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INSTITULO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E GESTÃO

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS JURÍDICAS

DIREITO DO PROCESSO CIVIL

VALOR DA CAUSA NO PROCESSO CIVIL

Nacala-porto

2023
VALOR DA CAUSA NO PROCESSO CIVIL

Trabalho de caracter avaliativo


entregue ao instituto superior de
ciências e gestão, como requisito
parcial para o trânsito da cadeira
fundamentos do Direito Processo
Civil.

Docente: Dr. Joel Samuel

Nacala-porto

2023
ÍNDICE
CAPÍTULOI: INTRODUÇÃO...................................................................................4

1.1. Objectivo geral....................................................................................................4

CAPÍTULOII: REVISÃO DE LITERATURA............................................................5

2.1. Valor da causa.....................................................................................................5

2.2. Causa e valor da causa........................................................................................5

2.3. Valor sob o ponto de vista econômico................................................................6

2.4. Valor sob o ponto de vista filosófico..................................................................6

2.5. Complexidade do conceito de valor....................................................................7

2.6. Valor da causa no processo civil.........................................................................8

2.7. Obrigatoriedade do valor da causa......................................................................8

2.8. Valor da causa e benefício econômico...............................................................9

2.9. O valor da causa e o elemento objetivo..............................................................9

2.10. Momento da atribuição do valor da causa.....................................................11

CAPÍTULOIII: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................12

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CAPÍTULOI: INTRODUÇÃO
Em sentido processual valor da causa é a soma pecuniária que representa o valor do
pedido ou da pretensão do autor, expresso na sua petição inicial, o qual não mereceu do
legislador pátrio nenhum tratamento especial, já que referida matéria é tratada de uma forma
muito sintética no Código Processual Civil em seus artigos 247 a 261, o qual trouxe muitas
discussões a respeito de referida regulamentação. .Fica certo que o legislador não procurou
com a norma traçar minúcias e detalhes de cada caso específico, mas também não deixou a
matéria sem regulamentação, como muitos pensam. O intérprete, ou melhor, o jurista por
meio de uma interpretação adequada, que é àquela que observa o sistema legal e os princípios
gerais do direito, deverá descobrir o real significado do texto legal e com isso encontrar a
solução para cada caso concreto.

1.1. Objectivo geral


 Conceituar o valor de causa no processo geral

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CAPÍTULOII: REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Valor da causa

A fixação do valor da causa não obedece a critérios científicos. Não existe um critério
para a indicação do valor da causa. Apesar da inexistência de um critério científico, o
legislador procurou fazer algumas indicações legais, com imposição objetiva de qual deve ser
o valor em alguns casos específicos. Mesmo assim, estas indicações não são suficientes para
cobrir todos os casos. Restam muitos casos em que o valor pretensão (pedido) da parte, não
pode ser aferido de forma objetiva, como certo e predeterminado.

Neste seguimento, pode-se dizer que em matéria de valor da causa, têm-se duas
grandes diretrizes, a saber: Uma diretriz filosófica e outra econômica que se apresenta com
duas formas diferentes: sendo uma a forma objetiva tratando de valor certo e a outra subjetiva
sem valor certo, que deve ser fixada de forma estimativa ou imaginativa pela parte autora ou
pelo réu reconvinte.

Todavia, em caso de pedidos cumulados, sendo um com diretriz econômica objetiva


que é regido pelo critério legal e o outro sem valor econômico, sujeitando-se à estimativa, já
se decidiu que se deve levar em conta para efeito do valor da causa, apenas o primeiro que se
apresenta de forma objetiva.

Em verdade o valor da causa que deve corresponder ao pedido, haverá de ser de


atribuição objetiva, ainda que a causa de pedir (ex.: dano moral) não tenha conteúdo
econômico imediato.

