Você está na página 1de 18
"44.000006 - ABCP Sees eras aloes aun DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS RODOVIARIOS DE CONCRETO PARA 0 CASO DE EIXOS TANDEM TRIPLOS Por: Narcio Rocha Pitta (*) Com a colaboragao de Narcos Dutra de Carvalho (**) Trabalho apresentado 3 XIV Reuniao Anual da Associacao Brasileira de Pavimentacio, em Jodo Pessoa (P8) 4 a 8/9/1978 Associagao Brasileira de Cimento Portland SKO PAULO / SP (*) Engenheiro Assessor de Pavimentacdo,ABCP, SP (**), Engenheiro Auxiliar, ABCP, SP we RESUMO Asignificativa freqlléncia de eixos tandem triplos na composi- cdo da frota rodovidria de carga, em nosso Pais, obriga 4 con- sideragéo da influéncia que exercem sobre os pavimentos a eles submetidos, Nao sdo piblicos, até o momento, processos que per mitam determinar, com a necessaria seguranga, a equivaléncia entre as solicitagées deles advindas e as solicitagdes de um eixo simples padrdo, nem existem, no caso de pavimentos de con creto, dbacos que conduzam ao relacionamento entre suas cargas © as tensdes de tracdo na flexdo que provocam na placa. Este trabalho pretende solucionar a questdo para os pavimentos rigi. dos, quando aplicadas as férmulas de Westergaard para a tensdo na fibra inferior ao longo de um bordo ou de uma junta de uma placa de concreto, sem transferéncia de carga — ou seja, de acordo com o mesmo enfoque tomado por Pickett e Ray no calculo e tracado dos abacos que compdem o atual método de dimensiona- mento da Portland. Cement Association. 0 abaco finalmente apresentado tem, por uma questdo de coerén- cia, respeito ao trabalho anterior e facilidade de tragado, a mesma forma e duas das quatro escalas idénticas as dos &bacos da PCA para os casos de eixos simples e tandem duplos, e tem sido empregado em dimensionamentos de pavimentos de concreto efetuados pela ABCP desde fins de 1977. pag. L. INTRODUGAO 22... cece cece cence cence nee teeensecenneeesesees i 2. DESCRIGAO SUCINTA DAS HIPOTESES FUNDAMENTAIS ........-.. 4 3. DESCRICAO DO PROCESSO DE CALCULO E DE TRACADO DO ABACO. 7 4. EXEMPLOS ELUCIDATIVOS DO EMPREGO DO ABACO . 15 5S. BIBLIOGRAFIA .......ceeeeeeeeeeeeeeeee 16 INDICE DE _FIGURAS Fig? n? pag. 1. POSIGAO ESQUEMATICA DE CARREGAMENTO PARA O CALCULO DAS SENOS ex «uae Fige-e e Soe oot io ie pg oy 88 afoume te 84 hs +3 6 2. CARTA DE INFLUENCIA N® 6, DE PICKETT-RAY ........-..005 8 3. ESQUEMA TEORICO REDUZIDO DO EIXO TANDEM TRIPLO TEORICO. 9 4, SUPERFICIES TEORICAS DE CONTACTO APOSTAS a CARTA DE INFLUENCIA N° 6 . wie bie of oie sie + 10 5, DIMENSOES DO 'EIXO TANDEM TRIPLO E DAS SUPERFICIES DE CONTACTO UTILIZADAS NOS CALCULOS ..... ihre eesti acho 12 6. CONFIGURAGAO DO EIXO TANDEM TRIPLO CONFORME UTILIZADO NA_DETERMINACAO DO ESTADO DE TENSOES PARA P = 35 t, K = 5,0 kgf/cm2/cm eh = 20,0 CM sessecevecserevers 14 7. KBACO PARA DIMENSIONAMENTO DA ESPESSURA DE PAVIMENTOS RODOVIARIOS DE CONCRETO ¢ CASO DE EIXOS TANDEM TRI- PLOS ) ae 04 Hi Sad 8 hs a err 16 INDICE DE ASSUNTOS EXEMPLOS DE UTILIZAGAO DO ABACO ....-.