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VALVOPATIAS CARDÍACAS

Mallu Cerutti
Anatomia:
Sangue sai do pulmão vai pro AE  passa pela válvula mitral e vai para VE, que se contrai 
sangue sai pela válvula aórtica  circula o corpo e volta para o coração pela veia cava  entra
no AD e vai para VD pela válvula tricúspide  vai para o pulmão pela válvula pulmonar

Fisiologia:
Diástole: Ventrículos relaxados, sangue passa dos átrios para ventrículos, válvulas AV abertas,
válvulas aórticas e pulmonares fechadas
Sístole: Ventrículos contraídos, sangue passa dos ventrículos para os leitos arteriais . válvulas
AV fechadas e aórticas e pulmonares abertas

Estenose: válvula não se abre direito


Insuficiência: válvula não se fecha direito

Semiologia:
Ausculta dos focos:
 Mitral: local do ictus 5º EIC esq.
 Tricúspide: borda esternal esquerda baixa
 Aórtica: 2º EIC dir.
 Pulmonar: 2º EIC esq.

B1: fecha mitral e tricúspide


B2: fecha aórtica e pulmonar
B3: sobrecarga de volume no inicio da diástole, ICC com FE reduzida
B4: sobrecarga de pressão no final da diástole, ICC com FE preservada, IC diastólica ,
hipertrofia de VE. O átrio contrai e joga o sangue pro ventrículo. A B4 é barulho que o sangue
faz batendo na parede hipertrofiada do ventrículo. Então, quem tem FA nunca terá B4, pois o
átrio desses pacientes não contraem.

Entre B1 e B2 é a sístole, então se ouvir sopro nesse intervalo, quer dizer que é sopro sistólico
Entre B2 e B1 é a diástole, então se ouvir sopro nesse intervalo, quer dizer que é sopro
diastólico

ESTÁGIO DEFINIÇÃO
A Tem fatores de risco para valvopatias
Valvopatia leve a moderada e assintomática (doença
B progressiva)- ecocardiograma

C Valvopatia grave assintomática


D Valvopatia grave sintomática

Indicação cirúrgica “classe I”: doença grave desde que sintomático (D) ou com FE reduzida
(alguns C)

ESTENOSE MITRAL
Válvula mitral que não abre direito

Causas:
Febre reumática (95%)

História natural da doença:


A válvula mitral não consegue abrir direito, o AE vai ficar sobrecarregado, vai começar a ficar
dilatado/aumentado devido à alta pressão, o sangue vai começar a voltar para o pulmão,
gerando CONGESTÃO PULMONAR

Quadro clínico:
 Aumento do AE: FA, rouquidão (compressão do nervo laríngeo), disfagia (compressão
do esôfago)
 Congestão: dispneia que piora com aumento da FC

Exames complementares:

Ecocardiograma:
 Principal exame
 Área valvar < 1,5 cm2 = grave
ECG:
 Sobrecarga do AE:
Olhar derivação D2 para ver onda P, que vai estar larga, com > 2,5 quadradinhos
(100ms)
Olhar derivação V1 para ver a área da onda P, se > 1mm negativa, quer dizer que o AE
está aumentado (índice de MORRIS)

Raio-x:
 PA:
Sinal do duplo contorno à direita  significa átrio hipertrofiado
Sinal da bailarina  compressão do brônquio fonte esquerdo
Sinal do arco médio  aumento do arco médio para E

 PERFIL:
Deslocamento posterior do esôfago

Exame físico:
Estenose mitral é uma válvula mitral que não se abre direito
A mitral deveria estar aberta quando? Em diástole
Então será sopro diastólico (ruflar diastólico) Entre B2 e B1 do ciclo seguinte
Quando o átrio se contrai, joga o sangue com mais intensidade na válvula “estragada”
aumentando a intensidade desse sopro no finalzinho da diástole (reforço pré-sistólico)
B1 hiperfonética
Há um estalido de abertura da válvula
Tratamento:

Medicamentoso:
 Controle da FC com betabloqueador

Intervenção:
 Valvotomia percutânea com balão
OBS: se escore de Block > 8  trocar a válvula

