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CARTÃO DE CRÉDITO", Do Candidato Ao Título Sr. Jorge Cláudio Ca Tação Seja Aprovada e Outorgado o Título Pretendido Pelo Candi
CARTÃO DE CRÉDITO", Do Candidato Ao Título Sr. Jorge Cláudio Ca Tação Seja Aprovada e Outorgado o Título Pretendido Pelo Candi
TESE DE MESTRADO
APRESENTADA À EPGE
POR
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
MESTRE EM ECONOMIA
POR
Rio de Janeiro, RJ
OUTUBRO, 1990
r
ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
CIRCULAR N? 64
de Dissertação de Mestrado.
t ituições.
crédito;
210x297 mm
ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
PRAIA DE BOTAFOGO, 19O/10.° ANDAR
RIO DE JANEIRO - BRASIL - CEP 22.250
Clovis de Faro,
Professor da EPGE.
Esta dissertação é parte de um projeto de pesquisa pessoal, mas que não seria possível
A maior dívida é para com o orientador da tese Antônio SaJazar P. Brandão que sem
para a finalização desta dissertação com comentários sempre precisos e por fim gostaria
auxiliaram. Aos amigos Ricardo de Oliveira Cavalcanti, Maria Teresa, Eduardo Ferreira,
Márcio Bezerra, Antônio José e Pablo Montaldo pela companhia e discussões. Aos pro
fessores e amigos Luiz da Costa Laurencel e Saulo Bispo dos Reis que me ajudaram
com opiniões bastante amadurecidas. Às amigas. Denise Lopes, Denise, Lygia, Helena
e as tantas outras que com sua simpatia estavam sempre prestes a esclarecer eventuais
dúvidas.
Não poderia deixar de registrar um agradecimento especial aos amigos José Carlos
e Leila que participaram de tantas idas e vindas, mas que sempre tinham um sorriso
companheiro.
Por fim aos meus pais e irmãos que com seu sangue nordestino me deram a com
li
ÍNDICE
í- Introdução xi
2.1 - Finalidade . 1
- Problemas Operacionais 21
- Perfil do mercado 40
- Perspectivas do setor 46
3 - Capítulo 2 . .63
iii •
4- Capítulo 3 115
5 - Capítulo 4 189
6- Conclusões 251
iv
7 - Bibliografia 256
8 - Apêndice 265
- Estatísticas
- Tabelas e Gráficos
- Regressões
ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES
Página
vi
12. Perfil do Mercado A-12
Vil
ÍNDICE DAS TABELAS
Página
vui
ÍNDICE DOS GRÁFICOS
Página
ix
12. Gráfico 12- Demanda por Motivo-TYansação A-37
sumidores e que somente agora parece ter realmente tomado um impulso grande. A
a uma situação de estagnação da economia brasileira e esta vitalidade parece dar sinais
das empresas administradoras de cartão vêm crescendo mês a mês a despeito da situação
do cartão ao postegar o pagamento para até 40 dias depois das compras, Não obstante
observa-se uma concorrência ferrenha das empresas de cartão na disputa por este filão
de lucros crescentes.
cado tão volátil. Ante a essas observações algumas questões afloram imediatamente.
Uma vez que os cartões possibilitam um maior endividamento e mais do que isto efeti
vam o potencial de impulso latente em cada indivíduo, ou seja, o indivíduo para adquirir
um bem não mais necessita dispor do numerário para efetuar a compra podendo sacar
o cartão e arrebanhar a mercadoria, uma questão vem à mente: como o cartão afeta a
xi
Esta questão é sem dúvida alguma importante. Dentre as diversas prescrições conce
econômica está a política monetária. Muita importância têm sido dada às perturbações
causadas pelo que se convencionou chamar de inovações financeiras1. Será que estas
demanda por moeda, ou ainda sobre a política monetária? Sim, porque ao introduzir-se
sendo cai a quantidade de moeda demandada por este indivíduo para a realização de
suas transações.
as possíveis influências do cartão sobre a demanda por moeda. Assim estruturamos esta
pesquisa da seguinte forma. Um capítulo inicial trata dos aspectos mais gerais do cartão
como o aparecimento, sua evolução, modalidades, aspectos operacionais etc ... Constitui-
se como objetivo explícito deste primeiro capítulo situar o objeto de estudo e ao mesmo
tempo tratar de alguns problemas práticos que hoje estamos presenciando como por e-
xii
capítulo trataria de fornecer algumas idéias concebidas dentro da teoria econômica e
demanda por moeda para desta forma averiguar como se daria esta influência sobre a
demanda por moeda. Quanto a este ponto damos especial atenção à análise keynesiana
e sintetizada pela análise IS-LM. Um outro modelo desenvolvido aqui neste contexto é o
No quarto capítulo mostramos a evidência empírica que pode ser coletada a partir
demanda por moeda que capte este efeito acima alertado. Por fim apresentaremos as
xiu
2 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O CARTÃO DE CRÉDITO
2.1 - Finalidade
desta forma maiores vendas e portanto maior circulação da riqueza ensejando um maior
crescimento econômico. Neste contexto deve ser inserido o cartão de crédito, um instru
mento que no início se restringiu a utilização dos próprios comerciantes, mas que com
o desenvolvimento posterior deste passa a ser administrado por bancos e/ou empresas
intermediárias. •
uma venda à vista em uma venda a prazo (prazo esse de 30 à 40 dias), valendo-se de um
de trabalho, CIC etc ... ao mesmo tempo em que potencializa a verdadeira vocação do
comércio, pois não é mais necessário esperar-se o instante em que dispõe do dinheiro para
efetuar a compra. Note-se que hoje ante a retração nas vendas do comércio, as empresas
1
administradoras de cartão veêm seu faturamento mensal crescer 15 % a.m., o que têm
levado muitos a crer que o cartão em larga medida tem sustentado o comércio varejista.
para saldar seus débitos. Com isso ganha-se tempo, economizando-se várias operações
burocráticas e tanto o usuário quanto o vendedor teriam vantagens podendo este dispor
Nos primórdios do cartão de crédito, estes eram cartões que visavam apenas a iden
tificação dos portadores como pessoas economicamente sadias e que portanto dispunham
de fundos para fazer frente aos seus gastos de consumo sendo por este motivo chamados
Era de um lado o vendedor e de outro o comprador, pois neste caso o próprio vendedor
Foi nesta circunstância peculiar que apareceram os cartões que como já foi dito
2
eram fornecidos somente aos clientes de boa reputação e portanto em sua primeira fase a
vendedora, que sem a interveniência de terceiros, faz uma venda a termo (prazo) aos
Garcia (1980) situa o aparecimento destes no início do século nos EUA. Por volta
cartões. Postos como Esso e Texaco e hotéis passaram a utilizar este instrumento em
favor dos clientes, fato que até hoje perdura (Fig. 2 no apêndice).
Esta nova prática logo se disseminou, como uma nova moda, pela França, Alemanha e
Inglaterra. A difusão dos cartões (ainda cartões de credenciamento) foi em grande parte
retardada pela grande depressão de 1929 e pelas duas grandes guerras. Assim sendo,
não foi antes da década de 50 que os cartões tiveram um impulso vertiginoso. Algumas
.empresas percebendo que este instrumento propiciado pelos cartões de bom pagador (ou
credenciamento) poderiam ser estendidos a uma grande gama de pessoas, que estavam
não sendo vendedoras de bens ou prestadoras de serviço, surgem e passam a atuar como
intermediárias entre vendedores e compradores possibilitando desta forma que pessoas que
não eram clientes agora sejam. Isto porque estas empresas intermediárias comprometiam-
se a pagar as despesas efetuadas pelos usuários dos cartões aos vendedores (mantém-se
3
a confiança do sistema) cobrando para isto um certo percentual dos vendedores. Toma
com isto uma nova dimensão o cartão de crédito, pois a responsabilidade do pagamento
sua dívida com a empresa emissora. Assim o comprador não mais ficava a dever ao
Como podemos depreender deste fato modifica-se a estrutura obrigacional que per
faz a base do cartão de crédito. Vejamos isto de forma mais atenta. Enquanto no
no sistema de venda triangular em que a empresa emissora dos cartões aparece como
intermediária entre o comprador e o vendedor, a venda é feita por este (vendedor) dire
do cartão, que em um momento posterior cobrará a dívida dos portadores (ou usuários)
dos cartões. Assim o fornecedor passa a ser credor não do comprador, mas do emis
bem, não do fornecedor, mas da empresa que emitiu os cartões. Esta é a característica
fundamental do cartão de crédito. Note-se que designamos este cartão oriundo do novo
4
Foi em 1949 que surgiu o primeiro cartão de crédito nesta modalidade nos EUA.
Devemos notar que esta nova modalidade de cartão apareceu com o Diner's Club que se
destinava no início a cobrir despesas em hotéis e restaurantes, mas depois teve ampliado
a gama de serviços a que se destinavam uma vez que a atratividade do cartão reside
justamente no fato de poder comprar bens e/ou serviços os mais variados possíveis. O
Porém, a evolução dos cartões não cessa aí neste instante. Ante o sucesso inusitado
obter resultados bastante expressivos, os bancos entram também neste ramo. Assim,
sos necessários para fazer frente às obrigações assumidas pelo emissor ou ainda através
de suas redes de agências difundir ainda mais o uso, criando-se assim a mentalidade
ceiras passam a emitir seus próprios cartões, tomando o lugar, através de empresas
coligadas (subsidiárias) criadas especialmente para esse fim, das empresas administrado-
5
ras de cartão. Os bancos ao disporem de uma grande massa de recursos possibilitam
aos usuários não somente o direito de adquirir bens e/ou serviços, mas também o de
Em 1951 o Franklin National Bank lançava o seu cartão de crédito utilizando-se deste
novo conceito. 0 banco abria um crédito revolving1 no qual o usuário tinha suas compras
quitadas pelo banco e este passava a debitar através de um extrato mensal a quantia
a ser paga pelo portador do cartão. À medida que o pagamento era efetuado junto
ao banco, estes pagamentos eram creditados e portanto o saldo devedor era diminuído.
Modificava-se mais uma vez a estrutura dos cartões através da realização de uma abertura
deste fato. Não obstante o aparecimento dos assim chamados cartões bancários, grandes
Hilton. Entretanto o American Express Card (AMEX), empresa até então tradicional
no setor de viagens, lança o seu cartão. O ano de 1958 ainda assiste o lançamento
agências com o que este passa a ser o principal cartão de crédito. Porém é somente na
6
mundialmente como VISA) e o Master Charge (outro sistema gigantesco) se associam,
e em 1961/62, chegam ao Japão os primeiros cartões levados pelo Diner's Club que se
associa ao FujiBank e logo aparecem novos cartões emitidos pelos bancos Mitsubishi e
Sumitomo.
Na Inglaterra que já possuía o Diner's são lançados os Travei Credit Cards com o
Barclaycard que se assiste uma explosão dos cartões por toda a Inglaterra. O Barclay
como uma das instituições financeiras de reputação mais sólida na Inglaterra dissemina
frenesi "do dinheiro de plástico"; com o aparecimento das caries Ceteles, caries Boreée
c caries Blens. Entretanto é nos Estados Unidos da América que os cartões têm seu
maior mercado (Fig. 4 no apêndice). Note-se que uma tendência que se afirma cada vez
mais é a predominância quase total dos cartões de crédito bancário. Aliás, a evolução
nos diversos países parece ser a mesma. Num primeiro estágio o cartão aparece, mas o
7
ressaltar a existência de peculiaridades. Após um crescimento inicial lento, os cartões de
seu ímpeto. Agora, com a volta da inflação, o mercado parece ter recuperado seu fôlego
zasse o crédito e assim sendo efetivasse o potencial das vendas latentes nos consumidores.
Entretanto ante uma inflação de 24 % a.m. (20 anos de inflação na Suíça) torna-se uma
grande vantagem para o consumidor adquirir bens com o cartão para o pagamento até 40
dias após as compras . A inflação introduz uma distorção no sistema que mostra de um
dias após, defasados assim de um mês de inflação. O primeiro cartão introduzido aqui
no Brasil foi, a exemplo do ocorrido lá fora, o Diner's Chb que chegou em 1956 como
que se assistiu a seguir foi especialmente lento e este instrumento passou algum tempo
obscurecido pela nova vedete: o crédito direto ao consumidor em 1966. Logo em seguida
aparecem uma série de cartões com a participação direta dos bancos seguindo desta forma
8
agências. Em 1970 surge o cartão Credicard, administrado pela Credicard S/A e que
nacional passam a disputar palmo a palmo cada terreno e a competição acirrada estimula
S/A aparece em 1972 sendo administrado peia empresa do mesmo nome. Após essa
Ouro Card que passa a ter um crescimento vertiginoso. No ano de 1989 as mudanças
continuam com o cartão Nacional se associando ao Visa, juntamente com o Ouro Card, e
9
seguido pelo Credicard com 17,1%, Nacional 6,4% e o Diners 4,2% (Fig. 5 no apêndice).
A evolução dos dados sobre cartão de crédito tanto no mercado nacional quanto
embute a seguinte hipótese: no caso de uma difusão de uma inovação (o cartão) a taxa
a qual as pessoas passam a usá-lo cresce à medida em que ele é usado em todo o lugar,
mas diminui à medida que o número de pessoas ainda por virem a adotá-la cai. A curva
que descresve este padrão é conhecida como curva logística e possui o formato mostrado
. saturação seria equivalente aos 12-13 milhões de usuários, segundo dados do IBGE
(anuário de 1987)
Conforme deve ter ficado claro da nossa exposição anterior acerca da evolução dos
2Martins, Fran. Cartões de crédito : natureza jurídica. Rio de Janeiro, Forense, 1976
10
sas que fornecem (emitem) cartões em 3 grupos: O primeiro grupo é composto daquelas
empresas que fornecem cartões de credenciamento aos seus próprios clientes, tendo como
exemplo as grandes lojas de departamentos. Num segundo grupo estão as empresas que
podendo ai ser citado a casa Tavares, Temper etc... Por fim em um terceiro grupo
estão as empresas bancárias ou ligadas a bancos em que as contas dos clientes junto
aos fornecedores no momento da sua liquidação, são satisfeitas pelos bancos ou a esses
diretos pela liquidação da operação. Normalmente são criadas entidades (como o Cartão
los fornecedores, lidando essa entidade com os bancos. Aqui neste momento ocorre uma
contas, recebem destes dinheiro para a liquidação da operação e para isso deverão os
usuários arcar com os juros, Podemos,, lembrando íYan Martins (1976), distinguir os
cartões de crédito em :
„ . t. f não-bancários (Mésbla,...)
IB) Cartões de Crédito propriamente ditos <, /. ,_ \ -T . , .
[bancários (Bradesco, Nacional,...)
12
crédito propriamente-ditos: as empresas bancárias e as não bancárias. As empresas
o pagamento das compras não ser der à vista), enquanto as não bancárias apesar de
concederem o crédito ao usuário não permitem que este se utilize do crédito bancário,
Porém, como era de se esperar o emissor deveria dispor de grande soma de dinheiro
(capital-recursos) para, com recursos próprios custear as despesas aos fornecedores, com
era função das comissões cobradas dos lojistas (fornecedores). Abre-se um rico filão a
um cadastramento dos titulares (usuários) feitos de uma tal maneira que reduzisse a
agora passam a dispor de uma maneira eficaz e segura de receber, sem os incômodos do
fidedignidade dos dados. Os gastos era informática são bastantes elevados o que justifica
a premência de se ter uma estrutura grande e que possa tirar proveito dos "fenômenos
de escala", deriva daí o fato já observado por nós de que normalmente a fase de "take-
13
off" (decolagem) do cartão está intimamente ligada ao processo de entrada de bancos
reúne características chaves para deflagrar o início do processo. Uma fonte do setor
ilustra esta questão afirmando que para se operar na indústria de cartões "tem que se
lojas se lançaram no sonho de possuir seu próprio cartão, mas foram obrigadas em face
dos custos elevados a recuarem desta idéia. Hoje estas lojas operara sob a tutela de um
ou por uma sociedade que tem a participação direta ou indireta dos bancos e neste caso
a operação com estes cartões termina sempre em uma operação bancária com todas as
perfeito o usuário (portador e titular do cartão) tem a certeza de que de que se fizer
mau uso do cartão estará sujeito às medidas que os bancos tomam com relação aos seus
clientes faltosos, insolventes ou inadimplentes. O fornecedor, por sua vez, tem assegurado
o recebimento uma vez que são os bancos, entidades sólidas, que lastreiam o pagamento
dos lojistas e assim sendo diminui-se o risco conferindo-se máxima segurança ao sistema.
14
Aí é que podemos identificar a componente de crédito que permeia todo o processo.
um bem e/ou dinheiro. Como vimos todo sistema se assenta na confiança, muito embora
Uma diferença fundamental separa os cartões de crédito bancários dos não bancários;
no ato da compra quando sâo apresentadas as faturas, poderá ser paga apenas uma parte
das mesmas sendo o restante em prestações posteriores. Ao saldo das prestações restantes
será acrescido juros e demais encargos financeiros, o que aumentará a importância a ser
paga no faturo. A incidência dos juros se deve ao fato desta se tratar de uma operação
foi decisiva para que o cartão surgisse como uma alternativa a mais à disposição dos
0 cartão de crédito bancário pode ser utilizado pelo usuário na aquisição de bens
e/ou serviços. Ao possuir o cartão o usuário está em condições de usar um crédito (como
se fosse uma linha de crédito) aberto em seu favor pela instituição financeira, e o simples
saldado o débito.
15
(A) Cartões de crédito emitidos por um banco;
(D). Cartões emitidos por sociedades autônomas, que contam com a participação dos'
grandes bancos.
portanto devera ser correntista do banco e essa conta corrente será movimentada pelas
taxas e outras comissões se optar pelo pagamento parcelado. Os fornecedores, por sua
vez, devem se filiar ao banco e também possuir unia conta corrente e além do mais
estão sujeitos a cobrança de uma comissão sobre as vendas,comissão esta que varia
16
(B) Cartões emitidos por um grupo de bancos
associação costuma originar-se uma sociedade que administrará a emissão dos cartões e
a sua movimentação, não ficando vedada a emissão dos cartões de crédito por parte dos
bancos, negociando quando for o caso com os bancos a abertura de crédito em favor dos
usuários dos cartões. Podemos citar como exemplo o caso do cartão SOLLO, lançado em
dez/88 com a participação dos bancos Bamerindus, BCN e Econômico juntamente com
teriormente. Para tanto será constituída a empresa Tempo e Cia. Outro exemplo é o
próprio cartão American Express, administrado pela American Express do Brasil S/A
Turismo e que conta com a participação dos bancos Bamerindus (15%) e Econômico
(15%).