2.2. Causa e valor da causa

A mesma dificuldade que se apresenta para a conceituação de “causa”, aparece quando


se pretende encontrar o significado da palavra “valor”. Inicialmente, para se estudar o valor da
causa ou da ação no processo civil, necessário se faz uma pequena sondagem no sentido de se
descobrir o que é “valor”. Em que consiste o valor?

No dicionário Aurélio, encontram-se algumas definições de valor, tais como:


qualidade pela qual determinada pessoa ou coisa é estimável em maior ou menor grau; mérito
ou merecimento intrínseco; importância de determinada coisa, estabelecida ou arbitrada de
antemão; o equivalente justo em dinheiro.
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Pelas definições acima, pode-se ver que não existe um conceito unívoco de valor. Este
pode ser conceituado de uma forma dentro do campo econômico (objetivo) e por outra dentro
do campo filosófico (subjetivo).

2.3. Valor sob o ponto de vista econômico

Para (Smith, 2013), o valor somente pode ter sentido sob o ponto de vista econômico e
ser analisado dentro dos estreitos limites do uso e da troca. A palavra valor tem significados
diferentes, expressando, algumas vezes, a utilidade de algum objeto particular, e, em outras
vezes, o poder de comprar outros bens, conferido pela posse daquele objeto.

O primeiro pode ser chamado valor de uso; o outro, valor de troca. Para ele o que tem
valor de uso não tem valor de troca e vice-versa. Cada valor é extraído da real condição da
coisa e de seu objeto.

Não destoando da doutrina econômica de valor, Ademar Prividelo e Ivan Dutra


afirmam que “valor é a relação entre a utilidade percebida por um indivíduo ou grupo e a
necessidade e poder de compra que possui”.

Valor é a relação entre a intensidade das exigências e a quantidade dos bens


disponíveis para satisfazê-las. Os autores falam em “utilidade”, “poder de compra” e
“intensidade das exigências”. Esta última já não se mede por uma simples apreciação
econômica, pois a necessidade e utilidade variam conforme as condições sociais de cada
povo, vista sob um ponto de vista cultural. Cada povo tem necessidade e amplia ou diminui a
intensidade de suas exigências conforme o seu desenvolvimento cultural. O desenvolvimento
cultural costuma, em regra, trazer novas exigências e novas necessidades. Mas pode, pelo
contrário, excluir algumas das anteriormente existentes. Assim, não se pode negar a
existência, ao menos de forma indireta, dos elementos subjetivos na valorização dos bens,
condicionando-os à cultura e à noção de moral de cada sociedade.

2.4. Valor sob o ponto de vista filosófico

Para a filosofia, tanto é valor a verdade, o bem e o belo. A verdade trata daquilo que é,
enquanto o valor trata do dever ser. É uma intuição psicológica voltada ao dinamismo, que se
verifica através de um sentimento de desejo ou sensibilidade, que invade o ser humano, já que
esse é o único animal que conhece e reconhece o valor. Quanto maior for o impulso íntimo
daquele que deseja, maior será o valor a ser dado ou atribuído à coisa ou ao ser relacionado.
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Este impulso íntimo será maior ou menor, voltado a determinado fato ou ato, ser ou coisa, na
medida em que variar a cultura da sociedade da qual se faz parte. O conceito de valor para a
filosofia está ligado de perto à moral social, que por sua vez pode transparecer através de
vários aspectos, tais como os conceitos a serem dados e a valorização a ser atribuída à
honestidade, fidelidade, amor, fé, caráter, bondade, solidariedade, maldade etc.

Segundo ensinamentos colhidos nos meios filosóficos, podemos dizer que direito e
valor andam de mãos dadas sem que possamos separá-los em definitivo. Onde está a
concepção de direito, estará, sem dúvida, a concepção de valor. É certo que o direito não é um
valor; o direito é uma realidade referida a valores extraídos de um fato cultural.

