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Unidade I

ESTUDOS DISCIPLINARES
Digitalizando o mundo real e seus efeitos concretos

Prof. Bruno César


Proposta do Estudo Disciplinar

 Registrar e descrever a inserção das “telas digitais”


e suas ferramentas operacionais no cotidiano
das pessoas (cibercultura).
 Discutir a reverberação de informações em
diferentes suportes, descontextualizando
e recriando conteúdos cotidianamente.
 Observar o congelamento do corpo e a hiperatividade
dos dedos e dos olhos na frente de um aparelho digital.
 Provocar reflexões e possíveis ações no cotidiano social
e escolar, enfrentando desdobramentos da vida digital
com os quais crianças, jovens e adultos lidam diariamente.
Problemática – mais uma entre as muitas?

Em uma escola que:


 emprega práticas de repetição e aquisição do conhecimento,
como no século XIX (imagem, cópia e repetição);
 fragmenta e organiza superficialmente blocos conceituais
em apostilas, como no século XX (narrativa simplificada
de conteúdos);
 recebe crianças, adolescentes e adultos, que são envolvidos
por mensagens instantâneas com sons, imagens, animações
e muita, mas muita interação.
Como se comportar diante dos múltiplos fenômenos que vão além
da ética, moral e principalmente: respeito ao outro?
Ou seja?

Fonte:
https://twitter.com/corretorgrafico/status/584
906903962124289/photo/1

Fonte:
https://twitter.com/corretorgrafico/stat
us/581469186532249600
Trajetória a ser trilhada:

 entre a oralidade e a escrita na educação brasileira;


 suportes textuais e dialogicidade (Chartier e Bakhtin);
 investigação de mídias e suas divisões estruturais (Pross);
 transmídia,“produso” e outros (Jenkins e Bruns);
 internet e comunidades 1.0 >2.0 >3.0... (Rifkin);
 memes, zapzap, e #tudoaomesmotempo?
Problema 01 – para começar

 Nossa sociedade tem ampliado cada vez mais seu conhecimento


por meio do olhar distante e distanciado.
As pessoas mal se conhecem, mas estão em rede. Por quê?

Fonte: acervo pessoal


do Prof. Bruno César
dos Santos (2014).
Sociedade industrial

 Transição de modelos sociais calcados na formação cultural,


humanística e técnica das pessoas de uma
 sociedade industrial, a qual privilegia o ensino tecnicista, que
tem como função preparar os indivíduos para o desempenho
de papéis, de acordo com suas aptidões.
 A prática pedagógica vivenciada não apresenta relação
com o cotidiano do aluno, pouco desperta a curiosidade,
privilegia o acúmulo de conhecimentos, valores
e normas da sociedade.
 Como resultado decorrente, o aluno passa a se desinteressar
por não perceber o sentido daquilo que está sendo ensinado.
Sociedade em rede

Transição de modelos sociais, calcados na formação cultural,


humanística e técnica das pessoas para uma
 sociedade em rede, na qual aprender caracteriza-se
por uma apropriação de conhecimentos que se dá
numa realidade concreta.
 Isto é, parte-se da situação real vivida pelo educando, o que
é apoiado pela presença mediadora e gestora do professor,
compromissado com seus alunos e com a construção
de conhecimentos, procurando responder ao princípio
da aprendizagem significativa (CASTELLS, 1999).
Sociedade em rede

 O conhecimento é concebido como resultado da ação do sujeito


sobre a realidade, estando o aluno na posição de protagonista do
processo da aprendizagem.
 Relação construída de forma cooperativa, num enlace
comunicativo renovado e reflexivo com os demais sujeitos.
 Neste paradigma, a prática pedagógica considera o processo
e as ações mais significativas que o produto deles resultantes.
Interatividade

Das afirmações a seguir, qual é falsa?


a) A “sociedade em rede” se caracteriza por uma apropriação
de conhecimentos que se dá numa realidade concreta.
b) Na “sociedade industrial” há um privilégio para o ensino tecnicista,
que tem como função preparar os indivíduos para o desempenho de
papeis, de acordo com suas aptidões.
c) Na “sociedade industrial”, a prática pedagógica vivenciada não
apresenta relação com o cotidiano do aluno, pouco desperta a
curiosidade, privilegiando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas
da sociedade.
d) Na “sociedade em rede”, parte-se da situação real vivida pelo educando,
o que é apoiado pela presença mediadora e gestora do professor,
compromissado com seus alunos e com a construção de conhecimentos,
procurando responder ao princípio da aprendizagem significativa.
e) Na “sociedade industrial”, a prática pedagógica vivenciada apresenta
relação direta com o cotidiano do aluno, despertando a curiosidade
e evitando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas da sociedade.
Resposta

