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Croup and COVID-19 in a child

Croup (Laringotraqueobronquite)

É uma patologia inflamatória aguda, causada por um vírus, em que tipicamente atinge a
laringe, particularmente do espaço subglótico (mas como o nome indica pode atingir também
a traqueia e os brônquios).

O agente mais comumente envolvido é o vírus parainfluenza tipo 1, mas existem outros como
o VSR, influenza, adenovírus, coronavírus, parainfluenza tipos 2 e 3.

Cronologia dos sintomas: um caso clássico inicia-se com um pródromo de sintomas de infeção
respiratória superior (rinorreia, faringite, febre baixa, tosse), com duração de poucos dias
(varia, 1-7 dias). Depois surgem outros sintomas como o estridor, a tosse rude/de cão.
Diminuem com o repouso e agravam à noite e com agitação.

Caso clínico

Menino de 18 meses deu entrada no SU com 2 dias de febre e diminuição da ingestão e com 1
dia de respiração barulhenta. [Sem hx de tosse, asfixia ou inalação de corpo estranho].

Exame Objetivo

Dificuldade respiratória grave: evidenciada pelo estridor, retrações torácicas profundas,


diminuição do murmúrio bilateralmente e taquipneia significativa (LSR lactente 40 cpm).

Apresentava febre elevada, taquicardia franca (LSR 130 bpm) e diminuição significativa da
saturação de oxigénio.

Tratamento imediato

Foi então iniciado o tratamento imediato com a administração de corticoides. Como não
demonstraram qualquer melhoria deram também adrenalina. Em seguida o menino
desenvolveu uma convulsão tónico-clónica generalizada (possivelmente devido a hipoxia
cerebral) que cessou com diazepam iv.

Investigação

(Slide 1)

Depois de estabilizado o doente, passamos à investigação laboratorial e imagiológica. A


gasimetria mostrou uma insuficiência respiratória hipercápnica (pCO2 acima de 50 mmHg) e
por isso foi intubado onde se verificou inflamação da laringe e edema da subglote (típico do
croup). Dentro de painel de vírus respiratórios analisados, o doente testou positivo para o
SARS-CoV-2 e o VSR.

(Slide 2)

No 2º dia de internamento o menino teve alguns episódios de diarreia e voltou a ser feita
investigação analítica. As fezes foram negativas para os microrganismos testados
nomeadamente Rotavírus, Shigella, Salmonela, e E.coli enteropatogénica. Houve uma elevação
moderada dos parâmetros inflamatórios e também sinal de coagulopatia pela elevação ligeira
da TP e um teste dos D-dímeros positivo. [parâmetros hepáticos, renais e função cardíaca
normais, RX-Tórax normal].

Diagnósticos Diferenciais

Inalação corpo estranho: considerar em todos os pacientes com história de engasgamento ou


asfixia. Sintomas variam de assintomático a obstrução completa VA.

Diagnóstico: sibilos ou ausência de sons respiratórios (normalmente unilateral); RX torácica e


do pescoço com vistas PA e lateral; gasimetria se dificuldade respiratória severa.

Traqueíte: no caso de uma superinfeção bacteriana a laringotraqueobronquite pode progredir


para traqueíte. Algumas semelhanças ao croup (como na idade atingida e no pródromo de
sintomas), segue-se frequentemente a uma ITRS e apresenta-se como uma descompensação
aguda do quadro.

Epiglotite: tem um quadro bem mais agudo, em que além dos sinais de dificuldade respiratória
(que tínhamos no caso) temos uma aparência tóxica, voz abafada e a típica posição do tripé
(sentado com o pescoço em extensão – maximiza entrada de ar).

Ao RX temos o sinal do polegar que contrasta com o sinal do campanário no croup


(corresponde a um estreitamento subglótico). Importante referir que o diagnóstico dos dois é
clínico, não requer a radiografia. E por exemplo no caso não havia alterações de relevo no RXT,
pelo que isso não exclui a laringotraqueobronquite.

Outros: abcesso retrofaríngeo ou retroamigdalino, massas, angioedema.

Tratamento e seguimento

O paciente iniciou corticoide em baixa dose durante 5 dias devido à possibilidade de


desenvolver síndrome inflamatório multissistémica além de ceftriaxone.

Respondeu bem ao tratamento e foi extubada 7 dias depois, sem complicações posteriores.

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