Você está na página 1de 16
6 A ESTRUTURA DA SESSAO Igor da Rosa Finger INTRODUGAO Observa-se, em aulas de graduacao, que uma das principais queixas dos alunos que tém os primeiros Tapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é sobre a neces Acostumados a ver a psicoterapia na forma em que, quem determina que se fala na sesso é 0 préprio paciente, lade da estruturacao das sess6es. se fala e como ou até quando € nao o terapeuta, concluem que a estruturacéo enrijeca 0 processo terapéutico, tornando-o mecanico e sem emogao, além de contribuir para a perda de material de trabalho, jd que nao permitiria ao paciente a reflexdo sobre a situagao que se apresenta na sessao. Cita-se, como exemplo, um paciente que procura terapia apresentando sintomas de ansiedade. Antes disso, ele nunca tinha visto o terapeuta. Talvez até nunca tenha ido a uma terapia. Ou talvez até tenha ido, mas a experiéncia foi frustrada, Ou até tenha ido e tido uma boa terapia, mas isso nao exclui o fato de ser a primeira vez que ele esteja vendo o novo terapeuta. Por apresentar sintomas de ansiedade, ele é provavel que ele nao tenha dormido na noite anterior, projetando como seria esse encontto, como o terapeuta seria, © que falaria, como falaria, por onde comegaria, 0 que é importante ¢ 0 que nao é. Acaba por ficar mais ansioso por nao saber as respostas a essas questées. Ele tem problemas no trabalho, sintomas fisiolégicos, tais como dor no estémago, dificuldades de relacionamento interpessoal, entre outros. Sente-se perdido e sofre com isso. Ele espera que a terapia possa ajudé-lo, que Ihe dé esperanca e seguranga de saber 0 que est acontecendo com ele ¢ como melhorar. Caso ele ja soubesse o que est acontecendo com ele e como sair dessa situagio, provavelmente ele nao procurara trap. Se procurou,entio € posivel que ele no saiba como melhorar, Se 0 terapeuta assume 0 comando no inicio da terapia, norteando-o € auniliando-o na resolucio de problemas, o processo terapéutico tende a ser mais eficiene e efcas en que o pacientesaiba © que esté acontecendo com ele e que nada é magica em psicoterapia, a estrutura da sessio é uma impor- tante ferramenta da qual 0 terapeuta cognitivo-comportamental nao pode abrir mao, salvo em situagdes n apresent decorrer desse capitulo. s itulo é dividi pees maces ee ccndlen melhor a estrururacio de uma Sesio, 0 presente capitulo é dividido em quatro ‘ara compreender sess4o?”, em que se objetiva apresentar justficativas vinculadas & teoria e a0 ee curar a sessio?”, , = On artes: “Por que on padrio das esses", com explicagio de cada etapa da sesso; “As peculiari- “A estrutura modelo cognitivos ‘com a apresentagao das pequenas diferencas entre a sesso ini dades da estrutura da primeira sessao" o da ses demais, e “Problemas na estruturagio da s ial eas so” juntamente com possiveis solugdes ou justificativas para tal SESSAO? P UTURAR A . ‘OR QUE ESTR' ja educativa e orientada para a resolusio de problemas atuais, por isso ATCC vem a eee ancia, deseja-se que © paciente seja seu préprio terapeuta, Para isto, © seu foco no presente. 120 ‘Mawuat Prktico DE TERA! 0 eranst 1a e do P orno ou problema apresentado pg, vente € S00" © MOAETO copnisi, é importante que ele saiba como 0 ser: a da sessio, sob 0 da TCC. aciente saiba © paciente e sobre a estrutur esti do com ele, por que «std acontecend éindispenst peta fla “agora vamos avai como “como ésté sentindo.se rece te vel. E compreensio n, rec vai ao encontro desse objetiv © que se quer € que 0 P como melhorar. Para isso, tornar 0 que estd acon peutic comp! mento o Feral processo te m colocagoes im claro, Em ne é tomar o processo mecinico, € mor 0 ; aaa ia 0 hu ; humor” (conotacio mecinica), ele apenas avait ON mer objetivo algo subie como, por exemplo, ” ndo- ‘ ” . ana”, ou tent ree i para 0 4 DUM” (on hoje?”, “como te sentiste na ultima sem a0 perguntar “de zero a dez, endo zer0 0 e nao outra caracteristica), agées claras, para que o paciente compre Estruturar a sessio facilita a compree serio solucionados € 08 (1 sto do que est stornos cratad0ss «0s seus problemas tilizada, corna a terapia 0 mais eficene psicoeducativa. olugéo de problemas. Entende-e Outra justificativ: possivel, tanto em tempo de terapia quanto © a melhor sesposta possivel co sessbes facilita 0 cumprimento © aque ela, se bem isso de sintomas € rest ‘mo minimo de erro ou d anto da compreensio quant faa favor da estruturagio é m remis " jspéndio, tornando a terapa yor eficiéncia conseguir F : to da eficdcia do pro- algo eficaz. Padronizar as s cesso terapéutico. Partindo do principio de de um problema (independente! tado a essa resolucio, que ele consiga so seja possivel, 0 esta taia busca de orientacao para a resolugio ante que o paciente se sinta orien iia ¢, desta forma, manter que a busca de psicoterapia represen mente de qual seja 0 problema), ¢ import perceber ¢ avaliar 0 sucesso ou nao da teraj a orientagio ou mudé-la, Para que is byelecimento de metas da terapia se faz necessirio. TTois metas, camo veremos adiante, deve ser mensurdveis, ¢ 9 mals expresso em. atos ¢ comportimeniss posstveis, faclitando o cumprimento, andlise ¢ avaliagio por parte da dupla terapéutica (paciente € terapeut). Embasado 6 i i = cdo nestas quests, estruturat a sessio se torna um processo de aprendizagem para que 0 yaciente utilize as técnicas ¢ teorias i it 6 is i pa orn prendidas em situagGes ou problemas faruros inclusive quando de hndo se encontrat mais em terapia). A estrutura intensifica a aprendizagem, mantendo o tratamento bem onganizado, eficientee focado nas metas (Wright, Basco, 8 Thase, 2008) Otimizar 0 proces co £0 principal moti fe ec terapeutico é0 principal motivo da estruturagao. Para ta, a sesso caracterizadt pea dfnigode proces de valiagio do humor no deconter da semana, apont incipaisacon- Ce aarec Geir limaence ene inn nae rue anaes Gvtsando de aborda sun de menor eelevtncla ao caso, alm de d cee : nt 0, além ir ags até a proxima sesefoe solcitar eofeece fedback sobre