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Estética Capilar

e Tricologia
Dra. Franciele Neves Moreno

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EXPEDIENTE

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo
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Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. MORENO, Franciele Neves.

Estética Capilar e Tricologia.


Franciele Neves Moreno.

Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.


136 p.
“Graduação - EaD”.

1. Estética 2. Capilar 3. Tricologia. EaD. I. Título.

Impresso por: CDD - 22 ed. 646.726 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional
ISBN 978-65-5615-169-4
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BOAS-VINDAS

Neste mundo globalizado e dinâmico,


nós trabalhamos com princípios éticos
e profissionalismo, não somente para Tudo isso para honrarmos a nossa missão,
oferecer educação de qualidade, mas que é promover a educação de qualidade
nas diferentes áreas do conhecimento,
também, acima de tudo, gerar a conversão
formando profissionais cidadãos
integral das pessoas ao conhecimento. que contribuam para o desenvolvimento
Baseamo-nos em quatro pilares: de uma sociedade justa e solidária.
intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990,
com dois cursos de graduação e 180
alunos. Hoje, temos mais de 100 mil
estudantes espalhados em todo o Brasil,
nos quatro campi presenciais (Maringá,
Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em
mais de 500 polos de educação a distância
espalhados por todos os estados do Brasil
e, também, no exterior, com dezenas de
cursos de graduação e pós-graduação. Por
ano, produzimos e revisamos 500 livros e
distribuímos mais de 500 mil exemplares.
Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 por
sete anos consecutivos e estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as
necessidades de todos. Para continuar
relevante, a instituição de educação
precisa ter, pelo menos, três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a
qualidade.Por isso, desenvolvemos para
os cursos híbridos, metodologias ativas,
as quais visam reunir o melhor do ensino
presencial e a distância.

Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO

Olá, aluno(a), tudo bem? Sou a professora


Franciele, sou Bióloga, católica e casada.
Amo viajar, principalmente para lugares
com lindas paisagens naturais, por exem-
plo, praias, cachoeiras e regiões monta-
nhosas. Apesar de eu ter (um pouco) fo-
bia à altura, eu gosto de atividades, como
rapel e tirolesa (já realizei duas vezes), e
também caminhadas na natureza. Além
disso, eu e meu marido praticávamos cor-
rida de rua. Há cerca de um ano, nossa
vida mudou, nasceu nossa filha (nosso
presente de Deus), chama-se Luna. Por
ela, tivemos que dar uma pausa nas via-
gens, nas atividades radicais e na corrida.
Às vezes, é necessário darmos algumas
pausas, respeitar nossas limitações e nos
reorganizarmos, mas logo voltaremos às
viagens e às atividades com a nossa filha.
Aqui você pode Neste um ano, já aprendi muito e errei
conhecer um também, sinto-me realizada como mãe.
pouco mais sobre Minha vida profissional também mudou
mim, além das
informações do (como de muitas mães/pais), pois tinha
meu currículo. uma atividade de trabalho intenso e, após
o nascimento, não havia retornado até
agora. Estava me organizando para retor-
nar com uma carga horária menor quando
fui convidada para escrever este livro. A
princípio fiquei temerosa em aceitar, pois
tive medo de não conseguir tempo neces-
sário para me dedicar, mas aceitei o desa-
fio, estava na hora de voltar a trabalhar,
e nada melhor do que fazê-lo em home
office. Espero que você também consiga
superar seus medos, respeitar seus limites
e ter a coragem de se lançar no universo
da tricologia. Bons estudos!
RECURSOS DE
IMERSÃO

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bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá
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PENSANDO JUNTOS: ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar


e transformar. Aproveite este momento!

EXPLORANDO IDEIAS: com este elemento, você terá a oportunidade de explorar


termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva.

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CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM
PROVOCAÇÕES INICIAIS
7

ESTÉTICA CAPILAR E TRICOLOGIA

1 9 2 43

Anamnese e Alterações
Introdução à Tricologia
Patológicas

3 75 4 105

Recursos aplicados
Cuidados na
aos cabelos e ao
Estética Capilar
couro cabeludo
PROVOCAÇÕES

INICIAIS
ESTÉTICA CAPILAR E TRICOLOGIA

Olá, aluno(a), tudo bem? Você ingressou em um curso que trabalhará com a saúde e o bem-estar das
pessoas, e, uma vez que os cuidados com os cabelos e o couro cabeludo são, fundamentalmente, im-
portantes para os seres humanos, conhecê-los, saber das principais afecções tricológicas e dos cuidados
são pontos essenciais para a formação do profissional de estética.
Pensando a respeito, este livro foi, cuidadosamente, preparado para a construção do conhecimento da
disciplina estética capilar e tricologia, abordando, inicialmente, a importância que os cabelos e os pelos
têm para as pessoas, em seguida, suas características biológicas, químicas, físicas e o ciclo biológico,
incluindo seu envelhecimento. Após, contemplam-se as recomendações sobre como realizar uma boa
anamnese, os protocolos de tratamentos e as terapias capilares, as principais afecções tricológicas, seus
sintomas e os tratamentos mais indicados.
Para o cuidado do cabelo e do couro cabeludo, são necessários cosméticos específicos, sendo aborda-
dos neste livro, no terceiro ciclo, além de contemplar também seus ativos. Outro ponto importante em
relação aos cuidados e aos tratamentos na estética capilar são as técnicas utilizadas, tais como as de
texturização, coloração, massagem, drenagem linfática, argiloterapia, esfoliação, reconstrução capilar,
laserterapia, radioterapias, microagulhamento, entre outras, que também estão contempladas neste livro.
Enfim, você percebe que esta disciplina aborda conhecimentos que contribuirão, de forma efetiva, para
a sua formação como profissional de estética e cosmética? Então, convido-o a mergulhar no universo da
estética capilar e tricologia. Bons estudos. Vamos lá?!
1 Introdução à
Tricologia
Dra. Franciele Neves Moreno

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Neste ciclo, você terá a oportunidade de aprender a importância do pelo
para a vida do homem e as principais características anatômicas, fisiológicas,
histológicas e químicas dos fios e do couro cabeludo. Também aprenderá
as diferenças do cabelo entre as raças, a relação das glândulas exócrinas
(sudorípara e sebácea) com o pelo e com o couro cabeludo, conhecerá os
tipos de pelos, seu ciclo biológico (anágena, catágena e telógena) e as alte-
rações fisiológicas do seu envelhecimento. Estes conhecimentos fornecerão
conteúdos fundamentais para exercer sua profissão de esteticista capilar
com qualidade, uma vez que serão necessários quando, por exemplo, você
for realizar uma avaliação tricológica, ou sugerir tratamentos ou terapias
capilares, ou quando for verificar se os hábitos do seu cliente estão corretos,
entre outros procedimentos estéticos. Por isso, convido-o a mergulhar no
universo do conhecimento da estética capilar e da tricologia. Vamos lá?!
UNICESUMAR

Você sabia que o cabelo sempre ocupou uma posição de destaque na vida dos homens? Um exemplo disso
é como os reis e as rainhas da Idade Média os tratavam. Para eles, os cabelos tinham um destaque especial
que sinalizava poder e status, sendo assim, quem governava não poderia ser calvo, careca ou ter alguma
doença/disfunção capilar. No entanto, como não tinham produtos adequados para cuidados básicos
com os cabelos, desenvolviam algumas doenças capilares, como infestação de piolhos, caspas, seborreias,
tricoses da haste, entre outras, e alguns até tornavam-se carecas em função disso, durante o seu reinado.
Por isso, naquela época, usavam-se perucas, e elas eram consideradas artigos de beleza de luxo, e
quanto mais volumosa, mais bonitas e caras elas eram, ou seja, se, na época, alguém quisesse ostentar,
era só usar uma peruca bem volumosa.
Atualmente, os cabelos também têm sua importância para as pessoas, determinando sua aparência
e humor, além de continuarem ditando tendências no mundo da moda, fazendo os profissionais desta
área cada vez mais importantes. Mas, antes de entrar no assunto e aprender tudo o que essa unidade traz,
gostaria de fazer uma pergunta: Quantas vezes por dia você mexe no cabelo seja escovando, lavando
seja apenas passando a mão? Tanto o cabelo quanto nossos pelos têm fundamental importância para
nós enquanto seres humanos. Quando sentimos frio e estamos sem agasalho, nossos pelos se eriçam,
e este é um mecanismo importante para manutenção da temperatura corporal.
Ou seja, se pararmos para pensar, desde o início da humanidade, os pelos e cabelos tinham a sua
importância, e isso foi se modificando ao longo dos tempos, assim como a quantidade desses fios
pelo corpo. Conforme os hominídeos iam se dispersando pelos continentes, algumas características
morfológicas foram se modificando e se adequando às variações ambientais, tais como quantidade e
tipo de pelos e cabelos. Os fios foram se concentrando em algumas regiões corporais com funções e
características específicas. E aí, você já parou para pensar por que
algumas regiões do corpo possuem mais pelos que outras?
O que leva à queda capilar e por que é intensificada
nos homens após certa idade? Por que os cabelos
ficam brancos?
Os fios de cabelo e pelos têm funções fisio-
lógicas importantes, como proteção mecânica,
imunológica, sensorial, térmica etc. e também
possuem características específicas, um ciclo
biológico e como todas estruturas do nosso cor-
po, também envelhecem. Suas características
biológicas podem ser alteradas ou preservadas
de acordo com seus hábitos, inclusive, com sua
alimentação. Você já ouviu dizer que “você é o que
você come”? Embora uma pessoa com alimenta-
ção equilibrada não garanta um cabelo ou
couro cabeludo saudável, é comprovado
que a quantidade de nutrientes e água
que você ingere afetará, diretamente,
seus cabelos e couro cabeludo.

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UNIDADE 1

Uma vez que eles são constituídos por biomoléculas, como as proteínas, que para serem sintetizadas
e funcionarem, adequadamente, necessitam de uma quantidade adequada de nutrientes (aminoáci-
dos, vitaminas, minerais etc.) e água, absorvidos durante a alimentação. Este é o motivo de distúrbios
alimentares, tais como dietas radicais e anorexia, causarem a perda de brilho e queda capilar. Além
disso, outros comportamentos podem causar danos à estrutura dos fios ou do couro cabeludo, como
excesso de tratamentos químicos, uso inadequado de secadores e pranchas, entre outros.
Proponho a você, estudante, que faça um simples exercício se imaginando já como profissional da
área, mas apenas para visualizar qual sua conexão com o que conversamos anteriormente. Imagine
que você atende uma cliente com característica caucasiana, cabelos ondulados e castanhos, de 35 anos,
que não está contente com seu cabelo e relata que ele está sem brilho e quebradiço. Para propor um
tratamento a ela, primeiro você deve conhecer as características de um cabelo normal e o que pode
causar o problema capilar relatado. Portanto, sugiro que pesquise as características de um cabelo nor-
mal caucasiano e o que pode estar causando o problema mencionado por essa cliente (cabelos sem
brilho e quebradiço).
Você percebeu, em nossa breve conversa, que os seres humanos, no processo da sua evolução, tiveram
adaptações morfológicas de acordo com as alterações ambientais que enfrentavam, desenvolvendo
características específicas. Além disso, outros fatores influenciam nas características capilares. Pro-
ponho uma reflexão sobre isso. A seguir, no Diário de Bordo, anote o que você acha ser característica
de um cabelo normal. Anote, também, quais tipos de pelos você acha que existem? E, por fim, anote
suas impressões, pensando na seguinte pergunta: Será que a raça, o sexo e a idade podem influenciar
nos pelos e cabelos?

DIÁRIO DE BORDO

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UNICESUMAR

Você já parou para pensar qual é a importância do pelo para a vida do homem moderno? Para
compreendermos qual a posição de destaque que o cabelo ocupa em nossa vida, primeiro temos que
entender a sua importância no decorrer da história do homem, iniciando pelo homem das cavernas,
afinal, para compreendermos o hoje é importante conhecermos o passado, a nossa história. Sendo
assim, no homem pré-histórico (homem das cavernas), a quantidade de pelos e cabelos era bem
maior uma vez que serviam de proteção contra os fatores ambientais adversos (frio, calor, radiação
solar, desidratação, entre outros). Afinal, você deve considerar que, naquela época, eles não tinham
roupas e calçados para se protegerem dos fatores ambientais adversos. Mas, com o passar do tempo,
a quantidade de pelos foi reduzida, assim como foram adquiridas novas habilidades, como confecção
de roupas, calçados, ferramentas etc. Com isso, os pelos conquistaram também outros significados e
importância ao homem, como representação sexual, de força e de poder.
Ao longo da evolução humana, de acordo com estudos realizados, a pele teve redução de pelos,
aumento do número de glândulas sudoríparas, alteração na tonalidade, surgimento do tecido adiposo
subcutâneo e redução das unhas (AZULAY, 2006). Pesquisadores sugerem que os principais fatores
para a redução dos pelos “através das gerações dos hominídeos foram o processo de desertificação das
florestas e a aquisição da postura ereta (bipedalismo) (Figura 1), há aproximadamente cinco milhões
de anos” (FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013, p. 59).

Figura 1 - Evolução da espécie humana (Homo sapiens sapiens)

Com a desertificação das florestas, originando as savanas, os primatas ficaram mais suscetíveis à radia-
ção solar e ao mesmo tempo adquiriu a capacidade de andar ereto, isto resultou em um maior gasto de
energia e maior geração de calor (FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013). Sendo assim, indivíduos
que melhor se adaptaram ao calor químico gerado pelo esforço físico do bipedalismo e ao aumento
da radiação solar foram selecionados, favoravelmente, como podemos ver na Figura 1. Ao longo da
evolução da espécie humana, ficou evidente que uma pele desnuda e com altos níveis de transpiração
constituiu um meio de dissipação de calor eficaz (RIVITTI, 2018).

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UNIDADE 1

Você sabia que a quantidade de pelos e sua importância


foram alteradas por meio da evolução, permanecendo as
características que proporcionaram sucesso evolutivo ao
homem? Atualmente, os pelos e os cabelos têm importante
destaque na vida do homem, fazendo parte da construção
do indivíduo.

Nota-se que, ao longo dos tempos, além da importância biológica,


os fios capilares tiveram outros significados e outra importância
e que difere de acordo com os povos, as religiões ou as culturas.
Para alguns povos, os cabelos e as unhas continuam relacionados
ao indivíduo mesmo após serem cortados, desta forma não po-
dem ser removidos do seu corpo nem jogados fora. Nesta linha de
pensamento, na quimbanda, o cabelo é utilizado em rituais. Para
alguns povos, o cabelo significa virilidade, e, em algumas culturas,
o primeiro corte de cabelo é uma ocasião importante, sendo rea-
lizadas cerimônias para proteger a criança contra maus espíritos.
Já os índios do Xingu raspam os pelos do corpo, deixando apenas
os cabelos, fazem isto porque eles acreditam que assim irão se di-
ferenciar dos macacos. Nesta tribo, eles preservam os cabelos por
serem relacionados com a sexualidade e a sensualidade, cortando-os
apenas quando alguém muito próximo morre, sinalizando luto ou
como mutilação (OLIVEIRA, 2007).
Também é observado que o corte e a disposição dos cabelos
demarcam personalidade, função social ou mudança no estilo de
vida, desde a Antiguidade. Na Idade Média, os cabelos eram muito
importantes, significava poder e status e, a partir desta época, co-
meçaram a surgir vários medicamentos para calvície e para outras
doenças tricológicas (PEREIRA et al., 2016). Entre os hippies, os
cabelos desalinhados eram sinal de liberdade e não aceitação aos
valores da época vigentes. Cabelos Black Power foram e ainda são
utilizados como afirmação da negritude (OLIVEIRA, 2007). Po-
demos dizer que os cabelos vêm marcando épocas, civilizações,
religiões, culturas, grupos sociais e ditando tendências (Figura 2).

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UNICESUMAR

Figura 2 - Cabelos e tendências

A supervalorização atual do cabelo é evidente uma vez que as pessoas estão em busca do cabelo per-
feito. Para isso, alteram cor, cortes, formas, fazem vários tipos de tratamentos, isto tudo para exaltar sua
beleza, sua identidade ou, até mesmo, criar um personagem (Figura 3). Você já fez algum tratamento
ou mudança capilar? Qual importância você dá aos seus cabelos? Será que para sua cliente (do Estudo
de Caso) o cabelo é importante e realizou algum tratamento em seu cabelo que pode ter o deixado
quebradiço e sem brilho?

Figura 3 - Frases evidenciando os cabelos

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UNIDADE 1

Atualmente, a valorização do cabelo é facilmente observada entre os jo-


gadores de futebol. Você notou que, nas últimas décadas, o cabelo vem
ganhando destaque neste esporte? Muitos dizem que o futebol atual não Antes
é apenas um esporte, mas uma janela para a moda capilar. Quem nunca
reparou no cabelo de algum jogador? Eles fazem cortes personalizados,
alteram a cor, fazem penteados, utilizam técnicas capilares inovadoras e
ditam tendências. Muitas crianças chegam a pedir a seus pais que querem
ficar com o cabelo igual do seu ídolo. Isto também é observado em outros
esportes, entre músicos, atores, youtubers, personagens de desenho ani-
mado/cinema, entre outros.
Além disso, para muitas pessoas, cuidar do cabelo tem efeito terapêu-
tico, isto é comumente observado em salões de beleza, como descrito
por Oliveira (2007), que, ao entrarem no salão de beleza, algumas pes-
soas chegam, aparentemente, deprimidas e, conforme seus cabelos são
cortados ou tratados, a postura e o humor se alteram, ficando felizes
com a nova imagem do cabelo, como se, de repente, tivessem ganhado
uma nova vida. De acordo com a autora, quando os cabelos crescem,
perdem o formato e a vitalidade, com isso, a pessoa sente que perdeu
a beleza e a identidade e, após o novo corte, a pessoa se reencontra.
Observando o quanto as pessoas valorizam sua aparência e seus
cabelos, o mercado cosmético e de tratamento capilar vem ganhando
cada vez mais espaço, inclusive, no mundo masculino, que, até décadas
Antes observados a quantidade
atrás, era pouco explorado. São facilmente Depois
crescente de produtos para cabelos e barbas, as técnicas e os tratamen-
tos capilares, conforme o que se deseja obter. Além, é claro, do número
de pessoas que se submete a tudo isso que é enorme, bem como o
tempo despendido para estes cuidados, medida da importância que os
pelos e os cabelos têm para nossa sociedade. Dentro desse quadro de
culto à vaidade ou de cuidados com a vida, os cabelos têm posição
de destaque (OLIVEIRA, 2007).
Assim, podemos salientar que o cabelo tornou-se fundamental
para a construção da identidade do indivíduo. Por isso, a estética
capilar e a tricologia (trichos = cabelo/ logia = estudo) tornam-se
essenciais para o profissional de estética, principalmente aos que
desejam trabalhar com cabelos e/ou pelos uma vez que estes pro-
fissionais são responsáveis pelo embelezamento pessoal, pela saúde
capilar e pelo bem-estar das pessoas. Você já consegue perceber como
é importante esta disciplina para sua profissão e a responsabilidade
que você terá? Por estes motivos, você como um futuro profissional
de estética de sucesso deve estar em busca constante de aperfeiçoa-
mento e aprendizado.

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UNICESUMAR

Visto a importância dos pelos e dos cabelos para a humanidade ao longo dos tempos, percebemos que
eles têm funções biológicas importantes. Eles podem servir para proteção contra radiação solar, atuar no
controle térmico, têm ação sensorial, são barreira contra entrada de sujidades e microrganismos, entre
outras funções, dependendo da região que se encontra. Por exemplo, os cabelos, que são os pelos da cabeça,
exercem proteção contra radiação, impactos e atua no controle térmico do crânio, e isso é necessário uma
vez que a nossa cabeça é muito exposta aos raios ultravioletas (UV). O cérebro tem um metabolismo
elevado com grande sensibilidade ao aquecimento e necessita que a temperatura seja controlada, e a calota
craniana precisa de proteção contra impactos (AZULAY, 2006; FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013).
Já os pelos nas axilas, também denominados hircos, e os pelos da genitália, os púbios, atuam na pro-
teção contra organismos patógenos e, de acordo com alguns autores, podem ter funções associadas à
conservação de moléculas odoríferas produzidas nestas regiões as quais são relacionadas à reprodução,
servindo para atração de parceiros sexuais (AZULAY, 2006; FIGUEIREDO; ALBUQUERQUE, 2013).
Mas há quem conteste a permanência de pelos nestas regiões, não é mesmo? A maioria das mulheres e
alguns homens se submetem a procedimentos dolorosos, ou gastam tempo e dinheiro para removê-los,
definitivamente. Atualmente, os homens estão removendo os pelos de algumas regiões do corpo, como
tórax, costas, axilas (os hircos) e da região pubiana (os púbios) e destinam os cuidados para os cabelos,
pelos da face, a barba, e o bigode (pelos do lábio superior). Os pelos do nariz (vibrissas), da orelha (trágios),
dos cílios e supercílios (sobrancelhas) também têm função protetora contra a entrada de microrganismos
e outras partículas.
Agora, convido você a conhecer a anatomia e fisiologia do pelo e do couro cabeludo bem como
as principais diferenças dos cabelos nas grandes raças. Os pelos e os cabelos são órgãos anexos da
pele (ou cútis) e fazem parte do sistema tegumentar. Você sabia que a pele é o maior órgão do corpo hu-
mano e possui diversas funções, tais como proteção mecânica, imunológica, termorregulação, sensorial,
secretora, barreira contra organismos patógenos e radiação solar? (JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018).
Dada a importância da pele para o sistema tegumentar e para a estrutura dos nossos fios, foco desta
disciplina, convido você a rever um pouco mais sobre ela, pois nas disciplinas de Anatomia Humana e
Dermatologia e disfunções da pele, estudamos a pele e seus órgãos anexos, mas, aqui, a contextualização
será na área de tricologia e estética capilar.
A pele recobre todo o corpo, formando uma camada protetora e tem a capacidade de regenerar-se
rapidamente. O couro cabeludo é uma pele que recobre o crânio, possui diversos folículos pilosos (também
conhecidos como folículos capilares) e glândulas sebáceas cuja epiderme tem alta regeneração. A pele
é constituída por dois tecidos (Figura 4), que são (HALAL, 2016; JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018):
1. Epiderme (mais externa): constituído por um epitélio estratificado pavimentoso querati-
nizado (com camada córnea), este tecido resiste à água e protege contra os patógenos. Tem a
espessura de cerca de 50 células, e estas se renovam, constantemente. As células mais abundantes
são os queratinócitos, os quais são formados por mitose (divisão celular) na camada basal da
epiderme e se move em direção à camada mais externa da epiderme, a córnea, modificando-se
pelo processo conhecido como queratinização. A epiderme tem mais três tipos de células: os
melanócitos, as células de Langerhans e as de Merkel. Esse tecido pode ser dividido em cinco
camadas: camada basal ou estrato germinativo; camada espinhosa; camada granulosa;
camada lúcida; camada córnea.

16
UNIDADE 1

2. Derme (mais interna): este tecido fica abaixo da epiderme, compõem cerca de 90% do
peso seco da pele, ele comunica a hipoderme com a epiderme. Uma vez que a epiderme não
é vascularizada, a derme transfere os nutrientes do tecido inferior (hipoderme) para o tecido
superior (epiderme), além disso, oferece termorregulação para a pele. Sua espessura pode variar
conforme a região do corpo e é importante para a percepção sensorial (tato, temperatura e
dor) e proteção imunológica da pele. As camadas que compõem a derme são: camada papilar
(camada superficial) e camada reticular (camada interna), são encontrados nesta camada
os folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas (entre outras estruturas).

Haste do cabelo/Eixo do cabelo


Epiderme

Poro da glândula sudorípara


Cume epidérmico
Papila dérmica
Derme
Receptores sensoriais
Músculo eretor do pelo
Glândula sebácea
Ducto da glândula sudorípara
Folículo piloso/Folículo capilar
Hipoderme
Glândula sudorípara

Nervo
Veia
Artéria

Figura 4 - Corte da pele

A Hipoderme ou tecido celular subcutâneo (ou tela subcutânea) não faz parte da pele, ele serve
para unir a pele aos órgãos adjacentes. É constituído de tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo,
formando o panículo adiposo. A sua vascularização fornece os nutrientes e as trocas gasosas às ca-
madas da pele. O tecido adiposo, responsável pelas famosas gorduras localizadas, possuem funções
importantes, como curvas ao nosso corpo, reserva energética, proteção contra choques mecânicos e
como isolante térmico (HALAL, 2016; JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018).
Os pelos e os cabelos possuem estruturas filiformes e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma
invaginação da epiderme, nos folículos pilosos (Figura 5), estes, por sua vez, são produzidos nos primeiros
meses de vida intrauterina. São observados em quase toda a superfície corporal, exceto em algumas regiões
bem delimitadas. A cor, o tamanho e a disposição deles variam de acordo com a cor da pele e região corporal.
Existem dois tipos de pelos: o vellus (ou lanugo), pilosidade fina e clara e o pelo terminal, que corresponde
ao pelo espesso e pigmentado (cabelos, barba, pilosidade pubiana e axilar). Eles crescem, descontinuamente,
intercalando fases de repouso com o de crescimento (JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018).,

17
UNICESUMAR

A unidade folicular é caracterizada por um feixe de folículos pilosos, em uma área de forma hexa-
gonal, envolvido por fibras de colágeno, presente na derme superior ou ao nível da entrada do ducto
da glândula sebácea dentro do folículo piloso. Cada unidade folicular contém vários pelos do tipo
terminal e poucos pelos do tipo vellus (PEREIRA et al., 2016). Tanto os pelos quanto os cabelos podem
ser divididos em duas partes (Figura 5) (FRANGIE et al., 2016; RIVITTI, 2018):

• Raiz (parte interna): é a


parte intradérmica e por Haste do cabelo/
Eixo do cabelo
onde emerge o eixo do
pelo ou do cabelo. Sendo
constituída principalmen-
Epiderme
te pelo folículo piloso, pelo
bulbo capilar, pela papila Raiz do cabelo
dérmica; pelo músculo Glândula sebácea
Músculo eretor do pelo
eretor do pelo e pelas glân-
Derme Glândula sudorípara
dulas sebáceas.
Matiz
• Haste ou eixo do cabelo Folículo piloso/Folículo capilar
(parte externa): é a par- Papila capilar
Nervo
te visível do fio, a que se Artéria
projeta para o exterior da Hipoderme Veia
epiderme, é nesta região Tecido adiposo
onde podem ser alteradas
a cor e a forma do cabelo.
Figura 5 - Estrutura do cabelo/pelo
É produzida pela matriz e
é constituída pela medula,
pelo córtex e pela cutícula.

O folículo piloso é uma depressão em forma de túbulo, na pele ou no couro cabeludo, que contém
a raiz do cabelo, são distribuídos por todo o corpo, exceto nas palmas das mãos e nas plantas dos pés
(FRANGIE et al., 2016). Toda a descrição morfológica do folículo piloso é baseada no pelo terminal
em sua fase anágena (período de crescimento dos fios), o qual apresenta toda sua estrutura básica
(PEREIRA et al., 2016). Ele tem, anatomicamente, dois segmentos: o superior ou permanente e o
inferior ou transitório.

Você sabe quantos folículos capilares existem no couro cabeludo? Apesar de ter uma variação
entre as pessoas, de acordo com Halal (2016), existem cerca de 100 mil folículos capilares no couro
cabeludo e, em condições normais, podem cair, aproximadamente, 100 fios de cabelos por dia.

18
UNIDADE 1

Na região superior do folículo piloso, a glândula sebácea se anexa a ele, estende-se desde a inserção
do músculo eretor de pelo (ou músculo piloeretor), na bainha radicular externa, até a superfície da
pele (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). Na região inferior, encontra-se anexo o músculo eretor
de pelo cuja contração puxa o pelo para uma posição mais vertical, tornando-o eriçado; compreende a
região entre a inserção do músculo eretor do pelo até a base do bulbo (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI,
2018). Em algumas regiões corpóreas, está anexado o ducto excretor de uma glândula apócrina, que
desemboca no folículo acima da glândula sebácea (RIVITTI, 2018).
O folículo piloso (Figura 6) compreende as seguintes estruturas: no segmento superior, encontra o
infundíbulo, situado entre o óstio folicular, que é à saída do infundíbulo na superfície da pele, e ponto de
inserção da glândula sebácea; o istmo, compreende a região da inserção do músculo eretor de pelo até a
desembocadura da glândula sebácea dentro do folículo; o acrotríquio é a porção intraepidérmica do folículo;
e o segmento inferior, situado abaixo do músculo eretor do pelo (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018).

Glândula Haste do cabelo/


sebácea Eixo do cabelo
Cabelo
Superfície da pele Nervo
Epiderme

Músculo eretor
do pelo Medula
Glândula Córtex
sudorípara Cutícula
Folículo piloso/
Derme

Folículo capilar
Bulbo do folículo piloso

Papila dérmica Bainha radicular


Veia dérmica
Tecido adiposo
(Hipoderme)

Artéria External epithelial root sheath:

Internal epithelial root sheath:


Matriz
(zona de crescimento)

Melanócito
Papila capilar
Estrato basal

Suprimento
A queratina é o principal Membrana
material estrutural que sanguine
compõe os cabelos, basal
unhas e pele.
Bulbo do folículo piloso

Figura 6 - Estrutura anatômica do pelo/cabelo

O músculo eretor do pelo é um pequeno músculo liso, que está representado nas Figuras 5 e 6, que se
estende da bainha radicular externa até a derme papilar. Ao se contrair, ele deixa o pelo perpendicular em
relação à pele, caracterizando o arrepio (PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018). Este músculo tem a finalidade
de manter a temperatura corporal quando estamos em ambientes com baixas temperaturas e também está
relacionado à função sensitiva (FRANGIE et al., 2016; PEREIRA et al., 2016; RIVITTI, 2018).

19
UNICESUMAR

O bulbo piloso ou bulbo capilar (Figura 6) assim, quando você altera, permanentemente, a cor ou
situa-se no segmento inferior do folículo, é a estru- a forma do seu cabelo, é nesta região que os produtos
tura mais espessa e em forma de bastonete. Nesta atuam. A estrutura proteica do córtex é responsável
estrutura, contém a matriz do fio, onde os pelos e os pelas propriedades físicas do cabelo (HALAL, 2016).
cabelos crescem, também é o local em que se intro- As colorações permanentes agem, basicamente, da
duz a papila dérmica (Figura 6). Esta, por sua vez, é seguinte forma: ocorre o clareamento dos pigmentos
uma pequena elevação em forma de cone localizada naturais do cabelo e, ao mesmo tempo, deposita os
na base do folículo piloso, que se molda ao bulbo pigmentos que deseja (HALAL, 2016). Você acha que
piloso, é ricamente vascularizada e inervada, tendo as tintas temporárias também atuam no córtex? A
como principal função fornecer nutrientes necessá- resposta é não, este tipo de tinta atua em outra estru-
rios para o crescimento dos fios. Se você puxar o fio tura do cabelo, na cutícula, que, na maioria das vezes,
de cabelo desde a raiz conseguirá ver o bulbo piloso. é transparente.
E os melanócitos ativos encontram-se na matriz do A cutícula, por sua vez, é formada por células so-
fio (FRANGIE et al., 2016; RIVITTI, 2018). brepostas transparentes que revestem o córtex. Con-
A parte externa do pelo ou do cabelo, a haste, é tém uma camada externa, a epicutícula a qual recobre
constituída pela medula, pelo córtex e pela cutícula as células cuticulares e duas camadas mais internas, a
(Figura 6). É a parte que vemos e que, frequentemen- exocutícula, que se situa logo abaixo da epicutícula e é
te, a alteramos com cortes, cores e formas. É desta extremamente resistente, e a endocutícula, a qual não é
região do cabelo que a sua cliente reclamou e que, queratinizada e é hidrofílica (HALAL, 2016). Em geral,
provavelmente, está prejudicada. a cutícula é rígida e queratinizada, tem a função de
A Medula é a parte mais interna do fio, mas nem proteger o córtex e a medula e também é responsável
sempre está presente no cabelo. Quando presente, ela por proporcionar brilho, maciez e toque sedoso do ca-
é variável, possuindo diferenças morfológicas signi- belo saudável (FRANGIE et al., 2016; HALAL, 2016).
ficativas, podendo ser classificada como grossa, fina, A aparência externa saudável é regular, de textura lisa
fragmentada ou ausente. Possui entre duas e cinco e coesa. A sua deterioração pode ser causada por ação
fileiras de células dispostas lado a lado cujas frequên- mecânica, associada à ação de produtos cosméticos e
cia e dimensões podem variar, ainda, na cabeleira do intemperismo (HALAL, 2016). Se a cutícula é uma
de um mesmo indivíduo (HALAL, 2016). Estudos barreira impenetrável a qual protege o córtex, inclusive
recentes apontam que ela atua nas propriedades me- da ação de produtos químicos, como são possíveis os
cânicas e da cor do cabelo (HALAL, 2016). Mas, de procedimentos de coloração e alisamentos ou per-
acordo com o autor, para a cosmetologia, a medula é manentes? Para que isto ocorra, é necessário um pH
um espaço vazio e não envolve os serviços de salão. alto associado ao calor, com isto, a cutícula dilata-se,
O Córtex compõe, predominantemente, a massa abrindo os poros cuticulares, e os produtos conseguem
capilar, cerca de 90% do peso total do cabelo, con- penetrar e chegar ao córtex (HALAL, 2016).
fere a ele resistência, flexibilidade, elasticidade e cor Nos cabelos saudáveis, as três camadas (medu-
(HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016). É constituído la, córtex e cutícula) “se apresentam completamen-
de células queratinizadas, de forma retangular, que te seladas devido suas proteínas, onde há ceramida
se conectam, hermeticamente. O córtex possui dois e gordura que são produzidas naturalmente pelos
tipos de células denominadas paracórtex (rico em fios, compondo assim o cimento intercelular, quando
enxofre) e ortocórtex (pobre em enxofre). A cor ocorre a deficiência de algum desses componentes,
natural do cabelo existe em função do pigmento que as escamas começam a se abrir deixando o fio frágil”
está presente nesta região (HALAL, 2016). Sendo (AUDI, 2017, p. 6).
20
UNIDADE 1

Você percebeu que estas informações podem ajudá-lo(a) a explicar o Estudo de Caso? Aqui,
você começa a entender as características de um cabelo saudável, em que os produtos atuam
nas possíveis causas dos problemas capilares.

