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CERS Book - Direito Civil - Capítulo 7
CERS Book - Direito Civil - Capítulo 7
JURÍDICAS
CARREIRAS JURÍDICAS
DIREITO CIVIL
CAPÍTULO 07
CAPÍTULOS
1
SOBRE ESTE CAPÍTULO
O presente capítulo não é extenso. Ele tratará sobre dois temas relacionados:
principalmente, a Teoria do Ato, Fato e Negócio Jurídico e a Escada Ponteana, com foco nos
é preciso que o aluno fique muito atento a eles, principalmente no estudo para a 2 a fase
(prova subjetiva) e para as provas orais.
Quanto aos artigos do Código Civil acerca dos negócios jurídicos, a atenção deve ser
redobrada no estudo para provas objetivas, pois seus detalhes costumam ser muito cobrados,
conforme veremos nos testes deste e dos próximos dois capítulos.
Não há diferenciação quanto à sua cobrança nos certames analisados. Percebeu-se que
o negócio jurídico, por estar na Parte Geral do Código Civil, é cobrado de maneira recorrente
e em todas as carreiras jurídicas. A cobrança resume-se mais à letra seca dos artigos do
Vamos então começar o estudo do negócio jurídico! Pegue seu vade mecum e mãos à
obra!
2
SUMÁRIO
Capítulo 7 .................................................................................................................................................. 4
7.2.3.2 Termo................................................................................................................................................................... 19
GABARITO ............................................................................................................................................... 38
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 43
Capítulo 7
Apesar de o presente capítulo ser bastante teórico, ele contribuirá muito para a
compreensão de temas posteriores. Então, não deixe de fazer uma leitura atenta e gravar ao
menos a diferença entre os principais institutos, com destaque aos elementos acidentais do
Estão prontos para estudar como o Direito trata fatos da vida real e em quais categorias
eles se inserem?
1
Vide Questão 2
4
Originário (o simples decurso do tempo os provoca, exemplos: o nascimento,
a morte, a maioridade, prescrição);
Extraordinário (são os fatos do acaso, a exemplo do caso fortuito, ou força
maior, das tempestades e dos terremotos que ocasionem danos às pessoas).
● Fato Jurídico Humano ou Fato Jurígeno: Decorre de um ato humano (Ex:
reconhecimento da paternidade, um contrato, uma doação).
Assim, a vontade não integra o suporte fático, apesar de produzir efeitos normalmente. Em
outras palavras o Ato Fato é desprovido de voluntariedade e consciência em direção ao
Exemplos: Criança de 5 anos indo comprar bala em um bar, ou criança que pesca um peixe e,
se torna dono do peixe, e, também, descobrimento de tesouro por alguém, sem querer.
ordenamento jurídico, ou seja, todo aquele que viole direito e cause danos a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito).
Atenção aqui, pois há corrente doutrinária que entende que o Ato Ilícito não é ato
jurídico, pois para os autores adeptos a essa corrente, a licitude é um elemento do ato
jurídico. Ex: Flávio Tartuce, Pablo Stolze e Zeno Veloso.
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Da primeira corrente, a qual os atos ilícitos são considerados jurídicos, tem-se Pontes de
● Negócio jurídico: é o ato que tem como consequência efeitos jurídicos desejados
pelas partes. É ato negocial. Estará presente a autonomia privada. O contrato é o
principal exemplo de um negócio jurídico.
A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do pagamento. Tem autores que falam
que é negócio jurídico bilateral ou unilateral, ato jurídico, etc. Em concurso se recomenda que
considere como ato jurídico stricto sensu, pois no CC não se anula pagamento por vício do
negócio jurídico.
Sendo assim, o negócio jurídico é fato humano, voluntário, que tende a provocar efeitos
jurídicos por meio de determinado ato. Os efeitos são desejados pelas partes (é ato negocial).
Por sua vez, ATO ILÍCITO é todo comportamento humano que viola o ordenamento
jurídico (lei, moral, ordem pública e bons costumes), podendo ser civil, administrativo ou
penal. É regido pelos arts. 186 a 188 e tem relação direta com o instituto da responsabilidade
civil.
6
Assim, o ato ilícito civil é caracterizado pela presença do dano ou abuso de direito,
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes”.
