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95 96 97 Apéndice A AL Az AB Aa AS AS Apéndice B Ba B2 B3 ApéndiceC ca 2 ApéndiceD indice Sumario ‘© modelo de circuito de um motorde indugdo monofésico Outros tipos de motores Sintese do capitulo Perguntas Problemas Referéncias Cireuitos trifasicos Geragdo de tenses e correntes trifsicas Tensdese correntes em um circuito trifisico Relagdes de poténcia em circuitos trifésicos Analise de sistemas trifsicos equilibrados Diagramas unfilares Utlizando o triingulo de poténcia Perguntas Problemas Referéncias Passo de uma bobina e enrolamentos distribuidos 0 efeito da passo de uma bobina nas miquinas CA Enrolamentos distribuidos em maquinas CA Sintese do apéndice Perguntas Problemas Referéncias Teoria dos polos salientes das méquinas sincronas Desenvolvimento do circuito equivalente de um gerador sincrono de polos salientes Equacdes de conjugado e poténcia em uma maquina de polos salientes Problemas Tabelas de constantes e fatores de conversio 590 597 609 610 on er 613 613 67 622 625 632 632 635 636 638. 639 539 648 656 657 657 658 659) 660 665 667 669 671 capitulo Introducao aos principios de maquinas OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM = Aprender os fundamentos da mecénica de rotacional: velocidade angular, acelera «80 angular, conjugado ea lei de Newton para a rotacio. 1 Aprender como produzir um campo magnétic. 1 Compreenderos circuitos magnéticos. 1 Compreendero comportamento dos materiais ferromagnéticos, 1 Compreendera histerese nos materias ferromagnéticos. 1 Compreendera lel de Faraday. = Compreender como se produz uma forga induzida em um flo condutor. = Compreender como se produz uma tensio induzida em um fio condutor, = Compreendero funcionamento de uma maquina linear simples, 1 Ser capaz de trabalhar com as potéincias ativa, reativa e aparente, 1.1 MAQUINAS ELETRICAS E TRANSFORMADORES NA VIDA DIARIA Uma maquina elétrica é um dispositivo que pode converter tanto a energia mecnica ‘em energia elétzica como a energia elétrica em energia mecdnica. Quando tal dispo- sitivo é usado para converter energia mecdnica em energia elétrica, ele ¢ denominado gerador. Quando converte energia elétrica em energia mecanica, ele é denominado ‘motor, Como qualquer maquina elétrica é capaz. de fazer a conversdo da energia em ambos os sentidos, ento qualquer méquina pode ser usada como gerador ou como motor. Na pritica, quase todos os motores fazem a conversdo da energia de uma for ‘ma em outra pela agdo de um campo magnético, Neste livro, estudaremos somente méquinas que uilizam o campo magnético para realizar tal conversio. 2 Fundamentos de Miquinas Elétricas 0 transformador 6 um dispositive elétrico que apresenta uma relago préxima com as méquinas elétricas. Ele converte energia elétrica CA de um n{vel de tensa0 «em energia elétiea CA de outro nivel de tensio, Em geral, eles sio estudados junta- mente com os geradores ¢ motores, porque os transformadores funcionam com base ‘nos mesmo principios, ou seja, dependem da agio de um campo magnético para que ‘ocorram mudangas no nivel de tens. No cotidiano da vida moderna, esses trs tipos de dispositivos elétricos esto presentes em todos os lugares. Nas casas, os motores elétricos acionam refrigerado- res, freezers, aspiradores de ar, processadores de alimentos, aparethos de ar condi- cionado, ventladores ¢ muitos outros eletrodométicos similares. Nas