Nesse caso a subsidiária funcionará como emissora dos cartões tratando diretamente
com os usuários. O usuário não precisa ser correntista do banco. A subsidiária poderá
17
São exemplos desta modalidade o Cartão Nacional S/A, empresa subsidiária do Banco
Nacional S/A e o Ourocard, cartão administrado pela BB-Card, uma empresa subsidiária
(D) Cartões de créditos emitidos por uma sociedade não subsidiária, mas contando com
a participação de bancos.
dores e de efetivar a cobrança junto aos usuários podendo ser utilizado qualquer banco
feito com a participação da empresa. Não é necessário ser correntista no ato da assi
Das informações contidas acima depende toda a segurança do sistema, bem como
18
.JL
(B) Cartões emitida por empresas que intermediam o processo de venda entre com
pradores e vendedores e
bancos. A razão pela qual observa-se este fato deve-se principalmente à razão dos bancos
disporem de mais recursos e maior escala, ou seja a escala em que operam os bancos
Isto pode ser algo preocupante quando se pensam em questões como: o cartão é infla-
cionário? Afeta o multiplicador dos meios de pagamento? Num ambiente como o que
vivemos atualmente o cartão torna-se ainda mais um instrumento que permite equacionar
o orçamento doméstico ao mesmo em que enquanto não paga suas contas, o usuário pode
tador etc... driblando a inflação ao pagar suas contas sem juros, no prazo de até 40
Assim para clarificar o objeto de estudo deste trabalho podemos classificar as empre-
11
Como mostramos acima aparecem uma série de laços jurídicos definidores da es
trutura jurídica do cartão de crédito. Não quisemos dos estender demasiadamente nos
meandros possíveis, mas somente fornecer uma idéia sobre a estrutura que se monta por
fato que diferencia o cartão bancário do não bancário. Ao aceitar condições vigentes no
isto ocorre porque ao adquirir um bem é facultado ao titular optar pelo financiamento
dessas despesas era prestações mensais fixas incidindo os custos financeiros estabelecidos
H Fixamos como objeto de nosso estudo os cartões de crédito bancários, tal qual o
conceito aqui apresentado. Daqui por diante quando nos referirmos de modo indiscrimi
nado ao uso dos cartões de crédito, subtenda-se que estamos tratando do caso dos cartões
bancários somente. A razão desta escolha se prende a vários motivos dentre os quais
destacamos:
5a pessoa interessada mais no respaldo jurídico poderá consultar íYan Martins (Op.Cit.)
20
(2) A maior fidedignidade (veracidade) das informações estatíticas usadas no trabalho e
das compras.
plástico". As notas dos gastos efetuados durante o raes são enviadas pelos estabeleci
mentos filiados à empresa que administra o cartão. E preparada, então, uma fatura com
pagamento. Como ficou claro desta breve exposição, são necessários que existam três
elementos, a saber um organismo emissor dos cartões, por nós chamados de empresas
administradoras de cartões; uma pessoa a favor de quem os cartões são emitidas que
serão chamados usuários e por fim a empresa que se destina a vender os bens ou prestar
21
de fornecedores. Para a obtenção do cartão deve ser preenchida uma proposta (Fig.
imóveis etc... Estas propostas serão analisadas pelas administradoras que decidirão sobre
O cartão costuma ter ura limite de crédito (função dos dados de cadastro), um prazo
vação etc... Por outro lado a empresa administradora se encarrega de fazer contatos com
serviços - é claro que serve aos interesses da administradora que a lista dos fornecedores
à disposição dos usuários seja a mais abrangente possível para que o usuário possua
usuário nesta fase. Temos o processo todo fechado. Um indivíduo se propõe a obter
adquirir uma mercadoria ou serviço, o usuário dirige-se à uma das empresas listadas
como fornecedores escolhendo os bens que desejar. Note-se que a venda destes bens é
feita pelo preço corrente da mercadoria como se, a transação estivesse sendo efetuada
22
à vista6. Essa é uma das vantagens do cartão, pois do contrário o usuário poderia ser
recebimento postecipado, muito embora algo parecido esteja acontecendo hoje em dia.
cartão, assinatura, lista negra (listas fornecidas pelas adm. de cartão) etc... Efetuada a
venda, extrai o fornecedor uma nota (fatura), nota esta assinada pelo usuário e na qual
são discriminadas as mercadorias adquiridas bem como o valor total da transação (Fig.
fará o pagamento. O fornecedor por sua vez irá remeter dentro de um prazo estipulado
vendas daquele determinado fornecedor quando será então deduzida uma comissão do
uma
conta-corrente que este mantém em banco ligado ao sistema. Esta comissão varia
em
função do prazo de recebimento das vendas sendo, entretanto, uma função inversa
do prazo de recebimento (REx. 15 dias) mesmo que tenham que pagar uma comissão
23
mais elevada. Para fechar o circuito temos a emissão do extrato pela administradora
do cartão (previsto pelo contrato - Art. 8) ao usuário que possui um vencimento para
quitar sua dívida (Fig. 9 no apêndice ). Uma observação pode ser feita, qual seja a de
que no ato da aquisição do bem e/ou serviço poderá indicar o pagamento (parcelado ou.
não).
O mecanismo descrito acima pode ser visualizado através da Fig. (8). Este meca
são emitidos pelas empresas administradoras de cartões (ligadas a bancos em sua grande
maioria) e os bancos solicitam aos vendedores que aceitem os cartões (e para isso dão
um fornecedor com seu cartão de crédito o vendedor manda sua fatura para o banco
figuram todas as suas compras e possui normalmente um período pelo qual não incorrem
em pagamento de juros. Por este motivo os juros cobrados sobre o saldo devedor no
caso de uma compra parcelada são os mais altos. Junto aos fornecedores existem muitas
escala. Em primeiro lugar temos a extrema segurança que oferecem aos usuários e
24
apêndice) surgem, como já foi dito várias obrigações entre o titular e a administradora
- Saldar as suas dívidas junto a administradora sob pena de incorrer em custos judiciais
Assim também tem origem obrigações para o emissor (direitos, do usuário) como:
19
possui hábitos de consumo e um poder de compra razoável, motivo pelo qual mesmo em
cartão é normamente uma pessoa prática e que gosta de segurança. Outra vantagem é
totalmente a responsabilidade sobre o seu uso. O dono da loja tem 100% de certeza
de que receberá o pagamento pelo seu produto ao efetuar a venda7 uma vez que ele
as vantagens também existem uma vez que o custo de compensação de uma operação
As vantagens do cartão de crédito são indiscutíveis para o usuário, mas é preciso que
ele saiba usá-lo da melhor maneira possível. Como vimos anteriormente todos os cartões
40 dias para o pagamento destas sem que se incorra no pagamento de despesas adicionais.
Aí está a real vantagem do cartão, a oportunidade de se pagar sem acréscimo, entre dez
7Vís a Vis o número de cheques sem fundos. 1986 - 1,3 milhão 1987 - 6,9 milhão, 1988 -
consiste.em concentrar o grosso das compras nos dias próximos à data de pagamento
da fatura. Suponhamos que o vencimento do nosso cartão ocorra todo dia 15 de cada
e envio da fatura mensal ao associado, serão remetidas as contas referentes aos gastos
com o cartão, a fatura correspondente somente será enviada no dia 15 do mês seguinte.
Em função deste fato podemos notar 2 comportamentos ótimos que o usuário pode
ter ao administrar as compras com o seu cartão. A 1^ observação já feita diz que deve-
Essa condição de dispor de 40 dias, torna-se uma arma na mão do usuário ante uma
inflação violenta de digamos 20% e estoura na mão do lojista, que recebe em média
30 dias após as vendas. O lojista embute esta inflação no preço dos produtos. Por
aceitar cartão, mas em média seus preços eram mais elevados. Basta imaginarmos que
em vez de se pagar no ato se você tiver um cartão e aplicar o dinheiro no mais modesto
diz respeito ao fato do usuário possuir mais de 2 cartões e passar a jogar com as datas
26
de vencimento isso porque se voeê tivesse um outro cartão com vencimento dia 20 e
necessitasse fazer uma compra no dia 5, as despesas referentes a essa compra terão de
ser quitadas no dia 20 do mês que foi feita a compra, tendo sido ganho 15 dias. No
entanto se você tivesse um outro cartão com vencimento dia 10, poderia fazer a compra
35 dias. Este tipo de comportamento demonstra uma maior maturidade por parte do
Esquema
(1) Compras do dia 26 ao dia 2 -» Diaers (7dias) -> compra dia 28/12 só paga dia 2/02
(2) Compras do dia í ao dia 8 -+ Ourocard (7 dias) -+ compra dia 3/01 só paga em
03/02
-i. . _ .
Obs:
(2) Pode-se comprar todos os dias, gozando de no mínimo 30 dias para pagar.
27
Uma outra vantagem propiciada pelos cartões diz respeito à possibilidade de amor
tização parcial da dívida. O usuário pode optar se nâo quiser quitar de uma forma
Note-se que na fatura esta distinção aparece de forma visível. Isto porque, conforme
já salientamos, ao ato da aquisição do bem o cliente pode optar por pagar a compra de
faz as suas compras e em média 30 dias após as compras poderá quitá-la, sem juros, ou
pagar uma amortização mínima de.50%8 sobre o total do saldo devedor (também aparece
esta quantia no extrato). Sobre o saldo remanescente incide uma taxa de juros nominal
variável e salgada. Neste caso é como se o usuário dispusesse de uma linha de crédito
ao seu dispor, pois com novas compras o saldo devedor é refeito e novamente pode ser
amortizado (no mínimo 50%), incidindo juros sobre o restante. É crédito porque se
assemelha à uma linha de crédito e é rotativo (revolving) porque a cada aova compra
feita o saldo é recalculado. Apesar desta comodidade, o usuário em sua ampla maioria
costuma quitar o débito (o saldo anterior) não financiando e portanto não incorrendo
no pagamento de juros. No caso do Credicard, por exemplo, 60% dos usuários pagam
A outra modalidade, crédito parcelado, permite ao usuário quitar seu saldo devedor
28
em até 4 vezes ou até 6 vezes (do caso do Amex através do Amexplan) dependendo da
consumidor (CDG) onde a taxa de juros das prestações é pré-fixada, Esta semelhança
com o CDC tem feito com que em alguns casos o crédito parcelado concorra com o CDC
e levando nítidas vantagens, pois o cartão costuma oferecer seguros de vida, viagem,
sala Vip etc... Isto explica o porquê enquanto as financeiras assistem à uma retração de
taxas de juros e as demais vantagens oferecidas pelos cartões. Além do mais as empresas
(1) Às administradoras de cartão costumam lidar com uma faixa muito específica de
público e;
(2) As empresas de cartão operam através do repasse de recursos captados pela rede
de suas aplicações.
Hoje o crédito rotativo é responsável por cerca de 95% das vendas e o parcelado
por 5% das vendas, segundo dados da ABECS. Deve-se notar entretanto que o crédito
rotativo possui uma taxa de juros variável, ou seja sobre o total do saldo devedor incide
a taxa de juros que está sendo efetivamente praticada, à nível de mercado, enquanto o
29
crédito parcelado se faz mediante um esquema de taxas de juros pré-íixadas e portanto
Uma questão interessante vem à tona e para ela já fornecemos a resposta. Quem
resposta é não!. Isto ocorre pelo simples fato da administradora ser uma empresa não-
financeira é como tal é expressamente proibida, por força da lei 4595 (que regulamentou
o mercado de capitais), de abrir um crédito. Conforme vimos caso o usuário opte pelo
crédito rotativo, no contrato firmado entre este e a administradora do cartão consta uma
da opção pelo crédito parcelado, a administradora recorre à uma "financeira" que assim
9 Por isso se diz que o rotativo é mais barato (à vista) ç que o parcelado é mais seguro, pois
30
O financiamento parcelado tem o inconveniente das prestações serem fixas, apesar
pode ser grande. Este fato do lado do usuário merece um pouco de atenção. Em ura
pesada10.
No caso do crédito rotativo deve-se prestar muita atenção, pois do contrário o seu
saldo devedor pode tornar-se uma imensa bola de neve ou mesmo a dívida poderá ser
eternizada. Para ilustrar este fato interessante tomemos o caso de um saldo devedor
de CR$ X, uma taxa de juros de 3%a.m. e suponha-se ainda que o usuário amortize
o; seu saldo devedor pelo mínimo, ou seja 25%. Se esta taxa de juros permanecesse
10
31
indefinidamente, a dívida ficaria constante no tempo aid infinitum.
PERÍODO 1 PERÍODO 2
0 que é pago a título de amortização é exatamente reposto pela incidência dos juros,
Abaixo são desenvolvidas algumas condições teóricas sobre as quais a dívida pode
No capítulo seguinte formalizaremos de uma maneira mais adequada este ponto através
(1) Condição necessária mas não suficiente para que os encargos financeiros caiara.
a - % de amort.
i - taxa de juros.
Saldo anterior= SD
Total= SD(1 - a)
32
Juros= SD(1 - a)- i
Pgto = aSD
a.SD - (1 - a)SD.i = SD\a - (1 - q)í]
Juras = (1 - a
Assim sendo:
33
JL
Uma razão imperiosa para o desenvolvimento dos cartões de crédito bancário foi
ser grande para que os custos envolvidos possam ser diluídos. Um número entre 1.200.000
e 1.600.000 de usuários segundo a sensibilidade de-uma pessoa do setor seria algo que
havia no Brasil mais de 300 cartões, a maioria dos quais já passou e desapareceu. Aquilo
economias de escala para que possam ser reduzidos os custos diante de uma maior
um cartão só é suportável por empresas de maior porte, com uma taxa de utilização de
e ainda mais não dispõe de fôlego para bancar os primeiros 40 dias após a compra sem
o pagamento de juros.
administração que o fornecedor paga e os juros cobrados do usuário que financia as suas
HABCES
34
compras. Caso o usuário pague a fatura na data do vencimento do cartão, ern apenas
uma parcela (ou seja à vista), o lucro destas passam a ser as taxas de administração,
o cartão é ter uma taxa de utilização de modo a compesar os gastos com formação de
cadastro, cobrança, emissão de extratos etc. O custo operacional de cada transação feita
com cartão é de cerca de 0,3 B.T.N's12 e cada vez mais são feitas tentativas com o intuito
de reduzi-las, O cartão Nacional S/A por exemplo tem investido cerca de US$ 3 milhões
em informática o que possibilitaria uma redução de custos da ordem de US$ 1,6 milhão
por ano e controles exercidos com maior velocidade e segurança e a informática parece ser
irrisório. Esta aliás foi a estratégia seguida pela VISA (grande empresa de cartões de
crédito americana) que se utiliza de satélites para o lançamento de suas operações, o que
complexa e rica em detalhes cadastrais e que não seja deficitária. A baixa taxa de
extratos, recebimentos e cobranças, tem gerado tamanho prejuízo para as pequenas lojas
12idern
35
como Oliver, Polo by Kim etc... que praticamente as exclui do ramo de cartões. Faltam
a elas, ainda, o capital de giro para se manter um cartão em época de baixa inflação
peso das multas. Apesar de ser uma saída tentada por muitas lojas quando a inflação se
acelera e elas não mais suportara o ônus de receber pelo cartão administrado por outros
cora defasagem de 30 dias, lançam-se a operar seus próprios cartões podendo amargar
prejuízos até mais elevados do que se não possuíssem os cartões. Para exemplificar a
grandiosidade da estrutura, cite-se o caso da Mesbla S/A que possui cerca de 2,5 milhões
de cartões (com quase 1.000.000 de inativos - ou seja não realizam compras há mais de
6 meses) quase 50% do universo dos cartões bancários. Portanto o problema de escala
Um pequeno documento de plástico que cada vez mais abre portas, em alguns casos
emergências. Já não parece distante o dia em que no Brasil o cartão substituirá com
constitui, num meio eficiente para contornar a inflação. Ainda é o meio de pagamento
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mais cômodo seguro e bem aceito aqui e no exterior; além do mais é muito mais fácil
comprar a crédito com o cartão que dispensa os papéis e a burocracia. O cartão está
lhares de pontos de venda além de permitir ganhar com o período de 40 dias para pagar
Criados como instrumentos que viabilizam várias operações comerciais, dão segurança
aos fornecedores, comodidade ao usuário, os cartões hoje vivem Uma distorção no país.
Eles passaram a ser um meio pelo qual o brasileiro dribla a inflação possibilitando
uma inflação escorchante.Fora isso o dinheiro poderia estar rendendo em uma aplicação
de curto prazo, é o jeitinho brasileiro aplicado ao cartão! Jeitinho este, que se rende
As previsões da ABECS apontam para daqui a uns cinco anos um crescimento ver
tiginoso calcado no mercado potencial brasileiro que radicam um mercado a ser explorado
era volta dos 13,7 a 14 milhões. Os cartões sofrem efeitos sazonais como não poderia
deixa de ser e os meses de Novembro e Dezembro são fortes enquanto Janeiro e Fevereiro
são meses fracos. Datas como o dia das mães, dia dos pais, dia dos namorados e Natal
37
no desempenho dos cartões em níveis favoráveis e um forte atrativo para que o usuário
se beneficie das facilidades de pagar o débito em até 40 dias após as compras, nota-se
um certo amadurecimento por parte do consumidor, o que faz com que o cartão e a
sua "cultura" seja algo que tenha se incorporado de majieira definitiva ao dia-a-dia dos
brasileiros. Ao contrário de muitas modas passageiras, é algo que vêm para ficar. Este
amadurecimento pode ser constatado de fatos como: a maioria dos usuários salda a sua
dívida no vencimento, não as financiando em função das altas taxas de juros; a compra
sem juros e por fim a utilização de mais de um cartão para poder jogar com as datas
em grande parte pelas chamadas vendas de impulso que chegam a atingir até 15% do
faturamento total das lojas que trabalham com cartão, e aí está o grande efeito do
cartão, possibilitar compras que antes não seriam feitas levadas em conta a restrição
orçamentária do indivíduo dada por sua renda. O crescimento a que estamos assitindo
38
na indústria de cartão deve-se a uma ampliação da gama. de serviços oferecidos pelo
cartão; o que reflete uma mudança na política por parte das empresas administradoras
de cartão de crédito que antes acreditavam que só se devia usar o cartão nas compras
setor ao mesmo tempo em que cria no brasileiro o hábito de pagar com o cartão. Todos
(difusão do cartão). De acordo com a ABECS em 1983 existiam 1,95 milhão de cartões
ligados à instituições bancárias. Hoje esse número beira os 5,1 milhões. A indústria vem
crescendo à uma taxa média de 15% a.a. e um dos principais motivos é sem dúvida a
vitalidade da inflação, mas também existem vários outros fatores tais como:
margem líquida de 4 a 5 %, não podendo desta forma arcar com as comissões pagas às
39
I
perderam um rico filão (30%), foi voltar-se para os supermercados de pequeno e médio
porte que atraídos pela possibilidade de concorrer cora os maiores passaram a receber
Rio), único de grande porte a aceitar cartão de crédito, é responsável por 7.11% no
como um todo são responsáveis por 25,3% do total do faturamento desta mesma empresa.