O que se busca no sentido filosófico é valorar o direito e não a coisa propriamente


dita. Todavia, o direito e a coisa vivem em constante relacionamento, pois, é sobre essa última
que recai uma relação de sujeição e, entre as pessoas com a qual se relaciona, existe uma
relação jurídica ou direito. A partir do momento em que se reconheceu o direito de ação
independente do direito material, passou-se a discutir e estudar os dois direitos sob origens
diferentes, surgindo a necessidade de se buscar uma valorização deste direito de ação em
confronto com o valor da coisa eventualmente disputada. No sentido filosófico, valoriza-se a
ação, mas, como ensina Ihering, a ação em si mesma jamais é fim, mas apenas um meio para
alcançar um fim.

2.5. Complexidade do conceito de valor

O conceito de valor não é unívoco. Talvez um dos mais complexos. Não se pode
extrair o conceito de valor de forma simplória e unidimensional. Necessário se faz socorrer-se
das mais variadas noções de valor para que, somente, após, uma somática de conteúdos,
poderá aproximar-se, ao menos, do que realmente seja a expressão de valor.

Além das variações de conteúdos, o conceito de valor tem variado de época para época
e de pessoa para pessoa. Assim, como para os filósofos valor não é a mesma coisa vista e
descrita pelos dicionaristas, também tem outro sentido para os economistas.

Pode-se dizer que valor é aquilo que diz respeito à finalidade intrínseca do ser,
guardadas as dimensões devidas entre a finalidade intrínseca e o estado psicológico do ser
humano. O mesmo bem pode sofrer variação de valor, conforme sofra variação a oferta e a
procura, a necessidade e a desnecessidade, a fartura e a raridade, bem como a consciência da

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população. Há, sem dúvida, uma variação da finalidade intrínseca, bem como do estado de
espírito do homem, que ora precisa mais, ora precisa menos.

2.6. Valor da causa no processo civil

Segundo (Machado, 2012) “em sentido processual, valor da ação, valor da causa, ou
valor do pedido têm igual significação. Entende-se a soma pecuniária, que representa o valor
do pedido, ou da pretensão do autor, manifestada em sua petição”.

No processo civil a figura do valor da causa aparece por imposição legal no sentido de
que à toda causa (ação) deva ser atribuído um valor certo (definido) para atender as mais
variadas implicações que este instituto tem no processo e no procedimento. O valor da causa
tem influência no pagamento das custas (iniciais e recursais), multas, na remessa de ofício, no
cabimento e modalidade recursal, na competência, no procedimento, entre outros aspectos.

Na análise do valor da causa tal como previsto no Código de Processo Civil, é fácil
perceber-se que a matéria não mereceu do legislador pátrio tratamento especial, senão uma
perfunctória disposição a respeito. Trata-se de matéria de extrema relevância, dispostas, nos
arts. 247 a 261, do CPC.

2.7. Obrigatoriedade do valor da causa

O Código de Processo Civil disciplina a matéria concernente ao valor da causa, no


artg. 247. O primeiro dispositivo impõe de forma peremptória a necessidade de se atribuir
valor a toda e qualquer causa.

1. A toda a causa é atribuído um valor certo, expresso em moeda com curso legal em
Macau, o qual representa a utilidade económica imediata do pedido.
2. Ao valor da causa se atende para determinar a forma do processo comum e a
relação da causa com a alçada do tribunal.
3. Para o efeito das custas e demais encargos legais, o valor da causa é fixado
segundo as regras estabelecidas na legislação respectiva.

Desta forma, resta entendido de que nenhuma causa (ação) poderá ficar sem a
atribuição do valor da causa. Até mesmo nos casos de tutela cautelar antecedente em que a lei
é silente, exige-se a atribuição do valor da causa.
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2.8. Valor da causa e benefício econômico

Existe forte ligação entre o valor da causa e o benefício econômico pleiteado pelo
autor ou pelo réu-reconvinte. Como o juiz não pode julgar fora ou além do pedido, o benefício
econômico sempre haverá de estar dentro dos limites do pedido. Daí, a prevalência do pedido
como base para a apuração do valor da causa.