o trabalh ee er ene ; ; rabalho fei ‘ modelos cognitivos ~ dos divers transtomnos ou probl feito, Estas sio as bases para roma i lemas Em verdade o terapeuta d lev ; = peuta deve ser um bom estrategista saiores chances de mudangas especficas para o pacien ~ : et faclta isso. (Kaa ~ aplicéveis e compreensiveis ao pacient aa definir um plano terapéutico que "8 PP & Beck, 2008), e ter uma boa organiza? melhora ou a possibilidade de avaliagéo do processo tera a da terapia, ipeutico em cas 0 direcionamento da terapia, ou seja, 0 que se vai faz Fem cada sess Sessio, desenvolvendo esperan 90 de ineficiéncia, A organizati® junto com 0 plano terapéutico B™ A BSTRUTURA DA SESSAO 121 seguranca e confianca no ; cx estabelecidas mene teatb© do profissional e no sucesso da dupla terapéutica. Além do mais, uma ¥ as metas terapéuticas em conjunto ( auxilia a manter os encontios focados no atendinn terapéutico, (paciente ¢ terapeuta), seguir um padrao entre as sessBes rento dessas metas, aumentando a sensacio de progresso Por fi - rim, estruturar promove a aprendizagem das habilidades da TCC para que o paciente seja 0 seu préprio terapeuta (Wright et al, 2008) A ESTRUTURA PADRAO DAS SESSOES Como ji aborda jet dod ado, 0 objetivo da estrururagio ¢ otimizar o tempo da sesso para que os quatro passos @ seguir sejam cumpridos: avaliar o humor, debater assuntos relevantes ¢ relacionados is metas, estudar a realizagio das tarefas de casa e definir novas tarefas © resumir a sesso ¢ dar ¢ solicitar feedback. Para esses passos serem cumpridos em cada sessio, recomenda-se a utilizagio de um padrio d + Avaliar © humor; ssio conforme se segue: breve atualizagio (medicagao, uso de drogas, sintomas do transtorno); * realizar uma ponte com a sessao anterior; estabelecer a agendas * — revisar a tarefa de casa; discutir os tépicos da agenda ¢ utilizar ferramentas terapéuticass estabelecer nova tarefa de casas + resumir a sessio e dar e solicitar feedbacks Esses tépicos nao séo imutaveis. Hé terapeutas que modificam a ordem de alguns pontos, mas, mesmo mudando, nao deixam de abordar todos os tépicos. Essa estrutura é utilizada para atendimentos tanto indi- viduais como em grupos e para terapia familiar (Friedberg, 2006). Ha pequenas alteragées nessa estrutura padréo entre a primeira sessio da'TCC ¢ as demais. Porém, essas diferengas serio explicadas mais adiante, para nao dificultar a compreensio do texto. Avaliar o humor ‘Como jé visto nos capitulos anteriores, a resposta emocional de um estimulo dependeré de como foi feito 0 processamento da informagio (cis o modelo cognitivo). Dessa forma, saber como a pessoa est sentindo-se, por perguntas relacionadas ao seu humor, aproxima o terapeuta de pensamentos Funcionais ou disfuncionais do paciente, além de servir como um parimetro para saber se 0 Paciente me sente mahor (ou seja, se melhorou o humor) até o final da sesso. A avaliagao do humor tende a serripida, de um a cinco minutos de consulta. Hé, basicamente, duas formas de avaliar 0 humor: 1) escalas € inventarios; e 2) sub- jetivamente, Na avaliagio utilizando escalas, 0 Inventério de Depressio de Beck (Cunha, 2001) é um dos er autoaplicivele demandar pouco tempo para aplicacio e correcao, Dessa da ao Inventario de Depressio de Beck (BDI) enquanto espera ser instrumentos mais utilizados, por s forma, é possivel que 0 paciente respon ; chamad ra seus itens hd questes relacionadas 3 desesperanga e ideacao suicida (aspects determinantes lo. para a dfinigdo da estrutura da sesso, pois, cs0 0 pacienteapresentepensamentos suicias, o objetivo da a definigao da . i nifcagh desse pensamento,ndependentemente do que se pretendiatabalhar com o consulta se torna a mi nick 4 7 wet on disso, avaliar o humor no inicio da esto serve como faciltador para definir aciente naquela sessao). Alé idl : m A ss F git ‘como se observa no exemplo de didlogo entre paciente ¢ terapeuta a seguir. itens abordados n: 5 122 = mprenquano ees sala de espera. Pos 4 Terapeuta: — Old, M. Vejo que respondeu 20 uma olhada? Paciente: — Sim, (O terapeuta som humor] Terapeuta; — Parece-me que esté Co aproveita para fazer um tnuland : claboragéo de eépicos para # 98° tive um sétio problema com minha cr, chama-me de incom falar sobre ess do inventério para saber 0 Brau depressive de ay lo a os pontos asad: mas rote do que na semana passada (o terapedig carmen 0 que aconteceu para isso? [Egy gancho com a sessi0 anterior], nda.) ve, Bla fica atormentando-me e quand Paciente: — — Ab. no ago 0 que ela qu Terapeuta: — Ok. Acredita que poderiamos Paciente. — —Sim. . ; , -ntisse assim? Terapeuta; — Hd oucras situagbes que fizeram com quc voce se Es ae / Paciente. Sim, tem. Amanhi terei uma. prova muito dificil da faculdade, de uma matéria que nig ; compreendi nada da prova. Ea prova ¢ importante, pois define se passarei na disciplina. Terapeuta: — Certo. Para ver se compreendi: vocé tem uma prov: arto? io estudou bem ¢ isso afeta muito o seu humor. Estou certo? pecente ¢ burra. 1a situagio na sesso? Fu realmente nio sei sobre a mat Estou apavorada e triste com isso. a importante amanha para a qual Paciente, Sim. Terapeute: ~ Que tal falarmos sobre isso também na sessio? [Note que 0 terapeuta nio aborda 0 assunto ainda. Isso ocorte porque ele est4, junto com o paciente, elaborando a agendaa partir da avaliagéo do humor. Mais adiante na sesséo os t6picos serio abordados Paciente. — Ok. Outra forma de avaliar 0 humor, sem a utilizagao de inventétios, é perguntando diretamente “como voce esté2”, ou “desde a tiltima sesso, como se estd sentindo?”