Perfil do mercado ,
um destes cartões possui alguns fatos que os qualificam de maneira distinta entre si, quer
O primeiro dos cartões a surgir foi o Diner's Club que apareceu em 1956 no Brasil
e que a partir de 1985 passou a ser administrado pela Credicard S/A administradora
;de cartões. Antes este pertencia ao banco Sul Brasileiro (atual Chase). O Diner's é
ter uma renda mínima de 150 OTN's e por isso é o cartão a oferecer maior número de
40
serviços aos seus sócios. Pode-se utilizar o cartão Diners para adquirir passagens aéreas
com as mesmas vantagens oferecidas pelas companhias aéreas financiado em até 10 vezes
com juros preferenciais das companhias aéreas. Além do mais ao comprar passagens
3 vezes o valor da passagem bem como ura seguro-vi agem desde a saída de sua casa
até o retorno da viagem. A lista: de vantagens alcança ainda a utilização das salas Vip
viagens ao exterior para os seus usuários. Este cartão, de alto prestígio, não possui
crédito pessoal e automática, isenta portanto de custos, até o momento em que você
decide ativá-la no pagamento da fatura. Todo mês, caso não haja interesse em pagar
o saldo total é possível só se pagar o valor mínimo exigível (50% da fatura). O valor
restante, será automaticamente financiado. Estima-se que o Diners hoje possui cerca de
.American Express do Brasil S/Á Turismo e que conta com a participação dos bancos
Bamerindus e Econômico que contam com 15% da participação acionária. Estão ligados
ainda ao Amex o BCN, Boavista, BMC, BMD e outros. Está no Brasil desde 1981 e
41
se apoia na sua tradição no mercado mundial de cartões, Possui, a exemplo do Diners,
uma série de vantagens à sua clientela estratificada e de alto poder aquisitivo. Como
vantagens aos seus clientes oferece também financiamento de passagens aéreas, seguro
automático de viagem no valor de US$ 100.000, o quick-cash pelo qual você pode sacar
dinheiro através do banco 24 horas ou ainda descontar cheques pessoais de qualquer banco
em qualquer uma das 2.500 agências dos bancos associados, serviços internacionais em
mais de 150 países etc... A exemplo do Diner's Club também não possui limite de gastas
data do vencimento, ou o cliente opta pelo Amexplan no qual o pagamento pode ser
feito em até 6 vezes. Não há o crédito rotativo e atualmente somente 10% dos clientes
do Ámex recorrem ao Amexplan. Estes dois cartões se dirigem à uma faixa selecionada
Explorando outro segmento de mercado temas ot» chamados cartões de massa, que
se dirigem de uma maneira mais direta à classe média. Como primeiro destes cartões
temos o cartão ELO13, criado em 1967. Após a criação com o nome de cartão Bradesco,
em 1971 esse sistema abriu para a entrada de 23 bancos. Foi aí que surgiu o cartão
ELO que permaneceu até 1977, quando se filiou ao VISA. Depois desta fracassada união,
em 1980 se desvinculou para ter a forma que possuía até hoje. O cartão ELO não era
42
tido como legítimo cartão de crédito uma vez que não admitia o financiamento seja
ele parcelado ou em bases rotativas (revolving). Ele seria muito mais um cartão de
compra que permite ao .usuário gozar de um prazo de até 40 dias para pagar do que
ura cartão genuinamente de crédito. Este fato talvez tenha levado à uma reformulação
da estratégia do cartão, que antes só possuía uma data de vencimento: dia 10. Não
obstante estas limitações o Bradesco duraute 21 anos liderou o mercado de cartões sendo
somente em Dez/88 ultrapassado pelo Credicard. O cartão ELO se valia muito de uma
Outro cartão tido como cartão de massa e ligado também a um grande conglomerado
financeiro nacional é o Cartão Nacional S/A. O cartão foi criado era 1972 e permite
usuário. A sua área de atuação se restringe basicamente ao Rio de Janeiro, cora o cartão
banco que está ao seu lado. Por vários motivos que abordaremos mais tarde o Nacional
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também reorientou a sna estratégia e em 1988 se ligou ao VISA.
aquele cartão que possui uma maior agressividade e disputa palmo a palmo o mercado.
Está ligado a 3 grandes bancos, Itaú, Unibanco e Citibank e possui mais uma dezena
uma associação igualmente fracassada com o VISA, desde Junho de 1987 está ligado
Plus que permite ao usnário parcelar o seu pagamento em prestações fixas (até 4 vezes)
e o limite de crédito é igual a 80% da renda do usuário. Além disto, a empresa vem
direto! Os clientes têm ainda à sua disposição o credicash com o que o usnário pode
sacar dinheiro nas agências credenciadas, bem como o acesso aos bancos 24 horas. E
Por fim temos, ainda compondo o cenário dos cartões de crédito de massa, o Ouro-
card administrada pelo BB-Card, empresa ligada ao Banco do Brasil em associação com
44
conceito de cartão, qual seja o multicartao. Aliado ao fato de ser um cartão de crédito
com todas as prerrogativas dos demais, ele também permite saques em espécie e também
3 prestações mensais fixas, iguais e sucessivas com juros pré-íixados ou então através do
crédito rotativo que permite a você financiar até 50% do total do seu débito. O limite
dos gastos é de até 80% da renda e ele também permite a compra de passagens aéreas e
3500 pontos era todo o país, sendo que a ele cumpre o papel igualmente importante no
Todo os cartões acima listados permitem a prática de se pagar após 40 dias sem juros
e uma vasta rede de fornecedores dos mais diferentes segmentos como loja de vestuário,
turismo, lazer, supermercados, táxis, etc... Isto tem justificada a disputa acirrada pelo
mercaxio e confere ao cartão uma posição cada vez de maior destaque como uma das
dos Dirigentes Lojistas (CDL)} 14% das compras são pagas através de cartão, contra
64% de compras com cheques. É bastante razoável que cresçam as compras através de
45
cartão que é mais seguro14 (Fig. 12 do apêndice).
mas desde 1988 o Credicard assumiu o primeiro lugar no mercado de cartões quer seja
o mercado há 21 anos. Desde que foi criado, outro cartão que demonstrou excelente
Algo que deve ter ficado claro da exposição anterior é a segmentação do mercado em
cartões de alto prestígio e cartões de massa. A explicação para tal fenômeno pode ser
retirada na teoria econômica uma vez que a elasticidade preço relativa a cada consumidor
variará de acordo com as linhas de produto, industria etc... o que acarreta esta existência
Após o perfil do mercado, traçado aeima, nos disporemos a traçar algumas das es-
46
tratégias futuras que podem daí ser derivadas. Um possível caminho para as empresas
à essas empresas uma maior condição de administrar de maneira eficiente esses cartões.
mercado, emitindo cartões para compras em seus estabelecimentos. Esta prática que
ano de 1987, quando a inflação se acelerou e como as vendas eram feitas à vista e
gozando de até 40 dias para pagar, muitas foram obrigadas a cobrar sobretaxas tirando
concorrência do Diner's, onde ambos disputam pelo publico A. Assim a primeira grande
conquistar um público até então desprezado pela empresa: o da classe B (classe média).
16
47
retamente com o Cartão Nacional, Onrocard, Credicard (MC) e Cartão Bradesco. O
novo cartão será vendido em cerca de 1.500 pontos e a idéia é de se alcançar até o final
do ano 600 mi]. O novo cartão, além das funções típicas dos cartões permitirá a seus
novo capítulo na estratégia do AMEX no país. Cora ele, o AMEX terá nas mãos um
cartão de crédito rotativo, lembremos que antes ele só trabalhava cora crédito parcelado
através do AMEXPLAN (em até 6 vezes). O cartão será administrado pelo Tempo e
Cia e vai valer-se da estrutura dos bancos componentes do sistema, com o Bamerindus
cobrindo o sul, o Econômico, o Nordeste, e o BCN o eixo Rio-São Paulo. Uma segunda
estratégia demonstrada pelo AMEX seria a de fortalecer seu cartão através do cartão
podem utilizar os seus serviços para evitar os atropelos, por exemplo, em viagens não
com motéis, alimentação e transportes ao mesmo tempo que permite maior "floating"
de recursos, já que o pagamento das despesas com o cartão empresarial pode ser feito
em até 30 dias depois da utilização deste. Em virtude dos gastos de implantação do
SOLLO (US$ 40 milhões) é possível que este projeto sofra um atraso ao cronograma.
US$ 5 milhões e se associou ao VISA, de quem herdou de imediato 145 mil estabele
cimentos filiados. Procura com isso o cartão Nacional atuar maciçamente na área de
marketing. Com o novo Cartão, o Nacional passou a operar com o crédito parcelado
(antes não trabalhava, só com o rotativo) ao mesmo tempo que permite saques no banco
onde investimentos maciços são realizados. Com isso possibilita-se uma brutal redução
de custos da ordem de US$ 1,6 milhão/ano e controles exercidos com maior velocidade e
a segurança. Por falar em segurança, muda a aparência do cartão que ganha uma tarja
magnética e perde o retrato. Porém as mudanças não cessam aí, envolvendo a redução
de pessoal e a questão do marketing como primordial. Uma tendência que parece vir se
17ABECS
49
firmando são os T.T.F. (terminais de transferência de fundos) que permitem ao usuário
passar seu cartão em um das máquinas instaladas para que tenha o valor da sua compra
ura grande fator de alavancagem para as vendas e que o Cartão Nacional vem utilizando.
Aliado a isto tudo está a vontade de permanecer forte no Rio e para isso conta com o
0 Credicard por sua vez como primeira no marketing das administradoras de cartão
e o desafio consiste em oferecer aos clientes serviços cada vez melhores. Outro trunfo
no setor e que em breve estaria implantado, podendo arrebanhar um rico filão que hoje
os turistas estrangeiros que vêm ao país se utilizem do cartão para as suas compras. Ás
vendas seriam escrituradas em notas fiscais com recibo de pagamento ao comércio pelo
dólar oficial. O cartão para exportadores também é uma área de interesse para os exe
cutivos do Credicard e logo deve ser anunciado seu funcionamento em fase experimental
50
o que permitiria às mais de 6 mil empresas cadastradas na Gacex facilitar a sua vida.
exportadores prestariam contas, por antecipação ao Bacen até o limite de US$ 20 mil ou
US$ 30 mil. Esta série de mudanças reflete o novo conceito da empresa de se difundir a
cultura do cartão e para isso tem se valido de uma estratégia agressiva de diversificação
como: bancas, táxis, farmácias etc... Uma nova área que a empresa passou a se dedicar
sul. É um mercado potencial enorme e a porta de entrada neste mercado será a Caixa
Econômica Federal que é uma das instituições filiadas ao sistema. O Credicard S/A está
em fase de testes cora o seu mais novo serviço: o pagamento de ingressos de cinema
com o cartão. Trata-se sem dúvida de uma medida importante no sentido de disseminar
a cultura do cartão em um ambiente em que cada vez mais pede a sua presença.
sua imagem desgastada junto tanto aos fornecedores quanto aos usuários e assim era
imperioso que revisse o seu marketing. Como parte de sua nova estratégia, o Bradesco.
51
partiu para a renovação total cora um design mais avançado estampando uma holo-
grafia que o torna mais seguro. Abalado com a perda da liderença do mercado para
a Credicard aparece o novo cartão Bradesco, que encerra o sistema ELO. As inovações
especias em aeroportos etc... As opções para o pagamento do cartão são 3 (dias 1,10 e
20) ao contrário da situação anterior, que só possuía uma data de pagamento. Outra
novidade é o crédito parcelado, uma mudança que dotará o cartão de uma maior flexibil
idade. Esta mudança tem por objetivo dar novo impulso ao produto (cartão) tornando-o
mais competitivo. Essa nova estrutura foi montada para criar um sistema mais prático
para as lojas e os clientes bem como criar um serviço de melhor qualidade. O Bradesco
aposta na força do novo conceito de cartão: o multicartão e para tanto o cartão também
valerá como garantia de cheque especial aos clientes. O Bradesco teve de desembolsar no
desenvolvimento do produto US$ 4 milhões, sendo que deste montante US$ 2,4 milhões
das empresas e clientes, o banco lançou no início de 1988 o cartão empresarial Bradesco,
montante de US$ 1,5 milhão. Esta tentativa reflete a necessidade de valorizar mais o
52
produto e segue estratégia semelhante a outros cartões. O mecanismo de funcionamento
do cartão empresarial é o mesmo dos cartões comuns, com uma diferença: em vez de ser
adquirido pela pessoa física, ele é contratado pela empresa, que por sua vez, cadastra os
funcionários que desejarem. Assim, as despesas efetuadas por esses funcionários como
podem ser pagas pela companhia em até 40 dias sem juros. Outra novidade na qual o
Bradesco vem também atuando diz respeito à instalação dos terminais telecompras (uma
Por fim temos o Ourocard e com ele a agitação no mercado. O Banco do Brasil sem
dúvida entrou firme no mercado de cartões amparado numa forte campanha publicitária
cartão de crédito e o maior esforço de marketing por parte das administradoras de cartão.
O Banco do Brasil deverá continuar a sua atuação junto ao meio rural. A prioridade do
banco deve continuar a ser o interior. Cerca de 75% das agências do BB estão em cidades
com menos de 50.000 habitantes, e é esse o mercado de mais fácil penetração. O interior,
- contudo, não é o único alvo importante do BB e existem planos para o lançamento de dois
internacional será dirigido aos clientes do banco que residem no exterior e deverá se
53
estender aos turistas estrangeiros. O turista compra a mercadoria com o cartão, o
busca de negócios no mercado externo e pode utilizar o cartão para cobrir despesas destes
o limite de gastos no exterior, que deverá ser de US$ 20 mil. Tanto no caso do Ourocard
passo do banco no exterior, mas qualquer outra instituição poderá, emitir seus cartões
mas os estudos estão parados, porém devemos ainda ao Ourocard o fato deste ter sido
= 3 em 1). Esta tendência passou a ser acompanhada pelos demais cartões e hoje é
lugar comum. Porém, nem tudo são maraviüas. Como dito anteriormente, o sistema
VISA viabiliza um número grande de cartões ao utilizar transmissões via-satélite, foi ele
que permitiu aos bancos municipais nos EUA terem cada um seu cartão, o que abre
54
uma perspectiva para que bancos como o Unibaaco, Citybank, Caixa tenham cada um
mais de 180 países, permite que compras em Cingapura ou Berlim" sejam imediatamente
com o VISA não costumam dar certo: foi assim com o Bradesco e o Credicard, e além
VISA somente o tempo necessário para absorver a tecnologia de cartões e depois daí
romperia com ela. São muitos os boatos que lançam dúvidas sobre o crescimento futuro
A análise acima deixa claro que a disputa deve continuar acirrada e isto é corroborado
aparentemente confuso, está a confiança por parte das empresas de cartão. A confiança
está respaldada nas vendas, que crescem cada ano que passa e o mercado parece dar
sinais de que enfrenta a crise sem declínio da sua atividade. Em 1985, o faturamento
das empresas do setor foi de US$ 1,8 bilhão. Em 1986, com o Cruzado, as vendas
chegaram aos US$ 2,8 bilhões e em 1987, as estimativas indicam que as compras com
cartão irão alcançar a cifra de US$ 3 bilhões (Fig 13 no apêndice). O otimismo não se
55
baseia somente nas vendas, pois acredita-se que o mercado ainda tem muito o que dar
e o cartão empresarial e
Muitos comerciantes olham o cartão com tanto mais má vontade quanto maior o
índice de inflação. A razão é muito simples quando efetuam uma venda através dos
cartões de crédito, os fornecedores esperam em média um mês para receber seu dinhei
ro, o que numa inflação de 30% a.m. significaria ver o dinheiro escoando ralo abaixo.
Mas, por funcionar na prática como um desconto, as cartões sem dúvida estimulam
continua a se expandir 15% a.a. Em resumo, o cartão de crédito foi concebido como um
instrumento prático e seguro que pudesse dinamizar as operações comerciais, mas com
a inflação e a própria distorção que ela insere no sistema eles (cartões) passaram a ser
56
quantias insuportáveis, o que têm levado alguns fornecedores a sugerirem a redução dos
trabalhar com prazo de 30 dias em vez de pagamento a cada 15 dias como era feito.