Você já refletiu sobre por que os cabelos possuem formas diferentes uns dos outros (lisos, ondulados,
enrolados, encaracolados, crespos)? As diferenças nos formatos de cabelos estão relacionadas à origem
genética do indivíduo. E isto pode ser caracterizado pelos três grandes grupos raciais, que consideram
a formação primária dos continentes em blocos, provavelmente, na época cenozóica, durante o período
quaternário (HALAL, 2016). As três grandes classes raciais são a mongolóide, a caucasóide e a negróide,
suas principais características estão representadas na Figura 7 (BRAGA, 2014; HALAL, 2016).

Mongolóide
• Inclui os descendentes de esquimós, dos povos do Extremo
Oriente e dos índios americanos;
• Cabelos lisos, denominado lisótrico, grossos e resistentes;
• Possui onze camadas cuticulares;
• São cabelos difíceis de colorir e de fazer permanente;
• Quando cortados curtos, ficarão perpendiculares ao couro
cabeludo.

Caucasóide
• Inclui os descendentes de europeus;
• Cabelos ondulados, denominado cinótrico, e resistentes;
• Possui de oito a dez camadas cuticulares;
• Respondem positivamente aos tratamentos desde os mais
simples aos mais complexos, ou seja, são os mais fáceis de
trabalhar.

Negróide
• Inclui os descendentes de africanos e miscigenados;
• Cabelos encrespados, denominado ulótrico, finos e frágeis,
tendem a serem mais ressecados, necessitando de cuidados
especiais;
• Possui seis camadas cuticulares;
• São os cabelos mais frágeis para alisar e descolorir;
• Seus filamentos de microfibrilas, na formação do seu córtex,
possuem poucas ligações dissulfetos, acarretando pouca
resistência;
• Possui algumas variações: cacheados, encaracolados e frisados.

Figura 7 - Características gerais sobre os cabelos dos três grandes grupos raciais
Fonte: a autora.

21
UNICESUMAR

Lembrando que esta classificação é baseada na formação primária dos continentes, em blocos, que se-
parou a raça humana da época. Atualmente, temos uma alta miscigenação, podendo encontrar pessoas
descendentes de japoneses com característica caucasóide ou negróide, entre outras variações. Sua cliente
tem características de cabelo caucasóide, sendo assim, possui as características citadas anteriormente.

Lembre-se: os pelos e os cabelos são órgãos anexos da pele, possuem estruturas filiformes e
queratinizadas que se desenvolvem a partir dos folículos pilosos. Existem dois tipos de pelos:
o vellus (ou lanugo) e o pelo terminal. Eles crescem, descontinuamente, intercalando fases de
repouso com fase de crescimento e podem ser divididos, anatomicamente, em:
• Raiz (parte interna): constituída pelo folículo piloso; bulbo capilar; papila dérmica; mús-
culo eretor do pelo e glândulas sebáceas.
• Haste ou eixo do cabelo (parte externa): constituída pela medula, córtex e cutícula.
Os fios possuem um ciclo biológico, constituído por três fases (anágena, catágena e telógena)
e em, determinado momento, fatores intrínsecos (como hereditariedade) e extrínsecos, que
determinam o seu envelhecimento.

Como vimos, o folículo pi- Glândula sebácea

loso possui pelos, camadas


Célula basal
proteicas e anexos, tais como Sebo
as glândulas exócrinas (su- Sebócitos

doríparas e sebáceas). Todo o


folículo piloso é acompanha-
do por uma glândula sebácea
(BRAGA, 2014). Então, que
tal conhecer a relação das
glândulas exócrinas (su-
dorípara e sebácea) com o
Folículo piloso e
pelo e o couro cabeludo? glândula sebácea
Iniciaremos pela glândula
Figura 8 - Glândula sebácea
sebácea (Figura 8).

As glândulas sebáceas situam-se na derme e seus ductos desembocam na porção terminal dos folículos
pilosos, são glândulas exócrinas e holócrinas (Figura 8). Isto quer dizer que suas células que sintetizam
a secreção morrem e fazem parte do produto por elas sintetizado, que, posteriormente, é expelido,
secreção. Neste caso, sua secreção é conhecida como sebo ou óleo, a qual fornece a oleosidade natural
do cabelo. Seu tamanho é, inversamente, proporcional ao tamanho do pelo e está distribuído pelo
corpo todo, exceto na palma das mãos, na planta dos pés e no lábio inferior da boca (BRAGA, 2014).

22
UNIDADE 1

O sebo é controlado por hormônios, principalmente a testosterona, equilíbrio emocional, clima


e alimentação gordurosa (BRAGA, 2014; OLIVEIRA et al., 2008). Ele lubrifica a pele, participa da
elaboração do filme hidrolipídico de superfície e mantém a flexibilidade do estrato córneo. Além dis-
so, o sebo possui propriedades antibacterianas, antifúngicas e veicula os feromônios, que dão a cada
indivíduo um odor característico (BRAGA, 2014).
Já as glândulas sudoríparas podem ser classificadas em écrinas e apócrinas e estão localizadas
em quase toda a extensão da pele, sendo mais concentradas nas axilas, no conduto auditivo, nas pálpe-
bras, nas aréolas dos seios, na região perianal, no púbis, nos pequenos lábios e no prepúcio. Elas nem
sempre estão anexadas a um pelo, sua secreção ajuda a equilibrar o pH do couro cabeludo e do cabelo
e é despejada no funil folicular, localizado acima do canal excretor da glândula sebácea, possui canal
excretor curto e retilíneo e se situa, mais profundamente, na derme (BRAGA, 2014). Estas glândulas
estão representadas nas Figuras 4, 5 e 6. O problema de cabelo sem brilho, como relatado no estudo de
caso, pode estar relacionado com alguma disfunção destas glândulas, em especial, da glândula sebácea,
que proporciona a oleosidade e o brilho natural dos fios.
Você já parou para pensar como ocorre o mecanismo de reposição capilar? Este mecanismo foi
descrito pela primeira vez, em 1891, pelo Adeodato Garcia e ficou conhecido como ciclo biológico
do pelo (anágena, catágena e telógena), que está representado na Figura 9 e é composto por três
fases, as quais são (HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016):
• Fase anágena: consiste no período de crescimento do fio, ou seja, o cabelo encontra-se em
uma ativa produção de novas células no folículo piloso. É o período em que a matriz se mantém
em atividade mitótica, produzindo o cabelo e a bainha radicular interna. A duração desta fase
varia de três a cinco anos. Após o tempo máximo de crescimento do cabelo, a matriz para de se
proliferar, indicando o término desta fase e iniciando a fase catágena.
• Fase catágena: esta fase consiste no período de transição, sinalizando o final da fase anágena.
Nela, percebemos o encolhimento do fio de cabelo em cerca de um terço de seu comprimento,
colocando a papila dérmica bem abaixo e sua parte inferior, abaixo da glândula sebácea. Tam-
bém ocorre o desaparecimento do bulbo capilar e a terminação da raiz fica com aparência de
um bastão arredondado. As células param de produzir melanina, e a raiz fica com a aparência
esbranquiçada. Nesta fase, também ocorre a preparação para um novo ciclo biológico do pelo,
sendo produzidas as células germinativas. Esta fase dura de duas a três semanas, até que a região
proximal da haste fique totalmente ceratinizada, assumindo a forma ovalada, denominada de
clava, tendo em seu interior grânulos de melanina, entrando na fase telógena.
• Fase telógena: também conhecida como fase de repouso, pois o folículo permanecerá em repou-
so por um período de três a quatro meses. Esta fase consiste no período de queda do fio. Aqui,
a bainha radicular interna desapareceu totalmente, e na externa resta apenas um saco epitelial
que envolve a clava, o cabelo é eliminado após dois a quatro meses. O fio pode se ancorar nas
paredes foliculares e, desta forma, se mantém na região até que um novo fio o empurre ou por
meio de ação mecânica direta, como de pentear os cabelos. A desmogleína 3 pode estar envolvida
na fixação do pelo telógeno ao segmento superior do folículo piloso. O pelo é eliminado com a
clava limpa, ou seja, sem o saco epitelial. Esta fase não é inativa e apresenta uma atividade me-
tabólica intensa, controlando a fase de expulsão do fio telógeno, que é a teloptose ou exógeno.

23
UNICESUMAR

Anágena Catágena Telógena Anágena precoce

Músculo eretor
do pelo
Haste do cabelo/
Eixo do cabelo
Glândula sebácea

Papila dérmica Matriz do cabelo

Coluna epitelial

Figura 9 - Ciclo biológico do pelo/cabelo

Em um primeiro momento, na clava do pelo telógeno são


produzidas substâncias que inibem a formação de um novo
anágeno, e, quando a clava é eliminada, essas substâncias de-
REALIDADE saparecem e um novo pelo anágeno começa a ser formado
AUMENTADA (PEREIRA et al., 2016). Somente no final da fase telógena as
células-tronco começam a se proliferar, e o novo pelo telógeno
é projetado (PEREIRA et al., 2016).
O ciclo se repete a cada quatro ou cinco anos de forma
ininterrupta, sendo que o tempo de vida médio de um fio
de cabelo é de quatro anos. Nos seres humanos, cada pelo
está em uma fase independente dos demais, isto é conhecido
como “crescimento em mosaico”, desta forma nosso couro
cabeludo e nossa pele não fica desnuda, exceto quando ocor-
rem as alopecias (PEREIRA et al., 2016). Se o ciclo de vida
de todos os fios fosse ao mesmo tempo, teríamos épocas em
que ficaríamos sem cabelos ou pelos. Imagine como seria se
não tivéssemos pelos ou cabelos algum no corpo. Para mim
Ciclo Biológico do Pelo/Cabelo
seria muito estranho.

24
UNIDADE 1

Quando se analisa o couro cabeludo,


verifica-se que 85% dos fios se encontram
na fase anágena, 1% na fase catágena e 14%
na fase telógena. Admitindo-se uma média
de 100 mil fios de cabelos no couro cabe-
ludo, uma queda de até 100 fios diários é
considerada normal. O crescimento dos
pelos ocorrem sob influência de vários
fatores, tais como (OLIVEIRA et al., 2008):
• Genético: confere a distribuição, a
quantidade, a cor, a espessura dos
pelos, o aumento e a queda capilar.
• Hormonal: vários hormônios são
envolvidos, entre eles há os tireoi-
dianos que estimulam a atividade
folicular e os hormônios sexuais
que influenciam o crescimento
dos pelos.
• Ambiental: altas temperaturas es-
timulam o crescimento dos fios;
no verão, os cabelos tendem a cres-
cer mais rápido do que nos demais
períodos do ano (locais onde pos-
sui as estações do ano definidas).
• Metabólicos: carência de alguns
nutrientes, como ferro, vitaminas,
proteínas e minerais, e uma dieta
hipercalórica podem promover
aumento na queda dos cabelos.
• Emocionais: alterações emocio-
nais (ansiedade, depressão, estres-
se) podem levar à queda de cabelos
e, até mesmo, à alopecia areata.

25
UNICESUMAR

O pH do cabelo é uma característica importante dos cabelos, principalmente para você, futuro pro-
fissional de estética capilar. Para compreender esta característica, antes recordaremos a escala do pH
(Figura 10) à qual se refere o potencial hidrogeniônico de um meio, ou seja, ela indica as concentrações
de íons de hidrogênio (prótons, H+) e de íons hidróxido (OH-). Ela é logarítmica e representa a con-
centração de H+, indica a acidez ou a alcalinidade em uma solução aquosa. Esta escala mede a acidez
(H+), mas não a alcalinidade (OH-); no entanto subentende que a alcalinidade aumenta, enquanto a
acidez diminui, ela varia de 0 (1 × 10-0) à 14 (1 × 10-14), sendo que pH menor que 7 são considerados
ácidos, acima de 7 alcalinos e 7 neutros (HALAL, 2016; NELSON; COX, 2014). O pH da pele é 5,4 a
5,8, e o pH do cabelo é 4,5 a 5,5, considerado levemente ácido, como pode ser observado na Figura 10
(BRAGA, 2014; HALAL, 2016).

ÁCIDO NEUTRO ALCALINO

Figura 10 - Escala do pH

Qual a importância do pH na estética capilar? Ter o conhecimento sobre o pH do cabelo e da pele


é importante para utilização de soluções e tratamentos. Por exemplo: o que é um xampu neutro? Se
perguntar a qualquer químico, ele responderá que são xampus com pH igual a 7, este se refere ao pH
químico, mas, ao considerarmos o pH fisiológico, haverá uma variação, sendo considerado aqueles
com pH semelhante ao do cabelo (BRAGA, 2014). Ao utilizar produtos capilares com o mesmo pH
do cabelo, a estrutura capilar não é alterada, e tanto a textura quanto o brilho serão normalizados
(BRAGA, 2104; HALAL, 2016).
As soluções ácidas (pH 1,0 – 4,5) contraem e endurecem o cabelo, as cutículas fecham, e a porosi-
dade é reduzida, consequentemente, seu brilho aumenta. Agora, se você quer volume no cabelo, pode
usar produtos com pH 5,5 a 10,0, eles aumentam a porosidade à medida que as cutículas dilatam-se,
porém os cabelos podem ficar com aparência ressecada e opaca. Substâncias muito ácidas ou muito
alcalinas podem dissolver os cabelos (HALAL, 2016).
Você notou que o brilho e a maciez do cabelo podem estar relacionados com o pH? Portanto, uma
possível explicação para o Estudo de Caso pode ser relacionada com este parâmetro. Provavelmente,
o pH capilar da cliente está acima de 5,5 (fisiologicamente, alcalino) e, consequentemente, as cutículas
estão dilatadas, resultando em um cabelo ressecado e opaco. Qual seria o tratamento ideal neste caso?
Qual tipo de produto poderia ser usado para recuperar o pH capilar?
Você percebeu que nosso cabelo gosta de acidez, portanto, produtos ácidos proporcionarão aos
cabelos equilíbrio químico e fisiológico, ou seja, recupera o pH fisiológico dos cabelos. Porém, em al-
guns casos, é necessário o uso de produtos alcalinos para alcançar o efeito estético desejado (BRAGA,
2014), isto será trabalhado um pouco mais nos próximos ciclos.

26
UNIDADE 1

Você que deseja se aprofundar um pouco mais no universo da Trico-


logia, indico a leitura do livro:
Milady® Tricologia e a química cosmética capilar /John Halal (2016).
Este livro explica, de forma minuciosa e com uma linguagem clara,
os principais conceitos sobre os cabelos, os produtos e as técnicas
utilizadas na estética capilar. Também pode ajudar você a resolver o
estudo de caso. Bom estudo!

Agora, convido você a dar um zoom nos fios, mergulhando nas principais características histológi-
cas, químicas e físicas do cabelo, ou seja, nas principais células que os constituem (características
histológicas), nas moléculas químicas do cabelo (como a queratina) e, por fim, nas características físicas
(forma, cor, elasticidade etc.).
Começaremos pela raiz do cabelo. Ela é formada na papila dérmica através das células que a recobre
e de onde emerge o eixo do cabelo (JUNQUEIRA, 2017). Na fase de crescimento, as células da raiz
multiplicam-se e se diferenciam em vários tipos celulares, da seguinte forma: nos pelos grossos e nos
cabelos, as células centrais da raiz produzem células grandes, vacuolizadas e fracamente queratiniza-
das, formando a medula; ao redor da medula, diferenciam-se células mais queratinizadas e dispostas,
compactamente, originando o córtex; as células mais periféricas formam a cutícula, constituída por
células fortemente queratinizadas que envolvem o córtex como escamas; e, por fim, as células epiteliais
mais periféricas, originam-se duas bainhas epiteliais, que envolvem o eixo do cabelo na sua porção
inicial, as quais são (1) a bainha externa contínua com o epitélio da epiderme e (2) a interna que
desaparece na altura da região onde desembocam as glândulas sebáceas no folículo (JUNQUEIRA,
2017). Separando o folículo capilar do tecido conjuntivo que o envolve, encontra-se a membrana
vítrea, que é uma membrana basal muito desenvolvida. O tecido conjuntivo que envolve o folículo
forma a bainha conjuntiva do folículo capilar (JUNQUEIRA, 2017).

Figura 11 - Filamento intermediário da queratina

27
UNICESUMAR

A proteína que constitui o cabelo Medula

é a α-queratina (Figura 11), co- Córtex


mumente conhecida como que- Cutícula sobreposta
ratina. É uma proteína fibrosa, Células com 18-MEA Cutícula
e outros lipídios na
adaptada à função estrutural e superfície
Seção transversal
é encontrada apenas em mamí- da cutícula
feros (NELSON; COX, 2014). Célula cortical
Nos seres humanos, constitui,
praticamente, todo peso seco Proteína da matriz

dos cabelos, pelos, unhas e epi-


Microfibrila
derme (NELSON; COX, 2014).
Elas foram desenvolvidas para
força, isto foi possível, devido a Macrofibrila

seu arranjo molecular, tendo sua


conformação primária do tipo
hélice α voltada para a direita. Figura 12 - Estrutura do cabelo e seus filamentos
Duas cadeias de α-queratina, orientadas em paralelo, enroladas uma sobre a outra, formando uma es-
piral supertorcida, semelhante às fibras trançadas de uma corda, resultando em força (NELSON; COX,
2014). Estas se combinam em estruturas mais complexas, chamadas de protofibrilas, e cerca de quatro
protofibrilas formam os filamentos intermediários, presentes no interior das células do cabelo (Figura
12) (NELSON; COX, 2014).
As proteínas são formadas por aminoácidos, ligados entre si por uma ligação covalente, denomi-
nada ligação peptídica, também conhecida como ligação terminal, e longas cadeias de aminoáci-
dos formam os polipeptídeos, como a α-queratina (NELSON; COX, 2014). A α-queratina é rica nos
aminoácidos hidrofóbicos alanina (Ala), valina (Val), leucina (Leu), isoleucina (Ile), metionina (Met)
e fenilalanina (Phe), os quais conferem a sua característica hidrofóbica (NELSON; COX, 2014).

Você sabia que o cabelo tem uma força extraordinária? Estima-se que o cabelo saudável,
com cerca de cem mil fios, pode levantar mais de 12 mil toneladas, devido à sua estrutura de
subfibras e ligações de dissulfeto.

28
UNIDADE 1

As cadeias polipeptídicas são conectadas por li-


gações peptídicas e ligações laterais. Unidas, elas
formam as fibras e a estrutura capilar, e estas li-
gações conferem ao cabelo em sua conformação Vamos lembrar um pouco da Química
natural, força e elasticidade. As ligações peptídi- básica:
cas são as ligações mais fortes do cabelo e, dificil-
mente, ocorre o seu rompimento, porém, quando • Ligações covalentes: interação en-
isso ocorre, os fios podem se quebrar (HALAL, tre átomos não metálicos, por meio
2016). As ligações laterais unem as cadeias po- de compartilhamento de elétrons.
lipeptídicas, aumentando, assim, sua resistência. Elas são consideradas fortes uma
Na α-queratina, são três: as ligações dissulfeto, as vez que, para romper esta intera-
ligações salinas (ligações iônicas) e as ligações ção, é necessária uma alta energia
de hidrogênio (HALAL, 2016; NELSON; COX, de dissociação de ligação.
2014). Os procedimentos de mudança temporá-
ria e permanente do fio (escovas, relaxamentos • Ligações salinas ou iônicas: é a
e alisamentos) são possíveis por meio de alte- interação de íons com cargas elé-
rações destas ligações, então, entendê-las faz-se tricas opostas.
necessário para o domínio das técnicas capilares
(HALAL, 2016). • Ligações de hidrogênio: ocorre por
As ligações dissulfeto são ligações covalentes, meio de uma atração eletrostática
que estabilizam a estrutura quaternária da α-que- entre o hidrogênio (polo positivo)
ratina. Elas ocorrem entre pares dos resíduos de de uma molécula com oxigênio, ou
Cys (cisteínas), pela união dos átomos de enxofre nitrogênio, ou flúor (polo negativo)
(S), formando a cistina (HALAL, 2016; NELSON; de outra molécula. Esta interação é
COX, 2014). Os produtos químicos de ondula- comumente observada na molécu-
ção permanente, relaxamento e alisamento atuam la de água.
modificando estas ligações.
As ligações salinas ou iônicas são ligações
fracas, que podem ser alteradas pela ação de soluções alcalinas (pH 8 – 14), isto resulta na abertura
da cutícula (HALAL, 2016). As ligações de hidrogênio são ligações mais fracas, comparadas com as
anteriores, podendo ser rompidas apenas com adição de água e retornar à sua conformação natural
quando seco naturalmente. O cabelo, ao absorver água, as ligações de hidrogênio se rompem e, com
isto, as cadeias polipeptídicas se afastam, fazendo que o fio se dilate (HALAL, 2016).
As mudanças temporárias na forma do cabelo, muito utilizadas em penteados e escovas, são rea-
lizadas por causa do rompimento das ligações de hidrogênio, que permite mais flexibilidade ao fio,
o suficiente para ser alinhado com o auxílio de ferramentas (escova ou prancha). Quando a água é
removida (ao secar), as ligações de hidrogênio são novamente formadas. Lembrando que quando o
cabelo é molhado novamente, a forma natural retorna (HALAL, 2016). É muito comum vermos as
mulheres correrem da chuva para não estragar a “chapinha”, aqui está a explicação.

29
UNICESUMAR

O Quadro 1 mostra as ligações do cabelo e suas características de forma resumida:

Quadro 1- Cabelo e suas características


O cabelo é composto, aproxi-
LIGAÇÃO FORÇA ROMPIDA POR RECUPERADA POR madamente, de 90% de proteína
(α-queratina) e o restante por
Hidrogênio Média Água Secagem água e lipídios. Como sabemos,
todos constituintes do cabelo
Salina Fraca Alterações no pH Normalizando o pH são formados por elementos
químicos que são o carbono
Permanentes e Oxidação com (C), oxigênio (O), hidrogênio
relaxantes de neutralizador; con-
Dissulfeto Forte tióis; relaxantes vertido em ligações (H), nitrogênio (N) e enxofre
hidróxidos; calor de lantionina (é um (S), comumente conhecidos
extremo aminoácido)
como elementos COHNS. O
Depiladores Não recupera, o Quadro 2 demonstra o percen-
Peptídica Forte
químicos cabelo se dissolve tual médio de cada elemento
Fonte: adaptado de Frangie et al. (2016). presente nos cabelos.

Você já percebeu que, em dias muito úmidos, as escovas ou os alisamentos temporários


não têm um bom resultado? Isso acontece uma vez que o cabelo absorve a água presente
na atmosfera, as ligações de hidrogênio são rompidas, e o cabelo retorna sua conformação
natural, não permanecendo na forma desejada.

Quadro 2 - Percentual médio de cada elemento presente nos cabelos


As propriedades físicas do ca-
Elemento químico Percentual belo são: espessura, elasticidade,
permeabilidade, densidade, cor
Carbono (C) 51% e forma ou padrão de onda, ca-
racterísticas que você consegue
Oxigênio (O) 21% perceber facilmente. A espessu-
ra refere-se ao diâmetro do ca-
Hidrogênio (H) 6%
belo, podendo ser classificado
como fino, médio ou grosso.
Nitrogênio(N) 17%
Como é uma propriedade im-
portante, será abordada em tó-
Enxofre(S) 5%
pico específico ainda neste ciclo
Fonte: Halal (2016, p. 96). (FRANGIE et al., 2016).

30
UNIDADE 1

A elasticidade diz o quanto o cabelo pode ser estirado e con- denominado hidrofóbico.
traído, naturalmente, sem se quebrar, como um elástico. Esta Já cabelos porosos têm uma
propriedade do cabelo é uma indicação de força das ligações cutícula levantada que absor-
laterais que prendem as fibras individuais do cabelo no lugar ve facilmente a umidade (alta
(FRANGIE et al., 2016). Um cabelo normal, quando molhado, se permeabilidade), denomina-
esticará até 50% do seu comprimento original, retornando a este dos hidrofílicos (FRANGIE
comprimento sem se quebrar e, quando seco, pode se estender et al., 2016). Para realização
cerca de 20% de seu comprimento. O cabelo com pouca elastici- de procedimentos em cabelos
dade é frágil e quebra facilmente. Quando o cabelo está assim, os com baixa permeabilidade, é
serviços químicos requerem soluções mais suaves, com pH mais necessário usar soluções al-
baixo para minimizar os danos e evitar novos traumas (FRAN- calinas que ajudam a levan-
GIE et al., 2016). Outra possível explicação para a fragilidade do tar a cutícula e aumentar a
cabelo da cliente do estudo do caso é a pouca elasticidade capilar. porosidade capilar, já os ca-
Você consegue verificar a elasticidade dos cabelos fazendo o belos com permeabilidade
seguinte procedimento: deve pegar quatro mechas pequenas de média são considerados nor-
cabelos molhados de áreas diferentes da cabeça (linha frontal, mais, e os serviços químicos
têmporas, coroa e nuca), após, segure, firmemente, uma única me- ocorrem como o esperado de
cha e tente quebrá-la. Se o cabelo quebrar facilmente, ou demorar acordo com a espessura, já os
em retornar ao seu comprimento original, este tem elasticidade cabelos com alta permeabili-
baixa, já se ele retornar ao seu comprimento sem se quebrar, tem dade são frágeis, danificados
elasticidade normal (FRANGIE et al., 2016). e quebradiços, necessitam de
A permeabilidade (ou porosidade) refere-se à capacidade de produtos com pH mais baixo,
o cabelo absorver umidade (Figura 13). O grau da porosidade que ajudam a prevenir o super
está relacionado à condição da cutícula. Um cabelo saudável processamento e novos danos
é, naturalmente, resistente à umidade (baixa permeabilidade), (FRANGIE et al., 2016).

Figura 13 - Porosidade ou permeabilidade do cabelo

A explicação do Estudo de Caso relacionado com o pH pode ser complementada com as informações
obtidas aqui uma vez que cabelos com pH alto as cutículas se abrem e, consequentemente, aumenta a
permeabilidade ou a porosidade, o que leva ao rompimento das ligações laterais da queratina, resul-
tando nos cabelos frágeis e quebradiços.

31
UNICESUMAR

A densidade refere-se à quantidade de fios existentes por cm2, ou seja, diz a quantidade de fios
existentes na cabeça. Ela pode ser classificada como baixa, média ou alta (ou fina, média ou grossa/
densa). Geralmente, a densidade do cabelo é de 2.200 fios de cabelo por 2,5 cm2 (FRANGIE et al., 2016).
Existe uma relação interessante entre a densidade e a cor do cabelo, em geral, os ruivos (~140.000 fios
de cabelo na cabeça) e os loiros (~110.000 fios de cabelo na cabeça) possuem uma densidade maior
que as pessoas com cabelos castanhos (~108.000 fios de cabelo na cabeça) e pretos (~80.000 fios de
cabelo na cabeça) (FRANGIE et al., 2016).
O pigmento responsável pela cor natural dos cabelos e dos pelos é a melanina. Mas, se apenas a me-
lanina dá a cor, por que existem cabelos de cores diferentes, como castanhos, pretos, loiros, vermelhos?
Porque a variedade de cor natural é possível, por meio da combinação entre dois tipos de melanina: a
eumelanina e a feomelanina. Também tem a tricosiderina, derivada da feomelanina, sua diferença
é a presença do elemento ferro (Fe) em sua molécula, conferindo a cor vermelha (HALAL, 2016).
A coloração dos cabelos é uma característica genética e resultante da combinação dos pigmentos de
melanina no córtex capilar. A eumelanina é o tipo mais comum de melanina, e a coloração resultante
vai do marrom ao preto; a feomelanina, do loiro ao vermelho; e o branco é a cor real da queratina sem
os pigmentos, ou seja, a única diferença dos cabelos brancos é que eles não têm melanina (HALAL,
2016). A quantidade de grânulos de melanina é importante para a definição da cor do cabelo, que pode
alterar, significativamente, entre os 13 e 20 anos de idade, escurecendo. A quantidade de melanina
também pode facilitar ou dificultar a mudança de cor dos fios. Em geral, quanto maior a densidade
da melanina maior o escurecimento é mais difícil à alteração de cor (HALAL, 2016).
A forma do cabelo ou o padrão de onda é classificado, basicamente, em liso, ondulado, enrolado
ou crespo (Figura 14). Esta é uma característica herdada, geneticamente. Como vimos anteriormente,
existem três grandes raças (mongoloides, caucasianos e negroides), porém há uma variação entre
elas, devido, principalmente à miscigenação. Mas, vias de regra, os mongoloides tendem a ter cabelos
extremamente lisos, os caucasianos tendem a ter cabelos ondulados e os negroides tendem a ter os
cabelos encaracolados ou crespos (FRANGIE et al., 2016).

Figura 14 - Tipos de cabelo

32
UNIDADE 1

A ondulação pode ter padrão variado de ponta a de pelo. São encontrados nas pálpebras, testa, es-
ponta do fio de cabelo de uma mesma pessoa, ou calpo calvo, corpo das crianças e dos bebês. Nos
ter quantidade de ondas diferentes em diferentes bebês recém-nascidos, este pelo recebe o nome
áreas da cabeça (FRANGIE et al., 2016). O forma- de lanugo, sendo classificado por alguns autores
to da secção transversal do fio determina o grau como um terceiro tipo de pelo. Após a puberdade,
da ondulação (Figura 15): fio com secção trans- os pelos vellus de algumas regiões do corpo são
versal redonda é liso; fio com secção transversal substituídos por pelos terminais (HALAL, 2016;
ovalada ou achatada é ondulado ou enrolado; e PEREIRA et al., 2016).
um fio com secção transversal achatada ou elíp- O pelo terminal é grosso e pigmentado (ex-
tica é crespo (FRANGIE et al., 2016). ceto os grisalhos), normalmente, possui medula
Estrutura e disposição do folículo piloso e músculo eretor de pelo. Os pelos curtos, como
os encontrados nas sobrancelhas e cílios, são os
Cabelo liso Cabelo ondulado Cabelo encaracolado
pelos terminais primários, que, após a puberda-
de, em algumas regiões do corpo, são substituídos
por pelos terminais secundários. Estes são en-
contrados no couro cabeludo, barba, peito, costas,
pernas e região pubiana (HALAL, 2016). Na calví-
cie masculina, os folículos param de produzir os
pelos terminais secundários e passam a produzir
o tipo vellus novamente (HALAL, 2016).
Alguns pelos terminais possuem denomina-
Seção transversal do cabelo ções especiais, mencionados no início deste ciclo,
mas os retomarei, pois você poderá se deparar
com essas denominações durante o exercício da
sua profissão, as quais são:
• Cabelos: pelos da cabeça.
Figura 15 - Estrutura e arranjo do folículo capilar e corte
da seção transversal do cabelo • Hircos: pelos das axilas.
• Vibrissas: pelos das narinas.
Nos humanos, existem dois tipos de pelo: o • Púbios: pelos da região pubiana.
vellus/lanugo, que é uma pilosidade fina e clara • Trágios: pelos da orelha (meato acústico
(pouco desenvolvida) e o pelo terminal, que cor- externo).
responde ao pelo espesso e pigmentado (cabelos, • Barba: pelos da face.
barba, pilosidade pubiana e axilar) (HALAL, 2016; • Bigode: pelos do lábio superior.
JUNQUEIRA, 2017; PEREIRA et al., 2016; RI- • Cílios: pelos das bordas livres das pálpe-
VITTI, 2018). Um mesmo folículo piloso é capaz bras.
de produzir os dois tipos de pelos. Estes dois tipos • Sobrancelhas: pelos dos supercílios.
de pelos são muito semelhantes, sendo a diferença
básica o tamanho (PEREIRA et al., 2016). Os pelos podem ser classificados de acordo com
Os pelos de tipo vellus são curtos, geralmente, seu diâmetro, os do tipo vellus são os fios com
tem dois cm de comprimento, finos e sedosos, diâmetro menor ou igual a 0,03 mm, os interme-
não possuem medula, melanina e músculo eretor diários são pelos com diâmetros que variam de

33
UNICESUMAR

0,03 a 0,06 mm, e os terminais são pelos com diâmetro igual ou maior a 0,06 mm (PEREIRA et al.,
2016), porém esta classificação não é amplamente aceita e pode ser arbitrária.
A espessura do cabelo é o diâmetro do cabelo individual, podendo ser classificada em fina, média
ou grossa e pode variar de fio para fio na cabeça do mesmo indivíduo (FRANGIE et al., 2016; HALAL,
2016). A espessura do cabelo é uma das propriedades controlada, geneticamente, assim, varia de acordo
com a origem racial do indivíduo. Em geral, o cabelo fino é frágil e mais suscetível aos danos causados
no salão, por este motivo, processa os efeitos dos produtos químicos, rapidamente. Já os cabelos gros-
sos são mais fortes e resistentes aos procedimentos em geral (HALAL, 2016). Os cabelos médios são
a espessura mais comum e é o padrão de comparação para os demais cabelos, estes não apresentam
problemas ou precauções especiais (FRANGIE et al., 2016).
Como todas as células vivas, os pelos também envelhecem, e este envelhecimento é gradual e po-
tencializado por fatores extrínsecos, tais como exposição excessiva ao sol, alimentação inadequada, uso
de álcool, tabaco e poluição do ar (Figura 16), e também fatores intrínsecos ou hereditários, como o
envelhecimento cronológico (AUDI et al., 2017). Então, que tal conversarmos um sobre as alterações
fisiológicas do envelhecimento do pelo?

Fatores
ambientais

Cabelos danificados Cabelos normais


Figura 16 - Fatores ambientais causam danos aos cabelos

Quando se inicia o envelhecimento dos fios, observa-se a perda da densidade capilar, da sua espessura
e da sua cor natural, resultando nos “cabelos brancos” (Figura 17). Além disso, também há a diminuição
e o encurtamento dos fios na cabeça, este ocorre na fase de crescimento dos fios, e, com o passar dos
tempos, os folículos terminais secundários transformam-se e voltam a produzir os pelos do tipo vellus
(AUDI et al., 2017; HALAL, 2016).
Estudos demonstram que a rarefação (redução no crescimento capilar) ocorre, normalmente, em
ambos os sexos, a partir dos 70 anos de idade. Podem ocorrer algumas tricoses (doenças capilares)
que intensificam a queda capilar, tais como a alopecia androgenética; alopecia areata; eflúvio telógeno;
líquen plano pila; alopecias cicatriciais, entre outros (AUDI et al., 2017; HALAL, 2016).

