina degludeca: mesma forma de aplicação da glargina,


associada ou uso de insulina regular, meia hora antes das principais
refeições, ou ao uso de insulina de ação ultrarrápida (lispro, aspartate ou
glulisina), administrada 15 minutos antes principais refeições ou logo ao
término das refeições.

47
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

A EVOLUÇÃO DA INSULINOTERAPIA NO DIABETES MELITO TIPO 1

Antonio Carlos Pires; Antonio Roberto Chacra

RESUMO: A descoberta da insulina foi o grande marco da história do diabetes


melito e a grande conquista para o seu tratamento. A primeira insulina
disponibilizada foi a regular. Na sequência, Hagedorn acrescentou a protamina à
insulina, criando, assim, a insulina NPH. Na década de 1950, foi sintetizada uma
insulina desprovida de protamina, denominada insulina lenta. Com o advento
da biologia molecular, sintetizou-se, via DNA recombinante, a insulina humana
sintética. Mais recentemente, foram disponibilizados vários tipos de análogos
de insulina que permitiram o melhor controle metabólico dos pacientes. O
tratamento do diabetes melito tipo 1, além do processo educacional, incluindo
a prática regular de atividades físicas e orientações dietéticas, resume-se na
substituição plena de insulina de longa e curta durações de ação, de maneira
individualizada, de acordo com a experiência do médico-assistente. No diabetes
melito tipo 1, a preferência é pelas insulinas de menor variabilidade, por meio
do esquema basal/bólus ou pelas bombas de infusão contínua de insulina
subcutânea com o objetivo de mimetizar a liberação fisiológica de insulina pelas
células-β.

Descritores: Insulinas. História. Tratamento. Diabetes melito tipo 1.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.repositorio.unifesp.br/bitstream/


handle/11600/4296/S0004-27302008000200014.pdf?sequence=1&isAllowed=y>.

O sistema de infusão contínua de insulina (SICI) ou bomba de infusão de insulina é


um dispositivo mecânico com comando eletrônico capaz de injetar insulina de forma
contínua, por meio de um cateter inserido no tecido subcutâneo na parede abdominal,
glúteo, braço ou na coxa.

Atualmente ainda não há um sistema de automação pleno, todos dependem da


participação do paciente no controle das dosagens em bolus. Por meio de um
software previamente configurado, o sistema sugere as doses de insulina, as quais
devem ser confirmadas.

As insulinas de escolha para utilização do SICI são os análogos de ação ultrarrápida


– lispro, asparte e glulisina –, pois possuem pico precoce, absorção previsível e
menor risco de hipoglicemia.

A bomba de infusão deve ser utilizada ao longo de 24 horas e desconectadas durante


o banho. O sistema possui:

48
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

»» reservatório de insulina;

»» cânula;

»» cateter;

»» conjunto de infusão;

»» baterias

As principais vantagens na utilização de bombas de insulina são:

»» uso análogo de insulina ultrarrápida;

»» praticamente não há depósito de insulina no tecido subcutâneo;

»» uso de apenas um local de aplicação a cada 2 ou 3 dias;

»» programação da liberação de insulina ao longo de 24 horas;

»» precisão: libera a quantidade exata programada, com doses mais baixas,


de até 0,025UI/h;

»» pode ser programada para não liberar insulina por algumas horas;

»» menores variações glicêmicas;

A bomba de insulina está contraindicada para aqueles pacientes que não


compreendem o seu manejo ou que não tenham suporte familiar e de equipes de
enfermagem para configuração do software e manutenção devido ao uso.

TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO 1 COM BOMBA DE INFUSÃO


SUBCUTÂNEA CONTÍNUA DE INSULINA E INSULINA LISPRO

Miguel N. Hissa; Ana Sofia R. Hissa; Veralice M.S. de Bruin

RESUMO Objetivo: Avaliar a eficácia do tratamento do diabetes mellitus


tipo 1 por um período de 18 meses, em 17 pacientes, utilizando-se um
processo de infusão subcutânea contínua de insulina (ISCI) e de um análogo
da insulina (insulina lispro) através de uma bomba infusora. Estudamos os
seguintes parâmetros: hemoglobina glicosilada, peso, índice de massa
corpórea, relação insulina/peso, quantidade de insulina/dia administrada,
relação da insulina administrada na forma de bolus (antes das refeições)
com a insulina basal e efeitos adversos desta terapia. Após esse período,
observamos que os pacientes estavam mais bem controlados, com níveis de

49
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

HbA1c significativamente reduzidos (p< 0,05). Apresentavam uma redução


significativa da relação insulina/peso (p< 0,05) e melhor aproveitamento
da insulina relacionado a alimentação dado pelo aumento significativo
da relação bolus/basal quando comparado com a relação de insulina
regular/NPH antes do tratamento (p< 0,05).

Unitermos: Diabetes mellitus tipo 1. Infusão subcutânea de insulina. Insulina


lispro.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v45n5/6866.pdf>.

Efeitos adversos

Entre os principais efeitos adversos das preparações de insulina, encontram-se a


hipoglicemia, a resistência insulínica, o agravamento de obesidade, lipodistrofias e
produção de anticorpos (sensibilização) com preparações contendo insulina animal
(suína ou bovina). A sensibilidade às apresentações contendo insulina animal
motivaram o desuso e a substituição dessas preparações por análogos de insulina
humana e ou insulina humana recombinante. Existem outros efeitos adversos
possíveis assim como interações medicamentosas negativas que vamos explorar
mais adiante nas atividades propostas.

A administração da insulina deve ser feita por vias parenterais, preferencialmente


por via subcutânea, por ser uma via com menor possibilidade de sensibilização. Além
disso, pela natureza proteica do hormônio, a sua formulação oral se torna inviável,
pois, dessa forma, a insulina seria digerida no estômago.

Os aplicadores de insulina normalmente são dispositivos com agulhas finas e curtas


para evitar maior desconforto dos pacientes.

Figura 2. Seringa para aplicação de insulina.

Fonte: <https://diabetesemduvida.com/2016/03/04/a-aplicacao-de-insulina-guia-completo/>.

50
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

ACUIDADE VISUAL NO MANEJO DO DIABETES MELLITUS: PREPARO DA DOSE DE


INSULINA

Gerdane Celene Nunes Carvalho; Roberto Wagner Júnior Freire de Freitas;

Márcio Flávio Moura de Araújo; Maria Lúcia Zanetti;

Marta Maria Coelho Damasceno

RESUMO: Avaliar a acuidade visual para perto das pessoas que preparam doses
de insulina. Estudo transversal, realizado em 20 Unidades Básicas de Saúde,
no período de abril de 2013 a janeiro de 2015. A amostra por conveniência foi
constituída por 65 pacientes com diabetes mellitus e 35 cuidadores responsáveis
pelo preparo da dose de insulina. Utilizou-se um formulário contendo variáveis
sociodemográficas e clínicas, e o cartão de Jaeger. A acuidade visual para perto
no preparo de doses de insulina estava diminuída em 40% nos pacientes e 20%
nos cuidadores. Houve associação estatisticamente significante entre acuidade
visual para perto diminuída e classe econômica (p=0,032) e faixa etária (p=0,024)
para pacientes, e acuidade visual para perto diminuída e idade (p=0,024) para os
cuidadores. A acuidade visual para perto esteve comprometida e há necessidade
de construção de protocolos específicos que possam ser utilizados na Atenção
Primária.

Palavras-chave: Acuidade visual. Diabetes mellitus. Insulina. Complicações do


diabetes.; Atenção primária à saúde.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v30n1/1982-0194-


ape-30-01-0025.pdf>.

INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA APLICAÇÃO DE INSULINA:


ACOMPANHAMENTO POR TELEFONE

Tânia Alves Canata Becker; Carla Regina de Souza Teixeira;

Maria Lucia Zanetti

RESUMO: Analisar a competência da pessoa com Diabetes mellitus para


realizar o processo de aplicação de insulina, antes e após o acompanhamento
por telefone. Estudo de abordagem quantitativa, observacional, longitudinal,
comparativo. Participaram 26 pessoas cadastradas no programa de
automonitorização da glicemia capilar no domicílio. A coleta de dados
ocorreu em três fases, entre janeiro e fevereiro de 2010, no período de 30
dias para cada pessoa, por meio de entrevista, norteada pelo instrumento de
coleta de dados e o manual de intervenção. Das 38 (100%) questões referentes

51
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

ao processo de aplicação de insulina, o acompanhamento por telefone


demonstrou-se eficiente em 30 (78,9%), pois em 19 (50%) a intervenção foi
estatisticamente significante (p <0,05), em 11 (28,9%) não houve erros nas
respostas na avaliação da competência final, e sete (18,4%) não eram passíveis
de intervenção. CONCLUSÃO: O acompanhamento por telefone foi efetivo,
como estratégia de intervenção de enfermagem no processo de aplicação de
insulina no domicílio.

Descritores: Insulina/uso terapêutico. Diabetes mellitus/enfermagem. Cuidados


de enfermagem. Telefone.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v25nspe1/pt_11.


pdf>.

Diabetes tipo2
O tratamento farmacológico da diabetes tipo 2 é feito por meio da administração
de hipoglicemiantes orais e eventualmente uso de insulina associado. Os
hipoglicemiantes orais possuem distintas classes com mecanismos de ação
específicos sendo o objetivo principal do tratamento a manutenção dos níveis
glicêmicos normais e a prevenção das complicações agudas e crônicas da
hiperglicemia.

Além do tratamento correto e do acompanhamento longitudinal, é importante que


os profissionais de saúde se atentem para a abordagem terapêutica nos pacientes
com diabetes mellitus tipo 2. Tal abordagem envolve aspectos educativos, como
a conscientização dos pacientes quanto aos riscos e sintomas da doença. Além da
abordagem educativa, é importante estimular a prática de exercícios dentro das
possibilidades do paciente, visto que os exercícios contribuem para o controle da
glicemia, das dislipidemias, para redução da resistência insulínica e para o auxílio na
perda de peso.

Além das abordagens supracitadas, a dieta é de suma importância para alcançar os


objetivos terapêuticos.

