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Lei N 13 146 2015 Estatuto Parte II E1671071632
Lei N 13 146 2015 Estatuto Parte II E1671071632
DIREITOS DAS
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Livro Eletrônico
NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Daniel Mesquita
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II. ..............................................................................................................4
Dos Direitos Fundamentais........................................................................................................................................4
Do Direito à Habilitação e à Reabilitação. ..........................................................................................................6
Do Direito à Saúde. . ..........................................................................................................................................................8
Do Direito à Educação. . ................................................................................................................................................15
Do Direito à Moradia....................................................................................................................................................20
Do Direito ao Trabalho e ao Emprego.................................................................................................................21
Do Direito à Assistência Social............................................................................................................................. 24
Do Direito à Previdência Social.............................................................................................................................27
Do Direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e ao Lazer........................................................................ 28
Direito ao Transporte e à Mobilidade................................................................................................................33
Resumo................................................................................................................................................................................39
Questões de Concurso................................................................................................................................................42
Gabarito...............................................................................................................................................................................53
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................54
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Daniel Mesquita
Apresentação
Nesta aula, abordaremos o Título II da Lei n. 13.146/2015, que trata dos Direitos Funda-
mentais das pessoas com deficiência.
Esses direitos foram previstos a partir da Constituição Federal, que impõe à República
Federativa do Brasil o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, bem como a
partir da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que confe-
re inúmeras diretrizes, aos países signatários, no estabelecimento de direitos à pessoa com
deficiência.
Em última análise, esses direitos visam promover a isonomia, na medida em que impõem
um tratamento adequado à condição especial da pessoa com deficiência, de modo que essa
“desigualdade” causada pela deficiência seja compensada com um tratamento “desigual” na
medida certa. Se uma pessoa sem deficiência tem direito à educação, uma pessoa com de-
ficiência também o tem, mas, por exemplo, com tecnologia e comunicação que lhe garanta o
entendimento integral daquilo que está sendo ensinado. Por outro lado, a lei coíbe a cobrança
de preços diferenciados às pessoas com deficiência, bem como impõe medidas que garantam
o acesso a esses direitos.
Você verá, em nossa aula, os detalhes de cada um dos direitos previstos na Lei n. 13.146/2015,
para que você possa acertar todas as questões relativas a esse tema.
Venha comigo!
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
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Antes de adentrarmos no cerne da aula de hoje, cumpre fazer uma rápida observação:
atente para o fato de que muitos desses direitos também estão previstos na Constituição
Federal, de modo que a Lei n. 13.146/2015 os efetiva e os adapta à situação das pessoas
com deficiência. Observe o que nos diz o art. 6º da Constituição:
Art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
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Os Estados-Partes reafirmam que todo ser humano tem o inerente direito à vida e tomarão todas
as medidas necessárias para assegurar o efetivo exercício desse direito pelas pessoas com defi-
ciência, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
É óbvio que o primeiro direito fundamental da pessoa com deficiência é o direito à vida,
e a uma vida digna. Sem ela, todos os demais direitos inexistem. A pessoa com deficiência
tem o direito de lutar pela sua vida e o Estado tem que tomar todas as medidas necessárias
para assegurar esse direito em igualdade de oportunidade com as demais pessoas.
Também é óbvio que, apesar de ser dever do Estado tomar medidas para garantir a vida
da pessoa com deficiência, ela não é obrigada a se submeter a tratamento clínico ou inter-
venção cirúrgica ou a ser submetida a qualquer tratamento de forma forçada (art. 11 da Lei n.
13.146/2015). O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa com deficiência é indis-
pensável para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica
(art. 12 da Lei n. 13.146/2015).
Há uma hipótese, contudo, em que é desnecessário o consentimento da pessoa com
deficiência quando a situação envolve direito à vida: atendimento de emergência em saúde e
risco de morte (art. 13 da Lei n. 13.146/2015).
Se a pessoa com deficiência estiver submetida à curatela, deve-se buscar no maior grau
possível a sua participação no processo de decisão acerca da realização do tratamento. Se,
contudo, ela não puder expressar sua vontade, esse consentimento poderá ser suprido, na
forma da lei: normalmente pelo curador ou com a autorização judicial (como ocorre na Lei n.
9.263/1996).
Tutela é o encargo atribuído pela Justiça a um sujeito capaz, para que proteja, zele, guarde,
oriente, responsabilize-se e administre os bens de crianças e adolescentes cujos pais são fale-
cidos ou estejam ausentes até que completem 18 anos de idade (ou seja, menores de idade).
Curatela é o encargo atribuído pelo Juiz a um sujeito capaz, para que proteja, zele, guarde,
oriente, responsabilize-se e administre os bens de pessoas judicialmente declaradas incapazes
(que não sejam menores de idade).
Interessante notar que há uma proteção especial na Lei n. 13.146/2015 à pessoa com de-
ficiência quanto à sua participação em pesquisa científica em situação de tutela ou curatela.
Essa participação somente pode ocorrer: (a) em caráter excepcional, (b) se houver indícios
de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e (c)
desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia compatível com participantes não
tutelados ou curatelados.
Diante da imposição da presença desses três requisitos cumulativos, é praticamente
impossível promover pesquisa científica com a participação de pessoas com deficiência
tutelada ou curatelada.
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Outra faceta do direito à vida é a proteção da pessoa com deficiência em situação de vul-
nerabilidade. Em determinadas situações, especialmente as de risco, emergência ou estado de
calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável e o Poder Público
deverá adotar medidas para a sua proteção (art. 10, parágrafo único, da Lei n. 13.146/2015).
Antes de passar para o próximo tópico, leia com atenção os dispositivos da Lei n. 13.146/2015
acima mencionados:
Art. 10 – Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de
toda a vida.
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de calamidade pública, a pessoa
com deficiência será considerada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas para sua
proteção e segurança.
Art. 11 – A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a intervenção clínica
ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização forçada.
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com deficiência em situação de curatela poderá ser
suprido, na forma da lei.
Art. 12 – O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa com deficiência é indispensável
para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica.
§ 1º – Em caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, deve ser assegurada sua par-
ticipação, no maior grau possível, para a obtenção de consentimento.
§ 2º – A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em situação de tutela ou de curatela
deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício direto para
sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção
de pesquisa de eficácia comparável com participantes não tutelados ou curatelados.
Art. 13 – A pessoa com deficiência somente será atendida sem seu consentimento prévio, livre
e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior
interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.
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Art. 14:
Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento
de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa
com deficiência e de sua participação social em igualdade de condições e oportunidades com as
demais pessoas.
Perceba que, assim como na Convenção Internacional, a busca pela autonomia e pelo
desenvolvimento das potencialidades da pessoa com deficiência são os principais objetivos
da habilitação e da reabilitação.
A lei também informa que a avaliação da pessoa com deficiência deve ser promovida por
equipe multidisciplinar, observando as seguintes diretrizes (art. 15 da Lei n. 13.146/2015):
Essas diretrizes seguem a lógica de que, quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção,
maiores as chances de habilitação e reabilitação. Noutro giro, a atuação dos profissionais
multidisciplinares deve ser permanente e articulada com políticas públicas, deve atender
diferentes níveis de complexidade e devem ocorrer em local próximo ao domicílio da pessoa
com deficiência.
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Art. 16 – Nos programas e serviços de habilitação e de reabilitação para a pessoa com deficiência,
são garantidos:
I – organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para atender às características de cada
pessoa com deficiência;
II – acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
III – tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais e equipamentos adequados e apoio
técnico profissional, de acordo com as especificidades de cada pessoa com deficiência;
IV – capacitação continuada de todos os profissionais que participem dos programas e serviços.
Por fim, o último dispositivo que trata da habilitação e da reabilitação (art. 17 da Lei n.
13.146/2015) envolve a atuação dos serviços do SUS e do SUAS, que são os Sistemas de
Saúde e de Assistência Social, respectivamente.
Para a lei, o SUS e o SUAS devem fornecer informações e orientações adequadas para
proporcionar o acesso das pessoas com deficiência às políticas públicas disponíveis, de forma
que essas pessoas tenham plena participação na vida social. Essas informações devem ser
disponibilizadas em todas as áreas:
Do Direito à Saúde
Quando se fala de saúde da pessoa com deficiência, é necessário remeter você ao direito
constitucional brasileiro, por ser a saúde uma garantia fundamental e decorrência direta do
princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.
O cidadão possui a garantia de viver em ambiente adequado com condições sadias, e in-
cumbe ao Estado adotar políticas sociais adequadas para a redução de doenças, bem como
garantir o acesso universal de forma igualitária para os serviços de saúde.
No caso do direito à saúde da pessoa com deficiência, é necessário “abrir o olho”, pois
a lei estabelece normas para que essa pessoa tenha um atendimento integral, em todos os
níveis de complexidade, de caráter preventivo e de tratamento, sem discriminação, sem cus-
tos adicionais, com o direito a acompanhante, em ambientes acessíveis, sem se submeter a
qualquer tipo de discriminação ou violência.
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Em sentido lato, a saúde é prevista e assegurada pela Carta Magna do país na parte dos
direitos fundamentais em seu art. 196; vejamos:
Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Desse modo, como essa lei traz o SUS para dentro da realidade da pessoa com deficiência?
Art. 18 – É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de
complexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário.
§ 1º – É assegurada a participação da pessoa com deficiência na elaboração das políticas de
saúde a ela destinadas.
§ 2º – É assegurado atendimento segundo normas éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação
dos profissionais de saúde e contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificidades
da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade e autonomia.
§ 3º – Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com deficiência, especialmente em
serviços de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e continuada.
§ 4º – As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem assegurar:
I – diagnóstico e intervenção precoces, realizados por equipe multidisciplinar;
II – serviços de habilitação e de reabilitação sempre que necessários, para qualquer tipo de defi-
ciência, inclusive para a manutenção da melhor condição de saúde e qualidade de vida;
III – atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambulatorial e internação;
IV – campanhas de vacinação;
V – atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e atendentes pessoais;
VI – respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orientação sexual da pessoa com deficiência;
VII – atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertilização assistida;
VIII – informação adequada e acessível à pessoa com deficiência e a seus familiares sobre sua
condição de saúde;
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IX – serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desenvolvimento de deficiências e agravos
adicionais;
X – promoção de estratégias de capacitação permanente das equipes que atuam no SUS, em to-
dos os níveis de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a seus
atendentes pessoais;
XI – oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas
nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde.
§ 5º – As diretrizes deste artigo aplicam-se também às instituições privadas que participem de
forma complementar do SUS ou que recebam recursos públicos para sua manutenção.
Como todo cidadão tem direito a ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o
cidadão com deficiência não poderia ficar de fora. A Lei deixa claro que esse atendimento
à pessoa com deficiência deve alcançar todos os níveis de complexidade, ou seja, não é só
um atendimento superficial e raso. Além disso, o acesso é universal (a todas as pessoas) e
igualitário (todos devem ser tratados igualmente).
