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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

BÁRBARA CAROLYNE CUNHA BEZERRA

ASSISTÊNCIA AO PARTO EM MULHERES INDÍGENAS

Teresina - PI
2023
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

BÁRBARA CAROLYNE CUNHA BEZERRA

ASSISTÊNCIA AO PARTO EM MULHERES INDÍGENAS

Pré-projeto apresentado como requisito


parcial para a disciplina de Metodologia da
Pesquisa do curso de Pós-graduação em
Enfermagem Obstétrica, no Centro
Universitário Uninovafapi.

Orientação: Profª. Renata Miyabara

Teresina - PI
2023
ASSISTÊNCIA AO PARTO EM MULHERES INDÍGENAS
Bárbara Carolyne Cunha Bezerra

RESUMO

Essa pesquisa aborda a importância de considerar a diversidade cultural no


atendimento à saúde da mulher indígena durante o período de gestação e parto.
Trata-se de uma pesquisa exploratória com busca nas bases de dados LILACS e
SciELO. Constatou-se a relevância dos costumes e práticas tradicionais para as
mulheres indígenas, como o parto domiciliar, o uso de medicamentos naturais e a
realização de seus rituais específicos, bem como a necessidade de capacitação dos
profissionais de saúde para atender às demandas específicas dessas comunidades.
É fundamental promover a articulação entre as políticas públicas de assistência à
saúde e os sistemas tradicionais de saúde indígena, visando garantir o acesso pleno
aos serviços de saúde sem discriminação.
Palavras-chave: Indígenas; Saúde da mulher; Parto.

INTRODUÇÃO

A quase uma década de prestação de atendimento de enfermagem voluntário


a indivíduos de diversas culturas e idiomas, incluindo comunidades indígenas,
ribeirinhas e refugiados sírios, tanto em território nacional quanto no exterior,
proporcionou-me uma percepção diferenciada acerca da abordagem
multidimensional do processo saúde-doença.
O Brasil é um país multicultural que, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2012), em 2010, tinha uma população de 896.917
indígenas, divididos em 305 etnias e 274 línguas diferentes. Ferreira (2013) afirma
que as mulheres indígenas fazem parte dessa população étnica e
socioculturalmente diversa e heterogênea, o que demanda a criação de políticas de
saúde adequadas aos múltiplos contextos étnicos nos quais estão inseridas. É
importante ressaltar que cada povo indígena tem direito a seus medicamentos
tradicionais e a manter suas práticas de saúde, além do acesso a todos os serviços
de saúde, sem qualquer discriminação. (ONU, 2008).
Considerando o exposto, como pode ser descrito o processo de assistência
prestado a mulheres indígenas durante o período de gestação e parto, tendo em
vista a ampla diversidade cultural envolvida?
Essa revisão bibliográfica tem como objetivo entender como se dá a
assistência de saúde à mulher indígena durante o período da gestação e do
puerpério.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória que, segundo Gil (2002), tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, a fim de torná-lo mais
explícito. Pode-se dizer que esse tipo de pesquisa tem como objetivo principal o
aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições.
Para a realização do estudo foi feita uma pesquisa nas bases de dados
SciELO e LILACS com os descritores: saúde da mulher, indígenas e parto. Foram
encontrados 16 artigos. Excluiu-se da amostragem publicações anteriores a 2011 e
artigos que não condiziam com o tema proposto, restando 2 artigos com
informações pertinentes ao objetivo deste estudo: “Protagonismo da mulher indígena
e cuidados no momento do parto: revisão integrativa” (PINHEIRO, et al, 2019) e
“Saúde e relações de gênero: uma reflexão sobre os desafios para a implantação de
políticas públicas de atenção à saúde da mulher indígena. ” (FERREIRA, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segue abaixo o quadro com a apresentação dos artigos analisados para a


elaboração dessa pesquisa.

