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M2 - PED08 - Arte Nos Anos Iniciais
M2 - PED08 - Arte Nos Anos Iniciais
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do
seu curso.
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Objetivo Geral
Fundamentar e discutir a importância da arte e de seu ensino e aprendizagem como
um dos agentes de formação da cultura de uma sociedade, educando os sentidos e a
percepção sensorial, adentrando no tempo/espaço histórico e nas várias formas de
interpretação do indivíduo. Analisar metodologias de ensino da arte para as séries iniciais do
ensino Fundamental que possibilitem o envolvimento da história da arte, leitura da obra de
arte e fazer artístico, numa proposta de desenvolvimento expressivo/crítico e
técnico/criativo.
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 52
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ................................................................................. 54
Avaliação
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A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo
de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo
será avaliado, pois a aprendizagem é processual.
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática.
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de
cada disciplina.
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FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu
cronograma e tenha um controle de suas atividades:
Atividade 1.1
Ferramenta: Tarefa
Atividade 2.1
Ferramenta: Tarefa
Atividade 3.1
Ferramenta: Tarefa
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS VINDAS
Bons Estudos
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Pré-teste
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta
disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado.
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UNIDADE 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
OBJETIVO DA UNIDADE: Discutir a arte e o ensino da arte, considerando o contexto
cultural. Refletir sobre a formação de professores de arte para que a educação estética
esteja cada vez mais próxima da realidade do educador e educando.
Sabe-se que educação é um processo contínuo em que cada indivíduo faz a história
da humanidade, isto é, sua ação não se restringe à mera continuidade, mas supõe a
possibilidade de mudanças. Permite ao indivíduo o desenvolvimento de capacidades de
compreensão e transformação do mundo por meio do ato de comunicar-se. Dessa forma, a
educação torna-se um esforço humano necessário, visando fornecer os instrumentos para
as transformações desejáveis.
Ao referir-se sobre educação, pode-se dizer que todos os povos têm uma
educação, pela qual transmitem a cultura artística ou intelectual, seja de maneira
informal ou por meio de instituições.
Nunes (1976), faz uma análise do valor pedagógico da criação artística,
entendendo que a educação artística ultrapassou a extensividade escolar para reconceituar
as duas ideias, isto é, arte e educação, sob nova perspectiva.
Na tentativa de verificar se é justificável a reconceituação de arte (arte e educação)
Nunes (1976), busca na filosofia grega o ponto de partida para suas explicações. Desse
modo, conforme o autor, a filosofia grega distribuiu as atividades humanas em três
categorias separadas e hierarquizadas: a teórica, relativa ao conhecer; a prática, relativa
ao agir; e a poética, relativa ao fazer1.
Em relação à atividade poética, durante uma palestra, Mário de Andrade2 (2009, p.
23), afirma “[...] eu não sei o que é Belo. Eu não sei o que é a Arte [...]”. Sabendo que tais
palavras causariam surpresa e indagações por parte da plateia, Mário de Andrade explica
1
Nesse sentido, os PCNs incluem os pilares do aprender a aprender e aprender a fazer como
instâncias poéticas.
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Mário Raul Morais de Andrade (1893-1945) poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista,
ensaísta brasileiro. Foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro
Pauliceia Desvairada, em 1922. Exerceu grande influência na literatura moderna brasileira e, como
ensaísta e estudioso - foi um pioneiro do campo da etnomusicologia—sua influência transcendeu as
fronteiras do Brasil. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_Andrade>.
Acesso em: mai. 2021.
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que, diante da dificuldade em conceituar com firmeza Belo e Arte, e não desejando ser
injusto consigo e traidor diante daqueles que o convidaram para proferir a palestra, disse
intuir o que são arte e beleza.
Para ilustrar esse pensamento, relata o acontecido em sua casa, quando um
escultor, em visita, diante da sua coleção de cabeças esculpidas, separou um busto em
madeira e uma cabeça de barro cozido encontrada em um cemitério de Campinas e disse:
“Estas duas cabeças são esplêndidas, têm um espírito”. Naquele momento Mário de
Andrade disse ter concordado com o escultor, mas depois se perguntou:
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Figura 1 – Pintura, óleo sobre tela. “Quarto” de Van Gogh – 1889. Paris, Museu d’Orsay.
Fonte: https://bit.ly/2GtcVE3
Figura 2 – Praça dos Três Poderes, Ministérios das Esplanadas, Brasília, 1960.
Fonte: https://bit.ly/2rTm1Vg
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1.3 Arte e Cultura Contemporânea
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Exemplificando esses motes, a artista plástica e arte-educadora contemporânea,
Regina Silveira³, tem a consciência da nossa participação enquanto construtores da cultura,
como, quando representou a obra de arte “Tropel” (Figuras 3 e 4), realizada sobre a
fachada do edifício do pavilhão da XXIV Bienal, de modo a ser vista diariamente por
milhares de passantes durante a realização do evento. Em sua concepção, apresentou as
pegadas deixadas pelos diversos tipos de animais, que criaram um caminho, uma trilha que
conduziu ao edifício.
Figura 3 - Obra de Regina Silveira, “Tropel”, sobre a fachada do edifício do pavilhão da XXIV Bienal
de São Paulo – 1997.
Fonte: https://bit.ly/2KBDSrg
Figura 4 - Obra de Regina Silveira, “Tropel”, sobre o espaço interno da fachada do edifício do
pavilhão da XXIV Bienal de São Paulo – 1997.
Fonte: https://bit.ly/2KBDSrg
A mera presença da obra “Tropel” no meio urbano, despertou nas pessoas o desejo
de se aproximar e satisfazer a curiosidade de saber; por que existe? O que significa? Quem
fez? E com que material foi feito?
_________________________________
³ Regina Silveira, Profa. Dra. da Escola de Comunicações e Arte/Universidade de São Paulo (ECA-
USP). Artista plástica contemporânea consagrada nacional e internacionalmente.