No § 1º do art. 18, garante-se às pessoas com deficiência a participação na elaboração
de políticas de saúde. O intuito da lei é que elas sejam ouvidas em suas reclamações, seus
desejos e por entenderem e conhecerem mais do que outra pessoa o corpo, o estado psico-
lógico e as dificuldades que elas enfrentam.
O § 2º desse artigo confere, ainda, às pessoas com deficiência o atendimento de sua saúde
por profissionais da área da saúde pautados em normas éticas e técnicas. Esse atendimento
ético deve observar tanto os direitos das pessoas com necessidades especiais quanto o de
promover atendimento adequado para as necessidades específicas que precisam, respeitando
sua autonomia.
Para complementar, o § 3º prevê o treinamento e a capacitação inicial e continuada para
os profissionais que atendem pessoas com deficiência, especialmente aqueles especializa-
dos em serviços de habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência. A ideia é que os
profissionais estejam atualizados e acompanhem o desenvolvimento científico, tecnológico
e técnico que estão em constante melhoramento.
O parágrafo subsequente trata do direito das pessoas com deficiência em terem diag-
nóstico e intervenção precoce, que seja realizado por equipe multidisciplinar para o melhor
tratamento, evitando complicações fatais que possam prejudicar a vida afetiva, profissional,
social e, principalmente, a parte psicológica que normalmente é mais frágil, estando previsto
tratamento psicológico, inclusive para familiares e para quem os atende. Aborda, ainda, a ga-
rantia de tratamento ambulatorial, internação, campanhas de vacinação, identidade de gênero,
orientação sexual e reprodutiva com direito à fertilização assistida, oferta de próteses, meias
auxiliares, medicamentos, fórmulas nutricionais, entre outros.
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Art. 19 – Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à prevenção de deficiências por causas
evitáveis, inclusive por meio de:
I – acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com garantia de parto humanizado e
seguro;
II – promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional,
prevenção e cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da
criança;
III – aprimoramento e expansão dos programas de imunização e de triagem neonatal;
IV – identificação e controle da gestante de alto risco.
Esse dispositivo caminha na esteira do art. 198, II, da Constituição, pois lá está definido
que uma das diretrizes do SUS é o atendimento integral com prioridade para ações preven-
tivas, ou seja, com foco em evitar doenças, inclusive aquelas que possam redundar em uma
deficiência.
Art. 198 – As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada
e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
III – participação da comunidade.
§ 1º – O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orça-
mento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional n. 29, de 2000)
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Essa preocupação com a prevenção também consta no art. 25, b, da Convenção Interna-
cional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência:
b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com deficiência necessitam especificamente por
causa de sua deficiência, inclusive diagnóstico e intervenção precoces, bem como serviços proje-
tados para reduzir ao máximo e prevenir deficiências adicionais, inclusive entre crianças e idosos.
Muitos dos dispositivos relacionados ao direito à saúde da pessoa com deficiência fazem
questão de promover a isonomia no atendimento deles e das demais pessoas sem deficiência,
de modo a não excluir a atenção ao primeiro grupo. Isso ocorre, por exemplo, no art. 20 da
Lei n. 13.146/2015, que obriga as seguradoras e operadoras de planos de saúde a garantirem
às pessoas com deficiência serviços iguais aos ofertados aos outros clientes. Tal dispositivo
evita que haja discriminação e cobrança elevada dos planos para pessoas que tenham alguma
deficiência, por serem prováveis usuários de maiores serviços.
Isso também consta no art. 25, e, da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pes-
soas com Deficiência:
Esse dispositivo é complementado pelo art. 23, que trata da vedação à discriminação dos
pacientes com deficiência, inclusive quanto ao valor diferenciado por planos de saú-
de e seguro. Isso garante que sua condição não seja motivo para um tratamento
diferenciado e mais caro, o que feriria o princípio da isonomia e acabaria por sig-
nificar uma limitação ao exercício do direito à saúde pela pessoa com deficiência.
Art. 20 – As operadoras de planos e seguros privados de saúde são obrigadas a garantir à pessoa
com deficiência, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes.
Art. 21 – Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa com deficiência no local de
residência, será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento,
garantidos o transporte e a acomodação da pessoa com deficiência e de seu acompanhante.
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Art. 22 – À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompa-
nhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições
adequadas para sua permanência em tempo integral.
§ 1º – Na impossibilidade de permanência do acompanhante ou do atendente pessoal junto à pessoa
com deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por escrito.
§ 2º – Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição
de saúde deve adotar as providências cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do
atendente pessoal.
Art. 23 – São vedadas todas as formas de discriminação contra a pessoa com deficiência, inclusive
por meio de cobrança de valores diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão
de sua condição.
Art. 24 – É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos serviços de saúde, tanto públicos
como privados, e às informações prestadas e recebidas, por meio de recursos de tecnologia as-
sistiva e de todas as formas de comunicação previstas no inciso V do art. 3º desta Lei.
Art. 3º – Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
III – tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto-
dologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à
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atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social;
V – comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas,
inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de
sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim
como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e
os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias
da informação e das comunicações.
Esse artigo valoriza a compreensão e autonomia do deficiente, bem como incentiva a me-
lhoria de tecnologias para oferecer assistência ao paciente, para que o deixe independente.
Assim, em um hospital deve haver, por exemplo, indicações em braile para os cegos terem
autonomia.
Outra medida ligada à acessibilidade, mas agora relacionada à locomoção e à comunica-
ção, é a trazida pelo art. 25 da Lei n. 13.146/2015, que assim dispõe:
Art. 25 – Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quanto privados, devem assegurar o
acesso da pessoa com deficiência, em conformidade com a legislação em vigor, mediante a remo-
ção de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de ambientação de interior e de comunicação
que atendam às especificidades das pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e mental.
IV – barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a
participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à aces-
sibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao
público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comporta-
mento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações
por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação
social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais
pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às
tecnologias.
Nesse contexto, os espaços destinados à saúde e seu tratamento devem possuir facilidade
de acesso, conforto interno para que a comunicação atenda a todas as deficiências, seja ela
física, sensorial, mental ou intelectual.
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Por fim, o atendimento à saúde à pessoa com deficiência impõe um dever adicional a todo
aquele profissional da saúde que atenda essa pessoa: o de denunciar em caso de suspeita ou
confirmação de prática de violência contra a pessoa com deficiência. Leia, com ATENÇÃO, o
disposto no art. 26 da Lei em destaque:
O último artigo desse tópico prevê que o serviço de saúde público ou privado que tiver
conhecimento de suspeita ou de prática de violência contra pessoa com deficiência deve dar
conhecimento:
• à polícia;
• ao Ministério Público; e
• ao Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
E violência, para efeito da Lei, não é apenas violência física ou morte, é também sofrimen-
to psicológico. Lembre-se, ainda, de que a violência pode ser causada por ação ou omissão.
A pessoa com deficiência pode se ver em uma condição de vulnerabilidade na qual a mera
omissão já significa uma tortura psicológica que deve ser coibida e denunciada.
Do Direito à Educação
O art. 27 da Lei n. 13.146/2015 contempla o direito à educação, o qual também é objeto
de tutela da Convenção Internacional em seu art. 24, observe:
Art. 24 – Os Estados-Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para
efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados-
-Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado
ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que:
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação
de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário gratuito
e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência;
c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas.
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Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
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Art. 205 – A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
No que se refere às pessoas com deficiência, esse direito também encontra assento
constitucional no art. 208, no qual se estabelece a sua prestação como um dever do Estado.
Veja o que diz o inciso III desse artigo:
Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (...)
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino.
Visto isso, passaremos a analisar agora o que diz a Lei n. 13.146/2015, começando pelo
art. 27. Leia-o atentamente e, em seguida, acompanhe os comentários:
CAPÍTULO IV
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
Art. 27 – A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional
inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo
desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais,
segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
O que é mais importante compreender nesse artigo é que ele sedimenta a garantia de um
sistema educacional inclusivo, que atenda à pessoa com deficiência de modo satisfatório e com
qualidade. Isso significa que não basta simplesmente matricular o aluno em uma instituição
e considerar isso, por si só, a inclusão de que trata o artigo. Trata-se aqui, na verdade, da obri-
gatoriedade de se efetivarem medidas de acessibilidade no acesso à educação, evitando, por
exemplo, barreiras físicas nas instalações do ambiente escolar e na adaptação do transporte.
Além disso, deve-se promover a capacitação dos professores e funcionários para que
prestem atendimento adequado aos alunos com deficiência, especialmente quando se com-
promete a comunicação, fazendo-se necessário o uso de linguagens “especiais”, como o braile
ou a língua de sinais (por exemplo, libras).
Outro aspecto relevante a ser observado na educação inclusiva é a eliminação das barrei-
ras de inclusão social, promovendo-se uma convivência harmônica com os demais alunos.
É importantíssimo ter em mente que, quando se fala em sistema educacional inclusivo, o
que se pretende é promover a ideia da obrigatoriedade ou do dever se concretizar, em todas
as esferas educacionais, e a possibilidade de pleno acesso para a pessoa com deficiência,
sem qualquer restrição.
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Art. 2º – Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras,
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas.
Mas a quem cabe o dever de assegurar a educação inclusiva, aspectos acima mencionados,
para a pessoa com deficiência?
Note que a Lei faz questão de ressaltar que essa deve ser uma educação de qualidade, livre
de qualquer forma de violência, negligência ou discriminação, reforçando a ideia de inclusão
também no aspecto social.
Em seguida, a Lei n. 13.146/2015 enumera uma série de deveres impostos ao Poder Pú-
blico para se efetivar a garantia do direito e do acesso à educação. Vamos a eles:
Art. 28 – Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
panhar e avaliar:
I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao
longo de toda a vida;
II – aprimoramento dos sistemas educacionais, visando garantir condições de acesso, permanência,
participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que
eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena.
Repare que, no inciso I do art. 28, a Lei reforça a ideia do sistema educacional inclusivo,
estabelecendo-o em “todos os níveis e modalidades”. Dessa forma, pode-se dizer que não
se restringe à educação obrigatória, mas a toda forma de ensino, seja ela profissionalizante,
superior, tecnológica etc.
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III – projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como
os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com
deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a
conquista e o exercício de sua autonomia.
Art. 2º
Definições
Para os propósitos da presente Convenção:
“Adaptação razoável” significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não
acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar
que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.
A partir desse conceito, são elencados, nos demais incisos, diversos ajustes e modifica-
ções a serem implementados, para que a pessoa com deficiência possa usufruir em iguais
condições do direito à educação. Leia atentamente:
IV – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua
portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;
V – adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvi-
mento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência,
a participação e a aprendizagem em instituições de ensino;
VI – pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de
materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;
VII – planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especia-
lizado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade
pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;
VIII – participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de
atuação da comunidade escolar;
IX – adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos,
culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades
e os interesses do estudante com deficiência;
X – adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada
de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado;
XI – formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado,
de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio;
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XII – oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de
forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação;
XIII – acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de opor-
tunidades e condições com as demais pessoas;
XIV – inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional
técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos
de conhecimento;
XV – acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recrea-
tivas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;
XIV – acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes
da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as
modalidades, etapas e níveis de ensino;
XVII – oferta de profissionais de apoio escolar;
XVIII – articulação intersetorial na implementação de políticas públicas.