Sobre redução dos prazos as administradoras não admitem sequer conversar e o simples
fato de vários estabelecimentos dependerem do cartão para aumentar suas vendas (as
vezes o cartão representa até 40% do faturamento), faz com que se pense em chegar à uma
lojistas tentam 2 saídas. A primeira delas seria uma redução no prazo de ressarcimento
cora uma comissão mais alta ( hipótese descartada pelas administradoras) ou uma outra
saída seria discriminar os preços nas compras à vista e/ou cheques daquelas feitas com
cartões. A cobrança de um sobrepreço nas compras com cartão, fere um dos princípios
punir àqueles que estiverem procedendo desta forma . Entretanto como esta prática é
18a inadimplência chegou ao máximo no cruzado, ficando em 12%, pois as pessoas simples
57
Por diversas vezes afirmamos que o mercado de cartões de crédito cresceu como
tipo de serviço, mudança esta que assegura que mesmo terminando a inflação o cartão
de crédito continuará existindo. Nos EUA, Japão ou Europa encontrar um bar, loja
ou supermercado que aceite cheques em troca de mercadorias é uma, tarefa tão difícil
quanto descobrir alguém que opere com cruzeiros. Os cheques, apesar de existirem
nestes países, somente são utilizados em ocasiões especiais. Para eles dinheiro é uma
coisa que se manisfesta de duas maneiras: cédulas ou moedas e cartões de crédito. Nos
EUA, cada cidadão possui em média sete cartões de crédito19, esse número só tende
pelos fornecedores, que trabalham com um, dois ou ainda do máximo quatro cartões,
impedindo que o indivíduo componha seu fluxo da melhor maneira que lie aprouver
Considerações Finais:
cartão, e para isto nos baseamos em dados americanos uma vez que tais dados não são
I90 problema de muitos bancos serem regionais, faz com que os cheques só sejam aceitos
localmente, enquanto o cartão tem um alcance maior. O que justiiica em parte a sua maior
aceitação.
58
disponíveis para nós em se tratando de Brasil. Novamente aqui procuramos fornecer
ocupacional (emprego) e a idade. Não obstante este fato, parece razoável admitir que
o uso de cartões aumente com o nível de renda, educação e classe social, mas seja
menos usado entre os aposentados. Um outro fato estilizado indica que a utilização das
com os ricos usando os cartões mais como um meio de troca conveniente do que como
uma fonte de crédito de curto-prazo, ao qual as pessoas podem recorrer para equacionar
o seu fluxo de caixa durante o mes. Esta observação surge do fato dos usuários de
crédito de renda mais baixa em geral usarem o crédito rotativo e pagarem mais juros do
o estado civil também é importante para definir o uso ou não do cartão. Os viúvos, '
divorciados e solteiros têm uma probabilidade menor de usar cartão do que as pessoas
casadas e por fim a localização, o local onde o indivíduo mora também exerce uma função
importante no processo. Uma maior idade revela uma atitude mais conservadora com
59
influenciar sobremaneira o uso do cartão e neste aspecto as mulheres utilizam de forma
O impacto da idade é o esperado, as pessoas mais velhas tendem a usar menos os seus
cartões de crédito, pois estes percebem custos de transação mais elevados do que as
Durante as duas décadas passadas, os dados indicam que em média 54% das famílias
entrevistadas usam mais de um cartão ligado a uma ou mais lojas, 40% ao menos um
cartão bancário e 26% ao menos possuía um cartão ligado a posto de gasolina. Inde
medida em que se eleva a renda familiar e com o nível de educação do chefe de família.
Os cartões de crédito ligado a lojas são o tipo de cartão mais utilizado e o seu uso é
significantemente mais generalizado que o uso de cartões bancários, exceto entre famílias
com mais de US 50.000 de renda ou que possuem um chefe de família cora educação
ao nível de 1^ Grau. Não obstante este fato, os cartões bancários vêm se expandindo à
uma taxa elevada em todas os estratos familiares, mais do que o uso das cartões de loja.
A observação principal que podemos daí abstrair é que as características mais impor
60
0 usam e se tiram ou não vantagem das facilidades de crédito são:
(1) A idade e
. .Não obstaDte estes resultados parece igualmente aceitável que o uso de cartão seja
função crescente do nível de renda, educação e classe social enquanto outros fatores,
como a cor, raça e sexo tenham também importância. Se é verdade a noção intuitiva
de que o rico se utiliza proporcionalmente menos do cartão, teremos fechado uma série
de fatores que afetam o cartão e merecera destaque era qualquer estudo. (Fig. 16 no
apêndice).
maior conservadorismo.
5 - fatores Sazonais São datas como: Natal, Dia das mães, Dia dos pais,
61
viúvos e solteiros.
62
3 - CAPÍTULO 2
Assim sendo iniciaremos com a aplicação de caso recente de Siraonsen (1984) para
centro de nossa análise e daí derivar as relações que julgamos relevantes. Por fim uma
que lhe permite uma análise sobre o problema da dívida externa, e mais tarde este tra
balho é estendido por Rossí(1986) para o caso da dívida interna. Ambos são baseados
em um trabalho bastante original de Domar (1944) sobre a dívida interna. Estes resul-
63
tados obtidos podem ser transpostos, com as devidas modificações, ao caso do cartão
bastando para isto redefinir as diversas variáveis que participam das relações apresen
tadas. De fato, todas as relações aqui formuladas sáo realizadas com base no estudo de
do seu saldo devedor ao longo do tempo, era função de variáveis como a taxa de juros
que é função de sua renda (basicamente salário). Nos limitamos ao estudo do crédito
rotativo. Chamamos a atenção para o fato desta aplicação ser apenas uma maneira
cada período das novas compras, reduzindo-se pelos pagamentos efetuados (amortização)
e acrescido dos juros que incidem sobre o saldo devedor do início do período. Podemos
onde:
D - Saldo devedor
í)-áD{t)/dt
64
H - Hiato de recursos —> Novas compras - pagamentos.
Onde D indica o saldo devedor do usuário no instante t, D a sua derivada com relação
ao tempo (dD(i)/dt), i a taxa de juros média incidente sobre tal saldo devedor e H o
efetuadas no período. Note-se que se H for positivo, isto representa um déficit (ou seja
H for negativo, isto represeata um superávit (ou seja as novas compras são inferiores
t como funções contínuas do tempo, sendo que II é uma função bem comportada do
tempo em fo, H vale zero com o hiato cruzando o eixo das abcissas. A solução da
equação (1) é:
JdX (2)
que nos diz que o saldo devedor é igual à soma de todos os déhxits (compra > pagamen-
lSimonsen (1984) define H como sendo o saldo das exportações de bens e serviços não-
fatores sobre as importações de bens e serviços nâo-fatores, não dependendo assim da taxa
de juros.
Rossi (1987) define H como o déficit primário, ou seja gastos não-financeiros menos receitas
65
tos) ao longo do tempo tendo sido ajustadas por uma taxa de juros composta. Como
dissemos anteriormente, com o suposto de H ser uma função bem comportada no tempo
Numa primeira fase, o hiato de recursos é positivo (H > 0, ou seja compras >
pagamentos) e, assim a dívida cresce mais rapidamente do que a taxa de juros já que o
déíicit é adicionado às despesas com os juros da dívida na formação desta. Numa fase 2,
apesar do usuário passar a apresentar superávits (H < 0 - compras < amortização) estes
ainda são insuficientes para evitar o crescimento da dívida devido aos juros (iD > \H\), e
portanto a dívida continua a crescer embora isto se dê a taxas inferiores à taxa de juros.
Por fira na 32- fase, o superávit (amortização > compras) excede os juros sobre o saldo
devedor (|íf| > iD) e assim a dívida cessa de crescer e finalmente é paga. Notemos que
a capacidade de amortização do usuário é dada pelo montante de receitas a que ele faz
juz (salários + outras rendas) e é isto que interessa à administradora do cartão (credor),
ou seja quanto de recursos o usuário gera para poder arcar com a sua dívida. Daí deriva
a importância de se manter ura cadastro bem atualizado e realista, para que se possa
Domar (1944) supõe que a taxa de juros seja constante. No nosso caso H provavelmente é
infuenciada pela taxa de juros. Para simplificar a análise fazemos igualmente a suposição
de i constante.
66
vislumbrar estas nuances de todo processo.
Devemos notar que uma variável chave em todo processo é a diferença entre a taxa
Denotando por X o valor das receitas do usuário em CR$, por x = £ a sua taxa de
+ h* (3)
usuário. Esta relação mostra que, se a taxa de expansão das rendas do usuário for maior
D~ Z + X
fí 7 ir y K 7
<'+ +I+l'"fFz+x
Novamente frisamos que o caso geral é aquele no qual h é uma função de i, mas que para
simplificar tomamos i como dado e portanto h neste sentido independeria da taxa de juros
67
do que a taxa de juros (efetiva) sobre o saldo devedor, então poderia-se ter um déficit
permanente sem que a relação dívida/receitas (^-) cresça. Caso a relação Z inicial seja
de até 8% do sou salário, sem que esta relação inicial aumente (—h — (x - i)Z). Na
Solução Particular
= h e
Solução Característica
dZ ,. ,„ rt idZ
e portanto
Ln \Z\ + C, = (t -
68
X — W
receitas, e caso as receitas cresçam 13% a.m. e se a taxa de juros permanecer a 8% a.m.,
tal relação dívida/receitas converge para 2 {q^õM = 2)- ísto configura uma situação
tida como favorável, ou seja a taxa de crescimento das receitas {x) excede a taxa de juros
(í). Não é difícil imaginar que caso a conjuntura fosse outra (í > ar), a situação de déficit
(compras > pagamentos) não poderia permanecer por muito tempo, pois do contrário isto
que estaríamos na fase 1 [h > 0) e portanto por (3), Z está sempre crescendo. Para que
o usuário ingresse na fase II, é necessário que este passe a gerar superávits (pagamento
Como
69
> compras). E nesse sentido vamos imaginar que o usuário consiga gerar superávits que
sejam sempre uma dada proporção do valor das receitas auferidas pelo usuário. Suponha
que esta proporção seja g, ou seja H - -g x x, onde g é uma razão positiva com o que
Z = [i-z)Z-g (5)
Notemos que ainda com g positivo, caso este seja igual a (i — x)Z, a dívida poderá
continuar crescendo, pois o fato de Z parado indica apenas (^) parado, mas a dívida
poderá estar crescendo na mesma proporção das receitas4. Agora nos dedicaremos ao
(teste da Bolvência fraca). Caso g seja positivo (devedor intermediário), isto ocorrerá
juros não exceder a expansão das receitas e assim sendo Z tenderá para zero. A dívida
nesta situação poderá ser paga em menos de ^5 meses, onde Zq é a relação inicial
(i — z)z, Z < 0 estará caindo. Assim além de g positivo é necessário g > (i — x)Z para que
a dívida caia.
5
Z={i-x)Z-g; Z<0->Z<-g
70
Solução Particular:
Solução Característica:
Zifi = ÀtM*-+Z(t)
Solução Total:
e portanto
Supondo ainda que g > (t - x)Zq, podemos determinar o número de meses para que
72
várias hipóteses de g e do diferencial (x-i). A dívida, eutretanto, jamaia será liquidada
À primeira condição acima citada (teste da solvência fraca) nada nos diz sobre
indefinida na fase H, pois ela só exige uma razão dívida/receitas declinante, mas quando
as receitas estão crescendo, isto não necessariamente implica urna dívida cadente. Para
que se possa determinar a condição ou o ajuste necessário para se alcançar a fase III na
qual a dívida se torne decrescente a condição g > (í~x)Zq não é suficiente exigindo uma
condição mais forte. Dando início ao cálculo da condição, iremos reescrever a equação
(1) como:
i-xj i-x
y t-x) x-\
(x-t)f = la 11 + — 0
(x-i)
[
73
D _
=<-*■
De onde observa-se que o governo só pode alcançar a fase 3 do ciclo da dívida quando
g > iZ. Este resultado poderia ser derivado de outra forma bastando notar que para que
a dívida caia no tempo (D), teremos que ter a transferência de recursos (pagamentos)
= gX>iD = i g>iZ
Esta é uma exigência maior do que a desigualdade anterior, sendo pois um teste de
solvência forte.
Notemos inicialmente que era ambos os casos, devedor intermediário (fase 2) e deve
-») 9
Z(t) = J—
74
Os resultados numéricos são mostrados na tabela 2 no apêndice, para várias com-
t t-x
(í -
9 _- 1
^0 Í8({-,)J ~ (»_I)e(i->)T-+ ÍZ^
' - »'(** - g
75
binações da taxa de juros com o diferencial entre ela e a taxa de crescimento das re
Por exemplo, caso -fc = 4,0, ou seja para ZQ = 4, g deverá ser 16%, o que requer a
manutenção por cinco meses seguidos de um superávit (pagtos > compra) de 16% das
de juros t e quanto maior o diferencial {x - i), mais fácil será o ajuste. Porém nesse
ínterim quanto a dívida irá crescer até que se passe à fase 3? A resposta é:
JL
ZQ
76
como podemos ver na tabela 3 no apêndice;10
Poderíamos ainda, investigar o tempo (em meses) exigido para se alcançar a fase 3
■jfc = 6,25% que ao ser substituído, juntamente com t = 5, em (9) nos dará as tabelas 4
brutal.
Podemos fazer milhões de outros exercícios com o intuito de ilustrar que o cartão de
crédito apesar de ser um instrumento versátil e portanto de fácil uso, deve ser utilizado
Para finalizar aplicaremos os resultados aqui derivados aos dados hipotéticos abaixo.
mento de suas receitas (x) sendo de 22% a.ra. e a taxa de juros igual a 32,9%. A
'max
iZn' -• Da
77
D= CR$ 859.145,00; Z = % - 1,72
X= CR$ 500.000,00
i = ln(1.22)= 0,1988
_ H _ 214.786,25 _
a relação £ estará caindo ao longo do tempo. Em quanto tempo a sua dívida passará
a cair no tempo?
i* = 0,t988-f-0,4196| _ Q 7, _^
t-x 0,0856 > ui«>ca
Z(t) =
t-xj t-x 1
~ x) 'ZQ{i-x)-g
i i-x i-x -x) t-x
gx 'Z0{i-x)-g
t -x
=-21 = {Zo(i-x)-g) £
78
O tempo para o usuário saldar toda a sua dívida, (f) será:
Tv^ =1>000900a28
Caso o usuário quisesse reduzir a zero o seu saldo devedor, qual seria a parcela do
(i — x)Zt\
9— —,-■■.■,« cujos resultados mostramos no apêndice na tabela 6
1 — t\x~x)x
À nossa intenção foi a de ilustrar como podemos de forma simples analisar a dinâmica
da dívida do cartão de crédito, alertando para os perigos de uma insolvência por parte
tomando-se log:
Lu x — In t
t-x
79
tratar tão delicado problema, tomando-se como parâmetros a taxa de juros, a taxa de
cartão de crédito. O que determina esses preços? Existem critérios de fundo econômico
para a marcação destes? A nossa análise fornece nm ponto de vista particular no qual
o acréscimo no preço de venda advém do fato do fornecedor trabalhar com cartão. Este
é um meio de se discriminar preços, e assim investigamos o. uso dos cartões sob esta
premissa. ■
A teoria microeconômica nos ensina que existem 2 condições necessárias para que a
1) Deve haver pelo menos duas classes identificáveis de compradores, cujas elasticidades-
o monopolista maximiza o seu lucro se ele vender bens a preços mais baixos aos com-
80
pradores que possuam uma maior elasticidade-preço demanda12. Será que verificamos
isto no caso dos cartões? 0 desconto que é dado aos possuidores de cartão (usuários)
é justamente a diferença entre o preço à vista e o preço que é efetivamente pago daqui
a 30,40 dias sem juros. Formalizando este argumento, seja POio o preço à vista e o
preço futuro (ou efetivo) seja Pqj, aonde t denomina o número de dias entre o uso do
cartão (ou compra do bem) e o desembolso na data de pagamento da fatura. Como não
existem custos durante este período, o desconto pode ser visualizado através do seguinte
12 A receita marginal deve ser igual ao custo marginal. Para o monopolista que é capaz
de discriminar 2 classes de compradores, leu, para que o lucro seja máximo, MRj =
MRn — MC. E como se os bens vendidos para classe I e para classe II fossem dois bens
Caso tti > W2 -* P\ <• f*2 (quanto maior a elasticidade de um comprador, menor o preço,
maior o desconto)
Hill, 1981
81
valor presente:
0,0
Po,t =
A emissão dos cartões por firmas especializadas permite a separação dos consumi
tendente informa dados como a sua renda, bens etc... e desta forma ao apresentar seu
cartão no ato de uma compra, este mesmo usuário, além de indicar ser um bom pa
gador, revela todas estas informações acima (econômico-financeiras) que custariam mais
13Taxa de juros real das OTN's, ou seja acima da CM. ou taxa real do overnight
82
de que o usuário do cartão receberia descontos relativamente aos não portadores. Por
tanto nos parece razoável concluir que a utilização dos cartões pennite aos vendedores
à este grupo (os que possuem cartão) se servindo desta forma aos propósitos de uma
Seguindo o raciocínio de que os cartões são emitidos para que se possa separar os
cartões sejam remetidos àqueles cuja demanda é mais elástica. Isto implica que irão
existir uma grande variedade de cartões, era função dos vários critérios de emissão como
a renda por exemplo. Existem até empresas que se especificaram neste tipo de fatia de
num desconto implícito nas compras de bens e serviços relativamente àqueles que não
possuem cartão de crédito. Pode-se explicar neste contexto o cartão de crédito que
dá aos lojistas uma maneira eficaz de separar os grupos de consumo com demandas
de preços, preços menores seriam cobrados àqueles que possuem uma elasticidade-preço
l4O valor real da receita cairá com um aumento na taxa de inflação, (problema ocorrido
83
maior, preços esses que seriam simbolizados pelos descontos concedidos. Podemos citar
como exemplo o caso da churascaria Plataforma no Rio que é muito freqüentada por
turistas. Estes, que só pagam em dinheiro, seriam muito inelásticos e assim o preço
cobrado maior. Já os brasileiros que lá freqüentam são mais elásticos e nesse sentido
deveriam fixar seus preços. Este assunto já foi abordado de maneira diagraraática, mas
agora procuraremos dar contornos mais nítidos ao que já foi dito. Constatamos no dia
por CRS 25,01 (preço da mercadoria), sendo que caso o pagamento fosse efetuado com
cartão, o preço seria CRS 17,49 e caso o pagamento fosse feito com cheque e/ou à vista
CR$ 13,99.
30 dias após
84
(B) Compra com pagamento à vista e/ou cheque
venda caso fosse com cartão) os valores entre o pagamento com o cartão e o pagamento
à vista não devem ser muito diferentes, em função da arbitragem, ou seja a perda não
deveria ser muito grande, pois ante urna alternativa claramente mais favorável, todos a
desenvolvimento que procura mostrar qual deveria ser o desconto nas vendas à vista em
Preço à vista: X
85
Comissão da administradora: a%
Dia 12/09
Obs: Mas, a taxa do Overnight nada mais é do que a taxa de inflação (tt) mais
l5Isto é parecido com o efeito descoberto por Tanzí, onde os Lags entre a venda e o efetivo
recebimento da venda impõem perdas. (Inflation, Lags in collection and the real value of
Tax revenue.)