Das afirmações a seguir, qual é falsa?


a) A “sociedade em rede” se caracteriza por uma apropriação
de conhecimentos que se dá numa realidade concreta.
b) Na “sociedade industrial” há um privilégio para o ensino tecnicista,
que tem como função preparar os indivíduos para o desempenho de
papeis, de acordo com suas aptidões.
c) Na “sociedade industrial”, a prática pedagógica vivenciada não
apresenta relação com o cotidiano do aluno, pouco desperta a
curiosidade, privilegiando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas
da sociedade.
d) Na “sociedade em rede”, parte-se da situação real vivida pelo educando,
o que é apoiado pela presença mediadora e gestora do professor,
compromissado com seus alunos e com a construção de conhecimentos,
procurando responder ao princípio da aprendizagem significativa.
e) Na “sociedade industrial”, a prática pedagógica vivenciada apresenta
relação direta com o cotidiano do aluno, despertando a curiosidade
e evitando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas da sociedade.
Sociedade em rede

 Não é só devido à introdução das Tecnologias da Informação e


Comunicação (TIC) na Educação que está ocorrendo uma crise
paradigmática.
 Portanto, pode-se dizer que um novo espaço pedagógico
está em fase de gestação e suas características são:
o desenvolvimento das competências e das habilidades,
o respeito ao ritmo individual, a formação de comunidades
de aprendizagem e as redes de convivência, entre outras.
 Com o uso de ferramentas tecnológicas para a geração
do ensino remoto, governo, entidades públicas e privadas
esperam romper o gigantesco déficit educacional e encontrar o
caminho da inclusão digital na sociedade da informação.
Sociedade em “nós”

 No caso específico brasileiro, temos um salto “maior que a


perna”, ou seja do universo da cultura oral (semialfabetizada)
para o universo digital, que demanda um cuidado com
elementos mais complexos.
 A falta de escolaridade consistente, aliada à ausência ou
desvalorização das expressões estéticas e culturais, sinalizam
as aberrações que estão presentes em provas de leitura
ou programas de letramento digital.
Sociedade em “nós”

 Deve-se ressaltar ainda a quantidade de conteúdos que


são mal escritos ou rinhas e discussões no universo digital,
mostrando desrespeito ao outro.
 Deve-se somar a este cenário o processo de iconofagia, ou
seja, nos tornamos consumidores de imagens (BAITELLO,
1997), fazendo com que as relações sejam telepáticas,
porém apáticas e de “conexão”.
Sociedade em “nós”

 A conectividade faz com que estejamos em todos os lugares,


mas ao mesmo tempo em nenhum, uma vez que a dispersão do
suporte de expressão seja em tempo real.
 Nosso tempo cronológico se torna pulverizado, perto da
possibilidades que os meios de comunicação permitem.
 A apatia e o cansaço tomam a pessoa, uma vez que
o olhar e o cérebro estão mais acelerados que o corpo.
Sociedade fora de “nós”

 Desta forma, escrever torna-se menos importante do que


imagens, fotos, animações que saltam para nossos olhos
e memórias.
 O professor também entra nesse processo de pulverização
do saber e da construção do conhecimento, sinalizando que
a escola, ao invés de ser o local da sapientia, transforma-se
no lugar da socialização.
 O suporte de ensino e a paciência tornam-se elementos
conflitantes, devido à sua estrutura e apresentação,
os quais não são mais lineares e temporais.
Sociedade fora de “nós”

 Desta forma, podemos perceber que existem bons elementos


de conteúdo ou ainda meras cópias de mau gosto. Seria o
processo denominado por Allouch (1995) de transcrever,
traduzir e transliterar.
E o Brasil? Como é que fica?

 Conflito entre o trabalho braçal (que quase todos faziam


e copiavam), com a atividade corporal e mental (trabalho
em cartórios, escritórios e burocracias).
 Urbanização de um país colonial e rural, com diversas
e extensas terras (nas mãos de poucas pessoas), com
poucas oportunidades de acesso à educação e cultura, criando
geração de retirantes e pequenos guetos.
 Aprendizagem estritamente oral, por meio da cultura
transmitida de pai para filho, de forma imaginária
e relativamente elitista. Saltamos da oralidade para
a Internet sem termos passado um bom período pela escrita.
E o Brasil? Como é que fica?