Para finalizar esse capítulo, passamos ao estudo do art. 30, já que o art. 29 foi vetado.
Leia-o com atenção:
Art. 30 – Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas ins-
tituições de ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem
ser adotadas as seguintes medidas:
I – atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas dependências das Instituições de Ensino
Superior (IES) e nos serviços;
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II – disponibilização de formulário de inscrição de exames com campos específicos para que o
candidato com deficiência informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva neces-
sários para sua participação;
III – disponibilização de provas em formatos acessíveis para atendimento às necessidades espe-
cíficas do candidato com deficiência;
IV – disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, previa-
mente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência;
V – dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência, tanto na
realização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação
e comprovação da necessidade;
VI – adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discursivas ou de redação que conside-
rem a singularidade linguística da pessoa com deficiência, no domínio da modalidade escrita da
língua portuguesa;
VII – tradução completa do edital e de suas retificações em Libras.
Do Direito à Moradia
O capítulo seguinte vai dos art. 31 ao 33 e versa sobre o direito à moradia. Conforme temos
estudado e tem sido bastante reiterado, a Lei n. 13.146/2015 tem como um de seus principais
objetivos garantir o máximo de autonomia e dignidade aos cidadãos brasileiros acometidos
por alguma doença incapacitante ou deficiência.
Dessa forma, um dos direitos mais básicos que servem a esse propósito é o direito à
moradia, que vem assim contemplado no art. 31 da Lei. Vejamos:
CAPÍTULO V
DO DIREITO À MORADIA
Art. 31 – A pessoa com deficiência tem direito à moradia digna, no seio da família natural ou
substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou em moradia para a vida
independente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.
§ 1º – O poder público adotará programas e ações estratégicas para apoiar a criação e a manu-
tenção de moradia para a vida independente da pessoa com deficiência.
§ 2º – A proteção integral na modalidade de residência inclusiva será prestada no âmbito do Suas
à pessoa com deficiência em situação de dependência que não disponha de condições de autos
sustentabilidade, com vínculos familiares fragilizados ou rompidos.
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Esse dispositivo vem em conformidade com o art. 25 da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que assim dispõe, em seu § 1º:
Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde
e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice
ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
Art. 32 – Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia
própria, observado o seguinte:
I – reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência;
II – (VETADO);
III – em caso de edificação multifamiliar, garantia de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas
unidades habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos;
IV – disponibilização de equipamentos urbanos comunitários acessíveis;
V – elaboração de especificações técnicas no projeto que permitam a instalação de elevadores.
§ 1º – O direito à prioridade, previsto no caput deste artigo, será reconhecido à pessoa com defi-
ciência beneficiária apenas uma vez.
§ 2º – Nos programas habitacionais públicos, os critérios de financiamento devem ser compatíveis
com os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua família.
§ 3º – Caso não haja pessoa com deficiência interessada nas unidades habitacionais reservadas
por força do disposto no inciso I do caput deste artigo, as unidades não utilizadas serão disponi-
bilizadas às demais pessoas.
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CAPÍTULO VI
DO DIREITO AO TRABALHO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 34 – A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em
ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
§ 1º – As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de qualquer natureza são obrigadas a
garantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
§ 2º – A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
a condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho de igual valor.
§ 3º – É vedada restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em
razão de sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão,
exames admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação
profissional, bem como exigência de aptidão plena.
§ 4º – A pessoa com deficiência tem direito à participação e ao acesso a cursos, treinamentos,
educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais ofe-
recidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades com os demais empregados.
§ 5º – É garantida aos trabalhadores com deficiência acessibilidade em cursos de formação e de
capacitação.
Art. 35 – É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e emprego promover e garantir
condições de acesso e de permanência da pessoa com deficiência no campo de trabalho.
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluí-
dos o cooperativismo e o associativismo, devem prever a participação da pessoa com deficiência
e a disponibilização de linhas de crédito, quando necessárias.
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Seção II
Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional
Art. 36 – O poder público deve implementar serviços e programas completos de habilitação profis-
sional e de reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.
§ 1º – Equipe multidisciplinar indicará, com base em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta
Lei, programa de habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa com deficiência restaurar
sua capacidade e habilidade profissional ou adquirir novas capacidades e habilidades de trabalho.
§ 2º – A habilitação profissional corresponde ao processo destinado a propiciar à pessoa com
deficiência aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de
ocupação, permitindo nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo de
trabalho.
§ 3º – Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profis-
sional devem ser dotados de recursos necessários para atender a toda pessoa com deficiência,
independentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa ser capacitada para
trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir.
§ 4º – Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profissional
deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.
§ 5º – A habilitação profissional e a reabilitação profissional devem ocorrer articuladas com as
redes públicas e privadas, especialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os
níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou diretamente com o empregador.
§ 6º – A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por meio de prévia formalização do
contrato de emprego da pessoa com deficiência, que será considerada para o cumprimento da re-
serva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e concomitante com a inclusão
profissional na empresa, observado o disposto em regulamento.
§ 7º – A habilitação profissional e a reabilitação profissional atenderão à pessoa com deficiência.
Seção III
Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
Art. 37 – Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competitiva,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e
previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos
de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de
trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
I – prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no
campo de trabalho;
II – provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com
deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador
e de apoio no ambiente de trabalho;
III – respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com deficiência apoiada;
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IV – oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias
de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais; V – realização de avaliações periódicas;
VI – articulação intersetorial das políticas públicas;
VII – possibilidade de participação de organizações da sociedade civil.
Art. 38 – A entidade contratada para a realização de processo seletivo público ou privado para
cargo, função ou emprego está obrigada à observância do disposto nesta Lei e em outras normas
de acessibilidade vigentes.
Art. 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Po-
deres Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social.
Assim, não podemos confundir Assistência Social com Previdência Social ou mesmo
com Seguridade Social. Seguridade Social é o gênero, do qual Assistência e Previdência são
espécies. Tais institutos servem para amparar o cidadão em face de situações de doença,
velhice ou desemprego.
Mas o que significa garantir Assistência Social à pessoa com deficiência? Significa que o
cidadão terá o direito de se integrar à vida comunitária e dela fazer parte em plena igualdade
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de condições com as demais pessoas, sem qualquer obstáculo em virtude da deficiência, seja
ela física ou mental. Em outras palavras, significa um auxílio com o propósito de eliminar ou
reduzir as vulnerabilidades sociais em que essas pessoas se encontrem em decorrência de
sua deficiência.
Como já vimos, esse direito está listado como um dos Direitos Sociais do art. 6º da Cons-
tituição Federal. Mas a Constituição, no que se refere à pessoa com deficiência, foi ainda mais
específica no dever de prestar assistência social a ela. Leia com a ATENÇÃO os seguintes
incisos do art. 203 da CF, que traz os objetivos da assistência social:
Art. 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de con-
tribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua inte-
gração à vida comunitária;
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 40 – É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para prover sua subsistên-
cia nem de tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) salário mínimo, nos termos
da Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
Não é toda pessoa com deficiência que fará jus a esse benefício, somente a pessoa com
deficiência hipossuficiente, isto é, aquela que não possui condições financeiras suficientes
para prover o seu sustento ou cuja família não possa provê-lo.
Agora, vamos a outro dispositivo da Lei n. 13.146/2015 relacionado à assistência às pes-
soas com deficiência. Preste bastante atenção na semelhança entre os objetivos listados na
Constituição e no caput do art. 39 da Lei n. 13.146/2015:
CAPÍTULO VII
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
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§ 1º – A assistência social à pessoa com deficiência, nos termos do caput deste artigo, deve en-
volver conjunto articulado de serviços do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social
Especial, ofertados pelo Suas, para a garantia de seguranças fundamentais no enfrentamento de
situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
§ 2º – Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com deficiência em situação de depen-
dência deverão contar com cuidadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
Essa preocupação da Lei de prestar assistência social à pessoa com deficiência deriva
do que já havia sido estipulado pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, a qual estabelece que deve haver um “adequado padrão de vida e proteção
social”. No que diz respeito à assistência social, isso quer dizer que o Estado tem o dever de
amparar as pessoas com deficiência, sobretudo aquelas que se encontram em situação de
hipossuficiência financeira. Veja o seguinte dispositivo da Convenção:
Art. 28
Padrão de vida e proteção social adequados
2 – Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à proteção social e ao
exercício desse direito sem discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropria-
das para salvaguardar e promover a realização desse direito, tais como:
c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e suas famílias em situação de pobreza à as-
sistência do Estado em relação a seus gastos ocasionados pela deficiência, inclusive treinamento
adequado, aconselhamento, ajuda financeira e cuidados de repouso.
Se você leu o art. 39, § 1º, da Lei com atenção, percebeu que a assistência social à pessoa
com deficiência “deve envolver conjunto articulado de serviços do âmbito da Proteção Social
Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo SUAS”.
Mas o que vem a ser essa “Proteção Social Básica” e a “Proteção Social Especial” no âm-
bito do SUAS?
Em primeiro lugar, “SUAS” é o Sistema Único de Assistência Social. Ele fornece os parâme-
tros básicos da política de assistência social no Brasil e tem por funções a proteção social, a
vigilância socioassistencial e a defesa de direitos. Essa política organiza-se sob a forma de
sistema público não contributivo, descentralizado e participativo.
Já a “proteção social básica” são serviços de assistência que se destinam à população
que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência
de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, entre outros) e, ou, fragilização de
vínculos afetivos − relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de
gênero ou por deficiências, entre outras). Prevê o desenvolvimento de serviços, programas
e projetos locais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos,
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Art. 3º:
I – aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos,
se mulher, no caso de segurado com deficiência grave;
II – aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se
mulher, no caso de segurado com deficiência moderada;
III – aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se
mulher, no caso de segurado com deficiência leve; ou – aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem,
e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde
que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de
deficiência durante igual período.
Na Constituição Federal, esse direito encontra-se previsto no art. 201, § 1º, estabelecendo
uma vedação à diferenciação de critérios para a concessão do benefício, exceto nos casos
definidos em lei.
Esse dispositivo é uma norma de eficácia limitada, já que delega ao legislador ordinário a
definição, por meio de lei complementar, dos requisitos e dos critérios diferenciados a serem
utilizados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários com deficiência do Regime
Geral da Previdência Social (RGPS).