. O risco dessas perguntas é o paciente ree ponder “estou bem” ou “estou mal”, ¢ 0 terapeuta néo saber 0 quéo bem ou mal ele esté. Para resolver est questio, o melhor € transformar essas respostas em mimeros, através da seguinte colocacao: “de zero a cem, oe 2ero 0 pior humor que voce jd teve e cem o melhor humor, que nota vocé daria para o seu humor 1oj¢ [ou nesta semana]?” Dessa for é ih A je y ma & possivel saber o quo bem ou mal ele esti ¢, as sess6es a evolucio do humor. . Avaliar o humor no inicio da sessio ¢ como medir a para menos pode definir um rumo diferente do esperado do humor tende a perder sutilezas importantes na consul ainda, comparar entte Pressio cardiaca, Alguma alteragio para mais ou Para.a sessio. O terapeuta que ignora a avaliagi0 i tay al ae a emocinal do acento que pode leara um pio nel ome incalmeneo ee na Telagao terapéuti ca Considerando essa etapa da sesso como uma quado da evolusio do paciente, que perguntas impor deveria fazer? Aspectos como uso de medicagio ( podem afetar oFuncionamento cognitivo, am da sual paciente devem ser questionados em todas as sesbes aa, ‘miniavaliagao” prejudicam o avango da trapia quanto para vera efeien, ‘A estRuTURA DA SESSAO Mesmo o teray ‘i ; acd lo patients cle Peuta nao sendo psiquiatra, é importante saber quanto a quantidade ¢ uso de medicacéo lo paciente, si 4 pelo ps ‘ti de posstveis efeitos colaterais, Essa preocupacio é pertinente, pois, caso seja necessari0, terapeuta mo Spria sessd : e ca ae ica na propria sessio a medicagio ou encaminha para o psiquiatra para tomar as decisbes Outro aspecto importante quanto & arualizagio do uso de medicagio refere-se 4 identificasio de Pensamentos distorcidos quanto ao remédio. Identificar os pensamentos ¢ modificé-los pode ser um 6timo objetivo de sessio, auxiliando na melhora sustentivel do paciente Quanto ao uso de drogas, se o tratamento ¢ relacionado 20 uso, atualizagées de quantidades ¢ tipos de drogas utilizadas se fazem necessérias. Mesmo quando o objetivo da terapia nao é o tratamento de abuso ou dependéncia de substancias, ao perceber se 0 paciente esti com alteracées nas fungdes cognitivas (tais como orientagio, atengio, linguagem), o terapeuta deve perguntar sobre o uso recente de drogas para fazer uma atualizagio adequada da avaliagao e saber das limitagoes cognitivas apresentadas pelo paciente. Referente aos sintomas do transtorno, essa breve atualizacio permite saber se a terapia estd gerando uma resposta terapéutica. E possivel avaliar o transtorno através de escalas ¢ inventérios ou perguntando diretamente ao paciente. Terapeuta; — Referente a0 medo de elevador, como esta? Paciente: _— Ah... ainda estou com medo. Muito medo. Quando a porta fecha tenho a sensagao de que vou morrer. Hé elevadores que, ao passar entre um andar ¢ outro, a porta treme. Ai sinto que meu coragio “sai pela boca”, Mas ao menos eu estou entrando no elevador. Antes eu nem entrava, Terapeuta: — Ok. E.quanto a estar num local com a porta fechada? Paciente, _— Esse esta bem melhor. Nessa semana consegui ficar no meu quarto com a porta fechada. No inicio me senti muito mal, mas, de ontem para hoje, eu até consegui dormir com a porta fechada. — Cerro, Pelo que vejo, entéo, tivemos alguns avangos. Apés os exercicios combinados [como tarefa de casa], vocé percebeu que sua ansiedade foi diminuindo aos poucos. J4 jr no seu quarto com a porta fechada e entrar em elevadores, embora Terapeuta: consegue dormi elevadores ainda lhe deixem muito ansiosa. De qualquer forma, estamos progredindo. Ponte com a sessao anterior ATCC £ organizada em sess6es iniciais, rengas quanto & postura do terapeuta ¢ do pacie Nas primeiras sessbes, por exemplo, 0 tera : uma fase em que o terapeuta educa sobre o tanstorno €a TOC. fazendo com que o paciente compreenda a get cad seonrcendo com elec como fe para melhor Na fis items eaponsabilidade pea condugio da terapia édivididn entre paciente¢rerapeuts. O pant rs educado quanto a0 wanstorno COTO fccnmlado a contibui de forma mais ativa nos ramos da rerapa. Por fim, na dkima fase, 0 peclene tts mas rive qu oreraetsjique etx osistumenrosnecesiros de anise ¢ modiiagio cas de prevengio a recaida final é marcada por técnicas eo cee pee capi rire senid, € importante que cad ssi sj linda Bs outras, Pequenos Para que toda res oe (culminando como resumo final de cada encontre) auxiiam na compreensio mos no decorrer incermediiias e finais. Em cada uma dessas etapas ha dife- unte € quanto 20 conteti Jo abordado como a abordagem é peuta é muito mais ativo ¢ norteador do que o paciente. E Comet 124 Manual, Pr&rico pe Terarta COGNITIVO ‘dade, ¢ indispensavel que o te de continudade, €ndisp oa rapeuty asco ¢ Thase (2008), essa ponte mantén, diversas sess6es. do andamento da terapia. Porém, para que haja a sensasa0 A “Wright, estimule uma ponte com a sessio anterior. Conforme yassam Por , es-chaves que PetP® . éa.utilizacs terapiafocada em pontos-chaves ou imervengoerchaves OO inyidade da terapia 2 tiizaso, poy Uma étima ferramenta de aio pars a manurendie 2°". oco,o cerapeuta eximul parte do paciente, de um bloco de anotagdes no decorrer im ria de evchs a orem fit, teninags Paciente a escrever pontos importantes trabalhados na consul avaliagdes gerais. Esse bloco de anotacées serve como uma fer acessar quando for preciso, nao precisando esperar a proximia Se resolver um possivel problema. . Na fase inicial, quem fiz a ponte com a sessio anterior € 0 prias anotagées sobre 0 paciente. Nas sess6es intermediarias 0 tera através das anotagées que o paciente fez, ¢ a complementa se for neces cfpio de o paciente tornar-se o seu proprio terapeuta, 0 paciente por si Essa ponte motiva o paciente a se preparar para a sesso atual, ante rc n além de servir como uma continuagio do feedback da sesséo anterior. Introduzir a ponte entre as sessbes no decorrer da sesso atual é simples e deve set rpido, para nfo tomar muito o tempo que seria utilizado para ramenta psicoeducativa que © paciente pode ssio ou o surgimento de uma crise parg proprio terapeuta, embasado nas suas pré. peuta instiga 0 paciente a fazer a pont, essitio, Na fase final, seguindo o prin. sé faz a ponte com a sesso anterior, mesmo de a sessio comecar, os assuntos da sessdo. Por exemplo: Terapeuta:~M., antes de dar continuidade a sessio, seria interessante lembrarmos do que falamos semana passada. Vocé chegou relatando uma grande sensacio de medo em diversos