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Direito Do Processo Civil
Direito Do Processo Civil
Nacala-porto
2023
VALOR DA CAUSA NO PROCESSO CIVIL
Nacala-porto
2023
ÍNDICE
CAPÍTULOI: INTRODUÇÃO...................................................................................4
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CAPÍTULOI: INTRODUÇÃO
Em sentido processual valor da causa é a soma pecuniária que representa o valor do
pedido ou da pretensão do autor, expresso na sua petição inicial, o qual não mereceu do
legislador pátrio nenhum tratamento especial, já que referida matéria é tratada de uma forma
muito sintética no Código Processual Civil em seus artigos 247 a 261, o qual trouxe muitas
discussões a respeito de referida regulamentação. .Fica certo que o legislador não procurou
com a norma traçar minúcias e detalhes de cada caso específico, mas também não deixou a
matéria sem regulamentação, como muitos pensam. O intérprete, ou melhor, o jurista por
meio de uma interpretação adequada, que é àquela que observa o sistema legal e os princípios
gerais do direito, deverá descobrir o real significado do texto legal e com isso encontrar a
solução para cada caso concreto.
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CAPÍTULOII: REVISÃO DE LITERATURA
A fixação do valor da causa não obedece a critérios científicos. Não existe um critério
para a indicação do valor da causa. Apesar da inexistência de um critério científico, o
legislador procurou fazer algumas indicações legais, com imposição objetiva de qual deve ser
o valor em alguns casos específicos. Mesmo assim, estas indicações não são suficientes para
cobrir todos os casos. Restam muitos casos em que o valor pretensão (pedido) da parte, não
pode ser aferido de forma objetiva, como certo e predeterminado.
Neste seguimento, pode-se dizer que em matéria de valor da causa, têm-se duas
grandes diretrizes, a saber: Uma diretriz filosófica e outra econômica que se apresenta com
duas formas diferentes: sendo uma a forma objetiva tratando de valor certo e a outra subjetiva
sem valor certo, que deve ser fixada de forma estimativa ou imaginativa pela parte autora ou
pelo réu reconvinte.
Para (Smith, 2013), o valor somente pode ter sentido sob o ponto de vista econômico e
ser analisado dentro dos estreitos limites do uso e da troca. A palavra valor tem significados
diferentes, expressando, algumas vezes, a utilidade de algum objeto particular, e, em outras
vezes, o poder de comprar outros bens, conferido pela posse daquele objeto.
O primeiro pode ser chamado valor de uso; o outro, valor de troca. Para ele o que tem
valor de uso não tem valor de troca e vice-versa. Cada valor é extraído da real condição da
coisa e de seu objeto.
Para a filosofia, tanto é valor a verdade, o bem e o belo. A verdade trata daquilo que é,
enquanto o valor trata do dever ser. É uma intuição psicológica voltada ao dinamismo, que se
verifica através de um sentimento de desejo ou sensibilidade, que invade o ser humano, já que
esse é o único animal que conhece e reconhece o valor. Quanto maior for o impulso íntimo
daquele que deseja, maior será o valor a ser dado ou atribuído à coisa ou ao ser relacionado.
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Este impulso íntimo será maior ou menor, voltado a determinado fato ou ato, ser ou coisa, na
medida em que variar a cultura da sociedade da qual se faz parte. O conceito de valor para a
filosofia está ligado de perto à moral social, que por sua vez pode transparecer através de
vários aspectos, tais como os conceitos a serem dados e a valorização a ser atribuída à
honestidade, fidelidade, amor, fé, caráter, bondade, solidariedade, maldade etc.
Segundo ensinamentos colhidos nos meios filosóficos, podemos dizer que direito e
valor andam de mãos dadas sem que possamos separá-los em definitivo. Onde está a
concepção de direito, estará, sem dúvida, a concepção de valor. É certo que o direito não é um
valor; o direito é uma realidade referida a valores extraídos de um fato cultural.
O conceito de valor não é unívoco. Talvez um dos mais complexos. Não se pode
extrair o conceito de valor de forma simplória e unidimensional. Necessário se faz socorrer-se
das mais variadas noções de valor para que, somente, após, uma somática de conteúdos,
poderá aproximar-se, ao menos, do que realmente seja a expressão de valor.