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Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Daniel Mesquita
Art. 201 – A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contribu-
tivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,
e atenderá, nos termos da lei, a:
§ 1º – É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposenta-
doria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades
exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se
tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
Além disso, tal direito decorre, como vimos, de uma preocupação trazida já no corpo da
Convenção Internacional, no art. 28, que estudamos anteriormente. Vamos retomar agora o
que ele diz, observando o enfoque dado à questão da Previdência Social:
Art. 28:
Padrão de vida e proteção social adequados
2 – Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à proteção social e ao
exercício desse direito sem discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropria-
das para salvaguardar e promover a realização desse direito, tais como:
e) Assegurar igual acesso de pessoas com deficiência a programas e benefícios de aposentadoria.
Art. 8º – É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à
maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência
social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turis-
mo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição
Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo
e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Observe que a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
demonstra essa mesma preocupação com a qualidade de vida da pessoa com deficiência,
em seu art. 30:
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Art. 30 – Participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte
1 – Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência de participar na vida
cultural, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
CAPÍTULO IX
DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURISMO E AO LAZER
Art. 42 – A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso:
I – a bens culturais em formato acessível;
II – a programas de televisão, cinema, teatro e outras atividades culturais e desportivas em formato
acessível; e
III – a monumentos e locais de importância cultural e a espaços que ofereçam serviços ou eventos
culturais e esportivos.
Como é de se esperar, por diversas vezes as obras culturais não são acessíveis às pessoas
com deficiência, que pode ser visual, auditiva, de locomoção etc. Dessa forma, pode não haver
disponibilidade de tais obras em braile ou em formato de áudio, como acontece com livros,
revistas ou outras produções escritas; ou pode haver a falta de audiodescrição de obras ci-
nematográficas, fotografias, ilustrações ou exposições de museus. Já para as pessoas com
deficiência auditiva, a falta de legendas ou intérpretes de libras em espetáculos, museus e
demais eventos culturais inviabilizam a compreensão e o acesso a esses conteúdos pelas
pessoas surdas.
Nesse caso, o § 1º do art. 42 da Lei n. 13.146/2015 dispõe que o direito ao acesso à cultura
se sobrepõe mesmo em face dos direitos de propriedade intelectual. Observe:
§ 1º – É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em formato acessível à pessoa com defi-
ciência, sob qualquer argumento, inclusive sob a alegação de proteção dos direitos de propriedade
intelectual.
Perceba que o autor não pode proibir sua obra de ser publicada de forma acessível! Esse
direito só se sobrepõe aos de propriedade intelectual caso a quebra destes sirva para asse-
gurar o acesso do conteúdo pela pessoa com deficiência.
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Por outro lado, deve-se assegurar também o acesso a propriedades intelectuais, as quais
devem ser disponibilizadas em “formato acessível”, ou seja, disponibilizar o conteúdo de
modo a se atender as pessoas com deficiência sensorial e mental. Nesse caso, as barreiras
não são necessariamente físicas, podendo serem barreiras de informação, de comunicação
ou, ainda, de tecnologia.
Ainda na esteira dos deveres do Poder Público, deve-se também promover, além do acesso
como espectador, a participação das pessoas com deficiência na vida cultural, no esporte e
no lazer. A Lei define com bastante clareza a finalidade desse dever: a promoção do protago-
nismo da pessoa com deficiência, por meio de treinamento, acesso aos locais dos eventos
e inclusão em atividades esportivas e culturais. Atente mais uma vez aqui para o caráter
inclusivo e de promoção da igualdade para com as demais pessoas:
Art. 43 – O Poder Público deve promover a participação da pessoa com deficiência em atividades
artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo:
I – incentivar a provisão de instrução, de treinamento e de recursos adequados, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas;
II – assegurar acessibilidade nos locais de eventos e nos serviços prestados por pessoa ou entidade
envolvida na organização das atividades de que trata este artigo; e
III – assegurar a participação da pessoa com deficiência em jogos e atividades recreativas, espor-
tivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive no sistema escolar, em igualdade de condições com
as demais pessoas.
Além de promover o protagonismo da pessoa com deficiência “em cima do palco”, a lei
também se preocupa com ela “na plateia”. Por isso, o art. 44 da Lei n. 13.146/2015 dispõe
sobre a obrigatoriedade de se reservarem espaços e assentos às pessoas com deficiência:
Art. 44 – Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e de
conferências e similares, serão reservados espaços livres e assentos para a pessoa com deficiên-
cia, de acordo com a capacidade de lotação da edificação, observado o disposto em regulamento.
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§ 1º – Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem ser distribuídos pelo recinto em
locais diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos corredores, devidamente
sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e obstrução das saídas, em conformidade
com as normas de acessibilidade.
§ 2º – No caso de não haver comprovada procura pelos assentos reservados, esses podem, excep-
cionalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida,
observado o disposto em regulamento.
Observe, a seguir, que tais assentos devem se situar em locais que acomodem, pelo me-
nos, um acompanhante da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida e que, além disso,
deve ser-lhe assegurado também o direito de se acomodar em proximidade a grupo familiar
e comunitário. Isso se justifica pela necessidade de se evitar a segregação que viria ao se
assegurar apenas um assento para acompanhantes nos eventos.
§ 3º – Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem situar-se em locais que garantam
a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa com deficiência ou com mobilida-
de reduzida, resguardado o direito de se acomodar proximamente a grupo familiar e comunitário.
§ 4º – Nos locais referidos no caput deste artigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e
saídas de emergência acessíveis, conforme padrões das normas de acessibilidade, a fim de permitir
a saída segura da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.
§ 5º – Todos os espaços das edificações previstas no caput deste artigo devem atender às normas
de acessibilidade em vigor.
E o que acontece se esse local de cultura e esporte não se adequar às normas de inclusão
da pessoa com deficiência, professor?
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§ 7º – O valor do ingresso da pessoa com deficiência não poderá ser superior ao valor cobrado
das demais pessoas.
É importante reforçar que, além de não se poder cobrar um valor mais elevado pelo in-
gresso, as pessoas com deficiência ainda podem usufruir do benefício da meia-entrada, na
forma prevista pela Lei n. 12.933/2013.
Segundo esse diploma, haverá uma cota para a meia-entrada de, pelo menos, 40% dos
assentos disponíveis em cada evento.
Dessa forma, as pessoas com deficiência, bem como seus acompanhantes, farão jus
ao benefício da meia-entrada, devendo cumprir as determinações do art. 6º do Decreto n.
8.537/2015, que assim dispõe:
Art. 6º – As pessoas com deficiência terão direito ao benefício da meia-entrada mediante a apre-
sentação, no momento da aquisição do ingresso e na portaria ou na entrada do local de realização
do evento:
I – do cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da pessoa com defi-
ciência; ou
II – de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS que ateste a aposenta-
doria de acordo com os critérios estabelecidos na Lei Complementar n. 142, de 8 de maio de 2013.
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Art. 9º:
Acessibilidade
1 – A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar ple-
namente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para
assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e
tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao
público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a iden-
tificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a:
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a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive esco-
las, residências, instalações médicas e local de trabalho.
É importante lembrar que esse direito, antes mesmo de vir a ser tutelado pela Lei n.
13.146/2015 ou mesmo pelo art. 9º da Convenção Internacional, já havia a previsão consti-
tucional garantindo o direito ao transporte. No art. 227, § 2º, da CF, delega-se ao legislador
ordinário a criação de normas de construção, ao passo que o art. 244 versa sobre a adaptação
dos equipamentos públicos existentes para garantir o acesso à pessoa com deficiência. Veja:
Art. 227:
§ 2º – A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público
e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência.
Observe, ainda, o art. 244 da CF, que versa sobre o mesmo assunto e dispõe:
Art. 244 – A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veí-
culos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.
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Art. 46 – O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de
identificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
O § 1º especifica o que será considerado como “serviços de transporte”, seja ele terrestre,
aquaviário ou aéreo. A Lei deixa claro que não são somente veículos, mas também terminais,
estações, pontos de parada, o sistema viário e, inclusive, a própria prestação do serviço! Em
outras palavras, pode-se dizer que tudo aquilo que compõe a infraestrutura do serviço de
transporte em questão é considerado integrante deste e, por essa razão, deve se submeter
aos parâmetros adequados de acessibilidade universal.
§ 1º – Para fins de acessibilidade aos serviços de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo,
em todas as jurisdições, consideram-se como integrantes desses serviços os veículos, os terminais,
as estações, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do serviço.
A Lei se preocupa também em dispor, no § 2º do art. 46, sobre a sujeição dos atos de
concessão dos serviços de transporte às normas referentes à acessibilidade nela previstas.
Não é necessária muita ponderação para entendermos o porquê disso: se é do Poder Públi-
co a responsabilidade pela concessão dos serviços de transporte, é necessário que ele se
submeta a tais normas para que haja uniformização e harmonização entre os equipamentos,
veículos e a infraestrutura do serviço de transportes como um todo.
§ 2º – São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei, sempre que houver interação com
a matéria nela regulada, a outorga, a concessão, a permissão, a autorização, a renovação ou a
habilitação de linhas e de serviços de transporte coletivo.
Feito isso, será possível a colocação nos veículos públicos do símbolo internacional de
acesso, o qual depende da “certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público respon-
sável pela prestação do serviço”, conforme vemos no § 3º do art. 46.
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O art. 47 da Lei n. 13.146/2015 traz especificações importantes que você deve lembrar na
sua prova! São critérios para definir a sinalização, identificação, localização e a quantidade
mínima das vagas nos estacionamentos. Assim, as vagas devem estar devidamente sinali-
zadas e em proximidade dos acessos de circulação de pedestres. Além disso, o § 1º do art.
47 determina que deverá ser separada uma quantidade mínima de 2% das vagas para uso de
pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, garantindo-se ao menos 1 vaga espe-
cial. Outro aspecto digno de nota é a necessidade de identificação adequada do veículo para
que possa fazer uso da vaga especial, apresentando em local bastante visível a credencial
emitida pelos órgãos de trânsito, conforme estabelece § 2º do art. 47 da Lei.
O uso da vaga para pessoas com deficiência sem a exibição dessa credencial configura
uso irregular da vaga, sendo considerado infração gravíssima, nos termos do art. 181, XX, da
Lei n. 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro), conforme indica o § 3º do art. 47.
E MUITO CUIDADO PARA UM DETALHE IMPORTANTE!!!
O § 4º esclarece que não é qualquer tipo de deficiência que possibilita o uso das vagas
especiais, mas somente aquelas que implicam perda ou redução da mobilidade. Somente
atendendo a esses requisitos é que a pessoa fará jus à credencial, que é válida em todo o
território nacional.
Em seguida, vem o art. 48, bastante semelhante ao art. 46, já estudado. A diferença entre
este e aquele, no entanto, é que o art. 48 versa sobre a acessibilidade nos meios de transporte
que não sejam permissionários do serviço público. Leia-o com atenção:
A Lei n. 13.146/2015 inovou ao estipular, em seu art. 49, que as empresas de fretamento
e turismo deverão renovar suas frotas em conformidade com os art. 46 e 48, apresentados
acima, de modo a viabilizar a acessibilidade de tais meios de transporte.