indGstrias, os motores produzem a forga motriz para mover praticamente todas as méquinas. Natu- ralmente, para fornecer & energia utilizada por todos esses motores, hi necessidade de geradores. Por que motores e geradores elétricos sio to comuns? A resposta é muito simples: a energia elérica é uma fonte de energia limpa ¢ eficiente, ffeil de ser transmitida a longas distinciase facil de ser controlada. Um motor elérico nao re quer ventilagdo constante nem combustivel na forma que é exigida por um motor de combustio interna. Assim, o motor elérico é muito apropriado para uso em ambien- tes onde nio sio desejaveis poluentes associados com combustio. Em ver disso, & energia térmica ou mecénica pode ser convertida para a forma elétrica em um local distanciado, Em seguida, a energia el6trica pode ser transmitida por longas distan- cias até o local onde deverd ser utiizada e, por fim, pode ser usada de forma limpa em todas as casas, escrtérios e indistrias. Os transformadores auxiliam nesse pro- cesso,reduzindo as perdas energstieas entre o ponto de geragio da energia elérica € 6 ponto de sua utilizacéo, 1.2 OBSERVACAO SOBRE UNIDADES E NOTACAO © projeto e estudo das maquinas e sistemas de poténcia elétricos esto entre as éreas ‘ais antigas da engenharia elétrica. O estudo iniciou-se no periodo final do século XIX, Naquela 6poca, as unidades elétricas estavam sendo padronizadas internacio- nalmente e essas unidades foram universalmente adotadas pelos engenheiros. Volts, ampéres, ohms, Walts e unidades similares, que sio parte do sistema métrico de u dades, so utilizadas hd muito tempo para deserever as grandezas elétricas nas mé- quinas. Nos paises de lingua inglesa, no entanto, as grandezas mecinicas vém sendo ‘medidas hé muito tempo com o sistema inglés de unidades (polegadas, pés, libras, etc.). Essa pratica foi adotada no estudo das maquinas. Assim, ha muitos anos, as ‘grandezas elétricas e meciinieas das méquinas sio medidas com diversos sistemas de unidades. Em 1954, um sistema abrangente de unidades baseado no sistema métrico foi adotado como padrio internacional, Esse sistema de unidades tornou-se conhecido ‘como o Sistema Internacional (SI) ¢ foi adotado em quase todo o mundo. Os Estados Unidos sio praticamente a tinica excegdo ~ mesmo a Inglaterra e o Canada jé adota- ram 0 SL Incvitavelmente, com o passar do tempo, as unidades do SI acabario sendo padronizadas nos Estados Unidos. As sociedades profissionais, como o Institute of Capitulo _» _Intraducio 20s princ’pios de maquinas 3 Electrical and Electronics Engineers (IEEE), jd padronizaram unidades do sistema métrico para serem usadas em todos os tipos de atividade. Entretanto, muitas pessoas ceresceram usando as unidades inglesas, as quais ainda permanecerio sendo usadas [peas (1-258) ‘em que dA € a unidade diferencial de dea. Se o vetor de densidade de fluxo for per= pendicular a um plano de fea Ac se a densidade de fluxo for constante através da frea, entdo essa equagao se reduzira a = BA (1-256) Assim, 0 fluxo total do miicleo da Figura 1-3, devido a corrente ino enrolamen- loé NIA $= BAH (1-26) em que A € a rea da segio reta do niicleo, Circuitos magnéticos Na Equagio (1-26), vemos que a correnteem uma bobina de fio enrolado em umn ni cleo produz um fluxo magnético nessenleo, De cert forma, is80 € andlogo a uma tensio que em um cireuitoelético produzo fluxo de corrente.E possvel definir