Plano de eficácia
Plano de
Plano de existência
validade
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da validade e da eficácia, no entanto a doutrina também trata do plano da existência, primeiro
ingressando no plano da existência. Como saber quanto do fato, ato ou negócio se mostra
relevante para o Direito? Por meio do SUPORTE FÁTICO, o qual delimita a extensão da
incidência da norma. O suporte fático não se confunde com a norma jurídica. Ele é um
conceito do mundo dos fatos, trata-se da hipótese fática abstratamente prevista,
elementos mínimos do negócio jurídico, que são os agentes ou partes, o objeto, forma e
vontade.
Por sua vez, no plano da validade2 passa-se à análise, uma vez que haja expressão da
vontade humana nesse fato jurídico, do que é perfeito, isto é, que não tem qualquer vício
invalidante. Os atos jurídicos lícitos que não tem vontade como elemento (fato jurídico stricto
sensu, atos-fatos jurídicos e os fatos ilícitos), não estão sujeitos ao plano da validade, pois
não podem ser nulos ou anuláveis.
Por fim, o plano da eficácia é a parte do mundo jurídico onde os fatos jurídicos
produzem os seus efeitos. Este plano, do mesmo modo que o anterior, pressupõe que o fato
2
Vide questão 1
8
jurídico tenha passado pelo plano da existência, contudo, não, essencialmente, pelo plano de
validade.
Isto, pois, os fatos jurídicos stricto sensu, ato fato jurídico e fatos ilícitos para que
tenham acesso ao plano da eficácia, bastam que existam.
Já, o ato jurídico válido, em regra, tem entrada imediata no plano da eficácia, com
exceção dos que mesmo válidos são ineficazes. Os atos anuláveis entram, de logo, na eficácia
anulabilidade. Os seus efeitos, contudo, podem se tornar definitivos, caso haja a sanação da
anulabilidade, inclusive pela decadência da pretensão anulatória.
Ademais, os atos nulos, em regra, não produzem sua plena eficácia. Acontece, no
entanto, que há casos, embora poucos, em que o ato jurídico nulo produz, plena e
definitivamente, efeitos jurídicos que lhe são atribuídos (exemplo: casamento putativo).
concreta estabelecida pelas partes. Sua característica primordial é que ele constitui um ato de
vontade que atua no sentido de obtenção de um fim pretendido.
Deste modo, no negócio jurídico temos uma declaração de vontade, emitida segundo
princípio de autonomia privada, pela qual o agente, nos limites da função social e da boa-
fé objetiva, disciplina efeitos jurídicos possíveis escolhidos segundo a sua própria liberdade
negocial.
3
Vide Questão 4, 5 e 7
9
Atualização legislativa em 2019: Os §1º e 2º do artigo 113 do CC foram incluídos pela
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Há casos em que será necessária a forma expressa e, além disso, no modo escrito. Exemplos:
artigos. 108, 1806 do CC.
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● Quanto às partes e ao tempo em que produzem efeitos:
● Quanto à forma:
tanto, observe:
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● Objeto lícito, possível,
● Determinado ou determinável e
Assim, para a validade do ato, o Código Civil exige agente capaz. Tal capacidade deve
ser aferida no momento do ato, ou seja, a pessoa nesse momento deve ser dotada de
consciência e vontade. Além disso, deve ser reconhecida por lei como apta a exercer por si
mesma os atos da vida civil.
relativamente incapazes serão assistidas. Assim, será nulo o ato praticado diretamente
por pessoa absolutamente incapaz e anulável o realizado por pessoa relativamente incapaz.
Em segundo lugar o Código Civil estabelece que o objeto seja possível, afastando,
deste modo, os negócios que tiverem prestações tanto fisicamente quanto juridicamente
impossíveis.
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Nos termos do artigo 106 do CC, a impossibilidade inicial do objeto não invalida o
negócio jurídico se ela for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele
estiver subordinado. Exemplo: vender o carro antes do dinheiro ser entregue.