Além das variações de conteúdos, o conceito de valor tem variado de época para época
e de pessoa para pessoa. Assim, como para os filósofos valor não é a mesma coisa vista e
descrita pelos dicionaristas, também tem outro sentido para os economistas.
Pode-se dizer que valor é aquilo que diz respeito à finalidade intrínseca do ser,
guardadas as dimensões devidas entre a finalidade intrínseca e o estado psicológico do ser
humano. O mesmo bem pode sofrer variação de valor, conforme sofra variação a oferta e a
procura, a necessidade e a desnecessidade, a fartura e a raridade, bem como a consciência da
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população. Há, sem dúvida, uma variação da finalidade intrínseca, bem como do estado de
espírito do homem, que ora precisa mais, ora precisa menos.
Segundo (Machado, 2012) “em sentido processual, valor da ação, valor da causa, ou
valor do pedido têm igual significação. Entende-se a soma pecuniária, que representa o valor
do pedido, ou da pretensão do autor, manifestada em sua petição”.
No processo civil a figura do valor da causa aparece por imposição legal no sentido de
que à toda causa (ação) deva ser atribuído um valor certo (definido) para atender as mais
variadas implicações que este instituto tem no processo e no procedimento. O valor da causa
tem influência no pagamento das custas (iniciais e recursais), multas, na remessa de ofício, no
cabimento e modalidade recursal, na competência, no procedimento, entre outros aspectos.
Na análise do valor da causa tal como previsto no Código de Processo Civil, é fácil
perceber-se que a matéria não mereceu do legislador pátrio tratamento especial, senão uma
perfunctória disposição a respeito. Trata-se de matéria de extrema relevância, dispostas, nos
arts. 247 a 261, do CPC.
1. A toda a causa é atribuído um valor certo, expresso em moeda com curso legal em
Macau, o qual representa a utilidade económica imediata do pedido.
2. Ao valor da causa se atende para determinar a forma do processo comum e a
relação da causa com a alçada do tribunal.
3. Para o efeito das custas e demais encargos legais, o valor da causa é fixado
segundo as regras estabelecidas na legislação respectiva.
Desta forma, resta entendido de que nenhuma causa (ação) poderá ficar sem a
atribuição do valor da causa. Até mesmo nos casos de tutela cautelar antecedente em que a lei
é silente, exige-se a atribuição do valor da causa.
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2.8. Valor da causa e benefício econômico
Existe forte ligação entre o valor da causa e o benefício econômico pleiteado pelo
autor ou pelo réu-reconvinte. Como o juiz não pode julgar fora ou além do pedido, o benefício
econômico sempre haverá de estar dentro dos limites do pedido. Daí, a prevalência do pedido
como base para a apuração do valor da causa.
Assim, é fácil de ver que o valor da causa no processo civil é a representação da força
propulsora que deu causa à demanda (ação), que é o pedido. A causa de pedir, por si mesma,
não serve para a atribuição ao valor da causa. Ela serve de base para a elaboração do pedido,
mas, o valor da causa deve levar em conta este e não aquela. Sempre haverá de equivaler ao
benefício que se pretende (pedido) com a ação em razão do prejuízo que se evita com o
exercício do direito de ação. Quando se tratar de demanda sobre alguma coisa, deve ser
observado o valor da coisa, mas sem perder de vista que nem sempre o objeto do pedido é a
coisa por inteiro, ficando a força propulsora da ação limitada apenas à parte do objeto,
reduzindo assim o valor do pedido. Se uma coisa é pedida a título de reivindicação (domínio)
por inteiro, terá um valor, mas se esta mesma coisa estiver sendo pedida por metade o valor
será diferente, o que por certo será menor. Também se a demanda versa sobre ação
revocatória (pauliana), não se deve atribuir o valor da causa correspondente ao valor da coisa,
mas, somente em relação ao benefício econômico que é o valor do crédito fraudado
(Marques).