um “circuto magnético”eujo comportamento é regido por equagtes andlogas as de um cireuito elérico, Prequentemente, no projeto de méquinaseltricase ransformdo- res, tiliza-seo model deercuito magnético que deserve o comportamento magné tico para simpiicaro processo de projeto que de outo modo, sera bem complex Em umn cicuitoeletrco simples, como o mostrado na Figura 1-4, a fonte de tensio V alimenta uma corrente [a0 longo do cireuito através de uma resistencia R. Arelasdo entre essas grandezas€ dada pel lei de Ohm v=R No cireuito elétrico, o fluxo de corrente € acionado por uma tensio ou forga eletro- motriz, Por analogia, a grandeza correspondente no circuito magnético € denominada forca magnetomotriz (FMM). A forea magnetomotriz do circuito magnético é igual ‘ao fluxo efetivo de corrente aplicado ao niicleo, ou Ni aan ‘em que TE o simbolo da forga magnetomotriz, medida em amperes-espiras. ‘Como uma fonte de tenso no circuito clétrico, a forga magnetomotriz no cir- ccuito magnético também tem uma polaridade associada. terminal positivo da fonte de FMM € 0 terminal de onde 0 fluxo sai ¢ 0 terminal negativo da fonte de FMM & R Fundamentos de Méquinas Elétricas 'G sia @ o FIGURAT-4 (@) Circuito elétrico simples, (b) Circuito magnético anélogo a um nicleo de transformadr, © terminal no qual o fluxo volta a entrar. A polaridade da FMM de uma bobina pode ser determinada modificando-se a regra da mio direita: se os dedos da mio direita ccurvarem-se no sentido do fluxo de corrente em uma bobina, entdo 0 polegar apontard no sentido de FMM positiva (veja Figura 1-5). No circuito elétrico, a tensio aplicada faz com que circule uma corrente I. De ‘modo similar, em um circuito magnético, a forga magnetomotriz aplicada faz com {que um fluxo ¢ seja produzido. A relacdo entre tenso e corrente em um circuito elé- trico €a lei de Ohm (V = 7R). Do mesmo modo, a relagio entre forga magnetomottiz. e fluxo ¢ F=42 (1-28) FIGURAT-5 Determinagdo da polaridade de uma fonte de forga magnetomotriz em um circuto magnético, Capitulo _» _Introdugo a0s principios demaquinas 13, em que = forga magnetomotriz do cireuito = fluxo do cireuito ® = relusancia do cieuito A relutincia de um circuito magnético ¢ o equivalente da resistencia elétrica, sendo a sua unidade o ampere-espira (A.) por weber (Wb), Ha também um equivalente magnético da condutancia, Assim como a condu- Lancia de um circuito elétrico 6 o inverso de sua resisténcia, a permedncia P de um ‘cima é 0 inverso de sua relutancia pk 02% Desse mai, aca ene ga magncomeuiz ofa pode se expres como b= FP (1-30) Qual 6 a relutincia do nticleo da Figura 1-3? O fluxo resultante nesse nticleo é dado pela Equagio (1-26): = Ba = NA (1-26) (#4) =» (te) — #4) ost] asp Comparando a EquagZo (1-31) com a Equago (1-28), vemos que a relutincia do nicleo € 032) As relutincias em um circuito magnético obedecem as mesmas regeas que as resistén- cias em um circuito clétrico. A reluténcia equivalente de diversas relutancias em série <6 simplesmente a soma das relutncias individuais: Rg = RAR?RT (1-33) De modo similar, relutancias em paralelo combinam-se conforme a equacao Pot yaya RR RR + 1-34) Permefincias em série e em paralelo obedecem as mesmas regras que as condutincias elétricas Quando sao usados os conceitos de circuito magnético em um niicleo, os céleu. los de fluxo sio sempre aproximados — no melhor dos casos, eles tero uma exatidio 4 Fundamentos de Méquinas Elétricas CHART FIGURA 1-6 Efeito de espraiamento de um campo magnético no entreferro. Observe o aumento da érea da segioreta do entreferro em comparagio com a érea da seg reta do metal de cerca de 5% em relagio ao valor real, H uma série de razSes para essa falta ine- rente de exatido: 1. 