A lei impõe limitações ao objeto do negócio, que não gozará de proteção legal quando
for contrário às leis de ordem pública, ou aos bons costumes. A sanção quanto ao objeto
Por fim, é requisito de validade dos negócios jurídicos obedecerem à forma prescrita
ou, então, não adotarem a forma proibida pela lei. A regra é que a forma seja livre, como
Reserva mental 4 é uma declaração não querida em seu conteúdo, tendo por objetivo
enganar o destinatário, sendo que a vontade declarada não coincide com a vontade real do
4
Vide Questão 10
14
● O silêncio importa anuência, ou seja, a concordância, mas são duas as condições
necessárias: as circunstâncias ou os usos assim devem autorizar; e a declaração de
vontade na forma expressa não pode ser necessária. (art. 111 do CC);
● Se não há vontade (há coação física, por exemplo) o negócio é inexistente. Porém,
se há vontade, mas esta não é totalmente livre, pois houve coação moral, então o
negócio é inválido. Em outras palavras, com a coação física não existe vontade, e,
consequentemente, o negócio não existe, porém a coação moral embaralha a plena
vontade (ela existe, mas não é válida), nesse caso o negócio é inválido.
5
Vide Questão 8
15
O art. 108, do CC, dispõe sobre a necessidade de escritura pública para a validade de
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor acima de 30 salários mínimos (maior salário mínimo
vigente).
Mas a promessa de compra e venda não precisa de escritura pública, podendo ser
celebrada por instrumento particular. Os negócios garantidos por alienação fiduciária de
imóveis também não exigem escritura pública, nem a aquisição de imóveis pelo SFH.
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porque tecnicamente o negócio pode sobreviver sem eles.
7.2.3.1 Condição6
Seu conceito encontra-se no art. 121 do CC: “Art. 121 Considera-se condição a cláusula
que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico
a evento futuro e incerto.”
Da leitura desse artigo temos que a condição deve referir-se a fato futuro. Fato
passado ou presente não pode constituir-se em condição. Também deve relacionar-se a fato
incerto. A condição é elemento da vontade e somente opera porque os interessados no
negócio jurídico assim desejaram, deste modo, no negócio jurídico não há condição derivada
de lei. Sendo assim, enquanto a condição não se realizar, os efeitos do ato não podem ser
ainda exigidos.
A eficácia do negócio jurídico dependerá da condição. Porém, há certos atos que não
admitem condição (são denominados atos puros), como, por exemplo, no caso dos direitos
6
Vide Questão 3, 6 e 9
17
● Condição suspensiva (art. 125 e 126 CC): ocorre quando as partes protelam a
eficácia do negócio jurídico. Este só terá sua eficácia após o implemento de uma
condição, um acontecimento futuro e incerto. A condição suspensiva deverá
atender ao art. 123, inciso I, ou seja, ela não pode ser fisicamente ou juridicamente
impossível, porque se o for o negócio será nulo. Enquanto ainda não verificada a
condição, não há direito e obrigações recíprocos. E, ademais, a condição suspensiva
ato ao arbítrio exclusivo de uma das partes. Portanto, é ilícita, visto que se caracteriza como
abuso de poder econômico e/ou desrespeito ao princípio da boa-fé objetiva, acarretando o
circunstância exterior que escapa ao seu controle, não caracterizando qualquer forma de
abuso de poder.
exclusiva de uma das partes prevalece interferindo na eficácia jurídica do negócio jurídico,
como por exemplo, o direito de arrependimento, previsto no artigo. 49 do CDC.
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7.2.3.2 Termo
O momento de início ou do fim da eficácia do negócio e que será determinado pelas
partes ou fixada pelo agente. Chama-se de termo inicial (ou suspensivo) o dia a partir do
qual se pode exercer o direito e chama-se termo final (ou extintivo) aquele no qual se
encerra a produção de efeitos dos negócios jurídicos. Assim, o termo inicial suspende a
eficácia de um negócio até a sua ocorrência, enquanto o termo final resolve seus efeitos.
Apesar de o termo ser sempre certo, o momento de sua ocorrência pode ser
indeterminado (incerto). É por isso que surge a denominação de termo certo (determinado) e
termo incerto (indeterminado). A obrigação a termo certo constitui o devedor em mora,
No termo inicial, não se impede a aquisição de seu direito, apenas se retarda seu
exercício. O que se depreende é que a existência do termo inicial suspende o exercício, ou
seja, o exercício ficará suspenso até a ocorrência do termo (ele ainda não ocorreu). Lembrando
que a aquisição (parte final do artigo) é imediata (artigo 131 CC). O direito que se adquire a
termo surge no momento do negócio jurídico, pois não há uma pendência (é diferente de
condição), aqui o evento é futuro e certo.