Estudar é chato, pois:


 recente contato com a leitura e a escrita faz com que utilizemos
práticas pedagógicas repetitivas e cansativas (a única forma de
fazer uma sala ficar quieta é “copiar a lousa”);
 práticas de estudo clássicas e discriminatórias (o que vale é
repetir um conjunto de saberes, mesmo não sabendo para
que servem ou como se aplicam no nosso cotidiano);
 escola democrática e democratizante, mas com ideais
e imaginários diferenciados (processos de inclusão,
mas sem envolvimento com a construção e a valorização
de saberes);
blocos conceituais que levam ao seguinte questionamento: por
que eu estudo isso?
Interatividade

A partir do que sabemos sobre algumas características da


educação brasileira, das afirmações a seguir, qual é falsa?
a) Conflito entre o trabalho braçal com a atividade corporal
e mental, dando ênfase apenas à prática operacional.
b) Urbanização de um país colonial e rural, permitindo poucas
oportunidades de acesso à educação e cultura.
c) Aprendizagem estritamente oral, por meio da cultura
transmitida de pai para filho, de forma imaginária
e relativamente elitista.
d) Recente contato com a leitura e a escrita, empregando
práticas pedagógicas repetitivas e cansativas (a única
forma de fazer uma sala ficar quieta é “copiar a lousa”).
e) Práticas de estudo clássicas e inclusivas, ou seja,
valoriza-se tudo que o aluno diz.
Resposta

A partir do que sabemos sobre algumas características da


educação brasileira, das afirmações a seguir, qual é falsa?
a) Conflito entre o trabalho braçal com a atividade corporal
e mental, dando ênfase apenas à prática operacional.
b) Urbanização de um país colonial e rural, permitindo poucas
oportunidades de acesso à educação e cultura.
c) Aprendizagem estritamente oral, por meio da cultura
transmitida de pai para filho, de forma imaginária
e relativamente elitista.
d) Recente contato com a leitura e a escrita, empregando
práticas pedagógicas repetitivas e cansativas (a única
forma de fazer uma sala ficar quieta é “copiar a lousa”).
e) Práticas de estudo clássicas e inclusivas, ou seja,
valoriza-se tudo que o aluno diz.
Problema 02 – para ver esse mundão digital!

 Os suportes textuais estão


presentes em diversos formatos,
pifando a estrutura da narrativa
e escondendo a autoria. De que
forma a transmedia está presente
em nossas vidas?

Fonte: acervo pessoal do Prof.


Bruno César dos Santos (2014).
Muita informação num só lugar?

 O universo digital, por ser um espaço educacional “novo”,


emprega conceitos de várias áreas do conhecimento, traçando
um percurso que tente compreender algumas
das mudanças que traz consigo.
 Entre os conceitos selecionados estão os de transmídia (Henry
Jenkins); suportes textuais (Roger Chartier); dialogicidade
(Mikhail Bakhtin); investigação de mídias
(Harry Pross); produto e produso (Axel Bruns)
e uma surpresa…
Muita informação num só lugar?
Chartier dá o suporte

 A escrita é estudada por Roger Chartier pela ótica da chamada


“sociologia dos textos”, ou seja “compreender como
as sociedades humanas construíram e transmitem as
significações das diferentes linguagens que designam
os seres e as coisas” (CHARTIER, 2007, p. 10).
 É fundamental aproximar a compreensão e o comentário das
obras literárias da análise das condições técnicas ou sociais de
sua publicação, circulação e devida apropriação.
Muita informação num só lugar?
Chartier dá o suporte

 A produção de textos é um processo que implica, além


do gesto da escrita, diversos momentos, como técnicas e
intervenções dos copistas, livreiros editores, impressores,
revisores etc. Atualmente, temos os designers dos universos
impresso e digital.
 Assim, é impossível avaliar qualquer obra sem considerar
a materialidade de seu suporte (CHARTIER, 2007).
Os textos não atingem seus leitores ou ouvintes senão
graças aos objetos e às práticas que os apresentam
à leitura ou à audição.
Muita informação num só lugar?
Pross conduz as mídias

Em 1972, ao publicar o livro intitulado “Medienforschung”


(Investigação da mídia), o autor discorre a respeito dos tipos de
comunicação praticadas pelo homem, dividindo-as em três tipos de
mídias, ou seja:
 mídia primária, situação em que o corpo é o principal meio
de comunicação entre os seres;
 mídia secundária, na qual um corpo utiliza uma ferramenta
ou suporte para se comunicar com o outro e;
 mídia terciária, quando dois corpos utilizam a mesma ferramenta
para se comunicarem.
Muita informação num só lugar?
Bruns mostra que produzimos e consumimos