R - Valor real de um CR$ de receita hoje mas medidos em preços de período quando a
receita ocorre
86
O que nos dá:
(2)
de onde :
úteis) e a (coraissão=2%).
a relação aproximada entre preço com cartão/preço à vista de 1,48, ou seja o preço
em relação ao cartão seria cerca de 48% a mais do que o do preço à vista. Caso a
87
Á idéia aqui nesta seção foi de apresentar um aparato mais desenvolvido no sentido
cartão, ao mesmo, tempo em que utilizamos um exemplo prático numérico com o intuito
de fixar esta noção. A utilização deste exemplo demonstra que os fornecedores não levam
Diuito em conta os custos de oportunidade envolvidos e assim sendo parecem fixar (ou
detenüinar) de uma maneira ad-hoc 03 seus preços o que faz com que em certas ocasiões
estes percebam perdas que podem ser significativas. Devemos levar em consideração que
a majoração de preços, ou seja a cobrança de um preço mais elevado nas compras com
fato.
que adquirem bens e/ou serviços com cartão de crédito vís-a-vís as demais, soa como
o lucro vendendo a preços mais baixos para os consumidores com maior elasticidade-preço
da demanda.
3.3 - Â Teoria da Escolta Envolvendo Risco e o Cartão
Esta seção tenta aplicar ao caso do cartão de crédito uma abordagem relativamente
recente da teoria econômica. Este problema ficou conhecido na literatura como o pro
blema das duas aplicações16, e analisa como ura indivíduo irá aplicar em títulos de
renda variável o seu patrimônio. Utilizaremos este aparato para questionar a cobrança
de preços mais elevados nas compras com cartão e também para traçarmos uma análise
comparativa entre os cartões de crédito e os cheques sem fundos, do ponto de vista das
perdas envolvidas no processo. Estas duas análises demandam uma atenção especial
para o elemento risco, presente em ambas. Assim sendo, estaremos interessados aqui em
investigar: ,
(1) A venda de um bem e/ou serviço à vista por um preço, e por um outro preço mais
cobrar um preço diferenciado e mais elevado no caso da compra com cartão, viola
(2) A possível perda que está envolvida no risco de se trabalhar com cheques, uma vez
89
que este pode não ter a provisão de fundos suficiente, vís-a-vís se trabalhar com
que era muitos casos a venda com cartão e portanto, segura, compensa o fato de se
Como ficou claro do que foi exposto acima, o elemento risco está presente em ambos
os casos g desta forma escolhemos o rationale proposto pela teoria da escolha envolvendo
risco e de unia maneira mais específica o problema das duas aplicações para tratar
Caso 1 - O problema das duas aplicações e o ágio nas compras com cartão
0 cartão de crédito foi criado com o intuito de propiciar uma maneira ágil de realizar
as compras e com isso poupar tanto o comprador quanto o vendedor de uma série de
problemas, como cadastro etc... No entanto a inflação introduz uma distorção. Com
uma. inflação alta o pagamento em até 40 dias é uma vantagem real e introduz uma
grande perda para os lojistas, que para não terem as suas vendas diminuídas continuam
a trabalhar com cartões. Uma maneira de se burlar este sistema é discriminar os preços.
Como? Cobrando um preço mais elevado nas compras a cartão, para compensar (ou
pela inflação.
90
uma cláusula expressa nos contratos firmados entre os lojistas e estas que vedam esta
possibilidade (Fig. 17). A razão, para a inclusão desta cláusula - não majorar os preços
das mercadorias ou dos serviços prestados no caso do pagamento efetuado por cartões -
as vendas como uma maneira de remuneração pelos serviços prestados pela emissora.
Sabendo deste fato, o fornecedor poderia acrescer o preço das mercadorias vendidas, o
que sem dúvida alguma lesaria o consumidor e o sistema todo será danificado.
A pergunta vem logo à tona. Isto não é a mesma coisa, ou seja uma majoração de
preços? Como sabemos, em muitas ocasiões os lojistas cora base em vários motivos -
através de cartôe3 de crédito, esta poderá gozar do abatimento, uma vez que o preço
das mercadorias (deduzido o abatimento) passa a ser o preço corrente para todas as
pessoas que queiram comprar os bens. O exemplo acima aludido, e prática difundida
91
hoje em dia, é um pouco diferente, pois ao se anunciar a redução dos preços, o lojista
fixa novos preços para o pagamento à vista. Conforme também já alertamos a venda
de uma mercadoria efetuada através do cartão de crédito pode ser entendida como uma
venda feita a prazo uma vez que a liquidação das débitos (dívida) só se dará em um
instante posterior ao da compra. Não obstante este fato, do ponto de vista da relação
entre usuário e fornecedor, essa venda funciona como se fosse à vista com o usuário a
emitida fatura da venda efetuada. Assim, com a redução nos preços se o pagamento for
à vista, é daí decorrente que os titulares (usuários) dos cartões também façam jus à estas
mercadorias pelo mesmo preço abatido sem o que estariam sendo feridos princípios acor
dados no ato da assinatura do contrato. O não cumprimento de uma das regras autoriza
deveria atingir à uma gama muito grande de fornecedores, o que não è do interesse das
administradoras e por essa razão elas (administradoras) parecem fazer vista grossa17. ■
Conforme Simonsen (1983) a maior parte dos agentes econômicos só aceita correr
e que compense em larga medida os transtornos envolvidos. É por essa razão que os
92
clientes que oferecem piores condições são àqueles que irão arcar com os maiores custes.
O fornecedor pode aumentar o seu faturamento ao trabalhar com o cartão, mas deve
defender-se da inflação crônica cobrando um preço mais elevado do que nas compras à
vista ainda que corra o risco de ser descredenciado. Trataremos deste caso no contexto da
escolha envolvendo risco, utilizando-se uma variação do problema das duas aplicações18.
Seja F o preço pelo qual a loja vende o produto ca3o este seja pago à vista e/ou
cheque e defina-se P{\ +k)7k > 0 como sendo o caso de cobrança de um preço mais
elevado pelo qual a loja vende este mesmo produto com o pagamento efetuado através de
procedimento por parte da administradora do cartão implica era riscos para o lojista.
(1) O agente maximiza a utilidade esperada de sua renda R(EU(R{k))). Essa renda
e daí conclui-se que para que um indivíduo esteja disposto a correr risco deverá haver
alguma recompensa;
103
í9Não trabalhamos o caso do desconto
93
(2) O agente deverá escolher qual parcela de sua renda {R — N) será vendida ao preço
Notemos que a renda real do indivíduo será descrito pela seguinte variável aleatória:
(2)
no intervalo 0 < N < R que maximiza a utilidade esperada da renda G(N). Para isso
' (3)
94
Com a hipótese da utilidade esperada, está o postulado da não saciedade, pela
qual a utilidade esperada da renda é uma função crescente da renda real, o que apoia
risco prefere receber (1 - §)Ri + glh ao certo do que uma loteria com probabilidade g
O que implica ser a função utilidade renda esperada estritamente concava. O indivíduo
U((l-g)R1+gR2)<{\-g)U(Rl)
Com relação à expressão (4), se o agente for propenso ao risco, sabemos que (/"(*)
é por definição negativa e por isso a função G(N) é estritamente convexa em N. Isto
significa que o indivíduo concentrará todos os seus esforços em uma única atividade.
Neste caso, toda a receita R seria obtida mediante venda à vista, caso (7(0) > G(R).
95
Chi todo o faturamento seria proveniente da venda com cartão, caso G{R) > G(0). Se
G(0) = G{R) está caracterizada a indiferença ao risco do agente entre uma opção e
outra. Ou todo o faturamento será obtido de uma atividade ou de outra. Note-se que
em todos os casos o indivíduo irá comparar G(0) com G(R), não havendo diversificação
No caso do indivíduo ser indiferente ao risco, podemos tomar como função utilidade
U(R) -Re nesse caso G[N) = RP+NE[Pk + Z) e com isso a maximização de (2) terá
aparece quando o indivíduo é avesso ao risco. Nesta situação a função G(N) a ser
maximizada é por definição côncava, com {/(•) positivo. Nesta situação identificamos 3
No caso descrito pela figura A o indivíduo nada venderá através de cartão e uma
condição necessária e suficiente para que isto ocorra é G'(0) < 0. Mas C.(0) = E{kP +
Z)U'{RP + N(kP + Z))22 = E(kP + Z)Ú'{RP) < 0, ou como U'(RP) > 0 isto implica
22 Fazemos JV = 0
96
que E(kP + Z) < 0. O que está por detrás desta equação é que o indivíduo avesso ao
ganho comparativamente à operação efetuada com cheque e/ou à vista (que não está
sujeita ao risco) for. negativo. Na figura B todo o faturamento será obtido mediante a
venda com. cartão. Nesta situação N - R o que implica que G'[N - R) = E(kP +
Z)Ü'{RP + R{kP + Z)) = E(kP + Z)Ü'{R{P{\ + k) -!- Z)) > 0 e finalmente tem-se a
com a renda, podemos mostrar que um aumento na majoração do preço de venda com
cartão (k) levará a um acréscimo das operações com cartão e pela equação (5) podemos
escrever que:
o valor esperado no ganho comparativamente à operação com cheque e/ou à vista for
positivo.
97
dH 8N< , d II _ n
— n
— u
Notemos que
dNe dH
e
d{PK)
dNe> dH
e
(8)
(9)
23 regra do produto
98
de (9) e (8) podemos escrever que
(10)
Na expressão acima EU'{RP + Ne(Pk + Z)) > 0, já que as utilidades marginais são
(2) caso -grpjrj < 0, o sinal de jrjrp: dependerá do coeficiente de aversão absoluta
ao risco:
caso j4, tomando A'(R) < 0 e nessa situação para todo (FAr + Z),
C 0) (11)
24
U"{R)
1FJM
99
Multiplicando-se ambos os membros por U'(RP + Ne{Pk + Z))} que é positivo, e
{Pk + Z) .\-U'{RP
V'{RP}
Mas note-se que o primeiro membro da equação (13) é i^ual a ^^j25 e o segundo
membro da equação (13), pela equação (5) é igual a zero de onde se obtém que ^^rj > 0.
; Pelo que foi aqui exposto, conclui-se que um aumento em k (proporção entre o preço
com cartão e o preço à vista) sempre levará a ura aumento no montante vendido com
100
compete de perto com o cartão, qual seja o cheque e de maneira específica o cheque
versos ativos financeiros. Tem sido assim com as moedas que substituíram o escambo,
larga escala o papel-moeda, pois não mais é necessário se carregar grandes somas de
dinheiro. Por fira os cartões de crédito que além disto tudo possibilitam ao consumidor
comprar bens sem dispor de fundos para tal. Notemos que a introdução de cada um
101
destes instrumentos nâo eliniinou por completo os métodos anteriores. Cada transação
possui um custo fixo que independe do tamanho ou do tipo de transação. Por exemplo
o custo fixo de uma transação com cheque só exige que se carregue um cheque e que
ele seja passado ao vendedor. Entretanto devemos igualmente computar o custo fixo de
uma transação com cartão que está associado ao fato de se carregar o cartão, o tempo
que deve ser esperado para realizar a transação e posteriormente uma vez ao mês deverá
«er pago a fatura do cartão. Estes custos fixos variam de indivíduo para indivíduo e
ajudam a explicar o porquê de diferente pessoas usarem diferentes métodos para realizar
a mesma operação:
Assim aqueles que foram criados em uma sociedade computadorizada utilizam mais os
cartões; . .
lheres, pois estas possuem bolsas e assim o custo fixo de uma transação com cheques é
Educação-* Pessoas com um maior grau de instrução aceitam mais os novos desen
102
Como dissemos o custo fixo é invariante com o tamanho da transação, mas alguns
custos de transação são variáveis e são determinados pelo valor da transação. White
(1976) descreveu os diversos custos variáveis através da seguinte figura de uma forma
possuem um custo relativamente baixo e desta forma o custo de uma transação efetu
ada com dinheiro é crescente com o tamanho da transação. O mesmo não ocorre com
transações que são levadas a cabo por intermédio de cheques. Isto porque o custo é in-
varianto com o tamanho da transação, podendo até ser menor no caso de grandes somas
pagas com cheque em virtude do menor tempo de compensação destes. Estão envolvidos
forma distinta figuram aquelas transações com cartão de crédito. A aparência da curva
de curto-prazo sem cobrança de juros, o custo médio deverá decrescer à medida que ó
tamanho da transação cresça. Porém de cada venda é abatida a comissão que é repas
sada dos fornecedores para a administradora, por este motivo alguns vendedores (ou
lojistas) preferem conceder um abono para aqueles que pagarem à vista. Este fator faz
com que se eleve o custo alternativo de se comprar com cartão e explica o ramo ascen-
103
dente da curva. Esta análise nos permite detectar fatores que justifiquem a utilização
uma vez do cheque outra do cartão com base em critérios objetivos: o de reduzir os
custos de transação ao mínimo. Assim caso se assuma que a figura (hipotética) seja uma
descrição razoável da realidade, os indivíduos irão preferir usar o cartão mais relativa
mente ao cheque até o volume de transação (3), quando a partir daí dariam preferência
ao cheque. Uma outra razão que propiciaria uma diferenciação entre o uso do cartão
e do cheque diz respeito ao alcance do3 dois instrumentos. Por exemplo um banco re
gional (como o Banco de Mossoró) está muito restrito ao Nordeste e de maneira mais
específica ao Rio Grande do Norte. Os seus cheques por conseguinte estarão restritos
a esta área, não sendo talvez aceitos por comerciantes do Mato Grosso do Sul. Já o
Credicard, cartão de crédito ao qual o banco está filiado, tem alcance nacional e é quase
certo que venha a ser aceito por comerciantes do Mato Grosso do Sul. Este é um fator
cional26 o que facilita a aceitação de cheques em todo Brasil, ainda que sejam emitidos
cheques que não na própria praça do correntista27. Já nos EUA é comun a existência
26Banco Nacional S/A, Banco Bradesco S/A, ... - com grande número de agências.
27A rigor cheques emitidas em praças diferentes possuem o custo de um maior tempo de
compensação.
104
regiões que não aquela de atuação do banco, Com isso abre-se uma perspectiva muito
maior do cartão ser aceito e até melhor recebido nos EUA do que no Brasil onde existe
um concorrente grande, qual seja o cheque. Porém o cartão possui algo que o distingue
ônus do sistema e o risco para a emissora do cartão e com isso a segurança passa a
ser máxima. Naquilo que diz respeito ao cheque surgem problemas relacionados com a
sua falia de confiabilidade e assim sendo com a sua aceitação. Há algum tempo atrás
do sistema bancário aliada à falta de informações por parte dos agentes econômicos o
falta de fundos na emissão dos documentos. Segundo Souza (1984), quando o fenômeno
da emissão de cheques sem fundos ganha uma proporção muito grande isto termina
baseado na fidúcia (confiança), uma vez que esta prática traz custos não só para a pessoa
105
diretamente afetada, mas também para toda a sociedade de uma maneira geral, pois a
(2) aquele indivíduo que está em uma situação financeira desesperadora e assim utiliza-
se do cheque como tentativa de obter algum empréstimo de curto prazo que venha
(3) por fim aquele indivíduo que passa um cheque sem saber ao certo quanto dispõe de
fundos.
vendo risco tal qual o caso das duas aplicações. O indivíduo (lojista) deve se decidir
entre receber ao certo uma renda Go oriunda de uma venda com base no cartão de
crédito, ainda que daqui a 30 dias e descontada uma comissão de a%(0 < a < 1) so
cheque. Note-se que nesta segunda alternativa, existe a possibilidade do lojista receber
^Clóvis de Faro, Fernando Holanda e Aloísio Araújo. Ensaio econômico N2- 54 - EPGE
106
forma esquemática:
Demanda por operações com cartão de crédito por parte das firmas em função da
inflação instantânea, da comissão sobre as vendas e do risco dos cheques sem fundo.
Cartão Cheques
L—jjJi X Z.C
Onde:
ôt =ln (1 + 7Tt)= Taxa instantânea de inflação - é uma V.A. com média (i e variância
C = faturamento em cheque
Z 29= É uma variável aleatória que introduz o risco no problema. A média de Z será
29 Z É uma v.a. que denota o ganho aleatório proporcionado pela ocorrência ou não de
Z=0 ~> O número de cheques sem fundos é muito elevado, e a perda grande (ganho é zero)
-*C.Z = 0
Z=l —► O número de cheques sem fundos é muito baixo, e a perda pequena (ganho é total)
107 .
certamente menor do que 1, e possui uma certa varifmcia.
(1) Para simplificar ôf = õt-i, ou seja a inflação esperada é igual a inflação passada;
(3) A variável aleatória Z só pode assumir valores menores ou iguais a I 0 < Z < 1:
Esta perda/ganho C.Z é que será comparada à perda do cartão para tomada de decisão.
receba um cartão depois de notificado ainda nesse caso, se a assinatura não for muito
diferente o encargo é do emissor. Quanto ao excesso sobre o limite de crédito não existe
tanta clareza. Apesar de ser vedado são cobrados encargos financeiros. Na realidade para
108
(4) O agente maximiza a utilidade esperada de sua renda R. Essa renda decorre do
seu faturamento (vendas) durante ura certo período de tempo e liquidadas através de
(5) O agente deverá escolher qual a parcela desta renda (R - C) que será vendida
Feito isto, designaremos por G(C) a utilidade da renda quando o indivíduo vende C
G{G) = E{U{R)) = EU
M
onde: ■
tt
caso Z = 0,2. receita dele só provém de cartão, a perda dos cheques é máxima
caso Z = 1, a receita dele é composta de cheques e cartão, sendo zero o n2- de cheques sem
fundos
109
Para isto derivamos duas vezes a expressão (1'), onde iremos achar:
^^ ^ (3)
significa que o lojista concentrará as suas atividades. Nesse caso toda a renda R será
vendida (obtida) somente através de cartão de crédito se G(ü) > G{R), ou somente
através de cheques.se G{R) > G(0). Se G(0) = G(R) o agente se torna indiferente entre
H-l
e nesse caso G'ÍG) = EZ - &£&. Notemos que se EZ > 1 - a/e6'-1 ele trabalhará
somente wm cheques32 e era caso contrário caso E.Z < ^~r ° indivíduo trabalhará
31
lregra
ra
32Com E.Z > ^7^, o que o lojista espera ganhar pela não ocorrência de cheques supera
110
com cartão exclusivamente e para EZ = ^2l qualquer valor de G é válido (0 a R).