Existem atos que não admitem a colocação de termo, como nos casos de direitos de
personalidade, nas relações de família e nos direitos que, por sua própria natureza, requerem
execução imediata. Portanto, não se admite termo: a emancipação, o casamento, a adoção, o
Por fim, vale ressaltar o artigo 135 do CC, o qual dispõe que ao termo inicial e final,
aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
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7.2.3.3 Encargo ou Modo
É uma restrição a certa liberalidade que foi concedida, ou melhor é um ônus. Por
exemplo, quando uma mãe dá um dinheiro de presente a um filho, mas diz que ele precisa
usar parte dele para comprar material escolar. Obs.: Geralmente o encargo é colocado em
doações, mas nada impede que se refira a qualquer ato de índole gratuita (liberalidades).
Desse modo, podemos perceber que o encargo apresenta–se como cláusula acessória
pode ser visto como contrapartida ao benefício concedido. Se o encargo não for cumprido a
liberalidade poderá ser revogada.
O encargo, assim como ocorre na condição, deve estar em obrigação lícita e possível.
De acordo com o art.137 do CC, a ilicitude ou impossibilidade do encargo torna-o não escrito,
exceto se for determinante da liberalidade e, neste caso, será inválido o negócio jurídico.
CONDIÇÃO SUSPENSIVA
TERMO “QUANDO” ENCARGO “PARA QUE”
“SE”
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Não tem direito direito. Tem direito exercício do direito. Tem
que manifestou, salvo se o destinatário do ato tinha consciência disto (artigo 110 CC).
real do agente, devendo a atenção ser voltada mais à intenção do agente, do que às palavras
literais expressas. No que diz respeito ao silêncio, ele será considerado como anuência se, as
IMPORTANTE, pois isso despenca nas provas objetivas: serão interpretados de forma
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QUADRO SINÓPTICO
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Os atos nulos, em regra, não produzem sua plena eficácia.
Há poucos casos, no entanto, que o ato jurídico nulo produz,
plena e definitivamente, efeitos jurídicos que lhe são atribuídos
(exemplo: casamento putativo).
Constitui um ato de vontade que atua no sentido de obtenção de
um fim pretendido.
Importante! Incidência do princípio de autonomia privada. As
NEGÓCIO JURDICO
partes disciplinam efeitos jurídicos possíveis escolhidos segundo a
sua própria liberdade negocial.
Quanto à forma:
Formais (solenes): Exigem forma especial, prescrita em lei
(ex.: testamento, etc).
Não formais (não solenes): Não exigem forma especial (a
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forma é livre). Podem ser efetivados de forma verbal.
CONDIÇÕES
Há CONDIÇÕES que sempre invalidam os negócios jurídicos:
Condições física ou juridicamente impossíveis, quando
suspensivas;
Condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
Condições incompreensíveis ou contraditórias.
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Condição puramente potestativa - sujeita o efeito do ato ao arbítrio
exclusivo de uma das partes. É ilícita.
Condição simplesmente potestativa – são admitidas pois não
dependem apenas da manifestação de vontade de uma das partes.
TERMO
Chama-se de termo inicial (ou suspensivo) o dia a partir do qual se
pode exercer o direito e chama-se termo final (ou extintivo) aquele no
qual se encerra a produção de efeitos.
O direito que se adquire a termo surge no momento do negócio
jurídico, pois aqui o evento é futuro e certo.
ENGARGO ou MODO
É uma restrição a certa liberalidade que foi concedida (é um ônus).
Porém, não deve o encargo se configurar em contraprestação,
IMPORTANTE: O encargo obriga, mas não suspende, o exercício do
direito.
A manifestação subsistirá ainda que o autor haja feito reserva mental
de não querer o que manifestou.
Silêncio: será considerado como anuência se, as circunstâncias
Manifestação da vontade autorizarem e a anuência expressa não for necessária.
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QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(AJURI - 2018 - Desenvolve - RR - Advogado) Assinale a alternativa que NÃO pode ser
considerada um requisito para a validade do negócio jurídico.
a) Agente capaz.
b) Licitude do objeto.
c) Negociações preliminares.
Comentário:
De acordo com o art. 104, CC, negociações preliminares não são requisitos de validade
de um negócio jurídico.
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Questão 2
(CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor Público) Se, após uma tempestade, uma árvore cair sobre
c) negócio jurídico.
d) fato jurídico em sentido estrito.