ANÁLISE DA FARMACOTERAPIA DO DIABETES MELLITUS TIPO II EM UMA


ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

Rafaela Cavalcante da Nóbrega; Leônia Maria Batista;

Liana Clébia Soares Lima de Moraes

RESUMO: O diabetes mellitus é um grupo heterogêneo de distúrbios


metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia, como resultado

52
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

de defeitos na ação e/ou secreção da insulina. O diabetes mellitus constitui,


atualmente, um dos principais problemas de saúde, que se refere tanto ao
número de pessoas afetadas, gerando incapacidade e mortalidade, quanto
ao elevado investimento do governo para o controle e tratamento de suas
complicações, sendo já a quarta causa de morte no Brasil. O tratamento básico
e o controle da doença consistem, primordialmente, de uma dieta específica
aliada com atividades físicas e do uso adequado da medicação. Análises
demonstram que, embora importantes, exercícios físicos e reeducação
alimentar são pouco realizados, assim a terapia medicamentosa assume
papel fundamental no controle glicêmico dos indivíduos. Nesta perspectiva,
analisou-se a farmacoterapia do diabetes mellitus tipo II em uma Estratégia
de Saúde da Família na cidade de João Pessoa – PB. A pesquisa foi realizada,
mediante a aplicação de questionários, em um universo de 79 diabéticos do
tipo II cadastrados na unidade, sendo a amostra composta por 32 destes.
Constatou-se que a grande maioria dos entrevistados (56,2%) encontrava-se
entre 51-70 anos de idade. Na ocasião do diagnóstico, 31,3% dos indivíduos
eram assintomáticos, não apresentando nenhum dos sintomas clássicos
do diabetes. Todos os entrevistados faziam uso de algum hipoglicemiante
oral, sendo a metformina o principal (71,9%). Também foi relatada pelos
entrevistados a utilização de medicamentos pertencentes a outras classes
farmacológicas, sendo os anti-hipertensivos a principal classe citada, e
o captopril o maior representante (33,3%). Foram constatadas algumas
potenciais interações medicamentosas envolvendo os hipoglicemiantes orais
utilizados por alguns usuários o que poderia gerar dificuldades no controle
glicêmico e farmacoterapia dos mesmos. Além disso, alguns efeitos negativos
atribuídos ao uso dos hipoglicemiantes orais foram mencionados por alguns
entrevistados. Os resultados obtidos neste estudo revelaram a necessidade da
participação do profissional farmacêutico na atenção e acompanhamento de
indivíduos diabéticos, que em muito poderia contribuir na obtenção de uma
farmacoterapia adequada conduzindo a uma sobrevida maior e de melhor
qualidade.

Leia o texto na íntegra em: <http://rbfarma.org.br/files/rbf-2012-93-2-12.pdf>.

Hipoglicemiantes orais

Os hipoglicemiantes orais podem ser classificados de acordo com o seu mecanismo


de ação e, dessa forma, os principais fármacos disponíveis no mercado realizam
suas ações da seguinte maneira:

53
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

»» secretagogos de insulina;

»» sensibilizadores de insulina;

»» inibidores da absorção de carboidratos;

»» aumento da excreção de glicose.

A escolha do medicamento baseia-se em quatro aspectos:

1. mecanismos de resistência à insulina;

2. falência progressiva da célula β;

3. múltiplos transtornos metabólicos, como: disglicemia, dislipidemia e


inflamação vascular;

4. repercussões vasculares (micro e macro) advindas da história natural da


DM2.

O tratamento tem como objetivo principal a tentativa de alcançar níveis glicêmicos


o mais próximo possível dos níveis fisiológicos. A Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD), juntamente com outras as principais sociedades médicas da especialidade,
recomenda que a meta pra Hb1Ac seja < 7%, sem necessariamente aumentar o risco
de hipoglicemias. Nesses casos, a recomendação é que os níveis de Hb1Ac sejam os
menores possíveis.

CONHECIMENTO DO PACIENTE DIABÉTICO TIPO 2 ACERCA DOS ANTIDIABÉTICOS


ORAIS

Heloisa Turcatto Gimenes; Carla Regina Souza Teixeira;

Maria Lúcia Zanetti; Liudmila Miyar Otero

RESUMO: A falta de compreensão do paciente acerca do medicamento


prescrito pode causar resultados insatisfatórios no tratamento. Ao iniciar a
terapêutica medicamentosa com os pacientes diabéticos tipo 2, em particular,
naqueles em uso de antidiabético oral, a equipe de saúde, deve avaliar a sua
capacidade de autocuidado, motivação e idade, entre outros fatores, para
que o medicamento tenha o efeito desejado durante o tratamento. Assim, o
objetivo deste estudo foi identificar a informação que o paciente diabético do
tipo 2 tinha acerca dos antidiabéticos orais, quando internados em um hospital
de ensino, da cidade de Ribeirão Preto-SP, no ano de 2003. Entrevistaram-se
31 (100%) pacientes internados em uma unidade de clínica médica, após o

54
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

consentimento informado, no período de janeiro a março de 2003. Os dados


obtidos mostraram que: 32,2% dos entrevistados não sabiam o nome da
medicação utilizada; 51,6% tomavam o medicamento em horário inadequado
e a maioria tinha apenas noção do mecanismo de ação dos antidiabéticos
orais prescritos para o seu tratamento. Os resultados apontaram a necessidade
urgente de se buscar estratégias efetivas direcionadas à educação do
paciente diabético, considerando suas diferenças individuais, quais sejam:
idade, motivação para o tratamento e capacidade de autocuidado. Os autores
concluíram que é preciso reestruturar a orientação aos pacientes em uso de
antidiabético oral, para que possam prevenir os erros e assim tenham melhor
adesão ao cuidado de sua saúde.

Palavras-chave: Enfermagem. Diabetes mellitus tipo 2. Terapia. Conhecimento.

Leia o texto na íntegra em: <http://eduem.uem.br/ojs/index.php/


CiencCuidSaude/article/viewArticle/5034>.

Sulfanilureias

Mecanismo de ação das sulfanilureias

As sulfanilureias são fármacos que estimulam a secreção de insulina, tais fármacos


são importantes e podem auxiliar bastante no tratamento de muitos pacientes com
diabetes tipo 2, mas, para isso, o paciente deve produzir insulina em quantidades
normais, e ela tem que ser funcional, ou seja, o hormônio deve conseguir sensibilizar
receptores de insulina. A prescrição das sulfanilureias, assim como a de qualquer
hipoglicemiante, pode ser feita após avaliação clínica. No entanto, o teste de tolerância
oral associado ao insulinograma pode direcionar o tratamento para aqueles pacientes
com insulina funcional.

As sulfanilureias são medicamentos que bloqueiam canais de potássio nas


células betapancreáticas e, dessa forma, acabam despolarizando essas células por
mais tempo. A despolarização dessas células promove a abertura de canais de
cálcio dependentes de voltagem e, após ocorrer maior influxo de cálcio, a célula
betapancreática promove maior liberação das vesículas de insulina mediadas pelo
cálcio.

São exemplos de medicamentos da classe das sulfanilureias:

»» clorpropamida;

»» glibenclamida;

55
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

»» glipizida;

»» gliclazida;

»» glimepirida.

Tais medicamentos possuem efeito hipoglicemiante mais duradouro durante o dia e


promovem a queda de 1,5 a 2% nos níveis de Hb1Ac.

Efeitos adversos

Assim como qualquer fármaco, as sulfanilureias não são isentas de efeitos adversos, e,
dentre os efeitos possíveis, destaca-se possibilidade de hipoglicemia, ganho ponderal,
aumento de apetite e, em pacientes propensos, alterações disrítmicas, devido ao
antagonismo de canais de potássio em miócitos cardíacos.

Contra indicações

As sulfanilureias são fármacos contraindicados para pacientes hepatopatas,


nefropatas cardiopatas graves, gestantes e quaisquer paciente que possua alguma
sensibilidade peculiar aos fármacos dessa classe. Pacientes hepatopatas possuem
menor capacidade de metabolizar os fármacos, ao passo que pacientes com
nefropatias apresentam menor capacidade de excretar os fármacos.

Tabela 11. Sulfonilureias.

Redução
Medicamentos
da Redução Outros
(posologia Mecanismo Efeitos
glicemia de HbA1c Contraindicações efeitos
mínima e de ação colaterais
de jejum (%) benefícios
máxima em mg)
(mg/dl)
Sulfonilureias
Clorpropamida (125 Aumento da 60 a 70 1,5 a 2 Gravidez, insuficiência renal ou Hipoglicemia e -
a 500) secreção de hepática ganho ponderal
insulina (clorpropamida
Glibenclamida (2,5
não protege
a 20)
contra
Glipizida (2,5 a 20) retinopatia)
Gliclazida (40 a 320)
Gliclazida MR (30 a
120)
Glimepirida (1 a 8)
Umas a duas
tomadas/dia
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de
Oliveira, Sérgio Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

56
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Sulfanilureias disponíveis no mercado com seus esquemas posológicos mínimos e


máximos recomendados, suas reduções aproximadas de glicemia e hemoglobina
glicada, principais contra indicações e efeitos adversos.

GLIBENCLAMIDA NO TRATAMENTO DO DIABETE MELITO

GESTACIONAL EM ESTUDO COMPARADO À INSULINA

Jean C. Silva; Anna M. Bertini; Wladimir Taborda;

Felipe Becker; Fernanda R.L. Bebber; Gabriela M.D.C. Aquim;

Juliana M.Z. Viesi

RESUMO Objetivos: Estudar a glibenclamida no tratamento do diabete melito


gestacional (DMG) e sua repercussão no peso e na glicemia do recém-nascido
(RN), em comparação com a insulina. MÉTODOS: Ensaio clínico randomizado
e aberto, realizado entre 1º de outubro de 2003 e 8 de março de 2005. Foram
sujeitas 72 gestantes com DMG que necessitaram de terapêutica complementar,
sendo randomizadas em dois grupos: insulina e glibenclamida. RESULTADOS: As
características gerais nos grupos não apresentaram diferença estatística, com
exceção dos resultados do TTOG 75 g, que apresentaram valores maiores no grupo
da glibenclamida (p= 0,02). As glicemias médias maternas não apresentaram
diferença. Seis (18,75%) gestantes atingiram a dose máxima de glibenclamida
sem o controle glicêmico. O peso dos RNs foi maior no grupo tratado com
glibenclamida (p= 0,01), com diferença na incidência de macrossômico (p=
0,01). A hipoglicemia neonatal estava mais presente (p= 0,01) nos RNs do grupo
da glibenclamida, porém com apenas um caso de hipoglicemia persistente.
CONCLUSÃO: A glibenclamida pode ser a droga de escolha para tratamento do
DMG na maioria das pacientes.

Descritores: Diabetes gestacional. Glibenclamida. Tratamento.


Hipoglicemiantes orais.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.repositorio.unifesp.br/bitstream/


handle/11600/3771/S0004-27302007000400007.pdf?sequence=1&isAllowed=y>.