No caso do lojista ser avesso ao risco, G{C) será estritamente côncava com 3 possi
(pois J7' > 0 utilidades marginais positivas) ou seja É.Z < ^=^. Essa conclusão é
bastante razoável, pois o lojista avesso ao risco irá comparar o valor esperado da venda
com cheques comparativamente ao caso de venda com cartão (isenta de risco)33 . No caso
2 toda a receita será advinda da venda com cheque. Isso ocorrerá quando G'(R) > 0 -+ ■
E\Z- xU'
Com E.Z < ^t7-i > ° O112 ° lojista espera ganhar pela não ocorrência de cheques não
supera a perda com o cartão, ou seja são grande as perdas com cheques sem fundo
111
E Z xü'[RZ]>0
(1 - a)
E\Z- > O (pois, Uf{-) > 0)
Por fira temos o caso era que ocorre a diversificação que é mostrado na situação 3.
Uma parte Ce será vendida através do cheque e a parcela restante {R-Ge) será vendida
G'(0) > 0
(1)
\7 (!-«)■ - a)
(2)
=0 (4)
112
Vejamos como se altera Ge quando melhora o risco (p. ex. o número de cheques
sem fundos cai), ou seja quando se substitui Z por k+Z onde fc>0o que significa que
\ Z, Jfc, R) = = 0
dk
+EU
>o
113
multiplicando-se por U (R{Z)) em ambos os membros (é positivo) e trocando-se os sinais:
dH n d II n
011 -77: TTTT > ° -> "ãT > 0'
isto uma função utilidade e tentando maximizá-la, quando ai obteríamos conclusões não
tão gerais34.
Novamente aqui a nossa intenção foi a de propriciar uma maneira mais formal de
tratar alguns fatos que já ocorrem no dia-a-dia, e para isso aos valemos de algumas
aplicações interessantes.
114
4 - CAPÍTULO 3
dois modelos propiciados pela teoria econômica, tentaremos fornecer a explicação que
nológico. Ao longo deste processo nraa gama enorme de inovações têm sido introduzida^
as inovações financeiras.
Segundo Horne(1985) uma inovação financeira pode tanto ser um produto, como
Para que nina idéia seja viável como uma inovação financeira, ela deverá fazer com
mais completos. Uma maior eficiência do mercado se traduz por um menor custo de
transação para aqueles que se utilizam do mercado para suas transações. Um outro
maior completude do sistema, cora o que mais serviços estarão disponíveis e assim novas
115
como no caso do Brasil, com as OTN's, OVER, OPEN, LG's ... que era muito ampliou
uma inovação financeira ? Qual o estímulo para mudax ? Horne(op. cit.) identifica 6
Ressaltamos no caso do Brasil os fatores (1), (2), (4) e (5). Com uma inílaçao
muito volátil, novos produtos são criados para se reduzir o risco. Harris(1985) ilustra
este ponto argumentando que quando a inflação aumenta e de uma forma violenta,
o agente econômico fica mais disposto a pagar para diminuir a variância, o risco de
seu portfólio. Pondo era outras palavras, quanto maior a taxa de inflação, maior será
aversão ao risco estarão dispostos a pagar algo pela introdução da nova tecnologia.
116
vações, no sentido de criar novos instrumentos para se burlar a lei. Por exemplo, as
contas remuneradas são um exemplo disto. Quando o Banco Central (BC) aumentava o
percentual sobre os depósitos à vista. Com a conta remunerada, que rende juros, estes
depósitos não mais são depósitos à vista e assim estão isentos de recolhimento. Existem
mente o modo pelo qual as informações são fornecidas, reduzindo-se de forma brutal os
Por fim temos como fator, o nível de atividade econômica, que pode estimular
117
propiciar o lucro e a redução do risco parecem ser a causa mais importante que regula a
observação desta tabela, nos chama a atenção para o fato de que para os produtos a
causa predominante são taxas de inflação voláteis, enquanto que a causa principal para
de uma nova tecnologia (inovação financeira) não se dá de uma forma linear ao longo do
de uraa inovação não causa mudança na estrutura vigente, mas aos poucos altera as
quena no começo, e está subjacente a hipótese de que a taxa ao qual as firmas a adotam
que o número de pessoas ainda por adotar cai (satura). O padrão de comportameato
O processo é bem descrito por Gonçalves (1985). Segundo ele uma vez adotada a
118
inovação, esta passará por um processo de aprendizagem que ê necessário para que se
tenha um maior domínio sobre ela. Com o passar do tempo a inovação progressiva
mente se torna conhecida e passa a ser adotada por um número crescente de adotantes
temos (1)
(1 + fc
\k-k-
(i+ég»c>) i _
119
(1) A velocidade de adoção, que poderá ser definida como o tempo necessário para que
a inovação passe a ser usada por uma certa parcela da população (na equação (1)
(2) Taxa de crescimento de adoção, com o que se quer dizer o aumento por período no
(3) Valor máximo percentual de uso da inovação na indústria (na equação (1) =*> k)
Pierce (1984) argumenta que as inovações financeiras que têm ocorrido nos últimos anos
e pnraivos, o que tem permitido às instituições depositárias evitar, por exemplo, ;i£
alterações estruturais dos parâmetros do sistema modificam a relação entre variações nas
ao produto real, inflação e emprego agora tem uma fonte de incerteza oriunda destas
inovações. Isto porque a maioria dos movimentos nos agregados deixou de ser estável e
a demanda por ela. Isto à luz de uma análise de equilíbrio parcial significaria que a
novo (melhorado) introduzido, de tal forma que os portfólios podem mudar de moeda
para outros ativos. Vamos explorar um pouco mais esta idéia, À medida que surgem
121
inovações financeiras, cada vez sâo menos nítidas aa fronteiras entre os diversos agregados
que possuem alto grau de liquidez. Por exemplo, uma aplicação OVERNIGHT estará
gado monetário que seja estável em relação a algumas variáveis de interesse (como o pro
duto nominal), e que seja igualmente controlável pelas autoridades monetárias para que
cido como política econômica. À introdução de novas ativos financeiros pode substituir
a moeda ainda que de forma incompleta, como forma alternativa de poder de compra o
que sem dúvida traz algumas dificuldades. A primeira dificuldade com a qual nos de
paramos 6, como já alertamos, o que é moeda. Que agregado tratar? M^A/j, Afã, AÍ4
ou Aío2? Harris (op.cit.) trata desta questão e identifica que o agregado Mi (notada-
MQ - PMPP
Mi - PMPP + DVBC
122
mente o mais utilizado para prescrição de política monetária) não é estável como se
esperava era função da grande quantidade de inovações observadas num período recente.
(1) Uma primeira solução seria a de se trabalhar com um agregado mais amplo e in
(2) Á outra solução seria a de, ao contrário da solução acima, reduzir o conceito paia o
Esta solução não se restringe à economia brasileira tendo sido objetivo de vários
estudos em outros países. Cotula (1985) analisa o caso da Itália, Simpson (1980) trabalha
o caso americano.
Porém deste primeiro ponto podemos puxar ura outro mais importante. Quando
•começam a surgir novos ativos financeiros (em função de vários fatores) que substituem
a moeda, deve ocorrer uma queda na demanda por esta. Isto significa que caso o agente
rende juros) e que desfrutem de ura razoável grau de liquidez, o Banco Central ao tentar
poderá encontrar forças contrárias anulando a sua política monetária. Este ponto é o
M\ - M$ -f d.prazo
123
de maior importância e merece uma ressalva.
moedas gira anualmente para financiar o fluxo de renda, mais do que duplicou desde
1947. Este aumento da velocidade pode ser visto como fruto de dois movimentos: a
ÜãYl™
Üã-Y m
QDE QTDE .
onde:
VR = velocidade-renda;
com a demanda por moeda. Como a demanda por moeda tem relação cora o volume de
recebimentos e pagamentos efetuados em uma economia durante ura certo tempo; caso
124
se divida aquela demanda por moeda por este volume teremos a demanda por moeda
por unidade de transação (produto). Mas isto que fizemos nada mais é do que o inverso
Com isto, quanto maior a velocidade-renda, menor a demanda por moeda. Esta era
(inovações financeiras) reduz a demanda por moeda. Assim a conseqüência disto é que
ao tentar alcançar um determinado nível fixado como objetivo deve-se levar isto em
125
moeda mais do que a teoria tradicional sugerida, de forma a contrabalançar o efeito das
Ante esta pequena apresentação inserimos o cartão â?. crédito. O cartão de crédito a
ro3so ver pode ser entendido como nina inovação financeira tal qual a acepção de Rorisc
(op.cit.). Isto porque o cartão reduz os custos de transação e permite ura funcionamento
mais adequado do sistema., tornando-o mais completo. O uso do cartão, como inovação,
(3) também pertence à discussão sobre se altera ou não a demanda por moeda.
de até 40 dias para efetuar o pagamento sem a incidência de qualquer encargo. Seio
dúvida o cartão está associado às economias mais desenvolvidas, cora um mercado interno
mais avnltado, tendo no nível de atividade econômica uma de suas razões essenciais.
126
I
grande desenvolvimento, podendo ser tratado por nós como uma inovação financeira tal
qnal definimos.
a curva logística representaria bem a evolução do mercado, por exemplo, existe um ponto
de saturação da curva dado pela população apta a possuir o cartão, ou seja, o valor
novidades etc... Esta velocidade de difusão é tida como que determinada pela lucrativi
indica também que à medida que as pessoas passam a adotar o cartão, cresce muito o
número de adesões. Tudo indica um padrão dentro da perspectiva inserida pela logística.
Por fim, temos a questão do cartão e a sua ligação com a demanda por moeda. Se
127
devido ao uso de cartões provavelmente alteram a ligação entre o estoque de moeda e
outras variáveis.
juros à vista das taxas de juros e dos custos de transação. Ao se introduzir o cartão
no processo, isto permite pelo menos uma sincronização parcial dos pagamentos cora cs
Poderíamos nos perguntar como alguns argumentam, se o cartão pode ser considera
do moeda. Para este fato a resposta nos parece muito óbvia. Não! E para visualizairaos
A moeda é a unidade na qual o valor dos bens e serviços são medidos. Nós com
paramos todos os outros itens à moeda (dinheiro) para obter uma medida dos valores
relativos. Ao ser aceita por outras pessoas na troca pelos seus bens e serviços, ela possui
poder de compra. Com a moeda você pode comprar todo3 os outros itens que desejar
e não precisa se preocupar em saber se os outros irão ou não aceitar os bens que você
128
pode oferecer (escambo), pois a moeda é por iodos aceita4. Ela também funciona como
um meio de troca ao longo do tempo com o qual você poderá realizar compras no fu
turo, caso acumule (retenha) moeda em seu poder. Poderiam ser utilizados outros bens
que funcionassem igualmente como reserva de valor, mas em determinado instante você
teria qne convertê-lo em moeda para realizar a troca. Finalmente, muitos contratos para
O cartão de credito parece exercer, ainda que de forma incompleta, a função de meio
usuário saca o seu cartão e leva a mercadoria com. o que se consuma o ciclo da troca.
Porém, não nos parece que o cartão se encaixe nas demais atribuições da moeda. Ele não
, serve como reserva de valor. Isto porque quando uma pessoa compra algo com um cartão,
repor o saldo devedor, muitas vezes com encargos. O cartão poupa o inconveniente
Também permite que não seja desembolsado dinheiro ou cheque. As pessoas parecem
4Em geral o número de trocas que precisa ser estabelecido é: RT = d'"3 ', n = número
129
de certa forma alterar o conceito do que é usado como moeda. Elas podem adicionar os
como moeda. Muito embora a moeda tal como defmida (Mi, M2, - - -) não pareça mudar,
Uma primeira implicação a nosso ver importante' diz respeito a possível repercussão
do cartão sobre o multiplicador do3 meios de'pagamento. Sim, feto porque o mulüpii-
portanto podem se alterar6. Para citar um exemplo do que queremos discr recorremos
a Holanda et alli (op.cit.). O uso abusivo do cheque sem a devida previsão de fun
dos pode levar aos agentes econômicos, notadameisíe os lojistas a não atais aceitarem o
os pagamentos teriam que ser efetuados em papel-moeda e com isto d subiria e o multi
plicador seria menor. Por outro lado, a maior confiança na utilização do cheque poderia
fazer cora que a relação comportamentai PMPP/DVBC (d) caísse, o que provocaria cm
aumento no multiplicador.
5Nos EUÁ Mi não inclui os cartões, que na maioria dos casos é ura meio de troca mais
130
J3 ~ d+r
ou seja
É justamente neíita. direção que situamos o cartão e seu eíeií-o sobre o inuliipíicíulor.
Dornbusch (1982) sxgumcnta que a difusão do cartão de crédito deveria reduzir a relação
se ver este efeito é a seguinte: com o cartão, as pessoas não mais necessitara desem
bolsai" dinheiro para as suas transações e com isto cai PMPP, aumeiitaiido novamente o
multiplicador.
(1) nraltipíicadori = ^ = k —
l-di(l-r)
PMPP/M= c
DVBC/M = . di
RE/DVBC= r
dk
dc
131
c]k[
tem alterado a demanda por moeda, O cartão permite aos seus portadores reduzirem a
cartão pode ser'usado para substituir as transações que antes eram pagas em dinheiro.
Entretanto, os usuários devem acumular saldos monetários suficientes para pagar pelo
menos uma porcentagem doa seus saldos devedores, e só se pode pagar esta conta atravtís
do acúmulo de moeda. Assim sendo não está claro se a existência do dinheiro de plástico
brasileira no pós- guerra com a criação das OTN's, LBCs, LFTs ..-. e por que não o
cartão de crédito, amplia a gama de opções à disposição dos agentes econômicos e estes
novos ativos podem substiíuir a moeda como forma alternativa de efetuar transações, o
Suponha-se que a oferta monetária seja dada por -^ e r0, como visualizado no
desloca para a esquerda sendo representada por 5t e o ponto de equilíbrio que antes
132
era O é agora 1. Caso as instituições financeiras bancárias e náo bancárias introduzam
novos mecanismos (ativos, produtos, processos ...) substitutos à moeda e/ou depósitos,
por mudanças na política monetária. É nesse contexto que gostaríamos de estudar o caso
do cartão, uma vez que já alertamos ser esta uma importante inovação, pois muitas vezes
Passaremos agora a tratar do cartão sobre esta perspectiva e sob o espectro da teoria
econômica.
procura por moeda e para tal lançaremos mão de duas perspectivas distintas encontradas
Será que a utilização dos cartõas afeta a demanda (posse) de papel moeda em poder
do público ? Marcus (1980) tratou de forma pioneira desta questão. Ora, o cartão,
133
do varejo. O usuário só precisa assinar as faturas das compras e uma vez por mes ele
de dinheiro a cada compra. O vendedor é pago e deve abrir mão de uma comissão à
administradora e como pode ser depreendido, o efeito deste arranjo é substituir crédito7
pelo papel moeda no ííuxo de pagamentos e converter uma venda à vista em uma conta a
receber, com a vantagem de que agora, o consumidor está habilitado a manter sru padrão
de gasto com uma menor quantidade de moeda (PMPP), pois osde ele necessitava for
de antemão cash para cada compra, ele só necessita carregar dinheiro para itens cie
decresecria e seria possivelmente depositado nos bancos para talvez aumentar o saído
de moeda, uma vez que ocorreu um deslocamento do público de PMPP para depótitos
(à vista e/ou prazo). Já o impacto do cartão sobre o DVBC 6 menos fácil de derivar,
pois conforme dissemos a sobra de dinheiro advinda do menor uso do PMPP poderia ser.
usado era depósitos para aumentar o saldo em conta-corrente. Entretanto como o extrato
demora cerca de um mes, este saldo remanescente poderia ser investido no curto-prazo
134
e se esta renda daí advinda fosse suficiente para saldar o débito, o consumo ou mesmo o
investimento poderiam ser aumentados. Cora o cartão o indivíduo pode recompor o seu
fluxo de pagamentos ao longo do mes de tal modo que apesar dos pagamentos serem o
mesmo, todos podem ser consolidados e pagos ao final do mes ao contrário do pagamento
médio diminui; o vendedor, por sua vez experimenta ura declínio temporário nas suaü re
mas novas contas a receber são consignadas. Como resultado os vendedores tem um
capital de giro podo ser necessário algum tipo de empréstimo de curto prazo doa bancos
preferência por liquidez Keynesiana. Keynes identificava 3 motivos básicos pelos quais
(1) MOTIVO TRANSAÇÃO - é aquela demanda por moeda derivada do uso da mesma
135
para fazer pagamentos regolares através do período de tempo;
(2) MOTIVO PRECAUÇÃO - é aquela demanda por moeda para fazer frente a proble
(3) MOTIVO ESPECULAÇÃO - deriva das incertezas sobre o valor monetário de ostros
esta é ama forma didática que acreditamos ser válida para que possamos fixar alguns
para fazer suas transações ou ainda, é necessário um determinado estoque de moeda pura
faz pagamentos que são os mais variados para cornprar coisas de que necessita. Se as
haveria porque reter este saldo por este motivo (transação). Ora, mas uma vez que a
pessoa típica recebe seu salário uma vez ao mes e faz gastos durante todo o me3 (período),
ele deve manter algum saldo ocioso para que possa honrar todos estes pagamentos até
136
Uma pessoa que recebe CR$ Y no inicio do mes e que faz gastos de consumo de
CR$ C a uma taxa uniforme ao longo do mes manterá um saldo médio de CRI j. No
entanto, se a renda do indivíduo aumentar em CR$ ÀY, então seus gastos de consumo
aumentarão bÀY (b = propensão marginal a consumir) de tal modo que o saldo médio
qiíe deve ser mantido era conta é CR$ 'c+^Ay'-. Como uma primeira aproximação a
demanda p-or moeda (motivo transação) pode ser tomada como dependente do nível de
renda monetária (nominal), pois caso os preços dobrem ele precisará do dobro de CR$
(Y — P.y). Além do nível de renda nominal, que fatores afetam a demanda por moeda
importante, pois se o indivíduo passar a receber sen contra-cheque uma vez por semana
ao invés de uma vez por mes, ele teria que manter só \ do saldo médio que mantinha
Caso designemos por k uma constante que represente as práticas de pagamento, k*8
h ou k = &• .