0 conceito de cireuito magnético assume que todo o fluxo esté confinado 20 interior do niicleo magnético. Infelizmente, isso nio € totalmente verdadeiro. A permeabilidade de um micleo ferromagnético ¢ de 2000 a 6000 vezes a do at, ‘mas uma pequena fragio do fluxo escapa do niicleo indo para o ar circundante, cuja permeabilidade é baixa. Esse fluxo no exterior do niicleo € denominado fluxo de dispersio e desempenha um pape! muito importante no projeto de mé- {quinas elétricas 2. Os célculos de relutfncia assumem um certo comprimento de caminho médio & de drea de segdo reta para o miicleo, Essas suposigdes no so realmente muito boas, especialmente nos cantos. 3. Nos materiais ferromagnéticos, a permeabilidade varia com a quantidade de fluxo que ja esté presente no material, Esse efeito ndo linear sera descrito em detalhe, Ele acrescenta outra fonte de erro & anslise do cireuito magnético, 6 que as relutincias usadas nos céleulos de circuitos magnéticos dependem da permeabilidade do material, 4, Se houver entreferros de ar no caminho de fluxo do nticleo, a drea efetiva da se. {Glo reta do entreferro de ar serd maior do que a dea da seco reta do nicleo de ferro de ambos os lados. A firea efetiva extra & causada pelo denominado “feito de espraiamento” do campo magnético no entreferro de ar (Figura 1-6). Nos ealeulos, pode-se compensar parcialmente essas fontes inerentes de erro. Para tanto, valores “cortigidos” ou “efetivos” de comprimento de caminho médio e de drea de sega reta sdo usados no lugar dos valores reais de comprimento e drea, H& muitas limitagGes inerentes ao conceito de cireuito magnético, mas ele ainda 6a ferramenta de projeto mais facilmente ussivel que esté disponivel para os célculos Capitulo» _Introdugo a0s principios demaquinas 15, de fluxo, no projeto pritico de méquinas. Célculos exatos usando as equagbes de Ma- xwell sdo demasiadamente dificeis e, de qualquer forma, nlo so necessérios porque resultados satisfatérios podem ser conseguidos usando esse método aproximado. (0s seguintes exemplosilustram os célculos bésicos usados em circuitos magnéti- ‘cos. Observe que nestes exemplos as respostas sio dadas com wés digitos significativos. EXEMPLO 1-1. Um nicleo ferromagnético é mostrado na Figura I-Ta. Trés de sous lados ‘tém larguras uniformes, a0 passo que @ largura do quarto lado & menor. A profundidade do cleo (para dentro da pagina) é 10 em eas outras dimensbes so mostradas na figura, Uma bo- bina de 200 espiras estéentolada no ado esquerdo do ndcleo, Assumindo uma permeabitidade relativaj, de 2500, quanto fluxo sera produzido por uma corrente de 1 ampere? Solugao Resolveremos este problema duas vezes,primeiro manualmente e depois usando um programa MATLAB. Mostraremos que ambas as abordagens proguzem a mesma resposta, ‘Ts lados do nicl tém as mesmas éreas de seco rea, ao passo que 0 quarto lado tem uma rea diferente, Assim, 0 nicleo pode ser dividido em duas regides: (1) um lado menos cespesso € (2) t€s outros Lads tomados em conjunto. O respective circuito magnético desse nicleo esté mosteado na Figura 1-7b, ‘O comprimento