Assim, é fácil de ver que o valor da causa no processo civil é a representação da força
propulsora que deu causa à demanda (ação), que é o pedido. A causa de pedir, por si mesma,
não serve para a atribuição ao valor da causa. Ela serve de base para a elaboração do pedido,
mas, o valor da causa deve levar em conta este e não aquela. Sempre haverá de equivaler ao
benefício que se pretende (pedido) com a ação em razão do prejuízo que se evita com o
exercício do direito de ação. Quando se tratar de demanda sobre alguma coisa, deve ser
observado o valor da coisa, mas sem perder de vista que nem sempre o objeto do pedido é a
coisa por inteiro, ficando a força propulsora da ação limitada apenas à parte do objeto,
reduzindo assim o valor do pedido. Se uma coisa é pedida a título de reivindicação (domínio)
por inteiro, terá um valor, mas se esta mesma coisa estiver sendo pedida por metade o valor
será diferente, o que por certo será menor. Também se a demanda versa sobre ação
revocatória (pauliana), não se deve atribuir o valor da causa correspondente ao valor da coisa,
mas, somente em relação ao benefício econômico que é o valor do crédito fraudado
(Marques).

Em ação em que se disputa o mesmo imóvel, que teria um valor se fosse a causa do
pedido o domínio, necessariamente, terá outro valor se o pedido for apenas de despejo. Não é
a maior ou a menor necessidade do titular do domínio que vai firmar o valor da ação, nem
mesmo a intensidade da necessidade do locatário ou pretenso titular do domínio será capaz de
influir na valorização da causa. O que interessa para a fixação do valor da causa é o pedido.
Se a parte pede mais, o valor da causa será maior, se pede menos, será menor.

2.9. O valor da causa e o elemento objetivo

O valor da causa sempre foi visto sob o ponto de vista do objeto do pedido e deve
sempre corresponder ao pedido feito pela parte. O elemento subjetivo anteriormente visto e

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que foi antevisto pelos filósofos, evidentemente não se apresenta e, nem mesmo, terá força
propulsora para diminuir ou aumentar o valor do pedido, ou, em outras palavras, fixar o valor
da causa. Em verdade, no campo do processo civil, o elemento subjetivo não é elemento
capaz de qualquer propulsão. Na esfera do processo, o que interessa para valorar a causa é,
sem sombra de dúvida, o valor material da relação jurídica dentro dos limites do pedido.
Poder-se-ia imaginar que, em se tratando de uma ação de perdas e danos para indenização de
dano moral sofrido, estar-se-ia diante de um elemento subjetivo. À primeira vista, pode até
parecer, verdadeira tal assertiva, mas com um pouco de reflexão é possível esquecê-la e
compreender o caráter objetivo do valor da causa ou da ação.

Nesse tipo de ação precisa-se fazer a separação em duas etapas, para se descobrir em
qual delas entra o elemento subjetivo. O elemento subjetivo que é capaz de indicar qual o
montante do prejuízo não entra no valor da causa no campo estritamente processual. O valor
da causa somente aparece depois de fixado o valor da indenização (este buscado
subjetivamente). Não se pode confundir esse valor subjetivo encontrado pelo lesado com o
valor a ser apurado em eventual liquidação de sentença. O primeiro é para se atribuir um valor
à causa e ao pedido e, o segundo é um valor apurado para efeito de pagamento. O primeiro é
descoberto pelo autor e o segundo pela liquidação de sentença e que pode não corresponder ao
mesmo encontrado pelo autor. Primeiro, busca-se o valor da indenização no elemento
subjetivo que em geral é a honra ou a intimidade do prejudicado, para depois que esse valor
for descoberto tornar-se objetivo e servir para indicar o valor da causa de forma objetiva e
somente no quantum da indenização. O valor ou quantia da indenização é disciplinada pelo
direito material e pode ser encontrado nos elementos subjetivos do interessado, mas o valor da
causa não é tirado do elemento subjetivo do autor, mas do quantum objetivamente pedido.