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A artista-educadora, quando instiga a nossa curiosidade diante da obra de arte, nos
faz um integrante ativo, pois nos faz analisar, refletir e sintetizar ideias e conceitos
abordados na obra, tais como: o que é isto? Uma pichação? Por que na parede de frente do
prédio? São bichos? Quais são? Aonde eles foram? O que estavam fazendo ali? Por que as
pegadas vão ficando maiores à medida que se dirigem para o alto do prédio? Qual a técnica
usada para a construção da obra?
Os diversos tipos de pegadas de animais representadas na obra de Regina sugerem
variados modos de caminhar, com passos de extensão, velocidade e ritmos diferentes.
“Tropel” é definido pela artista como sendo um “agrupamento de pessoas a moverem-se em
desordem”, e também como o “ruído ou tumulto produzido por multidão ao andar ou se
agitar” (SILVEIRA, 1995, p. 122)
Moraes (1995, p. 203), analisa Regina Silveira como artista e orientadora dizendo
que ao transformar as suas concepções artísticas em método de ensino, rompe com a
dicotomia artista/professor e coloca definitivamente por terra aquele velho e preconceituoso
adágio de “quem sabe faz, quem não sabe ensina”, pois Regina Silveira ensina como fazer e
como refletir sobre o que se quer fazer, sobre o que se faz e sobre o que se fez.
Da mesma forma, Moraes (1995, p. 205), conclui que para Regina Silveira a arte é
coisa mental. A autora afirma que essa concepção que enfatiza mais o aspecto conceitual
da arte e que dá apenas a justa medida da importância de seus aspectos operativos, é um
traço que a distingue como artista e como artista que ensina.
Diante o exposto sobre a obra de Regina Silveira, pode-se questionar: qual a posição
da arte perante a cultura, uma vez que ela “parece” ser desligada de tudo? Da mesma
forma, qual a contribuição da arte contemporânea para a cultura contemporânea?
Na busca de respostas para essas questões, Brasil (1987), menciona que a arte
tem influência no desenvolvimento individual e social do homem. O aparecimento de uma
arte, de uma nova experiência dinamiza a coletividade. Essa dinâmica é sempre pensada em
termos de desenvolvimento econômico e social, assim como a cultura.
Porém, a arte foge a esse “fervor” de política econômica, porque ela não é
considerada prática, nem filosofia, nem ciência, nem religião, nem moralidade. Então,
novamente questiona-se: qual a contribuição da arte na cultura?
Assis Brasil (1987), justifica que a arte, como um fenômeno cultural, tem um valor
cognitivo e dá forma à nossa experiência sensorial e emotiva, dessa maneira menciona que:
A arte contribui para a cultura quando emociona e instrui o homem, criando novas
ideias num movimento contínuo.
Dicas de Aprofundamento
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UNIDADE 2
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
OBJETIVO DA UNIDADE: Compreender a evolução do ensino da Arte no Brasil assim
como a história da Arte.
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legislação do ensino destacou-se a Lei 5.692/71, com a implantação da Educação Artística
no currículo, caracterizada pelas “atividades artísticas” - aprender a fazer;
6) Arte na Escola Libertadora e Libertária - Seguia a proposta da pedagogia
ativa, com ações interdisciplinares em torno de um tema gerador;
7) Escola Crítico-Social dos Conteúdos - Representada pela figura do educador
Libâneo. Propôs para o trabalho docente um saber, um saber ser e um saber fazer
pedagógico. Os conteúdos ligados à cultura universal e às realidades sociais;
8) Arte na Escola Construtivista - Criação da Lei 9.394/96, atual LDB. A Arte é
componente curricular obrigatório, definida em quatro linguagens: artes visuais, dança,
música e teatro. Muitos arte-educadores passam a trabalhar a partir de três eixos de
aprendizagem significativa em Arte: refletir, fazer, apreciar.
A síntese acima, a partir da obra de Iavelberg (2003, pp. 109-120), procurou
identificar os principais movimentos históricos do ensino da Arte no Brasil e mostrar que as
tendências pedagógicas mencionadas pela autora estão presentes na estrutura curricular de
grande parte das escolas brasileiras.
Segundo Barbosa (1999), a escola brasileira procurou acompanhar as mudanças
sociais provocadas pela Abolição (1888) e pela República (1889). Este processo de
mudança, porém, foi tão lento que alcançou o século seguinte.
Para a autora, nos inícios do século XX, pelo menos até o final da Primeira Guerra
Mundial, tivemos um prolongamento das ideias filosóficas, políticas, pedagógicas e estéticas
que embasaram o movimento republicano de 1889. Entre 1901 e 1914, a educação de um
modo geral continuava a ser orientada por princípios positivistas e liberais.
Progressivamente, modelos americanos foram influenciando a legislação brasileira, a
qual afirma o estímulo à criação cultural, refletindo-se sobre os objetivos do ensino da Arte,
que até então se restringiam apenas ao ensino do desenho, visando à preparação para o
trabalho.
Segundo Barbosa (1999), os reflexos dos modelos americanos foram expoentes para
as ideias modernistas que eclodiram em 1922, data demarcadora em nossa cultura. Neste
período, no ensino escolar e fora dele, iniciava-se a condenação dos modelos impostos pelo
positivismo e liberalismo. No Brasil, da mesma forma, o movimento modernista negava o
modelo imposto europeu e trazia consigo a criação da identidade cultural brasileira.
Entretanto, o movimento modernista, com suas exposições, com o ritmo esfuziante
da Semana de Arte Moderna de 1922, inovando a estética literária, e com os artigos
publicados em prol de uma arte nacional, não teve nenhuma influência sobre a sistemática
do ensino da Arte nas escolas primária, secundária e superior. Para a autora a escola não
foi convidada a sair do conservadorismo, pois era agente de educação para a nobreza e
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para as carreiras liberais.