34
UNIDADE 1

Cabelo Cabelo
pigmentado grisalho

Pele mais lisa


Rugas
profundas

Jovem Velho
Figura 17 - Envelhecimento dos cabelos e da pele

Pelos motivos mencionados nesta unidade, comumente, as pessoas


buscam ajuda de um especialista para saberem se a quantidade
de queda dos cabelos está normal, se os cabelos estão realmente
saudáveis ou, ainda, quais são os tratamentos recomendados para
seu tipo de cabelo. Sendo assim, é importante você, como futuro
profissional da área, conhecer e saber como são as características
de um cabelo e couro cabeludo saudável e como tratá-los. A partir
disso, você conseguirá avaliar e indicar o melhor tratamento ou
cuidados diários a seus clientes.
Bom, acredito que você tenha percebido o quanto é importan-
te conhecer as características dos pelos e do cabelo, como eles se
desenvolvem e quais possíveis alterações estruturais podem ser
prejudiciais à saúde capilar. Também é possível resolver o estudo
de caso do início, tendo a alteração no pH do cabelo da sua cliente
como uma possível causa do seu problema capilar uma vez que o
aumento do pH capilar leva à abertura da cutícula. Isso aumen-
ta a permeabilidade/porosidade, que pode causar o rompimento
das ligações laterais dos filamentos de queratina, resultando na
fragilidade, na redução do brilho e maciez do cabelo. A alteração
do pH pode ocorrer, devido ao excesso de tratamentos químicos.
Para resolver o problema, inicialmente, deve-se recuperar o pH do
cabelo, indicado por meio de tratamentos. Para ajudar você com a
escolha dos produtos e dos tratamentos adequados, os próximos
ciclos ajudarão. Além disso, a causas do problema do Estudo de Caso
podem ser outras, as quais você terá a oportunidade de conhecer
nos próximos ciclos.

35
Olá, aluno(a)! Estamos chegando ao encerramento deste primeiro ciclo e convido
você a fazer uma verificação crítica dos conhecimentos que você adquiriu, preen-
chendo o Mapa de Empatia a seguir, ao responder às seguintes questões:

O que PENSA E SENTE? O que você pensa sobre a importância dos pelos e cabelos
para o homem? Como você se sente sobre os conhecimentos adquiridos neste ciclo?
Quais são seus sonhos ao estudar a Estética capilar e Tricologia? E quais são suas
preocupações?
O que OUVE? Quais pessoas e ideais te influenciam na Estética Capilar e Trico-
logia? O que você escuta sobre os pelos? O que ouve sobre as propriedades físicas do
cabelo? Quais características do cabelo que você mais escuta as pessoas reclamarem?
O que VÊ? Qual parte do cabelo você vê (haste ou raiz)? Qual(is) forma(s) de
cabelo você vê com maior frequência (liso, ondulado, enrolado ou crespo)?
O que FALA E FAZ? Que você faz para aprender mais sobre os cabelos? O que
você fala sobre o ciclo do cabelo? O que você fala sobre os tipos de pelos? O que você
faz com seus cabelos?
Quais são as DORES? Qual dos conhecimentos, abordados neste ciclo, você teve
MAPA MENTAL

maior dificuldade em compreender? Qual(is) dificuldade(s) precisa superar para


conseguir o que deseja com o curso?
Quais são as NECESSIDADES? O que você acha que precisa fazer para superar
suas dificuldades? O que você deseja alcançar com este curso?

36
37
MAPA MENTAL
1. Os pelos e os cabelos são órgãos anexos da pele (ou cútis) e fazem parte do sistema tegumentar.
Eles são estruturas filiformes e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação
da epiderme, nos folículos pilosos e podem ser divididos, anatomicamente, em duas partes: haste
e raiz (FRANGIE et al., 2016; JUNQUEIRA, 2017; RIVITTI, 2018).
Com base nas informações apresentadas sobre os pelos e os cabelos, avalie as asserções a seguir:
I) A raiz do cabelo é a parte intradérmica do fio e é constituída principalmente pelo folículo piloso;
bulbo capilar; papila dérmica; músculo eretor do pelo e glândulas sebáceas.
II) A haste do cabelo ou eixo do cabelo é a parte externa do fio, é produzida pela matriz e constituída
pela medula, pelo córtex e pela cutícula.
III) O folículo piloso é uma depressão em forma de túbulo na pele ou no couro cabeludo, que contém
a raiz do cabelo, são distribuídos por todo o corpo, exceto nas palmas das mãos e plantas dos pés.
AGORA É COM VOCÊ

IV) A unidade folicular é caracterizada por um feixe de folículos pilosos, e esta contém apenas um
tipo de pelo.

É correto o que se afirma em:


a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. Uma mulher negra, de cabelos crespos, foi até uma clínica de estética capilar com o desejo de
fazer modelagem e finalização dos fios (cachos permanentes). Sabemos que esses cabelos me-
recem uma atenção especial, devido às características dos fios, sendo esses classificados como
finos e frágeis (BRAGA, 2014; HALAL, 2016). Sendo assim, o esteticista capilar necessita conhecer
as características biológicas do cabelo crespo e onde e como os produtos atuam, evitando, assim,
danificar os cabelos de sua cliente.
Levando em consideração as informações apresentadas, qual das afirmações a seguir melhor
condiz com as características naturais do cabelo desta cliente:
a) Os cabelos crespos são considerados frágeis para alisamentos, isto se deve por ter muitas ligações
laterais em seus filamentos de microfibrilas.
b) A medula é a camada mais interna dos fios e, nos cabelos crespos, esta estrutura confere resistência
para descolori-lo uma vez que possui pigmentos de melanina.
c) A cutícula é formada por células sobrepostas transparentes que revestem o córtex e, nos cabelos
crespos, ela é considerada fina, contendo apenas seis camadas de células cuticulares.
d) Os cabelos crespos são frágeis por não conterem a medula uma vez que esta é a estrutura que
compõe, predominantemente, a massa capilar, confere ao cabelo resistência, flexibilidade, elasti-
cidade e cor.
e) A cutícula reveste o córtex e, nos cabelos crespos, ela é considerada grossa, contendo onze ca-
madas de células cuticulares.

38
3. A proteína que constitui o cabelo é a α-queratina, uma proteína fibrosa, adaptada à função es-
trutural e é encontrada apenas em mamíferos. As proteínas são constituídas por aminoácidos
ligados entre si por ligações peptídicas, formando as cadeias polipeptídicas, que são unidas por
ligações laterais (NELSON; COX, 2014). Essas ligações conferem ao cabelo, em sua conformação
natural, força e elasticidade (HALAL, 2016). Quais são as ligações laterais? Diferencie-as.

4. O Córtex compõe, predominantemente, a massa capilar, confere ao cabelo resistência, flexibili-


dade, elasticidade e cor. A cor natural do cabelo existe em função do pigmento que está presente
nesta região, a melanina (HALAL; 2016; PEREIRA et al., 2016).
Sobre a coloração do cabelo, avalie as asserções a seguir:

AGORA É COM VOCÊ


I) A variedade de cor natural é possível através da combinação entre dois tipos de melanina: a
eumelanina e a feomelanina.
II) Os cabelos ruivos são possíveis por causa de um pigmento denominado tricosiderina, este
é derivado da feomelanina e contém o elemento ferro (Fe) em sua molécula, que confere a
cor vermelha aos cabelos.
III) A eumelanina é o tipo mais comum de melanina, e a coloração resultante vai do marrom ao pre-
to; a feomelanina, do loiro ao vermelho; e o branco é a cor real da queratina sem os pigmentos.

É correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e II.

5. O pH refere-se ao potencial hidrogeniônico de um meio, sendo que o pH da pele é 5,4 a 5,8, e


do cabelo é 4,5 a 5,5. Ter o conhecimento sobre o pH do cabelo e da pele é importante para
utilização de soluções e tratamentos. Sendo assim, diga, de forma sucinta, o que acontece com
o cabelo quando se utiliza soluções com os seguintes pH:
a) solução com pH 3
b) solução com pH 8
c) solução com pH 5

39
6. O mecanismo de reposição capilar foi descrito pela primeira vez, em 1891, por Adeodato Garcia, e
ficou conhecido como ciclo biológico do pelo, que é composto por três fases: anágena, catágena
e telógena (HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016). O ciclo se repete a cada quatro ou cinco anos, de
forma ininterrupta, até que se inicie o envelhecimento dos fios, que é gradual e potencializado
por fatores extrínsecos.
Sobre o ciclo biológico do pelo e seu envelhecimento, avalie as seguintes afirmações:
I) A fase anágena consiste no período de crescimento do fio. Esta fase dura de três a cinco anos,
após, inicia-se a fase catágena que consiste em um período de transição, sinalizando o final
da etapa anterior, dura de três a cinco semanas. E, por fim, a fase telógena, que consiste no
período de queda do fio, tem duração de três a quatro meses.
AGORA É COM VOCÊ

II) A fase catágena também é conhecida como fase de repouso, importante para a preparação
da fase telógena e início de um novo ciclo biológico.
III) Durante o envelhecimento, ocorre a diminuição e o encurtamento dos fios na cabeça e, com
o passar dos tempos, os folículos terminais secundários transformam-se e voltam a produzir
os pelos do tipo vellus.
IV) O envelhecimento dos fios ocorre de todos ao mesmo tempo, sendo observada a perda da
densidade capilar, da sua espessura e da sua cor natural, resultando nos cabelos brancos.

É correto o que se afirma em:


a) II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

40
1. Resposta certa é a alternativa d) I, II e III, apenas.

2. Resposta certa é a alternativa c.

3. As ligações laterais presentes nos filamentos de queratina são as seguintes:

Ligação de hidrogênio: é um tipo de ligação fraca, rompida facilmente com água ou calor e recuperadas
com secagem ou resfriamento.

Ligações iônicas/salinas: são um tipo de ligação fraca, rompida por meio de alterações no pH e recuperada
ao normalizar o pH.

Ligações dissulfetos: consideradas fortes, rompidas por produtos químicos que desfazem as pontes dis-

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


sulfeto e são recuperadas por oxidação com neutralizador.

4. Resposta certa é a alternativa e) I, II e III.

5. a. solução com pH 3: contrai e endurece o cabelo, as cutículas fecham, e a porosidade é reduzida, conse-
quentemente, seu brilho aumenta.

b. solução com pH 8: aumenta a porosidade à medida que as cutículas se dilatam, adquirem volume, porém
os cabelos podem ficar com aparência ressecada e opaca.

c. solução com pH 5: a estrutura capilar não é alterada e tanto a textura quanto o brilho são normalizados.

6. Resposta certa é a alternativa b) I e III, apenas.

41
AUDI, C. et al. Desenvolvimento e mecanismo de ação da canície e queda capilar. Revista de Iniciação Cien-
tífica, Tecnológica e Artística: Edição Temática em Saúde e Bem-estar, São Paulo: Centro Universitário
Senac, v. 6, n. 5, p. 2-18, abril de 2017. Disponível em: https://docplayer.com.br/47713622-Desenvolvimento-e-
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AZULAY, R. D. Dermatologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

BRAGA, D. Terapia capilar: manual de instruções/Denise Braga. Brasília: Editora Senac, 2014.

FIGUEIREDO, M. S. N.; ALBUQUERQUE, L. S. D. A Pele Humana e sua evolução no tempo. Id on Line Revista
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FRANGIE, C. M. et al. Milady® Cosmetologia: Ciências gerais, da pele e das unhas. São Paulo: Cengage Lear-
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HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar/John Halal. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

JUNQUEIRA, L. C. Histologia Básica: Texto & Atlas. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

NELSON, D. L; COX, M. C. Princípios de bioquímica de Lehninger/David L. Nelson, Michael M. Cox. 6.


ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

OLIVEIRA, A. L.; SANTOS, B. M.; GUIMARÃES, C. C.; PEREZ, E.; CALVI, E. N. C.; BIGIDO, G. R.; SOUZA,
J. B.; VASCONCELOS, M. G.; ARANTES, P. B.; SILVA, R. C. S.; LOBO, T. P. S. Curso didático de estética. Vol.
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REFERÊNCIAS

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p. 135-151, set. 2007.

PEREIRA, J. M. et al. Tratado de doenças dos cabelos e do couro cabeludo: Tricologia. São Paulo: Di Livros
Editora Ltda., 2016.

RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.

42
2 Anamnese e
Alterações Patológicas
Dra. Franciele Neves Moreno

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM

Olá, aluno(a)! Neste ciclo, você terá a oportunidade de aprender a fazer uma
boa anamnese, avaliando o cliente de acordo com o sexo, a idade e a raça.
Aprenderá que os aspectos emocionais podem estar relacionados com as
características biológicas dos cabelos e com algumas doenças tricológicas.
Também conhecerá algumas das alterações patológicas, estruturais e cro-
máticas dos cabelos, com objetivo de identificar possíveis alterações dos
fios de seus clientes, podendo, inclusive, sugerir tratamentos ou auxiliá-los
nos cuidados diários dos cabelos. Estes conteúdos contribuirão para você
exercer sua profissão com qualidade e segurança. Então, vamos lá!
UNICESUMAR

Pense na seguinte situação: você está com um problema no couro cabeludo e vai a uma clínica especia-
lizada sobre o assunto. O lugar é excelente e, ao entrar, você é bem recebida(o). No entanto ninguém lhe
pergunta nada e, ao consultar com o especialista, ele dá uma breve olhada em você e começa transcrever
o tratamento. Não é desconfortável? Do que sentiu falta nesta situação? A investigação inicial com o
cliente é muito importante para a realização de um diagnóstico preciso, por ela você pode levantar
hipóteses e traçar linhas de investigação clínica que conduzirão ao diagnóstico mais rápido. Além disso,
conhecer as principais tricoses é importante para o trabalho do esteticista capilar.
Como abordar o cliente de forma eficiente para investigar as queixas relacionadas ao cabelo e ao
couro cabeludo? Você sabe detectar quais são as principais tricoses?
Você aprendeu, no ciclo anterior, a importância do cabelo para o indivíduo bem como as caracte-
rísticas normais dos fios e seu desenvolvimento. Sabe-se que a saúde dos cabelos e do couro cabeludo
é essencial para a vida das pessoas. Além disso, existem várias desordens patológicas e alterações dos
fios que interferem na saúde capilar, com que, provavelmente, você se deparará durante o seu trabalho
como esteticista. Você sabe que a queda dos cabelos é a principal queixa nas clínicas de estética capilar
ou nos salões de beleza? Sabe que pode ocorrer sem ser, necessariamente, uma patologia? Uma pessoa
com cerca de 100 a 150 mil folículos pilosos poderá ter uma perda normal de, aproximadamente, 100
a 200 fios de cabelo/dia. Porém, quando ocorre uma queda acima disso, deve ser investigada a causa,
podendo ser diagnosticado como alopecia aguda ou crônica, causada por desordens patológicas ou psi-
cológicas. Muitas vezes, a queda excessiva só é percebida após uma redução de cerca de 40% dos cabelos.
Além das alopecias, as queixas rotineiras podem estar relacionadas a outras tricoses, a alterações na
pigmentação ou na estrutura da haste dos fios e problemas no
couro cabeludo, como caspa seborreia e oleosidade
excessiva. Assim, seu conhecimento sobre
as principais patologias tricológicas
são importantes para sua prá-
tica profissional.

44
UNIDADE 2

Vamos exercitar um pouco como seria seu atendimento ao cliente? Imagine que você atenda Pedro,
um homem branco, de cabelos lisos, de cor natural castanho e com 30 anos de idade. Ele relatou que
está preocupado com a queda do seu cabelo e com o surgimento de algumas falhas no couro cabeludo.
Assim, proponho que você elabore uma ficha para o paciente responder, incluindo: identificação do
paciente; anamnese; história pessoal; cuidados com os cabelos no momento; histórico familiar e de uso
de drogas. Utilizando seu conhecimento geral sobre o assunto, permita-se tentar responder também a
esta pergunta: Qual(is) tipo(s) de doença(s) ou fatores podem resultar na queda capilar? Acredito que,
para você descobrir o que de fato está ocorrendo com este homem, necessitará de mais informações
e análises do cabelo e couro cabeludo. Certo?
Não se preocupe se sua resposta está certa ou errada, ela é apenas um extrato do seu conhecimento
atual e não precisa ser satisfatória. Neste momento, estamos fazendo uma experimentação sobre o tema,
pois este ciclo trará informações necessárias para você responder à questão e elaborar a ficha do paciente.
A queixa relatada na experimentação é muito comum, você como esteticista capilar, provavelmente,
vivenciará. Refletindo sobre o que conversamos, anote no diário de bordo a seguir algumas de suas
percepções sobre as seguintes reflexões:
Quais conhecimentos você gostaria de obter para atender melhor este cliente? Como você acha
que deva ser a investigação acerca das patologias do cabelo e do couro cabeludo? De acordo com sua
vivência, qual(is) doença(s) relacionadas ao cabelo e ao couro cabeludo você já conhece? Para você,
quais devem ser as principais queixas dos clientes, relacionadas ao cabelo e ao couro cabeludo?

DIÁRIO DE BORDO

45
UNICESUMAR

Como você aprendeu no ciclo


anterior, o cabelo apresenta um
importante papel na qualidade
de vida do homem, como uma
estrutura que ajuda na proteção,
na imagem das pessoas e no seu
bem-estar, sendo, muitas vezes,
venerado. Desta forma, é im-
portante conhecer as afecções
tricológicas e saber investigá-
-las, ou seja, como avaliar a
queixa do seu cliente.

Geralmente, as pessoas procuram o esteticista e se queixam de queda de cabelos, ou que


o cabelo não cresce, ou que está oleoso/seco, quebradiço, ou reclamam de descamações,
pruridos, odor desagradável do couro cabeludo, entre outras. Entre tantas afecções, como
fazer uma investigação capilar eficaz?

O que você espera receber quando procura algum serviço/atendimento clínico? Acredito que você
quer um serviço/atendimento de qualidade, com profissionais habilitados e em um lugar adequado,
que preze pela limpeza, pela segurança e pelo conforto. Portanto, além de dominar o conhecimento
específico e ser habilitado, você também precisa dominar as habilidades de cordialidade, comunicação
e ter um lugar adequado para o atendimento uma vez que a primeira impressão é essencial para o
sucesso do seu trabalho e a confiança do seu cliente (HILL; OWENS, 2017).
Para você fazer uma boa avaliação, precisa ter uma boa comunicação e saber escutar (HILL; OWENS,
2017). O cliente sempre tem muitas informações que podem contribuir para o diagnóstico final e,
portanto, é importante saber indaga-lo sobre a queixa, o desejo, por isso, a abordagem de um cliente
com queixa tricológica deve obedecer aos mesmos padrões de anamnese e propedêutica clássicas
(PEREIRA et al., 2016).

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UNIDADE 2

A anamnese (origina-se do grego anamnesis e significa recor-


dar: Ana = para trás; mimnekesthai = recordar) e é, basicamente,
uma entrevista que busca relembrar todos os fatos relacionados ao
cliente, tendo como principal objetivo elaborar um diagnóstico para,
posteriormente, desenvolver o atendimento adequado (BRAGA,
2014; HALAL, 2016). Em tricologia, a queixa campeã é queda de
cabelo, como abordada no Estudo de Caso, a qual pode ter várias
interpretações, tais como (PEREIRA et al., 2016):
• Pode, realmente, ser queda de cabelos, podendo ser eflúvio
ou alopecia.
• Pode ser “quebra dos fios”, aparentando um aumento na que-
da dos cabelos.
• E, em pacientes com transtornos psicológicos com obsessão
por cabelos, a menor queda pode parecer um verdadeiro
transtorno, ou ainda, pacientes com tricotilomania ou com
psicopatia que arrancam/cortam os cabelos de forma des-
controlada.

Também há outras queixas tanto de homens quanto de mulheres,


como as que acreditam estar com uma quantidade menor de cabe-
los, que pode ser afinamento dos fios, ou, ainda, relatarem outras
afecções tricológicas (PEREIRA et al., 2016). Você já teve, ou co-
nheceu alguém com, pelo menos, um tipo de queixa relacionado
ao cabelo ou ao couro cabeludo? Geralmente, as queixas sobre a
saúde dos cabelos e do couro cabeludo são comuns e necessitam
de informações para serem diagnosticadas, corretamente, ou para
fazer o encaminhamento para outro profissional.
Para a investigação, é necessário obter uma grande quantidade
de informações sobre a queixa do seu cliente e, para isto, recomen-
da-se o uso de protocolos ou da ficha de anamnese, semelhante à
do Quadro 1. Nela, você pode anexar fotos, exames, prescrições de
tratamentos/procedimentos químicos, além das datas das próximas
sessões (PEREIRA et al., 2016). Lembre-se de que não é regra usá-lo,
porém auxilia na investigação da queixa, do desejo e auxilia você
na organização mental. Use o protocolo do Quadro 1 como base
para fazer o seu, como sugerido no Estudo de Caso.

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UNICESUMAR

Quadro 1- Protocolo para pacientes com queixas tricológicas


1. IDENTIFICAÇÃO DO CLIENTE
Nome:__________________________________________ D/N:__/__/____ Sexo: ( )F ( )M Nacionalidade:__________
Profissão:_______________
Telefone:____________ WZ:_____________ e-mail:___________________
Quer receber informações via: ( ) e-mail ( ) SMS ( ) Telefone ( )WZ
Quem indicou?______________ Motivo da visita: _____________________

2. ANAMNESE
a) Qual é a sua principal queixa?
Patologia dos fios
( ) Queda dos cabelos
( ) Quebra dos cabelos
( ) Tricorrexe nodoso
( ) Córtex exposto
( ) Ressecamento
( ) Nevo lanoso
( ) Outros: __________________________________________________
Patologia do couro cabeludo
( ) Avermelhado
( ) Vermelho em pontos
( ) Odor
( ) Oleosidade espessa
( ) Oleosidade fina
( ) Coceira
( ) Descamações
( ) Comedões
( ) Pápulas purulentas
( ) Cicatrizes
( ) Outros: ___________________________________________________
b) Faz quanto tempo?
c) A queixa está estável, aumentando ou diminuindo?
d) Já teve outras crises semelhantes?
e) Os cabelos estão caindo com raiz? Em qual momento você nota a queda?
f) Sua queixa tem sido percebida por parentes ou amigos?
g) Houve alguma alteração na pele, unhas, pelos do corpo ou dentes?
h) Houve algum tratamento/procedimento nos cabelos?
i) Você costuma puxar, torcer ou tracionar os cabelos?

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UNIDADE 2

3. HISTÓRIA PESSOAL
a) Quais foram suas últimas doenças, cirurgias ou internações?
b) Você tem alguma doença atual?
c) Perdeu peso ou teve crise emocional nos meses precedentes à queixa?
d) Fez uso de alguma medicação ou outras drogas nos últimos meses? Qual(is)?
e) Tem alergia a algum medicamento? Qual?
f) Se mulher: Qual a data da última gravidez? A gravidez piorou o problema? Teve queda de cabelos
após o último parto? Usa algum anticoncepcional? Tem alguma alteração menstrual?
g) Tem algum problema endócrino?
h) Observou crescimento/aumento na quantidade de pelos do corpo?
i) Como é sua alimentação?
j) Teve contato com algum tipo de radiação?
k) Tem algum caso de tricose na família? Qual(is)? Parentesco?

4. CARACTERÍSTICAS DOS FIOS E CUIDADOS COM OS CABELOS ATUALMENTE


a) Você usa/faz:
( ) Bonés/chapéus/toucas
( ) Elásticos
( ) Piranhas/presilhas
( ) Tiaras/faixas
( ) Megahair/aplique
( ) Prende molhado
( ) Lava à noite
( ) Seca sempre
( ) Outros:___________________________________________________
b) Usa quais cosméticos:
( ) Xampu
( ) Condicionador
( ) Leave-in
( ) Tinturas
( ) Outros:___________________________________________________
c) Características dos fios:
Espessura: ( ) Finos; ( ) Médios; ( ) Grossos
Forma: ( ) Anelado; ( ) Ondulado; ( ) Lisos; ( ) Mistos
Comprimento: ( ) Curto; ( ) Médio; ( ) Longo
Cor natural: ( ) Loiro; ( ) Vermelho; ( ) Castanho; ( ) Preto; ( ) Branco

Avaliador: ___________________________________ Data:___/___/_____

Fonte: adaptado de Braga (2014) e Pereira et al. (2016).

Com esse protocolo você conseguirá extrair muitas informações importantes, como detalhes sobre a
queixa, o sexo, a idade, a raça, as características visuais dos fios, a rotina de cuidados com os cabelos,
enfim, estas informações contribuem para o diagnóstico da queixa e posterior tratamento/procedi-
mento. Lembre-se de que, ao trabalhar com informações pessoais, deve-se manter sigilo sobre elas e
guardá-las de forma segura.
Informações básicas, como idade, podem sinalizar queixas comuns e esperadas ou que podem estar
acontecendo, precocemente. Os hormônios também podem influenciar nas quedas e características

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UNICESUMAR

capilares, principalmente os andrógenos, evidenciando algumas particularidades entre os homens e


mulheres. Além disso, as mulheres passam por eventos que não ocorrem com os homens, como gra-
videz, parto, lactação e ciclo menstrual, situações que podem desencadear alguma tricose, podendo
ser aguda, ou se tornar crônica. Saber as características dos fios, como a espessura e a forma, evidencia
a etnia e as características genéticas bem como os pontos fortes e fracos dos cabelos (BRAGA, 2014;
HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016).
Acredito que você já percebeu que vários fatores podem influenciar na saúde dos cabelos, além dos
descritos anteriormente, deve-se levar em consideração outras doenças, uso de drogas e alimentação
(BRAGA, 2104; HALAL, 2016; PEREIRA et al., 2016). Você, como esteticista capilar, ao identificar
hábitos inadequados, deve orientar seu cliente sobre eles.
Após a anamnese, deve-se examinar os cabelos e o couro cabeludo do cliente. Em tricologia, tan-
to o tato quanto a visão são recursos importantes, pois, por meio da palpação do cabelo e do couro
cabeludo, é possível verificar o afinamento capilar, alguma tricose da haste, lesões nodulares, e, pela
visão, observam-se alterações no couro cabeludo, como qual região está com menor densidade de
fios, excesso de descamação ou de sebo, feridas, caspas, entre outros sintomas (PEREIRA et al., 2016).
A melhor posição para examinar o cliente é colocá-lo sentado de forma que o topo da sua cabeça
fique na altura do apêndice xifoide do examinador (Figura 1). O examinador deve ter conhecimento
das características anatômicas do crânio, ter uma padronização de averiguação e o local onde se rea-
lizarão os exames deve ser bem iluminado. Também é importante a remoção de todos os acessórios
presos ao cabelo (lenços, grampos, tiaras, elásticos etc.) (PEREIRA et al., 2016).

É recomendado sistematizar a
avaliação, iniciando pela obser-
vação da orla de implantação
dos cabelos no couro cabeludo
(Figura 2), ficando atento na
região de transição entre a área
pilosa e a pele desnuda, a seguir
examinar todas as áreas do cou-
ro cabeludo. Ao examinar, de-
vem-se anotar falhas, entradas,
retrações, fazer a comparação da
densidade capilar, consistência,
comprimento e diâmetro dos
cabelos (PEREIRA et al., 2016).

Figura 1- Posição para examinar o paciente

50
UNIDADE 2

Figura 2 - Analisando a orla de implantação dos cabelos no couro cabeludo


Também é necessário observar os cabelos desde a sua saída no óstio folicular até sua extremidade distal.
Anotar tamanho, cor, brilho, tingimento ou não, alisamento, oleosidade, entre outras características.
Você deve ficar atento para o estado das extremidades distais dos fios, como bifurcação também de-
nominada de tricoptilose, cortes a pique, fissuras, extremidade em pincel entre outras características
semelhantes às mencionadas (PEREIRA et al., 2016).
Em relação à queda do cabelo, deve ser observado se a alopecia é difusa ou focal. No caso da alo-
pecia focal, deve ser analisado o número de lesões, o tamanho, a localização, a forma, a superfície, a
periferia, se é cicatricial, ou não, entre outros. O couro cabeludo também deve ser examinado e suas
lesões devem ser descritas, tais como nevos, tumores, foliculites, descamações, cicatrizes, entre outros
(PEREIRA et al., 2016).
Para fazer o registro das características observa-
das, você pode usar um diagrama com o desenho
da cabeça, semelhante ao da Figura 3. Além disso,
é importante ter uma ideia da percentagem da
doença no couro cabeludo. De acordo com alguns
estudos e como mencionado por Pereira et al.
(2016), é proposto que o crânio seja dividido em
áreas distintas (Figura 4):
• Região parietal (topo do crânio): corres-
ponde a 40% do couro cabeludo.
• Região occipital (posterior do crânio):
corresponde a 24% do couro cabeludo.
• Duas regiões temporais (regiões laterais
do crânio): cada uma delas corresponde a
Figura 3 - Diagrama com desenho da cabeça 18% do couro cabeludo.

51
UNICESUMAR

Para calcular a percentagem de


alopecia no couro cabeludo, pri-
meiro deve identificar em qual
região está ocorrendo e se esti-
ma o quanto a lesão acomete a
região, posteriormente, multipli-
Região frontal Região posterior ca-se pela percentagem da área
(occipital)
afetada, da seguinte forma: su-
ponhamos que foi identificada
uma alopecia na região parietal
em Pedro (Estudo de Caso), esta
lesão corresponde à metade da
região (50% = 0,50), então, mul-
tiplica 0,50 por 40% (percenta-
Região lateral Região parietal gem que corresponde à região
(temporal) (topo da cabeça)
parietal), conclui-se, assim, que
Figura 4 - Divisões da cabeça: região frontal; região posterior (occipital); região a lesão ocupa 20% do couro ca-
lateral (temporal); região parietal (topo da cabeça)
beludo (PEREIRA et al., 2016).

Para você fazer uma avaliação eficaz é necessário:


1. Comunicação – você precisa saber se comunicar e, principalmente, saber escutar o que
é falado e o que deve ser subentendido.
2. Anamnese – é a entrevista que busca relembrar todos os fatos relacionados ao paciente
tendo como principal objetivo o diagnóstico.
3. Propedêutica tricológica – é a ciência que identifica as alterações no cabelo e couro cabe-
ludo, resultando no diagnóstico, além de avaliar a intensidade e a evolução da doença.

A propedêutica tricológica é a ciência que identifica as alterações no cabelo e couro cabeludo resultando
no diagnóstico, mede a intensidade e avalia a evolução da tricose. Algumas doenças tricológicas não
necessitam de exames especiais para identificá-las, entretanto alguns exames propedêuticos podem
auxiliar na avaliação da evolução da doença, tais como os (PEREIRA et al., 2016):
• Métodos não invasivos: análise dos cabelos eliminados, espontaneamente; avaliação da risca
do cabelo; teste de compressão suave sobre a risca; diâmetro do rabo-de-cavalo; teste de 60 se-
gundos; densidade capilar; dermatoscopia; diâmetro do cabelo; exame micológico; fotografia;
fototricograma; massa dos cabelos; resistência do cabelo à tração; teste da lavagem; luz polarizada;
teste do atrito; teste do pente; teste do puxão, entre outros.
• Métodos semi-invasivos: tricograma; estudo da pelugem; resistência à extração do cabelo do
folículo piloso; tempo de regeneração do pelo e espessura do couro cabeludo.
• Métodos invasivos: anatomopatológicos.

52
UNIDADE 2

Capítulo 5 do livro “Milady laser e luz”, de Pamela Hill e Patrícia Owens


(2017). Este capítulo aborda os conhecimentos sobre a consulta.

Capítulo 1 do Manual de instruções: terapia capilar da Denise Braga


(2014). Este capítulo aborda os pontos da anamnese.

O livro “Tratado das doenças dos cabelos e do couro cabeludo – Tri-


cologia”, de Pereira et al. (2016). Considero este como livro de cabe-
ceira, pois ele traz conhecimentos aprofundados sobre anamnese,
propedêutica e tricoses.

Como já mencionado, os ca-


belos recebem posição de des-
taque ao longo dos tempos
entre povos e religiões, são,
constantemente, relacionados
com emoções, poder, status e
beleza. Estudos têm observado
que pessoas ao perderem seus
cabelos, sofrem danos psicosso-
ciais importantes, apresentando
quadros de depressão, paranoia,
comportamento antissocial, ob-
sessão, agressividade, sadismo e
outros (PEREIRA, 2004). Sendo
assim, convido você a conhecer
os aspectos emocionais rela-
cionados aos cabelos e trico-
Figura 5 - Cabelos coloridos
ses compulsivas.