do caminho médio da regido 1 € 45 em e a rea da segio rea € 10 10cm = 100 en’. Portanto, a relutaneia da primeira regido & hook TA aah a 045m (2500)(40r X 1077)(0,01 m*) = 14300 A ero ®, ‘© comprimento do caminho méio da regio 2 € 130 em e a area da seglo reta € 15 % 10 em = 150m. Assim, a relutincia da segunda regiao & hook BA ak oe 13m Boyer x 10-O01S mw 27.600 A efWe Portanto, a relutancia total do ntcleo & Bag B+ ®, = 14300 A+ eAWb + 27.600 A+ enW 1.9004 efWb ‘A forga magnetomotriz total é g (0 fluxo total no nicleo é dado por (200 + enWD}(.0) = 200A +e 200A+e. 100A + eS = 0.0088 We 16 Fundamentos de Mquinas Elétricas 30cm — . : FIGURA 1-7 (2) O niileo ferromagnético do Exemplo 1-1, (b) O respective citeuito magnético de Se desejado, esse edeulo poder ser executado usando um arquivo de programa em MATLAB (Wile). Um programa simples para calcuaro fluxo do ndcleo & mostrado a seguit, § conpeimente da regizo 2 Capitulo _¢ _Introdugio a0s principios demaquinas 17 Area da rogido 1 a2 = 0.015; Kea da regio 2 uur = 2509) Permeabilidade relative a . uo = 4ypinne-7; 3 Permaabilidade do vacuo ’ . o.ots n= 2007 Nimaro de espiras no nticies ie Corrente em amperes § cdlcuto da primeira relutancia rie / (ur * uo * at) Biep ((¢r2 = * mumeteirti)); § clculo da segunda relutancia y= 12 / (ur * uo * a2) @iep (('r2 =! mumdete(r2))); § céleule da relutinesa total 8 cAicuto da FMM (me) 4 Finalmente, obtenha 0 fluxo (flux) no nicleo flux = mnt / reo; § Nostre o resultade Giep (['Fluxo = * numzetr (fwd) ‘Quando esse programa é executado, os resultados si: Fluxe = 9.004772 Esse programa produziu 0 mesmo resullade que o nosso eleulo a mio, com o aero de digi- tos significaivos do problema, EXEMPLO 1-2 A Figura -Sa mostra um nicleo ferromagnético cujo eomprimento de ea minho médio é 40 em, Hé tm entreferro delgado de 0,05 em no niicleo, © qual é inteirigo no restante, A érea da sogio reta do ndcleo é 12 em’, a permesbilidade relativa do nicleo é 4000 ‘© a bobina enrolada no nicleo tem 400 espiras. Assuma que 0 espraiamento no entreferro sumente a fea efstva da seco reta cm S%, Dada essa informagio, encontre (a) @relutancia ttl do caminko de fluxo (ferro mais entreferro) ¢(b) a correte necesséria para produir uma densidade de fluxo de 0,5 T no entreferc, Solusao (0 cireuito magnético comespondentea esse nicleo & mostrado na Figura 1-86, (a) A relutancia do ndeleo & 4. A, Hi Hoy osm Goon 10-0001 = 66,300.A+ efW | (132) 18 __ Fundamentos de Méquinas Elétricas « ‘ 2, (Retna do niles) = C Bq Reina do entero) » FIGURA 1-8 (@) O niileo ferromagnético do Exemplo 1-2. (6) O respective cteuito magnético de (3), ‘A fron efetiva do entreferro€ 1,05 X 12m? = 12,6 emt, de modo que a relutancia do enire- fero (ef) é Bye 32) 0,0005 rm Gr 107)(0,00126 mi = 316.000.A+ erWb Portanto, a rlutincia total do camino de fuxo & Py = Bet Ry 66.300 A+ e/Wb + 316,000 A+ e/Wb 382.300A+ efWo Observe que o enireferro contribui com a maior parte da relutincia, embora seu caminho de fluxo seja 800 vezes mais curto do que odo nico. Capitulo _» _Introdug0 20s principios demaquinas 19 (b) Da Equagio (1-28), temos HR (1-28) ono o fo $ = BA e = Ni esa quo tomase Ni= Baw dem que ; BAD W (05710:00126 105/989. 