Mário de Andrade (1960), elogiou o esforço pioneiro, mas isolado, de Lúcio Costa na
reforma pedagógica iniciada em 1931 na Escola Nacional de Belas Artes. Apesar desse
empreendimento reformador de Lúcio Costa, alguns historiadores acreditam que os
modernistas brasileiros não tiveram muita influência na sistemática do ensino escolar da
Arte, porque no início do século XX o conhecimento artístico estava limitado à transmissão
de padrões e modelos da cultura europeia, ditada pela Academia Imperial de Belas Artes, ou
seja, não havia o amadurecimento artístico desejado, livre de qualquer concepção
conservadora, livre da cultura oficial, a tal ponto, de influenciar o ensino.
Em termos práticos, Mário de Andrade propunha a inclusão das disciplinas de
Estética e História da Arte no currículo das academias mencionadas, sendo complementadas
com conteúdo da disciplina Etnografia Brasileira. Na opinião de Barbosa (1999, p. 121), o
envolvimento de Mário de Andrade na proposta de Reforma da Escola Nacional de Belas
Artes faz parte de sua luta em favor da arte em ação, da arte como fonte de manifestação e
transformação da realidade brasileira.
Na escola tradicional da época, segundo Barbosa (1999), valorizavam-se
principalmente as habilidades manuais, os “dons artísticos”, o imediatismo da Arte, o que
fez Mário de Andrade vir a público, inúmeras vezes, para criticar a “praga” do virtuosismo
do artista brasileiro.
No decorrer dos anos de 1970, os professores de Arte, segundo os Parâmetros
Curriculares de Arte (PCNs-Arte) (BRASIL, 2001), na tentativa de superar a visão do ensino
utilitarista da Arte, estudam novas teorias (pedagogia ativa, escola crítico-social entre
outras) que são divulgadas no Brasil e no exterior, o que auxilia no rompimento com a
rigidez estética, não mais reprodutista no copiar as estampas e retratos, e com os exercícios
formais praticados em sala de aula.
Inicia-se, a partir de então, o favorecimento da autonomia e descobertas para o
aluno, pois as escolas brasileiras segundo os PCNs-Arte (BRASIL, 2001), viveram outras
experiências no âmbito do ensino e aprendizagem de Arte, sustentada pela estética
modernista (1922) que promovia uma identidade nacional com a intenção minimizar as
influências internacionais.
Barbosa (1999), reforça a abordagem dos PCNs (BRASIL, 2001), sobre as
experiências ocorridas, identificando-as com os seguintes fatos: 1) O nascimento do
liberalismo com uma educação centrada no indivíduo; 2) a criação do Ministério e das
Secretarias da Educação, discutida nos gabinetes públicos; 3) elaboração do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, com propostas renovadoras para o sistema do ensino nacional
(tema amplamente abordado no item seguinte); 4) a implantação do projeto de Lei de
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Diretrizes e Bases, definindo as atividades educativas; 5) a implantação do Método
Educacional Paulo Freire, entre outros, ressoando nacional e internacionalmente.
De acordo com as pesquisas menos otimistas de Iavelberg (2003), entre os anos 30
e 60, ainda predominava no ensino da Arte as concepções do desenho clássico,
representação e cópias de objetos e natureza, estudos de letras, faixas decorativas,
construções geométricas, numa tentativa de reproduzir modelos propostos pelo professor,
evidenciando assim que nesse período a crítica e a influência das vanguardas não foram
significativas, a ponto de influenciar na mudança do ensino da Arte.
Já nos fins dos anos de 1960 e na década de 70, houve uma tentativa de
aproximação entre as manifestações artísticas fora do espaço escolar e o que se ensina
dentro dele; essa atitude, aliás, já vinha sendo anunciada pela estética modernista e pelas
propostas renovadoras do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, que a partir dessa
década começam a influenciar o ensino da Arte.
O histórico do ensino de Arte atravessa todas essas transformações. A Arte ocupa o
seu espaço no currículo escolar em 1971, por meio da Lei n. 5692/71, com o título de
Educação Artística, sendo considerada uma atividade artística para a qualificação para o
trabalho e preparo para o exercício da cidadania.
Iavelberg (2003, p.115), menciona que os estudiosos da área reconhecem que neste
momento houve uma compreensão da importância da Arte na formação do indivíduo,
embora ainda com reflexos da escola tecnicista que objetivava preparar os indivíduos para o
mercado de trabalho capitalista.
Os aspectos metodológicos da escola tecnicista ligada ao sistema produtivo
capitalista, na discussão de Iavelberg o “aprender a fazer” era uma orientação forte da
proposta, pois o ensino estava voltado para a prática em sala de aula. O papel do professor
era técnico, neutro e imparcial.
Iavelberg (2003, p. 115), entende que o tecnicismo, com base psicológica
introduzida pelo behaviorismo, ocasionava uma diminuição qualitativa dos saberes em arte
e uma consequente proposta de atividades superficiais. Objetivos, conteúdos, estratégias e
avaliação eram abordados de forma mecânica e programada, visando adequar o
comportamento do aluno às normas da escola (modelo skinneriano).
Para Piaget, (apud IAVELBERG, 2003, p. 115), o behaviorismo não considerava nem
o valor do erro, nem as coordenações do sujeito na construção do conhecimento. A
proposta behaviorista defendia que, pelo condicionamento e uso do reforço positivo e
negativo a relação estímulo/resposta fosse direta, sem passar pelos esquemas assimilativos
do organismo, contrariando assim a teoria de Piaget.
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A reflexão de Piaget e a ênfase da atividade escolar da Educação Artística, que
refletia o processo de ensino/aprendizagem expressivo e criativo, entende-se a base
psicológica da proposta behaviorista descrita anteriormente por Iavelberg.