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UNICESUMAR

Assim, podemos dizer que o cabelo é o “ornamen-


to” mais relevante para o ser humano. Sendo fre-
quentemente encontrado em fantasias de lindos
cabelos como idênticos à capacidade de atração, Você já notou que, de certa forma, os
sendo que aquele que o possuir detém o poder, cabelos estão relacionados com nossas
aflorando o desejo do outro (OLIVEIRA, 2007). emoções? São utilizados, inclusive, em
Devido à sua importância estética, ele também é frase de expressão figurativa, como “Fi-
utilizado nas manifestações culturais, tais como quei de cabelo em pé”, “Problema cabe-
cortes, penteados, colorações peculiares (Figura ludo”, “É de arrancar os cabelos”.
5), dreadlocks, black power e também em compor-
tamentos autoagressivos, as tricoses compulsivas
(PEREIRA, 2004).
As tricoses compulsivas são de difícil caracterização uma vez que o paciente não assume uma possível
autoagressão, além da ocorrência de uma mistura das tricoses, e, ainda, existem outros distúrbios não
classificados/descritos (PEREIRA, 2004). As descritas são tricotilomania, tricotemnomania, tricofagia,
pseudoalopecia da coçadura, tricocriptomania, tricorrexomania e plica neuropática.
A tricotilomania refere-se ao ato compulsivo de extrair os cabelos e/ou pelos do corpo, de maior
ocorrência em mulheres. A abordagem requer cautela e deve ser feita sob os pontos de vista psiquiátrico
e dermatológico. Para o diagnóstico é observado uma alopecia perceptiva, devido à tração recorrente, e
o quadro pode ser agravado por uma patologia no couro cabeludo (eczema, neurodermatite, dermato-
fitose, alopecia areata); pode ser acompanhado de tricofagia, podendo ser encontrado cabelos na boca,
estômago ou intestino, formando o clássico tricobezoar (bola de pelo) e esta doença não é explicada
apenas por causa do distúrbio mental. Geralmente, a agressão aos cabelos ocorre quando o paciente
está assistindo à televisão, estudando, falando ao telefone e intensificada num momento estressante.
Uma vez que os cabelos anágenos são mais doloridos ao serem extraídos, observa-se que os cabelos
telógenos são arrancados primeiro. Muitos clientes não assumem que extraem os cabelos, dificultando
o diagnóstico e o tratamento (PEREIRA, 2004).
A tricofagia é o ato compulsivo de engolir os cabelos. Geralmente, ocorre em pessoas com cabelos
longos, maioria do sexo feminino, que colocam uma mecha na boca e ficam mastigando, engolindo
partes dos cabelos, ou indivíduos com tricotilomania, que levam o cabelo à boca. Qualquer outra tricose
compulsiva pode levar à tricofagia, que, por sua vez, pode levar ao tricobezoar. Clinicamente, podem
apresentar náuseas, vômitos, cólica abdominal, alterações gastrointestinais e massa epigástrica palpável.
Esta doença precisa ser diagnosticada o quanto antes e é necessário fazer a remoção da massa epigástrica,
se isto não ocorrer, pode haver necrose gástrica, perfuração intestinal e até levar a óbito (PEREIRA, 2004).
A tricotenomania é quando o cliente corta os cabelos, rente ao couro cabeludo, com o auxílio de
tesouras ou lâminas. Esta doença ocorre apenas em idosos psicopatas e é, facilmente, diagnosticada
utilizando a microscopia óptica (PEREIRA, 2004).

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UNIDADE 2

A pseudoalopecia da coçadura consiste no ato de a pessoa coçar, de forma compulsiva, determi-


nadas regiões do couro cabeludo, levando à queda de cabelo nos locais da coçadura (pseudoalopecia).
Constata-se, na região afetada, cabelos quebradiços, que dão à área um aspecto aveludado, na periferia
da lesão, o tricograma é normal e, no centro, os fios apresentam tricoptilose, tricorrexis nodosa, fraturas
incompletas e dobras (PEREIRA, 2004).
A tricocriptomania ou tricorrexomania corresponde ao ato compulsivo de cortar os cabelos
com as unhas. A pessoa possui cabelos em tamanhos diferentes, dando má qualidade ao penteado e
deixando a extremidade distal igual a um pincel (PEREIRA, 2004). A plica neuropática consiste em
cabelos muito emaranhados, levando à formação de uma massa endurecida. Ocorre em pessoas com
problemas psiquiátricos (PEREIRA, 2004).
Além das tricoses compulsivas, alguns fatores psicológicos, como o estresse emocional e os episó-
dios traumáticos agudos (como divórcio, luto e perda de emprego) podem desencadear ou intensificar
doenças tricológicas (YAZIGI; ANDREOLI; GODINHO, 2009). Alguns estudos relataram o efeito
de algumas doenças dermatológicas, como acne, psoríase e alopecia areata, que resultam prejuízo na
autoimagem e podem levar ao suicídio (YAZIGI; ANDREOLI; GODINHO, 2009; GUPTA; GUPTA,
1998; RIVITTI, 2005).
Além das tricoses compulsivas, que acabamos de estudar, também é importante entendermos a
relação entre alterações dos pelos e doenças sistêmicas. Apesar de as tricoses serem, primariamente,
um problema cosmético, elas podem sinalizar a presença de alguma doença sistêmica, tais como des-
nutrição, avitaminoses, emagrecimento excessivo, doença toxêmica, alterações hormonais, entre outras
(BERTAIOLLI et al., 2004).

Não é raro alguém perceber que a pele está mais seca, o cabelo e/ou a unha mais quebradi-
ços, ou que apareceu alguma mancha diferente na pele. Estes podem ser sinais de que algo
no corpo não está bem e precisa ser investigado.

Uma vez que os problemas dermatológicos podem sinalizar alguma doença sistêmica, é útil você sa-
ber quando é necessária uma investigação mais aprofundada. Então exemplificarei algumas doenças
metabólicas relacionadas com as tricoses.
O estresse metabólico, no quadro de desnutrição, doenças febris ou procedimentos cirúrgicos po-
dem levar ao eflúvio telógeno, a qual também pode ser desencadeada após o uso de algumas drogas,
como anticoagulantes, betabloqueadores e IECA (Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina)
(SILVA, 2019). Mulheres com a síndrome do ovário policístico, hiperplasia adrenal congênita de início
tardio, síndrome de Cushing e síndrome de HAIR-NA (hiperandrogenismo, resistência à insulina e
acantose nigricans) podem levar à alopecia androgênica e ao hirsutismo (SILVA, 2019).

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UNICESUMAR

Doenças inflamatórias, infecciosas (sífilis, tuberculose cutânea, leishmaniose ou hanseníase) e infil-


tráveis (linfomas cutâneos e metástase de tumores sólidos) podem levar à alopecia cicatricial (SILVA,
2019). O Quadro 2 apresenta doenças sistêmicas clássicas e as alterações observadas nos pelos em
pessoas acometidas com elas.
Quadro 2 - Alterações dos pelos em doenças sistêmicas

DOENÇAS SISTÊMICAS ALTERAÇÕES NOS PELOS

Hematológicas
Cabelos finos e secos
Anemias crônicas

Nutricionais e metabólicas
Deficiência de Ferro Alopecia difusa – mesmo na ausência de anemia

Deficiência de proteínas Cabelos finos e secos


Deficiência de zinco Alopecia difusa, cabelos secos
Marasmo Cabelos finos e secos podendo assumir um tom avermelhado
Cabelos finos secos e esparsos
Kwashiorkor

Endócrinas

Hipopituitarismo Perda total dos pelos, cabelos finos, ausência de pelos púbicos
e axilares (deficiências hipofisárias pós-parto – síndrome de
Sheehan)
Perda difusa dos cabelos e posterior perda dos pelos corporais
Hipotireoidismo Alopecia difusa
Alopecia areata, cabelos escassos, secos e grosseiros
Hipertireoidismo
Hipoparatireoidismo Alopecia difusa (eflúvio telógeno)

Diabetes mellitus

Doenças renais e hepáticas


Cabelos secos e finos
Insuficiência renal
Alopecia difusa
Hepatite
Alopecia difusa
Cirrose

Reumatológicas
Alopecia difusa e alopecia cicatricial
Lúpus eritematoso sistêmico

Doenças crônicas graves Alopecia difusa, cabelos secos e finos

HIV Alopecia difusa, cabelos secos e finos

Fonte: Omar e Ghideti (2008).

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UNIDADE 2

Além das tricoses mencionadas, também existem as displasias pilo-


sas. E aí, você já ouviu falar sobre as displasias pilosas: alterações
estruturais da haste capilar? A Displasia pilosa ou displasia da
haste refere-se às alterações estruturais que ocorrem na haste dos REALIDADE
cabelos, elas podem ser congênitas ou adquiridas (PEREIRA et AUMENTADA
al., 2016; OMAR; GHIDETI, 2008). Algumas displasias da haste
congênita são (PEREIRA et al., 2016; OMAR; GHIDETI, 2008):
• Moniletrix: os cabelos são normais ao nascimento, mas,
durante a infância, ocorrem estreitamentos e dilatações al-
ternados nos cabelos e pelos (aspecto em rosário). O diag-
nóstico é clínico e microscópico. Pode melhorar com a idade.
• Tricorrexis invaginata: é a deformação distal baloniforme
invaginada sobre uma base proximal (cabelo em bambu).
Esta alteração é associada com a síndrome de Netherton. O
diagnóstico é clínico e microscópico. Não tem tratamento.
• Tricopoliodistrofia (síndrome de Menkes): cabelos es-
cassos e quebradiços desde os primeiros meses de vida. O
Cabelo saudável e danificado
diagnóstico é clínico e microscópico e é tratado, por meio
de suplementação com cobre.
• Cabelos anágenos frouxos: cabelos normais ao nascimento e ocorre uma rarefação e redução
do comprimento dos cabelos entre dois e seis anos de idade. Diagnóstico clínico, microscópico
e com o tricograma. Pode melhorar com a idade.
• Síndrome dos cabelos que não são penteáveis: cabelos secos e ásperos, afeta crianças e jovens
com cabelos abundantes e de difícil manuseio. Diagnóstico clínico e microscópico. Melhora
com a idade.
• Pelo bifurcado: forte adesão entre dois fios de cabelos por toda sua extensão com eventuais
separações por alguns milímetros e, depois, se une novamente. Cada fio é envolto por sua
cutícula, diferenciando da tricoptilose. O cabelo pode ficar quebradiço e desenvolver alopecia
difusa. Não há tratamento.

57
UNICESUMAR

• Pelo torcido (PT): é achatado ou ovalado e, periodicamente, apresentam uma torção de 90º a 360º
ao longo do seu eixo, podendo ocorrer torções múltiplas e muito próximas umas das outras. A
cutícula é íntegra, porém os cabelos se partem facilmente ao nível da torção. Os cabelos têm pouco
brilho, são ásperos, facilmente quebráveis, de difícil penteado, curtos na região temporal e occipital,
pode ocorrer alopecia cicatricial e é frequente em mulheres. Diagnóstico clínico e microscópico.
Melhora com a idade.

Algumas displasias da haste adquiridas são (PEREIRA et al., 2016; OMAR; GHIDETI, 2008):
• Tricorrexe nodosa: é a displasia pilosa mais frequente, nesta displasia ocorre o aparecimento de
pseudonodosidades nos pelos, podendo ocasionar fraturas. A causa em si é desconhecida, porém
traumas mecânicos ou químicos podem ser desencadeantes. Diagnóstico clínico e microscópico.
O tratamento consiste em evitar os fatores desencadeantes.
• Tricoptilose: é um tipo de fratura; os cabelos são frágeis e bifurcados (pontas duplas). Ocasionados
por traumas mecânicos e químicos. Diagnóstico clínico. O tratamento consiste em excluir as causas
e utilizar cremes e/ou hidratantes.
• Triconodose: a haste dos cabelos tem nós ou laços. São ocasionados por traumas mecânicos ou
tiques nervosos. Diagnóstico clínico. O tratamento consiste na exclusão da causa.

Além das displasias da haste, existem as displasias ectodérmicas as quais são (PEREIRA et al., 2016):
• Displasia ectodérmica cabelo-unha pura: afeta apenas os tecidos de origem ectodérmica, sendo
dois tipos clínicos: distrofia ungueal congênita e hipotricose associada à foliculite descalvante.
• Displasia ectodérmica – tipo hipoidrótico ligado ao cromossomo X: os indivíduos afetados são
do sexo masculino, possuem cabelos esparsos no couro cabeludo, raros pelos nos cílios e sobrance-
lhas e sem pelos corporais. Não suam e, frequentemente, apresentam febres altas na infância. Falta à
maioria dos dentes, pode ocorrer pigmentação e ressecamento
ao redor dos olhos, possuem testa proeminente, nariz em sela,
lábios protuberantes e voz rouca. As secreções salivares e la-
crimais podem estar reduzidas e também ocorrer um discreto
retardo no desenvolvimento.
• Displasia ectodérmica de Rapp-Hodgkin: os indivíduos pos-
suem palato em ogiva, alterações dentárias e ungueais, alopecia
difusa, cicatricial, com presença de pelo torcido, cabelos finos
e ouriçados, despigmentados, sobrancelhas e cílios ausentes/
esparsos e ausência de pelos sexuais secundários.

58
UNIDADE 2

Outra queixa comum é relacionada com as


alterações cromáticas dos cabelos (Leuco-
trioses), podem ser adquiridas, congênitas ou Você já viu cabelos loiros ficarem esver-
consequência do envelhecimento natural dos deados sem serem tingidos? Isto pode
cabelos, conhecida como canície, que ocorre ocorrer em indivíduos que frequentam
com a idade cronológica e em graus individuais. muito piscinas, devido à deposição de
Em caucasianos, ela inicia por volta dos 34 anos cobre no córtex capilar, após exposição
de idade e, em negros, por volta dos 44 anos, prolongada na água, o tratamento con-
e metade da população tem 50% dos cabelos siste em evitar o contato direto do cabelo
brancos aos 50 anos de idade. Ela ocorre por com a água da piscina.
causa da diminuição da produção da melanina,
produzida pelos melanócitos da matriz capilar.
O tratamento é a utilização de tinturas (OMAR;
GHIDETI, 2008).
Existem doenças congênitas ou adquiridas que Você sabia que o termo alopecia foi cria-
resultam em cabelos brancos, as leucotrioses, po- do por Hipócrates (2600 a.C.), porém só
dem ser congênitas, como a síndrome de Vogt- foi relatado por Cornelius de Celsus (30
-Koyanagi-Harada, síndrome de Waardenburg, a.C.), que descreveu a alopecia completa e
piebaldismo e albinismo, ou adquiridas, como definitiva e a alopecia ophiasis, queda de
vitiligo, após tratamentos com radioterapia e após cabelo localizada na orla do couro cabelu-
queimaduras (OMAR; GHIDETI, 2008). do semelhante a uma serpente (PEREIRA
Alopecia (do grego alópekia = diminuição et al., 2016).
dos pelos/cabelos) é o distúrbio caracteriza-
do pela perda dos cabelos, pode ser difusa ou
focal, não cicatricial (sem inflamação, cicatriz
ou atrofia da pele) ou cicatricial (destruição
tecidual, inflamação, atrofia e fibrose) (OMAR;
GHIDETI, 2008).
A queda de cabelo pode ser hereditária ou
congênita, ou causada por síndromes, distúr-
bios, traumas mecânicos, tratamentos químicos,
drogas ou outras causas. São várias alopecias
descritas, porém mencionarei algumas.
Alopecia areata é caracterizada por áreas
arredondadas ou ovais, com limites precisos,
contornos regulares, totalmente sem cabelos e
localizadas no couro cabeludo (Figura 6). Area-
ta, do grego, significa temporária ou periódica,
sendo assim, trata-se de uma alopecia tempo-
rária (PEREIRA et al., 2016).

59
UNICESUMAR

Geralmente, a placa é única


ou há poucas placas, podendo
ser localizada, total (afetando
todo o couro cabeludo) ou uni-
versal (perda total de cabelos e
pelos do corpo). Normalmen-
te, acomete adultos jovens e
crianças de ambos os sexos. A
etiologia é desconhecida, mas
está, frequentemente, associada
a doenças autoimunes, sugerin-
do ser um processo autoimune
antibulbo piloso. Em geral, a
evolução é favorável, ocorrendo
repilação entre 2 a 6 meses. Den-
tre os tratamentos, destacam-se:
infiltrações com corticóides;
drogas sensibilizantes; fotoqui-
mioterapia; crioterapia e corti-
cóides orais (OMAR; GHIDETI,
2008; PEREIRA et al., 2016). Figura 6 - Alopécia areata

Alopecia androgenética (AA)


é a típica queda de cabelo mas-
culina ou calvície comum no
homem (Figura 7) e padrão de
queda de cabelo feminino. Afeta
cerca de 50% dos homens e 6%
das mulheres com 50 anos de
idade e até 70% dos homens e
35% das mulheres, no final da
vida. Para o desenvolvimento
da AA há: fator hereditário, an-
drogênios, idade, citocinas, neu-
ropeptídeos, fatores de cresci-
mento, entre outros (PEREIRA
et al., 2016). Figura 7 - Alopécia androgenética

60
UNIDADE 2

Há um progressivo declínio na
densidade de fios visíveis no
couro cabeludo, nos homens
ocorre uma típica recessão bi-
temporal e calvície no vértice,
como observado na Figura
8A, nas mulheres ocorre um
afinamento difuso na parte su-
perior e manutenção na linha
frontal do cabelo, como ob-
servado na Figura 8B. Geral-
mente, os tratamentos usados
para este tipo de alopecia são:
uso de minoxidil; estradiol;
progesterona (em mulheres);
finasterida (em mulheres, ape-
nas após a menopausa); me-
latonina; mesoterapia; trans-
plante de cabelos (cirurgia de
restauração capilar) e outros
(OMAR; GHIDETI, 2008).
Ao longo dos anos, a AA
recebeu várias classificações,
e uma delas utilizou como re-
ferência os aspectos clínicos
e as alterações morfológicas
dos cabelos, segundo a fase
no ciclo biológico do folículo
piloso, caracterizando três pa-
drões básicos de AA (OMAR;
GHIDETI, 2008; PEREIRA et
al., 2016):

Figura 8 - Desenvolvimento da alopecia androgenética padrão masculino (8A)


e feminino (8B)

61
UNICESUMAR

• AA padrão clássico (AA padrão mas- Com o tempo, ocorre a queda dos fios, sem
culino ou hipocrático): inicia-se nas sua reposição, levando à rarefação. O trico-
regiões temporais e no vértice do couro grama mostra o aparecimento de cabelos
cabeludo, ou, eventualmente, ocorre ape- anágenos distróficos, cabelos anágenos
nas uma retração em toda região frontal normais ou poço afinados. Este padrão
ou no vértice, evoluindo de uma forma ora vai, lentamente, progredindo de forma sutil
muito lenta, ora muito acelerada para cul- e insidiosa, até chegar a formas graves. A
minar em uma perda significativa no topo ocorrência é de 97% dos casos nas mulhe-
do couro cabeludo (Figura 9). O tempo res, e 38% dos casos nos homens.
de duração do ciclo biológico do folículo • AA padrão misto: é uma mistura dos pa-
piloso torna-se muito curto, sendo a fase drões descritos anteriormente. Apresenta
anágena reduzida, consequentemente, os uma telogenização no vértice e nas regiões
cabelos telógenos ficam pequenos e, a cada temporais, e, ao mesmo tempo, um afina-
ciclo capilar, o cabelo fica cada vez menor mento e rarefação difusa dos cabelos sem
de tamanho, decorrente da diminuição da diminuição do comprimento nas regiões
papila dérmica e miniaturização do folícu- parietal e frontal. O tricograma mostra
lo piloso. Este padrão de apresentação da cabelos anágenos normais, aumento de
doença acomete cerca de 50% dos homens cabelos telógenos pequenos e cabelos aná-
com AA e nenhuma mulher. genos distróficos. Este padrão de alopecia
acomete cerca de 10% dos homens com
AA e 4% das mulheres com AA.

Alopecia por tração é caracterizada pela pre-


sença de cabelos quebradiços curtos, foliculite e
algumas áreas circunscritas de cicatrização nas
margens do couro cabeludo. Acontece por causa
do atrito e da tensão. Procedimentos químicos
associados a outros procedimentos (alisamen-
tos), excesso de tensão ao prender os cabelos ou
por alguns penteados que podem provocar esta
alopecia nas regiões frontal, parietal e marginal. O
tratamento consiste em evitar os fatores causais.
Figura 9 - Alopecia androgenética padrão clássico
Você sabe a diferença entre alopecias e eflú-
• AA padrão difuso (AA padrão femini- vios? Bom, acredito que alopecias você acabou de
no): manifesta-se, de forma difusa, no topo conhecer, mas, para você responder esta pergunta,
do couro cabeludo, acometendo as regiões precisa conhecer os eflúvios. Então, vamos lá!
parietal, frontal e vértice. Inicialmente, os Eflúvios consistem no desprendimento dos
cabelos ficam afilados, e não ocorre a dimi- pelos e/ou cabelos, eles podem ser denominados
nuição do comprimento final dos cabelos. de Eflúvios anágeno e telógeno. O eflúvio aná-
O folículo piloso torna-se miniaturizado geno consiste na perda dos fios na fase anágena,
e sem alterar o ciclo biológico do cabelo. geralmente, o início é rápido e extenso. A queda

62
UNIDADE 2

ocorre após alguns dias do fator desencadeante, (infecções locais, meningite, hemorragia, trombo-
podendo cair milhares de fios por dia. Podem se, convulsão ou morte) (PEREIRA et al., 2016).
ser causados por radioterapia, quimioterapia sis- Pode ocorrer por causa de anomalias cro-
têmica, drogas imunossupressoras, desnutrição mossômicas, mecanismos traumáticos, defeitos
proteica grave, intervenções cirúrgicas prolonga- amnióticos, problemas intrauterinos, tromboses,
das e sífilis secundária (OMAR; GUIDETI, 2008; alterações vasculares, teratogênese medicamen-
PEREIRA et al., 2016). O tratamento consiste na tosa, entre outros. Ainda não existe tratamento
identificação e na exclusão da causa, alimentação específico para ACC, apenas a possibilidade fazer
rica em proteínas, administração de vitaminas e enxertos de pele em pequenas áreas do couro ca-
sais minerais (OMAR; GHIDETI, 2008; PEREIRA beludo (PEREIRA et al., 2016).
et al., 2016). Você já conheceu alguém que possui muitos
O eflúvio telógeno é caracterizado pelo des- pelos nas costas, no tórax ou em outras regiões do
prendimento aumentado dos pelos ou cabelos corpo? Este excesso de pelos no corpo é conheci-
telógenos normais dos folículos do couro cabe- do como hipertricose, que pode ser classificada
ludo, que está na fase de repouso, secundário ao em: generalizada, localizada e sintomática. Há
deslocamento acelerado da fase anágena para ca- várias hipertricoses, entre elas, segundo Pereira
tágena e para telógena (OMAR; GUIDETI, 2008; et al. (2016):
PEREIRA et al., 2016). Podem cair mais de 600
fios por dia, o que resulta na rarefação difusa dos
cabelos. Pode ser causado por estresse emocio-
nal, pós-parto, deficiência protéica, deficiência
de ferro, regimes, estresse, doenças sistêmicas e
alguns medicamentos. O tratamento consiste na
correção da causa, alimentação equilibrada e rica
em proteínas, suplementação com vitaminas
e sais minerais (OMAR; GUIDETI, 2008;
PEREIRA et al., 2016). A utilização de so-
luções tópicas, como minoxidil a 2 ou 5%,
também pode ajudar. Essa fase pode du-
rar de três a quatro meses, após os cabelos
retornam ao normal (OMAR; GUIDETI,
2008; PEREIRA et al., 2016).
Outra afecção tricológica é a aplasia
cutânea congênita (ACC), caracterizada
por ausência de pele em uma determina-
da localização, como face, tronco, abdô-
men e membros. O local em que mais se
manifesta é no couro cabeludo. Ela pode se
manifestar de forma isolada, ou fazer parte
de alguma síndrome. Em geral, é constatada
logo ao nascer e é acompanhada de complicações

63
UNICESUMAR

• Hipertricose cervical anterior (HCA): ca- tos por pelos lanugos loiros, ou prateados,
racterizada por um tufo de pelos terminais, ou acastanhados, ou negros, com aspecto
em uma área arredondada, na região anterior de lã, e crescem por toda a vida. A face fica
do pescoço, sobre a cartilagem tricoide. Pode semelhante à de um cão ou macaco, sendo
se manifestar ao nascer ou nos primeiros mais intensa na coluna vertebral, região lom-
anos de vida, acredita-se que seja uma doen- bossacra, orelhas e regiões pré-auriculares.
ça hereditária. Também existe a ocorrência Manifesta-se entre os 4 e 7 anos de idade e
da hipertricose cervical posterior. pode ser acompanhada de anomalias den-
• Hipertricose congênita localizada: tárias, nas orelhas e glaucoma. As pessoas
ocorrência de excesso de pelos em algu- acometidas com esta doença, geralmente,
mas dermatoses. são discriminadas e propensas a quadros
• Hipertricose adquirida: trata-se do excesso graves de depressão. Não tem tratamento,
de pelos ocasionados por algumas doenças, apenas a utilização da depilação a laser em
como alterações cerebrais, anorexia nervosa, algumas áreas.
má nutrição, hipotireoidismo, síndrome da • Hipertricose localizada adquirida (HLA):
imunodeficiência adquirida e outras. ocorre depois de repetidos traumas sobre a
• Hipertricose iatrogênica (HI): o excesso pele (fricção, irritação/inflamação), na região
de pelos pode se desenvolver em qualquer os pelos ficam grossos e longos.
região do corpo e é causado por alguns me- • Hipotricose universal: não chega a ser con-
dicamentos, como amiodarona, clomipra- siderada uma patologia, e sim um fenômeno
mine, donezepil, estreptomicina, fluoxetina, fisiológico. É caracterizada pela distribuição
glicocorticoides, interferon alfa, lorazepan, normal de pelos, porém são mais grossos e
minoxidil e outros. amplos em algumas regiões do corpo, como
• Hipertricose lanuginosa adquirida tórax e dorso (Figura 10).
(HLA): é considerada uma dermatose pa-
raneoplásica que pode acompanhar alguns
tumores e a melanoma. Acomete pessoas en-
tre 40 e 70 anos de idade e pode se manifes-
tar meses ou anos antes do aparecimento do
carcinoma. Caracterizada por pelos do tipo
lanugo na face (face de símio), que crescem
cerca de 2 a 3 cm por semana, podendo che-
gar a, até, 15 cm de comprimento. Na maioria
dos casos, quando a neoplasia é curada, a
HLA regride.
• Hipertricose lanuginosa congênita
(HLC): é rara, na qual toda a pele, exceto
palmas, planta dos pés, falanges distais, pre-
Figura 10 - Hipertricose universal
púcio, glande e pequenos lábios, são cober-

64
UNIDADE 2

O hirsutismo é uma tricose muito comum, caracterizada pela pre- Dermatite de contato ou
sença de pelos terminais na mulher em locais que são habituais nos eczema de contato é uma rea-
homens, como queixo, face, abdômen inferior, ao redor dos mamilos, ção inflamatória da pele decor-
entre as mamas, glúteos, regiões lombares e parte interna da coxa, rente da exposição a um agente
é a famosa mulher barbada (PEREIRA et al., 2016). capaz de causar irritação ou aler-
Algumas alterações são associadas ao hirsutismo, como acne, gia, classificada como dermatite
irregularidades menstruais, acantose nigricans, obesidade, alopecia de contato irritativa ou alérgi-
androgenética, síndrome do ovário policístico, hiperplasia congênita ca. Alguns agentes causam esta
de suprarrenal e hipotiroidismo. O tratamento depende da sua ori- dermatite após a exposição solar,
gem, e pode ser remoção dos pelos por raspagem ou depilação (cera como o sumo de frutas cítricas, e
ou laser), ou por pinças, ou por eletrólise (PEREIRA et al., 2016). outros entram em contato com a
As bolhas capilares consistem na formação de bolhas na haste pele pelo ar. Os sintomas depen-
dos cabelos, podendo ser minúsculas até grandes, de formato re- dem da causa e podem ser vários,
dondo, ovalado, cilíndricos ou irregulares. As principais causas das como ardor, queimação, coceira,
bolhas capilares são as altas temperaturas a seco, que, geralmente, vermelhidão e outros. Diagnós-
ocorre por acidente com secador muito aquecido, pente quente, tico consiste no teste alérgico
escova quente ou mesmo com fogo. Alguns casos podem ocorrer, de contato (patch-test). O trata-
devido a piscinas com água muito cloradas, manipulação para dar mento depende da intensidade
brilho nos cabelos, congelamento dos cabelos e água oxigenada e tipo de dermatite de contato,
(peróxido de hidrogênio) (PEREIRA et al., 2016). podendo ter medidas locais ou
As bolhas capilares são facilmente visíveis à microscopia. As utilização de medicações de via
hastes, geralmente, são grotescas ao teste do deslize e aos testes do oral ou injetáveis (SBD, 2017).
puxão, da gaze e do atrito, e dão positivo. Quanto ao tratamento, A foliculite é uma inflama-
poucas bolhas nas hastes não causam danos estéticos, e o tratamento, ção do folículo piloso (Figura 11),
neste caso, é conservador. Já quando há em grandes quantidades, formando uma pústula (peque-
ocorre deformidade nas hastes, tornando as friáveis e é recomen- no tumor na pele contendo pus),
dado o corte dos cabelos danificados (PEREIRA et al., 2016). pode se manifestar em qualquer
Dermatite seborreica ou eczema seborreico é uma doença região do corpo e é, classicamen-
inflamatória crônica que, geralmente, acomete a face, o tórax, as te, dividida em foliculite super-
orelhas e o couro cabeludo, levando à vermelhidão, descamação e, ficial ou ostiofoliculite, quando
por vezes, secreção. Também pode ser assintomática ou muito pru- o processo inflamatório acomete
riginosa, de causa desconhecida. Em geral, ela ocorre nos homens o óstio, e foliculite profunda,
entre 18 e 40 anos de idade, existindo uma predisposição familiar quando acomete todo ou parte
para o seu desenvolvimento. Nesta dermatite, há o aumento na do folículo piloso (PEREIRA et
multiplicação celular da epiderme, e sua gravidade é determinada al., 2016). Existem vários tipos
pela quantidade de sebo. Alguns fatores podem desencadear ou de foliculite, e cada um com sua
agravar a dermatite seborreica, como calor, umidade, roupas que evolução e seu tratamento. Co-
retém suor, estresse, alcoolismo, diabetes, alimentação hipercalórica, mentarei sobre dois tipos conhe-
entre outros. O diagnóstico é clínico, e o tratamento tradicional é o cidos: a foliculite descalvante e a
uso de corticoides (PEREIRA et al., 2016). foliculite em tufos.

65
UNICESUMAR

A pseudofoliculite é uma tricose crônica,


caracterizada por erupção acneiforme com pá-
pulas e pústulas, predominantemente, na região
da barba, principalmente no pescoço, decorrente
da penetração do pelo na pele. Ocorre quando o
pelo é cortado rente à pele (PEREIRA et al., 2016).
Pode ocorrer de duas formas: 1) pela pene-
tração extrafolicular, o pelo sai do óstio e, a se-
guir, penetra na pele, perfurando a epiderme, e
2) penetração transfolicular, o pelo perfura o
folículo piloso antes de emergir na superfície da
pele. O diagnóstico é clínico e confirmado pelo
dermatoscópio (PEREIRA et al., 2016).
Esta tricose acomete, principalmente, pessoas
da raça negra ou que possuem barba encaracolada
e que precisam fazer, frequentemente, a barba.
Também pode aparecer no couro cabeludo e nas
virilhas, após a depilação. A pseudofoliculite pode
coçar muito, doer, sangrar e ter complicações,
como imediata infecção bacteriana. Ela tem sido
Figura 11- Folículos pilosos inflamados
associada a problemas com a queratina da haste
do pelo (PEREIRA et al., 2016).
A foliculite descalvante acomete jovens e adul- O tratamento consiste em evitar a penetra-
tos de meia-idade, predominantemente, do sexo ção do pelo na epiderme e depende do grau e
masculino e afrodescendentes. Observam-se pá- da extensão da doença. Em casos brandos, são
pulas eritematosas foliculares, brilhantes, com pus, recomendados movimentos circulares com bucha
dolorosas e com sensação de queimação no couro vegetal/sintética e depilação química. Em pou-
cabeludo. Com o tempo, as pápulas tornam-se cas lesões sem inflamação, os pelos podem ser
pústulas e, ao se romperem, formam pequenas removidos com uma agulha e, em casos graves,
ulcerações e crostas amareladas ou sanguinolen- deve evitar cortar a barba e usar antibióticos. O
tas. Mesmo com tratamento, após dois anos, o tratamento ideal para todos os casos é a depila-
paciente evolui a uma alopecia total (PEREIRA ção a laser. Na pseudofoliculite, recomenda-se o
et al., 2016). tratamento preventivo pelo corte diário da barba,
Foliculite em tufos ocorre quando uma pes- evitando seu encurvamento e penetração na epi-
soa tem vários cabelos emergindo do mesmo ós- derme, ou outro, bem mais simples, econômico e
tio. É sugerido que isto esteja relacionado com a que está na moda masculina, que consiste em não
presença da bactéria Staphylococcus albus e do cortar a barba (PEREIRA et al., 2016).
fungo Scopulariopsis brevicaulis. O tratamento Dermatofitose, popularmente, conhecida
com eritromicina tópica e penicilina sistêmica como micose, frieira (pé de atleta) entre outras
mostrou-se eficaz, além de outros medicamentos denominações de acordo com a região do corpo
(PEREIRA et al., 2016). acometida, é uma doença causada por fungos que

66
UNIDADE 2

se alimentam da queratina da pele, dos pelos/ca- luzes UVA e UVB em cabines, e, em casos graves,
belos e das unhas. Eles podem ser transmitidos é necessário medicação oral ou injetável além das
entre os humanos ou entre animais e humanos, recomendações anteriores (PEREIRA et al., 2016).
ou, ainda por algum objeto (pente, escova etc.) ou A pitiríase vulgar, pitiríase furfurácea, piti-
local contaminado (solo) (SBD, 2017). ríase esteatoide, pitiríase simples, pitiriase ca-
No couro cabeludo, a dermatofitose é conheci- pitis, ou simplesmente caspa, é uma descamação
da como tinha ou tinea capitis, infecção fúngica fina do couro cabeludo. Ela não causa nenhum
superficial do couro cabeludo. Caracterizada por problema biológico, porém o problema é social,
placa alopécica única ou múltipla no couro cabe- ninguém gosta de ter caspa nos cabelos, nas rou-
ludo e descamação, associada, ou não, a tonsuras pas etc. (SBD, 2017; PEREIRA et al., 2016).
do pelo. O diagnóstico é realizado por meio de O diagnóstico é simples, e a diferença entre
exames micológicos, e o tratamento é feito com pitiríase e descamação normal está na camada
antifúngicos oral (SBD, 2020; OMAR; GHIDETI, córnea, a qual, normalmente, tem de 25 a 35 ca-
2008; PEREIRA et al., 2016). madas de células queratinizadas e distribuídas,
Existem duas modalidades de tratamento, o uniformemente, enquanto na pitiríase não passa
tópico e o com medicações sistêmicas ou com de dez camadas de células, e aparecem muitas cé-
antifúngicos sistêmicos via oral (SBD, 2017). Re- lulas paraceratóticas e desorganizadas (PEREIRA
comenda-se a realização do tratamento via oral et al., 2016).
uma vez que o medicamento necessita entrar no A pitiríase versicolor, também conhecida
folículo piloso. Na maioria das vezes, utiliza a como pano branco, é uma micose superficial
griseofulvina, que é a única recomendada pela causada pelo fungo do gênero Melassezia. Esta
FDA (Food and Drug Administration), mas ou- pitiríase ocorre comumente nos braços, no abdô-
tras drogas também são usadas, como terbinafina, men, na nuca e na barba. Os pacientes acometidos
itraconazol e fluconazol (PEREIRA et al., 2016). por ela apresentam queda ou afinamento dos ca-
A psoríase pode acometer o couro cabeludo, belos nas lesões, degeneração hidrópica da cama-
isoladamente, ou fazer parte de uma psoríase es- da basal, degeneração folicular, miniaturização do
parsa pelo corpo. Ela compromete, predominan- folículo piloso, atrofia, rolhas córneas e ausência
temente, a epiderme, porém pode afetar o infun- do folículo piloso (PEREIRA et al., 2016).
díbulo, causando uma hiperceratose folicular e Apesar de ter vários xampus ditos anticaspa,
cilindros capilares. Pode levar a deflúvio telógeno poucos realmente têm respaldo científico. O FDA
ou alopecia cicatricial. O diagnóstico é clínico, e aprova cinco produtos básicos para o tratamento,
o tratamento consiste, nos casos leves, hidrata- os quais são Coaltar ou alcatrão de hulha (0,5 a
ção, medicamentos tópicos nas lesões e banho 5%); piritionato de zinco (0,3 a 2%); ácido sali-
de sol, nos casos moderados, além do recomen- cílico (1,8 a 3%); sulfeto de selênio (0,6 a 1%) e
dado anteriormente, recomenda-se exposição às enxofre (2 a 5%) (PEREIRA et al., 2016).