A fase de descoberta do quantum o autor vai pedir na indenização não é processual, é


pré-processual. Somente depois que o autor sabe o quantum vai pedir (materialmente) é que à
causa deve ser dado esse valor, mas já eleito e com caráter objetivo e não mais subjetivo. Por
mais que possa parecer subjetivo, o valor da causa será sempre extraído de forma objetiva.
Apenas a causa de pedir que vai indicar a finalidade do processo é que é subjetiva, em
localização exterior, como pedido a título de domínio ou a título de despejo etc. A eleição do
pedido é subjetiva do autor que pode eleger o pedido de acordo com a sua vontade e
subjetividade; todavia, uma vez eleito o pedido, o valor deve ser objetivamente retirado deste.

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O valor da causa deve sempre corresponder ao valor do pedido, ou ainda, em outros termos,
deve corresponder ao benefício pretendido pelo autor.

A grande dificuldade em se descobrir em determinadas causas o seu valor está no fato


de se descobrir objetivamente qual o valor do pedido. Mas, uma vez descoberto qual o valor
objetivo do pedido, este será, necessariamente, o valor da ação, independentemente de
qualquer elemento subjetivo, já que este não mais é levado em conta na fase estritamente
processual, assim compreendida a do petitório inicial ou reconvencional, onde nasce, ou, em
outras palavras, onde aparece o valor da causa (Souza, 2010).

2.10. Momento da atribuição do valor da causa


Levando-se em conta a norma dos arts. 250 e seguintes do CPC, tudo indica que o
valor da causa deve ser atribuído no início da ação, ou seja, quando se inicia o processo. No
entanto, essa fixação ainda aparece com caráter transitório, visto que pode ser alterada para
mais ou para menos, tanto pela iniciativa do juiz em alguns casos e, em outros, através de
impugnação ao valor da causa pela parte contrária.

O artigo 250 do CPC patenteia:

1. Na determinação do valor da causa, deve atender-se ao momento em que a acção é


proposta.
2. Se o réu deduzir reconvenção ou houver intervenção principal, o valor do pedido
do réu ou do interveniente, quando distinto do formulado pelo autor, soma-se ao
valor deste.
3. O aumento de valor decorrente do disposto no número anterior produz efeitos
quanto aos actos posteriores à reconvenção ou à intervenção, excepto se a acção
seguir a forma de processo sumária e o valor do pedido formulado pelo réu ou pelo
interveniente for igual ou inferior à alçada dos tribunais de primeira instância.
4. Nos processos em que a utilidade económica do pedido só se define na sequência
da acção, o valor inicialmente aceite é corrigido logo que o processo forneça os
elementos necessários.

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CAPÍTULOIII: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Machado, A. C. (2012). Manual do Valor da Causa. São Paulo: Saraiva.

Marques, J. F. (s.d.). Manual de Direito Processual Civil. Campinas: Milennium.

Smith, A. (2013). Pedido alternativo subsidiário:Enciclopédia Saraiva do Direito. São Paulo:


Saraiva.

Souza, G. A. (2010). Do Valor da Causa . São Paulo: RT.

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Anexo A

SECÇÃO II do CPC

Verificação do valor da causa

Artigo 247.º

(Atribuição do valor à causa)

1. A toda a causa é atribuído um valor certo, expresso em moeda com curso legal em
Macau, o qual representa a utilidade económica imediata do pedido.
2. Ao valor da causa se atende para determinar a forma do processo comum e a relação
da causa com a alçada do tribunal.
3. Para o efeito das custas e demais encargos legais, o valor da causa é fixado segundo as
regras estabelecidas na legislação respectiva.