Biguanidas

As biguanidas são fármacos muito úteis no tratamento de pacientes com diabetes


tipo 2, sendo a metformina o fármaco mais conhecido e prescrito dessa classe. O
mecanismo de ação da metformina não é totalmente conhecido, mas sabe-se que
a metformina age pela diminuição da produção hepática de glicose, aumentando

57
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

a sensibilidade do fígado à insulina e a captação de glicose no músculo, sem efeito


direto nas células b-pancreáticas.

Ações das Biguanidas

Dentre as ações conhecidas das biguanidas, destaca-se:

»» aumento da sensibilidade à insulina;

»» inibição da gliconeogênese;

»» redução de glucagon (ainda não totalmente elucidado).

A metformina reduz os níveis de Hb1AC em 1,5 a 2%, sua apresentação de liberação


prolongada (extended release, XR) causa menor incidência de efeitos adversos.

Efeitos adversos

Dentre os principais efeitos adversos possíveis para os medicamentos biguanidas


destacam-se os efeitos no trato gastrintestinal como diarreia, flatulência, desconforto
abdominal e cólica. As biguanidas, em alguns casos, encontram-se relacionadas a
efeitos adversos mais raros e graves, como acidose láctica e toxicidade muscular.

Seu uso prolongado pode estar associado à deficiência de vitamina B12. Por esse
motivo, a dosagem periódica das concentrações de vitamina B12 se faz necessária
em pacientes com esse perfil terapêutico, principalmente na presença de anemia ou
nefropatia periférica.

Contraindicações

De forma semelhante às sulfanilureias, as biguanidas também são contraindicadas


para pacientes gestantes por atravessar a barreira placentária, podendo causar
prejuízos ao feto. Além disso, são fármacos contraindicados para pacientes
nefropatas e hepatopatas graves. Em adição, pacientes cardiopatas e pneumopatas e
com histórico de acidose metabólica também possuem contraindicação relativa para
utilizar biguanidas.

É importante ressaltar que as contraindicações ao uso de classes medicamentosas são


relativas, e não significa que os pacientes não possam usar. Cada paciente que possui
determinada contraindicação deve ser avaliado para ver a intensidade de seu quadro
fisiopatológico, assim como a relevância clínica do uso do hipoglicemiante.

58
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Tabela 12. Biguanidas.

Biguanidas
Metformina (1.000 Reduz a produção 60 1,5 Gravidez, insuficiência Desconforto abdominal, Diminuição de eventos
a 2.550) hepática de glicose a a2 renal, hepática, diarreia. cardiovasculares
com menor ação 70 cardíaca, pulmonar e
Duas a três A apresentação de Prevenção de DM2
sensibilizadora da ação acidose grave
tomadas/dia liberação prolongada
insulínica Melhora do perfil lipídico
(XR) causa menos efeitos
Metformina XR
gastrointestinais Diminuição do peso
(1.000 a 2.550)
Duas a três
tomadas/dia
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de
Oliveira, Sérgio. Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Biguanidas disponíveis no mercado com seus esquemas posológicos mínimos e


máximos recomendados e sua redução aproximada de glicemia e hemoglobina
glicada, principais contraindicações e efeitos adversos.

NORMA TERAPÊUTICA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2: METFORMINA UMA


PERSPECTIVA CRÍTICA

Daniel Pinto; Bruno Heleno; Rosa Gallego; Isabel Santos;

Luiz Miguel Santiago; Vasco Maria

RESUMO: As normas de orientação clínica têm potencial para aumentar os


ganhos em saúde, mas também para causar dano. Neste artigo de opinião,
enumeramos algumas reservas face à aplicação prática da norma emitida pela
Direção-Geral da Saúde Terapêutica da diabetes mellitus tipo 2: metformina
em cuidados de saúde primários. Procuramos salientar aspectos da norma cuja
redação permite múltiplas interpretações (alternativas à monoterapia com
metformina, hierarquia de fármacos a associar à metformina, contraindicações
da metformina). Para além disso, questionamos o objetivo glicêmico de 6,5% a
aplicar na população em geral.

Leia o texto na íntegra em: <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5016/1/


Diabetes_mellitus2.pdf>.

Inibidores da alfaglicosidase

Essa classe de medicamentos possui como representante principal a acarbose. Tal


fármaco inibe as enzimas que quebram os carboidratos durante o processo digestório
para que esses possam ser absorvidos. Tais fármacos reduzem o aporte de glicose
proveniente do alimento. Essa classe de medicamentos normalmente não é usada em
monoterapia, no entanto auxiliam no controle glicêmico pós-prandial e não basal.

59
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

Tabela 13. Inibidores da alfaglicosidase.

Inibidores da alfaglicosidase
Acarbose (50 a Retardo da 20 a 30 0,5 a 0,8 Gravidez Meteorismo, Diminuição de eventos
300) absorção de flatulência e diarreia cardiovasculares
carboidratos
Três tomadas/dia Prevenção de DM2
Redução do espessamento
médio intimal carotídeo
Melhora do perfil lipídico
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de
Oliveira, Sérgio Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Inibidores da alfaglicosidase disponíveis no mercado com seus esquemas posológicos


mínimos e máximos recomendados, sua redução aproximada de glicemia e
hemoglobina glicada, principais contraindicações e efeitos adversos.

Efeitos adversos

Os inibidores da alfaglicosidase são medicamentos úteis na diminuição de eventos


cardiovasculares, prevenção da diabetes mellitus tipo 2 e até na melhora do perfil
lipídico dos pacientes. No entanto, assim como os demais fármacos, não estão isentos
de causar efeitos adversos nos pacientes em tratamento. Em geral, são medicamentos
bem tolerados, e os efeitos adversos mais comuns são a flatulência e a presença de gases
intestinais em excesso, ocasionando espasmos intestinais (meteorismo) e diarreia. O
retardo na absorção de carboidratos devido à presença dos fármacos permite que fiquem
mais disponíveis para que a microbiota local realize fermentação dos carboidratos,
gerando maior formação de gases e alterações de microbiota local.

Contraindicações

Os inibidores da alfaglicosidase são contraindicados em pacientes gestantes e em


outros que possam desenvolver alguma sensibilidade específica ao fármaco.

EMPREGO DA ACARBOSE EM PACIENTES DIABÉTICOS HIPERTENSOS: EFEITOS


METABÓLICOS E SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL

Paulo Rosenbaum

RESUMO: A acarbose, pela inibição das a-glicosidases intestinais e retardo na


absorção de carboidratos, atenua os incrementos pós-prandiais da glicemia
e insulinemia. Seus efeitos sobre outros parâmetros metabólico-hormonais
e sobre a pressão arterial (PA) são pouco explorados. Avaliamos os efeitos
da melhora do controle metabólico obtida pela acarbose sobre diversos

60
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

parâmetros, em pacientes com diabetes tipo 2, hipertensão arterial e excesso


de peso. Após duas semanas de placebo, 44 pacientes foram aleatoriamente
alocados para receber acarbose (grupo acarbose ou GA) ou placebo (grupo
placebo ou G.P) por 22 semanas. Antes da introdução e da suspensão deste
tratamento, foram submetidos a sobrecarga alimentar padrão (251 Kcal), sendo
colhidas amostras de sangue em jejum e 1 hora pós-prandial para determinação
de glicose, hemoglobina glicose perfil lipídico, insulina, pró-insulina e leptina.
Submeteram-se, ainda, a monitorização ambulatorial de PA de 24 horas (MAPA).
Os pacientes em uso de sulfonilureia mantiveram a mesma dose até o final do
estudo. Os grupos eram comparáveis no início do estudo quanto às características
demográficas, antropométricas e bioquímicas. Houve redução do peso apenas
no GA (75,1n11,6 vs 73,1n11,6 Kg; p=0,008). Não se observou alterações na
glicemia de jejum ou pós-prandial nos dois grupos, porém a hemoglobina
glicosilada apresentou redução no GA (6,4n1,7 por cento para S,6n1,9 por
cento; p=0,03), mas não no GP (6,3n2,1 para 6,3n2,0 por cento; p=0,15). Notou-
se tendência a redução do incremento da glicemia pós-estímulo no GA (49n17
vs 41n25 por cento, p=0,07), o que não ocorreu no GP (54 n21 vs 62n56 por
cento, p=0,57). O perfil lipídico não se alterou em ambos os grupos. Não houve
alterações nos valores da insulinemia de jejum ou pós-prandial ao final dos
períodos de tratamento. Os níveis de pró-insulina de jejum diminuíram apenas
no GA (23,4+19,3 para 14,3+13,6 pmol/l; p=0,03), não havendo diferenças nos
valores pós-prandiais. Embora não houvesse alteração significante no índice de
resistência a insulina ao final do tratamento nos dois grupos, um maior número
de indivíduos do GA apresentou redução deste índice em relação ao GP (75 por
cento vs 45 por cento, p=0,107). A leptinemia apresentou redução em ambos
os grupos ao final do tratamento (GP. 26,3+-6,1 para 23,3+-9,4 e GA: 25,0n5,5
para 22,7n7,9 ng/ml; p< 0,05). Os valores iniciais de PA no consultório eram
semelhantes entre os grupos.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.repositorio.unifesp.br/handle/11600/16868>.

Glitazonas (Tiazolidinedionas)

São opções terapêuticas para tratamento de diabetes melittus tipo 2. Seu mecanismo
de ação envolve o agonismo de receptores PPAR alfa em diversos tecidos, entre eles
o tecido adiposo, o fígado e o músculo. Os receptores PPAR alfa quando ativados por
fármacos como a Pioglitazona, modulam a expressão de diversos genes, alguns ficam
superexpressos, como no caso dos genes para a produção de transportadores GLUT
4, enquanto outros ficam com a sua expressão reduzida, ocasionando uma série de

61
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

efeitos fisiológicos distintos. Algumas glitazonas foram retiradas do mercado por


órgãos reguladores e tiveram o uso e a prescrição reduzidos nos últimos anos.

Ações principais

Existem diversas alterações em vias fisiológicas distintas ocasionadas pelo agonismo


dos receptores PPAR alfaestimulados pelas glitazonas, dentre eles destaca-se:

»» redução da Resistência periférica à insulina;

»» aumento da síntese de LDL;

»» aumento da síntese de HDL.

Efeitos adversos

Assim como os demais fármacos, as glitazonas não estão isentas de efeitos adversos
e, entre os mais conhecidos, encontra-se retenção hídrica, anemia, ganho ponderal,
piora de quadros de insuficiência cardíaca e maior predisposição a fraturas, além da
possibilidade de flutuações glicêmicas especialmente em pacientes idosos.

Contraindicações

As glitazonas são fármacos que tradicionalmente são usados na prevenção de diabetes


tipo 2 e estão associadas à melhora do perfil lipídico com redução de quadros de
esteatose hepática; no entanto, são contraindicadas para pacientes portadores de
insuficiência cardíaca classe III e IV, insuficiência hepática e para gestantes. A
hepatotoxicidade da troglitazona foi responsável pela retirada desse fármaco do
mercado.