Comentário:
Questão 3
Não constitui condição a cláusula que subordina os efeitos de um negócio jurídico à aquisição
da maioridade da outra parte.
a) Certo
b) Errado
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Comentário:
A questão pede uma interpretação da letra da lei. É desta forma que se apresentam
muitas das questões sobre condição e termo. Por isso, o aluno deve conhecer bem o conceito
de tais institutos.
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro
e incerto.
tem dia certo para acontecer (dia do aniversário), não constitui condição a cláusula que
subordina os efeitos de um negócio jurídico à aquisição da maioridade da outra parte.
Questão 4
e) em regra, a capacidade relativa de uma das partes deve ser invocada pela outra em
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Comentário:
a) Correta. É a alternativa a ser assinalada. De acordo com o artigo 114 do Código Civil,
b) Incorreta. Por se tratarem de um negócio onde apenas uma das partes aufere vantagem,
Art. 107, CC: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir”.
relativa é uma exceção pessoal, podendo ser alegada apenas pela parte por quem
a aproveita.
Art. 105, CC: “A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste
caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum”.
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Questão 5
correta
c) Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a
d) São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, ainda que este seja acidental.
e) A escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a vinte
vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Comentário:
a) Incorreta. Pelo contrário, conforme o art. 114, CC, os negócios jurídicos benéficos
interpretam-se estritamente.
c) Correta. A alternativa reproduz exatamente o que dispõe o art. 134 do CC: “Os negócios
jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser
feita em lugar diverso ou depender de tempo”.
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d) Incorreta. O dolo acidental não enseja a anulação do negócio jurídico, gerando apenas a
Art. 146, CC: “O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”.
e) Incorreta. O correto não é “vinte vezes o maior salário mínimo” e sim “trinta vezes o maior
salário mínimo”.
Art. 108, CC. “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia
de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no País”.
Questão 6
(CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto) Elemento acidental do negócio jurídico, a condição
a) impositividade e certeza.
b) acessoriedade e voluntariedade.
c) legalidade e futuridade.
d) involuntariedade e incerteza.
e) legalidade e brevidade.
Comentário:
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Não se trata de impositividade e certeza (letra A), já que, na forma do art. 121 do
não sendo cláusula aplicável ex lege. Também não é certa a condição, posto que se refere a
evento futuro e incerto.
A letra C está incorreta por causa da característica “legalidade”. As condições não estão
previstas em lei, e por dois motivos: (i) dependem da vontade das partes, (ii) não é possível
que o legislador preveja toda e qualquer condição possível de estabelecimento.
Por fim, sobre a letra E, a condição é breve (transitória) nas hipóteses em que ela
efetivamente se verifica; não havendo condição, ela se extingue junto com o próprio negócio
jurídico a qual integra. No entanto, como explicado anteriormente, as condições não estão
previstas em lei.
Questão 7
(Banca própria - 2017 - MPE-SP - Promotor de Justiça) Assinale a alternativa que indica
corretamente uma disposição legalmente fixada para os negócios jurídicos.
b) A validade da declaração de vontade não depende de forma especial, senão quando houver
expressa exigência legal nesse sentido.
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c) A incapacidade relativa de uma das partes pode ser invocada pela parte interessada apenas
e) A escritura pública não é essencial para a validade de nenhum negócio jurídico, bastando às
partes a existência de instrumento particular.
Comentário:
a) Incorreta. Pelo contrário, a intenção das partes prevalece em relação ao sentido literal da
linguagem, conforme o art. 112, CC.
Art. 112, CC: “Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”.
Art. 107, CC. “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir”.
c) Incorreta. Conforme o Art. 105, CC, a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser
Art. 105, CC: “A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela
outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se,
neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum”.
d) Incorreta. Fique atento quando a alternativa trouxer a palavra “sempre”, pois não é sempre
que a impossibilidade inicial do objeto invalida o negócio jurídico. Conforme o art. 106, CC, “a
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e) Incorreta. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
Questão 8
d) A interpretação somente poderá ser feita por terceiro eleito entre as partes, de forma
imparcial.
Comentário:
O gabarito da questão é a letra C, que repete exatamente o art 113, §2º, CC: As partes
poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
Trata-se da expressão do princípio do pacta sunt servanda. Esse brocardo latino que
significa ‘os pactos assumidos devem ser respeitados’ ou mesmo ‘os contratos assinados
devem ser cumpridos’". Já vimos em capítulo anterior que sua força diminuiu no CC de 2002,
no entanto, ele foi apenas mitigado, continuando a ser um importante princípio do Direito
Civil.