AUTOR/ANO TEMA OBJETIVO RESULTADOS CONCLUSÃO


PINHEIRO, P. Protagonismo Identificar, na A mulher Sugere-se que
O., et al, 2019 da mulher literatura indígena, por os profissionais
indígena e nacional, o meio de de saúde
cuidados no protagonismo e experiências trabalhem a
momento do cuidados da adquiridas dos assistência à
parto: revisão mulher indígena ensinamentos e saúde da
integrativa no parto. vivências exerce mulher indígena
seu de forma
protagonismo no humanizada,
modo de cuidar considerando
e preservar sua os aspectos
futura geração a fisiológicos,
partir da psicológicos e
gestação e socioculturais
parto, bem como da parturiente
das lutas pelo que proporcione
acesso aos um parto
sistemas de seguro e
saúde adequado harmonia entre
à sua realidade profissionais de
e por seus saúde e família.
direitos.
FERREIRA, L. Saúde e Apresentar As políticas É necessário
O., 2013 relações de contrastes direcionadas a que as políticas
gênero: uma existentes entre esse segmento públicas
reflexão sobre os discursos social, em aprendam
os desafios das políticas consonância a ouvir e a
para a públicas de com os direitos dialogar com
implantação de atenção à diferenciados povos
políticas saúde da desses povos, culturalmente
públicas de mulher, devem distintos se
atenção particularmente considerar as abrindo para
à saúde da da indígena, e o mulheres uma
mulher indígena discurso indígenas como diversidade
etnológico que sujeitos impressionante
enfatiza a relacionais de formas de
especificidade inscritos ser mulher
das relações de em contextos indígena
gênero em particulares e no Brasil.
sociedades imersos em
indígenas. sistemas
de parentescos
que organizam
as relações
sociais.
*Fonte: a autora

Quando se trata da questão indígena nada pode ser generalizado, por serem
povos que possuem uma imensa diversidade cultural, sendo assim, Pinheiro (2019)
afirma que cada parturiente segue os costumes do seu próprio povo, entendendo o
processo da gestação e parto como curso natural da vida, tanto das mulheres como
de toda a comunidade, sendo reconhecido como um período sagrado, ligado à
natureza.
É necessário destacar a importância da autonomia que toda mulher deve ter
durante o seu momento de gestar e parir uma nova vida. Na cultura indígena
brasileira, o parto em ambiente domiciliar é mais valorizado, onde são adotadas
práticas como banhos, consumo de chás, alimentação ou jejum de acordo com
preceitos específicos, além de considerações ambientais como temperatura,
iluminação, rituais relacionados à placenta e posições de parto. Tais costumes são
considerados benéficos para a saúde e bem-estar das mulheres, gerando menor
disposição em abandonar suas tradições culturais para lidar com condições
desconhecidas e ameaçadoras. (Ferreira, 2013)
Em contraste com outras mulheres, as mulheres indígenas priorizam a
preservação de suas tradições e costumes, buscando, acima de tudo, o conforto
durante o período de gestação e parto. Diante disso, há a necessidade de
articulação entre as políticas públicas de assistência à saúde e os sistemas
tradicionais de saúde dessas comunidades. Para isso, é fundamental que os
profissionais de saúde sejam capacitados para prestar atendimento adequado e
sensível às demandas específicas das mulheres indígenas, considerando não
apenas o saber científico, mas também o saber popular. Além disso, é preciso
promover a educação em saúde em linguagem acessível às diferentes comunidades
indígenas, com destaque para os cuidados tradicionais relacionados à saúde
feminina. (Pinheiro, 2019)

CONSIDERAÇÕES FINAIS / CONCLUSÃO

O estudo aborda a assistência de saúde à mulher indígena durante o período


de gestação e parto, considerando a diversidade cultural presente nas diferentes
comunidades indígenas do Brasil. É destacada a importância da preservação dos
costumes e tradições dessas comunidades durante o processo de gestação e parto,
em que o parto em ambiente domiciliar é mais valorizado. Diante disso, é necessária
a articulação entre as políticas públicas de assistência à saúde e os sistemas
tradicionais de saúde dessas comunidades, bem como a capacitação dos
profissionais de saúde para prestar atendimento adequado e sensível às demandas
específicas das mulheres indígenas. Por fim, é enfatizada a importância da
promoção da educação em saúde em linguagem acessível às diferentes
comunidades indígenas, com destaque para os cuidados tradicionais relacionados à
saúde da mulher.
REFERÊNCIAS

FERREIRA, L. O. Saúde e relações de gênero: uma reflexão sobre os desafios


para a implantação de políticas públicas de atenção à saúde da mulher
indígena. Rio de Janeiro, 2013.

GIL, A. C. 1946. Como elaborar projetos de pesquisa. - 4. ed. - São Paulo: Atlas,
2002.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo


Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração das Nações Unidas


sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Rio de Janeiro, 2008.

PINHEIRO, P. O., PINHEIRO, C. P. O., MENDONÇA, F. A. da C., SILVA, R. M da,


BRASIL, B. M. B. L., SAMPAIO, L. R. L. Protagonismo da mulher indígena e
cuidados no momento do parto: revisão integrativa. Juazeiro do Norte, 2019.

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