200 + em) we = 06024 Observe nessa equaglo que, como foi necessrio obter 0 fluxo de enteferr, ent foi sada & fea efetiva do entrefere, EXEMPLO1-3 A Figura 1-9a mostra de forma simplificada rotor eo estator de um motor ‘CC. O comprimento do caminho médio do estator é 50 em e area de sua segae reta€ 12.em= © comprimento do caminho méaio do rotor &5 em e pode-se assumir que area de sua segdo ‘ota € também 12 em, Cada entefeero entee 0 rotor o estator tem 0,05 om de laura ea dea da segdo reta de cada entrefero (incluindo o espraiamento) € 14 em. O ferro do nice tem permeabilidade relativa de 2000 e hé 200 espiras de fo sobre o ndeleo. Se a corrente no fo for ajustada para | A, qual serda densidade de Mluxo resultante nos entreferos? Solugéo Para determinar a densidade de Muxo no entreferro, & necessévio calcular primeito a forga rmagnetomottiz aplicada ao 2 rmagées, pode-se encontrar o luxo total no niileo. Finalmente, conhecendo a fea da segio rota dos entreerros, pode-secaleular a densidade de Muxo. A telutincia do estator € jeloo ea relutinia total do caminho de fluxo. Com esses infor- HA, osm o,0012 m= 166,000 A+ Wb A telutincia do rotor € 4 al, 0.05 m ooo a x 10-0.0012 mH 16.600 A. e/W A relutincia dos entreferros & - 0.0005 DEX 10-0 0018 284.000.A+ e/Wb 20 __ Fundamentos de Méquinas Elétricas gp, Relutncadoestaor Relatinia do enteferr 1 Relutincia do rotor gy, Reltinciado entree 2 © FIGURA 1-9 (@) Diagrama simplificade do rotor e do estator de um motor CC. (b) 0 respectivo ctcuito smagaético de () respective cireuito magnético dessa miquina esté mostrado na Figura L-9b. A reluténcia total do caminho de Auxo é, portato, Req = Rt Ry + Bt Rp 166,000 + 284,000 + 16.600 + 284.000 A+ ere 751,000.A+ efWb A forga magnetomotriz iquida aplicada ao micleo & a Portanto, 6 fluxo total no ncleo & (200.0)(1,0) = 200A +e 200 Ave "~ TSL000A+ eB 0.00266 W> é Capitulo _¢ _Introducio 20s principios de maquinas__21 Por fim, a densidade de fuxo magnético no entreferro do motor & 0.000266 we PR “oooitme OT Comportamento magnético dos mater Anteriormente, nesta sega s ferromagnéticos 4 permenbilidade magnética foi definida pela equagio Bult an) Foi explicado antes que a permeabilidade dos materiais magnéticos ¢ muito clevada, até 6000 vezes a permeabilidade do vacuo. Naquela andlise e nos exemplos que se seguiram, assumiu-se que a permeabilidade era constante, independentemente da for- ‘ca magnctomotriz aplicada ao material, Embora a permeabilidade scja constante no vcuo, isso certamente ndo é verdadeiro para o ferro e outros materiais magnéticos. Para ilustrar 0 comportamento da permeabilidade magnética em um material ferromagnético, aplique uma corrente continua ao nticleo mostrado na Figura 1-3, comecando com 0A e lentamente subindo até a méxima corrente permitida. Quando se faz um grafico do fluxo produzido no niicleo versus a forga magnetomotriz que © produz, o resultado é como o da Figura 1-10a. Esse tipo de grafico é denominado curva de saturagdo ou curva de magnetizagdo. Inicialmente, um pequeno incremen- to na forga magnetomotriz produz um grande ineremento no fluxo resultante, Ap6s um determinado ponto, contudo, novos incrementos na forga magnetomotriz produ- zem incrementos relativamente menores no fluxo. No final, um aumento na forca magnetomotriz. produz.quase nenhuma alteragio. A regio nessa figura onde a curva fica plana € denominada regido de saturagdo e diz-se que o nfcleo esté saturado. Por outro lado, a regio onde o fluxo varia muito rapidamente é denominada regido in saturada ou ndo saturada da curva e diz-se que 0 miicleo esti ndo saturado. A regio