GLITAZONAS E SÍNDROME METABÓLICA: MECANISMOS DE AÇÃO,


FISIOPATOLOGIA E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Marília de Brito Gomes

RESUMO: O diabetes mellitus (DM) é considerado um problema de saúde pública


em países devido às suas complicações crônicas macro e microvasculares, com
grande impacto na morbimortalidade dos pacientes. A doença é o estágio final
de uma síndrome crônica e progressiva, cujas anormalidades fisiopatológicas
iniciam-se anos antes do diagnóstico clínico da doença. A síndrome metabólica
(SM) é consequente ao aumento mundial da prevalência de obesidade. O DM

62
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

é frequentemente associado com condições clínicas e laboratoriais que


fazem parte da SM, como a obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia e
microalbuminúria, também fatores de risco cardiovascular. Estudos populacionais
demonstram aumento na prevalência de todos os fatores que compõem
esta síndrome do pré-diabetes ao DM manifesto, resultando em elevada
prevalência de doença cardiovascular e morbimortalidade. Estima-se que >
80% dos pacientes com DM apresentem SM. As glitazonas são agonistas PPAR-γ
que melhoram a sensibilidade insulínica. Estas drogas induzem à transcrição
de genes relacionados ao metabolismo glicídico e lipídico e à expressão de
proteínas inflamatórias e endoteliais associadas com o processo aterosclerótico,
resultando em melhora da função endotelial. Entretanto, algumas questões
relacionadas às glitazonas merecem mais estudos, como a causa de seus efeitos
colaterais (ganho de peso, edema e desenvolvimento de insuficiência cardíaca
congestiva).

Descritores: Glitazonas. Resistência insulínica. Síndrome metabólica. DM2.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v50n2/29310.pdf>.

Metiglinidas

Essa classe de fármacos atua de forma muito similar às sulfanilurérias, promovendo


maior despolarização e secreção de insulina nas células betapancreáticas. Cabe
ressaltar que, para o bom resultado clínico, é necessário que o paciente apresente
células betapancreáticas funcionais. São fármacos pertencentes a essa classe a
repaglinida e a neteglinida.

Efeitos adversos

Os efeitos adversos das metiglinidas são costumeiramente brandos e bem tolerados e,


entre os mais conhecidos, encontram-se a hipoglicemia e o ganho ponderal discreto.

Contraindicações

Conforme mencionado acima, as metiglinidas são fármacos com boa tolerância


e baixa toxicidade relativa. Dessa forma, não existem muitas contraindicações
ao uso, mas os cuidados e as contraindicações relativas em pacientes gestantes
permanecem.

63
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS EFEITOS DA NATEGLINIDA E DA


ROSIGLITAZONA SOBRE OS MARCADORES INFLAMATÓRIOS E FUNÇÃO DE
CÉLULAS BETA EM PORTADORES DE DIABETES TIPO 2
Glauce Cordeiro Ulhôa Tostes; Maria Elizabeth Rossi da Silva

RESUMO: Tratamento intensivo dos diabéticos influiu pouco na progressão das


complicações macrovasculares. Nateglinida e rosiglitazona podem modificar
fatores relacionados. OBJETIVOS: avaliar o perfil metabólico de DM tipo 2 em
uso de rosiglitazona ou nateglinida. MÉTODOS: 22 diabéticos, randomizados
em dois grupos para uso de nateglinida ou rosiglitazona por quatro meses
seguidos de oito semanas sem tratamento e cruzamento dos grupos. Foram
avaliados com teste com dieta de 5 h glicose, insulina, pró-insulina, glucagon,
GLP-1, triglicérides, AGL, HbA1c, colesterol total e frações, fibrinogênio, PCR, IL-6,
TNF-beta e sICAM. Avaliamos 11 controles normais. CONCLUSÃO: rosiglitazona
foi mais efetiva que nateglinida no controle glicêmico, diminuiu a resistência
insulínica, AGL, PCR e fibrinogênio

Leia o texto na íntegra em: <https://bdpi.usp.br/item/001501873>.

Gliptinas
As gliptinas são fármacos inibidores da dipeptidil peptidase 4 (DPP-4). Tal
enzima apresenta como uma de suas ações a degradação de hormônios, como as
incretinas, e tais hormônios são responsáveis pela estimulação da secreção de
insulina e redução da secreção de glucagon. Quando a expressão ou atividade da
DPP-4 está muito aumentada, a tendência é ocorrer uma redução das ações das
incretinas e consequentemente da insulina. Além disso, as ações do glucagon ficam
potencializadas, e o paciente tende a aumentar os níveis glicêmicos de forma crônica.

São fármacos pertencentes a essa classe a sitagliptina, a vildagliptina, a saxagliptina, a


lLinagliptina e a anogliptina.

As gliptinas são medicamentos normalmente bem tolerados e com baixa


incidência de efeitos adversos. Existem evidências de aumento da massa de células
betapancreáticas em modelos animais e boa segurança associados ao seu uso.

Efeitos adversos

Por serem relativamente bem toleradas, os principais efeitos adversos verificados


em ensaios clínicos foram maior incidência de faringite, infecções genitourinárias,
náuseas e cefaleia.

64
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Contraindicações

As principais contraindicações são referentes a hipersensibilidade dos


componentes da fórmula.

CUSTO-EFETIVIDADE E IMPACTO ORÇAMENTÁRIO DA SAXAGLIPTINA COMO


TERAPIA ADICIONAL À METFORMINA PARA O TRATAMENTO DO DIABETES
MELLITUS TIPO 2 NO SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR DO BRASIL

Marcelo Eidi Nita; Freddy G. Eliaschewitz; Eliane Ribeiro; Elio Asano;

Elias Barbosa; Maíra Takemoto; Bonnie Donato;

Roberto Rached; Elaine Rahal

RESUMO Objetivos: Comparar custos e benefícios clínicos de três terapias


adicionais à metformina (MF) para pacientes com diabetes mellitus tipo 2
(DMT2). MÉTODOS: Um modelo de simulação de eventos discretos foi construído
para estimar a relação custo-utilidade (custo por QALY) da saxagliptina como
uma terapia adicional à MF comparada à rosiglitazona ou pioglitazona. Um
modelo de impacto orçamentário (BIM – Budget Impact Model) foi construído
para simular o impacto econômico da adoção de saxagliptina no contexto do
Sistema Suplementar de Saúde brasileiro. RESULTADOS: O custo de aquisição da
medicação para o grupo de pacientes hipotéticos analisados, para o horizonte
temporal de três anos foi de R$ 10.850.185,00, R$ 14.836.265,00 e R$ 14.679.099,00
para saxagliptina, pioglitazona e rosiglitazona, respectivamente. Saxagliptina
exibiu menores custos e maior efetividade em ambas as comparações, com
economias projetadas para os três primeiros anos de -R$ 3.874,00 e -R$ 3.996,00,
respectivamente. O BIM estimou uma economia cumulativa de R$ 417.958,00
com o reembolso da saxagliptina em três anos a partir da perspectiva de uma
operadora de plano de saúde com 1 milhão de vidas cobertas. CONCLUSÃO:
Da perspectiva da fonte pagadora privada, a projeção é de que o acréscimo
de saxagliptina à MF poupe custos quando comparado ao acréscimo de
rosiglitazona ou pioglitazona em pacientes com DMT2 que não atingiram a meta
de hemoglobina glicada (HbA1c) com metformina em monoterapia. O BIM, para
a inclusão de saxagliptina nas listas de reembolso das operadoras de planos de
saúde, indicou uma economia significativa para o horizonte de 3 anos.

Unitermos: Economia da saúde. diabetes mellitus tipo 2. Gestão em saúde.


Terapêutica. Comitê de farmácia e terapêutica. Avaliação de custo-efetividade.

Leia o texto na íntegra em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/


S0104423012705122>.

65
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

Análogo GLP1 (Incretinas)

Essa classe de fármacos é composta de análogos de hormônios incretinas. Tais


hormônios são produzidos e liberados quando há nutrientes no intestino e, dessa
forma, ao se ligarem em seus receptores, estimulam a produção e secreção de insulina.
São fármacos pertencentes a essa classe a exenatida, a liraglutida e a lixisenatida. Os
análogos de incretinas são fármacos que apresentam indicação de uso em pacientes
com diabetes tipo 2 refratária à metformina ou sulfanilureiasou, em associação a
tratamentos com esses fármacos.

Efeitos adversos

As incretinas são medicamentos relativamente bem tolerados, e os principais efeitos


adversos verificados em ensaios clínicos foram maior incidência de hipoglicemia.

Contraindicações

Os análogos de incretinas são fármacos bem tolerados, e as principais contraindicações


são referentes à hipersensibilidade dos componentes da fórmula.

MECANISMO DE AÇÃO DA LIRAGLUTIDA EM PACIENTES ACOMETIDOS POR


DIABETES MELLITUS TIPO 2
Yara Melo Morante; Sharize Betoni Galende

RESUMO: A obesidade foi definida pela Organização Mundial de Saúde como


um problema de saúde pública, sendo caracterizada por especialistas como a
epidemiologia do século 21. Essa doença está relacionada a má alimentação e uma
série de comorbidades, como o diabetes mellitus tipo 2. O fármaco liraglutida é
um análogo do hormônio GLP-1, o qual é liberado pelo trato gastrintestinal com
o propósito de aumentar a secreção de insulina pelas células betapancreáticas.
O GLP-1 acresce significantemente a secreção de insulina de forma dependente
de glicose, diminui a secreção de glucagon, retarda o esvaziamento gástrico e
diminui o apetite. A liraglutida é empregada no tratamento de pacientes com
diabetes mellitus tipo 2 que não tenham alcançado adequado controle glicêmico
com outras medidas. Este fármaco tem como um de seus efeitos a redução do
apetite. Consequentemente, a perda de peso em paciente que estão em uso
do medicamento despertou o interesse de indivíduos não diabéticos a usar o
fármaco como emagrecedor.

Lei ao texto na íntegra em: <http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/


article/view/1737>.

66
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Inibidores de SGLT2

Trata-se de fármacos proteicos que atuam como proteínas cotrasnportadoras de


sódio/glicose tipo 2 que estão presentes nos túbulos contorcidos proximais dos
rins. Tal mecanismo inibe a reabsorção de glicose em torno de 50 a 90g por dia
aumentando, a depuração desta pelo sistema renal. Os fármacos pertencentes a essa
classe auxiliam na perda de peso e na redução dos níveis pressóricos.