Artigo 248.º

(Critérios gerais para a fixação do valor da causa)

1. Nas acções em que se pretende obter qualquer quantia certa em dinheiro, o valor da
causa é igual a essa quantia, não sendo atendível impugnação nem acordo em
contrário; nas acções em que se pretende obter um benefício diverso, o valor da causa
é a quantia em dinheiro equivalente a esse benefício.
2. Cumulando-se na mesma acção vários pedidos, o valor da causa é igual à soma dos
valores de todos eles; mas quando, como acessório do pedido principal, se pedirem
juros, rendas e rendimentos já vencidos e os que se vencerem durante a pendência da
causa, na fixação do valor da causa atende-se somente aos interesses já vencidos.
3. No caso de pedidos alternativos, atende-se unicamente ao pedido de maior valor e, no
caso de pedidos subsidiários, ao pedido principal.

Artigo 249.º

(Critérios especiais)

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1. Nas acções de prestação de contas, o valor da causa é o da receita bruta ou o da
despesa apresentada, se lhe for superior.
2. Nas acções de despejo, o valor da causa é igual ao da renda anual, acrescido das
rendas em dívida e da indemnização requerida.
3. Nas acções de alimentos definitivos e nas de contribuição para os encargos da vida
familiar, o valor da causa é o quíntuplo da anuidade correspondente ao pedido.
4. Nas acções de liquidação de patrimónios em benefício de credores, o valor da causa é
determinado sobre o activo constante do balanço do devedor ou, na falta deste, sobre a
indicação feita na petição inicial, sendo corrigido logo que se verifique ser diferente o
valor real.

Artigo 250.º

(Momento a que se atende para a determinação do valor da causa)

1. Na determinação do valor da causa, deve atender-se ao momento em que a acção é


proposta.
2. Se o réu deduzir reconvenção ou houver intervenção principal, o valor do pedido do
réu ou do interveniente, quando distinto do formulado pelo autor, soma-se ao valor
deste.
3. O aumento de valor decorrente do disposto no número anterior produz efeitos quanto
aos actos posteriores à reconvenção ou à intervenção, excepto se a acção seguir a
forma de processo sumária e o valor do pedido formulado pelo réu ou pelo
interveniente for igual ou inferior à alçada dos tribunais de primeira instância.
4. Nos processos em que a utilidade económica do pedido só se define na sequência da
acção, o valor inicialmente aceite é corrigido logo que o processo forneça os
elementos necessários.

Artigo 251.º

(Valor da causa no caso de prestações vincendas)

Se na acção se pedirem, nos termos do artigo 393.º, prestações vencidas e prestações


vincendas, toma-se em consideração o valor de umas e outras.

Artigo 252.º

(Valor da causa determinado pelo valor do acto jurídico)

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1. Quando a acção tiver por objecto a apreciação da existência, validade, cumprimento,
modificação ou resolução de um acto jurídico, atende-se ao valor do acto determinado
pelo preço ou estipulado pelas partes.
2. Se não houver preço nem valor estipulado, o valor do acto determina-se em harmonia
com as regras gerais.
3. Se a acção tiver por objecto a anulação do contrato fundada na simulação do preço, o
valor da causa é o maior dos dois valores em discussão entre as partes.

Artigo 253.º

(Valor da causa determinado pelo valor da coisa)

1. Se a acção tiver por fim fazer valer o direito de propriedade sobre uma coisa, o valor
da causa é igual ao valor da coisa.
2. Tratando-se de outro direito real, atende-se ao seu conteúdo e duração provável.

Artigo 254.º

(Valor das causas sobre o estado das pessoas ou sobre interesses imateriais)

As acções sobre o estado das pessoas ou sobre interesses imateriais consideram-se sempre de
valor equivalente à alçada do Tribunal de Segunda Instância e mais uma pataca.

