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REPÚBLICA DE ANGOLA
ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLOGIAS – ACITE
MESTRADO EM GLOBALIZAÇÃO E SEGURANÇA 2021/2022
 
 

 AMBIENTE E DEMOGRAFIA-NOVOS PARADIGMAS E NOVOS MEDOS

OS ESTADOS FACE AOS NOVOS PARADIGMAS E OS NOVOS MEDOS


‘‘ O CASO DA SEGURANÇA HUMANA EM ANGOLA DE 2017 A 2022’’

O MESTRANDO

MIRANDA MANUEL FRANCISCO


SALA N.º 110
 
OS DOCENTES

Phd. Luiekakio Afonso


  Phd. José Ribeiro
MsC.
LUANDA, JUNHO/2022
ÍNDICE

RESUMO................…………...…………………………..……………...……..........…………..1

INTRODUÇÃO...…………..
….....................................................................................................11. A LONGA DURAÇÃO E
AS ESTRUTURAS TEMPORAIS DE FERNAND BRAUDEL.....2

1.1. Fernand Braudel........................................................................................................................2


1.2. A longa duração e as estruturas temporais................................................................................3
1.2.1. A dialéctica das
durações........................................................................................................3
 Curta duração........................................................................................................................4
 Média
duração.......................................................................................................................4
 Longa
duração.......................................................................................................................4
2. O PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE
CIVILIZAÇÃO......................................6
2.1. Civilização e
Cultura..................................................................................................................6

3. A DIFUSÃO DE BENS CULTURAIS RUMO À CIVILIZAÇÃO


UNIVERSAL.......................7

CONCLUSÃO...............................................................................................................................10

BIBLIOGRÁFIA….…………………………………….......…………...…........………...……12

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RESUMO

O aumento dos fluxos migratórios no sistema internacional contemporâneo é


consequência do processo de aproximação económica, política e social, conhecido como
‘‘globalização’’ que para além das suas vantagens, trazem consigo vários desafios para os
principais intervenientes das relações internacionais, que são os «Estados». Dentre os vários
contemporaneas destacam-se: o aquecimento global, as mudanças climáticas, o terrorismo
internacional, a igualdade do género, o desenvolvimento sustentável, entre outros. Porém, para
este ensaio o enfoque recairá sobre os fenómenos migratórios e consequentemente as ondas de
refugiados que assolam um pouco por toda parte, e mais especicamente no espaço comunitário
europeu, razão pela qual, não deixam de ser considerados grandes desafios para mundo cada vez
mais integrado. Deste modo, mais do que apontar as consequências, pretende-se com este
trabalho debruçar-se em torno das causas que poderão estar na base dos números
progressivamente elevados de refugiados em todo mundo.

Palavras-chave: Globalização, Migração e Refugiados.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objectivo principal analisar as causas dos números
exponencialmente elevados de refugiados em todo mundo. Decorrente do fenómeno da
globalização que alterou a estrutura mundial e modificou os aspectos económicos, sociais,
culturais e políticos, que de certa maneira têm influenciado as pessoas a deixarem seus países de
origem, devido à instabilidade política, as perseguições ou violações de seus direitos humanos,
por causa dos conflitos étnicos e religiosos, e por outros motivos.

Diferentemente do passado, porém, não são os europeus que emigram para o mundo. Ao
contrário, em pleno declínio demográfico, a Europa tornou-se um dos primeiros destinos dos
imigratórios e de refugiados (Wenden, 2016, p.18).

O presente trabalho justifica-se por tratar-se de um assunto que envolve toda a


humanidade, uma vez que a partir do início do século XXI, as migrações internacionais
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alcançaram uma dimensão sem precedentes, com inúmeras consequências para os Estados
receptores.

Para o presente artigo, o enfoque não estará sobre as consequências das ondas de
refugiados pelo mundo, todavia, pretende-se analisar as causas que estão base do crescimento
exponencial do número de pessoas que deixam seus países de origem com o propósito de
procurar refúgio em outras regiões do mundo. Assim sendo, a pesquisa levantou a seguinte
problemática:

Quais são as causas profundas que têm contribuído para o crescimento exponencial do
número de refugiados com destino à União Europeia ?

Quanto aos objectivos, a pesquisa tem como objectivo geral analisar as causas do
crescimento exponencial do número de refugiados com destino final à União Europeia. Como
objectivos específicos foram traçados os seguintes: caracterizar o sistema internacional
globalizado, abordar a migração como um fenómeno humano, e compreender as causas
profundas do crescimento do número de refugiados com destino à União Europa.