+--eeeeeeeeee eee a7 1. INTRODUGAO Uma questdo que vem preocupando, de longa data, os estudiosos brasileiros do dimensionamento de pavimentos rodovidrios € a inexisténcia de processos comprovados que permitam 0 estabele- cimento de relagées de equivaléncia entre as solicitagées oriun das de eixos em tandem triplo e as do eixo simples padrdo, No caso de pavimentos flexiveis, tem-se noticia de estudos a esse respeito nas areas do DNER e da DERSA, ainda nao dados a pibli co até a data (*) em que 6 redigido este trabalho. Para pavi- mentos rodovidrios rigidos, dimensionados pelo método da Port- Land Cement Association (PCA), 0 problema comegou a ser enfren tado pela Associagdo Brasileira de Cimento Portland (ABCP), em fins de 1976, com as primeiras tentativas de simplificagdo do processo de calculo de tensées até entdo empregado: a aplica- Go das cartas de influéncia de“Pickett-Ray. 0 resultado des- ses esforcos 6 apresentado neste trabalho, sob a forma de um Abaco que, concebido & semelhanga dos abacos da PCA para eixos simples e tandem duplo, permite o dimensionamento de pavimen- tos de concreto simples submetidos 4 acgdo de veiculos dotados de eixos tandem triplos, de significativa incidéncia na compo- sigdo do trafego comercial das rodovias nacionais. 2 DESCRIGAO SUCINTA DAS HIPOTESES FUNDAMENTAIS AC) asce ‘*) para pavimentos de concreto simples fundamenta-se na andlise das seguintes fontes: © método de dimensionamento preconizado pela PC. e pela a) estudos tedricos, & luz da teoria da elasticidade, sobre © comportamento de placas de concreto assentes em funda gGo naturale submetidas 4 agdo de cargas uniformemente distributdas numa Grea limttada, executados prinetpalmen te por WESTERGAARD (14°) ; b) ensatos de Laboratério e em modelos, condusidoe pelo Bu- veau of Public Roads e pela PCA; c) resultados de pistas eapertmentats, como as de Bates, Ar ington, Maryland e AASHO; 4) observagdo sietematica de pavimentos em servigo. (*) Junho de 1978 A teoria desenvolvida por Westergaard para o cAlculo das ten- sdes solicitantes — base racional do método de dimensionamen- to — &, por seu turno,instruida pelas seguintes hipéteses a) a placa de conereto tem comportamento eldstico, dentro bd) ©) a) e) Por razdes j4 conhecidas e explanadas em outros trabalhos das condigsee normaie de atuagdo e para valores constan- tes do médulo de elastictdade e do coeficiente de Potseon do conereto; a eepessura da placa é uniforme e constante, e 0 seu ta- manho & suftctente para tornar significativa a déstaneta entre juntas ou bordos; a placa é constdevada integra, ou seja, ndo fiseurada, quando do carregamento tedrico; a placa assenta completamente sobre uma fundagado isotré- pica e homogeneas em cada ponto da fundagao, a reagao & uma pressdo verti- cal diretamente proporctonal a deformagdo, sendo a cons- tante de proporetonaltdade o médulo de reagao, ou coef etente de recalque k. : (aa) a posicio de carga considerada pelo método de cAlculo da PCA é aquela configurada pela tangéncia dos pneumaticos de um dos ei xos (simples ou néo) solicitantes em relacdo 4 junta transver- sal (V.fig.n?1). (8) ‘A equacdo fundamental de Westergaard para a deformacio *"’, no caso de carga concentrada atuando no bordo (ou junta transver- sal) de uma placa de concreto assente sobre a fundagao previa- mente descrita (Liquido denso), aplicada na equagao 11 de Pi- ckett e Ray ‘*)para o momento fletor nas mesmas condigdes, € substituida a carga concentrada pela carga uniformemente dis tribuida fornece: yb/ 3] . yisen 22[s(1-coe Bb VP/2) - 1 sen? dx e(ptey?) [iee(1-u) «2y?