Estrutura Apontamentos3

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“OS MAIAS” 2

A ESTRUTURA ( o modo como a obra se desenvolve)

Estrutura externa: Externamente, a obra desenvolve-se em dezoito capítulos.

Estrutura interna:

A obra desenvolve-se em DOIS NÍVEIS NARRATIVOS que, embora não dependendo um do outro, se
entrecruzam.
Um desses níveis ou planos narrativos está intimamente relacionado com o título da obra - “Os
Maias”- e corresponde à intriga, à ação, às peripécias que envolvem a história de três gerações da
família Maia.
O outro nível narrativo corresponde ao subtítulo da obra – “Episódios da vida romântica” – e
relaciona-se com a crítica social, a crónica de costumes.
Sendo Eça um autor realista, tendo, portanto, o objetivo de descrever e criticar a sociedade, não se
contenta em narrar a história amorosa da personagem de Carlos , pois ele é a personagem principal
da intriga e vítima de um acaso caprichoso e cruel, mas também se enquadra no retrato da sociedade
lisboeta da altura, é membro de uma sociedade à deriva. Por conseguinte, Eça de Queirós narra uma
intriga cheia de peripécias, mas aproveita-a para criticar causticamente a sociedade de então.

A obra desenvolve-se em QUATRO BLOCOS:


- Introdução: marco inicial da ação; o narrador situa-nos no início da história (Outono de 1875), no
local onde vai decorrer ( Lisboa, Ramalhete), apresenta-nos duas das personagens mais
importantes ( Carlos e o avô, Afonso), e põe-nos a par da situação de cada uma (Carlos acabara o
curso de Medicina e viajava pela Europa; o avô acedera a vir de Stª Olávia para o Ramalhete
restaurado).
- Preparação ou antecedentes da ação central: “ Esta existência nem sempre assim correra...” (p.
13); o narrador faz uma grande analepse onde nos põe a par da vida de Afonso enquanto jovem,
do seu casamento com Maria Eduarda Runa, dos amores de seu filho Pedro por Maria Monforte e
da infância e educação de Carlos.
- Ação central: “E então Carlos Eduardo partira para a sua longa viagem pela Europa. Um ano
passou. Chegara esse Outono de 1875...” (p. 95). Retoma-se o marco inicial da narrativa e relata-
se a vida de Carlos na sociedade lisboeta e as suas peripécias amorosas com Maria Eduarda.
- Epílogo: ( último capítulo) viagem de Carlos e Ega e passeio final dos dois amigos por uma Lisboa
sem mudanças.

A ação desenrola-se em DUAS INTRIGAS distintas, embora relacionadas:


- Intriga Principal: amores de Carlos e Maria Eduarda ( Carlos vê Maria Eduarda; Carlos conhece
Maria Eduarda; Declaração amorosa de Carlos; Consumação do incesto; Encontro de Maria
Eduarda com Guimarães; Revelação de Guimarães a Ega; Carlos conhece a verdade; Afonso
conhece a verdade; incesto consciente; Encontro de Carlos com Afonso; Morte de Afonso;
Revelação a Maria Eduarda; Partida de Maria Eduarda.)
- Intriga Secundária: amores de Pedro e Maria Monforte ( Pedro vê Maria Monforte; Pedro casa
com Maria Monforte; Maria foge ; Pedro suicida-se.)

O intriga secundária obedece à teoria determinista dos romances naturalistas, pois o


comportamento de Pedro decorre da combinação da hereditariedade ( herdou o carácter fraco da mãe),
da educação ( fechada e religiosa) e do meio social ( sentimentalista ).
O desfecho da intriga principal parece não depender desses fatores, pois Carlos tinha tudo para ter
sucesso: parecia ter herdado o carácter forte do avô ( embora, mais tarde, a sua fraqueza venha ao de
cima, quando comete o incesto consciente), este deu-lhe uma educação primorosa, moderna, à
inglesa, e o meio social (apesar de fortemente antiquado e provinciano) só lhe exigia dinheiro,
elegância e posição, coisas que ele tinha de sobra. Aqui, o desenlace decorre, sobretudo, do
aparecimento de Guimarães, - o acaso - que parece surgir só para revelar a verdade acerca dos laços
familiares que unem Carlos a Maria Eduarda.

Há um paralelo entre as duas intrigas: tanto Pedro como Carlos levam uma vida dissoluta; veem por
acaso aquela que irá dar origem a uma violenta paixão; procuram, com a ajuda de terceiros, provocar
um encontro; são desaprovados por Afonso, mas não cedem; são vítimas de alguém que vem
desencadear o drama ao qual ambos reagem violentamente; reação desalentada de Afonso.

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