de transigdo entre a regio ndo saturada c a regio saturada ¢ denominada algumas veres joetho da curva, Na regio nao saturada, observe que o fluxo produzido no niicleo relaciona-se linearmente com a forga magnetomotriz aplicada e, na regido de saturagio, 0 fluxo aproxima-se de um valor constante que independe da forga magnetomotiz. Um outro grifico estreitamente relacionado € mostrado na Figura 1-10b. Essa figura apresenta um grifico da densidade de fluxo magnético B versus a intensidade de campo magnético H. Das Equagdes (1-20) e (I-25b), obtém-se Ni Rh $= BA (1-256) H= (1-20) Observa-se facilmente que, em qualquer niicleo, a intensidade de campo magnético é diretamente proporcional a forga magnetomotriz e a densidade de fluxo magnético € diretamente proporcional éo fluxo, Portanto, a relagio entre Be H tem a mesma forma que @ relagdo entre fluxo e forga magnetomotriz. A inclinagao da curva de den- sidade de fluxo versus a intensidade de campo magnético para qualquer valor dado de H na Figura 1-10b 6, por definigdo, a permeabilidade do nicleo para essa intensidade de campo magnético. A curva mostra que a permeabilidade € elevada c relativamente 22 __ Fundamentos de Méquinas Elétricas aw BT Fave Wave @ © Densidade de 020 304050 100 200 300 S00 1007 2000-5000 Tntensidade de eampo magnétco H, A+ elm © FIGURA 1-10 (@) Gritico de uma curva de magnetizagio CC de um nileo Ferromagnétio,(b) Curva de magnetizacio texpressa em termos de densidade de luxo eintensidade de campo magneético, (c) Curva de magnetizacao Aetathada de uma pega tipiea de ago. (2) Gratico de permeabilidaderelativa em Fungo da intensidade de campo magnético H para uma peca tipica de ago. Capitulo _¢ _Introdugo a0s principios de maquinas 23 400] ledimensionl) 2000 i) 10 230 40 50100 2030700 1000 Inteosdade de campo magntio H, (A ef) ® FIGURA 1-10 (continuagao) constante na regitio nio saturada e, em seguida, decresce gradualmente até um valor bem baixo a medida que o nicleo torna-se fortemente saturado, A Figura 1-10c & uma curva de magnetizagao para um bloco tipico de ago, mostrado com mais detalhe e com a intensidade de campo magnético em escala loga ritmica. Somente usando a escala logaritmica para a intensidade de campo magnético E que se pode incluir no grifico a regio da curva de saturagio clevada. Para uma mesma forga magnetomotriz dada, @ vantagem de utilizar material ferromagnético nos micleos das méquinas elétricas e dos transformadores é que se pode conseguir muito mais fuxo usando o ferro do que o ar. Entretanto, se © Nluxo resultante tiver que ser proporcional, ou aproximadamente proporcional, 2 forga mag. netomotriz aplicada, entdo o niicleo deverd estar operando na regido néo saturada da ccurva de magnetizagao, ‘Como os geradores ¢ motores reais dependem de fluxo magnético para produ zir tensio e conjugado, eles sio projetados para produzir o miximo fluxo possivel ‘Como resultado, a maioria das méquinas reais opera pr6ximo do joetho da curva de magnetizagiio ¢ o fluxo magnético em seus micleos nio se relaciona linearmente com 1 forga magnetomotriz que o produz. Essa no linearidade é a razo de muitos com- portamentos peculiares que sio apresentados pelas maquinas e que serio explicados ros préximos capitulos. Usaremos MATLAB para obter as solugdes dos problemas {que envolvem o comportamento nio linear das méquinas reas, 24 _ Fundamentos de Méquinas Elétricas EXEMPLO 1-4 Encontre a permeabilidade relativa de um material ferromagnético tpi, cuja curva de magnetizagdo esté mostrada na Figura 1-10e, nos pontos (a) H = 50, (6) H 100, (c) H = 500 (d) H!