=(-u) 20°] ° onde: q = carga uniformenente distribuida ree leyeeeereelia (para fundagio 12(1-p?)k liquido denso) = ——th__ = rigidez da placa 12(1-¥?) JUNTA _ TRANSVERSAL, EIXO_ TANDEM ‘TRIPLO (ESQUE. n——n MA) Q |___JUNTA_LONGITUDINAL BORDO LONGITUDINAL, Fis. 1 Posi¢ao ESQUEMATICA DE cALCULO. = modulo de elasticidade do concreto espessura da placa = coeficiente de Poisson de concreto (= 0,15) wore = coeficiente de recalque da fundagao R " nea anh i* 4 2 y- [ant se iF 2 J a,b = semi-eixos da elipse representativa da area de con tacto de um pneumatico ( a € 0 semi-eixo paralelo 2 junta ou ao bordo) s = au?) o? fie 2 Cy =] T= Gut) «? [cu =? - 287] A partir dessa expresso, Pickett e Ray *)desenvolveram a car- ta de influéncia n® 6 (V.fig.n?2), que permite o cdlculo do mo- mento fletor e da tensdo de traco na flexdo sem o emprego di- reto da formula, claramente de manejo complexo para o dia-a-dia do projetista de pavimentos de concreto. 3. DESCRIGAO DO PROCESSO DE CALCULO E DE TRAGADO DO ABACO 0 Abaco foi calculado de forma bastante artesanal, ndo tendo sido empregado 0 computador eletrénico. 0 processo seguiu a 1i- nha comum adotada por Pickett e Ray quando da criagdo dos aba- cos para eixos simples e tandem duplos, a saber: 1) desenho, em papel transparente, das euperficies de contac to dos pneus, numa escala apropriada (dependente da esca= la da carta de influéneia e do raio de rigidez relativa 1 do pavimento) (V.fig.n93); 2) aposigao do desenho sobre a carta de influéneia, de forma a obter a mator contagem positiva de blocos envolvidos pe las euperficies de contacto (N) (V.fig.nO4); 3) edleuto do momento fletor ¢ da coneeqilente tensdo de tra- ao na flexao, pelas formulas: m= s2N e ott = —¥ 10 27/6 fie JBochs Nesitive oy ‘O InrLUENCE CuART 5OR Tae MowenT Mat Eooe (pony 0) oF x ConcaeTE SLAB ‘Dus 70 & Load in tHe Vicinity oF tHe Eo0e Gubgrade assumed to be 3 denne liquid Poisson’ rlio for pavement + O15) fig. 2 Carta de influéncia n@6, de Pickett—.Ray, para o cdlculo do momento fletor no bordo de uma placa de concreto devido a um carregamento proximo ao bordo. (desenho muito reduzido em relagdo ao original ). Fig. 3 ESQUEMA REDUZIDO DO EIXO TANDEM TRIPLO ( DESENHO REDUZIDO EM RELACAO AO TAMANHO NORMAL), =. att Sane Encl Cuna? For Tat Momtnt War Loot (apo C) fra Co nue Eft Soon Pais for fasement » O15) Fig. 4 Superficies tedricas de contacto apostas ‘a carta de influgncia n& 6 (desenho muito reduzido em relagto oo original ), 4) locaga@o do ponto obtido no dbaco-tentativa, As caracterfsticas do eixo tandem triplo examinado foram: Cargas totais por eixo tandem triplo 9eSP Sg SE + Pressdo de contacto de pneumatico'(constante) ‘ q = 6,33 kgf/cm? + Comprimento de eixo, entre centros de rodas duplas (cons - tante): d = 180 cm . Dist@ncia entre eixos (constante) 6 = 125 em ~ + . Dist@ncia entre centros de pneus (constante) = 30cm - (V.fig.n95) Outras variaveis: + Coeficiente de recalque da fundacao 1,4 kgf/em2/em < K ¢ 15,0 kgf/emi/em . Espessuras de placa 10cm < h ¢ 30 cm A estratégia de calculo seguida foi a de fixar valores de_pe de ‘k., variando he, por conseguinte, determinando otf . Todos os calculos foram executados para um médulo de elastici- dade e um coeficiente de Poisson do concreto iguais, respecti vamente, a 2,8 x 10° kgf/cm” e a 0,15, A seguir, mostra-se um exemplo numérico real de calculo, passo a passo. Po = 35.000 kgf k= 5,0 kef/em/_, h = 20,0 cm 128 4 | © | | d {eo eee coTas EM CM FIG.5 DIMENSOES DO EIXO TANDEM TRIPLO UTILIZADO Nos CALCULOS. 