São fármacos pertencentes a essa classe a dapaglifozina, a empaglifozina e a


canaglifozina.

Efeitos adversos

Os inibidores SGLT2 são medicamentos relativamente bem tolerados, e os


principais efeitos adversos verificados são a maior incidência de infecções
genitourinárias e poliúria.

Contraindicações

Tais fármacos não devem ser utilizados por pacientes com redução da taxa de filtração
glomerular ou com disfunção renal moderada ou grave estabelecida.

ACESSO E ADESÃO A MEDICAMENTOS ENTRE PESSOAS COM DIABETES NO


BRASIL: EVIDÊNCIAS DA PNAUM

MEINERS, M. M. M. A., et al., Rev Bras Epidemiol Jul-Set 2017.

RESUMO: Objetivo: Descrever as pessoas com diabetes no Brasil e comparar


suas características sociodemográficas, o acesso e a adesão autorreferida aos
medicamentos prescritos. MÉTODOS: Análise de dados oriundos da Pesquisa
Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos,
um inquérito domiciliar, com plano amostral por conglomerados, segundo
domínios de sexo e idade e representatividade nacional e macrorregional.
Os adultos (≥ 20 anos) que referiram ter diabetes constituíram a amostra.
Analisaram-se as frequências ponderadas das variáveis na amostra e aplicou-se
o teste do χ2 de Pearson para avaliar a significância estatística das diferenças
entre os estratos para os dados de acesso, forma de financiamento e adesão
aos medicamentos, considerando o nível de significância de 5%. RESULTADOS:
Encontrou-se uma maior proporção de mulheres, de maiores de 60 anos e da
classe econômica C. A maioria referiu ter duas ou mais comorbidades além
do diabetes e tomar cinco ou mais medicamentos. Quanto ao acesso, 97,8%

67
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

dizem ter acesso aos medicamentos prescritos para diabetes e 70,7%, que os
obtêm de forma totalmente gratuita. Verificou-se baixa adesão ao tratamento
farmacológico, com diferenças macrorregionais significativas (p = 0,001) e maior
vulnerabilidade nas regiões sul e nordeste. CONCLUSÃO: Demonstrou-se melhor
acesso aos medicamentos para diabetes no país. Entretanto, para melhorar a
eficiência dos gastos públicos, ficou demonstrada a necessidade de melhorar a
adesão ao tratamento medicamentoso.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v20n3/1980-5497-


rbepid-20-03-445.pdf>.

CONSTRUÇÃO DE CARTILHA SOBRE INSULINOTERAPIA PARA CRIANÇAS COM


DIABETES MELLITUS TIPO 1

MOURA, D. J. M., et al., Rev. Bras. Enferm. [Internet]. 2017

RESUMO: Objetivo: descrever o processo de construção de uma cartilha educativa


sobre insulinoterapia para crianças com diabetes mellitus tipo 1. MÉTODO:
abordagem metodológica, na qual se seguiram as etapas: seleção do conteúdo
e tipo de tecnologia a ser construída (para essa etapa, foi realizada revisão
integrativa, análises dos comentários de blogs sobre diabetes mellitus tipo 1
e entrevista com as crianças), criação de imagens, diagramação e composição
do layout. RESULTADOS: o trabalho resultou na produção da versão final da
cartilha educativa, que teve como título Aplicando a insulina: a aventura de
Beto. O processo de construção da cartilha foi embasado na participação ativa
das crianças e norteado pelo referencial teórico do Construtivismo Piagetiano.
CONCLUSÃO: o recurso é facilitador para a melhoria do conhecimento e das
práticas de autocuidado de crianças com diabetes mellitus tipo 1.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v70n1/0034-7167-


reben-70-01-0007.pdf>.

Escolha do agente antidiabético

A Sociedade Brasileira de Diabetes, em suas diretrizes, dispõe algumas considerações


sobre a escolha do agente antidiabético, são elas:

»» estado geral, peso e idade do paciente;

»» comorbidades presentes (complicações do diabetes ou outras);

»» valores das glicemias de jejum e pós-prandial, bem como da HbA1c;

68
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

»» eficácia do medicamento;

»» risco de hipoglicemia;

»» possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e


contraindicações;

»» custo do medicamento;

»» preferência do paciente.

As sociedades brasileiras, americanas e europeias caminham juntas quanto ao


manejo do paciente recém-diagnosticado com DM, em que suas recomendações
iniciais partem da modificação do estilo de vida associado à utilização de metformina.

Foram considerados pacientes com manifestações leves aqueles que possuem


glicemia abaixo de 200mg/dL, com sintomas leves ou ausentes, contudo
sem a presença de outra doença aguda. Para esses pacientes, estão indicados
medicamentos que não promovam aumento da secreção de insulina, principalmente
se este for obeso. Caso haja intolerância à metformina, suas apresentações com
formas de liberação prolongada devem ser consideradas. Persistindo, outro agente
hipoglicemiante pode ser escolhido.

Para aqueles pacientes cuja glicemia em jejum estiver acima de 200mg/dL,


porém abaixo de 300mg/dL, sem manifestações graves, segue o mesmo manejo,
porém além da metformina, outro agente hipoglicemiante deve ser introduzido.
Esse segundo agente deverá ser escolhido a partir do predomínio de resistência à
insulina ou de deficiência de insulina, ou ainda falência da célula β pancreática.
Acarbose, glitazonas e inibidores de SGLT2 são exemplos de constituintes da
segunda ou terceira medicação.

Pacientes com valores glicêmicos acima de 300mg/dL e manifestações graves,


como perda significativa de peso e/ou cetonúria, por exemplo, deve-se iniciar a
insulinoterapia imediatamente.

ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM USUARIOS PORTADORES DE


DIABETES MELLITUS ATENDIDOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Camilo Molino Guidoni

O diabetes mellitus é uma das doenças crônicas não transmissíveis mais


prevalentes do mundo, com prevalência estimada para 2025 de 7,1% e 14,0%
da população mundial e brasileira, respectivamente. Atualmente existe a

69
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

necessidade de desenvolvimento de programas com ênfase na prevenção


primária, controle da incidência e complicações do diabetes devido ao
elevado índice de morbimortalidade, associação com comorbidades e custo
social-econômico. Para isso, uma das possíveis estratégias seria avaliar a
utilização de medicamentos antidiabéticos orais e insulina prescritos aos
portadores de DM atendidos pelo Sistema Único de Saúde. No presente
trabalho, os usuários diabéticos pertencentes à rede municipal de saúde do
Distrito Sanitário Oeste de Ribeirão Preto-SP foram identificados pela retirada de
medicamentos antidiabéticos orais ou insulina nas farmácias das Unidades de
Saúde do Distrito através da base de dados da prefeitura, denominado sistema
Hygia de informação. Dessa forma, foi possível avaliar a terapia farmacológica
para o tratamento do diabetes, a frequência de retirada dos antidiabéticos
orais e insulina, análise da outras classes medicamentosas prescritas para o
controle das outras enfermidades e acesso aos diversos níveis de atenção à
saúde. Por meio do banco de dados Hygia foram identificados 3927 usuários
portadores de diabetes pertencentes ao Distrito Oeste de Ribeirão Preto-SP no
período de mar/2006 a fev/2007, sendo a média de idade de 60,4 anos e 60,8%
dos usuários identificados pertencerem ao gênero feminino. A monoterapia
(60,0%) foi o esquema terapêutico mais prescrito, sendo a metformina o
medicamento mais utilizado (31,8%). Apenas 3,3% dos usuários utilizaram
insulina de forma isolada. No geral, as doses dos medicamentos antidiabéticos
orais foram mais elevadas em politerapia do que em monoterapia, sendo que a
frequência média de retirada foi superior a 70,0%. Aproximadamente 34,0% dos
indivíduos apresentaram insucesso no tratamento farmacológico do diabetes,
com adição de medicamentos e/ou aumento da dose. Medicamentos como
hidroclorotiazida, cimetidina, diclofenaco, entre outros, devem ser administrados
com cautela em pacientes portadores de diabetes devido à possibilidade de
elevar o risco de alteração da glicemia. Em relação às comorbidades, 73,5%
dos usuários identificados são hipertensos e 25,9% dislipidêmicos. O número
médio de consultas durante o período de estudo foi de 7,0 para todos os
Grupos Terapêuticos. Portanto, por meio do estudo do perfil epidemiológico do
diabetes mellitus, foi possível verificar que existe a necessidade de se conhecer
a situação real do consumo de medicamentos e do perfil epidemiológico das
populações, além de constatar que os estudos de utilização de medicamentos
são uma ferramenta útil neste processo, contribuindo para o uso racional dos
medicamentos, direcionamento da prática médica e formulação de políticas de
saúde.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/


tde-24032009-142157/en.php>.

70
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Avaliação e tratamento da diabetes mellitus


gestacional (DMG)

Até o momento, não há consenso sobre o método e a forma de rastreamento da


DMG, contudo a SDB recomenda que os critérios estabelecidos em 2013 pela
Organização Mundial de Saúde sejam seguidos.

Na primeira consulta do pré-natal, a glicemia em jejum deve ser solicitada. Se o valor


encontrado estiver maior que 126mg/dL, será realizado o diagnóstico de diabetes
mellitus em sua forma franca. Contudo, se o resultado estiver entre 92 e 125mg/dL,
então será concretizado o diagnóstico para DMG.

Em todo caso, um segundo teste deve ser realizado após uma semana. Caso a glicemia
seja maior que 92mg/dL, uma segunda avaliação no segundo trimestre deve ser
realizada.

O tratamento inicial da DMG consiste em orientações alimentares que não


interfiram no ganho de peso adequado e controle metabólico. A dieta com baixo
índice glicêmico na DMG foi associada a uma menor necessidade de indicar o uso
de insulina e um menor ganho de peso ao nascer.

Exercícios físicos devem fazer parte da rotina diária, auxiliando no tratamento,


respeitando as orientações e contraindicações obstétricas.

Passadas duas semanas de dieta, caso os níveis glicêmicos ainda permaneçam


alterados: jejum ≥ 95 mg/dL e uma hora pós-prandial ≥ 140 mg/dL ou duas horas
pós-prandiais ≥ 120 mg/dL, deve-se adotar o tratamento farmacológico.

Os medicamentos antidiabéticos orais, glibenclamida e metformina, podem ser


recomendados para casos de DMG, pois um número crescente de estudos não
evidencia efeitos deletérios maternos-fetais.

Por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a categoria


B foi atribuída à metfomina e explicitada em bula, colocando-a na categoria de
medicamentos em que, na realização dos estudos com animais, não foi demonstrado
risco fetal. Um estudo controlado observou que não há risco para o uso a partir do
segundo trimestre de gestação tanto para as mães quanto para os fetos de mulheres
com DMG.

