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Academia de Ciências Sociais e Tecnológicas -ACITE

INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS


Mestrado em Globalização e Segurança

AMBIENTE E DEMOGRAFIA, NOVOS PARADIGMAS E NOVAS AMEAÇAS

GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO: REFUGIADOS

DOCENTES

PROFESSOR DOUTOR LUIEKAKIO


AFONSO

PROFESSOR DOUTOR JOSÉ LOPES


RIBEIRO

MESTRE MANUEL NUNES

DISCENTES

FILIPE JAIME RICARDO


MIRANDA MANUEL FRANCISCO
Turma A110, GS

18 de Maio de 2022
Trabalho em Grupo
Globalização e Migração: Refugiados
Ambiente e Demografia, Novos Paradigmas e Novas Ameaças

ACITE-2021-2022
FJR-MMF

RESUMO

O aumento dos fluxos migratórios no sistema internacional contemporâneo é consequência


do processo de aproximação económica, política e social, conhecido como ‘‘globalização’’ que para
além das suas vantagens, trazem consigo vários desafios para os principais intervenientes das
relações internacionais, que são os «Estados». Dentre os vários contemporaneas destacam-se: o
aquecimento global, as mudanças climáticas, o terrorismo internacional, a igualdade do género, o
desenvolvimento sustentável, entre outros. Porém, para este ensaio o enfoque recairá sobre os
fenómenos migratórios e consequentemente as ondas de refugiados que assolam um pouco por toda
parte, e mais especicamente no espaço comunitário europeu, razão pela qual, não deixam de ser
considerados grandes desafios para mundo cada vez mais integrado. Deste modo, mais do que
apontar as consequências, pretende-se com este trabalho debruçar-se em torno das causas que
poderão estar na base dos números progressivamente elevados de refugiados em todo mundo.

Palavras-chave: Globalização, Migração e Refugiados.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objectivo principal analisar as causas dos números
exponencialmente elevados de refugiados em todo mundo. Decorrente do fenómeno da globalização
que alterou a estrutura mundial e modificou os aspectos económicos, sociais, culturais e políticos,
que de certa maneira têm influenciado as pessoas a deixarem seus países de origem, devido à
instabilidade política, as perseguições ou violações de seus direitos humanos, por causa dos conflitos
étnicos e religiosos, e por outros motivos.

Diferentemente do passado, porém, não são os europeus que emigram para o mundo. Ao
contrário, em pleno declínio demográfico, a Europa tornou-se um dos primeiros destinos dos
imigratórios e de refugiados (Wenden, 2016, p.18).

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O presente trabalho justifica-se por tratar-se de um assunto que envolve toda a humanidade,
uma vez que a partir do início do século XXI, as migrações internacionais alcançaram uma
dimensão sem precedentes, com inúmeras consequências para os Estados receptores.

Para o presente artigo, o enfoque não estará sobre as consequências das ondas de refugiados
pelo mundo, todavia, pretende-se analisar as causas que estão base do crescimento exponencial do
número de pessoas que deixam seus países de origem com o propósito de procurar refúgio em outras
regiões do mundo. Assim sendo, a pesquisa levantou a seguinte problemática:

Quais são as causas profundas que têm contribuído para o crescimento exponencial do
número de refugiados com destino à União Europeia ?

Quanto aos objectivos, a pesquisa tem como objectivo geral analisar as causas do
crescimento exponencial do número de refugiados com destino final à União Europeia. Como
objectivos específicos foram traçados os seguintes: caracterizar o sistema internacional globalizado,
abordar a migração como um fenómeno humano, e compreender as causas profundas do
crescimento do número de refugiados com destino à União Europa.

No diz respeito a metodologia, no intuito de responder a pergunta de partida e alcançar os


objectivos preconizados, recorreu-se a pesquisa bibliográfica sustentada sobretudo por livros, artigos
científicos e site da internet que retratam sobre a temática a ser abordada.

Em 2017, 68 milhões de pessoas deslocaram-se forçadamente pelo mundo e, destas, mais de


25 milhões enquadravam-se como refugiados de acordo com a ACNUR (Abdo, 2019, p.71).