lugares por onde passa, principalmente lugares fechados. Fiz algumas perguntas diretamente relacionadas a esses medos. Vimos como esses medos estéo relacionados com a ansi- dade que sente ¢ como essa ansiedade pode ser expressa por pensamentos, sentimentos ¢ respostas fisiolégicas em vocé. Faltou alguma coisa de que me esqueci? [Motivando 0 Paciente a participar ativamente da terapia.] Paciente. — — Nao. Foi isso mesmo que nés vimos Nas sess6es intermediérias e finais o terapeuta questiona, sessio anterior? Vocé anotou algo no teu bloco de anotacées? Anotou ¢ ‘oderiamos fazer um resumo?”, ou “fazendo whack oa asso anterior que pontos vocédestacaria ela” A diferenca entre as seasons irtermedita ¢ fais esté na postura do terapeuta de resume flat mais sobre ° : in a sesso ink deixando a responsabilidade para 0 paciente, anterior no ink Por exemplo, se “lembra do que vimos na io ¢ falar menos; no final, Estabelecer agenda No contato com alunos de graduacio, vse que uma das criti cas que uma terapia. O objetivo de estabelecer sob: Feo que ‘i 7 ‘ 7 ue se falard na sessio ¢ just le daquilo que realmente tem a yer com o Problema ¢ Mstamente oportunizar ao paciente 4° co: ; ass ™ © cumprime; A agenda é uma organizacio dos "untOs para que + ‘nto de suas metas rerapéutic® ANE todos sejam abordado, oe € nao se fique com a sensay#? ‘i de que se dedicou u q tum longo tempo falando de um assunto sem importincia, enquanto o tema importante ficou para a sessio seguinte (Kna forma alguma ela ¢ ri f ma algu * tigida ¢ imutavel. Muito pelo contritio. Estimula-se, ‘enquanto se faz a agenda, que 0 paciente altere os t6picos, se assim achar necessério ¢ a A falha no estabelecimento da agenda, €vago durante a sessio, auxiliando pouco ou seja instruido, PP: 2004). Em resumo, a agenda vem para otimizar 0 tempo da sessio. De dupla terapéutica estiver de acordo. segundo Beck (2007), pode gerar um discurso improdutivo nada para a resposta da terapia. E importante que 0 paciente Ro inicio da TCC, quanto aos beneficios de preparar uma agenda produtiva. E para que ela seja eficaz & importante que apresente algumas caracteristicas (Wright et al., 2008) * Os t6picos devem relacionar-se diretamente as metas gerais da terapia (metas essas que variam de acordo com o paciente ¢ transtorno), tendo o cuidado de nio colocar muitos tépicos para a ‘cussio — Beck (1997) sugere de dois a trés t6picos na maioria dos casos ~; 0s tépicos devem ser especificos, mensuréveis ¢ focados na resolugao de problemas. Por exemplo, desenvolver maneiras de enfrentar a irritacio da mae, dificuldades de seguir a dieta, organizar-se para cumprir as tarefas do trabalhos 08 t6picos podem ser abordados durante uma tinica sessio, havendo uma boa probabilidade de que se tire algum beneficio. O paciente e o terapeuta devem ter a sensagao de que esto avan- sando, evoluindo entre uma sessio ¢ outra. Para isso é importante que se tire algum beneficio do que se debate nas sessées; 0s tépicos contém objetivos atingiveis, logo, realistas. Ao definir a agenda, é importante que o terapeuta saiba que estrutura demais pode ser algo ruim. Além do mais, essas estruturas ¢ roteiros nao séo imutiveis, e sim norteadores. Se na discussio de um tépico, a anilise do pensamento levou a ativagio de uma crenga com forte carga emocional, ou avaliou-se uma forte ideagio suicida, o correto esquecer a agenda e focar essa siruago que se apresenta, independentemente de isso tomar todo o tempo da consulta. Porém, o paciente deve concordar com isso. Terapeuta: — Percebo, M., 0 quanto falar sobre esse assunto Ihe deixou mal. Temos outros tpicos a falar hoje, porém acredito que seria mais importante continuarmos com o que estavamos falando, deixando os demais assuntos para a préxima sessio. O que acha? Paciente: — Concordo. A agenda pode ser estabelecida desde o inicio da sesséo, a0 avaliar 0 humor. © mais importante é ter o cuidado para traduzir em tépicos os assuntos que 0 pacientee o terapeuta desejam abordar na sessio. Terapeuta: -~ Ok, M., vieos que voce esti com humor mais triste do que na semana passada e que ele esti relacionado a duas situagées: xingamentos de sua mae ¢ a prova de amanha. Jé anotamos isso para falarmos na sessio. Hé outros assuntos para tratarmos na consulta? {Essa pergunta pode ser modificada para “hé algum problema ou situacéo que voce poderia trazer para a sessio?", “em que situagGes na semana vocé percebeu que seu humor alrerou-se?”, “o que aconteceu desde a tiltima sessio ou aconteceré até a préxima que lhe preocupa ou chamaa arencao?”-, enfim, quaisquer perguntas que instiguem 0 paciente aa enumerar topicos para serem trabalhados na sessio.] eNTAL 5 ComportaM! 126 Manuar Prkrico pe Terapia COGNITION 9" tos € a relacio deles s. ses so 0s assunto péms flare sobre seus pensame! m: Paciente. Nao. Acho que ¢s : nl Terapeusa: — Certo. Eu teria um assunto © com sua ansiedade. or isso question: Paciente: —— Ok. +a falar sobre tudo, P' questiono por Terapeuta: ~M., pode ser que no renhamos rempe Pa ferapeuta: —M., - i mega. ente ansiosa com cla, aual pico poderemes OMe, ou extrema ; la Paciente, Hum... acho que pela prova des tos ¢ ansiedade, of? o entre pensameni Terapeuta: — Certo. Depois gostatia de lhe falar sobre a relagao entre P's Paciente. —— Ok. go. Em alguns casos é normal que isso ; 1m t6picos para a sess y : [Nem sempre os pacientes colaboram com tép modelo de terapia. Os demas pro. ae cbes, pois ele ainda esté acostumando-se 20 aconteca nas primeiras sess6es, pois ele ainda estd acos ar ae blemas quanto a elaboragio da agenda seréo abordados mais adiante no capitulo stabelecer nova tarefa de casa Revisar a tarefa de casa da sessao anterior ¢ Outro ponto que promove desconfianga aos terapeutas iniciantes na TCC é a utilizagio de tareas de casa para o paciente realizar entre uma sessio € outra, Isso, talvez pelo termo utilizado (tarefa de casa) ou por ser uma ferramenta utilizada principalmente pela TCC, diferentemente de outras escolas tradicionais