A glibenclamida demonstrou, em estudos recentes, que está associada a aumento do


risco de hipoglicemia neonatal, maior ganho de peso materno, maior ganho de peso
neonatal, sugerindo uma utilização com precauções.

71
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

Tanto metformina quanto glibenclamida ultrapassam a barreira placentária,


contudo são os únicos agentes orais indicados no manejo de DMG.

FATORES DE RISCO PARA DIABETES MELLITUS GESTACIONAL NA COORTE DE


NASCIMENTOS DE PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL, 2004

Maria Alice Souza de Oliveira Dode;

Iná da Silva dos Santos

RESUMO: Consensos de diversos países referem idade, obesidade e história


familiar de diabetes mellitus como fatores de risco para diabetes mellitus
gestacional. Outros fatores permanecem controversos. O objetivo deste estudo
foi investigar fatores associados ao diabetes mellitus gestacional entre mães
dos recém-nascidos da coorte de nascimentos de Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil, em 2004. Foram entrevistadas 4.243 puérperas no hospital, havendo 0,5%
de recusas. O diagnóstico de diabetes mellitus gestacional foi autorreferido. A
prevalência de diabetes mellitus gestacional foi 2,95% (IC95%: 2,53-3,64). Análise
bruta realizada por meio de testes qui-quadrado mostrou associação direta com
aumento da idade, escolaridade, nível econômico e índice de massa corporal
(IMC) e inversa com altura materna. Cor não branca, história familiar de diabetes
mellitus, tabagismo no primeiro e segundo trimestres e atividade física antes da
gestação e no primeiro trimestre mostraram-se associados. A análise ajustada
hierarquizada realizada através de regressão logística mostrou associação com
maior idade, cor não branca, maior escolaridade, história familiar de diabetes
mellitus e maior IMC. A altura ficou no limiar da significância. Tabagismo no
primeiro e segundo trimestres foi protetor.

diabetes mellitus; Diabetes Gestacional; Fatores de Risco; Estudos de Coortes

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v25n5/21.pdf>.

Gerenciamento de pacientes idosos com DM

O princípio da classificação e do diagnóstico em pacientes idosos não é diferente


em relação a pacientes mais jovens, apenas cabe destacar que a solicitação do
TOTG (teste oral de tolerância a glicose) é ponto fundamental para um precoce
diagnóstico do DM nesses pacientes acima dos 65 anos de idade, pois esse teste
detecta a diminuição da capacidade de captação da glicose pelo tecido adiposo e
pelos músculos no período pós-alimentar.

72
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

Em relação às metas de tratamento e escolha do agente terapêutico, é imprescindível


considerar alguns aspectos como:

»» expectativa de vida do paciente;

»» comorbidades associadas;

»» polifarmácia;

»» capacidade de autocuidado;

»» frequência de efeitos adversos;

»» custo da medicação;

»» risco associado a uma eventual hipoglicemia.

Alguns aspectos do envelhecimento podem afetar o tratamento, entre eles:

»» envelhecimento cerebral;

»» redução do glicogênio hepático;

»» catarata;

»» doenças cardiovasculares;

»» redução do potencial de sobrevida;

»» sarcopenia.

A individualização de metas é o ponto-chave. Para essa população, aceitam-se valores


glicêmicos de jejum de até 150mg/dL e pós-prandiais <180mg/dL, bem como alvos de
HbA1c menos rigorosos, como, por exemplo <8%.

As principais sociedades científicas recomendam o uso de metformina associada a


dieta e atividade física com redução de peso, como primeira medida no tratamento
da DM2. Contudo, devido a intolerância frequente e contraindicações, como
hepatopatia, nefropatia, pneumopatia etc., pode-se adiar ou evitar a introdução de
medicamentos, principalmente se o idoso estiver com quadro de hiperglicemia leve
ou moderada.

No entanto, se não for possível o alcance das metas, o medicamento deve, então, ser
introduzido com a menor dose possível, e esta ser aumentada gradualmente até que
as metas sejam alcançadas, ou ainda dar preferência às apresentações de liberação

73
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

prolongada (extended release, XR) devido ao conforto posológico, única tomada


diária, além de estar associada a menor incidência de eventos adversos.

Alguns aspectos devem ser levados em consideração antes do início da terapia


medicamentosa: a) episódios de hipoglicemia são mais frequentes e mais danosos
na população idosa, pois podem resultar em quedas e, consequentemente, fraturas
ósseas ou mesmo traumatismos cranioencefálico, portanto deve-se ter cuidado com
esquemas de controle glicêmico rigorosos; (b) esses indivíduos geralmente apresentam
outras doenças, como insuficiência renal, hepática, respiratória e cardíaca, às vezes
sem manifestações clínicas, limitando o uso de antidiabéticos orais, restando apenas a
insulina como única opção terapêutica, desagradando, assim, tanto o paciente quanto
seus familiares.

DIABETES EM IDOSOS: USO DE MEDICAMENTOS E RISCO DE INTERAÇÃO


MEDICAMENTOSA
Maria Aparecida Medeiros Barros do Prado;

Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco; Marilisa Berti de Azevedo Barros

RESUMO: Caracterizar o perfil sociodemográfico e de saúde dos idosos segundo


diabetes referido, avaliar o conhecimento e a prática quanto às opções de
tratamento, bem como descrever o uso de medicamentos e potenciais riscos
de interação medicamentosa (IM) neste subgrupo – estudo transversal com
1.517 idosos de Campinas em 2008. Estimaram-se as prevalências de diabetes
e verificaram-se as associações pelo teste de Rao-Scott. As potenciais IM foram
avaliadas pela base de dados Micromedex®. A prevalência de diabetes referida
pelos idosos foi de 21,7% sem diferença significativa entre os sexos. Verificou-
se maior percentual de idosos diabéticos com 70 anos ou mais, com menor
escolaridade, renda familiar per capita inferior a 1 salário mínimo e que não
realizavam atividade ocupacional. O número médio de medicamentos foi de
3,9 nos 3 dias anteriores. Identificaram-se 413 possíveis interações, sendo que
53,1%, 7,8% e 7,2% dos idosos apresentaram risco de IM moderadas, menores e
graves, respectivamente. Ressalta-se a importância da adoção de dieta saudável
e prática de atividade física para redução do peso, controle da doença e de
complicações. Evidencia-se a necessidade de atenção ao risco potencial das IM e
o uso de medicamentos inapropriados ao idoso.

Palavras-Chave: Diabetes mellitus. Uso de medicamentos. Interação


medicamentosa. Saúde do idoso. Inquérito de Saúde.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v21n11/1413-8123-


csc-21-11-3447.pdf>.

74
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS E ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS


DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE PORTO ALEGRE/RS

Aline Bueno da Silva; Paula Engroff; Vanessa Sgnaolin;

Luísa Scheer Ely; Irenio Gomes

RESUMO: Com o envelhecimento populacional, há o aparecimento de doenças


crônicas incapacitantes, entre as quais se destaca a diabetes mellitus (DM). O
objetivo do estudo é descrever a prevalência de DM em idosos da Estratégia
Saúde da Família (ESF) de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, de acordo
com o tratamento, a adesão medicamentosa e variáveis sociodemográficas e de
saúde. Estudo transversal, realizado em indivíduos acima de 60 anos. Os dados
foram coletados por instrumento (dados sociodemográficos, condições de saúde,
hábitos de vida e informações de medicamentos). A adesão medicamentosa foi
avaliada pela escala de Morisky. Foram analisados 763 idosos, com idade média
de 69,1±7,5 anos, dos quais 63,7% eram do sexo feminino. A prevalência de DM
foi de 23,5%, principalmente nas mulheres (27,2%), na faixa etária de 60 a 79
anos (24,6%), nos viúvos (28,4%) e nos que relataram ter cuidador (27,6%). Nas
variáveis de saúde, idosos com maior índice de massa corporal (IMC) e aqueles
com doença cardíaca apresentaram maior prevalência de DM. A metformina foi
o hipoglicemiante que apresentou maior frequência de uso (76,5%). A atenção
ao idoso diabético vem crescendo nas ESF, por isso este estudo contribuirá para
o desenvolvimento de estratégias para melhor atenção a essa população.

Palavras-chave: Diabetes mellitus. Adesão à medicação. Idoso.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v24n3/1414-462X-


cadsc-24-3-308.pdf>.

Pé diabético

Pé diabético, segundo o Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, é uma


infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associada a vários graus de
doença arterial periférica (DAP) nos membros inferiores e alterações neurológicas.

Devido à diversidade dos resultados finais dessa complicação, os dados


epidemiológicos são múltiplos. A DAP é o fator complicador mais frequente
em países desenvolvidos. A infecção, complicação comum das úlceras de pé
diabético (UPDs), que resultam em amputações, é observada mais em países em
desenvolvimento.

75
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

A incidência anual de UPDs em pacientes com DM é cerca de 2% a 4%. Essas


lesões precedem grande parte das amputações, cerca de 85%. Apenas 2/3 das UPD
cicatrizarão, e até 28% resultarão em algum tipo de amputação. Um milhão de
pacientes com DM perde uma parte da perna em todo o mundo anualmente, isso se
traduz em três amputações por minuto.

Apesar dos dados variarem, as vias de ulceração são semelhantes, a UPD é resultado
de dois ou mais fatores de risco, associados com a polineuropatia diabética (PND).
A PND está presente em cerca de 50% dos pacientes com DM2 com mais de 60 anos
de idade.

A insensibilidade é resultado do agravo às fibras nervosas finas, devido à


exposição prolongada à hiperglicemia associada a fatores cardiovasculares. Há
comprometimento também das fibras grossas, resultado em perda da propriocepção
e do movimento articular, por exemplo. Em casos mais graves, observa-se, além
dos sinais acima, a fraqueza muscular e alteração estrutural dos pés, favorecendo
episódios de quedas.

A DAP afeta 50% dos pacientes com DM, sendo cinco a dez vezes mais frequentes
nesses pacientes quando comparados a pacientes sem DM; 25 a 50% dos indivíduos
com DAP não apresentam sintomas atípicos ou ausência deles e apenas 20%
manifestam formas mais graves, podendo evoluir para doença arterial obstrutiva
(DAOP) e isquemia crítica.

A avaliação clínica é feita por meio de duas medidas simples: história clínica e
exame dos pés. Apenas 58% dos pacientes atendidos em centros especializados e
não especializados tiveram registro de exame dos pés efetuado.

Ao exame físico, há outras manifestações dermatológicas que constituem condições


pré-ulcerativas, são elas:

»» pele seca;

»» rachaduras;

»» unhas hipotróficas ou encravadas;

»» micose;

»» calosidades;

»» ausência de pelos;

»» alteração na coloração e temperatura.