67
UNICESUMAR

São muitas informações para assimilar num primeiro momento, mas percebe como elas são funda-
mentais para a prática profissional no dia a dia? No expediente profissional, você encontrará casos
como os citados e verá que, devido à grande quantidade de afecções tricológicas, por exemplo, a
investigação inicial da queixa do seu cliente deve ser bem realizada, pois faz toda a diferença no
diagnóstico final. Você também conheceu um pouco mais sobre as tricoses, como as relacionadas
com a queda de cabelos, o que é uma queixa comum e frequente para quem pretende trabalhar
com a estética capilar. No dia a dia da profissão do esteticista, você poderá ter clientes com queixas
com os fios ou com a saúde do couro cabeludo, portanto, conhecer as várias afecções tricológicas
torna-se fundamental.

68
Olá, aluno(a)! Estamos chegando ao encerramen-
to deste segundo ciclo e convido você a fazer uma
verificação crítica dos conhecimentos adquiridos,
preenchendo o Mapa de Empatia a seguir, ao
responder às seguintes questões:
O que PENSA e SENTE?
O que você pensa sobre a anamnese e a prope-
dêutica na tricologia? Como você se sente em re-
lação aos conhecimentos adquiridos neste ciclo?
Quais são seus objetivos ao estudar as doenças
tricológicas? E quais são suas preocupações?

O que OUVE?
Quais pessoas influenciam você na investigação
inicial das tricoses? O que você escuta sobre as
queixas relacionadas ao cabelo e ao couro ca-
beludo? Você é um bom ouvinte? Você acha que
saber escutar é importante?

MAPA MENTAL
O que VÊ?
Qual(is) das tricoses você já viu? Como vê as quei-
xas relacionadas ao cabelo?

O que FALA e FAZ?


O que você faz para investigar as queixas dos
seus pacientes? O que você fala sobre as trico-
ses? O que você faz para conhecer as afecções
tricológicas?

Quais são as DORES?


Qual dos conhecimentos abordados, neste ciclo,
você teve maior dificuldade em compreender?
Você tem dificuldade em se comunicar e escutar
as queixas das pessoas?

Quais são as NECESSIDADES?


O que você acha necessário para superar suas
dificuldades? O que você deseja ao conhecer as
principais tricoses?

69
MAPA MENTAL

70
1. Geralmente, as pessoas procuram o esteticista capilar para realizar algum desejo, ou se queixa de
algum aspecto relacionado ao cabelo ou ao couro cabeludo. Uma vez que existem várias doenças
tricológicas, para obtenção do diagnóstico e posterior tratamento, a avaliação é, fundamental-
mente, importante. Sendo assim, o que é necessário para a realização de uma avaliação eficaz?

2. Em tricologia, a principal queixa é queda de cabelo, a qual pode ter várias interpretações, podendo
significar, realmente, uma queda de cabelos (alopecia ou eflúvio), ou pode ser outro problema
(PEREIRA et al., 2016).
Levando em consideração os conhecimentos sobre eflúvio e alopecia, avalie as seguintes afirmativas:

I) Alopecias são distúrbios caracterizados pela perda dos cabelos,

AGORA É COM VOCÊ


É correto o que se afir-
podendo ser difusa ou focal, não cicatricial ou cicatricial.
ma em:
II) Eflúvios consistem no desprendimento dos pelos e/ou cabelos
a) II, apenas.
podendo ser anágeno ou telógeno.
b) I e II, apenas.
III) O eflúvio anágeno consiste na perda dos fios na fase anágena,
geralmente, o início é rápido e extenso. c) III e IV, apenas.

IV) O eflúvio telógeno é caracterizado pelo desprendimento au- d) I, II e III, apenas.


mentado dos fios telógenos normais. e) I, II, III e IV.

3. O cabelo apresenta um importante papel na imagem das pessoas e no seu bem-estar, sendo,
muitas vezes, venerado. Desta forma, cuidar dos cabelos e do couro cabeludo é fundamental
para a vida do homem moderno, sendo importante conhecer suas afecções as quais incluem
alterações adquiridas ou congênitas que afetam tanto, quantitativa e/ou qualitativamente, a
estrutura do fio e também o couro cabeludo (OMAR; GHIDETI, 2008).
Levando em consideração os conhecimentos sobre as doenças tricológicas, assinale a alternativa
correta.
a) As tricoses compulsivas são resultantes de comportamentos autoagressivos, facilmente diag-
nosticada, não necessita de investigação psicológica uma vez que o próprio paciente assume
sua doença, sendo a tricotilomania, a tricotemnomania e a tricofagia exemplos destas tricoses.
b) Tricorrexe nodosa é uma displasia da haste rara, que aumenta a vitalidade dos fios, devido ao
aparecimento de pseudonodosidades nos pelos.
c) A hipertricose é o excesso de pelos no corpo, onde, normalmente, não existem pelos em abun-
dância, podendo ser classificada em hipertricose generalizada, localizada e sintomática.
d) Hirsutismo é uma tricose muito comum em homens, caracterizada pela presença de pelos vel-
lus no queixo, face, abdômen inferior, ao redor dos mamilos, entre as mamas, glúteos, regiões
lombares e parte interna da coxa.
e) A pseudofoliculite, considerada uma tricose aguda, consiste na inflamação do folículo piloso, que
se manifesta em mulheres jovens em qualquer região do corpo.

71
1. Para você fazer uma avaliação eficaz, é necessário saber se comunicar e, principalmente, saber escutar o
que é falado e o que deve ser subentendido, realizar a anamnese, que é, basicamente, a entrevista que
busca relembrar todos os fatos relacionados ao paciente, tendo como principal objetivo, o diagnóstico
e a propedêutica tricológica, que levará ao diagnóstico e avaliará a intensidade e a evolução da doença.

2. E.

3. C.
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

72
BERTAIOLLI, V. et al. Hirsutismo, hipertricose e alopécia/Hirsutism, hypertrichosis and alopecia. Acta Méd.,
Porto Alegre, v. 25, p. 515-515, 2004.

BRAGA, D. Terapia capilar: manual de instruções/Denise Braga. Brasília: Editora Senac, 2014.

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73
MEU ESPAÇO

74
3 Recursos aplicados
aos cabelos e ao
couro cabeludo
Dra. Franciele Neves Moreno

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Olá, aluno(a)! Neste ciclo, desbravaremos os conhecimentos da cosmetolo-
gia, conhecendo as características dos produtos capilares, como xampus,
condicionadores, colorações e outras químicas utilizadas. Também conhe-
ceremos os ativos para tratamentos capilares, os quais são substâncias
adicionadas na formulação dos cosméticos capilares com o objetivo de
exercer suas funções, tais como de limpeza, hidratação, nutrição, fixação
de pigmentos, entre outros. Você terá oportunidade de aprender sobre as
alterações que ocorrem nos procedimentos de texturização capilar, como na
ondulação permanente, no alisamento e no relaxamento químico, além de
conhecer os principais produtos utilizados para a realização destas técnicas
e como eles atuam. Conhecerá alguns tratamentos do couro cabeludo e
como os procedimentos de massagem, drenagem linfática, argiloterapia
e esfoliação, podem ser utilizados na estética capilar. E aí, está curioso(a)
para aprender? Então, vamos lá?
UNICESUMAR

Podemos imaginar que você, como profissional, Qual seu maior desafio na hora de escolher seus
ao pegar o shampoo na prateleira, já possui o produtos para cada técnica que pretende utilizar?
hábito de ler as características químicas, analisar A cosmetologia é um ramo muito promissor,
primeiro e associá-las ao resultado que procura. destacado pelo crescimento deste setor, nos últi-
Sabemos que a cosmetologia é o ramo do conhe- mos anos. De acordo com a Euromonitor, a in-
cimento e da pesquisa aplicada que se dedica à dústria brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e
análise e à utilização dos produtos cosméticos. Cosmético (HPPC), em 2017, movimentou cerca
Ela está em busca constante de inovações e, por de US$ 32,1 bilhões em consumo, alcançando o
consequência, há vários produtos com finalida- quarto lugar no ranking mundial deste setor. Isto
des e indicação específica, sendo assim, torna- reflete a mudança no comportamento de con-
-se difícil saber qual produto é o ideal para seu sumo das pessoas, e que a população mundial,
cliente, como usá-lo e, até mesmo, os possíveis finalmente, tem reconhecido a importância deste
efeitos adversos. Mas você sabe como funcionam segmento na promoção do bem-estar e da saúde
os procedimentos que modificam a textura, a cor das pessoas. Além disso, pesquisas mostraram que
do cabelo e afetam, até mesmo, seu crescimento? a mulher brasileira gasta, anualmente, onze vezes
Sabe diferenciar os componentes das colorações mais com produtos de beleza do que as mulheres
e quais devem ser utilizadas em cada tipo de ca- inglesas, fato apresentado pela revista Stylist.
belo? Tudo isso é importante analisar e conhecer Homens também têm sido grandes consu-
para desenvolver um bom trabalho, assim como midores dos produtos cosméticos e de serviços
saber todos os processos químicos envolvidos na área estética, pois o perfil deste novo homem
para tratamento e prevenção da saúde capilar. passou a ser um grande alvo de consumo e vem
recebendo atenção especial deste setor.
Outra parcela da população que tem recebido
atenção especial do setor é grupo seniores, ou
como sugerido o novo termo “adulto+”, lem-
brando que é a parcela da população que vem
aumentando, mundialmente, por causa da maior
expectativa de vida. Portanto, este ramo oferece
um campo vasto de atuação, proporcionando o
aumento na geração de emprego e de serviços.
Você sabia que, como futuro profissional da
área, precisa estar atento a estas transforma-
ções? A indústria cosmética acompanha este
movimento e tem desenvolvido vários produtos
com finalidades específicas para cada público,
e conhecer os produtos cosméticos e os trata-
mentos pode auxiliar você na sua profissão.
Lys é uma jovem loira com 20 anos de idade,
chegou a você reclamando que, após usar deter-
minado produto, seu cabelo ficou verde e, aparen-
temente, começou a cair. Ela relatou que queria

76
UNIDADE 3

voltar a ter seus cabelos na cor natural e para isso de certos produtos ou pelo excesso de tratamentos
utilizou um produto indicado por uma amiga, co- químicos. Um dos problemas observados, princi-
nhecido como restaurador de cor, comprado em palmente no verão, na região Sul do Brasil ou em
uma loja de cosméticos e perfumaria. É possível regiões quentes, é alteração na cor dos cabelos claros,
que os problemas que a Lys relatou sejam conse- tons esverdeados, que pode ser ocasionada por ex-
quência do uso deste produto? Você conhece al- cesso de água de piscina ou por produtos químicos
gum restaurador de cor? Indicaria o seu uso? Qual inadequados. Esta alteração da cor dos fios pode ser
procedimento e/ou produtos você recomendaria causada pela deposição do chumbo na haste capilar.
a Lys? Sugiro que você responda estas questões Proponho uma reflexão sobre isso. A seguir, no
como se estivesse explicando para ela. diário de bordo, anote o que você acha sobre as pes-
É comum as pessoas seguirem recomendações soas seguirem recomendações feitas por canais não
de amigos, conhecidos, influenciadores digitais confiáveis para realizarem tratamentos ou usarem
ou, até mesmo, alguma dica da internet, que não produtos para os cabelos? Você já realizou algum
tenha respaldo científico. Estas atitudes podem tratamento caseiro recomendado por amigos, in-
ser perigosas para a saúde capilar e das pessoas, fluenciadores digitais, sites etc.? Teve algum dano
o tal do “barato que sai caro”. capilar? Como você agiria com um cliente que che-
Alguns problemas dos cabelos e do couro cabe- ga a você para tratar do cabelo/couro cabeludo
ludo podem ser ocasionados por usos inadequados com danos decorrentes de práticas inadequadas?

DIÁRIO DE BORDO

77
UNICESUMAR

De acordo com o Dicionário Online de Português (2020, on-line)¹, cosmetologia, ou cosmética, é


o ramo do conhecimento e da pesquisa aplicada que se dedica à análise e à utilização dos produtos
cosméticos. Nos cenários mundial e nacional, o mercado de cosméticos e da beleza está em uma
crescente, resultado da mudança no comportamento de consumo da população (PEREIRA, 2013).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
(ABIHPEC, 2018), em 2017, o Brasil ocupava a quarta posição no ranking mundial do setor, res-
pondendo por 6,9% do mercado mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e do Japão.
Este consumo de cosméticos no cenário nacional é facilmente observado no dia a dia, afinal, a
maioria das pessoas utiliza, no mínimo, um cosmético ao dia e não fica sem ele. Por exemplo,
pense em qual produto cosmético usou hoje? Ficaria sem ele por um longo período de tempo?
Diante deste cenário, a cosmética tem como objetivo proporcionar bem-estar e qualidade de vida.

Nos últimos anos, o mundo vem passando por mudanças, devido a diversas crises, resultando
em uma revolução no consumo mundial voltadas para a busca do bem-estar e da qualidade
de vida. Diante deste cenário, qual a importância do mercado cosmético e da beleza?

78
UNIDADE 3

Mas, quando as pessoas começaram a usar cosméticos? O uso de cosmético teve início há cerca de
30.000 anos uma vez que há indícios de que os homens pré-históricos pintavam seus corpos e se tatua-
vam (ABC, [2020], on-line)2. Mas são os egípcios os símbolos do uso de cosméticos da Antiguidade,
ao encontrar cremes, incensos e potes de azeite usados na decoração e no tratamento dos corpos, no
sarcófago de Tutankamon (1.400 a.C.) e em outras tumbas, incorporando o símbolo da beleza eterna e
também a imagem da Cleópatra (69 a.C. a 30 a.C.) se banhando com leite de cabra e de sua maquiagem
característica ((ABC, [2020], on-line)2; PEREIRA, 2013), conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 - Imagem da rainha egípcia Cleópatra e esfinge

Durante a dominação grega, os cosméticos tornaram-se ciência. Na 1. Emulsão: sistemas he-


era Romana, Claudius Galenus iniciou a era galênica dos produtos terogêneos formados
químico-farmacêuticos. Durante a Idade Moderna, teve uma cres- pela combinação de lí-
cente evolução dos cosméticos, em Paris. Mas o grande desenvol- quidos imiscíveis, que,
vimento da cosmética ocorreu nos períodos do pré e pós Segunda devido aos emulsio-
Guerra Mundial, com o emprego de tensoativos o que possibilitou a nantes ou tensoativos
fabricação de cremes contendo componentes oleosos e aquosos mais (também conhecidos
estáveis. Mas, apenas na Idade Contemporânea, teve o surgimento como surfactantes), os
da indústria cosmética (ABC, [2020], on-line)2; PEREIRA, 2013). tornam miscíveis. São
Atualmente, a pesquisa cosmética avança para descobertas de constituídos por uma
matérias-primas eficazes e com baixa irritabilidade. As bases e fase oleosa, formada
os ativos dos produtos cosméticos atuam em sinergia para obter por óleos, ceras e deri-
a ação esperada, e esses produtos devem ser, sensorialmente, vados; fase aquosa, for-
agradáveis, ter um aspecto atrativo, facilidade de aplicação, esta- mada pela água e pelos
bilidade físico-química e microbiológica e outros. Os principais componentes hidrofíli-
tipos de bases cosméticas são (PEREIRA, 2013): cos, como umectantes,

79
UNICESUMAR

polímeros hidrossolúveis, conservantes corantes, seques-


trantes e ativos hidrossolúveis; e interface, formada por
tensoativos com propriedades emulsionantes. As emulsões
podem ser classificadas, de acordo com sua viscosidade, em
leites (sem viscosidade), loções cremosas (fluidas) e cremes
(alta viscosidade), ou quanto à hidrofilia ou à lipofilia das
fases em óleo em água (O/A) (Figura 2), água em óleo
(A/O) (Figura 2), polifases (A/O/A) ou (O/A/O), emulsão
polimérica e emulsão de cristal líquido.

O/A A/O
Água Óleo

Óleo Água

Micela
Micela Invertida

Figura 2 - Emulsões O/A e A/O, evidenciando a micela e a micela invertida

2. Gel: é hidrofílico, formado por duas fases: a líquida, re-


presentada pela água, e a sólida, representada pelo agente
gelificante. São muito usados, devido a espalhar, facil-
mente, não são gordurosos e podem veicular princípios
ativos hidrossolúveis e lipossomas.
3. Gel-creme: são sistemas contendo alta porcentagem de
fase aquosa e baixo conteúdo da fase oleosa, estabilizados
por um polímero hidrofílico. Têm a vantagem sensorial
refrescante dos géis com a maciez das emulsões, além de
incorporar substâncias lipossolúveis, como filtros solares
e ativos oleosos, sem que o produto deixe na pele uma
sensação pesada e oleosa.
4. Pós: são formados pela mistura de diversas matérias-pri-
mas na forma sólida. Podem ser usados diretamente na pele
ou preparados com o uso de solventes. Eles têm vantagens,
como tamanho reduzido, prescrição precisa e maior esta-
bilidade, porém têm mais chance de deterioração.

80
UNIDADE 3

As matérias-primas usadas em produtos cosmé- dades químicas, tais como polaridade, ligações
ticos podem ter origem natural (minerais, ani- de hidrogênio, tensão superficial e solvente, são
mais e vegetais), semissintética (emulsionantes, essenciais a essas misturas. Apesar de a água ser
espessantes, antioxidantes, emolientes e outros) e considerada solvente universal, ela não é capaz
sintética (conservantes, filtros solares, ésteres, po- de dissolver o óleo, que, por sua vez, é hidrofó-
límeros sintéticos e silicones) (PEREIRA, 2013). bico e lipofílico, exemplificado pela frase “óleo
e água não se misturam” (HALAL, 2016).
Mas um componente presente nos cosméti-
cos consegue vencer este obstáculo. Sabe qual
• Cosmetologia ou cosmética é o é? O componente é o surfactante. Como ele faz
ramo do conhecimento e da pesqui- isto? O termo surfactante quer dizer agente ati-
sa aplicada que se dedica à análise e vo da superfície, eles são capazes de umedecer
à utilização dos produtos cosméticos. os cabelos e dispersar o óleo na água, por meio
• As bases e os ativos atuam em siner- da redução da tensão superficial. Existem vários
gia para obter a ação esperada. tipos de surfactantes e cada um com diferentes
• As matérias-primas usadas nos pro- características de limpeza e de condicionamento
dutos cosméticos podem ter origem do cabelo. Assim, na formulação de cosméticos,
natural, semissintética e sintética. utiliza-se uma combinação de diferentes sur-
• Os produtos cosméticos são, senso- factantes para promover os efeitos desejados
rialmetnte, agradáveis, de aspecto atra- (HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019).
tivo, fáceis de aplicar, estáveis e outros.

Como já mencionado, é fundamental conhecermos


as características dos produtos (xampu, condicio-
nador, máscara, coloração, entre outros) para, en-
tão, sabermos como usá-los e quando indicá-los.
Os cosméticos capilares são formulações
destinadas ao cuidado com os cabelos e o couro
cabeludo, podem ter como objetivo higieniza-
ção, hidratação, proteção, alteração da aparência
do cabelo ou tratamento. O que diferencia um
produto cosmético capilar de outro é o meca-
nismo de ação que está relacionado à sua for-
mulação (MATIELLO et al., 2019).
Os xampus, os condicionadores e os fixa-
dores são emulsões, contendo principalmente
água, óleo e surfactantes. Sendo a água o princi-
pal constituinte destas emulsões e suas proprie-

81
UNICESUMAR

O xampu tem como finalidade limpar o couro cabeludo, removendo células mortas do estrato
córneo, componentes do suor, excesso de sebo, resíduos cosméticos e poluição que, geralmente,
se acumulam nesta região e geram um aspecto de sujidade e oleosidade. Além disso, ele necessita
atender às necessidades específicas dos cabelos, como o pH ácido (entre 4,5 a 5,8) e, ainda, pre-
servar a regulação fisiológica do sebo, manter níveis de hidratação local e evitar a proliferação de
microrganismos prejudiciais, como bactérias e fungos (MATIELLO et al., 2019).
Antigamente, os babilônios usavam agentes saponáceos (sabão) para lavar seus cabelos, e estes
tinham função de detergente cuja formulação era baseada em gordura animal ou vegetal misturadas
a substâncias muito alcalinas. Estes sabões proporcionam uma limpeza profunda do couro cabeludo
e dos fios, porém a alcalinidade fazia as cutículas da haste capilar dilatar, tornando-as porosas, resul-
tando em cabelo opaco e sem brilho, causando muitos danos aos fios. Por isso, a indústria cosmética
criou xampus menos alcalinos, os quais causam menos danos aos cabelos, com o surgimento do
primeiro xampu não alcalino, em 1933 (HALAL, 2016; LOPES, et al., 2017; MATIELLO et al., 2019).
O mecanismo de ação dos xampus atuais está baseado na sua função principal que é de limpeza
dos cabelos e do couro cabeludo, sendo assim, seu principal ativo cosmético é o surfactante, como
agente de limpeza. O processo de limpeza dos cabelos e do couro cabeludo ocorre, basicamente,
da seguinte forma (MATIELLO et al., 2019):
1º - As moléculas de xampu carregadas com surfactantes entram em contato com os cabelos.
2º - Inicia-se a ação dos surfactantes, de reduzir a tensão superficial entre a água e a gordura, que
é potencializada com a esfregação dos fios.
3º - Levando a diminuição da aderência das moléculas de gordura e sujidade com a queratina dos cabelos.
4º - Ao enxaguar a sujidade e a gordura dos fios e do couro cabeludo são removidas em conjunto
do surfactante.

Além da água e dos surfactantes, os xampus possuem outros compostos, como desembaraçadores
antiestéticos, agentes condicionantes, quelatos, agentes perolizantes ou opacificadores, formadores de
espuma, conservantes, espessantes, fragrâncias, entre outros (HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019).

Mas, como escolher o xampu certo para cada cliente? A escolha


do xampu deve levar em consideração a condição dos cabelos e
do couro cabeludo do cliente que deve ser, previamente, avaliado.
Em geral, os cabelos são classificados em oleoso, seco, normal
ou tratados quimicamente (FRANGIE et al., 2016; MATIELLO
et al., 2019). Atualmente, há uma tendência para produtos per-
sonalizados, e algumas marcas possibilitam a combinação de
produtos com diferentes funções de acordo com a necessidade
de cada cabelo (ABIHPEC, 2018). Entre os vários xampus exis-
tentes, alguns estão descritos aqui.

82
UNIDADE 3

Xampus para cabelos secos não podem ser fureto de selênio, que controla a caspa suprimin-
agressivos nem remover, profundamente, a oleosi- do o crescimento do fungo causador da caspa.
dade uma vez que, nesses cabelos, há uma redução Devido a serem de uso diário, sua formulação é
na hidratação natural dos fios. Geralmente, usam suave e deve ser utilizado apenas com orientação
surfactantes não iônicos, que conferem suavidade médica (HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019).
às formulações. Além disso, esses xampus devem Xampus antiqueda são de tratamento, pos-
conter substâncias ativas que se depositam nos suem ativos de estimulação e restauração capi-
cabelos e permanecem mesmo após a lavagem, lar, como o D-pantenol e possuem surfactantes
proporcionando uma hidratação extra, como aniônicos mais suaves (MATIELLO et al., 2019).
proteínas hidrolisadas (MATIELLO et al., 2019). Xampus de retenção de cor ou para cabelos
Os xampus para cabelos oleosos ou xampus quimicamente tratados são mais suaves, em ge-
balanceadores devem apresentar maior concen- ral, são livres de sulfato, criados pela combinação
tração de surfactantes, e estes serem mais poten- de surfactantes com pigmentos de cor básica e
tes, tais como surfactantes aniônicos, de forma atuam prevenindo ou amenizando o desbota-
que removam a maior quantidade de oleosidade mento dos fios. Eles possuem pH ácido (entre
dos cabelos. Também podem ser adicionados 4,5 a 5,8) próximo ao pH dos cabelos (pH ba-
ativos excepcionais que acrescentam ao xampu lanceado), por isso, promovem o fechamento das
adstringência, controle da oleosidade e efeito an- cutículas e a manutenção da química (FRANGIE
timicrobiano. Esses xampus, além de removerem et al., 2016; MATIELLO et al., 2019).
o excesso de oleosidade dos fios, impedem que o Xampus infantis possuem surfactantes aniô-
cabelo resseque (MATIELLO et al., 2019). nicos extremamente suaves, como o lauril ou éter
Xampus para cabelos ressecados e danifica- sulfato, associados a surfactantes anfotéricos,
dos possuem maior quantidade de surfactan- como coco betaína (MATIELLO et al., 2019).
tes aniônicos e podem ter em sua constituição Xampus purificantes contêm um agente
compostos, como Aloe vera e óleo de argan, quelante ativo que se liga a metais (como fer-
que atuam na hidratação e na regeneração dos ro e cobre) e os remove do cabelo, bem como
fios, e, também, agentes condicionadores, como um agente equalizador que enriquece o cabelo,
proteína e biotina, que restauram a umidade e ajuda a reter a umidade e torna o cabelo mais
a elasticidade dos fios, fortalece a haste e dão maleável. Estes xampus são indicados para pré-
volume. Esses xampus têm a função de reter a -tratamentos químicos e quando há acúmulo de
umidade, tornar o cabelo mais macio, brilhante, produtos químicos nos fios (FRANGIE et al.,
maleável e não removem a cor artificial do cabe- 2016; MATIELLO et al., 2019).
lo. Também podem ser denominados de xam- Xampus a seco ou xampus em pó têm ação de
pus hidratantes ou condicionadores (FRANGIE limpeza sem usar água e sabão, o pó remove a suji-
et al., 2016; MATIELLO et al., 2019). dade e a gordura conforme passa a escova ou o pen-
Xampus anticaspas são para tratamento, con- te pelo cabelo. Indicado para uso em pessoas com
tém em sua formulação os ativos antifúngicos, estado de saúde debilitada, geralmente, em idosos.
como o cetoconazol, piritiona de zinco ou sul- (FRANGIE et al., 2016; MATIELLO et al., 2019).

83
UNICESUMAR

Devido à remoção da oleosidade natural dos cabelos pela ação dos xampus, é necessário outro
produto para devolver aos fios sua hidratação natural, o produto que faz isto é o condicionador.
Sendo assim, o condicionador tem a função de recuperar a hidratação natural dos cabelos e é
destinado à aplicação logo após a lavagem (MATIELLO et al., 2019).
Os compostos dos condicionadores têm as funções de proteção da fibra capilar, aumento do
brilho e facilitação do pentear devido ao fechamento das cutículas capilares. Os condicionadores
podem ser considerados xampus invertidos uma vez que a porção de agentes hidratantes é maior do
que a de surfactantes. Além dos hidratantes e surfactantes, eles possuem umectantes, espessantes,
fragrâncias, conservantes, entre outros (HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019).
O principal ativo dos condicionadores é o agente condicionante/hidratante, como alcoóis graxos,
silicone, umectantes, hidratantes, proteínas e derivados de proteínas, surfactantes catiônicos e outros
(HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019). Os condicionadores podem ser, basicamente, de três tipos:
condicionador com enxágue; condicionador de tratamento ou reparação, este é usado para repor
nutrientes dos fios e aplicado nos fios por mais tempo que o primeiro; e o condicionador sem enxá-
gue, que permanece nos fios até a próxima lavagem (FRANGIE et al., 2016; MATIELLO et al., 2019).
As máscaras capilares, também chamadas de agentes de tratamento de condicionamento profun-
do, têm a função de tratamento de hidratação profunda dos fios, são compostas por ativos condicio-
nantes catiônicos associados a outros agentes condicionantes. Elas têm o objetivo de complementar
os tratamentos de condicionamento dos fios. Sua composição assemelha-se ao dos condicionadores
de uso regular, porém possuem maior concentração de agentes espessantes, maior viscosidade e
são ricas em ativos condicionantes. Elas atuam nas duas camadas mais externas dos fios, selando
as cutículas, e no córtex, devolvendo nutrientes, tais como as proteínas (MATIELLO et al., 2019).

Você acha que a sequência correta do uso dos produtos deve ser: xampu–condiciona-
dor–máscara ou xampu–máscara–condicionador? A sequência recomendada é: xam-
pu–máscara–condicionador.

Em geral, os condicionadores são aplicados nos cabelos por, no mínimo 5 min, já as máscaras
levam em média 10 min. Existem máscaras com propriedade hidratante, com ativos hidratantes
que criam um filme protetor ao longo das fibras capilares, selando as cutículas; reconstrutoras
ou restauradoras, indicadas para cabelos que se encontram com alteração de composição, com
perda excessiva de queratina e com porosidade aumentada, estas devem ser à base de proteínas,
aminoácidos, silicones, óleos vegetais, entre outros; e nutritivas, indicadas para cabelos secos que
necessitam repor nutrientes e lipídios, elas contêm ativos emolientes e hidratantes que fornecem
um condicionamento profundo aos fios (MATIELLO et al., 2019).

84
UNIDADE 3

Olá, aluno(a)! Indico a você assistir aos vídeos do Alejandro Valente, cabe-
leireiro, colorimetrista capilar, hairstylist, empresário, consultor, blogger,
youtuber, professor, comunicador e empreendedor. Acesse o link é
https://www.youtube.com/channel/UCRmkU4V1Da_h0ugkDeFHqpw, em
que há vários vídeos com dicas de produtos e tratamentos capilares os
quais podem ajudar você. Acredito que gostará!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Os produtos finalizadores e fixadores têm a principal característica de não serem retirados dos
cabelos e aplicados após o uso de xampus, máscaras e condicionadores. Os principais constituintes
destes cosméticos são resinas poliméricas, surfactantes não iônicos e alcoóis. Os finalizadores têm
a função de reduzir o frizz, facilitar o penteado e alterar o volume, e os mais usados são (HALAL,
2016; MATIELLO et al., 2019):
• Mousse: promove maciez e é facilmente removível, contendo em sua composição polímeros
catiônicos solúveis em água e polímeros aniônicos. Aplicados nos cabelos úmidos ou secos,
alguns possibilitam a coloração temporária dos cabelos e/ou aumentam o volume.
• Loções: formam uma película fina sobre a haste capilar, composta por resinas poliméricas.
Geralmente, são aplicados nos cabelos úmidos antes de alguma manipulação, como escovas
e penteados. Com o objetivo de aumentar o volume, ou dar sustentação aos penteados, ou
facilitar e evitar escamar durante o pentear/escovar.
• Leave-in: tem a função de proteger os fios, formando uma película na haste capilar. Contém a
mesma formulação básica das loções, mas, em vez de terem resinas poliméricas, possuem con-
dicionadores catiônicos, também podem ter derivados de proteínas ou quaternários de amônio.

Os fixadores, como o próprio nome já diz, têm a função de fixação dos cabelos. Então, quando se
pretende modificar, temporariamente, o aspecto dos cabelos (aumentar o volume, alterar forma
e/ou posição) eles são utilizados. Os mais comuns são (HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019):
• Gel: endurece os fios na posição desejada e tem efeito molhado.
• Spray de fixação ou hair spray: fixa e dá forma, por meio de uma película seca e de difícil
remoção. Geralmente, são aplicados nos cabelos secos e após o término/durante o penteado.
Possuem compostos voláteis que promovem a secagem rápida ou instantânea. O ativo mais
utilizado é o álcool sd (álcool especialmente desnaturado).

As colorações para cabelos (tinturas) são classificadas quanto à reatividade dos princípios ativos em
colorações não oxidativas, que são as temporárias, as semipermanentes e a coloração permanente
não oxidativa (coloração metálica); e em colorações oxidativas, que são as demipermanentes e as
permanentes (Figura 3) (HALAL, 2016; FRANGIE, et al., 2016).

85
UNICESUMAR

Geralmente, as colorações não oxidativas “contêm apenas um componente, não dependendo


da mistura de revelador e/ou ativador, e não envolve reações químicas para ação e/ou formação
da cor” (OLIVEIR45A, 2018, p. 17,). Também não é necessário fazer teste de contato antes da
aplicação. Este tipo de coloração pode agir tanto por deposição quanto pela interação de corantes
estáveis. A cor dessas colorações é a mesma da embalagem e se mantém durante todo o processo,
além disso, elas não podem clarear a cor natural dos fios, tendo sua fixação restrita a um número
pré-determinado de lavagens. Nessas colorações, não se observa uma demarcação muito grande do
crescimento da raiz e existem três tipos de corantes associados a esta categoria: vegetais (Henna),
metálicos e compostos (HALAL, 2016).