34
Questão 9
(CESPE - 2017 - PGE-SE - Procurador do Estado) Assinale a opção que apresenta o conceito
Comentário:
Nos restou o gabarito da questão, que é a alternativa B: a condição é uma cláusula que
submete a eficácia do negócio jurídico a determinado acontecimento.
Questão 10
(CESPE - 2020 - TJ-PA - Oficial de Justiça - Avaliador) No que concerne ao tratamento dado
pelo Código Civil aos bens e aos negócios jurídicos, julgue os itens a seguir.
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I - O Código Civil classifica os bens públicos como de uso comum, de uso especial e
dominicais. Entre esses, apenas os dominicais estão sujeitos a usucapião, por seguirem o
regime de direito privado.
III - Situação hipotética: Marcela e Marina realizaram determinado negócio jurídico em que a
declaração de vontade emitida por Marina era diversa de sua real intenção. Assertiva: A
reserva mental somente torna inválido o negócio jurídico se dela possuir conhecimento a
destinatária Marcela.
Comentário:
A questão cobrou nos dois primeiros itens a letra seca da lei, no último item, sua
I - Incorreta. Conforme vimos no capítulo 6, os bens públicos são classificados em: bens de
uso comum, de uso especial e dominicais, porém, nenhum bem público está sujeito a
usucapião.
36
Lembre-se do art. 102, CC e da Súmula 340 do STF:
II - Incorreta. De acordo com o art. 94, CC, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem
III - Correta. De acordo com o art. 110, CC, “a manifestação de vontade subsiste ainda que o
seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento”. Quando o destinatário conhece o blefe, o ato não não pode
subsistir, uma vez que ambas as partes estavam sabendo que não havia intenção de produzir
efeitos jurídicos.
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GABARITO
Questão 1 - C
Questão 2 - D
Questão 3 - A
Questão 4 - A
Questão 5 - C
Questão 6 - B
Questão 7 - B
Questão 8 - C
Questão 9 - B
Questão 10 - B
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QUESTÃO DESAFIO
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GABARITO QUESTÃO DESAFIO
De acordo com o art. 157 do CC, trata-se de um negócio jurídico com eivado pelo
que se observado o requisito objetivo da lesão: “A desproporção das prestações deve ser
aferida no momento de contratar. Quando surge posteriormente ao negócio, é irrelevante,
pois, nessa hipótese, estaríamos no campo da cláusula rebus sic stantibus (teoria da
imprevisão). A desproporção do preço deve ser apurada pela técnica pericial, devidamente
ponderada pelo julgador.” (Venosa, Sílvio de Salvo. Código Civil interpretado; coautora Cláudia
De acordo com o art. 157, § 2º, do CC: “Não se decretará a anulação do negócio, se for
Ulhoa Coelho aduz: “se partir dela uma proposta de proporcionalização das prestações
negociais – por meio de suficiente suplemento do devido ou redução do proveito –,
importando esta no reequilíbrio do negócio jurídico, preservar-se-á sua validade. Nessa
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
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JURISPRUDÊNCIA
abaixo apenas dois julgados que demonstram sua aplicação prática. Não deixe de lê-los, para
compreender melhor os temas estudados.
Escada Ponteana
STJ, 4ª Turma, REsp 1190372/DF, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, julgado em 15/10/2015, publicado
em 27/10/2015)
EMENTA: “RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO
OCORRÊNCIA. TRADIÇÃO DO VEÍCULO. CONTRATO DE NATUREZA REAL. REQUISITO DE VALIDADE DO
NEGÓCIO JURÍDICO. ESCADA PONTEANA. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO. NEGLIGÊNCIA DA PARTE
AUTORA. MÁ-FÉ DA EMPRESA ALIENANTE. MATÉRIAS QUE DEMANDAM REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
VEDAÇÃO AO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. VALIDADE DO CONTRATO. REGISTRO EM CARTÓRIO.
ANOTAÇÃO NO CERTIFICADO DE REGISTRO DO VEÍCULO. NECESSIDADE APENAS PARA PRESERVAR DIREITOS DE
TERCEIRO. SÚMULA 83/STJ. MORA DO DEVEDOR. NOTIFICAÇÃO PESSOAL. DESNECESSIDADE. ALEGAÇÃO DE
VULNERABILIDADE E CABIMENTO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. SÚMULA 7/STJ. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. Não há falar em violação ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido resolve todas as questões
pertinentes ao litígio, tornando-se dispensável que venha a examinar todos os argumentos trazidos pelas partes.
