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Juiz de Garantias - Trabalho Processo Penal. 13-06-2023
Juiz de Garantias - Trabalho Processo Penal. 13-06-2023
Conclusão
A divergência doutrinária impera nesse cenário, visto que, ao mesmo tempo
que, a celeridade e a maior necessidade de garantias fundamentais às partes na
fase pré-processual, suplicam por auxílio, o cenário brasileiro e a própria
Constituição se mostram como antagonistas da aplicação do Juiz de Garantias.
Por uma ótica, alguns autores defendem que todas as situações em que o juiz de
alguma forma se manifesta sobre o mérito, estas que se encontram ainda na fase
investigativa, estará comprometida a sua imparcialidade para julgamento e sendo
então necessário a instituição de um juiz diferente para a análise da denúncia,
podendo tal papel ser exercido pelo juiz de garantias, ou seja, o mero contato com a
produção de provas já seria suficiente para corromper a imparcialidade do
magistrado, de forma que a instituição do juiz de garantias como aquele que irá
atuar em um momento anterior ao da instrução probatória e que não correrá risco de
comprometer sua imparcialidade em vista de não ser ele quem irá proferir a
sentença condenatória ou absolutória. Atuaria, então, como um garantidor dos
direitos do acusado durante o processo penal, atuando mediante invocação,
permitindo que se estabeleça uma estrutura dialética, onde o MP e a polícia
investigam e produzem a materialidade, o réu projeta sua defesa e ele decidirá,
quando provocado, sobre medidas restritivas de direitos fundamentais, tal qual um
guardião da legalidade e dos direitos e garantias do réu.
Diante dessa ideia, Aury Lopes júnior vai defender sua implementação
afirmando que um juízo especializado na fase pré-processual, teria maior
capacidade de análise dos problemas e dificuldades desta fase processual, tendo
condições de, em coalisão com o Ministério Público, acompanhar de perto a atuação
da Polícia Judiciária, perscrutando o trabalho policial, e a defesa e o contraditório
permaneceriam em. ace da permanência da autoridade jurisdicional impediria que
ilegalidades ocorressem no Inquérito Policial.
Pela outra face do cenário, deve-se relevar a decisão do Supremo, onde este
vai versar afirmando que além de rigor metodológico a análise de viabilidade e
implementação dever ser feita com uma perspectiva sistêmica, levando em
consideração diversos aspectos do país em questão, estes que são divididos em 3
principais, sendo eles: 1. A capacidade que o sistema judiciário brasileiro possui para
recepcionar e introduzir o Juiz de Garantias (contingente processual, recursos
humanos e financeiros); 2. A regulamentação das competências do novo cargo de
magistrado; 3. A vinculação institucional entre os órgãos de acusação e de
julgamento. A Corte Suprema vai interpretar que se resume na avaliação de
viabilidade de tal figura judicial apenas sob o aspecto teórico, visto que a capacidade
de eficiência e funcionamento deve ser levado em conta, diante de que nem sempre
se conseguira obter os resultados esperados nos países em que tal instituto fora
aplicado.
A realidade do sistema penal brasileiro não é semelhante e nem próxima a de outros
países onde o juiz de garantias foi implementado, de forma que, em muitos
municípios brasileiros carecem de juízes suficientes para julgar as demandas
existentes, demonstrando, assim, que reservar um determinado número de juízes,
apenas para este papel seria algo incompatível com a realidade financeira e
viabilidade estrutural dos tribunais brasileiros.