Vimos no capítulo referente ao direito à cultura que é vedada a cobrança de valor maior pelo
ingresso destinado à pessoa com deficiência física. De modo semelhante, essa mesma ideia
é aplicada no âmbito da prestação do serviço de táxis, conforme estabelece o § 1º do art. 51.
Além disso, inovou também ao exigir, no art. 51, que as frotas de táxis reservem um per-
centual mínimo de 10% de seus veículos para o acesso de pessoas com deficiência. Mais
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adiante, no art. 52, estabelece que locadoras de veículos ofereçam 1 veículo adaptado a cada
20 de sua frota.
Para melhor fixação do conteúdo, leia com atenção o capítulo X na íntegra, a seguir:
CAPÍTULO X
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
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RESUMO
Nessa aula, estudamos os direitos fundamentais da pessoa com deficiência: vida; habilita-
ção e reabilitação; saúde; educação; moradia; trabalho; assistência social; previdência social;
cultura, esporte, turismo e lazer; transporte e mobilidade.
Com relação ao direito à vida, vimos que se trata do primeiro direito fundamental da
pessoa com deficiência, previsto nos art. 10 a 13 da Lei n. 13.146/2015. Sem ele, nenhum
dos outros direitos existiria. Trata-se de um direito inviolável garantido constitucionalmente
a todas as pessoas.
Nesse sentido, vimos que as garantias concedidas pela Lei n. 13.146/2015 operam em
conformidade com a Constituição Federal. Desse modo, a pessoa com deficiência, assim
como as demais pessoas, tem o direito de lutar pela sua vida, cabendo ao Estado o dever de
tomar todas as medidas necessárias para assegurar o pleno exercício desse direito.
Vimos também que, apesar disso, a pessoa com deficiência não é obrigada a se submeter
a qualquer espécie de tratamento ou intervenção de maneira forçada, sendo indispensável para
tais procedimentos o seu livre consentimento informado. Contudo, há exceções, podendo-se
dispensar tal consentimento nos casos de atendimento de emergência em saúde e risco de
morte. Outra hipótese é, caso essa pessoa esteja submetida à curatela, o seu consentimento
poderá ser suprido pelo seu curador devido à impossibilidade de essa pessoa manifestar a
sua vontade. Vimos, ainda, que cabe ao Poder Público a proteção da pessoa com deficiên-
cia em situações de vulnerabilidade, especialmente em situações de risco, como estado de
emergência ou calamidade pública.
Já no que diz respeito ao direito à habilitação e reabilitação, previsto nos art. 14 a 17 da
Lei n. 13.146/2015, trata-se da garantia de se adotar medidas que promovam a recuperação
física, cognitiva e psicológica, bem como a proteção, a reabilitação e a reinserção social das
pessoas com deficiência.
Vimos que a Convenção Internacional dedicou especial importância à habilitação e à rea-
bilitação das pessoas com deficiência, estipulando diversos objetivos, entre os quais a promo-
ção da autonomia e da plena capacidade física, mental, social e profissional dessas pessoas.
Esse direito relaciona-se diretamente com a questão da saúde, envolvendo a atuação do SUS
e do SUAS. Tais sistemas de saúde são responsáveis por prestar informações e orientações
adequadas com relação às políticas públicas disponíveis, favorecendo a plena participação
das pessoas com deficiência em todas as áreas da vida.
Estudamos também o direito à saúde, previsto nos art. 18 a 26 da Lei n. 13.146/2015.
Esse também é um direito de suma importância, garantido não só à pessoa com deficiência,
mas a todas as pessoas de modo geral, sendo também uma garantia fundamental prevista
na Constituição Federal brasileira.
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Devemos prestar bastante atenção ao fato de que a pessoa com deficiência deve ter
acesso a um atendimento integral, em todos os níveis de complexidade, de caráter preventivo
e de tratamento, sem discriminação nem custos adicionais, com o direito ao acompanhante,
em ambientes acessíveis, sem se submeter a qualquer tipo de discriminação ou violência.
Sendo assim, a pessoa com deficiência tem direito a ser atendida pelo SUS, pois o acesso é
universal (a todas as pessoas) e igualitário (todos devem ser tratados igualmente).
O direito à educação, previsto nos art. 27 a 30 da Lei n. 13.146/2015, é também garantido
constitucionalmente sendo “direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade” (art. 205, CRFB).
Vimos que no âmbito da Lei n. 13.146/2015 que esse direito deve ser garantido por meio
de um sistema educacional inclusivo, que atenda de modo satisfatório e com qualidade à
pessoa com deficiência. Vimos que o objetivo da educação inclusiva é evitar a segregação
das pessoas com deficiência, superando as dificuldades que advenham dessa condição e
devendo favorecer a sua integração na comunidade. Nesse sentido, o projeto pedagógico
deve contemplar as necessidades e características específicas dos alunos, de modo que a
escola se adapte ao aluno, e não o contrário!
O direito à moradia, por sua vez, é previsto nos art. 31 a 33 da Lei n. 13.146/2015 e tem
como um de seus principais objetivos garantir o máximo de autonomia e dignidade aos cida-
dãos brasileiros. Como vimos, esse direito é contemplado na Declaração Universal de Direitos
Humanos, e cabe ao Poder Público o dever de promover a efetiva concretização.
O direito ao trabalho está previsto nos art. 34 e 35 da Lei n. 13.146/2015. Assim como
vimos no direito à educação, verificamos, a partir do art. 34, que o trabalho também deve ser
inclusivo, permitindo que a pessoa com deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto
à profissão ou ao trabalho que deseje exercer.
O direito à assistência social vem contemplado nos art. 39 a 40, da Lei n. 13.146/2015.
Vimos que a assistência social consiste num conjunto de medidas institucionalizadas de
assistência gratuita, prestada a quem quer que dela precise e que faz parte de um conjunto
de políticas sociais denominado Seguridade Social, formado pelo tripé Saúde Pública, Assis-
tência e Previdência (SAP).
Esse direito está listado como um dos Direitos Sociais do art. 6º da Constituição
Federal e tem como objetivo “habilitar e reabilitar” as pessoas com deficiência,
para reintegrá-las à vida comunitária e garantir um “salário mínimo de benefício
mensal” à pessoa com deficiência que não tenha meios de prover a sua manuten-
ção, isto é, a pessoa hipossuficiente.
O direito à previdência social está previsto no art. 41 da Lei n. 13.146/2015, determinan-
do que “a pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
tem direito à aposentadoria nos termos da Lei Complementar n. 142, de 8 de maio de 2013”.
Conforme estudamos, essa Lei Complementar garante a concessão da aposentadoria pelo
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RGPS ao segurado com deficiência, com redução de até 10 anos de contribuição, conforme
o grau da deficiência aferido em avaliação médica e social.
O direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer vem estabelecido nos art. 42 a 45 da
Lei n. 13.146/2015 e tem como uma de suas principais missões promover de forma isonô-
mica a inclusão e participação da pessoa com deficiência na vida em sociedade em todos
os seus aspectos.
Vimos muitas vezes que as obras culturais não são acessíveis às pessoas com deficiên-
cia, que pode ser visual, auditiva, de locomoção etc. Nesse caso, o § 1º do art. 42 da Lei n.
13.146/2015 dispõe que o direito ao acesso à cultura se sobrepõe mesmo em face dos direi-
tos de propriedade intelectual, de forma que o autor da obra não pode proibir sua obra de ser
publicada de forma acessível. Além disso, o Poder Público tem o dever de eliminar ou reduzir
as barreiras físicas de acesso das pessoas com deficiência ao patrimônio cultural.
Vimos também que é vedada a cobrança de valor maior pelo ingresso de pessoas com
deficiência. Por fim, estudamos o direito ao transporte e à mobilidade, previsto nos art. 46 a
52 da Lei n. 13.146/2015. Vimos que a garantia do direito ao transporte busca combater, de
modo concreto, a manifestação de barreiras na vida da pessoa com deficiência.
Vamos, agora, resolver algumas questões para que sua preparação fique completa.
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a) As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem as-
segurar diagnóstico e intervenção precoces, serviços de habilitação e de reabilitação sempre
que necessários, atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambulatorial e internação.
b) Atendimento psicológico, com exceção de seus familiares e atendentes pessoais, atenção
sexual e reprodutiva respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orientação sexual da
pessoa com deficiência.
c) As operadoras de planos e seguros privados de saúde não são obrigadas a garantir à pessoa
com deficiência todos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes.
d) Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa com deficiência no local de resi-
dência, não será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento.
e) À pessoa com deficiência internada ou em observação é assegurado o direito a acompa-
nhante ou a atendente pessoal, porém na impossibilidade de permanência do acompanhante,
o familiar deve se responsabilizar por adequar o serviço.
005. (FCC/TRF-4ª/2019) Maria é pessoa com deficiência e estuda em uma instituição pública
de ensino. Nos termos da Lei n. 13.146/2015, especificamente no que concerne ao direito à
educação da pessoa com deficiência, a articulação intersetorial na implementação de políti-
cas públicas constitui medida:
a) facultativa apenas às instituições privadas de nível superior de ensino.
b) obrigatória apenas para as instituições públicas de ensino.
c) obrigatória apenas para as instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino.
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d) facultativa tanto para as instituições públicas de ensino, quanto para as instituições privadas,
de qualquer nível e modalidade de ensino.
e) obrigatória tanto para as instituições públicas de ensino, quanto para as instituições privadas,
de qualquer nível e modalidade de ensino.
008. (FCC/TRF-4ª/2019) Considere a seguinte situação hipotética: José é pessoa com de-
ficiência e possui imóvel para moradia própria, adquirido através de programa habitacional
público. Posteriormente, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul lançou programa habi-
tacional, com 300 (trezentas) unidades residenciais. José, interessado no programa, vendeu
seu imóvel, pretendendo adquirir um novo, também para fins de moradia própria. Nos termos
da Lei n. 13.146/2015, José:
a) Goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, devendo ser reservadas, no mínimo, 3 (três)
unidades residenciais para as pessoas com deficiência.
b) Goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, devendo ser reservadas, no mínimo, 9 (nove)
unidades residenciais para as pessoas com deficiência.
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c) Não goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, pois tal prioridade só é reconhecida à
pessoa com deficiência beneficiária apenas uma vez.
d) Não goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, pois inexiste prioridade para as pessoas
com deficiência adquirirem imóveis; o que existe é apenas a reserva de unidades destinadas a
tais pessoas.
e) Goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, devendo ser reservadas, no mínimo, 10 (dez)
unidades residenciais para as pessoas com deficiência.