Artigo 255.º

(Valor dos incidentes e dos procedimentos cautelares)

1. O valor dos incidentes é o da causa a que respeitam, salvo se o incidente tiver


realmente valor diverso do da causa, porque neste caso o valor é determinado em
conformidade dos artigos anteriores.
2. O valor do incidente de caução é determinado pela importância a caucionar.
3. O valor dos procedimentos cautelares é determinado nos termos seguintes:
a) Nos alimentos provisórios e no arbitramento de reparação provisória, pela
mensalidade pedida, multiplicada por 12;
b) Na restituição provisória de posse, pelo valor da coisa esbulhada;
c) Na suspensão de deliberações sociais, pela importância do dano;
d) No embargo de obra nova e nas providências cautelares não especificadas, pelo
prejuízo que se quer evitar;
e) No arresto, pelo montante do crédito que se pretende garantir;
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f) No arrolamento, pelo valor dos bens arrolados.

Artigo 256.º

(Poderes das partes quanto à indicação do valor)

1. No articulado em que deduza a sua defesa, pode o réu impugnar o valor da causa
indicado na petição inicial, contanto que ofereça outro em substituição; nos articulados
seguintes podem as partes acordar em qualquer valor.
2. Se o processo admitir unicamente dois articulados, tem o autor a faculdade de vir
declarar que aceita o valor oferecido pelo réu.
3. Quando a petição inicial não contenha a indicação do valor e, apesar disso, tenha sido
recebida, deve o autor ser convidado, logo que a falta seja notada e sob cominação de
a instância se extinguir, a declarar o valor; neste caso, dá-se conhecimento ao réu da
declaração feita pelo autor, podendo aquele, mesmo que já tenham findado os
articulados, impugnar o valor declarado pelo autor.
4. A falta de impugnação por parte do réu significa que aceita o valor atribuído à causa
pelo autor.

Artigo 257.º

(A vontade das partes e a intervenção do juiz na fixação do valor)

1. O valor da causa é aquele em que as partes tiverem acordado, expressa ou tacitamente,


salvo se o juiz, findos os articulados, entender que o acordo está em flagrante oposição
com a realidade, porque neste caso fixa à causa o valor que considere adequado.
2. Se o juiz não tiver usado deste poder, o valor considera-se definitivamente fixado, na
quantia acordada, logo que seja proferido despacho saneador.
3. Nos casos a que se refere o n.º 4 do artigo 250.º e naqueles em que não haja lugar a
despacho saneador, o valor da causa considera-se definitivamente fixado logo que seja
proferida sentença.

Artigo 258.º

(Fixação do valor dos incidentes)

1. Se a parte que deduzir qualquer incidente não indicar o respectivo valor, entende-se
que aceita o valor dado à causa; a parte contrária pode, porém, impugnar o valor com

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fundamento em que o incidente tem valor diverso do da causa, observando-se, com as
necessárias adaptações, o disposto nos artigos 257.º, 259.º e 260.º
2. A impugnação é igualmente admitida quando se tenha indicado para o incidente valor
diverso do da causa e a parte contrária se não conforme com esse valor.

Artigo 259.º

(Determinação do valor quando não seja suficiente a vontade das partes e o poder do
juiz)

Quando as partes não tenham chegado a acordo ou o juiz o não aceite, a determinação do
valor da causa faz-se em face dos elementos do processo ou, sendo estes insuficientes,
mediante as diligências indispensáveis, que as partes requererem ou o juiz ordenar.

Artigo 260.º

(Fixação do valor por meio de perícia)

Se for necessário proceder a perícia, é esta feita por um único perito nomeado pelo juiz, não
havendo neste caso segunda perícia.

Artigo 261.º

(Consequências da decisão do incidente)

Quando da decisão do incidente do valor da causa resulte ser outra a forma de processo
correspondente à acção, é mandada seguir a forma apropriada, sem se anular o processado
anterior e corrigindo-se, se for caso disso, a distribuição efectuada.

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