76
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

O tratamento da ulceração tem como conduta inicial a classificação da lesão


(neuropática, neuroisquêmica ou insquêmica), a partir do exame clínico e captação
da história da lesão. O segundo passo consiste em diagnosticar clinicamente a
infecção, com base na presença de sinais ou sintomas de inflamação e, por último,
avaliar a gravidade de qualquer infecção confirmada.

A prescrição de antibioticoterapia (ATB) é baseada na sensibilidade e na resistência


da microbiota local. Apesar de não haver consenso sobre a ATB, para fins práticos:
uma semana para infecções leves ou duas semanas para infecções moderadas ou
graves.

FATORES DE RISCO PARA MORTALIDADE EM PACIENTES SUBMETIDOS A


AMPUTAÇÕES MAIORES POR PÉ DIABÉTICO INFECTADO
Natália Anício Cardoso; Ligia de Loiola Cisneros;

Carla Jorge Machado; Ricardo Jayme Procópio; Túlio Pinho Navarro

RESUMO: A lesão no pé de pacientes com diabetes é um importante problema


de saúde pública que frequentemente está associado a amputações em
membros inferiores e mortalidade nessa população. Investigar os fatores de risco
associados a mortalidade em pacientes com pé diabético infectado submetidos a
amputação maior. Estudo observacional, retrospectivo e caso-controle. Amostra
composta por 78 pacientes com pé diabético e úlcera infectada submetidos
a amputação maior em um serviço de cirurgia vascular em um hospital
universitário no período de 5 anos. A média de idade da amostra estudada foi de
63,8 ± 10,5 anos, com 54 (69,2%) pacientes do sexo masculino, com creatinina
sérica média de 2,49 ± 2,4 mg/dL e hemoglobina sérica média de 7,36 ± 1,7 g/dL.
Houve 47,4% de reinternação. Foi realizada amputação transtibial em 59,0% e
transfemoral em 39,7% da amostra estudada. Nesta amostra, 87,2% dos pacientes
apresentaram cultura positiva, predominantemente monomicrobiana (67,9%), e
30,8% apresentaram infecção hospitalar da úlcera. Os gêneros de bactérias mais
frequentes foram Acinetobacter spp. (24,4%), Morganella spp. (24,4%) e Proteus
spp. (23,1%). Nenhum gênero bacteriano foi identificado como fator de risco
para óbito. O nível de creatinina ≥ 1,3 mg/dL (OR 17,8; IC 2,1-150) e a amputação
transfemoral (OR 4,5; IC: 1,3-15,7) foram fatores de risco para o óbito. Os níveis
séricos de creatinina ≥ 1,3 mg/dL e amputação transfemoral foram fatores de
risco para óbito.

Palavras-chave: Pé diabético. Úlcera do pé. Infecção. Mortalidade.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/jvb/v17n4/1677-5449-


jvb-17-4-296.pdf>.

77
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

DM e HIV

A prevalência de DM em pacientes infectados pelo vírus HIV varia de 2% a 19%.


Sabe-se também que a terapia antirretroviral (TARV), principalmente as drogas de
primeira geração, podem promover um aumento no risco de resistência à insulina e
de DM.

Ainda não se sabe se a infecção pelo HIV, por si só, é fator de risco independente
para o desenvolvimento de DM. Na literatura, há estudos que demonstram o
aumento desse risco e até mesmo estudos que demonstram efeito neutro, quando
comparados a indivíduos sem HIV.

Não há diferença no manejo da DM em indivíduos infectados pelo HIV; contudo,


vale ressaltar que, apesar de ser fator determinante para o diagnóstico de DM, a
dosagem de Hb1Ac não deve ser utilizada com esse fim, pois estudos comprovam
que os níveis desse exame em pacientes com HIV podem ser subestimados. Assim,
recomenda-se que apenas o teste de glicemia em jejum e o TOTG (quando indicado)
sejam indicados para o diagnóstico de DM nesses indivíduos.

Os atuais guidelines norte-americano e europeu, assim como o brasileiro,


recomendam que as necessidades, as preferências e a tolerabilidade de cada
indivíduo sejam os principais quesitos no momento da prescrição da terapia
antidiabética, sendo também indicada a individualização das metas de controle
glicêmico.

A resistência à insulina é o principal distúrbio nos pacientes infectados pelo HIV,


por isso a metformina é a droga de primeira escolha, podendo ser utilizada também
nos casos em que o paciente apresenta o diagnóstico de pré-diabetes. Como terapia
de segunda linha, são admitidos os medicamentos das demais classes terapêuticas
orais e o uso de insulina.

ALTERAÇÕES METABÓLICAS, TERAPIA ANTIRRETROVIRAL E DOENÇA


CARDIOVASCULAR EM IDOSOS PORTADORES DE HIV
Andréa Sebben Kramer; Alexandre Ramos Lazzarotto;

Eduardo Sprinz; Waldomiro Carlos Manfroi

RESUMO: Um dos fenômenos mais atuais da síndrome da imunodeficiência


adquirida (AIDS) é o surgimento de uma nova população vulnerável: os idosos.
Um dos fatores responsáveis por esse aumento é o desenvolvimento da terapia
antirretroviral combinada (TARV), que tem proporcionado melhor qualidade
e expectativa de vida do portador de HIV. Entretanto, a TARV está associada a
efeitos adversos como dislipidemia, diabete melito e resistência à insulina, os

78
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

quais se constituem como fatores de risco para doença cardiovascular. Com o


impacto da TARV no metabolismo glicídico e lipídico, surgiram muitos estudos
associando a infecção pelo HIV e a doença cardiovascular, assim como os seus
fatores de risco e a utilização da TARV, porém poucos deles relatam sobre a
cardiotoxicidade desta Terapia em idosos. Este artigo tem o objetivo de revisar
as principais alterações metabólicas causadas pelo uso da terapia antirretroviral
e o seu impacto no aumento do risco de doenças cardiovasculares nos idosos
portadores de HIV.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v93n5/a19v93n5.pdf>.

Tratamento fitoterápico

O controle glicêmico no indivíduo com DM é sempre realizado utilizando terapia


farmacológica. A mudança de estilo de vida é um pilar importante no tratamento,
contudo a maioria dos diabéticos deverá receber pelo menos um medicamento que
ajude a controlar os níveis plasmáticos de glicose. Por esse e outros motivos, é necessário
sempre buscar opções para manter o controle da doença.

Uma grande quantidade de medicamentos disponíveis hoje vem de substâncias


encontradas em plantas, incluindo flores e folhas, a exemplo disso temos a metformina
e o inibidor do cotransportador de sódio/glicose 2 (SGLT2). Sendo assim, parece-nos
óbvio pressupor que diversas substâncias encontradas em diferentes fitoterápicos
podem ter efeito na redução da glicemia.

O Brasil possui uma cultura popular muito rica, aliada às suas dimensões, o que nos
leva a imaginar a quantidade de fitoterápicos que são utilizados para o controle da
glicemia. Contudo, questiona-se a efetividade desses fitoterápicos, seus mecanismos
de ação e suas comprovações científicas.

Chá de pata-de-vaca (Bauhinia variegata): talvez um dos tratamentos


alternativos de diabetes mais populares no Brasil. Encontrada desde o Piauí até o Rio
Grande do Sul, nas florestas do complexo atlântico e matas de planalto, é também
muito utilizada no paisagismo, devido à beleza de suas flores. Não há nenhum
estudo clínico avaliando seus efeitos em humanos, os poucos estudos encontrados
na literatura investigam seus efeitos apenas em ratos. Pesquisadores do Rio de
Janeiro conseguiram identificar uma proteína nas folhas de pata-de-vaca que possui
estrutura semelhante à insulina bovina. Por conta dessa semelhança, a molécula
presente no chá pode funcionar como a insulina humana, porém outros estudos se
fazem necessários, pois não se sabe a potência dessa molécula, a dose ideal, a sua
metabolização e principalmente o risco de hipoglicemia associado ao seu uso.

79
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

Figura 3. Folhas da pata-de-vaca.

Fonte: Disponível em: <https://static.tuasaude.com/media/article/bc/db/pata-de-vaca_20891_m.jpg>.

Chá de insulina (Cissus sicyoides): Trepadeira também conhecida como


anil-trepador, uva-brava ou cipó-pucá, possui esse termo “insulina vegetal”
justamente devido ao seu grande uso pela população para o tratamento da DM;
exatamente por isso, deve-se ficar claro que a insulina vegetal não tem nenhuma
relação com a insulina humana, a planta carrega esse nome devido à invenção
popular decorrente de seu uso disseminado no tratamento do diabetes. Sabe-se
hoje que a folha parece ter efeitos benéficos sobre a glicose, porém ainda não
foram demonstrados em humanos. Não foi possível ainda identificar um possível
mecanismo de ação e seus efeitos colaterais.

Figura 4. Cissus sicyoides.

Fonte: Disponível em: <https://toptropicals.com/pics/garden/2004/2/2470.jpg>.

80
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

AVALIAÇÃO DO EFEITO HIPOGLICEMIANTE DE CISSUS SICYOIDES EM ESTUDOS


CLÍNICOS FASE II

Hosana Bandeira Santos, João Modesto-Filho; Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz; Tereza
Helena Cavalcanti de Vasconcelos; Francisco Santiago de Brito Pereira; Josué do Amaral Ramalho;
Jadson Gomes Dantas; Esther Bandeira Santos

RESUMO: O estudo objetivou realizar ensaios clínicos de fase II com o infuso das
folhas de Cissus sicyoides L (Vitaceae) para investigar a eficácia terapêutica desse
vegetal em voluntárias intolerantes à glicose (GIG n = 14) e diabéticas (GD n =
12) entre 30 e 59 anos de idade no Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB.
O chá foi preparado com 1g do pó das folhas secas, diluído em 150 mL de água
quente por 10 minutos (uso popular), dose única, por um período de 7 dias (fase
aguda). No GIG, verificou-se a interação entre a glicemia e a insulina por meio do
Teste Oral de Tolerância à Glicose, sem e com a ingestão do infuso. A glicemia e
insulinemia foram determinadas nos tempos 0, 1, 2 e 3 h. Para o GD, avaliou-se
a variação espontânea da glicemia (em jejum e em repouso nos tempos 0, 1, 2 e
3 h) e o perfil glicêmico (antes e 2h após as refeições) na ausência e na presença
do chá. No GIG, o chá das folhas teve atividade hipoglicemiante significativa aos
120 minutos, porém, não houve aumento da insulinemia, além da fisiológica,
sugerindo que esse efeito não ocorreu por liberação ou secreção daquela. No
GD, o infuso não apresentou efeito hipoglicemiante significativo.