Moléculas de tintura de cabelo

Cutícula
Córtex

Medula

Permanente Demipermanente Semipermanente


Cutícula e temporária

Figura 3 - Deposição nos fios dos pigmentos de coloração de cabelos

As colorações temporárias agem por deposição do pigmento na superfície dos cabelos (Figura 3),
atraídas por diferenças na polaridade. Causam apenas mudança física na haste capilar e com pouca
durabilidade da cor. As moléculas da coloração temporária são consideradas muito grandes para
permear as camadas das cutículas de um cabelo saudável, porém, em cabelos claros ou porosos,
as moléculas podem permear essas camadas, ocasionando manchas no cabelo. Estas colorações
são consideradas máscaras de cor, auxiliam na neutralização dos tons indesejados, são usadas para
uniformizar as tonalidades alcançadas após uma descoloração, restaurando a cor e o brilho dos
fios. São soluções concentradas à base de água e podem ser encontradas como cremes enxaguantes,
mousses e géis coloridos, máscaras, sprays e xampus. A maioria delas possuem pH levemente ácido
e com polaridade positiva, porém algumas têm o pH levemente alcalino, que promove a dilatação
das camadas externas da cutícula, aumentando a intensidade e a profundidade de deposição dos
corantes na haste capilar. Isto resulta em maior durabilidade da cor e resistência ao desbotamento,
porém também causa mais danos às fibras capilares (FRANGIE et al., 2016; HALAL, 2016).

86
UNIDADE 3

As colorações semipermanentes (Figura 3) são semelhantes às te todo o processo e podem se


colorações temporárias que atuam por interação e não são mistu- apresentar como cremes e
radas a outros componentes a serem aplicados, conhecidas como emulsões em gel. Elas podem
colorações diretas. A diferença entre elas consiste no tamanho de variar na entrega do resultado
suas moléculas, que, na coloração semipermanente, são menores, e em função das possibilidades
na afinidade ou nível de polaridade do produto com o cabelo cuja de redução dos percentuais de
coloração é maior comparada à coloração temporária, resultando H2O2, oferecendo durabilidade
em mais durabilidade da cor (FRANGIE et al., 2016; HALAL, 2016). demipermanente e/ou per-
A coloração permanente não oxidativa, popularmente conhe- manente. Elas requerem teste
cida como coloração metálica, não é destinada ao uso profissional. de contato de 24 à 48h antes da
São, frequentemente, comercializadas como cores progressivas aplicação (HALAL, 2016).
ou restauradores de cor, termos usados, inadequadamente, uma As colorações demiper-
vez que este tipo de coloração não tem a capacidade de restaurar a manentes (Figura 3) propi-
cor natural dos cabelos. Eles possuem, em sua composição, corante ciam cor de longa duração
natural à base de sais de chumbo, prata, cobre e níquel, que são sem o poder de clarear a cor
misturados à henna para formar corantes compostos. É conside- natural do cabelo, podem ser
rada uma coloração tóxica, e seu efeito final é um cabelo opaco usadas para cobrir os fios
e sem vida. Além disso, pode revelar reflexos e cores indesejadas brancos ou realçar a cor dos
ou inesperadas, como cor verde no cabelo, devido à deposição de pigmentos do cabelo. Essas
cobre. Seu uso contínuo pode resultar em quebra dos fios, e os colorações duram de quatro a
metais serem absorvidos pela pele, podendo levar a níveis altos no seis semanas, são menos agres-
organismo, resultando em efeitos colaterais, como dores de cabeça, sivas do que as colorações per-
dermatite, inchaço, alopecias e em casos extremos envenenamento manentes, porque promovem
devido ao chumbo (HALAL, 2016). a oxidação dos corantes entre
Esse tipo de coloração é apontado como a origem dos proble- as camadas cuticulares e com
mas graves enfrentados pelos cabeleireiros uma vez que elas são pouca interação com o córtex,
incompatíveis com os produtos utilizados nos salões. Quando se além de exercerem um baixo
percebe que a pessoa utilizou este tipo de produto, recomenda-se poder de dilatação na sua es-
o corte uma vez que a remoção é difícil e de risco. Fiquem atentos trutura externa. Essas colora-
aos termos nos produtos coloração progressiva e restauradora ções possuem uma alcalinida-
(HALAL, 2016). Provavelmente, a Lys (Estudo de Caso) teve pro- de menor do que as colorações
blemas ao usar este tipo de coloração e, aqui, você tem informações permanentes, usam agentes
que contribuem para a resolução do Estudo de Caso. alcalinizantes não amonía-
As colorações oxidativas agem por meio de uma reação quí- cos e podem ser diferentes do
mica que possui dupla função, a de formar os corantes e fixar a H2O2, como o monoetanola-
cor no cabelo. Essa coloração não se encontra pronta, ela deve ser mina, que provoca dilatações
misturada a um ativador ou revelador, conhecido como agente mais lentas e viabilizam baixos
oxidante, emulsões condicionadoras contendo peróxido de hidro- níveis de oxidação. Podem ser
gênio (H2O2), que provoca uma reação oxidativa e revela a cor da encontradas como gel, creme
coloração. Sendo assim, a cor do produto da embalagem não é a ou líquido (FRANGIE et al.,
mesma da aplicação. Em geral, essas colorações são instáveis duran- 2016; HALAL, 2016).

87
UNICESUMAR

As colorações permanentes (Figura 3) proporcionam uma cor bonita e duradoura e ainda podem
clarear a cor natural do cabelo e mudar sua tonalidade, simultaneamente, em um único processo.
São mais alcalinas que as colorações demipermanentes e misturadas a um revelador com maior
concentração de H2O2. Os níveis de dilatação das camadas cuticulares, assim como a oxidação dos
corantes, são controlados pelo pH da coloração e pelo percentual de H2O2 do revelador. Este tipo
de coloração tem sua capacidade de clareamento elevada de acordo com a concentração de H2O2
presente na solução. Lembre-se: você deve sempre seguir as recomendações do fabricante uma
vez que alterar a proporção do H2O2, também altera a concentração final do produto e poderá ter
resultados indesejados e danos ao cabelo (FRANGIE et al., 2016; HALAL, 2016).

O que diferencia um produto


cosmético capilar de outro é o
• Xampus: agentes de limpeza destinados à remoção de mecanismo de ação que está
oleosidade e sujidades que se acumulam, diariamente, relacionado à sua formulação,
nos cabelos e no couro cabeludo. mais especificamente a seus ati-
• Condicionadores: agentes destinados a recuperar a vos (MATIELLO et al., 2019). Os
hidratação natural dos cabelos, removida pelos xampus ativos para tratamentos capila-
durante a lavagem. res podem alterar características
• Máscaras: agentes destinados à hidratação pro- dos fios, como cargas eletrostá-
funda dos fios. ticas, fechamento de cutículas,
• Finalizadores: reduzir o frizz, facilita o penteado, alte- hidratar, reconstruir e fortalecer
rar o volume, entre outros. os fios de acordo com suas carac-
• Fixadores: fixar e dar forma aos cabelos. terísticas (BRAGA, 2014).
• Tinturas/colorações: modificar ou tonalizar a cor na- Os surfactantes são agentes
tural dos cabelos. ativos de superfície, usados na
formulação dos cosméticos ca-
pilares, são capazes de umede-
cer os cabelos e dispersar o óleo
HASTE CAPILAR
na água, por meio da redução
Água da tensão superficial. Isto ocor-
re porque sua molécula é anfi-
MOLÉCULA DO
SURFACTANTE
pática (Figura 4), ou seja, pos-
sui duas partes distintas, sendo
MICELA uma extremidade hidrofílica
Região (possui afinidade com água,
hidrofilica
Região dissolvendo-a) e outra lipofílica
hidrofobica (possui afinidade com óleo, dis-
SUJIDADES
solvendo-o), tornando a emul-
sificação (mistura) do óleo e da
Figura 4 - Ação de uma molécula surfactante ao limpar o cabelo água possível (HALAL, 2016;
e o couro cabeludo
MATIELLO et al., 2019).

88
UNIDADE 3

O surfactante age da seguinte forma: o seu polo hidrofílico se liga às moléculas de água e às
sujidades (moléculas hidrofílicas), excluindo as moléculas lipofílicas (gorduras/lipídios), que
se ligam à sua região lipofílica, resultando na formação de micelas que se deslocam nos fios
de cabelos, removendo a sujidade e as gorduras no enxágue (Figura 4) (HALAL, 2016; MA-
TIELLO et al., 2019). Existem vários tipos de surfactantes e podem ser classificados de acordo
com sua carga elétrica em (HALAL, 2016):
• Surfactantes aniônicos: carregados negativamente, são os mais utilizados como agentes
de limpeza secundários, são baratos, efetivos, de usos simples e facilmente removidos do
cabelo. Porém alguns são ásperos e agridem o couro cabeludo, além de deixarem os cabelos
ásperos, sem brilho e com eletricidade estática aumentada (frizz). Exemplos: lauril sulfatos,
lauril éter sulfatos, sarcosinatos e sulfosuccinatos.
• Surfactantes catiônicos: carregados positivamente, promovem os efeitos de umectação,
antiestatismo elétrico (anti-frizz) e atividade antimicrobiana. Porém tem a capacidade
limitada de remoção da oleosidade e não produz muita espuma. São utilizados em
formulações com o objetivo de uma capacidade mínima de limpeza. Exemplos: sais
de amônio quaternário.
• Surfactantes anfotéricos: carregados, positiva ou negativamente, a carga elétrica
dependerá do pH do ingrediente utilizado. Assim, têm muita versatilidade de uso e,
por serem caros e menos agressivos, são encontrados apenas em xampus de qualidade
superior e em xampus infantis. Exemplos: derivados de betaína, de sulfo betaínas e
do ácido aminopropiônico.
• Surfactantes não iônicos: não possuem carga elétrica e não têm função se aplicados, iso-
ladamente, aos fios, pois apresentam capacidade de higienização mediana, além de serem
pouco espumosos. Entretanto são empregados em quase todas as formulações de xampus
com o objetivo de reduzir a agressividade dos agentes de limpeza aniônicos, utilizando-os
de maneira conjunta. Exemplos: óxidos de amina e derivados etoxilados.

Além dos surfactantes, os xampus possuem outros produtos adicionados à sua formulação e
que também podem ser encontrados em outros cosméticos capilares, como (HALAL, 2016;
MATIELLO et al., 2019):
• Formadores de espuma aumentam a quantidade de espuma. Exemplos: aminas gordas e
os óxidos de amina.
• Agentes quelantes/sequestrantes previnem a formação de precipitação de metais, como
cálcio e magnésio, evitando a deterioração dos xampus.
• Agentes desembaraçadores antiestéticos reduzem a concentração do agente de limpeza
catiônico ao fim da lavagem, tornando o ato de pentear mais fácil e reduzindo o frizz.
• Conservantes evitam o crescimento de microrganismos no produto.
• Fragrâncias garantem um cheiro agradável ao produto.
• Agentes espessantes aumentam a viscosidade do produto, facilitando sua aplicação.
• Agentes perolizantes ou opacificadores: aumentam (perolizantes) ou reduzem (opacifica-
dores) o brilho dos cabelos sem interferir na limpeza.

89
UNICESUMAR

O principal ativo dos condicionadores é o agente condicionante, que ela remove o íon hidrogênio
que pode estar presente, também, em xampus e outros cosméticos. (H+) da água, deixando o íon
Podem ser alcoóis graxos, que são gorduras, óleos ou ceras, exem- hidroxila (OH-) livre no meio.
plos são o álcool cetílico e o estearílico; silicone, menos gorduroso Devido à amônia ser um gás,
que os óleos comuns e forma uma película sobre a haste capilar, as colorações contêm hidró-
impede a perda de água e protege os fios de danos, e como exem- xido de amônio ou amoníaco
plos: dimeticona, amodimeticona e ciclometicona; umectantes (NH4OH) e, no momento da
os quais mantêm a umidade dos fios, um exemplo é a glicerina; reação química de oxidação, a
hidratantes, compostos oleosos que previnem a perda de água amônia é liberada. Outro agente
do cabelo por meio do revestimento dos fios, como exemplos a alcalino utilizado nos clareado-
lanolina e o óleo mineral; proteínas e derivados de proteínas que res é a alcanolaminas, que subs-
selam as pontas duplas, aumentam a resistência e a elasticidade dos tituem a amônia e vêm ganhan-
cabelos e equilibram a porosidade, como exemplos temos proteí- do mercado devido a não serem
nas hidrolisadas, hidrolisados proteicos de colágeno, proteínas de voláteis e possuírem odor mais
animais e seda e outros (HALAL, 2016; MATIELLO et al., 2019). fraco. Elas são formadas pela
Nas colorações um agente oxidante comumente usado é o reação química de etoxilação do
H2O2, que pode ser entendido como uma água (H2O) contendo hidróxido de amônio com óxi-
um oxigênio extra, o qual é muito reativo e responsável pela do de eteno, e os produtos desta
capacidade de oxidar a melanina. O H2O2 concentrado não é reação são o monoetanolamina
permitido ser usado em salões, devido aos riscos à saúde e de (MEA), dietanolamina (DEA) e
acidentes graves. Por isso, utiliza-se uma solução aquosa de H2O2, trietanolamina (TEA). Apesar
sendo que o termo volume indica a porcentagem de H2O2 en- de não terem odor forte, podem
contrado na solução, como demonstrado no Quadro 1. Essas promover a mesma alcalinidade
soluções são estabilizadas por agentes acidificantes para prevenir e os danos ao cabelo causados
sua degradação prematura (HALAL, 2016). pela amônia (HALAL, 2016).
Existem duas categorias de
Quadro 1 - Porcentagem e volume do peróxido de hidrogênio (H2O2) em
soluções aquosas princípios ativos utilizados para
mudar a forma do cabelo: os
Porcentagem de H2O2 em água Volume de H2O2
tióis (tioglicolato de amônio,
3% Volume 10 TGA), nas ondulações perma-
6% Volume 20 nentes e alisamentos, e os hidró-
xidos (OH-), produtos alisantes
9% Volume 30
mais alcalinos (HALAL, 2016).
12% Volume 40* Os produtos à base de tiol
*Obs.: acima do volume 40 não é permitido o uso em salões, sendo (mercaptanos) são os agentes
que apenas químicos graduados tem permissão para o manuseio. redutores do líquido de perma-
Fonte: adaptado de Halal (2016). nente, sendo o ácido tioglicólico
(HSCH2COOH) o mais usado.
A amônia (NH3) é usada como agente alcalino em clareadores, é Estes compostos fornecem os
um álcali orgânico. É uma pequena molécula volátil com odor forte átomos de hidrogênio (H) res-
e característico, usada para aumentar o pH da solução uma vez ponsáveis pela redução que

90
UNIDADE 3

ocorre durante o processo de ondulação permanente, alisamento ou relaxamento químico. Uma vez que
o ácido tioglicólico não penetra no córtex capilar, é utilizado um álcali, o hidróxido de amônio, que juntos
formam o composto TGA e, assim, penetram no córtex, ocorrendo a reação química (HALAL, 2016).
Para alisamentos e relaxamentos químicos, os alisantes hidróxidos de metal são prontos para o
uso e não requerem ativador, sendo o íon OH- o seu princípio ativo e são incompatíveis aos tióis. Entre
dos hidróxidos de metal usados estão (HALAL, 2016):
• Hidróxido de sódio (NaOH): também é conhecido como lixívia ou soda cáustica, é um
alisante eficaz, substância altamente corrosiva, com pH maior que 12. O cabelo pode dilatar
mais de duas vezes seu diâmetro normal.
• Hidróxido de lítio (LiOH) e hidróxido de potássio (KOH): o mecanismo de ação é seme-
lhante ao NaOH.
• Hidróxido de guanidina: também tem o mesmo mecanismo de ação que os anteriores, porém
apresenta mais tolerância em contato com cabelos super processados quimicamente e agridem
menos o couro cabeludo. Estes alisantes contêm dois componentes, o creme contendo o hi-
dróxido de cálcio e um ativador líquido contendo carbonato de guanidina, que são misturados
no momento de uso, e ocorre uma reação química resultando no hidróxido de guanidina. Os
cabelos tendem a ficar mais secos devido à formação residual de carbonato de cálcio.

Alterações provocadas pelos produtos e procedimentos (ex.: ondulação permanente,


alisamento e relaxamento químico)

Acredito que a maioria das pessoas, principalmente as mulheres, já fizeram, ou pensaram em


alterar alguma característica dos seus cabelos. Não é mesmo? Mas você já pensou quais são as
alterações provocadas pelos produtos e procedimentos (ex.: ondulação permanente, alisamento
e relaxamento químico) nos cabelos? Então, que tal aprender um pouco sobre isto.

As técnicas para alterar a forma do cabe-


lo são ondulação permanente, alisamento e
relaxamento químico. O processo de ondu-
lação permanente consiste no ato de ondular
ou encrespar o cabelo naturalmente liso, já o
alisamento ou relaxamento químico tem por
objetivos reduzir o volume e/ou alisar o cabelo
naturalmente encrespado (HALAL, 2016). A
esticabilidade das α-queratinas e suas ligações
dissulfetos consistem na base destas técnicas,
consideradas processos de engenharia bioquí-
mica (NELSON; COX, 2014).

91
UNICESUMAR

Apesar dos objetivos dessas técnicas serem diferentes, são procedimentos, bioquimicamente,
semelhantes. A química dos relaxantes à base de tiol e dos permanentes é igual e, embora a quí-
mica dos alisantes à base de hidróxidos serem diferentes, todos eles mudam o formato do cabelo
rompendo as pontes dissulfeto. Sendo assim, estes procedimentos ocorrem por mudanças químicas
e físicas que acontecem no interior da fibra capilar (HALAL, 2016). Para melhor compreensão,
sugiro que você relembre o conteúdo visto no primeiro ciclo deste livro.
A ondulação permanente possui uma infinidade de variações no padrão de ondulação que é
determinado pelo diâmetro do bigudi, ou do rollers, ou bumerangues, ou de outra ferramenta.
No alisamento e no relaxamento, químico a ação mecânica pode ser realizada com auxílio de um
pente de cabo no cabelo já com o produto ou enluvando com as mãos o cabelo com o produto a
fim de puxá-lo, alinhando-o (HALAL, 2016).
Os produtos destinados à ondulação permanente são compostos pelo líquido permanente, que
consiste em uma solução alcalina que tem como função dilatar a cutícula e permitir a penetração
do princípio ativo no córtex, e o neutralizante, que neutraliza qualquer solução que tenha ficado
no cabelo e também tem a função de religar as pontes dissulfeto (HALAL, 2016).

(A) Cistina (B) Cisteína

Ligação
dissulfeto

Figura 5 - Cistina (A) e Cisteína (B)

No processo de ondulação permanente, o cabelo é, inicialmente, enrolado ao redor de uma forma e,


após, aplica-se a solução de um agente redutor à base de tiol ou sulfidril (-SH) com o calor. O agente
redutor rompe as ligações laterais (ligações transversais) pela redução de cada ligação dissulfeto em dois
resíduos de cisteína (Cys), como pode ser observado nas Figuras 5 e 6. A umidade e o calor, atuando
em conjunto, rompem as ligações de hidrogênio, resultando no desenrolamento da estrutura da cadeia
polipeptídica, ou seja, ocorre a desnaturação das fibras de queratina. Depois de determinado tempo,
remove-se a solução redutora e adiciona um agente oxidante (o neutralizante) para fazer novas liga-
ções dissulfeto entre pares de resíduos Cys de cadeias adjacentes, ocorrendo à neutralização química
(HALAL, 2016; NELSON; COX, 2014). Depois de lavado e resfriado o cabelo, as ligações polipep-
tídicas da α-queratina voltam à sua conformação helicoidal, conformação nativa. Agora, o cabelo e
as fibras do cabelo enrolam da forma desejada, como mostrado na Figura 6 (NELSON; COX, 2014).

92
UNIDADE 3

1. O Cabelo alinhado 2. O cabelo enrolado com 3. O cabelo após 4. O cabelo enrolado 5. O cabelo após o processo
(Tanto as pontes H bigudi e amaciado pela a neutralização com bigudis após a de enrolar
quanto as S estão lavagem e o líquido de (Algumas pontes H e devida secagem (As pontes originais de S
esticadas). permanente várias S reformadas). (A maioria das pontes estenderam-se na forma
de H foi reformada, de ondas).
(As pontes H e parte
assim como as S).
das S se quebraram).

+
+
+

+
+
+
+ Pontes S +
+
+ +

+
+
+ Pontes H +
+ + +
+

+
+

+ + +
+ +
+ +
+
+ + +
+ + +
+ + +

+ + +
+ + +
+ + +
+
+ +
+ + +
+ +
+ + +

+
+
+ + +
+ + +

+
+

+
+
+

+
+

+
Figura 6 - Ondulação permanente / Fonte: Halal (2016, p. 219).

O mesmo processo bioquímico descrito é usado para o alisamento ou relaxamento químico à base
de tióis, porém, em vez de enrolar, ocorre o alisamento e/ou o alinhamento do cabelo (Figura 7a).
Lembre-se de que estes procedimentos não são permanentes de fato uma vez que o cabelo cresce
e o novo cabelo terá α-queratina no padrão natural de ligações dissulfeto (NELSON; COX, 2014).

1. Cabelos virgens 2. Processamento 3. Neutralização 4. Enxágue


ondulados Ligações S reduzidas Creme neutralizante O excesso de neutralizante
Cadeias polipeptídicas (rompimento da conexão aplicado sobre os e água é removido, deixando
virgens mostrando a do dissulfeto de cistina). cabelos após o o cabelo alisado.
posição original do amaciamento e o
dissulfeto de cistina alisamento.
conectadas entre si.
Hidrogênio Oxigênio

Ligações
+ Molécula +

normais S de água +
+
+ +
+
+

+
+

Ligações +
+

+ +
cruzadas
dissulfeto de +
+ Ligações S +
cistina ou +
+ oxidades
ligações S
(pontes de A secagem forma +
+
Ligações S
+

enxofre) novamente as
+

reduzidas
+

ligações S
+

+
+

+
+

Ligações S + +
+

Ligações H +

(físicas) +
+ formadas +
+
novamente
Cadeia Cadeia A cistina é
polipeptídica polipeptídica alterada para
adjacente cisteína

Figura 7a

93
UNICESUMAR

2. O cabelo sendo 5. Cabelos alisados


3. O cabelo sendo
processado neutralizado Após o enxágue e o
4. Enxágue
1. Cabelos ondulados Todas as ligações H devido secamento a
O neutralizante fixa a O enxágue remove
Tanto as ligações H quebradas, a maioria ligação cruzada da
cadeia polipeptídica temporariamente as
quanto as S retém a das ligações S é quebrada. lantionina existentes
em uma posição reta ligações formadas
cadeia polipeptídica O manuseio e penteado entre as camadas
após o cabelo ser pelo neutralizante.
na posição. iniciam o relaxamento do polipeptídicas mantém
totalmente relaxado.
cacho (Alteração da cadeia o cabelo liso. A secagem
polipeptídica). forma novamente as
ligações físicas.
Processamento Neutralizante
do creme
Ligações S
+ +
Pontes e enxofre
(química) +
+
+ +
+
+

+
+

+
+

+ +
Ligações H
+
+ (físicas) +
+
+ Ligações S
+
originais não +
+

quebradas
+
+
+

+
+

+
Nocas ligações
+

+ +
+

+ de lantionina
+
+ novamente +
+
formadas
Cadeia Cadeia A cistina é
polipeptídica polipeptídica alterada para
adjacente cisteína
Figura 7b

Figura 7 - Alisamento à base de tiol (a) e à base de hidróxido de metal (b)


Fonte: Halal ( 2016, p. 251-252).

O mecanismo de ação dos produtos do alisamento removendo os átomos de hidrogênios próximos


e/ou relaxamento à base de hidróxido de metal di- aos átomos de enxofre. Esse rompimento é perma-
ferem um pouco. Eles são soluções alcalinas fortes nente, ou seja, as ligações dissulfeto não poderão
(pH 12), que dilatam o cabelo e os íons OH- em al- ser religadas, sendo convertidas em lantionina
tas concentrações, rompem as ligações dissulfeto, (reação de lantionização - Figura 7b).

94
UNIDADE 3

Os neutralizantes de hidróxidos neutralizam os resíduos alcalinos deixados no cabelo pelo


produto alisante, fixa a cadeia polipeptídica em uma posição reta, após o cabelo ser totalmente
relaxado, e normaliza o pH fisiológico do cabelo e do couro cabeludo, ocorrendo a neutralização
física. A secagem forma novamente as demais ligações das cadeias polipeptídicas (Halal, 2016).
Uma diferença entre o permanente e o alisamento é a viscosidade do produto, pois os produtos
de alisamento são mais espessos por possuírem mais viscosidade, e isso facilita a ação mecânica do
alinhamento. As soluções de ondulação permanente possuem baixa viscosidade para assegurar uma
saturação completa do cabelo que será enrolado em uma forma. Neste processo, a alta viscosidade
seria uma desvantagem, porque dificultaria a aplicação, o enxágue e a neutralização (HALAL, 2016).
Atualmente, existem vários efeitos destinados à redefinição dos fios que possuem a forma en-
crespada, refletindo a tendência da valorização da forma natural dos cabelos. Assim, esta tendên-
cia procura em reverter os efeitos do alisamento. Dentre os procedimentos de transição, o que se
destaca é o de texturização permanente (ondulação permanente) e temporária (HALAL, 2016).
A texturização temporária consiste em técnicas antigas de mudança da forma do cabelo, que
podem se utilizar, ou não, de fonte de calor para fixação da forma conferida com várias texturas
dos fios. A texturização sem fonte de calor consiste na modelagem do cabelo molhado e secagem
natural dos fios realizada pelas clientes, em casa, com duração aproximada de 10 à 12h, e os exem-
plos são: encaracolado com papelote, frisado com trança, twist com torcidos, cachos e caracóis
com coquinhos e frisados com grampos. A texturização com uso de calor consiste na modelagem
temporária do cabelo molhado e secagem feita usando o calor para acelerar o processo, pode ser
realizado nos salões de beleza, tem duração de 4h, e os exemplos são: os efeitos de frisado, enca-
racolado e cacheado com o uso de bigudi variados (HALAL, 2016).
Quando vou cuidar dos meus cabelos com algum profissional da área, eu amo a parte da lavagem,
pois a massagem realizada no couro cabeludo me faz relaxar. É assim com a maioria das pessoas.
Você também gosta? Agora, falaremos sobre os Tratamentos do couro cabeludo e a massagem.

95
UNICESUMAR

Para se ter um couro cabeludo saudável, é neces- uma toalha. Com o couro cabeludo seco, ativar
sário limpeza e estímulo, realizado pelas lavagens sua circulação com o eletrodo pente do apare-
e massagens. Em todos os procedimentos de tra- lho de alta frequência, por 5 a 10 minutos, após
tamentos do couro cabeludo, a massagem é um aplicar máscara de argila verde em pó misturada
procedimento realizado com frequência, ela deve com loção adstringente e antisséptica no couro
ser realizada em movimentos contínuos e uni- cabeludo, ocluir com touca plástica ou de alu-
formes que estimulam a circulação sanguínea do mínio por 20 minutos. Após lavar o cabelo com
couro cabeludo, a renovação capilar e, ao mesmo xampu para cabelos oleosos e aplicar hidratante
tempo, promoverá o relaxamento de sua cliente. nos fios, massageando-os. Se necessário, secar
Antes de realizar a massagem, deve-se avaliar o com secador (OLIVEIRA et al., 2008).
couro cabeludo, caso haja ferimentos, não é re- Este procedimento realizado nos salões de
comenda sua realização (FRANGIE et al., 2016). beleza suaviza e solta às escamações, ajudando
Em cabelo e couro cabeludo normais, a finali- no tratamento da caspa e da seborreia. Porém,
dade é mantê-los limpos e saudáveis. Em cabelo e é necessário que o tratamento continue em casa
couro cabeludo secos, o tratamento deverá recupe- com produtos anti caspas, devido à resistência
rar a hidratação natural dos mesmos, sendo assim, do fungo (FRANGIE et al., 2016).
os produtos escolhidos devem conter hidratantes e Atualmente a drenagem linfática é realizada
emolientes, e é necessário usar um vaporizador do em várias regiões do corpo, inclusive, no couro ca-
couro cabeludo. Nos tratamentos do cabelo e do beludo, ela é uma técnica bem conhecida quando
couro cabeludo oleosos, deve-se remover o excesso se trata de problemas, como retenção de líquidos
de oleosidade causada pelas glândulas sebáceas e eliminação de toxinas acumuladas nos tecidos.
hiperativas, para isso, deve-se manipular o couro Além disso, colabora com o aumento do metabo-
cabeludo massageando para aumentar a circulação lismo dos tecidos por estimular a circulação local
sanguínea em direção à superfície, todos os sebos e descongestionar a área tratada. A Drenagem
serão removidos com pressão e apertos suaves. Linfática Manual (DLM) também pode ser rea-
Para normalizar o funcionamento das glândulas lizada no couro cabeludo uma vez que é comum
sebáceas, o excesso de sebo deve ser lavado em observar processos inflamatórios e problemas
cada tratamento (FRANGIE et al., 2016). circulatórios, que podem agravar problemas de
Em pessoas com patologias tricológicas que eflúvios e alopecias (LEITE JUNIOR, 2014).
envolvem o processo de descamação por resse- A drenagem linfática no couro cabeludo pro-
camento do couro cabeludo, como manifestação move a redução da queda dos cabelos e acelera a
fúngica, ou não, devem adotar terapias que me- recuperação capilar, sendo recomendado como
lhoram a hidratação e a lubrificação, reduzindo uma terapia coadjuvante nos tratamentos dos
a sensibilidade, o prurido e a coceira (KUPLI- pacientes com eflúvios ou com alopecias. Além
CH; MATIELLO; PADILHA, 2018). de promover um relaxamento e uma sensação de
O tratamento cosmético para couro cabeludo bem-estar aos pacientes. No couro cabeludo, a
com caspa e seborreia consiste em uma suave es- DLM é semelhante à realizada nas demais regiões
foliação do couro cabeludo com xampu esfoliante do corpo, exceto pela presença de cabelos que
ou esfoliante facial. Após enxaguar bem e fazer impedem os deslizamentos realizados em outras
a desincrustação com lauril sulfato de sódio, en- áreas com pouco pelos, necessitando de peque-
xaguar novamente e secar o couro cabeludo com nas alterações na técnica (LEITE JUNIOR, 2014).

96
UNIDADE 3

A argila é usada, desde a Antiguidade, pelos ára- A verde ou montmorilonita é amplamente


bes e gregos como agente de recuperação física empregada na estética por conter magnésio,
no tratamento dos males do corpo. Atualmente, manganês, ferro, zinco, potássio, sódio, en-
ela voltou a ser muito utilizada tanto na forma de xofre e cálcio (OLIVEIRA et al., 2008). Esta
cataplasma como de máscaras. Ela tem a função argila possui ação adstringente, cicatrizante e
descongestionante, ação tensora, controle da oleo- oxigenante e é indicada para controle da oleo-
sidade e remineralizante (reposição de minerais) sidade por promover desintoxicação e regu-
da pele. É muito empregada em tratamentos faciais lar a atividade da glândula sebácea. A argila
de revitalização cutânea e de acne. Em tratamentos branca, também conhecida como caulinita, é
capilares, a argiloterapia é utilizada para tratar do uma argila primária composta de silicato de
couro cabeludo com oleosidade excessiva, caspa alumínio hidratado, resultante do processo
e seborreia (OLIVEIRA et al., 2008). de decomposição da rocha matriz pela ação
A argiloterapia capilar é utilizada uma vez da água, possui pH próximo ao da pele e tem
que a argila tem função de remover resíduos me- a função de absorver a oleosidade sem desi-
tabólicos do espaço intersticial e resíduos exter- dratar, suavizar, cicatrizar e catalisar reações
nos sobre a pele, ser remineralizante, entre outras metabólicas do organismo (LIMA; DUARTE;
funções que restabelecem as funções fisiológicas MOSER, 2011). Ela pode ser usada junto com
da pele. Juntamente com as argilas, podem ser argilas verdes ou vermelhas. A argila rosa é
adicionados óleos essenciais no combate à ação a mistura da branca com a vermelha, possui
fúngica para hidratação, reposição de nutrien- efeito anti séptico, adstringente, cicatrizante e
tes, diminuição da irritação, prurido e edema. suavizante, é recomendada para reduzir a oleo-
Ela também pode ser misturada em géis ou lo- sidade, esfoliar, renovar e fortalecer o couro
ções. As argilas verde, branca e a rosa são as mais cabeludo (LIMA; DUARTE; MOSER, 2011).
utilizadas na estética capilar (LIMA; DUARTE;
MOSER, 2011; OLIVEIRA et al., 2008).

97
UNICESUMAR

O processo de esfoliação consiste na abrasão da de caspas, seborreias, ou para promover a reno-


epiderme com a finalidade de afinar a capa córnea vação celular e a circulação sanguínea no couro
e remover células mortas, preparando a pele para os cabeludo. Para o procedimento de esfoliação do
diversos tratamentos estéticos. Existem três tipos de couro cabeludo, são, frequentemente, utilizados
esfoliação, a esfoliação física, a qual utiliza grânulos os xampus esfoliantes, argilas e outros. A esfolia-
sintéticos/vegetais adicionados a cremes, géis ou go- ção do couro cabeludo também é recomendada
mas, realizando movimentos circulares ascendentes no tratamento de alopecias uma vez que esse
e removendo o excesso com a toalha ou no banho; procedimento promove aumento da absorção
esfoliação mecânica, realizada por aparelhos de mi- de nutrientes e oxigenação tecidual, o que favo-
crodermoabrasão, respeitando o nível de abrasão rece o crescimento dos fios. Antes de realizar a
superficial; e esfoliação química, feita com ácidos que esfoliação deve-se avaliar o couro cabeludo do
promovem o afinamento da pele (OLIVEIRA, 2008): seu cliente uma vez que não é recomendado este
Na terapia capilar, a esfoliação é comumente procedimento se houver lesões, dermatites, infec-
utilizada para controle de oleosidade, tratamento ções e alergias (OLIVEIRA et al., 2008).