A autora define a Educação Artística como forma de desenvolver, por meio de
diferentes expressões, o potencial criador que possuímos. Definição bastante adequada para
as bases psicológicas, em função da exposição das emoções. Ainda assim, uma proposta
paradoxal, uma vez que apenas maquiava a forte característica tecnicista. Não podemos nos
esquecer da valorização do tecnicismo para a Educação Artística, uma educação que
enfatizava o uso de manuais para uma formação dirigida.
De acordo com os PCNs-Arte (BRASIL, 2001), a introdução da “atividade artística”
como um pensamento renovador foi desafiante, pois muitos professores não estavam
habilitados para esta ação. Para agravar a situação, durante os anos 70-80, esta “atividade”
foi tratada de forma confusa, em que conceitos obscuros emergem, tais como: “(...) não é
uma matéria, mas uma área bastante generosa e sem contornos fixos, flutuando ao sabor
das tendências e dos interesses” (BRASIL, 2001, p. 28). A Educação Artística demonstrava,
em sua concepção e desenrolar, que o sistema educacional vigente estava enfrentando
dificuldades em caracterizar o real papel da Educação Artística.
Os professores de Educação Artística, segundo os PCNs-Arte (BRASIL, 2001),
capacitados inicialmente em cursos de curta duração, ou os recém-formados pelas então
recentes Faculdades de Educação Artística brasileira, tinham, como única alternativa, seguir
documentos oficiais (guias curriculares) e livros didáticos, que não explicitavam
fundamentos e orientações teórico-metodológicas ou mesmo bibliografias específicas.
Nos anos 70-80, para os idealizadores dos PCNs-Arte (BRASIL, 2001), do ponto de
vista da arte, foram mantidas em seu processo de ensino e aprendizagem as decisões
curriculares oriundas do ideário do início a meados do século 20 (marcadamente tradicional
e escolanovista) com ênfase, respectivamente, na aprendizagem reprodutiva e no fazer
expressivo dos alunos.
Do aprofundamento das modalidades artísticas, a década de 1980, entretanto,
trouxe grandes modificações, iniciando-se uma visão mais crítica e consciente do momento
político e social, marcada pela discussão do papel do educador- educação como ato político.
Nos anos 80 constitui-se o movimento Arte-Educação, numa tentativa de
conscientizar e organizar os profissionais tanto da educação formal como da informal. Neste
período amplia-se a discussão sobre a valorização e o aprimoramento do professor de Arte.
Os PCNs-Arte (BRASIL, 2001) reconhecem e mencionam que o Movimento Arte-
Educação permitiu que se ampliassem as discussões sobre valorização e o aprimoramento
do professor, que reconheciam o seu isolamento dentro da escola e a insuficiência de
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conhecimentos e competência na área.
A insuficiência de conhecimentos em relação à área de Artes era tamanha que após
1988, com a promulgação da Constituição, iniciam-se as discussões sobre a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, quando haveria a implantação da área de Artes no
ensino. Houve manifestações e protestos de inúmeros educadores, retirando-se assim a
referida lei do ensino básico.
Posteriormente, revogam-se as disposições anteriores e a arte é considerada
obrigatória na educação básica, com um novo formato, para promover o desenvolvimento
cultural do aluno.
No Movimento Arte-Educação é que as novas metodologias e as novas concepções
se instauraram, numa conscientização profissional dos artistas brasileiros trazendo
melhorias para o currículo de Arte. São características desse novo marco curricular as
reivindicações no sentido de identificar a área por Arte, e não mais por Educação Artística,
com conteúdos próprios ligados à cultura artística e não apenas como atividade. A cultura
artística que está sendo abordada representa a consagração do cenário artístico nacional e
a institucionalização dos artistas contemporâneos comprometidos com a construção de
poéticas modernas no Brasil.
Esta atitude no trabalho dos artistas, contribui para que a arte no ensino esteja
acoplada à produção cultural da atualidade.
Intensificam-se os questionamentos dos arte-educadores, preocupados com o
terceiro milênio. Ressalta-se ainda a preocupação do encaminhamento pedagógico-artístico
que tem por premissa básica, na abordagem dos PCNs-Arte (BRASIL, 2001), de Ana Mae
Barbosa, Rosa Iavelberg entre outros autores.
Eis aqui um bom motivo para discutir a necessidade da expressão artística num
determinado tempo e local.
Por que preferencialmente História da Arte brasileira? De acordo com as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (BRASIL, 2013, p. 114), “[...] possibilita ampliar o leque de
referências culturais de toda a população escolar e contribui para a mudança das suas
concepções de mundo, transformando os conhecimentos comuns veiculados pelo currículo e
contribuindo para a construção de identidades mais plurais e solidárias”.
Os artistas esboçam realidades próprias do contexto em que vivem e se nutrem, nos
aproxima da realidade local e apontam as transformações sociais, expandindo a
compreensão de um Brasil cultural, baseado nas diferenças.
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Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2013, p. 110), “uma vez que
a Arte retrata uma sociedade e seus processos históricos, contribui para assegurar o
conhecimento e o reconhecimento desses povos para a constituição da nação”.
Por que História da Arte na escola?
As emoções têm história, há muito na produção artística brasileira que ensine sobre
o passado. Para ilustrar essa ideia, recorremos a uma experiência pessoal. Esse anseio foi-
me oferecido em 1994, quando tive a oportunidade de avaliar a respeito da Arte no século
XX ao assistir à exposição de “Bienal Brasil Século XX” (São Paulo, SP). Nessa mostra,
apresentava-se a arte do início do século XX até os dias atuais.
A exposição mostrava-se da seguinte maneira: no terceiro andar do edifício da
Bienal de São Paulo foi exposta a Arte do início do século XX. A primeira obra assistida foi
com a escultura de bronze (figura 5) de Victor Brecheret “Tocadora de Guitarra” (1932).
Quanto mais aproximava da escultura, mais sentia o calor de sua fundição. Em sua estética,
Brecheret trabalhava com o ideal da escultura tradicional, na intenção de levar o estilo
europeu ao Brasil Colônia.