No diz respeito a metodologia, no intuito de responder a pergunta de partida e alcançar os


objectivos preconizados, recorreu-se a pesquisa bibliográfica sustentada sobretudo por livros,
artigos científicos e site da internet que retratam sobre a temática a ser abordada.

Em 2017, 68 milhões de pessoas deslocaram-se forçadamente pelo mundo e, destas, mais


de 25 milhões enquadravam-se como refugiados de acordo com a ACNUR (Abdo, 2019, p.71).

1. GLOBALIZAÇÃO

O termo Globalização é normalmente utilizado a propósito de um conjunto de


transformações socioeconómicas que vêm atravessando as sociedades contemporâneas em todos
os cantos do mundo. Tais transformações constituem um conjunto de novas realidades e
problemas que parecem implicar acrescidas dificuldades e novos desafios para os actores da vida
internacional. (Campos, 2017, p.8)

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Actualmente, a economia mundial parece resultar da tendencial hegemonia da economia-
mundo ocidental, do seu desenvolvimento e da sua progressiva expansão. No fundamental, a
Globalização pode entender-se como o produto do desenvolvimento do capitalismo à escala
mundial e pode, pois, entender-se como continuidade de uma lógica civilizacional que tem sido
designada por modernidade, e que já não é propriamente recente - a sua origem remonta à
revolução industrial inglesa no século XVIII conjugada com as transformações sociopolíticas
emergentes da Revolução Francesa de 1789, (Campos, 2017, p.15).

A Globalização pode pois ser entendida como um fenómeno social total


(multidimensional) que não é completamente recente, nem inteiramente novo. No entanto,
sublinhar que a Globalização está inserida num processo histórico e é portadora de continuidade,
não significa retirar-lhe a sua dimensão de novidade. Na verdade, a Globalização contemporânea
compreende novas dinâmicas (económicas, políticas e culturais) com importante dimensão e
impacto, e que constituem uma verdadeira transformação do mundo em que vivemos. No
essencial, pode dizer-se que o termo Globalização se tornou recorrente quando se assistiu à
passagem de uma internacionalização de certas instituições económicas de raiz nacional, ou seja,
ancoradas em determinados Estados-Nação, para um processo mais generalizado de integração
económica à escala mundial (Campos, 2017, p.15).

2. MIGRAÇÃO

As migrações inscrevem-se na história da humanidade desde o paleolítico, tendo uma


enorme importância ao longo da História da humanidade. Em termos gerais, são movimentos de
pessoas ou de grupos de pessoas durante períodos de tempo que podem ser temporários ou desde
uma terra de origem (onde serão consideradas emigrantes) até outra terra de chegada (onde serão
consideradas imigrantes). É possível classifica-las através de dois critérios, que permitem
individualizar quatro tipos de migração: o critério de legalidade distingue as migrações entre
legais e clandestinas; o critério de voluntariedade, diferencia-as entre voluntárias e forçadas
(Lechner, 2010: 8-9).

Um breve histórico sobre os estudos de migração, alguns autores afirmam que a palavra
migrante evoca imagens de ruptura permanente, de abandono de velhos padrões, aprendizado

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difícil de uma nova língua e cultura. Ao olharem para o imigrante sob esta perspectiva, como
rapidamente assimilados ou aculturados pela sociedade de destino, tais estudos obscurecem os
dados sobre as ligações com o lar, o país de origem (Sasaki, 2000, p.12).

2.1. Tipos de Migração:


Migrações Externas: quando as pessoas se deslocam de um país para outro. Elas podem
ser Intercontinentais e Intracontinentais. Considera-se migrações intercontinentais, aquelas que
se realizam entre continentes diferentes. E são consideradas migrações Intracontinentais aquelas
que ocorrem dentro do mesmo continente (Andrade, 2014, p.32).

As Migrações Externas assumem duas formas: elas podem ser Emigração e/ou Imigração.
Emigração refere-se a saída de uma pessoa, um povo do seu país para outro, para estabelecer
residência no país de destino. Ao passo que a Imigração aplica-se na entrada de uma pessoa, povo
ou população de um país estrangeiro para um outro que os acolherá (Andrade, 2014, p.33).