 “Na sua forma digital, o conteúdo (sejam informações,


conhecimentos, ou mesmo trabalho criativo) é de fácil
utilização e rapidamente compartilhável. Pode ser
modificado, ampliado, recombinado [...]: isto significa
que o termo "consumo“, em seu sentido convencional,
não mais se aplica” (BRUNS, 2008, p.14).
 Ideia dos punks e das mocinhas costureiras: faça você mesmo,
ou seja, produza e utilize você mesmo.
 Aqui nasce um termo inexistente no português:
produsuário (ou produser, em inglês).
Muita informação num só lugar?
Bruns mostra que produzimos e consumimos

(BRUNS, 2008, p.3).


Muita informação num só lugar?
Bruns mostra que produzimos e consumimos

(BRUNS, 2008, p.148).


Interatividade

Para Bruns, o que é produser?


a) Pessoa que consome produtos manufaturados.
b) Pessoa que fabrica produtos manufaturados.
c) Pessoa que escolhe ser produtor do seu produto de uso.
d) Consumidor desatento aos valores financeiros do produto.
e) Um erro ortográfico de Língua Portuguesa.
Resposta

Para Bruns, o que é produser?


a) Pessoa que consome produtos manufaturados.
b) Pessoa que fabrica produtos manufaturados.
c) Pessoa que escolhe ser produtor do seu produto de uso.
d) Consumidor desatento aos valores financeiros do produto.
e) Um erro ortográfico de Língua Portuguesa.
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

 O conceito de “narrativa transmidiática” foi introduzido por


Henry Jenkins (2008) a fim de nomear experiências narrativas
que se expandem em vários meios e/ou plataformas (meios
físicos de distribuição, como computador, laptop, celular,
televisão, revistas etc.).
 Esse fenômeno tem consequências de grande amplitude que se
evidenciam em aspectos sociais, culturais, econômicos,
tecnológicos etc.
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

 Na narrativa transmidiática, cada mídia deve contribuir


com informações complementares de forma distinta
e valiosa à trama principal.
 Idealmente, cada meio oferece contribuição singular para
a coerência da narrativa.
 É um processo no qual os elementos de uma obra ficcional são
dispersos sistematicamente em múltiplos canais
de distribuição, criando experiências de entretenimento
unificadas e coordenadas.
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

Potencial de compartilhamento X profundidade


 A habilidade e o grau que o conteúdo tem de ser compartilhado
e a motivação do espectador em
compartilhar o conteúdo versus a habilidade do
espectador de explorar profundamente o conteúdo
que ele encontra quando esbarra numa ficção que
prende sua atenção.
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

Continuidade X multiplicidade
 Algumas franquias transmídias mantêm uma coerência
contínua para que possa haver plausibilidade máxima
em todas as extensões de conteúdo.
 Outros corriqueiramente usam versões alternativas dos
personagens ou universos paralelos das suas histórias
para mostrar maestria sobre o conteúdo apresentado.
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

Imersão x extração
 Na imersão, o consumidor entra num universo da história
(exemplo: parques temáticos).
 Enquanto no potencial de extração, os fãs levam consigo
aspectos da história, como recursos que eles utilizarão
em espaços do seu dia a dia (exemplo: produtos da loja
do parque).
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

Construção de universos
 Extensões transmedia. Muitas vezes, elementos não
diretamente relacionados à narrativa principal, que dão
uma descrição mais rica do universo onde a narrativa principal
se desencadeia.
 Franquias podem explorar tanto o universo digital quanto
experiências reais. Essas extensões muitas vezes levam
os fãs a catalogarem e capturarem elementos díspares.
Muita informação num só lugar?
Jenkins apresenta as diversas plataformas

Serialidade
 Transmedia storytelling pegou a ideia de se quebrar o arco
narrativo em pequenos e discretos pedaços ou instalações
dentro de uma única mídia e transformou isso na ideia de
espalhar esses pedaços de história em diversas plataformas.
Interatividade

Suporte textual é um termo cunhado por:


a) Harry Pross;
b) Henry Jenkins;
c) Axel Bruns;
d) Roger Chartier;
e) Mikhail Bakhtin.
Reposta

Suporte textual é um termo cunhado por:


a) Harry Pross;
b) Henry Jenkins;
c) Axel Bruns;
d) Roger Chartier;
e) Mikhail Bakhtin.
ATÉ A PRÓXIMA!

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