1. GLOBALIZAÇÃO

O termo Globalização é normalmente utilizado a propósito de um conjunto de


transformações socioeconómicas que vêm atravessando as sociedades contemporâneas em todos os
cantos do mundo. Tais transformações constituem um conjunto de novas realidades e problemas que
parecem implicar acrescidas dificuldades e novos desafios para os actores da vida internacional.
(Campos, 2017, p.8)

Actualmente, a economia mundial parece resultar da tendencial hegemonia da economia-


mundo ocidental, do seu desenvolvimento e da sua progressiva expansão. No fundamental, a
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Globalização pode entender-se como o produto do desenvolvimento do capitalismo à escala mundial


e pode, pois, entender-se como continuidade de uma lógica civilizacional que tem sido designada
por modernidade, e que já não é propriamente recente - a sua origem remonta à revolução industrial
inglesa no século XVIII conjugada com as transformações sociopolíticas emergentes da Revolução
Francesa de 1789, (Campos, 2017, p.15).

A Globalização pode pois ser entendida como um fenómeno social total (multidimensional)
que não é completamente recente, nem inteiramente novo. No entanto, sublinhar que a Globalização
está inserida num processo histórico e é portadora de continuidade, não significa retirar-lhe a sua
dimensão de novidade. Na verdade, a Globalização contemporânea compreende novas dinâmicas
(económicas, políticas e culturais) com importante dimensão e impacto, e que constituem uma
verdadeira transformação do mundo em que vivemos. No essencial, pode dizer-se que o termo
Globalização se tornou recorrente quando se assistiu à passagem de uma internacionalização de
certas instituições económicas de raiz nacional, ou seja, ancoradas em determinados Estados-Nação,
para um processo mais generalizado de integração económica à escala mundial (Campos, 2017,
p.15).

2. MIGRAÇÃO

As migrações inscrevem-se na história da humanidade desde o paleolítico, tendo uma


enorme importância ao longo da História da humanidade. Em termos gerais, são movimentos de
pessoas ou de grupos de pessoas durante períodos de tempo que podem ser temporários ou desde
uma terra de origem (onde serão consideradas emigrantes) até outra terra de chegada (onde serão
consideradas imigrantes). É possível classifica-las através de dois critérios, que permitem
individualizar quatro tipos de migração: o critério de legalidade distingue as migrações entre legais e
clandestinas; o critério de voluntariedade, diferencia-as entre voluntárias e forçadas (Lechner, 2010:
8-9).

Um breve histórico sobre os estudos de migração, alguns autores afirmam que a palavra
migrante evoca imagens de ruptura permanente, de abandono de velhos padrões, aprendizado difícil
de uma nova língua e cultura. Ao olharem para o imigrante sob esta perspectiva, como rapidamente
assimilados ou aculturados pela sociedade de destino, tais estudos obscurecem os dados sobre as
ligações com o lar, o país de origem (Sasaki, 2000, p.12).
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2.1. Tipos de Migração:


Migrações Externas: quando as pessoas se deslocam de um país para outro. Elas podem ser
Intercontinentais e Intracontinentais. Considera-se migrações intercontinentais, aquelas que se
realizam entre continentes diferentes. E são consideradas migrações Intracontinentais aquelas que
ocorrem dentro do mesmo continente (Andrade, 2014, p.32).

As Migrações Externas assumem duas formas: elas podem ser Emigração e/ou Imigração.
Emigração refere-se a saída de uma pessoa, um povo do seu país para outro, para estabelecer
residência no país de destino. Ao passo que a Imigração aplica-se na entrada de uma pessoa, povo
ou população de um país estrangeiro para um outro que os acolherá (Andrade, 2014, p.33).

3. REFUGIADOS

São considerados refugiados pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados
temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um
determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação
de direitos humanos e conflitos armados, que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-
se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha
sua residência habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido
temor, não quer voltar a ele. Ou ainda, pessoas que estão fora de seu país de origem devido a
conflitos, violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como
resultado, necessitam de “proteção internacional” (ACNUR, 2016).