Assim:
8na realidade, k = y.} ou seja é o inverso da velocidade-renda da moeda, com efeito com
k = |, isto significa que a velocidade da moeda é 4 vezes, ou seja a moeda gira 4 vezes
137
demanda por moeda - motivo transação (A/t) - Py
Esta equação tal qual escrita .acima é conhecida coaio a teoria quantitativa da moeda
(T. Q. M.), c caso a velocidade seja constante (e com isso k é constante) a demanda
ignoramos a incerteza e assim sendo esta segunda componente corresponde aos encaixe
... Por exemplo, em uma viagem de negócios necessita-se de uma certa quantia e o in
divíduo levará consigo uma quantia maior do que a média para, justamente, se livrar' dos
imprevistos como perder um avião, a reserva no hotel, etc ... Supondo que o iadivíduo
não conheça precisamente que pagamentos ele irá fazer durante o mes, nem os recebi
mentos a que fará jus, haverá a necessidade de se dispor de moeda para enfrentar tais
situações. Uma aproximação razoável é que quanto maior o nível de renda do indivíduo,
138
este seria também função do nível de renda nominal Enquanto o motívo-transação se
certas. O simples fato de não ser possível prever quando irão ocorrer gastos inevitáveis
leva as pessoss a reter moeda para enfrentar tais situações. Também a demanda por
Estes dois motivos são comuns aos clássicos e coube a Keynes a tarefa de introduzir
era a procura (demanda) especulativa na qual se postulava uma razão plausível para se
reter moeda como uma aplicação de forma duradoura, isto em função da expectativa de
títulos e nesse caso seria preferível reter moeda à espera de uma queda das taxas de
racional manter saldos ociosos, pois estes poderiam estar aplicados, vimos que estes são
139
necessários às vezes em função dos motivos transação e precaução que enfatizam a função
da moeda como meio de troca uma vez que se relerem à necessidade de se ter a moeda
Em sua análise Keynes supõe que ò mercado de capitais só negocie títulos de renda
fc:a. Um agente possuidor de riquezas pode alocá-la de diversas formas: imóveis, dólar,
ouro, CDB's, IÍTiTs, etc ... e todos estes ativoo formam o que se denomina'porífóiio,
e o investidor irá manter aqueles ativos que propiciem o maior retorao. Conforme já
mencionado, era sua análise, Keynes só trabalha com dois ativos: moeda e títulos de
renda fixa que são supostos perpétuos9. Nesse caso, a cotação de um título qne pos
sibilite a renda de RCR$ por período é dado por R/i10, onde i indica a taxa de juros
9renda perpétua => títulos que pagam indefinidamente uma certa renda, periódica
10
Ex:
(1 + t)n — 1
cotação =V = -a0 -Mi (1 + f)"1 + a2(l +1)~2 + ... + ...=» cnv = -^ ^ .vn
Rtt 1 . .. ,r Ru 1 , R
140
seguinte seja ipal a i, podemos chegar à algumas relações. Não haverá motivos para
se reter moeda caso if < i isto porque como se espera que as taxas de juros irão cair (ou
seja a cotação dos títulos irá subir) pode-se comprar títulos (a um preço mais baixo)
Caso a taxa de juros caia (espera-se), o indivíduo irá comprar tííuíos a uma taxa de
Porém se i' > í, ou seja se é esperada uma elevação da taxa de juros, caso o indivíduo
compre títulos ele incorrerá em uma perda, pois com a elevação das taxas de juros a
cotação cai e apesar dele receber unia renda R, iato se daria a um custo:
Caso a taxa de juros esperada seja maior do que a corrente, o indivíduo irá vender
títulos (reter moeda) para que no segundo instante compre os títulos à uma taxa de
Valeria a pena a retenção de moeda caso a perda de capital fosse superior à renda
auferida R, ou seja
RR D * *
-^-^r> R OU -~ ~.
l l' "-v' » t'
'T^Tf RENDA PERIÓDICA
PERDA
141
ir> j^n P0Í3 ceste caso ele poderia reter moeda até que a taxa de
Quando a taxa de juros é muito baixa, o preço dos títulos muito alto, consequente
mente uma pequena renda It pode ser ganha somente á custa de uma perda relativamente
grande e em tal situação uma compra de títulos não parece uma atividade atrativa, pois
espera-se u:na elevação bastante provável dos juros (queda nos preços de títulos) e as
sim uma perda. Consequentemente se há uma expectativa geral de que a taxa de juros
irá se elevar, haverá preferencia por liquidez (cash-xaoeda). No caso oposto, ante uma
expectativa de que a taxa de juros irá abaixar, a compra de títulos parece ser uma boa
opção, uma ves que a compra agora à taxa de juros mais alta (preço mais baixo) significa
um ganho ao bq revender o título mais tarde à uma taxa de juros mais baixa (preço
mais alto). Por esse mecanismo que mostramos, a procura especulativa de moeda seria
descrita por.
»/ /• •»* àMn
Mà =
di ' di*
Sendo função decrescente da taxa de juros corrente i e fuuçao crescente da taxa de juros
esperada t'. Entretanto Keynes supôs que o estado de expectativas fosse algo rígido
li' t V I , I1 1 — I
142
quanto às taxas de jurcfâ não só no curto-prazo, mas também 110 médio prazo, de forraa
que poderia-se tomar i1 como sendo constante (t7 = t). Comi isto:
CyBiie e Simoasto. (1987) alertam para 3 fatos no tocante à teoria kcynesiana. A primeira
crítica c foi ia à suposição de que o estado de expectativas se toras de tal forma rígida
durante muito tempo. Charna-se atenção para o fato de Keynea só trabalhar com títulos
de renda perpétua. Esta hipótese toraa-se implausívei do nosso mundo de boje cora a»
chamadas aplicações overnighfc. Por fim não parece claro o porquê das reservas para
precaução não serem mantidas em títulos com boa liquidez ao invés de moeda. Hoje a
Novamente a demanda por moeda motivo - especulação, é por encaixes reais. Isto acon
tece porque com variações de preço (um aumento por exemplo), a sua renda em termos
reais (poder de compra), é menor, seu gastos menores c a riqueza portanto menor. No
vamente nenliuma mudança real ocorreu. Desta forma, a demanda especulativa. l{i) ê
também por saldos reais. A demanda por saldos monetários: Pl{i) é portanto:
Ma = P • /(•) (3')
143
Somando as componentes da demanda por moeda nós temoa a função de demanda
por moeda: . .
caução) igual a sKifo o ambos como função do nível de renda I\4t = KPy onde W >,0.
Conforme dissemos acima os motivos não podem ser separados de maneira óbvia e por
í5)
com 4
dy
di
À equação (5) significa que para um dado nível de renda, a demanda é uma função
decrescente da taxa de juros e que quanto maior o cível de renda, maior a demanda
por moeda para ran dado nível de juros. Considera-se ainda fixo o nível de preços12.
Agora que temos especificado a demanda por moeda podemos estudar o equilíbrio no
i2O nível de preços é determinado a partir do salário nominal (suposto rígido), do mark-up,
144
O estoque de moeda é controlado pelo banco contrai e para todos os efeitos iremos
equação é obtida ig;i;-;].-mdü-s3 a oferta de liquides real {M/P} à'demanda por liquidez
real ie
Quando i aumenta, diminui a demanda por encaixes reais L{í, y). Para que a igual
aumento do nível de produto real y, que faça com que a demanda aumente e iguale a
oferta.
Por motivos didáticos, iremos separar os saldos era motivo transação (que irá iacluir
No primeiro gráfico (A) iremos representar a demanda por moeda tal qual postulada
pelo motivo transação, ou seja função do nível de renda (Mt = ky>k > 0). No gráfico
(B) mostramos a oferta monetária fixa a um nível A?13, o que é representado pela reta
de 45° descendente e que iguala a oferta de moeda à demanda total (motivo especulação
I3A oferta de saldos reais é a linha vertical M/P no gráfico 8. O estoque nominal SS é
145
+ motivo transação). No gráfico (C) temos representado a demanda por moeda motivo
a relação que descrevemos acima (Ms = l{i};l' < 0). Por fim o último gráfico (D),
combina as informações dispersas nos 3 outro3 as dispõe num plano í X y. Esta relação
(A) (Mo = Kyt). No gráfico' (B) sabemos a oferta monetária, que deduzida da de
Da relação M8.= l{i) em (C) adiamos t0 = l^(Ma) e assim obtemos uma combinado
(«o,ito)u- O mesmo procedimento pode ser seguido para o nível de renda yt. Proce
dendo diversas vez^s obtemos o lugar georoétrico dos pontos (i, y) que genericamente é
chamado de relação LM, mostrada do gráfico (D). Para MjP constante, podemos obter
a diferentes níveis de renda, quando o nível de renda é sto, a taxa de juros é «o o que dá o
Í46
I
a inclinação da curva LM. Para isto basta acharmos a diferencial total da equação 6:
. (1) a curva LM representa as combinações de taxas de juros e nível de renda tal que o
mento no nível de renda, que aumente a demanda por moeda tem que ser seguido
(3) quanto maior a sensibilidade da demanda por moeda à taxa de juros menor a in-
de crédito sobre todo este esquema aqui mostrado, procurando identificar as mudanças
nesta análise proposta pela curva LM. Iremos apresentar o arrazoado por detrás e para-
147
■
Conforme já mencionado o cartão propicia uma substituição de cash ($) por crédito
uma vez que o usuário somente assina as faturas de suas compras e é poupado do
desembolso de dinheiro toda vez que vai fazer as suas compras recebendo ao final do
mes o extrato com todas as suas transações. Como fica evidente desta exposição, os
outras palavras a quantidade de moeda (papel moeda) na mão dos agentes diminuiria,
e o consumidor agora pode manter seu padrão de consumo com uma menor quantidade
(quantia) de papel moeda, pois onde antes ele tinha que ter a príori os cruzeiros para cada
compra, ele 3gora só necessita carregar "dinheiro trocado" para itens como ônibus, corte
de cabelo, jornal, etc ... Quando uioa pessoa compra algo com o cartão, a companhia
pagar o saldo sem juros, ou dependendo do caso, com encarg03. O cartão poupa ao
em sua conta bancária, permite ao usuário manter estes fundos em uma conta que renda
juros ao mesmo tempo em que livra o titular de vários incovenientes. Assim, uma maior
necessidade por saldos pelo motivo-transação, uma vez que a simples apresentação do
148 .
O Rationaíe aqui exposto tem sua argumentação baseada em Marcus (op. cit.) e
observada no dia-a-dia das pessoas. O que dissemos é que com a introdução do cartão
(1) O primeiro efeito é o seguinte. Com o cartão, para um .mesmo nível de renda a
quantidade de moeda demandada é menor, isto ocorre era função do exposto acima
quando vimos que ;*» transações podem ser efetuadas sem o desembolso de din&eiro
(2) O segundo efeito que decorre do primeiro é o seguinte: como estamos trabalhando
menor Mt) do saldo disponível para fins de especulação o com isso cai a taxa de
juro3 dada a relação inversa entie saldo de moeda (motivo- especulação) e taxa de
juros.
apêndice.
Notemos a mudança da inclinação na curva Aí/ para Âíf com k caindo, o que
149
demonstra a menor necessidade de saldos. No gráfico (B) como a oferta monetária é a
mesma não notamos alteração, No gráfico (C) temos representado a demanda por saldos
de especulação e finalmente, do gráfico (D) o efeito fiaal. O efeito por nós aqui notado
mostra uma rotação da curva LM no sentido horório, bem como um deslocamento para
baixo da LM (LMCC). Agora para os mesmos nívcÍ3 de renda, temos menores taxas de
juros.
Antes do Cartão
r = 0.04-0.0004 Afi5»M.=
77=200
LM =>i = -0.0< +
Depois do Cartão
Mt ~ OAy{k2 - OA
« _ O 04
r = 0.04 - 0.0004 M, =» Ms =
150
= 200
De forma gera!:
Asfcs do Cartão
Depois do Cartão
Note-se que como ~j| = -^ isto significa, que conto Ly* (antes do cartão) > Ly (depois
Este fato já havia sido alertado por vários economistas. Nidhao»s(1883) argumenta
redução dos custos de transação) e portanto a curva LM se torna mais achatada. Isto
151
aumentará as flutuações do produto resultante de perturbações na curva IS, ims re
duziria aquelas oriundas de perturbação na LM. Ele não está, entretanto, seguro deste
elasticidade-juro da demanda por moeda, uma vess que apareceram dovos ativos substi
tutos perciais à moeda que tendem a dar um movimento mais pronunciado à t&xa, de
em Cvsne e Simonscn (op.cit.).. Segundo Gyrmc esto desiocamenío se dari para a direita,
Harris(i935) tambéai defende o efeito das inovações sobre a curva LM e sugere ter
havido umà rotação desta no sentido horário. Como vimos existe bastante evidencia
maneiras:
(A) Atuar diminuindo a demanda por moeda-motivo- transação, com unia rotação da
LM no sentido' horário;
152
Repare que podemos meliiorar um pouco mais a análise. Como ? 0 cartão de
moeda para as suas transações corriqueiras, porém, ainda não tratamos da questão do
indivíduo poder aplicar este saldo agora disponível em fundos _de curto prazo. O que
se q~ícr ciker que aiára de oao utilizar cash para o pagamento de suas compras, raio
dioücíro poderá ser aplicado o o indivíduo receber juros. Outras palavras noa levan;.un
a concluir que a demanda poT moeda motivo-feransação passaria a levar em conta ein k-íi
argumento a taxa de juros. Isto ocorre porque nos parece razoável que quanto maior
a taxa de juros, menor os saldos- médios (motivo-transação) de tal modo que estos i>e
para adquirir sua^ mercadorias, pois neste caso a apliçâo dos recursos ocioaos gerará uma
a taxa de juros. No apêndice (gráfico 11) explicaremos este fato através dos quatro
diagramas.
Mt& ê desenhada sob a suposição de que a uma taxa de juros de 8% esta relacione
nível de renda quando a taxa de juros ê de 6% e assim por diante. Uma vez que teremos
uma família de curvas, cada uma apropriada a uma taxa de juros particular, devemos
ao derivar a LM traçar através dos diagramas, começando com (Á) para diferentes taxas
153
de juroa diferentes curvas A/j (demanda por moeda motivo- transação). Por exemplo
quando a taxa de juros se deva para 8% a demanda por moeda diminui, uma vez que o
indivíduo poderá aplicar este saldo auferindo alguma rentabilidade, e isto é traduzido pela
rotação no sc&iido horário da curva Mt. Devemos ter eoi mente que agora, p^ra cada
1:íx:í do juroa d^rerrte teíoraos uma cuira, demanda por moeda, uma em c&da curva. O
diagrama (B) los mostra a igualdade entre oferta e demanda de moeda. O diagrama (€)
mostra a proenra, especulativa da moeda, com uma relação inversa entre moeda e juros.
FínaJmente, no gráfico (D) temos desenhada a curva LMj, que mais é mais achatada
do que LM0. O que observamos portanto é uma mudança na inclinação da LM. lisle
Rationale aqui exposto pode ser melhor formalizado através de uni modelo amplamente
demanda por moeda seja função decrescente da taxa de juros Dominai e que não foram
154
saçâo) derivada de um coinporían)ento racionai, o que significa manter os s?*ldos a um
custo mínimo e assim seado deveria ser levado em consideração a existência de custos
instância custos como: ir ao banco, telefonar etc ... Para se abstrair das demandas
feitamente- pravi:>tas e ocorrem era um fluxo conslaaie ao longo do mes e cie maseira
uniforme. Assira sendo suponhamos que um indivíduo planeje gastar ioda a sua ronda
à uma taxa uniforme dur&uíe o mes. Dos y CR$ que ele recebo no começo do mes,
§ estarão crioíX) durante a primeira semana (supondo que um roes tenha exatamente
4 semanas); | do saldo ficará ocioso pelas duas primeiras semanas e | do saldo ficará
ocioso pelas ires primeiras semanas, com um encaixe médio de |. Ele pode, entretanto,
tomar cates fundos ociosc>3 e comprar um ativo que renda juros. Assim, ao início do me3
ele pode tomar | da sua renda e comprar títulos. Porém ao-final de uma semana, ele
necessita algum dinheiro adicional para as suas transações e então transforma em moeda
| de suas posses de títulos {\ de sua renda) para gastar durante a segunda semana.