ESTENOSE AÓRTICA
Válvula aórtica que não se abre direito

Causas:
 Calcífica: degeneração da válvula, por envelhecimento, dislipidemia, idosos
 Bicúspide: má formação (a normal é tricúspide), jovens
 Reumática: sequela de febre reumática

História natural:
A válvula aórtica não está competente, o sangue não sai direito para o corpo, o VE na tentativa
de compensar, passa a contrair mais e ficar HIPERTROFIADO e posterior insuficiência cardíaca
sistólica (falência contrátil), pois aumentou a demanda cardíaca, além disso, ocorre ANGINA,
baixo fluxo, comprometendo a perfusão cerebral, gerando SÍNCOPE, disfunção contrátil e
DISPNEIA por ICC

Quadro clínico:
 Tríade: ANGINA + DISPNEIA + SÍNCOPE

Exames complementares:

Ecocardiograma:
 Área valvar < 1cm = grave

ECG:
 Sobrecarga de VE
 Olhar em V5 e V6 QRS muito aumentado e strain (alteração de repolarização)
Raio-x: dilatação apenas em fase avançada
 PA:
Aumento do diâmetro transverso do coração
Deslocamento caudal da ponta esquerda (como se o coração mergulhasse no
diafragma)

Exame físico:
Colocar esteto no 2º EICD (foco aórtico)
Estenose aórtica é uma válvula aórtica que não se abre direito
A aórtica deveria estar aberta quando? Em sístole
Então será sopro sistólico (mesosistólico) Entre B1 e B2, irradia para carótidas
Presença de B4 (sobrecarga de pressão)
Pulso PARVUS e TARDUS  baixa amplitude e alta duração (em diamante)

Tratamento:
 Medicamentoso: insatisfatório, evitar betabloqueador

 Intervenção: trocar válvula


Implante de prótese por cateter (TAVI)- opção para paciente com risco cirúrgico elevado

INSUFICIENCIA MITRAL
Válvula mitral que não se fecha adequadamente

Causas:
 Crônica: prolapso da válvula mitral
 Aguda: endocardite, infarto, reumática
História natural:
O sangue volta para o AE (regurgitação), haverá aumento do AE, o ventrículo passa a receber o
sangue que ele regurgitou e o sangue advindo do átrio (sobrecarga de volume), aumento do
VE e posterior ICC

Exames complementares:

Ecocardiograma:
 Fração regurgitante > 50% = grave
ECG
Raio-x

Exame físico:
Quando a mitral devia estar fechada? na sístole
Então será sopro sistólico entre B1 e B2
Holosistólico- mantem a mesma amplitude
B3: sobrecarga de volume

Tratamento:
 Medicamentoso:
Tratar IC
 Intervenção: reparo ou troca valvar

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
Válvula aórtica que não se fecha adequadamente

Causas:

Crônica:
 Valva: sequela de febre reumática
 Aorta: aterosclerose, sd de Marfan (doença de colágeno)

Aguda:
 Valva: endocardite
 Aorta: dissecção

História natural da doença:


Durante a diástole, o VE fica com sobrecarga de volume que vem do AE e da artéria aorta que
regurgita de volta, desenvolvendo ICC
Redução da pressão diastólica, gerando isquemia

Exames complementares:

Ecocardiograma:
 Fração regurgitante > 50 = grave
ECG
Raio-x

Exame físico:
Colocar o esteto no foco aórtico acessório, no 3º EICE
Sopro diastólico depois de B2 aspirativo
B3 de sobrecarga de volume
Sopro protodiastólico- mais intenso no inicio da diástole
Sopro de Austin-Flint: O sangue que regurgita da aorta pode bater na válvula mitral e gerar
uma estenose mitral funcional e podemos perceber um sopro no foco mitral

“Tudo pulsa na insuficiência aórtica”


Pulso de Corrigan (pulso em martelo d’agua)- pulso sobe e
desce muito rápido (olhar carótida)
Sinal de Quincke- pulsação do leito ungueal
Sinal de Müller- pulsação da úvula
Sinal de Musset- pulsação da cabeça

Tratamento:
 Medicamentoso: vasodilatador se sintomático
 Intervenção: trocar valva

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