010. (FCC/TRF-4ª/2019) Raquel, pessoa com deficiência, foi ao cinema junto com sua acom-
panhante. Vale salientar que nos cinemas são reservados espaços livres e assentos para
a pessoa com deficiência. A propósito do tema e de acordo com a Lei n. 13.146/2015, os
espaços e assentos do cinema destinados à pessoa com deficiência devem ser distribuídos
pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, em:
a) alguns setores específicos, distante dos corredores, devidamente sinalizados, adotando-se
áreas segregadas de público e evitando a obstrução das saídas, em conformidade com as
normas de acessibilidade.
b) alguns setores específicos, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, adotando-
-se áreas segregadas de público e evitando a obstrução das saídas, em conformidade com as
normas de acessibilidade.
c) alguns setores específicos, distante dos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se
áreas segregadas de público e obstrução das saídas, em conformidade com as normas de
acessibilidade.
d) todos os setores, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, adotando-se áreas
segregadas de público e evitando a obstrução das saídas, em conformidade com as normas
de acessibilidade.
e) todos os setores, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas segre-
gadas de público e obstrução das saídas, em conformidade com as normas de acessibilidade.
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011. (FCC/TRF-4ª/2019) João é pessoa com deficiência e pretende passar férias com seus
amigos em um bonito hotel localizado no estado do Paraná. Referido hotel foi construído em
2010 e possui 150 dormitórios. Nos termos da Lei n. 13.146/2015, o hotel deverá disponibi-
lizar, pelo menos,
a) 2 dormitórios acessíveis.
b) 10 dormitórios acessíveis.
c) 15 dormitórios acessíveis.
d) 5 dormitórios acessíveis.
e) 7 dormitórios acessíveis.
013. (FCC/MPE-RN/2010) Nas normativas das Diretrizes Nacionais para a Educação para a
inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, é correto afirmar que:
a) nem todas as crianças deficientes devem frequentar escola regular, pois terão dificuldades
na integração social e na aprendizagem. Caso estas crianças estejam inseridas em escolas
regulares, sofrerão os estigmas da sua deficiência.
b) a escola pública brasileira não está preparada para receber deficientes, pois a falta de qua-
lificação dos professores e a estrutura física dos prédios não favorecem a manutenção de
crianças com necessidades especiais, principalmente aquelas que apresentam alterações
físicas ou intelectuais.
c) a escola pública regular é obrigada a oferecer vagas aos indivíduos com necessidades edu-
cacionais especiais, pois este contexto favorecerá a construção de conceitos de cidadania,
mesmo que o objetivo com estes seja a socialização e não necessariamente o aprendizado da
leitura e da escrita.
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d) a escola comprometida com o processo de inclusão deve ter propostas educacionais para
todas as crianças, independentemente de sua necessidade educacional especial. Desta forma,
é necessário que os professores conheçam não somente os parâmetros de desenvolvimento
normal, mas também concentrem esforços para propor planejamentos educacionais individua-
lizados, considerando as necessidades educacionais de todos os seus alunos.
e) a inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais em escolas públicas
regulares é uma grande promessa para o futuro, pois muitas pesquisas estão sendo realizadas
no sentido de aperfeiçoar recursos, capacitar professores, adequar a estrutura física e, mais
que tudo, mudar a mentalidade da comunidade para aceitar os portadores de deficiências como
pessoas com necessidades educacionais especiais.
015. (FCC/TJ-SC/2015) João, com idade para cursar a pré-escola, tem síndrome de Down e
está fora da escola. A mãe deseja matriculá-lo em escola especializada para crianças com
deficiência, mas o município não dispõe de tal equipamento na rede pública, somente na rede
particular. A solução mais adequada às regras e princípios previstos na legislação vigente:
a) reclamar do município o cumprimento da regra constitucional de criação de escolas especia-
lizadas para crianças com deficiência em todas as etapas da educação básica, facultando-lhe
a alternativa de, não havendo demanda suficiente, arcar com os custos de tal atendimento na
rede privada.
b) impor ao Município ou ao Estado (ente estadual), alternativamente, o dever de matricular a
criança em suas redes regulares de ensino, contratando, se necessário com apoio financeiro da
União, professor especializado em educação de crianças com Síndrome de Down para atender
João e garantir a ele, o aporte educacional diferenciado a que faz jus.
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c) impor ao ente estadual a obrigação de atender a criança, já que, por força de lei, é dele o dever
de criar classes especiais para criança e adolescentes com deficiência em sua rede de ensino.
d) orientar a mãe de que o direito a vaga em escola especializada é restrito ao ensino fundamental
e médio, devendo contentar-se, até que a criança complete 7 (sete) anos, com o atendimento
pré-escolar em escola pública regular destinada a crianças sem deficiência.
e) orientar a mãe a promover a matrícula da criança em pré-escola do município e aceitar a
inclusão do filho em sala de aula, junto com crianças sem deficiência, zelando para que João,
não obstante, receba atenção adequada às suas necessidades pedagógicas especiais.
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b) é inconstitucional, pois invade a competência privativa da União para legislar sobre proteção
e integração social das pessoas portadoras de deficiência.
c) incorre em inconstitucionalidade superveniente caso venha a contrariar lei federal sobre a
mesma matéria editada em momento posterior à vigência da norma estadual.
d) é inconstitucional, pois invade a competência privativa da União para legislar sobre trânsito
e transporte.
e) encontra fundamento constitucional na competência reservada dos Estados-membros, que
lhes autoriza a legislar sobre transporte coletivo intermunicipal.
028. (CESPE/TJ-AM/2019) Julgue o item a seguir, tendo como referência a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
Os serviços socioassistenciais para pessoa com deficiência em situação de dependência in-
cluem a prestação de cuidados básicos e instrumentais por cuidadores sociais.
029. (CESPE/TJ-AM/2019) Julgue o item a seguir, tendo como referência a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
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Nos programas habitacionais públicos, pessoas com deficiência têm prioridade de aquisição
de imóvel para moradia própria, com reserva de percentual mínimo legal de unidades para elas.
030. (CESPE/TJ-AM/2019) Julgue o item a seguir, tendo como referência a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
As instituições privadas de ensino, assim como as públicas, devem ofertar educação bilíngue
em língua brasileira de sinais (LIBRAS) e língua portuguesa.
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GABARITO
1. d 12. a 23. d
2. c 13. d 24. a
3. a 14. d 25. C
4. a 15. e 26. E
5. e 16. c 27. e
6. e 17. b 28. C
7. a 18. d 29. C
8. c 19. b 30. E
9. a 20. b 31. e
10. e 21. a
11. c 22. e
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GABARITO COMENTADO
Para resolver a questão, basta nos lembrarmos de alguns dos incisos do art. 28 do Estatu-
to. Confira:
Art. 28 – Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
panhar e avaliar:
I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao
longo de toda a vida;
VI – pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de
materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;
VIII – participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de
atuação da comunidade escolar.
Assim, vemos que o item I está errado, eis que o sistema inclusivo é em todos os níveis e em
todas as modalidades, além de se garantir o aprendizado ao longo de toda vida.
Letra d.
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Art. 18 – É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de
complexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário.
§ 1º – É assegurada a participação da pessoa com deficiência na elaboração das políticas de
saúde a ela destinadas.
§ 2º – É assegurado atendimento segundo normas éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação
dos profissionais de saúde e contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificidades
da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade e autonomia.
§ 3º – Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com deficiência, especialmente em
serviços de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e continuada.
b) Errada. O atendimento psicológico pode ser garantido aos familiares da pessoa com defi-
ciência, nos termos do art. 18, V, do Estatuto.
c) Errada. As operadoras são obrigadas, nos termos do art. 20 do Estatuto.
d) Errada. Quando necessário, será prestado atendimento fora do domicílio da pessoa (art. 21
do Estatuto).
e) Errada. Quem deve assegurar a adequação do serviço é o órgão ou a instituição prestadora
do serviço (art. 22 do Estatuto).
Letra a.
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Art. 18 – É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de
complexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário.
§ 1º – É assegurada a participação da pessoa com deficiência na elaboração das políticas de
saúde a ela destinadas.
§ 2º – É assegurado atendimento segundo normas éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação
dos profissionais de saúde e contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificidades
da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade e autonomia.
§ 3º – Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com deficiência, especialmente em
serviços de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e continuada.
b) Errada. Pois o atendimento psicológico pode ser garantido aos familiares da pessoa com
deficiência, nos termos do art. 18, V, do Estatuto.
c) Errada. Pois as operadoras são obrigadas, nos termos do art. 20 do Estatuto.
d) Errada. Pois, quando necessário, será prestado atendimento fora do domicílio da pessoa
(art. 21 do Estatuto).
e) Errada. Pois quem deve assegurar a adequação do serviço é o órgão ou a instituição presta-
dora do serviço (art. 22 do Estatuto).
Letra a.
005. (FCC/TRF-4ª/2019) Maria é pessoa com deficiência e estuda em uma instituição pública
de ensino. Nos termos da Lei n. 13.146/2015, especificamente no que concerne ao direito à
educação da pessoa com deficiência, a articulação intersetorial na implementação de políti-
cas públicas constitui medida:
a) facultativa apenas às instituições privadas de nível superior de ensino.
b) obrigatória apenas para as instituições públicas de ensino.
c) obrigatória apenas para as instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino.
d) facultativa tanto para as instituições públicas de ensino, quanto para as instituições privadas,
de qualquer nível e modalidade de ensino.
e) obrigatória tanto para as instituições públicas de ensino, quanto para as instituições privadas,
de qualquer nível e modalidade de ensino.
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Aprendemos em nossa aula que, no tocante ao direito à educação, o Estatuto busca garantir um
sistema educacional inclusivo, que atenda à pessoa com deficiência de modo satisfatório e com
qualidade. Isso significa que não basta simplesmente matricular o aluno em uma instituição e
considerar isso, por si só, a inclusão de que trata o artigo. Trata-se, na verdade, da obrigatorie-
dade de se efetivarem medidas de acessibilidade no acesso à educação.
Nesse contexto, um ponto importantíssimo é a capacitação dos professores e funcionários para
que prestem atendimento adequado aos alunos com deficiência, tendo em mente que, quando
se fala em sistema educacional inclusivo, o que se pretende é promover a ideia da obrigatorie-
dade ou do dever se concretizar, em todas as esferas educacionais, e a possibilidade de pleno
acesso para a pessoa com deficiência, sem qualquer restrição.
A educação inclusiva consiste, portanto, no esforço de se adaptar o ambiente educacional, le-
vando em consideração não somente o nível de dificuldade sensorial ou motora, mas também
a dificuldade de integração que a pessoa venha a enfrentar em razão da sua deficiência.
Assim, no art. 28 do Estatuto elencam-se inúmeras medidas a serem adotadas pelo poder públi-
co, sendo que grande parte de tais medidas também são de adoção obrigatória por entidades
privadas. Entre elas, está a articulação intersetorial, que nada mais é do que o esforço conjunto
a ser adotado entre todos os setores que compõe a instituição de ensino, de quaisquer níveis e
modalidades, para garantir a implementação das políticas públicas destinadas à pessoa com
deficiência. Portanto, temos que a alternativa correta é a letra “e”, pois é a única que reflete por
completo a disposição do Estatuto a esse respeito.