Embora você vá aplicar seu conhecimento recém- Com esta prática e, ao chegar ao fim do Ciclo
-adquirido de diversas formas, proporei uma ação 3, você percebe que poderá usar e indicar os pro-
para que possa exercitar o que aprendeu. Uma jo- dutos cosméticos capilares com mais segurança
vem mulher foi até você querendo uma recomen- e assertividade uma vez que, agora, tem mais
dação de xampus e condicionadores para seu uso conhecimento sobre seus efeitos, suas indicações
cotidiano, e ela possui cabelos lisos, de cor natural e suas contraindicações. Além disso, você conhe-
castanhos com luzes claras e tendência a serem ceu algumas técnicas bem como os produtos e os
oleosos. Considerando o que você já aprendeu nesta ativos mais indicados para a realização das mes-
disciplina sobre os cabelos, couro cabeludo e produ- mas, isto permite que você tenha mais domínio
tos capilares (xampus, condicionadores, máscaras no exercício da sua profissão ao compreender
etc.), qual tipo de produtos para os cuidados diários mais a fundo o que pode ser realizado no cabelo
com os cabelos você recomendaria a esta cliente? e no couro cabeludo.

98
Olá, aluno(a)! Estamos chegando ao encerramento deste terceiro ciclo, e convido você a fazer uma verificação dos conhecimentos que
você adquiriu, preenchendo o Mapa Mental a seguir, acessando
https://www.goconqr.com/en-US/mindmap/23440034/Est-tica-capilar-e-tricologia-Ciclo-3
Você também pode criar mais conexões ou um novo mapa mental.

99
MAPA MENTAL
1. A cosmetologia é o ramo do conhecimento e da pesquisa aplicada, que se dedica à análise e à utili-
zação dos produtos cosméticos os quais contêm bases e ativos que atuam em sinergia para obter
a ação esperada. Os produtos cosméticos devem ser, sensorialmente, agradáveis, ter um aspecto
atrativo, facilidade de aplicação, estabilidade físico-química, microbiológica e outros (PEREIRA, 2013).
Levando em consideração os conhecimentos sobre bases e ativos dos produtos cosméticos,
assinale a alternativa correta.
a) As emulsões são ativos formados pela combinação de líquidos imiscíveis e constituídos por uma
fase oleosa, uma fase aquosa e uma interface.
b) O gel é um tipo de base hidrofílica, formado por duas fases (água/óleo e óleo/água).
c) O surfactante é o ativo capaz de umedecer os cabelos e dispersar o óleo na água, por meio da
AGORA É COM VOCÊ

redução da tensão superficial.


d) O principal agente ativo condicionante presente nos condicionadores e xampus é o surfactante,
responsável por hidratar os cabelos.
e) Os mercaptanos são agentes oxidantes utilizados nas técnicas de ondulação permanente, no
alisamento e nascolorações oxidativas.

2. Os cosméticos capilares são formulações destinadas ao cuidado com os cabelos e o couro ca-
beludo, podem ter como objetivo higienização, hidratação, proteção, alteração da aparência do
cabelo ou tratamento. O que difere um produto cosmético capilar de outro é o mecanismo de
ação que está relacionado à sua formulação (MATIELLO et al., 2019).
Levando em consideração os conhecimentos sobre cosméticos capilares, avalie as seguintes afirmativas:
I) Os xampus são agentes de limpeza destinados à remoção de oleosidade e sujidades que se acu-
mulam, diariamente, nos cabelos e no couro cabeludo. Já os condicionadores são agentes desti-
nados a recuperar a hidratação natural dos cabelos, removida pelos xampus durante a lavagem.
II) As máscaras capilares têm a função de tratamento de hidratação profunda dos fios, atuando
nas camadas mais externas dos fios, selando as cutículas, e no córtex, devolvendo os nutrientes.
III) Os finalizadores têm a função de reduzir o frizz, facilitar o penteado e alterar o volume. E os
fixadores têm a função de fixar e dar forma aos cabelos.
IV) As colorações ou tinturas são produtos destinados a alterar a cor do cabelo, podendo ser
coloração não oxidativa ou oxidativa.

É correto o que se afirma em:


a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

100
3. As técnicas para alterar a forma do cabelo são ondulação permanente, que consiste no ato de
ondular ou encrespar o cabelo naturalmente liso, alisamento ou relaxamento químico que tem
por objetivos reduzir o volume e/ou alisar o cabelo naturalmente encrespado (HALAL, 2016).
Apesar de os objetivos destas técnicas serem diferentes, são procedimentos, bioquimicamente,
semelhantes. Assim, descreva, sucintamente, o processo bioquímico que ocorre nas fibras capi-
lares ao utilizar os produtos à base de tióis nas técnicas mencionadas.

4. Atualmente, existe uma variedade de produtos cosméticos e procedimentos destinados aos


cuidados dos cabelos e do couro cabeludo. Levando em consideração os conhecimentos sobre
estes procedimentos, responda qual é a alternativa incorreta.

AGORA É COM VOCÊ


a) A massagem deve ser realizada em movimentos contínuos e uniformes que estimulam a circu-
lação sanguínea do couro cabeludo e a renovação capilar.
b) A drenagem linfática manual no couro cabeludo promove a redução da queda dos cabelos e
acelera a recuperação capilar.
c) Em tratamentos capilares, utiliza-se argila para tratar o couro cabeludo com excesso de oleosi-
dade, caspa e seborreia.
d) Existem vários efeitos destinados à redefinição dos fios, refletindo a tendência da valorização
da forma natural dos cabelos, e dentre os procedimentos de transição que se destaca é o ali-
samento permanente.
e) A esfoliação capilar é utilizada para controle de oleosidade, tratamento de caspas e seborreias,
renovação celular e circulação sanguínea no couro cabeludo.

101
1. C.

2. E.

3. A química dos relaxantes à base de tiol e dos permanentes é igual e mudam o formato do cabelo, rompen-
do as pontes dissulfeto. O processo bioquímico que ocorre durante a realização destas técnicas à base do
tiol é o seguinte: uma solução de um agente redutor à base de tiol ou sulfidril (-SH) é aplicada com o calor.
O agente redutor rompe as ligações laterais pela redução de cada ligação dissulfeto em dois resíduos de
cisteína (Cys). O calor úmido quebra as ligações de hidrogênio e causa o desenrolamento da estrutura da
cadeia polipeptídica. Depois de um tempo, a solução redutora é removida, e o neutralizante é adicionado
para fazer novas ligações dissulfeto entre pares de resíduos Cys de cadeias adjacentes, ocorrendo a neu-
tralização química. Depois de lavado e resfriado, as ligações polipeptídicas da α-queratina voltam à sua
CONFIRA SUAS RESPOSTAS

conformação helicoidal. Agora, as fibras do cabelo ficam na forma desejada, enrolado ou liso.

4. D.

102
ABIHPEC. Caderno de tendências 2019 – 2020: higiene pessoal, perfumaria e cosmético. ABIHPEC/
SEBRAE. 2018. Disponível em: https://abihpec.org.br/publicacao/caderno-de-tendencias-2019-2020/. Acesso
em: 14 out. 2020.

BRAGA, D. Terapia capilar: manual de instruções. Brasília: Editora Senac, 2014.

FRANGIE, C. M. et al. Milady® Cosmetologia: Ciências gerais, da pele e das unhas. São Paulo: Cengage Lear-
ning, 2016.

HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

KUPLICH, M. M. D.; MATIELLO A. A.; PADILHA, A. M. Recursos estéticos e cosméticos capilares. Porto
Alegre: SAGAH, 2018.

LEITE JÚNIOR, A. C. Drenagem Linfática Manual no tratamento da Queda Capilar. O Tricologista. 2014.
Disponível em: https://blogtricologiamedica.blogspot.com/2014/06/drenagem-linfatica-manual-no-tratamento.
html. Acesso em: 14 out. 2020.

LIMA, J. R.; DUARTE, R.; MOSER, D. K. A argiloterapia: uma nova alternativa para tratamentos contra sebor-
reia, dermatite seborreica e caspa. Santa Catarina: Univali, 2011. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/
Jaqueline%20Rosa%20de%20Limas%20e%20Rosimeri%20Duarte.pdf. Acesso em: 14 out. 2020.

LOPES, F. M. et al. Introdução e Fundamentos da Estética e Cosmética. Porto Alegre: SAGAH, 2017.

MATIELLO, A. A. et al. Cosmetologia aplicada II. Porto Alegre: SAGAH, 2019.

NELSON, D. L.; COX, M. C. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, A. C. C. Cosmetologia aplicada nas disfunções estéticas. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S. A., 2018.

OLIVEIRA, A. L. et al. Curso didático de estética. Vol. 2. São Caetano do Sul: Yendis Editora Ltda., 2008.

PEREIRA, M. L. F. Cosmetologia. 1. ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013.

Referências online
1
Em: https://www.dicio.com.br/cosmetologia/. Acesso em: 14 out. 2020.
2
Em: https://www.cosmetologiabrasil.com/sobre. Acesso em: 14 out. 2020.

103
MEU ESPAÇO

104
4 Cuidados na
Estética Capilar
Dra. Franciele Neves Moreno

OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Olá, aluno(a)! Neste ciclo, você terá a oportunidade de aprender sobre os
protocolos de tratamentos e as principais técnicas de hidratação, reconstru-
ção capilar, como a queratinização, cauterização, botox capilar e selagem,
bem como diferenciá-las. Também entenderá a nutrição na estética capilar.
Conhecerá, também, a aplicação das técnicas de laser de baixa frequência,
alta frequência, corrente galvânica, desincruste, iontoforese, vapor de ozô-
nio, vacuoterapia e microagulhamento na estética capilar. Como você pode
observar, este último ciclo é para fechar a disciplina com chave de ouro
uma vez que serão abordadas técnicas com que você, futuro profissional
da área, poderá trabalhar. Então, vamos lá?!
UNICESUMAR

Cuidar dos cabelos parece algo, relativamente, fácil. Talvez um cabelo curto dê a ideia de que os cuida-
dos serão menos frequentes ou mais simples, e um longo exige ações mais complexas para se manter
saudável. Mas a verdade é que os cuidados com o cabelo vão além do comprimento dele. Por exemplo:
você sabe diferenciar hidratação, queratinização, cauterização, selagem e botox capilar, ou para você é
tudo igual, só muda o nome? Já realizou alguma destas técnicas?
Observamos que o mais comum é que as pessoas utilizem vários produtos, vários tratamentos de
hidratação ou reconstrução capilar, com o intuito de ficarem com os cabelos saudáveis e, esteticamente,
bonitos. Afinal, atualmente, tanto para as mulheres quanto para os homens cuidar da aparência e do
cabelo é primordial uma vez que ele é a moldura do nosso rosto.
Mas, em meio a tantas inovações no mundo da estética capilar, é necessário buscar sempre o auxílio
de algum profissional da área que esteja atualizado e conhece a respeito destes produtos e procedi-
mentos, a ponto de definir o protocolo ideal de acordo com as características e desejos do seu cliente.
Futuramente, esse profissional será você. Então, para reunir os conhecimentos necessários para isso,
pense se você mesmo já realizou algum protocolo de tratamento ou de terapia capilar. Agora, respon-
da: saberia diferenciá-los, apropriadamente? Acha necessário que os protocolos de tratamento ou de
terapia capilar devam ser personalizados/individualizados?
Desde o início deste livro, evidenciamos o quanto o pelo é importante na vida das pessoas, principal-
mente o que fica na região da cabeça, ou seja, os cabelos. Mas você sabia que o mercado de cosmético e
de tratamento capilares investe nesta área e está sempre em crescimento? Nessa área, anualmente, são
lançadas inovações que atendam o desejo e/ou a necessidade das pessoas. Um dos desafios da área e
um obstáculo encontrado pelos profissionais da estética capilar é a falta de tempo das pessoas, pois elas
querem seus cabelos maravilhosos, mas que seja realizado o protocolo de tratamento em apenas um
procedimento. Ou seja, querem limpar, hidratar, controlar a oleosidade, descamação, queda capilar, pontas
duplas, opacidade etc. em um único procedimento. Mas será que isso é possível? Bom, ainda não, pois a
maioria dos protocolos de tratamentos ou de terapia capilar necessitam de tempo, dedicação, e ainda não

106
UNIDADE 4

temos um produto milagroso. Porém os protocolos Você percebeu, em nossa conversa, que as
e os produtos buscam soluções para minimizar este pessoas almejam cuidar dos seus cabelos, mas,
problema. Afinal, quem não gosta de ser tratado ao mesmo tempo, querem que isto não atrapalhe
com exclusividade e que se preocupem com seu de- sua rotina, ou ocupe muito seu tempo. As pessoas
sejo, sua necessidade e sua limitação, não é mesmo? buscam alternativas que são práticas, eficazes e,
Pensando sobre o que conversamos anterior- de preferência, personalizada. Neste momento, o
mente, proponho a você, estudante, um pequeno bom esteticista capilar pode propor protocolos
exercício se imaginando como um profissional da que atendam a estes requisitos uma vez que ele
área. Imagine que chegue a você Ana, uma mulher terá um conhecimento aprofundado sobre as ca-
jovem de 33 anos de idade, cabelos ondulados, cas- racterísticas biológicas dos fios, sobre as afecções/
tanhos e com luzes douradas. Ela chega dizendo doenças tricológicas e sobre os diversos cosmé-
que quer cuidar dos cabelos, por perceber que estão ticos e procedimentos capilares, como e quando
ressecados, com frizz, com aumento de queda capilar usá-los. Proponho uma reflexão sobre isso. A se-
e diz que não sabe o que pode usar uma vez que está guir, no Diário de Bordo, anote qual a diferença,
grávida de quatro meses. Pegue papel, caneta e tente para você, que existe entre os protocolos de tra-
montar um protocolo de tratamento ou de terapia tamentos e os de terapias capilares? E, por fim,
capilar para Ana, incluindo produtos e procedimen- quando você acha necessário indicar hidratação,
tos que você conheceu durante esta disciplina. reconstrução e nutrição capilar?

DIÁRIO DE BORDO

107
UNICESUMAR

Geralmente, as pessoas têm a necessidade de serem aceitas em seu ciclo social, ou seja, entre seus
amigos, familiares e também em seu ambiente profissional. Para isso, cuidar da sua aparência tornou-
-se rotina. Antigamente, era muito bem realizado pelas mulheres apenas, e, atualmente, é realizado
também pelos homens, que estão mais preocupados com isso e se cuidando mais. Portanto, agora,
tanto para as mulheres quanto para os homens, sua aparência tem papel de destaque em sua vida
(TALHATE, 2018), como podemos observar no nosso cotidiano e na imagem representativa (figura
1) de um dia casual entre amigos, podemos observar que eles cuidam de sua aparência, cada um
com sua particularidade de modo a serem aceitos entre eles.

Figura 1- Ciclo social

Como mencionado, o cabelo é muito importante dem de diferentes formas à ação de produtos ou
na vida das pessoas, e não é por menos, uma vez procedimentos. Então, agora que você já estudou
que ele é a moldura do nosso rosto. Então, cuidar os conceitos básicos da tricologia, bem como as
da aparência também é cuidar dos cabelos. Por principais patologias e os cosméticos capilares,
isso, frequentemente, as pessoas buscam profissio- têm uma base de conhecimentos adequada para
nais da área para lhe ajudar a cuidar dos cabelos, definir o melhor protocolo aos clientes.
adequadamente. Neste momento, entra a atuação
do esteticista capilar para elaborar um protocolo
de tratamento adequado e individualizado.
Como você deve recordar, para elaborar um O esteticista deve saber interferir quando
protocolo de tratamento ideal a seu cliente, deve necessário, cuidando da beleza, da harmo-
ser realizada uma boa anamnese (abordada no nia e da essência do seu cliente. Às vezes,
Ciclo 2), assim, você terá uma avaliação mais o que seu cliente deseja não é o melhor
precisa do que seu cliente deseja e necessita. O a ele, neste momento, entra o esteticista
protocolo deve ser individualizado uma vez que para ajudar você a fazer a escolha certa.
as pessoas têm características únicas e que respon-

108
UNIDADE 4

O sucesso do protocolo capilar não depende apenas do esteticista, na maioria das vezes, requer a participação
ativa do cliente, como nos cuidados básicos/diários com seus cabelos (Figura 2). No entanto a maioria dos
protocolos se esbarram em um problema da atualidade, a falta de tempo, assim, as pessoas querem procedi-
mentos e tratamentos rápidos e eficientes, ou seja, que se realizem todos de uma só vez (TALHATE, 2018).

Figura 2 - Cuidados diários com os cabelos (ID)

Neste momento, lembrei-me dos Antes Depois


contos de fadas e desejei ter uma
varinha mágica para que, com
um simples toque, me tornasse
uma diva, com cabelos impecá-
veis. Acredito que muitas pes-
soas desejam ficar perfeitas a um
simples toque de mágica (Figura
3), esquecendo que a realidade
não é assim (Figura 2). E você já
quis ter uma varinha mágica? O
que gostaria de mudar com um
simples toque de mágica? Figura 3 - Diva a apenas um toque de mágica

109
UNICESUMAR

Uma das propostas para contornar este problema é a elaboração de protocolos personalizados e individualiza-
dos, atendendo à necessidade capilar individual e também se adequar à rotina do seu cliente. Desta forma, ele
se sentirá importante e envolvido na execução dos procedimentos e, assim, a obtenção do resultado desejado
e sua satisfação são mais garantidos. Os protocolos capilares podem ser classificados em (TALHATE, 2018):
• Protocolos para tratamento capilar: estes têm como objetivo tratar um problema pontual
relacionado ao couro cabeludo ou à haste capilar, tais como falta de brilho, quebra capilar, perda
de massa do fio, oleosidade excessiva, entre outros.
• Protocolos para terapia capilar: já estes têm como objetivo tratar a causa do problema, por
exemplo, se há queda capilar, investiga-se o quesito nutricional, hormonal, se o cliente passou
por algum momento estressante, ou realizou algum tratamento químico, entre outros. Após, o
protocolo é elaborado contemplando o que descobriu.

Existem vários protocolos para tratar as patologias capilares, portanto, como já mencionado neste livro,
a anamnese detalhada é, fundamentalmente, importante para investigar as causas do problema relatado
e definir os possíveis tratamentos. No Ciclo 2, também foi mencionado que saber dialogar e ouvir é
muito importante, deve-se, então, relatar, claramente, ao cliente o que descobriu e dizer que ele deverá
se dedicar ao tratamento para a obtenção do resultado. Lembre-se de que os protocolos devem ser
personalizados ou individualizados e, preferencialmente, definidos junto ao cliente (TALHATE, 2018).
Você pode inserir aos protocolos a utilização de vários produtos, como xampus, máscaras, con-
dicionadores, entre outros para os cuidados de rotina e de tratamento. Também poderá sugerir a
utilização de produtos de limpeza profunda, como argilas, fazendo uso da argiloterapia e/ou sugerir
procedimentos, como queratinização, cauterização, eletroterapia, entre outros, de acordo com o objetivo
final do tratamento, e, ainda, acrescentar colorações e/ou texturização para o aspecto belo (estética)
do cabelo e que contribua com o desejo do seu cliente.

110
UNIDADE 4

Você percebe como o conhecimento sobre as características biológicas dos cabelos e do couro cabeludo
bem como das patologias e das disfunções capilares, dos cosméticos e dos procedimentos capilares
são úteis no exercício da sua futura profissão? Agora que você já sabe a respeito disso tudo e dos pro-
tocolos de tratamento e de terapia capilar, convido a conhecer outras técnicas e outros procedimentos
utilizados na estética capilar, iniciando com a hidratação, algo, muitas vezes, tratado como corriqueiro,
porém, é muito importante para a saúde dos cabelos.
A hidratação capilar tem a função principal de repor moléculas de água aos fios, ou seja, hidratar os
fios. Entretanto a reposição efetiva de água no interior dos fios bem como da pele ocorre pela ingestão
de água. Os produtos hidratantes, umectantes, reestruturantes e acidificantes agem impedindo que a
água saia dos cabelos, que ocorra a desidratação capilar. Geralmente, quando o cabelo fica desidra-
tado, ele tem o aspecto sem brilho, levemente armado, ressecado, embaraçado, quebradiço e inchado
(BRAGA, 2014; TALHATE, 2018). A hidratação dos cabelos desidratados tem por objetivo devolver
aos fios a maciez, a maleabilidade e a suavidade (FRANGIE et al., 2016).

Estrutura
Córtex interna
danificada

Medula

Cutícula

Cabelo saudável Cutícula aberta Cutícula aberta


porosa e danificada
Figura 4 - Estrutura interna do cabelo saudável e danificado

A aparência saudável dos fios está relacionada ao estado


das cutículas e às condições do córtex (Figura 4), sendo
assim, os produtos para hidratação capilar, agem selando as
cutículas e protegendo o córtex capilar (Figura 5), com isso,
a água fica retida em seu interior (FRANGIE et al., 2016).
Uma forma de hidratar os fios é utilizar as másca-
ras capilares que têm a função de condicionar, hidratar e
melhorar a retenção hídrica dos fios, protegendo-os dos
fatores externos. Elas atuam, principalmente, nas camadas
externas dos cabelos. Os principais componentes destas
máscaras agem formando uma película protetora e oclu-
siva dos cabelos, assim, a água fica retida nos fios. Outros
componentes importantes são os regeneradores da estru-
tura interna dos cabelos, os quais têm a função de reduzir Figura 5 - Representação ilustrativa dos produtos de
o impacto da lesão sobre os fios (FRANGIE et al., 2016). hidratação selando as cutículas

111
UNICESUMAR

As máscaras e os condicionadores possuem, basicamente, a mesma formulação, diferindo, principal-


mente, em sua consistência e na concentração de seus compostos ativos. Quando se utiliza máscaras,
você tem a possibilidade de acrescentar ampolas ou cápsulas contendo princípios ativos diferenciados,
tais como lipídios, vitaminas e proteínas (CHILANTE; VASCONCELOS; SILVA, [2020]).

Cápsulas adicionadas às máscaras são:


• de lipídios: contêm óleos de Buriti, Apricot, Pequi, com ação antioxidante, hidratante e
emoliente e agem formando um filme oclusivo nos fios, evitando a desidratação; e de
óleo de Copaíba, tem ação emoliente, antiinflamatória, antimicrobiana e realça o brilho
dos cabelos.
• de vitaminas: contêm vitamina A, que tem ação de nutrir o bulbo capilar, ativar os me-
lanócitos, auxiliar o crescimento e a atividade das células epiteliais, melhorar a elastici-
dade dos fios, controlar a produção sebácea e a renovação celular; vitamina E, com ação
antioxidante, umectante, protege as proteínas e os lipídios dos cabelos, aumenta a força
e a tensão dos fios, fortalece a membrana celular e atua na prevenção das alopecias; e
vitamina F, atuando como hidratante e emoliente.
• de proteínas: contêm fibras de seda, creatina e aminoácidos, que agem na reconstrução
capilar, por recuperar os danos das hastes dos cabelos e, assim, devolve o brilho, a maciez,
a resistência e a elasticidade aos fios.

A frequência de aplicação das máscaras depende de cada tipo de cabelo, em geral, em cabelos secos re-
comenda-se que a aplicação seja semanal, e em cabelos menos secos podem ser aplicadas a cada 15 a 30
dias, sempre levando em consideração as características individuais do cliente (FRANGIE et al., 2016).

Você sabe a diferença entre cabelos secos e cabelos ressecados? Cabelos secos são aqueles
em que, fisiologicamente, as glândulas sebáceas produzem uma quantidade menor de sebo.
Já os cabelos ressecados apresentam características, como opacidade e aspereza decorrente
de fatores externos.

112
UNIDADE 4

Muitas vezes, as pessoas pro-


curam um esteticista capilar
ou outro profissional da área
querendo fazer a reconstru-
ção capilar (Figura 6) e che-
gam dizendo que a querem por
meio da queratinização ou da
cauterização, ou por meio de
selagem, ou ainda por botox.
Mas será que estes tratamentos
têm a função de reconstrução
capilar? Existe diferença entre
estes procedimentos? Será que
todos têm a mesma função? Ou
possuem apenas nomes dife-
rentes para vender determina-
do produto ou procedimento
com diferentes preços? Figura 6 - Cabelo com texturização química e reconstituído

São muitas questões relacio-


nadas a esses procedimentos, e
como cuidar dos cabelos está tituição química capilar, como queratina, lipídios, vitaminas e
em alta, todos os querem lindos aminoácidos. Muitas vezes, são denominados por queratinização,
e sedosos utilizando o melhor cauterização, plástica de fios, nanoqueratinização, cristalização,
produto e procedimento que, no reposição de massa e botox capilar (FRANGIE et al., 2016). Você
caso, será o que agrida menos os sabe quais cabelos necessitam ser reconstruídos? Em geral, são
fios e que alcance seu objetivo os cabelos frágeis, quebradiços e sem elasticidade. E os principais
em menor tempo e custo. Dian- ativos encontrados nos cosméticos de reconstrução capilar são,
te de tantas inovações, muitas segundo Frangie et al. (2016):
vezes, isto se torna difícil para • queratina: usada para reparar danos na cutícula, fornecer
o profissional, e, no intuito de aminoácidos e auxiliar na hidratação. Uma vez que ela pe-
lhe ajudar, conheceremos um netra a cutícula e, assim, consegue restaurar o brilho, o con-
pouco sobre as técnicas men- dicionamento, a hidratação e a restauração dos fios.
cionadas anteriormente. • silicone: liga-se facilmente aos fios tanto secos quanto úmi-
Na reconstrução capilar, os dos, melhora a penteabilidade, proporciona maciez, condi-
cosméticos têm como objetivo cionamento e brilho aos cabelos.
tratar os cabelos, repondo ati- • e os óleos vegetais: responsáveis em repor lipídios e têm
vos semelhantes aos da cons- ação emoliente.

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UNICESUMAR

A queratinização, muitas vezes, é chamada de re- A cauterização, quando feita corretamente, po-
construção capilar, e não é por menos, uma vez que tencializa a hidratação e a reconstrução capilar. Ela
este procedimento tem como finalidade reconstruir reconstrói a camada mais externa dos fios e ajuda a fe-
as fibras dos cabelos por doses de queratina a frio, ou char as cutículas, selando os nutrientes em seu interior
seja, sem passar ferro quente, a famosa chapinha ou (TALHATE, 2018). Ela é recomendada por alguns
prancha. Além de reconstruir, ela também hidrata, profissionais quando o cabelo precisa de tratamento
deixa os cabelos sedosos e devolve os brilhos aos fios. mais profundo uma vez que altas temperaturas abrem
Este procedimento é recomendado após tratamentos as cutículas, facilitando a entrada destes nutrientes
químicos e quando os cabelos estiverem quebradiços (MARTINS, 2009, on-line)1. Mas, para outros, a caute-
e opacos. É uma técnica que, de acordo com alguns rização não é uma boa escolha como tratamento uma
profissionais, é o avanço da cauterização (MARTINS, vez que o calor pode deixar os cabelos mais porosos
2009, on-line)1. E qual a diferença entre elas? e ásperos, além disso, se não fizer a técnica, correta-
mente, você ainda poderá agredir mais os fios, como
queimá-los (VALENTE, 2017, on-line)3.
Sendo assim, apesar dos benefícios da cauteri-
zação, deve-se tomar cuidado ao indicá-la, devido
aos problemas mencionados anteriormente, moti-
vo também para ela não ser indicada para cabelos
que sofreram corte químico. Além disso, em alguns
casos, ela pode aumentar a oleosidade dos cabelos
(AGUIAR, 2020, on-line)2. A utilização de quanti-
dades elevadas de queratina pode resultar em danos
aos fios, portanto, deve-se tomar cuidado ao reco-
mendar o uso, dando intervalo de, no mínimo, um
mês entre as aplicações (MARTINS, 2009, on-line)1.
Também foi observado que a cauterização aplicada
em cabelos saudáveis e sem tratamentos químicos
pode provocar um efeito rebote, tornando-os mais
frágeis e quebradiços (AGUIAR, 2020, on-line)2.

A cauterização, ou plástica de fios, também usa


doses de queratina, porém à quente, ou seja, ne-
cessita selar com um ferro quente, prancha ou Ao pensarmos nos protocolos de trata-
chapinha. Na cauterização, também é possível mentos capilares, devemos considerar os
usar outros nutrientes além da queratina. Este fatores hormonais e emocionais, princi-
procedimento age do córtex à cutícula e tem como palmente em mulheres que passam por
objetivo repor massa capilar e selar as cutículas, oscilações hormonais e apresentam qua-
desta forma, reduz a eletricidade estática (frizz), dros agudos de queda capilar, observa-
devolve a elasticidade dos fios e elimina as pontas do, por exemplo, durante uma gestação
duplas (AGUIAR, 2020, on-line)2. (como no Estudo de Caso) ou lactação.

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UNIDADE 4

Outra técnica utilizada com intuito inicial de reconstrução capilar é o Botox capilar. Apesar de este
procedimento receber tal nome, não utiliza o mesmo princípio ativo do Botox, utilizado nos trata-
mentos antirrugas ou de preenchimento, a toxina botulínica (proveniente do Clostridium botulinum).
Esta técnica nos cabelos tem como objetivo a renovação capilar e corrigir danos da haste, por meio
da hidratação e da selagem dos fios. Com isso, ela tende a recuperar o brilho, reduzir a eletricidade
estática (frizz) e acabar com as pontas duplas (TUA SAÚDE, 2020, on-line)4.
O Botox capilar não tem como objetivo alterar a forma do cabelo, não possuindo em sua composição
produtos à base de formol ou outros químicos alisantes. O que ocorre é a redução do volume e do frizz,
dando um aspecto de cabelos mais lisos (CANDIDO, 2019, on-line)5. E, apesar de algumas marcas de
cosméticos fornecerem produtos para a realização de botox em casa (Botox caseiro), muitos profissionais
não o recomendam uma vez que não é simples de ser realizado, podendo resultar em um efeito indesejado.
A selagem, também é utilizada como tratamento para a reconstrução capilar, foi criada no Brasil e
é feita com ampolas de queratina hidrolisada (TALHATE, 2018). Tem como objetivo fechar a cutícula
e nutrir os cabelos, semelhante ao Botox capilar, o que diferencia os dois procedimentos é o produto
a ser utilizado (AGUIAR, 2020, on-line2; CANDIDO, 2019, on-line5). Para dar resistência, brilho e
hidratar, a selagem é excelente para disciplinar os fios e atingir os objetivos. (AGUIAR, 2020, on-line)2.
Alguns profissionais não consideram o Botox capilar e a selagem como procedimentos de tratamen-
to uma vez que alguns produtos utilizados para estas técnicas contêm químicos alisantes, tais como
formol, tioglicolato de amônio, etanolamina e carbocisteína. Quando estes químicos são adicionados
aos produtos de Botox e de selagem, eles os tornam procedimentos de alisamentos ou também as deno-
minadas escovas progressivas. Então, fiquem atentos, se houver estes compostos alisantes nos produtos
de Botox, de Selagem e no de Cauterização, não são mais considerados produtos de tratamento, passam
a ser produtos de escovas progressivas, ou seja, de texturização (AGUIAR, 2020, on-line)3.

Olá, aluno(a)!
Você que quer conhecer um pouco mais sobre as técnicas utilizadas na
estética capilar e sobre visagismo capilar, recomendo a leitura do livro:

• Técnicas aplicadas à estética capilar, de Juliana Talhate.

Este livro explica, com uma linguagem clara e descontraída, algumas


técnicas e os conteúdos que abordamos neste livro, com diversos exemplos do cotidiano de
esteticistas. Você também encontrará nele informações sobre o visagismo capilar. Acredito
que ler esta obra contribuirá com sua formação profissional e intelectual. Bom estudo!

Um cabelo saudável, além de ser hidratado, também deve conter nutrientes importantes, tais como os
lipídios, e estes chegam até a raiz dos cabelos pela circulação da derme (visto no Ciclo 1 deste livro). Já
há muito tempo sabe-se que a alimentação equilibrada é, extremamente, importante para um organismo

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UNICESUMAR

saudável, como dizem, “somos o que ingerimos”. Sabemos também que muitos distúrbios alimentares
são notados na pele, unhas e cabelos, sendo assim, devemos conhecer um pouco mais sobre como os
alimentos influenciam a saúde do cabelo, e isto deve ser incorporado nos protocolos de estética capilar.
De acordo com o American Medical Association’s Council on Food and Nutrition (apud OLIVEIRA
et al., 2014, p. 488):



a nutrição é a ciência que se ocupa dos alimentos, dos nutrientes e outras substâncias que eles contêm;
de sua ação, interação e balanço em relação à saúde e enfermidades; assim como dos processos por
meio dos quais os organismos ingerem, absorvem, transportam, utilizam e excretam as substâncias.

Então, nutrição é a ciência que estuda os processos que os organismos realizam quando ingerem
algum alimento, e, como utilizam os nutrientes absorvidos, ou seja, como esses alimentos contri-
buem para o funcionamento do organismo. A partir destas informações, oriente as pessoas sobre
quais são os alimentos que deverão compor um cardápio saudável ou adequado aos objetivos e às
características metabólicas de cada pessoa.
Alguns estudos mostram a importância da alimentação equilibrada nos protocolos de tratamento
estético (OLIVEIRA et al., 2014). Pela ingestão dos alimentos, obtêm-se os nutrientes necessários
para produzirmos energia, síntese de diversas biomoléculas, como proteínas, lípidos, ácidos graxos,
hormônios, entre outras necessárias para as diversas atividades metabólicas e estruturais das células.
Os principais nutrientes fornecidos pelos alimentos são, segundo Oliveira et al. (2014):
• Carboidratos: constituídos por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio e considerados fon-
tes primárias de energia. São classificados em monossacarídeos, como a glicose; dissacarídeos,
como a sacarose; e polissacarídeos, como glicogênio e celulose. A celulose, por sua vez, é um
polissacarídeo presente nas paredes das células vegetais, e faz parte das fibras alimentares, as
quais nosso organismo não consegue digerir. Porém são importantes para regularizar o trânsito
intestinal, auxiliar no controle glicêmico e na obesidade, reduzir o colesterol, baixar o pH das
fezes, aumentar o bolo fecal e prevenir câncer e outras doenças.
• Lipídios: são nutrientes de origem animal ou vegetal, insolúveis em água, formados por ácidos
graxos e glicerol, são, popularmente, conhecidos como gorduras e óleos. São, altamente, ener-
géticos, importantes para o transporte de vitaminas lipossolúveis, presentes nas membranas
celulares, utilizados para a síntese dos hormônios esteroides, atua contra choques mecânicos e
como isolante térmico, entre outras funções.
• Proteínas: formadas por aminoácidos, os quais podem ser classificados como essenciais, são os
aminoácidos que necessitamos ingerir, e em não essenciais, produzidos pelo nosso organismo. Os
aminoácidos presentes nas proteínas ingeridas são importantes para síntese de novas proteínas,
de alguns hormônios, enzimas, anticorpos, componentes estruturais das células, entre outros.
• Vitaminas: são substâncias orgânicas que, em quantidades mínimas são essenciais ao organis-
mo para garantir o perfeito desenvolvimento e funcionamento. Elas podem ser classificadas
em lipossolúveis (dissolvidas em gorduras), tais como vitaminas A, E, D e K, e hidrossolúveis
(dissolvidas em água), tais como vitaminas B1, B2, B3, B5, B6, B12, C e ácido fólico.