Unitermos: Cissus sicyoides. Vitaceae. Estudos clínicos. Atividade hipoglicemiante.

Leita o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v18n1/a14v18n1.


pdf>.

Manejo hospitalar da hiperglicemia

Em até 38% dos pacientes hospitalizados, a hiperglicemia pode estar presente.


Esta pode ser decorrente de três possíveis situações: diagnóstico conhecido de DM;
diagnóstico desconhecido de DM; hiperglicemia do estresse.

No ambiente hospitalar, alguns fatores como desidratação, produção de citocinas


inflamatórias, uso de glicocorticoides e substâncias vasoativas que têm ação
hiperglicemiante, além da administração de dietas e soluções concentradas em glicose,
contribuem para a sustentação do quadro de hiperglicemia.

Grandes desafios são enfrentados na abordagem terapêutica da hiperglicemia


hospitalar, já que, ao mesmo tempo em que é preciso proceder à redução da glicemia,

81
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

deve-se evitar a ocorrência de quadros de hipoglicemia e situações com grande


variabilidade glicêmica, fatores determinantes de maior morbimortalidade.

Recomenda-se a realização de pelo menos um teste de glicemia no momento da


admissão hospitalar. Naqueles pacientes em que já há confirmação de diagnóstico
prévio de DM ou com hiperglicemia detectada no exame admissional, é indicado o
exame de hemoglobina glicada (HbA1c), desde que ele não tenha sido realizado nos
últimos três meses.

O resultado de HbA1c acima de 6,5% identifica os pacientes desconhecedores de


DM, além de ser um instrumento de distinção entre aqueles que estão apenas com
o quadro de hiperglicemia por estresse, ajuda no planejamento da estratégia de
seguimento hospitalar e também no momento da alta.

A hiperglicemia hospitalar é definida por valores de glicemia maiores que 140mg/dL,


e a meta terapêutica tanto para pacientes críticos como não críticos é de um patamar
de glicemia entre 140mg/dL e 180mg/dL. Eventualmente, em pacientes não críticos,
sem maiores comorbidades e risco baixo de hipoglicemia, pode ser aceita a glicemia
entre 100mg/dL e 140mg/dL. Em pacientes terminais ou muito idosos, podem ser
considerados níveis mais elevados.

Frequentemente o esquema terapêutico exigirá algum ajuste, seguindo a mudança


do quadro clínico, alterações no tipo de dieta, necessidade de procedimentos mais
invasivos ou início de tratamentos potencialmente hipoglicemiantes.

A utilização de insulina, no ambiente hospitalar, é o padrão-ouro no tratamento


da hiperglicemia. Poucas situações e principalmente em pacientes não críticos
que serão submetidos a procedimentos pouco invasivos, de baixo risco e sem
modificação do seu estado nutricional, pode-se admitir a manutenção do
tratamento ambulatorial com drogais por via oral.

A Sitagliptina, inibidor da enzima dipeptil peptidase 4 (DDP-4), pode ser admitida


na manutenção dos índices glicêmicos em pacientes não críticos com DM2, pois
possui baixo risco para eventos de hipoglicemia, devido a função moduladora nas
células α pancreáticas, além do excelente perfil de segurança e tolerabilidade.

A infusão endovenosa contínua de insulina é o método mais aceito de tratamento


em pacientes críticos, devido à meia-vida mais curta da insulina por via endovenosa
e ação imediata. Outro fator importante é a rapidez e previsibilidade de realizar o
ajuste da glicemia com menor risco de hipoglicemia.

82
O DIABETES E AS TERAPIAS │ UNIDADE II

O esquema subcutâneo de insulina basal-bolus é preferencialmente escolhido em


pacientes não críticos e com dieta oral, pois simula a secreção fisiológica pancreática.
Esse esquema compreende a utilização de insulina basal e prandial, divididas nas
principais refeições.

Pacientes com DM que foram submetidos a insulinoterapia exclusiva durante o


período de internação, em substituição de medicamentos orais de uso prévio, devem
retornar aos medicamentos 1 a 2 dias antes da alta e já com retorno marcado com o
médico especialista.

O período de internação é uma excelente oportunidade para que os pacientes


recebam informações sobre a doença, sobre o uso correto dos medicamentos, sobre a
importância de sempre estar monitorando os índices glicêmicos, aumentando, dessa
maneira, a adesão ao tratamento medicamentoso, minimizando as complicações
decorrentes da doença e a taxa de readmissão hospitalar.

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA HIPERGLICEMIA EM PACIENTES GRAVES

Marina Verçoza Viana; Rafael Barberena Moraes;

Amanda Rodrigues Fabbrin; Manoella Freitas Santos; Fernando Gerchman

RESUMO: A hiperglicemia é um problema frequentemente encontrado em


pacientes graves em ambiente de terapia intensiva. Sua presença se associa
ao aumento da morbidade e da mortalidade, independentemente da causa da
admissão (infarto agudo do miocárdio, condição após cirurgia cardiovascular,
acidente vascular cerebral e sepse). Entretanto, permanecem muitas dúvidas
com relação à fisiopatologia e, particularmente, em relação ao tratamento da
hiperglicemia no paciente graves. Na prática clínica, devem ser levados em
consideração diversos aspectos para o controle desses pacientes, inclusive os
alvos de glicemia, o histórico de diabetes mellitus, a via de nutrição (enteral ou
parenteral) e o equipamento de monitoramento disponível, o que aumenta
substancialmente a carga de trabalho dos profissionais envolvidos nesse
tratamento. Esta revisão descreveu a epidemiologia, a fisiopatologia, o
tratamento e o monitoramento da hiperglicemia no paciente adulto grave.

Palavras-chave: Hiperglicemia. Glicose. Cuidados críticos. Diabetes mellitus.


Infarto do miocárdio.

Leia o texto na íntegra em: <http://www.scielo.br/pdf/rbti/v26n1/0103-507X-


rbti-26-01-0071.pdf>.

83
UNIDADE II │ O DIABETES E AS TERAPIAS

DIABETES MELLITUS NA POPULAÇÃO IDOSA EM MUNICÍPIO DA REGIÃO SUL DO


BRASIL: UM ESTUDO DA MORTALIDADE E MORBIDADE HOSPITALAR

Thais A. Freitas Mathias; Maria Helena P. M. Jorge

RESUMO: Para conhecer o comportamento da morbimortalidade por


diabetes mellitus em idosos residentes em Maringá, PR, foram analisados os
óbitos (CD-ROM do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério
da Saúde) e as internações do banco de dados do SIH-SUS. As informações
sobre mortalidade para idosos foram analisadas para o período de 1979 a
1998, e as de morbidade hospitalar para o período de 1996 a 1998. Os dados
de população foram extraídos dos censos populacionais do IBGE e Núcleo
de Estudo de Populações da Unicamp. Entre 1979 e 1998, a mortalidade
proporcional por diabetes aumentou 16% e o coeficiente de mortalidade
passou de 72 para 137,6 óbitos por 100.000 habitantes; aumento de
147,8% para o sexo masculino e de 61,9% para o feminino, acréscimos mais
importantes em idosos de 80 anos e mais de idade. Entre as internações
por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, aproximadamente 60%
ocorreram por diabetes e, entre essas, 30% para homens e 70% para mulheres.
O risco de internação diminuiu no período em todas as idades. É importante
para o município implantar e aprimorar programas de promoção e proteção
à saúde na população, especificamente direcionados aos fatores de risco para
o diabetes mellitus.

Descritores: Diabetes mellitus. Idosos. Mortalidade. Morbidade hospitalar.

Leia o texto na íntegra em: < http://www.scielo.br/pdf/abem/v48n4/a11v48n4.


pdf>.

84
Referências

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas diabetes mellitus Tipo 1. Disponível em:


<http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_PCDT_DM_2018.pdf>.
Acesso em: 6 de maio de 2019.

Site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Disponível em: <http://


www.endocrino.org.br/numeros-do-diabetes-no-brasil/>. Acesso em: 27 jun. 2016.

Fonte das imagens


Figura 1. Neuropatia Diabética, pé diabético – Disponível em: <http://www.scielo.mec.
pt/img/revistas/rpc/n27/n27a05f9.jpg>.

Figura 2. Seringa para aplicação de insulina – Disponível em: <https://diabetesemduvida.


com/2016/03/04/a-aplicacao-de-insulina-guia-completo/>.

Figura 3. Folhas da pata-de-vaca – Disponível em: <https://static.tuasaude.com/


media/article/bc/db/pata-de-vaca_20891_m.jpg>.

Figura 4. Cissus sicyoides – Disponível em: <https://toptropicals.com/pics/


garden/2004/2/2470.jpg>.

Fonte das tabelas


Tabela 1 – Relação dos 10 países com maior número de pessoas com diabetes (20 a
79 anos) e respectivo intervalo de confiança de 95%, em 2015, com projeções para
2040. - Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech
[et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio – São Paulo: A.C.
Farmacêutica, 2016.

Tabela 2 – Taxa de mortalidade por diabetes (a cada 100 mil habitantes), por
macrorregião brasileira, segunda a faixa etária, no ano de 2011. - Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio
Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

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REFERÊNCIAS

Tabela 3 – Classificação etiológica do DM - Diretrizes da Sociedade Brasileira de


Diabetes (2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de
Oliveira, Sérgio Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Tabela 4 – Índices glicêmicos para diagnóstico de normoglicemia, pré-diabetes e


DM – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016)/Adolfo Milech
[et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio – São Paulo: A.C.
Farmacêutica, 2016.

Tabela 5 – Fatores de risco para DMG – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes


(2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio
Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Tabela 6 – Valores de glicose plasmática para diagnóstico de diabetes mellitus e seus


estágios pré-clínicos – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016)
/ Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio –
São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Tabela 7 – Correlação dos níveis de hemoglobina glicada e os níveis médios de glicemia.


Disponível em: <https://slideplayer.com.br/slide/87876/1/images/4/Diagn%C3%B3s
tico+e+acompanhamento+do+diabetes.jpg>.

Tabela 8 – Estágios do DM tipo 1 e suas características – Diretrizes American Diabetes


Association, 2017, Insel et al., 2015.

Tabela 9 – Fatores de risco para DMG – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes


(2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio
Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Tabela 10 – Preparações de insulina comumente utilizadas – Silverthorn, D. U., 2010

Tabela 11 – Sulfonilureias – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016)


/ Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio –
São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Tabela 12 – Biguanidas - Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016)


/ Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio –
São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

Tabela 13 – Inibidores da alfaglicosidase – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes


(2015-2016) / Adolfo Milech [et al.]; organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio
Vencio – São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016.

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