3. REFUGIADOS

São considerados refugiados pessoas que estão fora de seu país de origem devido a
fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade,
pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e
generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados, que não pode ou, em virtude
desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se
encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais
acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele. Ou ainda, pessoas
que estão fora de seu país de origem devido a conflitos, violência ou outras circunstâncias que
perturbam seriamente a ordem pública e que, como resultado, necessitam de “proteção
internacional” (ACNUR, 2016).

3.1. A Proveniência dos Refugiados

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No início do século XXI, as migrações internacionais alcançaram uma dimensão sem
precedentes. Diferentemente do passado, porém, não são os europeus que emigram para o mundo.
Ao contrário, em pleno declínio demográfico, a Europa tornou-se um dos primeiros destinos
migratórios. Mas é o planeta inteiro que está em movimento, especialmente o Sul. Surgiram
novos destinos, como os Estados do Golfo, o continente africano e alguns países asiáticos,
enquanto os países outrora de partida passaram a ser de acolhidamento, como o Sul da Europa,
mais tarde o México, a Turquia e os países do Noroeste da África do Magrebe. (Wenden, 2016,
p.12)
Nos últimos anos, essas migrações se globalizaram. Desde meados da década de 90, no
número de imigrantes e refugiados rondava cerca de 150 milhões, e no início dos anos 2000 e
actualmente considera-se mais de 244 milhões. Esse processo tende a continuar, pois os factores
da mobilidade estão longe de desaparecer; eles são estruturais: desequilíbrios entre os níveis de
desenvolvimento humano (que combinam a expectativa de vida, o nível de educação e o nível de
bem-estar) ao longo das grandes linhas de fratura do mundo; crises políticas e ambientais que são
“produtoras” de refugiados e deslocados; redução do custo dos transportes; generalização da
emissão de passaportes, inclusive nos países de onde outrora era difícil partir; falta de esperança
nos países pobres e mal governados; papel das mídias; tomada de consciência de que é possível
mudar o curso da própria vida pela migração internacional; e, enfim, as mudanças climáticas
(Wenden, 2016, p.12)
No entanto, o ano de 2015 destacou-se nesse sentido pela exorbitante quantidade de
refugiados originados em grande maioria do oriente médio e continente africano que, na maioria
dos casos, fugiram devido a situações de guerra que tornavam impossível a vida nos seus países
de origem. A Síria foi a maior responsável pelo aumento do fluxo migratório durante aquele
período, seguida pelo Afeganistão e Iraque (Wenden, 2016, p.13). Gráfico

3.2. A União Europeia face aos desafios da crise dos refugiados

Provavelmente, em setembro de 2015, a decisão do governo alemão por uma política de


portas abertas aos milhares de refugiados que chegavam do oriente - médio e África ao continente
europeu foi a resposta imediata mais expressiva a nível governamental de um Estado-membro do
bloco europeu naquele momento. De forma temporária, a Alemanha suspendeu a Regulação de
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Dublin que trata da normatização de asilos para os membros da União Europeia cuja diretriz
básica diz que o país de entrada, por onde o requerente de asilo acessa a Área Schengen, deverá
ser aquele responsável pela análise do pedido (ART. 3, CONVENÇÃO DE DUBLIN, 1997).

Acolhedora, humanitária, solidária foram palavras que qualificaram a atitude alemã frente
à catástrofe humanitária, porém, tal resposta foi igualmente surpreendente visto que a Alemanha
sempre foi tida como um membro de comportamento frio e pragmático no contexto europeu,
simbolizada pela figura da sua chanceler Angela Merkel. A atitude alemã não apenas representou
um ato de solidariedade, mas também um objetivo claro na qual a Alemanha viu o influxo de
imigrantes como uma oportunidade benéfica tanto economicamente como socialmente em longo
prazo, pois a população alemã está diminuindo e estimativas apontam, que se nada for feito, em
trinta anos, não haverá mão de obra suficiente dentro do país. (DE STATIS, 2009)

Embora a Alemanha desejasse que a responsabilidade da crise tivesse sido compartilhada pela
UE, Bruxelas encontrava-se dividida entre os países dispostos a cooperar e aqueles que viram a
questão da imigração como um problema, pois o imigrante além de representar um fardo
econômico, foi colocado como uma ameaça à segurança nacional. Viktor Orban, primeiro-
ministro da Hungria, foi visto como um dos grandes vilãs da crise dos refugiados na UE e liderou
um grupo de países europeus como Polônia, Áustria, que no princípio da crise, reagiram com
hostilidade ao problema. (Wenden, 2016, p.16)
Em face da catástrofe humanitária envolvendo centenas de mortes por afogamento no
mediterrâneo e a pressão proveniente do influxo massivo de refugiados nas fronteiras externas do
Espaço Schengen, em setembro de 2015, a União Europeia encaminhou o primeiro esforço
coordenado através da concepção do Plano Temporário de Recolocação de Refugiados no qual a
Comissão Europeia acordou em transferir 160.000 solicitantes de asilo em necessidade de proteção
internacional da Itália e Grécia para outros países-membros da UE. Em síntese, o sistema de
recolocação compreendeu duas fases e a definição das quotas deveria considerar alguns aspectos
específicos:

O problema dos refugiados apresenta proporções globais, pois são 65.3 milhões de
pessoas deslocadas por razões de conflito ou perseguição no mundo, porém, nos últimos anos, a
Europa central foi palco do epicentro de um desastre humanitário que se convencionou chamar de
crise dos refugiados. Devido, principalmente, à guerra civil síria, milhares de sírios foram
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obrigados a deixar seu país e migraram em direção ao continente europeu rumo a países
desenvolvidos como Alemanha e Suécia (Sousa, 2017, p.16).

O itinerário percorrido por tais refugiados foi mais difícil do que esperado: a travessia por
botes no mediterrâneo levou a dezenas de centenas de mortes e os que alcançaram por terra o
continente europeu foram recebidos com o levantamento de muros nas fronteiras e uma resposta
caótica da União Europeia – símbolo de solidariedade – para gerenciar o gigantesco influxo de
imigrantes (Sousa, 2017, p.17).

4. CONCLUSÃO

Portanto, a imigração é, sem dúvidas, um dos temas mais importantes dentro do campo de
relações internacionais e a crise de refugiados, que teve seu epicentro na Europa central e desde 2015,
se estende com nenhuma solução promissora à vista, pôde contribuir com um bom exemplar de como
tal fenômeno migratório afeta o sistema internacional. No entanto, é preciso compreender a crise de
refugiados como um fenômeno global e o que vem atingindo a União Europeia é apenas a ponta desse
iceberg, pois do total de 65.3 milhões de pessoas deslocadas no mundo, 12,4 milhões foram
deslocadas por conflito e guerra em 2015 (ACNUR, 2015).

Por se tratar de um fenômeno global, são exigidas respostas a nível global para solucioná-la.
A Europa por meio da União Europeia tem falhado nas soluções encaminhadas para o problema, pois
as disposições entre os seus 27 Estados-membros em cooperar não são equivalentes e as soluções
propostas só atingem o problema superficialmente, uma vez que, milhões de refugiados continuam
fugindo de países destruídos pela guerra como a Síria ou por regimes ditatoriais como na Eritréia. Por
outro lado, uma solução mais adequada levaria em consideração a melhoria, o desenvolvimento
econômico-social dos países de origem destes refugiados.

Contudo, de tudo que foi coclui-se que o número elevado de refugiado que tem crescido de
forma ascendente tem como a causa profunda a insegurança humana que se vive em muitos países
Africanos, e do Médio Oriente. Deste forma, a percepção de um ambiente de segurança mais
abragente, estrutural e sistémica, deve ser fundamental por parte de todos os intervenientes políticos,
económicos, sociais, ambiental e cultural a fim de salvaguar a vida e a dignidade humana. Desta

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forma os numéros de de pessoas que abandonam seus locais de orígem a procura de melhores
condições de vida poderá reduzir.

5. BIBLIOGRAFIA

ACNUR, 2007. Note On The Refugee Integration in European Union. Disponível em: <
http://www.unhcr.org/463b462c4.pdf>. Acesso em 27 de fevereiro de 2017.

ACNUR. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, 1951. Disponível em:


<http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_
Estatuto_dos_Refugiados.pdf>. Acessado em 10 de novembro de 2016.

ACNUR. Protocolo Relativo ao Estatuto dos Refugiados, 1967. Disponível em:


<http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/
BD_Legal/Instrumentos_Internacionais/Protocolo_de_1967>. Acesso em 7 de novembro
de 2016.

SOUZA, Amanda Laissa Nunes de. (2017). A Crise de Refugiados nas Relações Internacionais:
Uma Reflexão Sobre Seus Efeitos Imediatos e Mediatos na União Europeia. Brasília
2017.

WENDEN. Catherine Wihtol de (2016). AS NOVAS MIGRAÇÕES Por que mais pessoas do
que nunca estão em circulação • e para onde elas estão indo?

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