19 passo - Caéleulo da drea de contacto de pneumatico P = 25000 = x4 oxox 461 om? 29 passo - Cdleulo das dimensdes tedvieas da drea de contacto (V.Pig.n?5) : y Comprimento: , .¢ A yA 461 Po. 2 L =(Sa77) ‘(sa 2803 Largura: W= 0,6 xb = 0,6 x 29,69 = 17,81 cm 39 passo - Céleulo do rato de rigides velativa 1 En? * 12(1 -u?) k + TO? boast acter ie perce 12(1-0,15") 5,0 42 passo - Céleulo da relagdo escalar l_carta de influéncia (*) z 25,4 @ = 754 0,32 78,61 5% passo - Caleulo das dimensées para o desenho a * L' = 9,5 cm woe ow + Wlo= 5,7 em ato oa ~ a" = 57,6 om i = #4 + jt = 40,0 cm ais oa * a= 9,6 po #4, . em (V.Fig.n96) (*)Medido na carta de influéncia n? 6 40,0 490 98 FIG. 6 CONFIGURAGAO E DIMENSOES DO EIXO TANDEM TRIPLO, CONFORME USADO NA DETERMINAGAO DO ESTADO’ DE TENSOES PARA P=35t, k=50 kgf/em@/em E h=200em (DESENHO MUITO REDUZIDO EM RELAGAO AO ORIGINAL) 1S; 6% passo - Aposigado do desenho na carta de influénetia e conta- gen dea tg a oe N = 2700 72 paseo -- C&éleulo do estado de tensdes 2 w= SEN. 6,33 x 29,68 x 2700 1597 pe exom/ 10000 10000 : = 22,6 kef/em? 8 passo - Locagdo do ponto no dbaco-tentativa Esta seql@ncia foi repetida, para a gama de valores Proposta, por cerca de 300 vezes, 0 resultado final esta mostrado na fig. 7. 4, EXEMPLOS ELUCIDATIVOS DO EMPREGO DO ABACO © Abaco pode ser empregado para dois fins principais: (a) da- dos a carga, o suporte e a tensdo admissivel de tragdo na fle- xao, calcular a espessura da placa de concreto, e (b) dados a Carga, 0 suporte e a espessura da placa de concreto, calcular a tensGo solicitante de tracdo na flexdo. Os dois demonstram os processos. 30 4,0 kgt/em* /om = 22,5 kgf/cm? EXEMPLO 1 - Dados: P eee 5 k ott, uw & Na figura 8: bh ® 19,5 cm EXEMPLO 2- Dados: P = 25 ¢ Peet k = 8,0 kgf/em/ oy h = 16,0 cm Na figura 8: otf = 20,4 kgf/cm? x30 ( kof /em2) a ‘ | VA AIA NN on 8 IF 19 21 as 25 30 35 40 35 Q . Carga por eixo tandem triplo (1) FIG.7 ABACO PARA DIMENSIONAMENTO DA ESPESSURA DE PAVIMENTOS RODOVIARIOS DE CONCRETO (CASO DE EIXOS TANDEM TRIPLOS } \ & 80. \ 4 ABACO PARA DIMENSIONAMENTO DA ESPESSURA DE PAVIMENTOS RODOVIARIOS DE CONCRETO (CASO DE EIXOS TANDEM TRIPLOS ) FIG, 8 EXEMPLOS ELUCIDATIVOS DO EMPREGO DO Apaco REFERENCIA BIBLIOGRAFICA WESTERGAARD, H. M. - Computation of stresses in concrete roads. In: ESTADOS UNIDOS. Highway Research Board - Proceedings of the fifth annual meeting, Washington, D.C., 1925. v.5, p.90-112. - Stresses in concrete pavements computed by theo- é Public Roads, 7(2): 28-35, Apr. 1926. retical analys. - Theory of concrete pavement design. In: ESTADOS UNIDOS. Highway Research Board - Proceedings of the seventh annual meeting, Washington, D.C., 1928. v.7, p.175~181. - Analytical tools for judging results of structural tests of concrete pavements. Public Roads, 14(10): 185-188, Dec. 1933. - Stresses in concrete runways of airports. In: ESTADOS UNIDOS. Highway Research Board - Proceedings of the nineteenth annual meeting, Washington, D.C., 1939. v.19, p.197-205. - New formulas for stresses in concrete pavements of airfields. A.S.C,E., Transactions, 113: 434; 1948. PORTLAND Cement Association - Thickness design for concrete pavements. Chicago, 1966, (HB-35). PITTA, Marcio Rocha - Dimensionamento dos pavimentos rodovia- rios de concreto. Sao Paulo, ABCP, 1977. (ET-14). PICKETT, Gerald § Ray, G. K. - Influence charts for concrete pavements. A.S.C.E,, Transactions, 116: 49-73; 1951.

Você também pode gostar