2. Em negócio de alienação fiduciária em garantia, por se tratar de contrato de natureza real, a tradição constitui
requisito de validade do negócio jurídico. 3. A análise da pretensão recursal sobre a alegada ausência dos
elementos essenciais do contrato, negligência da parte autora e má-fé da empresa alienante demandaria a
alteração das premissas fático-probatórias estabelecidas pelo acórdão recorrido, com o revolvimento das provas
carreadas aos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos do enunciado da Súmula 7/STJ. 4.
Impõe-se, no caso, a aplicação da máxima venire contra factum proprium, tendo em vista que parte recorrente
primeiro anuiu ao prosseguimento do contrato e, em seguida, de modo oposto ao primeiro comportamento,
questionou sua validade e existência. 5. A exigência de registro do contrato de alienação fiduciária em
garantia no cartório de título e documentos e a respectiva anotação do gravame no órgão de trânsito não
constitui requisito de validade do negócio, tendo apenas o condão de torna-lo eficaz perante terceiros. 6.
Nos casos envolvendo contrato de alienação fiduciária, a mora deve ser comprovada por meio de notificação
extrajudicial realizada por intermédio do cartório de títulos e documentos, a ser entregue no domicílio do
devedor, sendo dispensada sua notificação pessoal. 7. A alegação de vulnerabilidade e da presença dos requisitos
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necessários ao deferimento da inversão do ônus da prova encontram óbice na Súmula 7/STJ. 8. Recurso especial
não provido” (negritamos).
Comentário:
No julgado acima, temos um exemplo de julgado em que é usado o termo “escada
ponteana” pelo STJ, mais especificamente, pelo relator do caso Min. Luis Felipe Salomão.
O tema desse julgado (que segue um entendimento há anos adotado pelo STJ) tornou-
se uma jurisprudência em tese do STJ, acerca do direito notarial e registral.
A tese fixada foi a seguinte: “a exigência de registro do contrato de alienação fiduciária
em garantia no cartório de título e documentos e a respectiva anotação do gravame no órgão
de trânsito não constituem requisitos de validade do negócio, tendo apenas o condão de
torná-lo eficaz perante terceiros”.
Veja que o STJ trata exatamente da “escada ponteana” que estudamos no presente
capítulo. Portanto, apesar de o tema ser bastante teórico, ele também é relevante na prática.
Ainda iremos analisar a alienação fiduciária de forma mais aprofundada, mas já é
importante saber que o se não houver seu registro no cartório, tal contrato continua valendo
entre as partes. O registro desse contrato, portanto, não é um requisito de validade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1099480-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 2/12/2014 (Info 562)
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retratar uma mera transação. 1. A interpretação dada ao art. 108 do CC pelas instâncias ordinárias é mais
consentânea com a finalidade da referida norma, que é justamente conferir maior segurança jurídica aos
negócios que envolvem a transferência da titularidade de bens imóveis. 2. O art. 108 do CC se refere ao valor
do imóvel, e não ao preço do negócio. Assim, havendo disparidade entre ambos, é aquele que deve ser levado
em conta para efeito de aplicação da ressalva prevista na parte final desse dispositivo legal. 3. A avaliação feita
pela Fazenda Pública para atribuição do valor venal do imóvel é baseada em critérios objetivos previstos em
lei, refletindo, de forma muito mais consentânea com a realidade do mercado imobiliário, o verdadeiro valor do
imóvel objeto do negócio. 4. Recurso especial desprovido” (negritamos).
Comentário:
Durante o presente capítulo estudamos, além de outros dispositivos, o art. 108, CC.
Lembre-se de sua redação: “não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no País”.
Como saber se o imóvel vale ou não mais do que 30 vezes o maior salário mínimo
vigente no país? Conforme o STJ, deve-se levar em conta o valor venal do imóvel calculado
pelo Fisco e não o preço do imóvel atribuído pelas partes.
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Cristiano Chaves de. Manual de Direito Civil - Volume Único - 2. ed. atual. e ampl. - Salvador:
JusPodivm, 2018.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único - Volume Único - 8. ed. rev, atual. e ampl. - Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
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