da psicologia e psiquiatria. Quanto ao termo, destaca-se a nao exigéncia de utiliza-lo, podendo modificé-lo para “exercicios entre sess6es”, “tarefas terapéuticas”, “atividades para a semana” ou outro termo que carac- terize a pratica de agdes terapéuticas entre uma sessao ¢ outra. A maioria dos pacientes aceita bem os termos “carefa de casa” ou “tema de casa’. O importante é estar atento & resisténcia do paciente quanto a realizar as tarefas. Se o motivo da resisténcia for os pensamentos que 0 termo evoca no paciente, o melhor é modificar © termo para algum que o paciente aceite, outros motivos podem desestimular o pa inuindo, dessa forma, a resisténcia aos exercicios. Claro que ; tea realizar a tarefa. O terapeuta deve estar atento a isso para corrigir possiveis distorgées quanco a essa ferramenta. nas sessbes, acelerando 0 processo terapéuti do que nao fazer (Beck, 1997). Conforme Wright, Basco ¢ Thas. ; habilidades em TCC i lidar com a © objetivo principal das tarfas de casa é desenvolvet representacées, como se apresentam Beg) MASSES eas (no necessari 6ri em sessse), ‘essariamente com memérias © No inicio das sess6es, antes de se a » © terapeuta revisa a tarefa elaboradt rev, revise a tarefa quando ela for elabo” ra i + . ca da teen P*Ciente,inuxilizando uma 6m? a, reco . arcla solicitad, menda-se que ele sempre ano" ae, ~ is antes do inicio da sesso seguin™ i ta em desest; ferramenta terapéutica. Para que o sestimulo terapeuta na a PEUEA NEO se esqu, e em seu bloco de anotag6es sobre o paci lente, qual foi iat ‘A psTRUTURA DA SESSAO ee fenbrr Oespea deve asegurar-se de er tempo para revisa ile sobre a tarefa ae a la terd a eficécia esperada. - , oes la is de casa, por mais que ela esteja colocada entre os iiltimos itens da ‘estructura, eae na verdade ela é definida no decorrer de toda a sesso. Os cuidados que o terapeuta ae de definir a tarefa juntamente com 0 paciente (no impor ou determinar, mas definit) € estabelecer tarefas que possam ser cumpridas pelo paciente de acordo com a situagio atual dele, Definir tarefas complicadas demais para o paciente, ou muitas tarefas a serem feitas em uma semana faz com que 0 paciente se desmotive, inutilizando a ferramenta. Além do mais, a nao execugio da tarefa por esses motivos Pode levar a pensamentos do tipo “eu néo presto para nada, mesmo! nem as tarefas da sesso eu consign fazer”. Esses pensamentos nao contribuem para a resolugio dos problemas do paciente. O terapeuta deve estar atento entao a isso. Outro aspecto para elaborar uma tarefa de casa produtiva é fazer com que ela vi ao encontro das metas da terapia. Nao se devem propor tarefas apenas por propor. Flas tém que estar em sintonia com todo impor- © processo terapéutico. Além disso, o terapeuta nao deve supor que o paciente entendeu a tarefa. tante que se solicite ao paciente que diga qual foi a tarefa determinada e corrigi-lo caso necessitio. Terapeuta: —M., vocé poderia dizer-me com suas palavras qual foi a tarefa de casa desta semana? Paciente. _ — Ah, sim, deixe-me ver. E. para eu fazer o registro dos meus pensamentos ¢ a respiracao diafragmética trés vezes por dia. Terapeuta: — Isso mesmo. Mas, como € para fazer 0 registro? Paciente: — Ai... é para anotar os pensamentos que passam na minha cabeca. Terapeuta: ~~ Ok. Em que situagoes? Paciente: — — Puxa... realmente eu nao sei em que situagées. Terapeuta: Nao tem problema. E por isso que Ihe fiz essas perguntas: para ter a certeza de que poder cumprit com a tarefa. Como vocé faria a tarefa sem saber quando preencher 0 registro de pensamento? Paciente, — —E. verdade... certamente eu no faria essa tarefa. Terapeuta: — Entéo... como nés vimos na sessio de hoje, sempre que voce se sentir ansiosa, ou, melhor dizendo, sempre que perceber alguma altera¢ao no seu sentimento (tristeza, ale- gria, ansiedade, medo),algum pensamento passou pela sua cabesa, e é ese pensamento que estamos procurando... Paciente: Sim, sim... agora entendi ¢ me lembrei: sempre que houver alteragio no meu senti- mento, eu me pergunto “o que passou pela minha cabeca’” e preencho no registro. ~ Exatamente! E quanto & respiracio diafragmitica? fazer. E assim! [a paciente mostra como fazer a respiracao.] ~O, sim. Isso eu sei como lemos definir essas duas tarefas para essa semana? — Perfeito. E isso mesmo. Entio pod: Terapeuta: Paciente: — Sim, claro! Discutir os t6picos da agenda e utilizar ferramentas terapéuticas ¢ dura aproximadamente trinta minutos, os t6picos definidos para Nesse momento da sesséo, qu tivo de desenvolver melhoras no sentimento, pensamento ou a agenda sfo abordados sempre com o objet JORTAMENTAL 128 Manuat Prarico pe TeRAPia Coanrrivo- Cons _— izadas nesse moment da SeS80, soy a decisional (vantagens ¢ desvantagn, Knapp, 2004). Sobre as técnicas, sper comportamento, de Caballo (2097). cas da TCC s40 comportame cciente. As diversas técni a portamento do pa ioe ais, bal flecha descendente, registro de pensamentos disfu pane cartoes lembretes, respiracao e relaxamento, soluga0 Ce aa we sea leitura dos livros Manual de téenicas de terapia ¢ 7” i iit (2006). . . Tene deen i a a anole do tempo ses. Sel eset HE MOCO import 2 falar sobre todos os tépicos, que informe ao paciente, part 4 abordados no tempo restante. Um t6pico deve ser mancido até q dea modificagéo do pensamento, alivio do sentimento), um plano possa ser elaborado. que determinem, juntos, quais topicos Seti ue a intervencao produza resultados (como cdo seja desenvolvido € detetminady como tarefa de casa ou um experimento Resumir a sesséo e dar e solicitar feedback Hi dois tipos de resumo no decorrer da sesso: pequenos resumos nO final de cada etapa ou t6pico da sesso € 0 resumo final. Ambos sio realizados pelos mesmos motivos, dentre os quais educacio, com. preensio, estimulo ¢ relagio terapéutica. Lembrando que a TCC é uma terapia educativa ¢ orientada para a resolugao de problemas, é importante que o paciente compreenda o que se esté trabalhando o porqué, tanto nos momentos em