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Sentia-me em estado de graça naquele andar, rodeada com obras de artistas
brasileiros consagrados tais como Anita Malfatti, Cândido Portinari e Lasar Segall, e, muito
ensimesmada questionei: como é que eles conseguiram tal façanha?
Seguindo pela exposição, no segundo andar daquele edifício, iniciou-se um pequeno
estado de ansiedade, deparei-me com a escultura “Poço” (1967) (figura 6) de chapa de aço
e acrílico, da escultora Amélia Toledo, diria que de menor “temperatura” do que a obra do
escultor Victor Brecheret. Recebi um choque térmico, percebi que estava diante do meu
tempo. A obra “O Poço" retrata a exploração de materiais, propõe aços moldáveis e o não
rigor das estruturas das formas simétricas das chapas de aço.
Nesse momento percebi que a obra de arte abandonou o objeto tradicional e passou
a revelar uma nova estética. Não posso negar que tive a sensação desagradável de que a
obra de arte estava sendo deteriorada com o tempo. Para aumentar ainda mais a minha
angústia deparei-me com um grupo de estudantes adolescentes, talvez dos anos finais do
ensino Fundamental, fazendo apologias, de forma irônica, sobre uma parede
completamente branca, questionei de imediato: o que está acontecendo?
Para tentar responder revisitei a história da arte século XX, revendo os valores de
cada década, um trabalho lento com suporte na teoria da arte e contexto histórico, em que
os valores culturais, sociais, econômicos e manifestações políticas se abraçam, formando
um único elemento.
Tropeçando entre dúvidas e questionamentos, apreendi cada época por meio da
arte, com ponderações a respeito do papel do artista na sociedade. É preciso refletir sobre a
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consciência e conhecimento do artista, aproximando-o da história do seu país, da sua
cultura e formação local.
Nesse processo, considero que a arte brasileira no século XX e início do século XXI
operou com as transformações necessárias, na compreensão do nosso tempo e na
revelação das nossas histórias.
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Figura 8 - “Impressão, nascer do Sol” (1872). Artista: Claude Monet
Fonte: https://bit.ly/2Gu93Te
Foi graças à presença desses artistas nas exposições realizadas em Paris, que o
Impressionismo fez sua aparição entre nós, embora já tardiamente.
Por volta de 1914, no Brasil - como em toda a América Latina e, possivelmente, em
todo o mundo ocidental - raro foram os pintores que não sentiram o impacto dessa Escola.
A Artista visual Georgina de Albuquerque, em 1926, aderiu à escola impressionista. A
pintura “Dia de Verão” (Figura 9), retrata a cor e luminosidade nas pinceladas soltas na tela.
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A arte começou a ser pensada em sentido anti-impressionista. Foi a era da
modernidade.
O conceito de moderno estava diretamente ligado a uma definição de cultura
nacional, que fosse capaz de sustentar o confronto com as recentes realizações
internacionais. Uma arte nacional em busca de autossuficiência.
A realidade do Brasil era o elemento central na produção artística e no debate crítico
modernista. A arte brasileira não era moderna no sentido europeu, mas localmente
moderna.
Obras dos Artistas Anita Malfatti (Figura 10), Brecheret (Figura 11), Di Cavalcanti
(Figura 12), Segall (Figura 13), e outros, inovaram e adotaram ideias práticas, ainda não
consagradas pelo uso.
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Figura 12 - “Mulatas” Figura 13 - “Família Enferma”
Artista: Di Cavalcanti Artista: Lasar Segall
Fonte: https://bit.ly/2wSAh6u
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Figura 14 - “Composição” (1951). Artista: Fukushima
Fonte: https://bit.ly/2KBuioA
A óptica - arte, cujo objetivo é a apreensão do olhar num primeiro instante, ainda
um exercício abstracionista, se instaura no Brasil entre outras manifestações.
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Uma grande influência para o mercado nacional, no período abstracionista, na
década de 1960, foram as obras do artista Victor Vasarely (Figura 16), em que os padrões
gráficos é a referência, oferecendo ao observador a ilusão ótica da forma.
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Das transformações radicais das expressões artísticas, a pop-arte apareceu como
uma confissão crítica da moderna civilização urbana e industrial.
Depois de 1960, a representação popular (pop arte) por meio de signos, dirigida
para a cultura de massa, lida com a fotografia, história em quadrinhos, marcas registradas
assim como rótulos de embalagens, representando a imagem da sociedade.
O artista pop brasileiro Romero Britto (Figura 18), naquilo que se refere à sua obra
de arte e sua popularização, se utiliza da embalagem de um produto concebendo o seu
poder de alcance, democratizando o seu trabalho. Uma ótima manifestação pop!
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Figura 19 - Pachamama (2016). Artista: Natalia Coehl
Fonte: https://bit.ly/1oGKEk9
A partir da década de 1970 até os nossos dias, mostras de arte e tecnologia, filmes,
vídeos, fotografias, impressos e holografias integram as manifestações artísticas, operando
em escala universal. Essas manifestações vêm caracterizando o início desse século, numa
busca incessante de compreensão da arte do “nosso tempo”.
Nesse sentido, penso que as questões da história da arte brasileira sejam
pertinentes a todos nós, porque falam da condição e percepção do humano e de todo
acervo das nossas vidas.
Dicas de Aprofundamento
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 2 e a
Atividade 2.1.
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UNIDADE 3
ARTE EDUCAR
OBJETIVO DA UNIDADE: Analisar as propostas atuais da metodologia e ensino da Arte,
tendo como veículo as linguagens da arte visual, teatro, música e dança. Orientar para a
educação e avaliação em Arte nos anos iniciais do Fundamental.