Em ação em que se disputa o mesmo imóvel, que teria um valor se fosse a causa do
pedido o domínio, necessariamente, terá outro valor se o pedido for apenas de despejo. Não é
a maior ou a menor necessidade do titular do domínio que vai firmar o valor da ação, nem
mesmo a intensidade da necessidade do locatário ou pretenso titular do domínio será capaz de
influir na valorização da causa. O que interessa para a fixação do valor da causa é o pedido.
Se a parte pede mais, o valor da causa será maior, se pede menos, será menor.
O valor da causa sempre foi visto sob o ponto de vista do objeto do pedido e deve
sempre corresponder ao pedido feito pela parte. O elemento subjetivo anteriormente visto e
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que foi antevisto pelos filósofos, evidentemente não se apresenta e, nem mesmo, terá força
propulsora para diminuir ou aumentar o valor do pedido, ou, em outras palavras, fixar o valor
da causa. Em verdade, no campo do processo civil, o elemento subjetivo não é elemento
capaz de qualquer propulsão. Na esfera do processo, o que interessa para valorar a causa é,
sem sombra de dúvida, o valor material da relação jurídica dentro dos limites do pedido.
Poder-se-ia imaginar que, em se tratando de uma ação de perdas e danos para indenização de
dano moral sofrido, estar-se-ia diante de um elemento subjetivo. À primeira vista, pode até
parecer, verdadeira tal assertiva, mas com um pouco de reflexão é possível esquecê-la e
compreender o caráter objetivo do valor da causa ou da ação.
Nesse tipo de ação precisa-se fazer a separação em duas etapas, para se descobrir em
qual delas entra o elemento subjetivo. O elemento subjetivo que é capaz de indicar qual o
montante do prejuízo não entra no valor da causa no campo estritamente processual. O valor
da causa somente aparece depois de fixado o valor da indenização (este buscado
subjetivamente). Não se pode confundir esse valor subjetivo encontrado pelo lesado com o
valor a ser apurado em eventual liquidação de sentença. O primeiro é para se atribuir um valor
à causa e ao pedido e, o segundo é um valor apurado para efeito de pagamento. O primeiro é
descoberto pelo autor e o segundo pela liquidação de sentença e que pode não corresponder ao
mesmo encontrado pelo autor. Primeiro, busca-se o valor da indenização no elemento
subjetivo que em geral é a honra ou a intimidade do prejudicado, para depois que esse valor
for descoberto tornar-se objetivo e servir para indicar o valor da causa de forma objetiva e
somente no quantum da indenização. O valor ou quantia da indenização é disciplinada pelo
direito material e pode ser encontrado nos elementos subjetivos do interessado, mas o valor da
causa não é tirado do elemento subjetivo do autor, mas do quantum objetivamente pedido.
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O valor da causa deve sempre corresponder ao valor do pedido, ou ainda, em outros termos,
deve corresponder ao benefício pretendido pelo autor.
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CAPÍTULOIII: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Machado, A. C. (2012). Manual do Valor da Causa. São Paulo: Saraiva.
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Anexo A
SECÇÃO II do CPC
Artigo 247.º
1. A toda a causa é atribuído um valor certo, expresso em moeda com curso legal em
Macau, o qual representa a utilidade económica imediata do pedido.
2. Ao valor da causa se atende para determinar a forma do processo comum e a relação
da causa com a alçada do tribunal.
3. Para o efeito das custas e demais encargos legais, o valor da causa é fixado segundo as
regras estabelecidas na legislação respectiva.
Artigo 248.º
1. Nas acções em que se pretende obter qualquer quantia certa em dinheiro, o valor da
causa é igual a essa quantia, não sendo atendível impugnação nem acordo em
contrário; nas acções em que se pretende obter um benefício diverso, o valor da causa
é a quantia em dinheiro equivalente a esse benefício.
2. Cumulando-se na mesma acção vários pedidos, o valor da causa é igual à soma dos
valores de todos eles; mas quando, como acessório do pedido principal, se pedirem
juros, rendas e rendimentos já vencidos e os que se vencerem durante a pendência da
causa, na fixação do valor da causa atende-se somente aos interesses já vencidos.