que se fala do modelo cognitivo, quanto em que se fala da estrutura da sesséo ou do transtorno que ele apresenta. Desta forma, o resumo toma a forma psicoeducativa. Terapeuta: —M., fazendo um apanhado do que jé vimos até agora, falamos sobre como a sua ans dade ¢ determinada pela forma como vocé pensa a situagio ansiosa. Que hé ansiedades normais ¢ patoldgicas, ¢ que ansiedade é uma antecipagao de perigo real ou imagi E isso, ou faltou alguma coisa? [Sempre estimulando a participacao do paciente.] Paciente: — Nao, é isso, mesmo. Fazer pequenos resumos como o citado acima auxilia na compreensao do problema e da terapia. Eles organizam as informag6es de forma que tanto o tera falando (¢ nao suponham isso). Ha situagées em de falar sobre o problema, ou em que o terapeu assunto. Nessas situagées, um bom resumo no. Peuta quanto o paciente saibam sobre o que se ests Ue o paciente nao se expressa direito, ou tem dificuldade ta utili . . tiliza um termo muito técnico, ou fala demais sobre frat do tpico ajuda na compreensio do que se quit diminuindo as suposigdes ¢ possiveis resisténcias ou desmotivagées quanto 3 i ue 9 terapeusa no pode suporo que ests acontecendo com pacone Ee Aaa re. perguntando e obtendo resposta, Se a resposta ewmula-o ae expres de uma forma melhor para tera uta, Pequenos resumos no decoret da sesso demonsiney ney ° caso ¢ na busca de solucéo para o problema, Paciente © quanto se esté interessado " ‘ “0 P "8 €SSeS resumos de melhora na relacéo terapéutica. “8M como ferramenta motivadora A diferenca entre os resumos durante a Sessa ultimo, diferente dos primeiros, busca-se nao ating a le deve saber. Para isso acontecet compreensi a: Preensivel, um resumo do que o paciente diss © € 0 resumo final n Pensamentos disfi, antes da sesso ¢, .. : '0 € 0 tamanho, e sim a forma N _ 0 ‘Aclonais no paciente, servindo ™ uuma ferramenta para clatea 0s aspectos mais impo, - vend? ‘© um modo otimista, desenvol¥e™ A.ESTRUTURA DA SESSAO 129 a esperanca, Os resui ; mos durante a sessio podem ativar pensamentos disfuncionais para serem trabalhados no seco a importante buscar fazer um resumo final otimista, porém realista. ee Fre gue se tenha cinco minutos para esss erapasfnais de resumo ¢ feedback ear, peuta faz os resumos, Nas intermediarias e finais, ele solicita que o paciente o faga, iplementando quando necessitio. Feedback e resumo praticamente andam juntos na sessio, mas se faz necessirio destacara utilizagio de feedbacks, Eles ajudam a manter a estrutura da sessio (“observe que estamos saindo muito do topico definido Para falarmos, que tal voltarmos & discussio?”), contribuem para a relagio erapéutica (“percebo o quanto ouvir isso a : vir isso da sua mic Ihe machuca, Nao sinto a sua dor, mas posso imaginé-la. Quero poder ajudar-Ihe a se sentir melhor melhor”), incentivam adequadamente (“Veja que na semana passada voce pensava que nao conseguitia ‘cumprir com a tarefa, Mas vocé cumpriu. E exatamente como combinamos. Provavelmente foi isso que fez seu humor melhorar a ponto de chegar aqui sorrindo. Se continuat fazendo as tarefas, cada vez melhor se sentira’) e corrigem distorgées no processamento da informacio (“ok. Acredito que me tenha expressado mal, pois nao foi isso o que quis dizer. O que queria falar-lhe é que. ..”). Feedbacks, como o resumo, podem e devem ser dados no decorrer da sesso, mas se utiliza um tempo no final da sesso para solicitar ao paciente um retorno de como ele viu a sessio. E um momento de avaliagio constante da terapia e da relago terapéutica, e contribui muito para eliminar distorgées quanto a0 que se foi falado ou a acées da dupla terapéutica. Perguntas do tipo “como foi a sesso para vocé hoje? forma vocé avalia a sesso hoje?” ou “ha algo que eu [terapeutal fiz ou falei que lhe perturbou?” propiciam 0 feedback do paciente ao final da sesso. Possiveis distorg6es devem ser trabalhadas antes que a sessio acabe, “de que para nio causar desmotivacéo para a terapia, mesmo que isso signifique modificar alguma combina¢ao. Terapeuta: — Entio, M., como vocé avalia a sesséo de hoje? Paciente: Boa. Terapeuta: — Percebo que sua expresso no é tranquila. Parece que algo Ihe preocup: com 0 que vimos na sesso? Paciente. —Navverdade tem, sim. Nao acho que consiga cumprir com a tarefa de casa. Ela é muito além do que posso fazer. Certamente ndo conseguitei cumpri-la, mesmo querendo fazer. Terapeuta: — Ok, Qual das tarefas vocé achou complicada de se fazer? ~ Todas! [Note que solicitar as tarefas de casa fez.com que fosse ativada na paciente uma renga disfuncional de incapacidade, Nio hd mais eempo na sessio para se rabalhar isso. terapeuta entéo prepara-se para falar sobre isso no préximo encontro}] | Ole M, Que tal entéo ndo fazermos as tarefas nesta semana? Posso, realmente, ter ¢ nao temos tempo de revé-las ¢ reelaboré-las. Como voce se tem aver Paciente: Terapeuta: exagerado nas propostas, sentiria se nfo fizer a tarefa nesta semana? a em melhor. Bem mais alivada, porque néo precisarei chegar aqui semana que vem € izet para voce que nao consegui fazer. eee entéo, Suspendamos a tarefa desta semana, ¢ na préxima sesso fala- fas de casa [note que o terapeuta jé estabelece um tépico da agenda Paciente: — Sem problemas, remos sobre fazer tare! dda proxima sesso. Isso € possvel, ol? — Otimo. Perfeito. Sinto-me bem melhor assim. Terapeuta: Paciente: 130 MaswuaPréico 02 Tata Coenvo, COMPO 130 Maat Princo ne Trani Coe {pORTAMENTAL URA DA PRIMEIRA SESSAO . destacar que as sess6es da T, Mesmo que sja considera a primeira sesso € imPOWANE Tt ay diagndsieg comegam apés até trés ou quatto sesses de avaliacio na conceituaizagio nical (come ¢” l6gico do paciente. Esse diagnéstico & importante para Ce |ém de orientar sob; . procesamento da es para esse paciente) ¢ 0 plano de tratamento, além Ore Ode PECULIARIDADES DA ESTRUT como edu yacient ‘© transtorno. 