No final da segunda semana ele transforma em moeda outro | da sua compra iniciai de
títulos para gastar durante a terceira semana; ao final da terceira semana ele transforma
em caixa o restante. No apêndice (gráfico 12) exemplificamos o caso para três conversões
155
l
Ao invés de ir ao mercado de títulos três vezes como no caso acima, ele pode ir n
vezes. E importante notar que quanto mais cie vai ao mercado menor será o saldo médio
(encaixe médio)15. O que faz com que o indivíduo decida o número de vezes necessária
para ir até o mercado? Sabemos que existe um custo de se fazer cada transação que
deve ser levado em conta, junto com o desejo de se manter o ativo rendendo juros, ao
invés de deixar dinheiro em fundos ociosos. A falta de sincronia entre receitas e despesas
faz com que haja a necessidade destes saldos para efetuar transações, mas nada nos diz
que estes devam ser em cash. Porque então não manter os saldos em ativos que rendam
juros, transformando-os em caixa à medida que as despesas necessitam ser feitas ? Caso
os títulos de renda íixa sejam os ativos alternativos à moeda que rendam juros e no qual
poderíamos manter os saldos para transação, podemos formalizar um modelo tal qual
Baumol(1952). Títulos e caixa são a mesma coisa exceto pelo fato de que os títulos não
No início do período (t = 0) o indivíduo recebe CRS y que ele gasta à uma taxa constante
15de fato o encaixe médio é igual a PY/2Nt onde n é o número de vezes que o indivíduo
156
Portanto o saldo total para transações no instante i será:
O saldo médio £ será por Bua vez: Ü7 = /<J y(l - t)dt - -p8 (2). Como também
sabemos, o saldo-de moeda motivo-transaçâo é dividido entre cash C(t) e títulos T(t) de
tal forma qm S(t) = G(i) \T{t) (3). Sendo TJ(t) e T(t) o:i saldos médios em títnb:;
e cm caixa re:;pecíhau!cD.tc:
A taxa de juras por período de tempo é r CR$19 por CR$ investido e o probbriva
maximizar seus ganhos de juros líquidos de eventuais custos de transação, Eob a suposição
l7inclmaçao da reta:
5(0 = Y-Yt = y (1 - 0
coeficiente-linear -Y
ís
»r = taxa de juros = fc
Í57
de que o indivíduo escolhe T{t) e C(í) com este principio de maximisação. Caso o
número de transações durante o período fosso fixo em n, dada a taxa de juros r, qual o
número ótimo-de. transações que maximiza a receita Rn desta alocação ótima? Caso o
número de transações fosse 1, ele nada compraria em títulos, poÍ3 precisaria desembolsar
dinheiro unia única vôs para saldar os seus compromissos. Caso n = 2, eis msEk-n:-.
cai titules e mauteria | cia dinheiro para desembolsar cada ves que fosse ao mercado,
e assim sucessivãmente de uma forma gerai o indivíduo comprará —^y em títulos (f-
ele manterá cai caixa para as suas primeiras tranca-çoes), 6 os venderá a intervalos,
- ! f ~2 t -i~l t n
e portanto a receita auferida pelos juros que incidem sobre este saldo é:
158
Assim, segue-se daí que a receita líquida é portanto:
-a = u —-,- — a
Ôn
portanto:
oade se destaca a influência da renda real, da taxa de juros e dos cestos de transação
na demanda por moeda. Uma elevação da taxa de juros, reduz a demanda por moeda
• motivo- transação íal qual havíamos sugerido20. Um outro resultado interessante, é que
20
dM
159
uma redução no aisto fixo (a), tem um efeito sobre a demanda por rnoeda, ou seja, caso
a seja menor, para a mesma taxa de juros e para o mesmo nível de renda a demanda por
moeda é menor. 0 que ocorre é um deslocamento da deoianda por moeda para a direita
e para baixo, tal qual também havia sido sugerido por nós anteriormente. Conforme já
saüemamos, unia. mcwação financeira pode fazer o mercado ms.53 eficiente ao reduzir
o c-iuo da üitüfiííeílbção financeira e e«ki nem dúvida v-q aplica ao caso de carí£o de
crédito, que redus o número de idas a bancos, por exemplo, ou ainda o desembolso de
à segunda rasão para qno a demanda por moeda possa ser encarada como mna
função decrescente das taxas de juros advém do exposto por Tobin(op.cií.). Ao compa
rar-se a moeda com os títulos de renda fixa, a moeda possui a desvantagem de não rcuder
juro:';, porém ela é absolutamente líquida. Quem estiver de posse de moeda poderá efe
tuar a transação quando bein quiser, enquanto que os portadores de títulos necessitam,
vendê-los para que possam transacionar no mercado. Porto Gonçalves argumenta que
não se pode utilizar uma LTN para comprar sorvete. Quando o indivíduo vende' os
títulos, ele poderá sofrer uma perda de capital, pois as cotações dos títulos oscilam antes
160
quantidade ótima de moeda por motivo-precauç&o leva em couta a incerteza entre paga
mentos e recebimentos e deve ser expressa em termos de custos esperados. Caso o agente
não possua dinheiro, ele incorre em um custo q, ou seja, existe ura custo que o indivíduo
incorre ao não ter dinheiro para pegar um taxi em um dia de chuva. Á probabilidade
da pessoa C3í^r "iííquido* durante um certo período pode ser .p(M,o), onde euta. função
termo, o custo da iüquidcz. Para se chegar ao nível ótimo M\ deve-se comparar o custo
marginal de ee reter uma unidade monetária contra o benefício marginal de se reter esta
mesma unidade. 0 custo marginal é expresso pelo juros que se deixa de ganhar ao reter
A curva BMG (Benefício Marginal) é uma função decrescente, pois quanto mais o
agente possui em moeda, menos provável é que ele incorra era algum custo de iliquidez.
161
Ou seja, se ele possui $ 100, digamos que a probabilidade de algum custo áe, iliquidez é de
20%. Caso ele possua $ SOO, esta probabilidade se reduz para 10% e portanto é meaor o
juros pagos e assim independente de M (estoque de moeda), sendo uma reta horizontal.
O nível ótimo Aí* é obtido pela iníersecção das duas curvas. Em (1), o BMG > CMG o
por i&x) auiaenía-sa a quantidado de moeda. Já cm (2), o CMG > BMG e oe dimin-ui o
a taxa de juros-cai ? Com a queda da taxa de juros o custo marginal também se reuus
e com bso & reta horizontal CIvIGo se desloca para baixo (no gráfico 13 no apêndice).
Com isso M* se desloca para à direita e se situa a um nível maior (Mf). Explicaçíío:
como o custo de se reler moeda diminui, é preferível que as pessoas passem a reter dwís
moeda, com isso gc reduz o custo esperado de liquidez. Surge desta forma uma rcbçâo
inversa entre a taxa de juros e o estoque de moeda e assim a nossa demanda de moeda
seria reformulada:
162
incerteza 8 e com iaso seria menor o custo esperado (a curva BMG se desloca para à
esquerda -Cai M). A maior segurança propiciada pelo cartão advém do faio de se efetuar
as Dicsnias transações com menor necessidade de caixa. À uma mesma taxa de juros, a
através do di^rams ao apêndice (gráSco 14). Nele supõe-se um fluxo de caixa típico
de uma unidade familiar durante um mea e supõe-se ainda que as demandas motivo-
gão pagas uma vez por mes (extrato do cartão) e logo que chegam- Estas mesmas
diagrama triangular antea e depois do cartão de crédito Ber introduzido. Na análise, coto
mostra como o saldo teria se movimentado durante o mes quando não havia o cartão de
crédito disponível e não se invista portanto em fundos e/ou ativos que rendessem juroa.
Quando o cartão é introduzido, o indivíduo sabe que pode tomar emprestado da ad-
163
miaistrsdora, sem custos, por até 40 dias. feto pode ser visualizado pela liaha tracejada.
Todos estes dois fatos levam à uma mudança na sensibilidade à taxa de juros, kúo
reafirma o íiíio já de se ter uma rotação da LM ao sentido horário com uma elevação
da elasfcick>iyüe-ju.ro.
Vários autores já alertaram para estes fatos. Mester (1981) argumenta que o uso do
cartão realmente reduz a demanda por moeda. Sastry (1970) também trabaüa na>ta
linha, mas não explora o elo entre a demanda por moeda agregada e o cartão.
164
4.4 - Uma Abordagem Algébrica. (Matemática)
Como já foi frisado o cartão age como um meio de troca substituto à moeda em
muitas ocasiões. Tem-se a vantagem de permitir ganhos adicionais (os juros) sobre
aqueles saldos que não mais necessitarei ser mantidos como moeda, pois ao invés disto
pc;Ic-&e pagar cem o cartão e o dinheiro que se usaria para efetuar as compras fica
>ip!;c?.-io lúi o ílaal do ioes. o que dá uma razão extra para que a. demanda por iíi.<v-.'a
caia quando a taxa de juros suba. Uma outra vantagem é que o cartão de crédito,
início do período o indivíduo saiba a proporção p cora que efetua compras utilizando
uma quantia Y21 e planeja como alocá-la ao longo do mes de uma forma constante
e, alternativamente à moeda temos títulos que rendem juros à taxa r. O custo fixo
a. Como estamos supondo que w início do período o indivíduo sabe a proporção p dos
seus gastos que serão feitos através do cartão, ele aíoca inicialmente p.Y em títulos, sem
titubear, pois do contrário este saldo permaneceria ocioso, e agora ele pode auferir um
165
certo rendimento. Do saJdo restante (Y — pY = Y(l— p)) (1 — p)Y o indivíduo terá o
mesmo problema identificado por Baumol, qual seja o de decidir quanto irá alocar em
títulos, quantas transações irá efetuar, tudo isso segundo ura comportameaío racional.
reyipntes n - ! de títulos em. moeda, ele portanto transferirá *-*—^ dos seus zzlâoi
rpoiv-íários p;*ra títulos. Ou. p<íja ^-—-^(1 - p)Y que é disponível para efetuar csi^r?
transações, transações estaa realizadas a intervalos iguais (tal qual suposto por B&umol)
h — £,£3 = :';,M '—■ f)---?í'i = ~-- até /»j — ^^- quando finalmente Berá transierido todo
o coloque para moeda ÍA^-jp-i-, O indivíduo nesta situação possuirá ern títulos:
i2de fato, como no início ele transferiu PY diretamente para títulos, a cada instante terá
em títulos:
já tinha """
transferiu depois
(1
(2) i = 2->ta-»7
p<iBsa à moeda
(3)í = -
166
_. _ , , _ _ A23
n' La\=\
.(i-i) P)
Os custos totais do gerenciamento de caixa das « transações será n.a (o custo unitário
é a), raaa a maioria dos cartões inclui um custo fixo (anuidade) contra os quaÍ3 deve se
pesar a vantagens de utilização do cartão, custo por nós designado G o que fará com
(l-^j
^j-na-c (4)
passa á moeda
rfj^-pjg .. y 2a v '
Note-se que quanto maior p (maior utilização do cartão) isto implica em menos
21De uma forma geral, podemos decompor o triâRguio de encaixes meusais em a eul>
triângulos, cora o que o saldo médio se reduz de ^jp^- para ^^~, a custa de (n - 1)
operações.
(1 - P)Y (1 - P)Y
2 2n.
168
transferências de títulos25 para moeda, ou ainda, uma maior aceitação do cartão significa
menos idas ao banco para o consumidor. Repare- se que se substituirmos (5) em (4) o
2a
^+r(l^_ülz£k._^=-.tíi_£te.a_c
(1) (2) (3)
(l)
(3) ^^a-c==^^ah-c = ^
*c=
25
169
e a demanda por moeda individual será
2n /Tf
2a
Notemos qoe no caso da-não utilização do cartão de crédito, tem-se p = 0 e ele não
tem o custo c, o que nos dá p = c = 0 nas relações derivadas acima e chegamos aos
mesmos resultados obtidos por Bauraol26. A decisão em que última inaiância fará cora
7r£c > Tíy ou seja, caso o lucro auferido com o uso do cartão suplante o lucro auferido
jrCC
rpy
p)y~ç>
oade:
170
(2) Representa a redução do número de transações em função do uso do cartão27 e
(3) A desvantagem do custo fixo pelo uso do cartão, a taxa de inscrição e/ou anuidade
Podemos reescrever (8) como: 3^- + y/2ary[l - ^/(l -p}\ - c > 0, de onde caso
podemos trabalhar um pouco mais esta expressão e assim sendo, façamos a seguinte
mudança de variável: •
x = y% => x2 = y
Ora, com isso temos uma iuequaçâo cm x do 2^ grau: ^x2 ■{■\/2ãrXx-c > 0. Achando
as raízes do polinômio, fademos Çx2 + \f2arXx - c =-0 ou ainda rpx2 + \/SarX2x -2c = 0
27
rY__ r{l-P)Y =
ncc ~ V 2a V 2«
fator racionalizaate: \Jíã
y/2«r(l - P)Y
yflã 2a 2a
2a 2a
171
de onde pela fórmula de Baskhara28
x — —
2rp 2rp
oade
8rpe
íto do radical =
f gA2 + pc
-1
aA2
2aA2
-Vi
aA2
8rpc
2rp
172
mas,
}'■
fàarX* 4- yJSarA2 + 8rpc
2rp
f2aA2 + 2pc
«+pc) }
rp2 aX2
aA2
2ÕÃ2 /(flAa+pc)
V
2aA2
+1
ou
2aA2
V'
173
Estudando-se as variações de sinal do trinômio29, obtcmos:
t2
Caso desiperaos Y como o nível de renda raínimo que torna o uso do cartão lucrativo
ou seja o nível de renda ao qual o uso do cartão se torna lucrativa se reduz quando
Chegamos até agora à uma demanda por moeda individual, mas estamos realmente
p são mantidos constante» ao longo das unidades individuais. É necessários se fazer uma
_,2
174
A agregação do comportamento individual exige que especifiquemos uma função que
represente a forma pela qual o gasto se distribui entre as diversas unidades. Os valores
dos parâmetros para a distribuição dos gastos são baseados no padrão observado para a
é distribuída segundo uma função de densidade contínua f{y)) podemos então escrever:
assim, para estes a demanda por moeda é igual à fórmula da raiz quadrada de Baumol;
(2) - Agregação sobre o? usuários de cartão (note-se que a renda é maior que y e,
assim, a utilização do cartão é lucrativa) e, assim, para estes a demanda por moeda é
175
onde o resultado a que chegamos possui dois termos: (1} o primeiro termo nos dá
a demanda por moeda agregada para toda a população que é derivada do modelo de
Baumol; (2) o segundo termo representa a redução agregada na demanda por moeda (na
Para que se obtenha resultados particulares é necessário como observa Barro (1976)
especificar uma forma para f(y). Um estudo realizado por Salem e Mount (1974) pos
como sabemos: J^ f(y)dy — 1 (propriedade indispensável para ser uma função de den
Jo Jo
f°° /«\3/2 du
176
mas isto nada mais é que F(5/2)30 e portanto F(5/2) = (5/2-l)F(3/2) = |F(3/2) =
■í
fazendo-se « = <Jy =
531 r
222^
e portanto
2 _^v .
31
r(i/2) = 0F
177
faça-se tx = fiy —♦ du = j3dy
o°
8 r~ã~ 8 Ia 5 1 8 rã
•00
1T4P5!2 1 1
178
Calculemos a integral definida f™ 7?er*dx por partes: Faça-se u = z2 => du = 2xdx
portanto, voltando à
com
teremos
« = f; du = 2y<íy
179
dv =
-I
9 * —/?!
= dy
dv = ,-P*
— f vdu = -y-õ<
c~Py é- (\B)
f-OO
p
(2)
De (2) em (1)
oo
<-* ,]}-{-[«:
180
Finalmente teremos que:
4A/?5/2 fã r.2-
t"A2
avn
3 V 5?rr
(1) (2)
8 _
onde z=
181
, I
i2
_ 2a 2
V—
rp-*
i2
Z ™ ' í\ + II. _ 1
1 + gA2 *
-i2
_5c_
5a
/A2,££_
V «
Portanto
+ 2$ + 2] ou 2<H[Ç + y +
e assim
1
3
182
E finalmente a demanda por moeda agregada é:
8 ay
3 5jjt
Note-se que agora a demanda de moeda não é mais proporcional à raiz quadrada da
renda dividida pela taxa de juros de Baumol33, o que não ocorre por causa da agregação,
mas sim pelo fato de existir um meio de pagamento alternativo que é o cartão de crédito.
Caso façamos:
Com:
= he-zz2/2 > 0
tt» + £- <0
5a
[A)z = z{r, g) =
p2ry
dy
183
Desta forma, como
notamos que aumentos em y,z,y diminuirão $($). Lembremos que no início tratamos
corno constantes r, c, c e p o que torna ^>($) constantes, e desta forma qualquer alteração
em uma dessas variáveis cansará mudanças na demanda por moeda. Entretanto o que
é mais interessante para o nosso estudo é verificar o que acontece neste modelo cora as
elasticidades. -
=? (elasticidade-juTOs)
ÒT M.
da cadeia.
dtj)dzff_
obs:
184
| = 8/3(1 - Ae-'(1 + z +1)][ag/Sif\Wjfl =
9f " 0y M
[(1 - Ae~
8/3(1 - Aer-*(1 + 2
_ 1 _ Ae
~ 2
1 Ail 34
2
y] - (-1/2)
185
onde/ = Si = -&$.
~
r)i/r =
8/3[l - A
-1/2J
i, [Ae"'-r!/2-(-í/r)-r'
|l-Ae-nz + l+zV2)l
i
~ 2 [1-Ae z{] .-^+1 + ^)1
1
Op-f- í 11 \p
2 íit, ' 11 — /^C
-u + z -f 22/2)| 2 [2e e - 2A(1 4- z + 22/2)| ~
Xzs 35
^> íCC *~ A (2+2r+J;2)
186
O uso de cartões de crédito diminui a elasticidade-renda e a elasticidade-juro. Isto
aumento agregado nas posses de moeda se houver um aumento da renda; só que agora
existem algumas pessoas para as quais se torna lucrativo usar um cartão de crédito.
similar, taxas de juros mais elevadas induzem saídos de moeda reduzidos pelo mecanismo
usual, mas ein adição pessoas que antes estavam à margem do processo, agora achara
lucrativo usar-um cartão de crédito por causa dos retornos dos juros que &ão maiores
agora (pois, podem ser aplicados até o pagamento do cartão), isto tudo acarreta, que a
demanda por moeda se torna mais sensível aos juros na presença doa cartões de crédito.
(1) ao atuar como meio de pagamento alternativo à moeda, reduz a demanda por
moeda motivo-transação (função da renda), ou seja, para o mesmo nível de renda y, agora
o indivíduo necessita uma quantidade de moeda Mt menor para sustentar seu nível de
elasticidade-renda-
187
l
arcar com o pagamento das despesas ele saca o cartão pagando após certo período sem a
incidência de juros e podendo aplicar esta quantia pelo período e assim sendo a demanda
por moeda fica mais sensível à taxa de juros - enfatiza a mudança na elasticidade-juros
À conclusão a nível teórico nos indica o caminho das demais, no qual nota-se um
Não obstante esta conclusão, ela carece de uma investigação empírica que permita
constatar se o que aqui sustentamos é de fato verídico. Para tanto no capitulo que se
segue tentamos estimar uma equação *f = L(r,j/), ou seja nma curva LM, que tente
Não pretendíamos esgotar o assunto a nível teórico, mas tão somente aludir à possi
agora verificar ou não esta possiblidade por nós levantada ao plano teórico.
188