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UNIDADE 4

• Água: presente em nosso organismo e corresponde a cerca de 70% do peso corporal. Ela é,
extremamente, importante para o funcionamento do nosso corpo uma vez que ela dissolve
várias substâncias, auxilia no controle da homeostase, regulando o pH, a concentração de íons,
o controle da temperatura, entre outros. Além disso, participa, ativamente, da estrutura e no
transporte de diversas moléculas e em reações químicas que ocorrem apenas em meios aquosos.
• Sais minerais: os minerais também são adquiridos pela alimentação e são importantes na
constituição de moléculas, órgãos e tecidos. Também podem participar de reações químicas e
transporte de substâncias. Por exemplo: o ferro, que faz parte da hemoglobina e importante para
o transporte de oxigênio e gás carbônico; o cálcio presente nos ossos e dentes, evita a coagula-
ção sanguínea e participa das contrações musculares; o zinco estimula a multiplicação celular,
favorecendo o crescimento e fortalecimento dos cabelos, também tem função importante na
pele e para o sistema imunológico.

Com o objetivo que as pessoas tivessem uma dieta equilibrada, ou seja, ingerissem a quantidades de
nutrientes adequadas ao bom funcionamento do corpo, foi desenvolvido um guia alimentar, contendo
informações necessárias sobre os alimentos e seus nutrientes, e uma pirâmide com quatro níveis con-
tendo os principais grupos de alimentos (Figura 7). A partir desta pirâmide base, outros pesquisadores,
como o Walter C. Willett, desenvolveram as pirâmides funcionais, baseadas em alimentos funcionais
e recomendando ingestão de água e a prática de atividades físicas.

Lanches, doces,
sucos e refrigerantes

Leite, derivados de Carne vermelha,


leite e ovos frango, porco, peixe
e embutidos

Vegetais Frutas

Massas

Figura 7- Pirâmide alimentar


Fonte: adaptado de Oliveira et al. (2014).

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UNICESUMAR

Se uma boa nutrição é impor-


tante para a manutenção de um
organismo saudável, ela tam-
bém é importante para man-
ter os cabelos bem nutridos e
saudáveis. Mas você sabe quais
nutrientes são importantes para
a saúde capilar? Você sabe o que
pode acontecer com os cabelos
caso haja uma carência destes
nutrientes no organismo?

Os nutrientes que não podem faltar para a saúde capilar são: água, vitamina A (retinol), vitamina B6
(piridoxina), vitamina B3 (niacina), zinco e proteínas. Caso ocorra a deficiência de vitaminas e mine-
rais, os cabelos tornam-se fracos, tendo seu aspecto afetado. Além disso, a queda dos cabelos pode ser
resultante de uma má alimentação. Sendo assim, recomenda-se aumentar a ingestão de leguminosas
(feijão), melado, coco, pepino e vitaminas A e do complexo B (OLIVEIRA et al., 2014).
De acordo com Talhate (2018), uma alimentação carente de proteínas, vitaminas e minerais, como
em quadros de desnutrição, pode alterar o ciclo biológico dos cabelos, notando-se um aumento dos
folículos no estado de repouso e resultando em aumento na queda capilar ou de fios deficientes. Além
disso, a desnutrição pode causar despigmentação dos fios, afinamento e perda de brilho (TALHATE,
2018). Lembre-se de que o excesso de alguns nutrientes, como vitaminas, também pode causar pro-
blemas na saúde do indivíduo ou danos nos cabelos.
Em tratamentos para alopecias ou eflúvios, muitas vezes, recomenda-se o aumento do consumo de
alimentos, como peixes de água fria, linhaça e óleos, por causa do fornecimento de ácidos graxos polii-
nsaturados ômega-3 e -6; de alimentos, como levedura, trigo, miúdos de frango (fígado, rim, coração),
ovos e carnes, para o fornecimento das vitaminas A, C e do complexo B; também é recomendado o
consumo de frutos do mar (mariscos, ostras), carnes vermelhas, castanhas e amêndoas para obtenção
de zinco; e de espinafre, couve, beterraba e leguminosas para obtenção de ferro. Também podem ser
usados nestes tratamentos os nutracêuticos (suplementos alimentares), compostos por fenóis, polife-
nóis, bioflavonoides, coenzima Q10 (CQ10, presente em todas as células e participam, ativamente, na
produção de ATP e silício (OLIVEIRA et al., 2014).

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UNIDADE 4

Você sabia que o cronograma capilar consiste em etapas que damos aos cabelos, o que é
necessário para que continuem saudáveis e bonitos? Para isso, é necessário, no mínimo, três
etapas: hidratação, umectação e reconstrução.

A nutrição capilar também é conhecida como umectação e consiste na reposição de lipídeos nos fios,
tendo como objetivo lubrificar a fibra capilar, conservando sua hidratação. Os cabelos que necessi-
tam deste tipo de tratamento são, geralmente, porosos, opacos, indefinidos, com frizz e embaraçam,
frequentemente. É muito comum ocorrerem estes problemas em cabelos cacheados, ou que foram
modificados, quimicamente (tingidos, relaxados, alisados, ondulados etc.) (FRANGIE et al., 2016).
Uma forma de tratamento é utilizar as máscaras nutritivas que contêm óleos vegetais, como os de
argan e de coco; manteigas vegetais, como as de karité; ceramidas e tutano (FRANGIE et al., 2016). Os
tratamentos para repor nutrientes dos fios devem ser realizados no couro cabeludo, onde se encontra o
folículo piloso (a raiz dos cabelos), e é por esta região que os fios recebem seus nutrientes, tornando-os
mais fortes e com mais estruturas para suportar outros procedimentos (TALHATE, 2018).

Geralmente, os cronogramas capilares para restauração dos fios são compostos pelos três
tratamentos:
• Hidratação: repõe moléculas de água aos fios, proporcionando maciez e removendo o
ressecamento.
• Nutrição: devolve lipídios e nutrientes aos fios, proporcionando a oleosidade necessária,
dá brilho, alinha os fios e tira o frizz.
• Reconstrução capilar: corrige os danos presentes nos fios, faz as emendas, repondo
proteínas e outros nutrientes que os fios perderam.
Atenção! Recomenda-se manter a hidratação e a nutrição em dias alternados, para que as
necessidades de água e nutrientes sejam supridos e não ocorra uma sobrecarga de queratina,
por meio da reconstrução capilar (TALHATE, 2018).

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UNICESUMAR

Além destes procedimentos estudados anteriormente, outras técnicas estão sendo desenvolvidas e
adaptadas nas diversas áreas da estética, incluindo na estética capilar, tais como a laserterapia, ele-
troterapia, corrente galvânica, iontoforese, vapor de ozônio, entre outras. Então, que tal conhecer um
pouco sobre elas?
Vários estudos têm comprovado a eficácia da utilização do laser em diversos tratamentos nas áreas
médicas e odontológicas e, atualmente, tem se tornado um aliado em vários tratamentos estéticos.
Assim, a laserterapia tem sido usada na cicatrização de feridas, na atenuação/remoção de tumores, na
eliminação de manchas, no tratamento de queloides, nas cirurgias, no controle da dor, entre outros
(OLIVEIRA et al., 2014). Na estética, é utilizado o laser de baixa frequência, também conhecido como
laser de baixa potência (LBP) ou, ainda, como laser terapêutico, utilizado porque não causa alterações
permanentes ou destruição dos tecidos. Este tipo de laser é utilizado nas terapias fotodinâmicas e nos
processos de biomodulação tecidual (OLIVEIRA et al., 2014).
Mas como o laser controla os processos biológicos, como na reparação e na regeneração tecidual,
drenagem linfática, síntese de colágeno, entre outros? O laser atua nas moléculas e interfere nos pro-
cessos celulares, auxiliando nas ações biofísicas e bioquímicas das células. Por exemplo, pelo efeito
fotofísico, ele promove aumento da permeabilidade da membrana celular e da síntese de ATP, e pelo
efeito fotoquímico ele acelera a proliferação celular, favorecendo a regeneração tecidual, estimulando
a microcirculação, reduzindo processos inflamatórios, entre outros (OLIVEIRA et al., 2014).
Na estética, o LBP é utilizado nos tratamentos de flacidez tissular, na prevenção do envelhecimento
precoce, na eliminação de edemas, na melhora da cicatrização, no clareamento de manchas, nos trata-
mentos das acnes e na estimulação de folículos pilosos em tratamentos de terapia capilar (OLIVEIRA
et al., 2014). Na estética capilar, o LBP aumenta o metabolismo da raiz do cabelo, contribuindo para o
crescimento e proporcionando um aumento no volume capilar (TALHATE, 2018). O laser vermelho
também pode ser utilizado em tratamentos de alopecias, este é absorvido dentro das células pelas mito-
côndrias e pelos lisossomos (OLIVEIRA et al., 2014; TALHATE, 2018). Ele aumenta a microcirculação
periférica, o metabolismo celular, a síntese de ATP, a síntese de proteínas (colágeno e elastina), possui
ação analgésica, anti-inflamatória e promove a reparação de tecidos moles (OLIVEIRA et al., 2014).
O laser é mais uma ferramenta no tratamento da alopecia, sendo observados resultados satisfatórios,
quando empregado em conjunto a outros procedimentos. Ele é utilizado neste tratamento uma vez
que age tanto no folículo capilar como na otimização dos tônicos empregados nesta terapia (PEREIRA
et al., 2013). Os tratamentos populares de alopecia incluem a utilização de xampus, tônicos e medica-
mentos ingeridos, os quais agem na profilaxia e também atuam nas células capilares. A associação do
LBP é a mais nova proposta para os tratamentos capilares uma vez que o laser tem os seguintes efeitos,
segundo Pereira et al. (2013):
• incremento energético para célula geradora do cabelo.
• degranulação do mastócito.
• otimização das drogas utilizadas.
• ativação da microcirculação.

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UNIDADE 4

Apesar de o LBP não pertencer à eletroterapia, Desta forma, a alta frequência pode contri-
muitos profissionais utilizam este procedimento buir em tratamentos e protocolos para distúr-
em protocolos de eletroterapia. Mas o que é a ele- bios capilares, como no tratamento de caspas e
troterapia? A eletroterapia, também conhecida seborreia, pode ser aplicada antes da limpeza,
como aparelho de alta frequência ou alta frequên- com os cabelos secos. No tratamento de alope-
cia, utiliza correntes elétricas para estimular algu- cia, recomenda-se que a aplicação da alta fre-
mas regiões do corpo. Estas correntes possuem quência ocorra por tempo determinado e, no
baixa intensidade elétrica, que é conduzida pelo mínimo, duas vezes por semana, podendo ser
organismo, podendo ser associada a vários pro- associada ao LBP nos locais mais atingidos. A
cedimentos estéticos (TALHATE, 2018). eletroterapia também pode ser utilizada asso-
No couro cabeludo, a alta frequência tonifica e ciada a máscaras e a séruns capilares potencia-
fortalece a raiz capilar. O aparelho utilizado para lizando seu efeito (TALHATE, 2018).
este tratamento é um pente contendo eletrodos A corrente galvânica consiste em uma cor-
(Figura 8), que, ao passar no couro cabeludo, ati- rente elétrica de baixa frequência contínua e
va a circulação sanguínea desta região, auxilia no unidirecional cujo funcionamento depende da
transporte de oxigênio e nutrientes, tornando os presença de dois eletrodos (positivo e negati-
cabelos mais fortes e resistentes. Além disso, a alta vo) e do contato com o indivíduo. Geralmente,
frequência contribui para eliminação de microor- é gerada por retificadores de corrente alternada
ganismos no couro cabeludo, prevenindo proble- ligados à rede elétrica (TALHATE, 2018). Na
mas de caspas e seborreia (TALHATE, 2018). estética capilar, ela pode ser usada no couro ca-
beludo para introdução de íons cosméticos, de
forma a potencializar sua ação. O procedimento
faz uso de um eletrodo (polo positivo) acopla-
do ao couro cabeludo e outro ao polo negativo
da microcorrente contínua. Desta forma, o polo
positivo acoplado ao corpo promove a dispersão
da corrente elétrica (TALHATE, 2018).
Quando se utiliza a corrente galvânica, é
comum o cliente relatar certo desconforto e/
ou formigamento. Se para o cliente este incô-
modo for relatado em excesso, provavelmente,
há hipersensibilidade à corrente elétrica, o que
pode prejudicar o tratamento uma vez que pode
impedir o tempo correto dos eletrodos, oca-
sionando menor contato e ação, além disso, é
válido verificar se está utilizando a intensidade
correta (TALHATE, 2018).
Figura 8 - Aparelho utilizado na eletroterapia capilar

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UNICESUMAR

sensibilidade do cliente, que deve estar confortável


e seguro, por um período de cinco a dez minutos.
O desconforto provocado pelo uso de A intensidade e o tempo poderá ser modificado de
correntes elétricas inicia com a sensação acordo com o cliente e objetivo (TALHATE, 2018).
de um simples formigamento, devido ao A desincrustação promove uma esfoliação profunda
aumento do fluxo sanguíneo no local, no couro cabeludo, geralmente, é utilizado um pro-
mas se o profissional aumentar a inten- duto a base de lauril de sódio, que possui íon positivo
sidade, exageradamente, passa a sentir em sua composição, assim, a placa do aparelho fica
agulhada, ardência e dor, podendo cau- carregada, negativamente, e o produto envolverá o
sar queimaduras. Então, cuidado com a sebo e a oleosidade produzida pelo couro cabeludo,
intensidade das correntes elétricas. promovendo sua remoção (TALHATE, 2018).
A iontoforese ou ionização é uma técnica que
também utiliza a corrente elétrica com o intuito
Antes de cada sessão da corrente galvânica, deve-se de facilitar a entrada de substâncias no couro ca-
fazer uma limpeza no local da aplicação, utilizando beludo. Ao utilizar ativos específicos, sua pene-
um antisséptico, após a sessão, deve-se evitar a ex- tração é aumentada com a corrente elétrica uma
posição solar. A corrente galvânica leva ao aumento vez que ela aumenta a permeabilidade cutânea,
da quantidade de íons no extrato córneo do couro como mencionado anteriormente. Desta forma,
cabeludo, reduzindo a resistência da pele e facilitan- na estética capilar, a iontoforese pode ser realizada
do a penetração de substâncias durante a passagem para promover a hidratação do couro cabeludo,
do campo elétrico (TALHATE, 2018). utilizando máscara capilar (TALHATE, 2018).
A quantidade de sessões de corrente galvâ- Em geral, recomenda-se uma dose de 80 mi-
nica pode ser variável de acordo com o objetivo liampere (mA) por minuto, e a intensidade da
que se deseja alcançar, não tendo um número corrente em torno de 0,3 a 0,5 mA/cm2. Entretan-
de sessão obrigatório. Recomenda-se ao pro- to a dose pode variar de acordo com o tempo de
fissional criar o protocolo de tolerância para aplicação, intensidade da corrente e a carga do íon
o cliente, dar um intervalo de três dias entre presente no ativo a ser utilizado. Para promover a
as sessões e fazer uma avaliação do objetivo ionização e a entrada do ativo no couro cabeludo,
junto ao cliente, investigando sua satisfação deve ser realizada após a remoção da oleosidade
(TALHATE, 2018). A corrente galvânica pode do couro cabeludo, tanto o produto a ser utilizado
ser utilizada para a desincrustação capilar, co- quanto a placa do aparelho (eletrodos) devem
nhecida também por desincruste. Este é um ter cargas elétricas positivas, otimizando, assim,
procedimento com o objetivo de remover o a entrada do produto (TALHATE, 2018).
excesso de sebo da pele ou do couro cabeludo Outra técnica utilizada na estética capilar é o
oleoso ou seborreico. Assim, pode-se dizer que vapor de ozônio, o qual realiza uma profunda
a desincrustação capilar é realizada por meio assepsia no couro cabeludo e nos fios, permitindo
de uma ação eletroquímica (TALHATE, 2018). que absorvam melhor os nutrientes, tornando os
Para a desincrustação, utiliza-se um eletrodo cabelos mais saudáveis, brilhantes e hidratados.
de gancho ativo totalmente envolvido por algo- Ele também auxilia na oxigenação do couro cabe-
dão contendo o produto desincrustante. Em geral, ludo uma vez que reduz a oleosidade dos cabelos
usa-se a intensidade da corrente de acordo com a e ajuda na redução da queda capilar. Este proce-

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UNIDADE 4

dimento é indicado para promover emoliência e umectação, auxiliando na preparação da pele ou do


couro cabeludo que receberá a esfoliação ou a hidratação profunda (TALHATE, 2018).
O vapor de ozônio é um aparelho que possui um depósito para realizar a evaporação da água, por
meio de uma resistência calefatora e um circuito gerador de ozônio (O3), este é eliminado com o vapor
de água. Esta técnica une o aumento da temperatura, o qual promove o aumento da circulação sanguínea
e a abertura dos poros no local de aplicação e a ação bactericida e fungicida do ozônio, o qual promove a
assepsia e o aumento de nutrientes na região de aplicação (TALHATE, 2018). O vapor de ozônio pode ser
usado com a aromaterapia, tendo em seu aparelho uma entrada específica para associar o vapor de água
com os óleos essenciais. Esta entrada tem um recipiente para colocar os óleos essenciais que expandirão
no ambiente, promovendo o efeito desejado, bem como o bem-estar do seu cliente (TALHATE, 2018).
Os óleos essenciais possuem princípios ativos com ação antisséptica, cicatrizante e estimulante
no couro cabeludo, isto ocorre, porque suas moléculas possuem baixo peso molecular e conseguem
penetrar no tecido epitelial e chegar na circulação sanguínea, penetrar nos folículos pilosos e nas glân-
dulas sebáceas e sudoríparas (WICHROWSKI, 2007). Devido aos seus efeitos comprovados, vários
protocolos têm utilizado a aromaterapia em conjunto, como já mencionado na argiloterapia (Ciclo 3),
com o vapor de ozônio e também com a vacuoterapia. E o que é vacuoterapia?
A vacuoterapia, também conhecida como dermotonia ou, ainda, como endermologia, é uma téc-
nica que tem aplicação na área da saúde, como na profissão que trabalha com a estética. O aparelho
de vacuoterapia gera uma pressão negativa, provocando uma sucção não invasiva na pele, por meio
de ventosas de diferentes diâmetros e formas (BORGES; SCORZA, 2016; LIMA et al., 2016; OLIVEI-
RA, 2016). Essa pressão negativa pode ser contínua ou pulsada isso provoca uma depressão no local,
formando uma prega cutânea e o rolamento das estruturas envolvidas (OLIVEIRA, 2016).
A vacuoterapia promove o aumento da circulação sanguínea da derme e do tecido adiposo subcutâneo
(hipoderme), melhora o metabolismo local e promove a mobilização e o deslocamento do tecido e de fibras
elásticas, favorecendo a síntese do colágeno e consequente melhora da pele. Assim, ela pode ser utilizada em
várias regiões do corpo, inclusive, no couro cabeludo. Nesta região, a melhora da irrigação sanguínea promo-
ve melhor oxigenação e aporte de nutrientes nos folículos capilares (LIMA et al., 2016; OLIVEIRA, 2016).
Desta forma, a vacuoterapia, na estética capilar, é usada em tratamentos de queda capilar. Outra
técnica utilizada para tratar alopecia é o microagulhamento. Você já o conhece?

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UNICESUMAR

O microagulhamento, também denominado Terapia de Indução de Colágeno (TIC) ou, ainda, de Indução
Percutânea de Colágeno com Agulhas (IPCA), é uma técnica que começou a ser utilizada na década de 90
com a finalidade de induzir a produção de colágeno no tratamento de cicatrizes e rugas. Esta técnica consiste
na perfuração uniforme e rápida da pele, utilizando um aparelho específico para este procedimento, o Der-
maroller, criado em 2000, pelo cirurgião plástico Dermond (A)Fernands (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018).
O Dermaroller é constituído por um cilindro de polietileno repleto de agulhas em aço inoxidável ou
de liga de titânio, sendo que a quantidade e a disposição das agulhas são variáveis, estando de acordo com
o tipo de tratamento e a área a ser aplicado. Os rollers também podem ser associados a outras terapias,
como cromoterapia, LED e com efeito vibratório. Também podem ser utilizadas outras ferramentas no
microagulhamento, como as canetas, as quais podem ser manuais ou elétricas, ou dispositivo manual
de microagulhamento (Dermapen). Essas ferramentas são usadas em pequenas regiões ou em regiões
de difícil acesso com o Dermaroller (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018).

(A) (B)

Figura 9 - Imagem do Dermaroller (A) e do Dermapen (B)


(B)

O microagulhamento provoca uma lesão na região aplicada, desencadeando a síntese de colágeno com
o intuito de reparar as fibras danificadas, a dissociação dos queratinócitos, a liberação de citocinas
ativadas pelo sistema imune e a vasodilatação local (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018). O microa-
gulhamento no couro cabeludo causa uma lesão que provoca efeito inflamatório na pele, estimulando
os macrófagos a liberarem fatores de crescimento derivados de plaquetas e epidérmicos, os quais são
responsáveis por ativar a regeneração tecidual e promover a ativação das células-tronco do bulbo ca-
pilar e a superexpressão dos genes responsáveis pelo crescimento dos fios. Além disso, os macrófagos
atraem outros fagócitos, os quais estimulam a formação de novos vasos sanguíneos e tecido conjuntivo,
o que melhora a circulação sanguínea e, consequentemente, a oxigenação e a chegada de nutrientes no
local da aplicação (BORGES; SCORZA, 2016; CONTIN; ALVES, 2016).
Devido ao efeito inflamatório desencadeado pelo microagulhamento, seu baixo custo e sua com-
provação nos tratamentos de alopecia androgenética, o microagulhamento na estética capilar (Figura
10) tem sido cada vez mais utilizado (FANO; TASSINARY, 2018). Apesar do seu principal objetivo ser a
estimulação dos fibroblastos para recuperar a pele lesionada, ele também pode ser utilizado em conjunto
com ativos, o drug delivery, de forma a potencializar sua ação. Os ativos podem ser aplicados antes, durante
ou após o microagulhamento (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018; SILVA; MAGNUS, 2018).

124
UNIDADE 4

nado, como é o caso do laser de


baixa frequência, alta frequên-
cia, corrente galvânica, vapor de
ozônio, entre outros. Agora que
você já conheceu diversas técni-
cas, poderá responder com mais
propriedade o Estudo de Caso
proposto no início deste ciclo.
Bom, chegamos ao final do últi-
mo ciclo deste livro, e acredito que
você tenha aprendido um pouco
mais sobre os conteúdos de Estéti-
ca Capilar e Tricologia. Neste ciclo,
você aprendeu sobre os protocolos
de vários tratamentos, terapia ca-
pilar e técnicas que poderá utilizar
em sua profissão. Este aprendizado
é muito importante para sua prática
profissional, com ele você apren-
deu um pouco mais sobre como
montar os protocolos dos diversos
tratamentos, entendeu melhor a
terapia capilar e quais as técnicas
aplicadas. Desta forma, você con-
seguirá atender a seus clientes com
assertividade e segurança. Também
aprendeu a se posicionar frente a
Figura 10 - Microagulhamento na estética capilar vários produtos e a escolher melhor
o que vai utilizar, pois tratamentos
A potencialização pelo microagulhamento ocorre, pois as agulhas e técnicas capilares sem respaldos
geram microcanais através da pele, que facilita a penetração dos científicos podem causar danos aos
ativos, aumentando sua permeabilidade cutânea e, consequente- cabelos e ao couro cabeludo e, até,
mente, seu efeito terapêutico. Esta técnica é capaz de potencializar afetar a saúde de seus clientes.
a permeação dos ativos em até oitenta vezes uma vez que estes Lembre-se, sempre, de que
conseguem penetrar as camadas mais profundas da pele (ALBANO; precisa retomar as leituras e os
PEREIRA; ASSIS, 2018; BORGES; SCORZA, 2016). estudos, procurando atualiza-
Como acabamos de ver, o microagulhamento é um procedimen- -se, afinal, o aprendizado deve
to promissor na área da estética capilar. Vimos várias técnicas, e algo ser constante. Espero que você
que se deve ter cuidado ao se escolher determinado procedimento alcance seus objetivos e tenha
é verificar as condições do couro cabeludo do seu cliente uma vez sucesso em sua vida profissio-
que diversas técnicas não podem ser realizadas caso ele esteja lesio- nal. Boa sorte!

125
MAPA MENTAL
Olá, aluno(a)! Estamos chegando ao encerramento deste quarto ciclo, e convido você a fazer uma verificação dos conhecimentos que
você adquiriu, preenchendo o Mapa Mental a seguir, acessando: https://www.goconqr.com/en-US/mindmap/25280744/Est-tica-capilar-
e-tricologia--Ciclo-4-. Lembre-se de que você também pode criar mais conexões ou um novo mapa mental.
Fonte: o autor.

126
1. O cabelo é a moldura do rosto humano, desta forma, está, intimamente, relacionado com a identidade
do indivíduo, tendo posição de destaque em sua vida. Sendo assim, cuidar da saúde e da estética
capilar é importante para a maioria das pessoas, e, para atender a esta necessidade, buscam pelos
serviços do profissional de estética. Você, como futuro profissional desta área, deverá realizar anam-
nese e, após, definir o protocolo capilar adequado a cada cliente. Sendo assim, em qual situação você
elaborará um protocolo de tratamento e quando elaborará um protocolo de terapia capilar?

2. Geralmente, os cronogramas e os protocolos de tratamento ou de terapia capilar contemplam


os seguintes tratamentos: hidratação, reconstrução capilar e nutrição (TALHATE, 2018). Levando
em consideração os conhecimentos sobre os tratamentos citados, assinale a alternativa correta.

AGORA É COM VOCÊ


a) A hidratação consiste em repor lipídios aos fios, utilizando máscaras nutritivas à base de queratina.
b) A umectação ou a reconstrução capilar tem como principal objetivo repor água e nutrientes aos
fios, aplicando os produtos na haste capilar.
c) A nutrição ou umectação consiste em repor água aos fios, uma técnica utilizada com este intuito
é a selagem, por selar as cutículas da haste capilar.
d) Os principais ativos presentes nos cosméticos utilizados para a reconstrução capilar são: elastina,
carboidratos, minerais, lipídios e vitaminas.
e) Na reconstrução capilar, os cosméticos têm como objetivo tratar os cabelos, repondo ativos se-
melhantes aos da constituição química capilar, como queratina, lipídios, vitaminas e aminoácidos.

3. Na reconstrução capilar, os cosméticos têm como objetivo tratar os cabelos, repondo ativos,
como queratina, lipídios, vitaminas e aminoácidos. Podem-se usar algumas técnicas para atender
a este objetivo, tais como a queratinização, cauterização, botox capilar, selagem (FRANGIE et al.,
2016). Levando em consideração os conhecimentos sobre estas técnicas, relacione as colunas.

( ) Técnica desenvolvida no Brasil, realizada utilizando ampolas de que-


1. QUERATINIZAÇÃO ratina hidrolisada, com o intuito de fechar as cutículas e nutrir os fios.
( ) Tem como objetivo a renovação capilar e corrigir danos da haste,
2. CAUTERIZAÇÃO
por meio da hidratação e da selagem das cutículas da haste capilar.
3. BOTOX CAPILAR ( ) Tem como finalidade reconstruir as fibras dos cabelos por doses
de queratina à quente e age do córtex a cutícula.
4. SELAGEM
( ) Tem como finalidade reconstruir as fibras dos cabelos por doses
de queratina a frio.

Assinale a sequência correta.


a) 1, 2, 3, 4.
b) 4, 3, 2, 1.
c) 1, 3, 2, 4.
d) 2, 4, 1, 3.
e) 4, 1, 3, 2.

127
4. Várias técnicas estão sendo desenvolvidas e adaptadas na estética capilar com o intuito de
alcançar, de forma mais eficiente, os resultados dos tratamentos capilares, tais como a laserte-
rapia, eletroterapia, vacuoterapia, microagulhamento, entre outras. Levando em consideração
os conhecimentos sobre as técnicas mencionadas no enunciado, avalie as seguintes afirmativas:
I) Na estética capilar, o laser de baixa frequência é utilizado por aumentar o metabolismo da raiz
do cabelo, contribuindo para o crescimento e proporcionando aumento no volume capilar.
II) A eletroterapia, ou alta frequência, utiliza correntes elétricas para estimular algumas regiões
do corpo, como no couro cabeludo, tonifica e fortalece a raiz capilar.
III) A corrente galvânica pode ser utilizada para a desincrustação capilar, com o objetivo de remover
o excesso de sebo do couro cabeludo bem como para Iontoforese, com o objetivo de facilitar
AGORA É COM VOCÊ

a entrada de substâncias no couro cabeludo.


IV) O vapor de ozônio realiza uma profunda assepsia no couro cabeludo e nos fios, além de auxiliar
a oxigenação do couro cabeludo e contribuir para redução da queda capilar. Já a vacuoterapia,
quando utilizada no couro cabeludo, melhora a irrigação sanguínea, promove melhor oxigena-
ção e aporte de nutrientes nos folículos capilares.

É correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III e IV apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.

128
1. Utilizarei o protocolo para tratamento capilar para tratar um problema pontual do cabelo ou do couro
cabeludo do cliente, por exemplo a queda capilar. Já o protocolo de terapia capilar utilizarei para tratar a
causa do problema, por exemplo, se há queda capilar. Primeiro devo investigar os possíveis desencadea-
dores, os quais podem ser múltiplos neste caso, e, após, elaborarei o protocolo de terapia a partir do que
foi encontrado na investigação.

2. E.

3. B.

4. E.

CONFIRA SUAS RESPOSTAS

129
ALBANO, R. P. S., PEREIRA, L. P., ASSIS, I. B. Microagulhamento – a terapia que induz a produção de colágeno –
revisão de literatura. Revista Saúde em Foco, n. 10, p. 455-473, 2018. Disponível em: https://portal.unisepe.com.
br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/07/058_MICROAGULHAMENTO_A_TERAPIA_QUE_IN-
DUZ_A_PRODU%C3%87%C3%83O.pdf. Acesso em: 1 set. 2020.

BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em Estética - Conceitos e Técnicas. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2016.

BRAGA, D. Terapia capilar: manual de instruções. Brasília: Editora Senac, 2014.

CHILANTE, J. A.; VASCONCELOS, L. B. O. SILVA, D. Análise dos princípios ativos do protocolo destinado
a restruturação capilar. Balneário Camburiu: Univali, [s. d.]. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/
Jucemara%20Chilante,%20Leonardo%20Vasconcelos.pdf. Acesso em: 16 out. 2020.

CONTIN, L. A.; ALVES, R. C. Alopecia androgenética masculina tratada com microagulhamento isolado e
associado à minoxidil injetável pela técnica de microinfusão de medicamentos pela pele. Surgical & Cosmetic
Dermatology, v. 8, n. 2, p. 158-161, 2016.

FANO, J. A.; TASSINARY, J. A. F. Revisão bibliográfica dos principais recursos terapêuticos utilizados no trata-
mento da alopécia androgenética. Revistas Destaques Acadêmicos, Lajeado, v. 10, n. 3, 2018.

FRANGIE, C. M. et al. Milady® Cosmetologia: Ciências gerais, da pele e das unhas. São Paulo: Cengage Lear-
ning, 2016.

LIMA, J. T. C. S. et al. Tratamento de Alopécia Androgenética com o uso de Laser de Baixa Potência e Dermotonia
(Vacuoterapia) Associado a Argiloterapia e Óleos Essenciais. In: SEMANA DE PESQUISA DA UNIVERSIDADE
TIRADENTES. A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ALIMENTADO A CIÊNCIA. 18., 2016, Aracaju. Anais
REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, A. L. et al. Curso didático de estética. Vol. 2. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis Editora Ltda., 2014.

OLIVEIRA, I. C. Análise dos efeitos provocados pela utilização da vacuoterapia associada à aplicação da vita-
mina "c" nas estrias brancas: um relato de caso. 2016. 45 f. TCC (Bacharel em Fisioterapia) – UNIFOR, Formiga,
2016. Disponível em: https://repositorioinstitucional.uniformg.edu.br:21074/xmlui/handle/123456789/428.
Acesso em: 16 out. 2020.

PEREIRA, M. F. L. et al. Recursos técnicos em estética. Vol. 2. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013.

SILVA, J. P.; MAGNUS, E. S. Microagulhamento associado a fatores de crescimento no tratamento da alopecia


androgenética feminina. Conversas Interdisciplinares, n. 15, v. 1, p. 59-72, ago./dez. 2018.

TALHATE, J. Técnicas aplicadas à estética capilar. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A., 2018.

WICHROWSKI, L. Terapia Capilar - Uma Abordagem Complementar. Porto Alegre: Alcance, 2007.

130
Referências online
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Em: http://cabeleireiros.com/entrevistas/qual-o-melhor-processo-cauterizacao-ou-queratinizacao. Acesso
em: 16 out. 2020.
2
Em: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/569902/hidratacao-reconstrucao-selagem-e-cauteriza-
cao-saiba-a-diferenca. Acesso em: 16 out. 2020.
3
Em: https://www.youtube.com/watch?v=Jus_FxT8gU8. Acesso em: 16 out. 2020.
4
Em: https://www.tuasaude.com/como-fazer-botox-capilar-em-casa/. Acesso em: 16 out. 2020.
5
Em: https://cabelo.com.br/botox-capilar-alisa/#:~:text=1%20%E2%80%93%20Botox%20x%20selagem,do%20
brilho%20e%20da%20elasticidade. Acesso em: 16 out. 2020.

REFERÊNCIAS

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MEU ESPAÇO

132
133
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

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135
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

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