4 5 . ee é motivaro paciente a vir & sessio seguinte, dando-the gy, is jetiv imeira sesso . principal objetivo da primei metas do terapeuta para a sesso inc Fanga quanto ao sucesso da terapia. Beck (1997) apresenta como as seguintes: + Estabelecer confianca e rapport; * socializar o paciente & terapia cognitiva; * educar o paciente sobre o seu transtorno, modelo cognitivo € processo da terapias + regularizar as dificuldades do paciente e instaurar esperangas + avaliar quais sio as expectativas do paciente quanto & terapia; + coletar informacées sobre dificuldades do pacientes + utilizar essas informasées na lista de metas. Para cumprir com essas metas, ¢ orientado pela proposta de Beck (1997), propée-se a seguinte estru- tura para a primeira sessio: + Avaliar 0 humor; + estabelecer a agendas ‘+ revisar 0 problema ¢ obter atualizagao da avaliago; + identificar problemas ¢ estabelecer metas; educar o paciente sobre 0 modelo cognitivo; avaliar as expecrativas do paciente quanto a terapia; educar 0 paciente sobre o seu transtorno; * estabelecer tarefa de casa; + resumir a sessio e obter feedback. Em verdad, 8 Sica — feta entre * Proposta de Beck © a apresentada neste capitulo fi ene a een Po motives jd apresentados, Observe que, do quarto ao sétimo itens, siio tépicos de uma agenda elaborada pelo terapeuta Por ser a primeira sessio, que us ane , que serao aborda Identificar problemas e estabelecer metas ‘As perguntas “o que o trouxe & terapia?” ou “qual éo ter sido feitas no momento da avaliagio, mas, Problema ue lhe fez buscar terapia?” ja deve™ dentre os *as da terapia, é importante revist-s ‘ i, Uais: organi para o cumprimento das metas; avaliar a evolucéo da TCC. tu O*Banizar a terapia ¢ orientar a se CC, pois 4 no so cumpridas ¢ porque algo esté impedindo, devendo taal * Partir do momento em que as met rapeuta investigar j i te tigar isso; motivar o pacie a continuar na terapia,€ orientar pacientee erapeuta quanta se fi cumpridas ¢ nao houver novas metas, inal da Terapia, assim que as metas fore™ A BSTRUTURA DA SESSAO_ 131 £ importante que as metas sejam mensurdveis — ou seja, passiveis de seem avaliadas — e o mais cexpressas em atos ¢ comportamentos possivel. Metas como “ser feliz”, “ser um bom pai’, “conseguir amar ser amado” sio exemplos de metas no mensurdvcis € ndo expressas em comportamento. Assumi-las como metas de terapia ¢ um erro, pois de que forma se vai saber se a meta foi cumprida ou nao? Além do mais, “ser feliz” para o paciente pode ser diferente de “ser feliz” para 0 terapeuta, ¢ 0 objetivo da terapia nao é moldar o paciente de acordo com o que o terapeuta pensa ou quer. O correto, para definir uma lista de metas, € perguntar ao paciente: “e o que é ser feliz para vocé2” Ai, sim, provavelmente, virdo respostas mensuriveis € expressas em atos, tais como: ter um emprego, sair com amigos, brigar menos com o namorado ete. Uma ver estabelecidas as metas da terapia, o préximo passo € organizé-las das mais faceis as mais dificeis. Isso porque, ao cumprir as metas mais ficeis, paciente tende a se motivar a enfrentar as metas mais dificeis. O contrério néo aconteceria, resultando num possivel abandono da terapia. Dificilmente se conseguird definir todas as metas e organizd-las das mais faceis as mais dificeis em uma sesso. Dessa forma, pode-se estabelecer como uma das primeiras tarefas de casa a definicao de metas terapéuticas. Educar o paciente sobre o modelo cognitivo e sobre o transtorno A educacio sobre o modelo cognitivo € 0 transtorno ou problema apresentado é constante na terapia, € vai até a ultima sesso. Porém, nas primeiras sess6es, 0 terapeuta é muito mais ativo que o paciente e se concentra muito mais na explicagao das bases tedricas da TCC, objetivandoo que o paciente compreenda porque determinadas técnicas so utilizadas e como e porque ele est melhorando. Séo “miniaulas” em que se utiliza muito a ferramenta do resumo. O importante é apresentar © modelo cognitivo com exemplos reais de situagées vividas pelo paciente, pois assim a teoria ser4 muito melhor compreendida. Biblioterapia & muito indicada para tarefas de casa ini Avaliar as expectativas do paciente quanto a terapia Terapia néo é mégica e, por mais que a TCC seja organizada e estruturada, cla nao traré nenhum resultado sem 0 empenho e dedicagao do paciente. Por isso 0 terapeuta deve avaliar as expectativas quanto A terapia ¢ 4 melhora que o paciente tem. Aos mais céticos, o terapeuta deve desenvolver a esperanca e fun- damentar sua pritica em resultados cientificos da TCC; aos mais empolgados, o terapeuta deve demonstrar que ela nao resolve os problemas do nada, que é preciso um trabalho colaborativo ¢ a participacéo ativa do paciente. Alguns pacientes procuram a terapia com 0 receio de que ela seja para loucos. Essa crenga pode (e deve) ser modificada nos primeiros contatos com o paciente. A postura colaborativa, empética e com certo humor por parte do terapeuta, facilita a mudanga desse pensamento, aproximando mais o paciente &TCC, PROBLEMAS NA ESTRUTURAGAO DA SESSAO Nem todos se adaptam a estrutura da TCC. Tanto paciente quanto terapeuta podem contribuir para o surgimento de problemas na estruturagio da sessio, 0 que, por sua vez, afeta a eficdcia da terapia. bre-se de que se o paciente tem pensamentos disfuncionas, o terapeuta também os pode ter. Se issn re, 0 melhor a fazer € 0 terapeuta identifica, avaliar e modifica seus pensamentos ou 0s do pacienee a ( SoMPORTAMENT? — 132 Manat Pririco pe Tenaria COGNTTIVO® com IN sobre 0 modelo cognitig ,, icoeducagao psicos de TCC (Beck, 2007), mo falha na : o de uma sessao sobre a estrutura da sesséo, Outros problemas, hans ficiéncia estrutura da sesso, também contribuem para a nao ¢! Avaliar o humor seu humor de forma subjetiva, suming mero “bem”, sem dizer mais nada. Nege paciente aprender a avaliar 0 seu humo, Imente, em avaliai aum Alguns pacientes tém dificuldades, ini m, Tespostas a perguntas como “como voct esta se sentindo? sos, a utilizagio de inventarios e escalas se faz necessaria, lar como estéo sentindo-se. como ele co atéo _ Nesses casos 0 terapeuta deve psicoedic, i pacientes