3. No caso de pedidos alternativos, atende-se unicamente ao pedido de maior valor e, no
caso de pedidos subsidiários, ao pedido principal.
Artigo 249.º
(Critérios especiais)
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1. Nas acções de prestação de contas, o valor da causa é o da receita bruta ou o da
despesa apresentada, se lhe for superior.
2. Nas acções de despejo, o valor da causa é igual ao da renda anual, acrescido das
rendas em dívida e da indemnização requerida.
3. Nas acções de alimentos definitivos e nas de contribuição para os encargos da vida
familiar, o valor da causa é o quíntuplo da anuidade correspondente ao pedido.
4. Nas acções de liquidação de patrimónios em benefício de credores, o valor da causa é
determinado sobre o activo constante do balanço do devedor ou, na falta deste, sobre a
indicação feita na petição inicial, sendo corrigido logo que se verifique ser diferente o
valor real.
Artigo 250.º
Artigo 251.º
Artigo 252.º
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1. Quando a acção tiver por objecto a apreciação da existência, validade, cumprimento,
modificação ou resolução de um acto jurídico, atende-se ao valor do acto determinado
pelo preço ou estipulado pelas partes.
2. Se não houver preço nem valor estipulado, o valor do acto determina-se em harmonia
com as regras gerais.
3. Se a acção tiver por objecto a anulação do contrato fundada na simulação do preço, o
valor da causa é o maior dos dois valores em discussão entre as partes.
Artigo 253.º
1. Se a acção tiver por fim fazer valer o direito de propriedade sobre uma coisa, o valor
da causa é igual ao valor da coisa.
2. Tratando-se de outro direito real, atende-se ao seu conteúdo e duração provável.
Artigo 254.º
(Valor das causas sobre o estado das pessoas ou sobre interesses imateriais)
As acções sobre o estado das pessoas ou sobre interesses imateriais consideram-se sempre de
valor equivalente à alçada do Tribunal de Segunda Instância e mais uma pataca.
Artigo 255.º
Artigo 256.º
1. No articulado em que deduza a sua defesa, pode o réu impugnar o valor da causa
indicado na petição inicial, contanto que ofereça outro em substituição; nos articulados
seguintes podem as partes acordar em qualquer valor.
2. Se o processo admitir unicamente dois articulados, tem o autor a faculdade de vir
declarar que aceita o valor oferecido pelo réu.
3. Quando a petição inicial não contenha a indicação do valor e, apesar disso, tenha sido
recebida, deve o autor ser convidado, logo que a falta seja notada e sob cominação de
a instância se extinguir, a declarar o valor; neste caso, dá-se conhecimento ao réu da
declaração feita pelo autor, podendo aquele, mesmo que já tenham findado os
articulados, impugnar o valor declarado pelo autor.
4. A falta de impugnação por parte do réu significa que aceita o valor atribuído à causa
pelo autor.
Artigo 257.º
Artigo 258.º
1. Se a parte que deduzir qualquer incidente não indicar o respectivo valor, entende-se
que aceita o valor dado à causa; a parte contrária pode, porém, impugnar o valor com
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fundamento em que o incidente tem valor diverso do da causa, observando-se, com as
necessárias adaptações, o disposto nos artigos 257.º, 259.º e 260.º
2. A impugnação é igualmente admitida quando se tenha indicado para o incidente valor
diverso do da causa e a parte contrária se não conforme com esse valor.
Artigo 259.º
(Determinação do valor quando não seja suficiente a vontade das partes e o poder do
juiz)
Quando as partes não tenham chegado a acordo ou o juiz o não aceite, a determinação do
valor da causa faz-se em face dos elementos do processo ou, sendo estes insuficientes,
mediante as diligências indispensáveis, que as partes requererem ou o juiz ordenar.
Artigo 260.º
Se for necessário proceder a perícia, é esta feita por um único perito nomeado pelo juiz, não
havendo neste caso segunda perícia.
Artigo 261.º
Quando da decisão do incidente do valor da causa resulte ser outra a forma de processo
correspondente à acção, é mandada seguir a forma apropriada, sem se anular o processado
anterior e corrigindo-se, se for caso disso, a distribuição efectuada.
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