Para organizar os conceitos sobre o ensino da Arte, podemos nos atentar nos
aspectos institucionais, com os interesses político-econômico-sociais e, em todos os
aspectos que permeiam as necessidades locais com interesses próprios. Mas,
primeiramente, podemos iniciar essa “organização” comentando sobre a formação do
professor de Arte.
Podemos, então, questionar: como vai a formação do professor de Arte?
Não que a resposta para essa questão seja a proposta desse estudo, mas trata-se de
um conhecimento relevante para as questões do ensino da Arte. O professor passou a ser
objeto de pesquisa em produções acadêmicas. Hoje, reflete-se, entre outros debates, sobre
a prática acadêmica e autonomia do professor, para que venha a ser, em especial o
professor de Arte, o educador que propicia a formação cultural, por meio das linguagens
artísticas (artes visuais, teatro, dança e música) no ensino escolar.
O professor de Arte não deve ficar isolado entre as paredes da escola, pois precisa
facilitar a construção do conhecimento como bem cultural.
Aprender Arte implica desafios para quem aprende e para quem ensina. É
necessário, que o professor de Arte, segundo Iavelberg (2003), seja um estudante
fascinado por Arte, pois só assim terá entusiasmo para ensinar e transmitir aos seus alunos
a vontade de aprender, numa relação bastante significativa entre o ensino e a
aprendizagem. Para a autora o fascínio e a paixão do professor pela arte parecem ser
essenciais na relação do ensino e da aprendizagem.
Iavelberg (2003), menciona a necessidade de o professor de Arte desenvolver a
competência de saber ver e analisar a imagem. É preciso conhecer a produção artística
visual contemporânea, valorizando nossa herança cultural.
Duarte Jr. (1988), comenta que alguns estudiosos reivindicaram uma educação que
partisse da expressão de sentimentos e emoções, ou seja, uma educação por meio da arte.
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Essa expressão foi criada por Herbert Read, em 1943, para significar, conforme o
autor, uma educação que tenha a arte como uma das suas principais aliadas.
Na percepção dos idealizadores dos PCNs-Arte (BRASIL, 2001, p. 20), o
conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do
mundo na qual a dimensão poética esteja presente. Também entendem que a arte ensina e
que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso mudar referências
(modelos) a cada momento.
Na justificativa sobre a educação em Arte, os idealizadores dos PCNs-Arte (2001),
fazem uma breve contextualização, nos seguintes termos:
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próprio documento, partiram da “Proposta Triangular para o Ensino da Arte” criada por Ana
Mae Barbosa.
Barbosa (2002, p. 17), faz profundas reflexões sobre as mudanças no ensino da Arte
na intenção de desvendar em que sentido a arte-educação mudou, e como essas mudanças
estão sendo percebidas nos professores.
A autora destaca as seguintes mudanças no ensino da Arte:
1) Maior compromisso com a cultura e com a história. Hoje, à livre expressão, a Arte-
educação acrescenta a livre-interpretação da obra de arte como objetivo de ensino;
2) Ênfase na interpelação entre o fazer, a leitura da obra de arte (apreciação
interpretativa) e a contextualização histórica, social, antropológica e/ou estética da
obra;
3) Influi positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes pelo
ensino/aprendizagem da Arte (não podemos entender a cultura de um país sem
conhecer sua Arte);
4) Ampliação do conceito de criatividade. Atualmente, a elaboração e a flexibilidade são
extremamente valorizadas;
5) Necessidade de alfabetização visual (forte tendência de associar o ensino da Arte
com a cultura visual);
6) Compromisso com a diversidade cultural (pluriculturalidade, de acordo com os PCNs
- 2001); incluindo a cultura local da comunidade;
7) Importância do conhecimento da imagem.
Diante da síntese realizada por Barbosa sobre as mudanças no ensino da Arte nota-
se que, emerge um professor de Arte preocupado em fomentar a cultura local e
compreender os códigos artísticos. Para a autora, pode ser resgatado o pensamento de
Herbert Read e de outros defensores da “educação através da arte”. Pois Read propunha a
discussão do objetivo da educação, afirmando que a sua base, assim como a da
democracia, deve ser a liberdade individual, respeitando todas as diferenças, buscando
integrar o indivíduo na sociedade.
A respeito disso e de outros indícios, a arte contemporânea raramente marca
presença no currículo escolar. Na opinião de Nardin e Ferraro (apud FERREIRA, 2001), os
arte-educadores, de um modo geral, não ousam avançar para o campo da produção
artística da pós-modernidade. Comentam que os alunos, ao se depararem com materiais e
formas artísticas não convencionais, não raro indagam: mas isto é arte?
Até meados da década de 1970, as aulas de artes eram encaradas mais como
espaço de lazer. Como reação, começaram a surgir movimentos que procuravam revisar os
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parâmetros do ensino da arte na escola. Um dos movimentos mais importantes na opinião
de Nardin e Ferraro (2001) foi idealizado nos Estados Unidos, sob a denominação Discipline
Based Art Education (DBAE).
No Brasil, Ana Mae Barbosa (1999), adaptou esse modelo à nossa realidade na
década de 1980. Seu trabalho resultou na Metodologia Triangular que, segundo Nardin e
Ferraro (apud FERREIRA, 2001), trata-se de grande contribuição para trazer a imagem e a
história da arte à sala de aula, facilitando o acesso aos conhecimentos artísticos acumulados
pela humanidade.
A Metodologia Triangular foi concebida por Ana Mae Barbosa para envolver: 1)
história da arte; 2) leitura da obra de arte e 3) fazer artístico, tendo como expoentes os
eixos conhecer, fazer e expressar.
Segundo a pesquisadora, o fazer arte tem dominado no ensino das artes plásticas no
ensino não escolar. Temos que alfabetizar para a leitura da imagem, acreditando que
através da leitura das obras de arte estaremos preparando a criança para a decodificação
da gramática visual.