~ 1000 A +efm. Solugao ‘A permebilidade de um material 6 dada por B “oa ca permesbilidade relativa é dada por, (1.23) Assim, 6 fic doterminar a permenbilidade para qualquer intensidade de campo magnético dada (a) Para H = 50 A+ efm, emos B = 0,25T. Logo, Boast we Be Ee © 0.0050 Hm __0,0050 1) ‘ Mths Te x 10-7 Him 8 (b) Para H~ 100A e/m, temos B - 0:72: Logo, B__omt 2 wa B= OPT goo Him 0.0072 Hina ex 10-7 Him 77° S00 A + em, tomos B= 1,40. Logo, B__ 1407 BBO appar © 00028 Him 1 __0,0028 Him i Fex 107 Him“? (d) Para H = 1000 A+ elm, temos B = 1,51 T. Logo, es n= B= AST = oooist mh # wok 1200 Capitulo _¢ _Introdugo a0s principios demaquinas 25 Observe que, & medida que a intensidade do campo magnético ¢ incrementada, 1 permeabilidade relativa cresce no inicio e entdo comega a diminuit. A permeabi- Tidade relativa de um material ferromagnético tipico em fungo da intensidade de ‘campo magnético est mostrada na Figura 1-10d, Essa forma de curva é bem tipica de todos os materiais Ferromagnéticos. Pode-se ver facilmente da curva de j, versus H ‘que a suposigho de permeabilidade relativa constante feita nos Exemplos I-L a 1-3 € vélida apenas dentro de um intervalo relativamente estreito de intensidades de campo rmagnético (ou forgas magnetomotrizes). No exemplo seguinte, nfo se assume que a permeabilidade relativa & constante [No lugar disso, a relagio entre Be H € dada por um grafico, EXEMPLO 1-5 Um nicleo magnético quadrado tem um comprimento de caminho médio de 55 cm e uma drea da sego reta de 150 em. Uma bobina com 200 espiras é enrolada em, tomo de uma pema do nicleo. O niclea é feito de um material euja curva de magnetizasio € rmostrada na Figura 1-106. (a) Quanta corrente é necesséria para produzir 0,012 Wb de fluxo no néclea? (b) Qual €2 permeabilidade relativa do micleo nesse nivel de corrente? (o} Qual € sua retutancia? Solugéo (a). A densidade de fluxo requerida no nclea € sou Poa” oot ost Da Figura 1-106, a intensidade de campo magnética requerida é He USAselm ‘Da Equagio (1-20), a forga magnetomotriz necesséria para produ magnético é x Hl, 15A+ elm(0.55 m) = 63,25 A+e Assim, a corrente necessria é T_6325A+e BBA 03168 (b) Para essa corrente, a permeabilidade do micleo & B__osT * =F TBA+am (00696 Hn Portanto, a permeabilidade rlativa & H_0.00696 Him bo Sex 107 Him 4 (c) A relutincia do nicleo é F_ 6325 Ace ® @ 0012 Wb S.270A+ eAWo 26 Fundamentos de Méquinas létricas Perdas de energia em um nticleo ferromagnético Em vee de aplicar uma corrente continua ao enrolamento do nicleo, agora vamos aplicar uma corrente alternada e observar o que ocorre. A corrente que sera apicada std mostrada na Figura I-11, Assuma que inicialmente 0 fluxo € zero no ndcleo Quando a corrente comega a ser aumentada 6 fluxo no micleo percorre 0 eaminko ab da Figura 1-11b. Essa ¢ basicamente a curva de saturagio mostrada ne Figura 1-10. Entretanto, quando a corrente volta a diminuir, o flaxo percorrido segue um caminho diferente daquele que foi percorrido quando a corrente foi incrementada. ‘A medida que a corrente diminui, ofluxo do micleo segue o caminho bed e depois, ‘quando a corrente cresce novamente, 0 fluxo segue o caminho deb. Observe que a

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