Letra e.
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Aprendemos, ao longo do curso, que a educação é um dos direitos assegurados pelo Estatuto
às pessoas com deficiência, garantindo-lhes a prerrogativa de inclusão em todos os níveis de
aprendizado e tanto em instituições públicas quanto privadas.
Especificamente sobre as instituições de ensino superior e de educação profissional e tecno-
lógica, temos o art. 30 do Estatuto, segundo o qual as referidas instituições devem tomar uma
série de medidas para efetivamente garantir a inclusão das pessoas com deficiência. Entre elas,
a questão destaca a prevista no inciso V do referido diploma, consoante o qual a instituição
pode conceder:
Dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo candidato com deficiência, tanto na rea-
lização de exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia solicitação e
comprovação da necessidade.
Aprendemos durante nosso curso que uma das formas de inclusão é a capacitação dos pro-
fessores e funcionários para que prestem atendimento adequado aos alunos com deficiência,
especialmente quando se compromete a comunicação, fazendo-se necessário o uso de lingua-
gens “especiais”, como o braile ou a língua de sinais (por exemplo, libras).
Nos termos da lei, tem-se a exigência de tradutores e intérpretes de libra, os quais devem ob-
servar os seguintes requisitos.
Art. 28:
§ 2º – Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do caput
deste artigo, deve-se observar o seguinte:
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I – os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação básica devem, no mínimo, possuir
ensino médio completo e certificado de proficiência na Libras;
II – os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar nas salas
de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação,
prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras.
Assim, vê-se que o nível superior é exigido para desempenhar a função em cursos de graduação
e pós-graduação, como consta da alternativa “a”.
Letra a.
008. (FCC/TRF-4ª/2019) Considere a seguinte situação hipotética: José é pessoa com de-
ficiência e possui imóvel para moradia própria, adquirido através de programa habitacional
público. Posteriormente, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul lançou programa habi-
tacional, com 300 (trezentas) unidades residenciais. José, interessado no programa, vendeu
seu imóvel, pretendendo adquirir um novo, também para fins de moradia própria. Nos termos
da Lei n. 13.146/2015, José:
a) Goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, devendo ser reservadas, no mínimo, 3 (três)
unidades residenciais para as pessoas com deficiência.
b) Goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, devendo ser reservadas, no mínimo, 9 (nove)
unidades residenciais para as pessoas com deficiência.
c) Não goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, pois tal prioridade só é reconhecida à
pessoa com deficiência beneficiária apenas uma vez.
d) Não goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, pois inexiste prioridade para as pessoas
com deficiência adquirirem imóveis; o que existe é apenas a reserva de unidades destinadas a
tais pessoas.
e) Goza de prioridade na aquisição do novo imóvel, devendo ser reservadas, no mínimo, 10 (dez)
unidades residenciais para as pessoas com deficiência.
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Nos termos do Estatuto, o Estado tem o dever de prestar assistência social à pessoa com
deficiência, amparando sobretudo aquelas que se encontram em situação de hipossuficiência
financeira. Nesse contexto, existe a figura do cuidador social, o qual, nos termos do art. 39, §
2º, do Estatuto, é o indivíduo que compõe os serviços socioassistenciais destinados à pessoa
com deficiência, para lhe prestar cuidados básicos.
Assim, a resposta da questão é a letra “a”.
As demais alternativas tratam de figuras importantes ao auxílio da pessoa com deficiência, mas
que não se encaixam na assistência social. Veja:
b) Errada. Atendente pessoal (art. 3º, XII).
c) Errada. Acompanhante (art. 3º, XIV).
d) Errada. Apoiador (art. 1.783-A do Código Civil, introduzido pelo Estatuto).
e) Errada. Profissional de apoio escolar (art. 3, XIII).
Letra a.
010. (FCC/TRF-4ª/2019) Raquel, pessoa com deficiência, foi ao cinema junto com sua acom-
panhante. Vale salientar que nos cinemas são reservados espaços livres e assentos para
a pessoa com deficiência. A propósito do tema e de acordo com a Lei n. 13.146/2015, os
espaços e assentos do cinema destinados à pessoa com deficiência devem ser distribuídos
pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, em:
a) alguns setores específicos, distante dos corredores, devidamente sinalizados, adotando-se
áreas segregadas de público e evitando a obstrução das saídas, em conformidade com as
normas de acessibilidade.
b) alguns setores específicos, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, adotando-
-se áreas segregadas de público e evitando a obstrução das saídas, em conformidade com as
normas de acessibilidade.
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Daniel Mesquita
Como aprendemos em nosso curso, a Lei n. 13.146/2015 tem como uma de suas principais
missões promover a inclusão e participação da pessoa com deficiência na vida em sociedade
em todos os seus aspectos, sem que a deficiência venha a ser motivo de imposição de barreiras
a essas pessoas.
Dessa forma, o Capítulo IX da lei traz como garantias fundamentais o acesso à cultura, ao es-
porte, ao turismo e ao lazer, dispondo sobre um assunto essencial à efetivação desses direitos
e superação das barreiras: a acessibilidade.
Veja que a Lei n. 13.146/2015 traz um rol meramente exemplificativo de situações em que o
acesso à cultura, ao esporte, turismo e lazer serão garantidos às pessoas com deficiência. Isso
significa que, mesmo nas situações não previstas no art. 42, há obrigatoriedade de se garantir
o acesso das pessoas com deficiência em qualquer situação, em cumprimento ao princípio da
isonomia. Em qualquer hipótese, a ideia é de assegurar que todas as pessoas possam, de igual
modo, usufruir desses momentos de lazer tão essenciais à vida em sociedade.
Especificamente sobre a acessibilidade em cinemas e outros estabelecimentos, o art. 44 de-
termina a obrigatoriedade de se reservarem espaços e assentos às pessoas com deficiência:
Art. 44 – Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e de
conferências e similares, serão reservados espaços livres e assentos para a pessoa com deficiên-
cia, de acordo com a capacidade de lotação da edificação, observado o disposto em regulamento.
§ 1º – Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem ser distribuídos pelo recinto em
locais diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos corredores, devidamente
sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e obstrução das saídas, em conformidade
com as normas de acessibilidade.
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§ 2º – No caso de não haver comprovada procura pelos assentos reservados, esses podem, excep-
cionalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida,
observado o disposto em regulamento.
Observe, a seguir, que tais assentos devem se situar em locais que acomodem, pelo menos, um
acompanhante da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida e que, além disso, deve ser-lhe
assegurado também o direito de se acomodar em proximidade a grupo familiar e comunitário.
Isso se justifica pela necessidade de se evitar a segregação que viria ao se assegurar apenas
um assento para acompanhantes nos eventos.
§ 3º – Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem situar-se em locais que garantam
a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa com deficiência ou com mobilida-
de reduzida, resguardado o direito de se acomodar proximamente a grupo familiar e comunitário.
§ 4º – Nos locais referidos no caput deste artigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e
saídas de emergência acessíveis, conforme padrões das normas de acessibilidade, a fim de permitir
a saída segura da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.
§ 5º – Todos os espaços das edificações previstas no caput deste artigo devem atender às normas
de acessibilidade em vigor.
Assim, a alternativa que melhor reflete as regras determinadas para a reserva obrigatória de
acentos é a letra “e”.
Letra e.
011. (FCC/TRF-4ª/2019) João é pessoa com deficiência e pretende passar férias com seus
amigos em um bonito hotel localizado no estado do Paraná. Referido hotel foi construído em
2010 e possui 150 dormitórios. Nos termos da Lei n. 13.146/2015, o hotel deverá disponibi-
lizar, pelo menos,
a) 2 dormitórios acessíveis.
b) 10 dormitórios acessíveis.
c) 15 dormitórios acessíveis.
d) 5 dormitórios acessíveis.
e) 7 dormitórios acessíveis.
Nos termos do art. 45 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, ficou determinado que hotéis,
pousadas e similares devem ser construídos observando-se os princípios do desenho universal,
além de adotar todos os meios de acessibilidade.
Caso o estabelecimento tenha sido construído antes da promulgação do Estatuto, que ocorreu
em 2015, deve adaptar 10% (dez por cento) de suas unidades para garantir-lhes acessibilidade,
assegurando-se que ao menos uma delas será acessível.
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No caso, visto que o hotel que hospedará João possui 150 (cento e cinquenta) unidades, ao
menos 15 (quinze) deverão ser acessíveis.
Letra c.
Art. 16 – Nos programas e serviços de habilitação e de reabilitação para a pessoa com deficiência,
são garantidos:
I – organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para atender às características de cada
pessoa com deficiência;
II – acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
III – tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais e equipamentos adequados e apoio
técnico profissional, de acordo com as especificidades de cada pessoa com deficiência;
IV – capacitação continuada de todos os profissionais que participem dos programas e serviços.
[...] residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de As-
sistência Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequa-
das, que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das necessidades da pessoa
acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência, em situação de dependência, que não
dispõem de condições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos.
c) Errada. Nos termos do art. 6º da Lei n. 13.146/2015, a deficiência NÃO afeta a plena capaci-
dade civil da pessoa, inclusive para:
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IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória.
A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
VI – recebimento de restituição de imposto de renda;
VII – tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou in-
teressada, em todos os atos e diligências. § 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos
ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, EXCETO quanto ao
disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igual-
dade de condições com as demais pessoas. [...]
§ 3º – A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária,
proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
Art. 85 – A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial
e negocial.
§ 2º – A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e moti-
vações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
Letra a.
013. (FCC/MPE-RN/2010) Nas normativas das Diretrizes Nacionais para a Educação para a
inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, é correto afirmar que:
a) nem todas as crianças deficientes devem frequentar escola regular, pois terão dificuldades
na integração social e na aprendizagem. Caso estas crianças estejam inseridas em escolas
regulares, sofrerão os estigmas da sua deficiência.
b) a escola pública brasileira não está preparada para receber deficientes, pois a falta de qua-
lificação dos professores e a estrutura física dos prédios não favorecem a manutenção de
crianças com necessidades especiais, principalmente aquelas que apresentam alterações
físicas ou intelectuais.
c) a escola pública regular é obrigada a oferecer vagas aos indivíduos com necessidades edu-
cacionais especiais, pois este contexto favorecerá a construção de conceitos de cidadania,
mesmo que o objetivo com estes seja a socialização e não necessariamente o aprendizado da
leitura e da escrita.
d) a escola comprometida com o processo de inclusão deve ter propostas educacionais para
todas as crianças, independentemente de sua necessidade educacional especial. Desta forma,
é necessário que os professores conheçam não somente os parâmetros de desenvolvimento
normal, mas também concentrem esforços para propor planejamentos educacionais individua-
lizados, considerando as necessidades educacionais de todos os seus alunos.
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Art. 28 – Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
panhar e avaliar:
I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao
longo de toda a vida;
IV – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua
portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas.
b) Errada. Apesar da situação precária das escolas públicas, não é o que prevê o dispositivo
legal, e existem escolas públicas preparadas para receber crianças com deficiência.
c) Errada. O objetivo é a socialização, entretanto com ênfase no aprendizado, conforme art.