Ana Mae Barbosa, por meio da Metodologia Triangular, defendia no Brasil o modelo
proposto por Edmund Feldman. Segundo esse modelo, o desenvolvimento crítico para a arte
é o núcleo fundamental do ensino de arte. Edmund Feldman acredita que aprender a
linguagem da arte implica desenvolver técnica, crítica e criação e, portanto, as dimensões
sociais, culturais, criativas, psicológicas, antropológicas e históricas do homem (BARBOSA,
1994, p. 43).
Ensinar arte, significa articular três campos conceituais: a criação/produção, a
percepção/análise e o conhecimento da produção artístico-estética da humanidade,
compreendendo-a histórica e culturalmente.
Nesse processo o professor de arte poderá, junto com os seus alunos, refletir
(conhecer) sobre o que se quer fazer, construindo um conhecimento sobre o trabalho
artístico. Apresentar como se faz (fazer artístico) e o que se fez na sociedade em
períodos e culturas diferentes, exibindo técnicas, materiais e linguagens diferentes. Expor o
relato da realidade encontrada (expressar), mostrar o produto histórico-social como
resultado de todo o processo.
Na tentativa de elucidar a proposta triangular, a arte-educadora Nessimian (2006),
propõe o uso da metodologia com o seguinte conteúdo:
Eixo I: CONHECER
Conhecer a música “Trem do Pantanal’’ (Quadro 1) dos músicos Paulo Simões e
Geraldo Roca.
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Enquanto este velho trem atravessa o pantanal
As estrelas do cruzeiro fazem um sinal
De que este é o melhor caminho
Pra quem é como eu, mais um fugitivo da guerra
Quadro 1 - Letra composição musical “Trem do Pantanal”. Autores: Paulo Simões e Geraldo Roca.
Fonte: https://bit.ly/2k74THX
Na pintura “Trem Maria Fumaça”, as linhas principais são diagonais que dá ideia da
perspectiva e movimento na obra. A linha da fumaça reforça o movimento e traz à tona a
memória da criança dos trenzinhos de brinquedos.
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Eixo II: FAZER
Do fazer artístico; as encenações, jogos teatrais e representações (pintura,
modelagem, colagem e utilização de sucatas) sobre o Trem Maria Fumaça ou outros meios
de transporte, poderá ser aplicado. A criação de novos modelos que substituíram a “Maria
Fumaça” (Figura 21) poderá ser um bom assunto para que o processo criativo artístico se
desenvolva.
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3.2 Linguagens da Arte
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Disponível em: <http://artenaescola.org.br/boletim/materia.php?id=76654>. Acesso em: mai.
2021.
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Figura 24 - Catador de lixo Artista: Vik Muniz
Fonte: https://bit.ly/2GuYhMv
Vik Muniz, é um artista plástico brasileiro radicado em Nova York, que faz
experimentos com novas mídias e materiais diferentes. O artista trabalha com os elementos
formais da estrutura da forma, tais como linha, planos, cor, movimento, harmonia, ritmo,
equilíbrio e outros.
A articulação desses elementos na obra dá origem à dimensão poética, gerando
códigos pessoais com sentido e significado para quem o faz e para quem a assiste.
3.2.2 Dança
Um bem que faz parte das culturas humanas que integra o lazer, religiões, rituais e
outros. Um dos objetivos do ensino da dança nos anos iniciais do ensino Fundamental é a
compreensão do funcionamento corporal da criança. Movimentos e performances
articulados no espaço (onde os movimentos acontecem, individualmente ou no coletivo) e
tempo (caráter da velocidade do movimento corporal da criança), ampliando o repertório
gestual (BRASIL, 2001).
Questionamentos a serem propostos pelo professor, tais como a compreensão de
como o corpo se movimenta no espaço total ou parcial, relações entre espaço e tempo, e
coreografias existentes em diferentes culturas, contribui para o desenvolvimento da criança
no que se refere à imagem corporal.
Nas atividades coletivas da dança as relações sociais entre as crianças devem ser
estimuladas pelo professor, incitando a cooperação e as expressões grupais.
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A linguagem da dança excita o reconhecimento de ritmos diferentes, explorando a
imaginação e ampliando a consciência da presença do multiculturalismo.
Atualmente, coreografias próprias com performances e movimentos artísticos,
surgem nas ruas e ambientes culturais.
O Espetáculo “Bolero de 4” (Figura 25) em São Paulo (2017), com direção e
concepção do dançarino Luiz Abreu e criação e interpretação do bailarino João Rafael,
propõe um diálogo entre o bailarino e a bicicleta, como princípios e elementos da dança
contemporânea.
3.2.3 Música
Enquanto componente de forte herança cultural incitada pelas manifestações
populares, revela os inúmeros processos sociais e sistemas de composição e ou
improvisação.
A música, basicamente é formada pelo som (intensidade, altura, timbre, densidade e
duração) e ritmo (movimento ordenado dos sons) com gêneros diferentes (LEONEL, 2015)
No panorama musical existe uma diversidade de estilos e gêneros musicais,
componente de cada época e região, que sofrem influências de outros estilos e movimentos
musicais se adaptando à cultura local.
Estimular a capacidade criadora, expressão e os aspectos cognitivos por meio da
música, é uma das funções da linguagem musical.
O vídeo indicado para assistir (Figura 26), do gênero animação, da música popular “A
Casa” do gênero Bossa Nova do artista Vinícius de Moraes, com direção de Andrés Lieban,
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leva-nos à compreensão da produção musical e da organização dos elementos formais do
som, estilo e gênero.
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3.2.4 Teatro
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O grupo teatral Royal de Luxe, nos mostra que não é necessário condicionar o
trabalho cênico na escola à existência de um teatro com palco e plateia separados por
cortinas. Os limites do palco poderão ser explorados sempre que possível.
Dessa forma uma escadaria, um hall ou outros espaços existentes na escola, podem
apresentar a cena, rompendo com os padrões estéticos, mudando o formato tradicional
para o espaço alternativo, proporcionando o contato direto com a plateia.