que se negam afl ntribuiu para a methora na terapia, © paciente sobre a importincia de se avaliar o humor, Breve atualizacio Problemas nesse ponto da sesso se concentram em relatos excessivament cimentos da semana, misturados com historia de vida. O terapeuta deve intervir, 1 ¢ nio nos acontecimentos periféricos, a fim de determinar tépicos wvamente detalhados sobre aconte. destacando a necessidade de se focar nos problemas especificos, a serem abordados na consulta. “Como foi a sua semana?” e “que coisas importantes aconteceram?” si perguntas que auxiliam o paciente a atualizar aspectos do transtorno ou problema, além de contribuircom a claboracio da agenda. Realizar uma ponte com a sessao anterior Nas sess6es iniciais 0 préprio terapeuta faz.a ponte com a sesso anterior. Mas com o passar das t= ses, 0 paciente é incentivado a realizar a ponte. Problemas como esquecimento ou falas equivocadas sobre ‘© que foi visto na sesso anterior podem ser diminuidos se o paciente utilizar um bloco de anotagées sobre a terapia. Nele constariam os principais tépicos abordados na consulta anterior, as solucées encontradis, 08 exercicios definidos, além do resumo da sessio. Todas essas anotagées auxiliam na realizagio da ponte¢ facilitam a continuidade da terapia. Estabelecer a agenda Nesse tépico da estrutura da sessio os principais problemas so 0 Paciente nao contribuir com o roteir®> relatar demasiadamente as situagdes antes de estabelecer 0 assunto ajudard em nada. Psicoeducar o paciente sobre a importincia do rot bloco de anotagées as situagées da semana para que chegue & ses para a resolugao de seu problema. ou cret que estabelecer o roteiro ni0° teiro ¢ estimulé-lo a ir anotando ems” 40 com tpicos definidos que contribua™ Revisar a tarefa de casa Aqui o principal problema centra-se no esquecimento sesso anterior, 0 que desmotiva o paciente, inutilizano uma Para que isso nao ocorra, recomenda-se a0 terapeuta 0 que foi determinado como tarefa de casa e, mini qual tarefa foi estabelecida. fe . “tramenta muito importante para ¢ a ent ™m seu bloco de anotacées sobre 0 pace le inici; 3 : ‘ar a préxima sessio, leia para lem que anote, Mutos antes d¢ A BSTRUTURA DA SESSAO 133 Discutir os tépicos da agenda e utilizar ferramentas terapéuticas A agenda fari sentido se a dupla terapéutica abordar todos as assuntos dela (salvo em sessbes exceP- ionais, em que um ou dois assuntas sio adiados para serem debatides na sessio seguinte). Para abordar todos os assuntos, ¢ importante que se defina um ou dois tépicos por sessio (em alguns casos podem ser tres ou quatro, se 0s t6picos fore pequenos). Dessa forma, o tempo da sessio permitirs observar pensamentos auromiticos, crensas, emocdes ¢ comportamentos relacionados ao tdpico, além de avalid-los ¢ modificé- los. Muitos topicos fazem com que se perca muito material de anilise, dando a impressio de a sessio ser superficial. Outro problema dessa etapa ¢ a falta de resumos frequentes. Estabelecer nova tarefa de casa Diversos sio os fatores que podem contribuir para a falha no estabelecimento e realizagio da tarefa de casa. Entre eles estio a proposisao de tarefa dificil ou nio relacionada as metas, a nao revisio da tarefa de casa da sessio anterior, ndo ensinar como fazer a tarefa de casa, nao fazer o paciente escrever a tarefa de casa, a definigio da tarefa sem a colaboragio do paciente ¢ os pensamentos automiiticos sobre as atividades. terapeuta deve estar atento a esses problemas e, se o paciente insistir em nao realizar a tarefa, colocar 0 assunto “tarefa de casa” como t6pico da sessio seguinte. Resumir a sessao e dar e solicitar feedback ‘A falha dessa etapa esti no terapeuta supor que o paciente compreendeu o que foi dito ou o terapeuta supor ter entendido 0 que o paciente disse. Suposig6es nao fundamentam a terapia, Por isso é importante solicitar ¢ dar feedback ¢ resumos periédicos. Paciente ¢ terapeuta néo devem ficar com a sensagio de que compreenderam, ¢ sim, de fato, compreender. CONSIDERAGOES FINAIS ‘A justificativa para estruturar uma sessio de TCC é a de que, ao organizar 0 direcionamento da terapia, tornamo-la o mais eficiente possivel. Ao avaliar o humor, debater assuntos relevantes € relacionados as metas terapéuticas, estudar a realizagéo das tarefas de casa, definir novas tarefas, resumir a sessio e dar e solicitar feedback, terapeuta € paciente focam a terapia, sem serem superficiais, atuando em situagées ¢ problemas atuais a fim de resolvé-los. Porém, a estrutura da sesso como apresentada nesse capitulo nao deve ser seguida como um dogma e sim como uma orientagao geral. Ao estudar a TCC de cada psicopatologia, observar-se-d que a estrutur. tende a se modificar, justamente para buscar a eficiéncia da terapi Entretanto, os passos bésicos apresen tados aqui estardo presentes de uma ou outra forma, pois sio eles que caracterizam as chamadas terapia cognitivo-comportamentais. 1 134 Manvat Préico pe ‘Terapia Cocntrivo-CoMPorTAMENTAI Se N REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Beck, J. S. (1997), Terapia cognitiva: teoriae pritica, Porto Alegre: Artmed. Beck, J. S. (2007), Terapia cognitiva para desafiosclinicos: 0 que fazer quando o bisico 740 funciona, Pon, Alegre: Artmed. Caballo, V. B. (2007). Manual den Cunha, J. A, écnicas de terapia e modificagdo do comportamento. Sao Paulo: Santos, (2001). Manual da versio em portugues das Bical: Beck. Sig Paulo: Casa do Psicélogo, Friedberg, R. D. (2006). A cognitive-behavioral approach to family therapy. Journal of Contemporary by chotherapy, 36, 159-165, Knapp, P. (2004). Terapia cognitivo- “omporiamental na privca psiquidorca. Porto Alegre: Artmed, + Cognitive therapy: foundations, conceptual models, applications and iquiatria, 30 (Suppl. U1), 54-64, Leahy, R. L. (2006). Teonicas de ‘erapia cognitiva, Porto Alegre: Artmed, Wright, J. H., Basco, M. R., 8 Thase, M. E. (2008). Aprendendo a terapia cognisivo-comportamental: um Sia ilustrado, Porto Alegre: Artmed,

Você também pode gostar