27 da lei.
d) Certa. Por incentivar a inclusão sem distinção. Vejamos:
Art. 27 – A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional
inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo
desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais,
segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
e) Errada. Não é uma promessa para o futuro, é um dever atual do Estado, nos termos do art.
27, parágrafo único:
Letra d.
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O direito à prioridade, previsto no caput deste artigo, será reconhecido à pessoa com deficiência
beneficiária apenas uma vez.
Art. 32 – Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia
própria, observado o seguinte [...].
b) Errada. O art. 32, I, da Lei n. 13.146/2015 estabelece que é 3% a reserva de unidades habita-
cionais, e não 5%:
I – reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência.
Letra d.
015. (FCC/TJ-SC/2015) João, com idade para cursar a pré-escola, tem síndrome de Down e
está fora da escola. A mãe deseja matriculá-lo em escola especializada para crianças com
deficiência, mas o município não dispõe de tal equipamento na rede pública, somente na rede
particular. A solução mais adequada às regras e princípios previstos na legislação vigente:
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Art. 27 – A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional
inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo
desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais,
segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar
educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência,
negligência e discriminação.
Art. 28 – Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
panhar e avaliar:
I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado
ao longo de toda a vida;
II – aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanên-
cia, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade
que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena;
III – projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como
os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com
deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a
conquista e o exercício de sua autonomia.
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III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino.
A legislação visa assegurar a inclusão social da pessoa com deficiência. Desse modo, a previsão
é de que crianças e adolescentes com deficiência sejam matriculadas, preferencialmente, em
instituições de ensino regular e não voltadas exclusivamente a PCDs, de modo a evitar a segre-
gação e o isolamento. A previsão é de que, mesmo na rede regular, o ensino seja especializado,
adequando-se às necessidades das pessoas com deficiência.
Letra e.
Conforme disposto no art. 36, § 6º, da Lei n. 13.146/2015, a resposta correta é a letra c, vejamos:
Art. 36 – O poder público deve implementar serviços e programas completos de habilitação profis-
sional e de reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.
§ 6º – A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por meio de prévia formalização do
contrato de emprego da pessoa com deficiência, que será considerada para o cumprimento da re-
serva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado e concomitante com a inclusão
profissional na empresa, observado o disposto em regulamento.
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c) não têm por objetivo a conservação do trabalho, mas sim, sua obtenção.
d) podem, apenas em situações excepcionais, ser oferecidos em ambientes inclusivos.
e) devem ocorrer, de forma articulada nas redes públicas e privadas e, exclusivamente, na saúde
e na Previdência Social.
Para responder às letras “a” e “e”, basta a leitura do § 5º do art. 36 da Lei n. 13.146/2015:
Art. 36 – O poder público deve implementar serviços e programas completos de habilitação profis-
sional e de reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.
§ 5º – A habilitação profissional e a reabilitação profissional devem ocorrer articuladas com as
redes públicas e privadas, especialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os
níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou diretamente com o empregador.
Quanto aos serviços de habilitação e reabilitação, a Lei n. 13.146/2015, em seu art. 36, § 3º, dá
a resposta certa: letra “b”.
Art. 36 – O poder público deve implementar serviços e programas completos de habilitação profis-
sional e de reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.
§ 3º – Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação profissional e de educação profis-
sional devem ser dotados de recursos necessários para atender a toda pessoa com deficiência,
independentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa ser capacitada para
trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir.
Letra b.
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Art. 37 – Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competitiva,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e
previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos
de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de
trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
VI – articulação intersetorial das políticas públicas;
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de
trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
I – provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com
deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador
e de apoio no ambiente de trabalho.
Art. 37:
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de
trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
IV – oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias
de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais.
Art. 37 – Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competitiva,
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e
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previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos
de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de
trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:
II – possibilidade de participação de organizações da sociedade civil.
Letra d.
Letra b.
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c) apenas a pessoa com deficiência, que comprove não possuir meios de prover à própria ma-
nutenção ou de tê-la provida por sua família, desde que contribua à seguridade social.
d) apenas o idoso, que comprove não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, desde que contribua à seguridade social.
e) apenas a pessoa com deficiência, que comprove não possuir meios de prover à própria
manutenção, mesmo que sua família possa provê-la, independentemente de contribuição à
seguridade social.
Art. 2º – A assistência social tem por objetivos [...] (Redação dada pela Lei n. 12.435, de 2011)
Essa questão é importante para que você tenha em mente os seguintes dispositivos da Lei n.
13.146/2015:
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Art. 28:
§ 1º – Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente
o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste
artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades,
anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações.
Depois disso, os Estados Partes submeterão relatórios subsequentes, ao menos a cada quatro
anos, ou quando o Comitê o solicitar.
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O Comitê determinará as diretrizes aplicáveis ao teor dos relatórios. [...]
Art. 36 – Consideração dos relatórios
1 – Os relatórios serão considerados pelo Comitê, que fará as sugestões e recomendações gerais
que julgar pertinentes e as transmitirá aos respectivos Estados Partes. O Estado Parte poderá res-
ponder ao Comitê com as informações que julgar pertinentes. O Comitê poderá pedir informações
adicionais ao Estados Partes, referentes à implementação da presente Convenção.
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Os Estados Partes do presente Protocolo acordaram o seguinte:
Art. 1º:
1 – Qualquer Estado Parte do presente Protocolo (“Estado Parte”) reconhece a competência do
Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (“Comitê”) para receber e considerar comuni-
cações submetidas por pessoas ou grupos de pessoas, ou em nome deles, sujeitos à sua jurisdição,
alegando serem vítimas de violação das disposições da Convenção pelo referido Estado Parte.
Artigo I
Para os efeitos desta Convenção, entende-se por:
Deficiência
O termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente
ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária,
causada ou agravada pelo ambiente econômico e social.
Letra a.
Art. 40:
§ 4º – É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentado-
ria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
complementares, os casos de servidores:
I – portadores de deficiência;
II – que exerçam atividades de risco;
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III – cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.
§ 5º – Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em rela-
ção ao disposto no § 1º, III, “a”, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
Letra e.
O princípio da distributividade, pelo seu caráter social, com base na solidariedade, visa à dis-
tribuição da renda (benefícios assistenciais) prioritariamente às pessoas mais necessitadas e
de regiões mais carentes, em detrimento daqueles que não precisam de uma proteção social
mais efetiva, reduzindo a desigualdade social.
a) Errada. Refere-se ao custeio da seguridade social.
b/c) Erradas. A universalidade da cobertura e atendimento significa cobrir todos os riscos so-
ciais, atendendo a todas as pessoas.
e) Erradas. Refere-se ao financiamento da seguridade social.
Letra d.
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d) é inconstitucional, pois invade a competência privativa da União para legislar sobre trânsito
e transporte.
e) encontra fundamento constitucional na competência reservada dos Estados-membros, que
lhes autoriza a legislar sobre transporte coletivo intermunicipal.
Art. 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
§ 1º – No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
§ 2º – A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suple-
mentar dos Estados.
§ 3º – Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º – A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.
b) Errada.
Art. 24:
XIV – CF – A competência para legislar sobre proteção e integração social das pessoas portadoras
de deficiência é concorrente.
c) Errada.
Art. 24:
§ 4º CF – A superveniência de lei federal sobre normas gerais incorre em SUSPENSÃO da eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário. Não se trata da inconstitucionalidade total da lei.
d) Errada.
Art. 22:
XI, CF – Realmente, a competência para legislar sobre trânsito e transportes é privativo da União,
mas a questão trata de facilitação de acesso de portadores de deficiência e mobilidade reduzida
(integração social), o que é competência concorrente.
e) Errada.
Art. 24:
§ 2º CF – Apesar de ser competência residual dos Estados legislar sobre transporte rodoviário
intermunicipal.
Letra a.
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Art. 18 – É assegurada atenção integrada à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis
de complexidade, por intermédio do SUS, garantindo acesso universal e igualitário.
§ 4º – As ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com deficiência devem assegurar:
IV – campanhas de vacinação;
V – atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e atendentes pessoais.
Certo.
Segundo o art. 11, parágrafo único, do Estatuto, o consentimento da pessoa com deficiência
poderá ser suprido caso ela esteja em situação de curatela.
Errado.
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Daniel Mesquita
Os casos de suspeita ou de confirmação de violência praticada contra a pessoa com deficiência
serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade
policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Letra e.
028. (CESPE/TJ-AM/2019) Julgue o item a seguir, tendo como referência a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
Os serviços socioassistenciais para pessoa com deficiência em situação de dependência in-
cluem a prestação de cuidados básicos e instrumentais por cuidadores sociais.
Art. 39:
§ 2º – Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com deficiência em situação de depen-
dência deverão contar com cuidadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
Certo.
029. (CESPE/TJ-AM/2019) Julgue o item a seguir, tendo como referência a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
Nos programas habitacionais públicos, pessoas com deficiência têm prioridade de aquisição
de imóvel para moradia própria, com reserva de percentual mínimo legal de unidades para elas.
Art. 32 – Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia
própria, observado o seguinte:
I – reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência.
Certo.
030. (CESPE/TJ-AM/2019) Julgue o item a seguir, tendo como referência a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015).
As instituições privadas de ensino, assim como as públicas, devem ofertar educação bilíngue
em língua brasileira de sinais (LIBRAS) e língua portuguesa.
Art. 28 – Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
panhar e avaliar:
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Lei n. 13.146/2015 (Estatuto) – Parte II
Daniel Mesquita
IV – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua
portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;
§ 1º – Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente
o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste
artigo, sendo VEDADA a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalida-
des, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações.
Errado.
Art. 36:
§ 2º – A habilitação profissional corresponde ao processo destinado a propiciar à pessoa com
deficiência aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de
ocupação, permitindo nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo de
trabalho.
Letra e.
Daniel Mesquita
Procurador do Distrito Federal. Mestre em “Constituição e Sociedade” pelo Instituto Brasiliense de Direito
Público – IDP. Pós-graduado em Direito Público. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Brasília.
Professor de Direito Administrativo II e III do IDP. Professor de cursos preparatórios para concursos desde
2012. Cargos e ocupações anteriores: Técnico Judiciário do Superior Tribunal de Justiça; Analista Judiciário
– Área Judiciária do Tribunal Superior Eleitoral; Procurador Federal. Membro de bancas examinadoras
de diversos concursos (entre 2008 e 2011). Coautor dos livros: Direito Administrativo – 4001 questões
comentadas, Ed. Método, 2013 (1ª edição) e 2016 (2ª edição); Direito Constitucional – 4001 questões
comentadas, Ed. Método, 2014; Direito Administrativo, Série Advocacia Pública, Volume 3, Ed. Método.
Autor de diversos artigos jurídicos.
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