O arte – educar nos anos iniciais poderá ser desenvolvido com as parcerias dos
professores regentes, articulando os conteúdos cultura local, história da Arte, fatos e ou
temas propostos, desde que mantidos os pressupostos do teor da arte (criatividade,
expressão, exploração, adequação técnica no uso dos materiais e apropriação das
linguagens da arte) e os aspectos metodológicos.
Várias são as possibilidades de se explorar um tema; um problema anunciado pelo
professor ou pela criança, um conceito, uma imagem, filme ou foto.
O trabalho deverá ser direcionado para a expressão e criatividade da criança,
liberando depoimentos por meio da linguagem da arte, possibilitando a aprendizagem.
Quanto aos aspectos da aplicação dos três eixos metodológicos (conhecer, fazer e
expressar) para os anos iniciais, proposições tais como experimentações técnicas,
exploração de materiais, vivências, contextualização histórica e cultural, poderá trabalhar o
imaginário da criança, estimulando a criatividade e expressão de suas emoções.
O papel do professor de arte no ensino Fundamental é fazer com que a criança
consiga relacionar o conhecimento com as suas vivências, na tentativa de produzir algo que
tenha significado. Atuar por meio de uma pedagogia mais realista que aproxime a criança
da expressão da sua vida e da sociedade, mediando e traduzindo os diferentes significados
presentes na identidade social, aproximando os alunos ao legado cultural e artístico.
É muito importante que se diga que o ensino da arte deva atravessar as paredes da
escola; visita a exposições, museus, festivais e feiras culturais.
Da visita proposta, apresentar à criança a produção artística e cultural da atualidade.
A originalidade na conexão com o passado e o fazer artístico aparente nesses ambientes,
amplia a discussão do professor e conhecimento da criança, não só em artes, mas em
várias áreas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte (BRASIL, 2001) tem como um dos
objetivos do ensino da arte, fazer com que a criança seja capaz de compreender, por meio
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da leitura da obra de arte, o exercício da cidadania, direitos e deveres políticos, a fim de ter
a capacidade de mediar conflitos e ter a condição de tomar decisões coletivas,
transformando e contribuindo para o ambiente circundante.
De que maneira esse objetivo poderá ser cumprido?
A leitura do tema exposto na obra de Arte (visual, música, teatro e dança) de cada
cultura revela o modo de perceber, sentir e articular os significados e valores de uma nação.
Dessa maneira, as práticas sociais culturais (trabalho, alimentação, hábitos e costumes,
festas populares e outras atividades) revelam muito a respeito da sociedade.
A proposta geral dos PCNs-Arte (BRASIL, 2001) para o ensino Fundamental, refere
ao fato de que algumas obras explicam acontecimentos. O exemplo disso se encontra na
obra “Navio de Emigrantes” (Figura 29 e 30), do artista expressionista Lasar Segall, que
apresenta o cotidiano dos marinheiros, detalhes das embarcações e a fragilidade do destino
humano.
A obra “Navio de Emigrantes” (1941), representa o símbolo da emigração durante a
II grande guerra mundial.
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3.4 Avaliação em Arte
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. Interpretar, improvisar e compor demonstrando alguma capacidade ou habilidade;
. Reconhecer e apreciar os seus trabalhos musicais, de colegas e de músicos por
meio das próprias reflexões, emoções e conhecimentos, sem preconceitos estéticos,
artísticos, étnicos e de gênero;
. Compreender a música como produto cultural histórico em evolução, sua
articulação com as histórias do mundo e as funções, valores e finalidades que foram
atribuídas a ela por diferentes povos e épocas;
. Reconhecer e valorizar o desenvolvimento pessoal em música nas atividades de
produção e apreciação, assim como na elaboração de conhecimentos sobre música como
produto cultural e histórico.
- Critérios para avaliação em Teatro:
. Compreender e estar habilitado para se expressar na linguagem dramática; .
. Compreender o teatro como ação coletiva;
. Compreender e apreciar as diversas formas de teatro produzidas nas culturas.
Dica de Aprofundamento
Fonte: https://bit.ly/2GtYzTH
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CONSIDERAÇÃO FINAL
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. 2. ed.
São Paulo, Editora Perspectiva, 1994.
______. Arte-educação no Brasil. 3. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999. (Debates -
Educação)
______. (Org.). Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002.
BRASIL, Assis. Arte e educação: como entender a estética moderna. São Paulo: Editora
Nacional, 1987.
______. Lei n. 9394/96. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras
providências. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-
agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: jul. 2021.
COSTA, Cacilda Teixeira. Arte no Brasil 1950-2000: Movimentos e Meios. São Paulo:
Alameda, 2004.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Por que arte-educação? 5. ed. Campinas/SP: Papirus,
1988.
LEONEL, Evandro. Ensino da Música. Porto Alegre: Artmed, 2015. (Coleção Pedagogia)
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MORAES, Angélica de (Org.). Regina Silveira: Cartografias da Sombra. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 1995.
MORAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos arte: 801 definições sobre arte e
o sistema da arte. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.
NESSIMIAN, Maria Celéne de Figueiredo (Org.). Cultura e Arte em Mato Grosso do Sul.
CG/MS: Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, 2006.
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Convite à estética. Trad. de Gilson Baptista Soares. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
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EXERCÍCIOS E ATIVIDADES
EXERCÍCIO 1
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ATIVIDADE 1.1
EXERCÍCIO 2
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ATIVIDADE 2.1
EXERCÍCIO 3
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e) Como um meio de atribuir uma pontuação justa, ao término de um conjunto de atividades
que compõem uma unidade didática, para finalizar o processo ensino e aprendizagem.
EXERCÍCIO 4
EXERCÍCIO 5
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c) Apenas os enunciados II, III e IV estão corretos.
d) Apenas os enunciados I e IV estão corretos.
ATIVIDADE 3.1
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