3.1. A Proveniência dos Refugiados

No início do século XXI, as migrações internacionais alcançaram uma dimensão sem


precedentes. Diferentemente do passado, porém, não são os europeus que emigram para o mundo.
Ao contrário, em pleno declínio demográfico, a Europa tornou-se um dos primeiros destinos
migratórios. Mas é o planeta inteiro que está em movimento, especialmente o Sul. Surgiram novos
destinos, como os Estados do Golfo, o continente africano e alguns países asiáticos, enquanto os

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países outrora de partida passaram a ser de acolhidamento, como o Sul da Europa, mais tarde o
México, a Turquia e os países do Noroeste da África do Magrebe. (Wenden, 2016, p.12)
Nos últimos anos, essas migrações se globalizaram. Desde meados da década de 90, no
número de imigrantes e refugiados rondava cerca de 150 milhões, e no início dos anos 2000 e
actualmente considera-se mais de 244 milhões. Esse processo tende a continuar, pois os factores da
mobilidade estão longe de desaparecer; eles são estruturais: desequilíbrios entre os níveis de
desenvolvimento humano (que combinam a expectativa de vida, o nível de educação e o nível de
bem-estar) ao longo das grandes linhas de fratura do mundo; crises políticas e ambientais que são
“produtoras” de refugiados e deslocados; redução do custo dos transportes; generalização da
emissão de passaportes, inclusive nos países de onde outrora era difícil partir; falta de esperança nos
países pobres e mal governados; papel das mídias; tomada de consciência de que é possível mudar o
curso da própria vida pela migração internacional; e, enfim, as mudanças climáticas (Wenden, 2016,
p.12)
No entanto, o ano de 2015 destacou-se nesse sentido pela exorbitante quantidade de
refugiados originados em grande maioria do oriente médio e continente africano que, na maioria dos
casos, fugiram devido a situações de guerra que tornavam impossível a vida nos seus países de
origem. A Síria foi a maior responsável pelo aumento do fluxo migratório durante aquele período,
seguida pelo Afeganistão e Iraque (Wenden, 2016, p.13). Gráfico

3.2. A União Europeia face aos desafios da crise dos refugiados

Provavelmente, em setembro de 2015, a decisão do governo alemão por uma política de


portas abertas aos milhares de refugiados que chegavam do oriente - médio e África ao continente
europeu foi a resposta imediata mais expressiva a nível governamental de um Estado-membro do
bloco europeu naquele momento. De forma temporária, a Alemanha suspendeu a Regulação de
Dublin que trata da normatização de asilos para os membros da União Europeia cuja diretriz básica
diz que o país de entrada, por onde o requerente de asilo acessa a Área Schengen, deverá ser aquele
responsável pela análise do pedido (ART. 3, CONVENÇÃO DE DUBLIN, 1997).

Acolhedora, humanitária, solidária foram palavras que qualificaram a atitude alemã frente à
catástrofe humanitária, porém, tal resposta foi igualmente surpreendente visto que a Alemanha
sempre foi tida como um membro de comportamento frio e pragmático no contexto europeu,
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simbolizada pela figura da sua chanceler Angela Merkel. A atitude alemã não apenas representou
um ato de solidariedade, mas também um objetivo claro na qual a Alemanha viu o influxo de
imigrantes como uma oportunidade benéfica tanto economicamente como socialmente em longo
prazo, pois a população alemã está diminuindo e estimativas apontam, que se nada for feito, em
trinta anos, não haverá mão de obra suficiente dentro do país. (DE STATIS, 2009)

Embora a Alemanha desejasse que a responsabilidade da crise tivesse sido compartilhada pela UE,
Bruxelas encontrava-se dividida entre os países dispostos a cooperar e aqueles que viram a questão
da imigração como um problema, pois o imigrante além de representar um fardo econômico, foi
colocado como uma ameaça à segurança nacional. Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria, foi
visto como um dos grandes vilãs da crise dos refugiados na UE e liderou um grupo de países europeus
como Polônia, Áustria, que no princípio da crise, reagiram com hostilidade ao problema. (Wenden,
2016, p.16)
Em face da catástrofe humanitária envolvendo centenas de mortes por afogamento no
mediterrâneo e a pressão proveniente do influxo massivo de refugiados nas fronteiras externas do Espaço
Schengen, em setembro de 2015, a União Europeia encaminhou o primeiro esforço coordenado através
da concepção do Plano Temporário de Recolocação de Refugiados no qual a Comissão Europeia
acordou em transferir 160.000 solicitantes de asilo em necessidade de proteção internacional da Itália e
Grécia para outros países-membros da UE. Em síntese, o sistema de recolocação compreendeu duas
fases e a definição das quotas deveria considerar alguns aspectos específicos:

O problema dos refugiados apresenta proporções globais, pois são 65.3 milhões de pessoas
deslocadas por razões de conflito ou perseguição no mundo, porém, nos últimos anos, a Europa
central foi palco do epicentro de um desastre humanitário que se convencionou chamar de crise dos
refugiados. Devido, principalmente, à guerra civil síria, milhares de sírios foram obrigados a deixar
seu país e migraram em direção ao continente europeu rumo a países desenvolvidos como Alemanha
e Suécia (Sousa, 2017, p.16).

O itinerário percorrido por tais refugiados foi mais difícil do que esperado: a travessia por
botes no mediterrâneo levou a dezenas de centenas de mortes e os que alcançaram por terra o
continente europeu foram recebidos com o levantamento de muros nas fronteiras e uma resposta
caótica da União Europeia – símbolo de solidariedade – para gerenciar o gigantesco influxo de
imigrantes (Sousa, 2017, p.17).

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4. CONCLUSÃO

Portanto, a imigração é, sem dúvidas, um dos temas mais importantes dentro do campo de
relações internacionais e a crise de refugiados, que teve seu epicentro na Europa central e desde 2015, se
estende com nenhuma solução promissora à vista, pôde contribuir com um bom exemplar de como tal
fenômeno migratório afeta o sistema internacional. No entanto, é preciso compreender a crise de
refugiados como um fenômeno global e o que vem atingindo a União Europeia é apenas a ponta desse
iceberg, pois do total de 65.3 milhões de pessoas deslocadas no mundo, 12,4 milhões foram deslocadas
por conflito e guerra em 2015 (ACNUR, 2015).

Por se tratar de um fenômeno global, são exigidas respostas a nível global para solucioná-la. A
Europa por meio da União Europeia tem falhado nas soluções encaminhadas para o problema, pois as
disposições entre os seus 27 Estados-membros em cooperar não são equivalentes e as soluções propostas
só atingem o problema superficialmente, uma vez que, milhões de refugiados continuam fugindo de
países destruídos pela guerra como a Síria ou por regimes ditatoriais como na Eritréia. Por outro lado,
uma solução mais adequada levaria em consideração a melhoria, o desenvolvimento econômico-social
dos países de origem destes refugiados.

Contudo, de tudo que foi coclui-se que o número elevado de refugiado que tem crescido de
forma ascendente tem como a causa profunda a insegurança humana que se vive em muitos países
Africanos, e do Médio Oriente. Deste forma, a percepção de um ambiente de segurança mais abragente,
estrutural e sistémica, deve ser fundamental por parte de todos os intervenientes políticos, económicos,
sociais, ambiental e cultural a fim de salvaguar a vida e a dignidade humana. Desta forma os numéros de
de pessoas que abandonam seus locais de orígem a procura de melhores condições de vida poderá
reduzir.

5. BIBLIOGRAFIA

ACNUR, 2007. Note On The Refugee Integration in European Union. Disponível em: <
http://www.unhcr.org/463b462c4.pdf>. Acesso em 27 de fevereiro de 2017.

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ACNUR. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, 1951. Disponível em:


<http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Est
atuto_dos_Refugiados.pdf>. Acessado em 10 de novembro de 2016.

ACNUR. Protocolo Relativo ao Estatuto dos Refugiados, 1967. Disponível em:


<http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/
BD_Legal/Instrumentos_Internacionais/Protocolo_de_1967>. Acesso em 7 de novembro de
2016.

SOUZA, Amanda Laissa Nunes de. (2017). A Crise de Refugiados nas Relações Internacionais:
Uma Reflexão Sobre Seus Efeitos Imediatos e Mediatos na União Europeia. Brasília
2017.

WENDEN. Catherine Wihtol de (2016). AS NOVAS MIGRAÇÕES Por que mais pessoas do que
nunca estão em circulação • e para onde elas estão indo?

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