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Ambientes lóticos e

Limnologia Biótica
lênticos
O ambiente aquático
O ambiente aquático é dividido em:
• Ecossistemas continentais (doce, dulcícola ou limnético)
• Ecossistemas marinhos
• Ambientes de transição (estuários)

Ambiente
Aquático
 Os ecossistemas límnicos ou limnociclo correspondem
aos ecossistemas de água doce, que são rios, riachos,
lagos, lagoas, represas entre outros.
Os ecossistemas aquáticos
A rede hidrográfica brasileira
continentais abrigam uma
apresenta um elevado grau de
grande diversidade de fauna e
diversidade e alta complexidade
flora

Ecossistemas
continentais
É um grande conjunto de bacias
e regiões hidrográficas com Estes ecossistemas aquáticos
características diferenciadas, o são responsáveis por grande
que torna favorável o parte da biodiversidade
desenvolvimento de uma biota brasileira.
aquática altamente complexa
Lótico
é o sistema aquático
que está presente nos
rios, nos riachos e nos
córregos. Ele se
caracteriza pelo fluxo
de água constante que
se desloca da nascente
à foz

Lêntico
lagos, lagoas,
reservatórios e
pântanos,
caracterizado por águas
paradas e sem corrente
Lótico Lêntico

Corrente
• é um fator limitante e de controle muito mais importante

intensa troca entre os ambientes terrestre e aquático


• gerando um ecossistema mais aberto com comunidades de
metabolismo
estratificação térmica e química
• rara

Oxigênio
• tende a ser mais alta e mais uniforme em rios
Os estuários podem ser considerados como um sistema hidrográfico
costeiro semi fechado, que em função do ciclo das marés, são
abastecidos por águas oceânicas e fluviais.

Esta mistura de águas de diferentes salinidades gera um ambiente


que apresenta condições especiais, nos aspectos físico, químico e
biológico, transformando-o numa das áreas de grande fertilidade.

Ecossistemas
estuarinos

Fonte: https://www.marinha.mil.br/secirm/sites/www.marinha.mil.br.secirm/files/publicacoes/ppgmar/CienciasdoMarVol1.pdf
 Alta densidade e viscosidade da água têm grande significado para
a locomoção dos organismos no meio aquático, logo os
organismos aquáticos apresentam profundas adaptações
morfológicas e fisiológicas, para reduzir o efeito da resistência do
meio à locomoção.
 “Os corpos de água são dinâmicos e complexos,
e dependem primariamente da nascente como
Ecossistemas fonte de água, e o estoque é refletido pelas
condições hidrológicas e geológicas do local. A
continentais maioria dos parâmetros variam ciclicamente no
período de 24 horas, influenciando os fatores
bióticos (vivos) e abióticos (não vivos) do meio”
Lago

• Lago é o nome comum dado a toda massa de água


que se acumula de forma natural em uma depressão
De acordo com a topográfica totalmente cercada por terra.
definição original de • A apresenta um tamanho maior lagoa.
Forel (1892), um lago é
um corpo de água • Além disso, o lago é uma depressão natural, sua
estacionário, água pode ser proveniente de chuva, de uma
ocupando uma nascente local, ou de um curso de água
determinada bacia e
não conectado com o
oceano
Lago

• porém são fenômenos de pequena duração na


escala do tempo geológico, por serem áreas, por
serem áreas onde domina o processo de
sedimentação que gradualmente os torna cada vez
menores e mais rasos.

SEDIMENTAÇÃO
Lago

• A origem dos lagos é variável e depende da


geomorfologia do terreno. Geologicamente, a
maior parte dos lagos da Terra é recente totalmente
cercada por terra.

Residual Litorâneo Tectônico Glacial Vulcânico


Lagos Glaciares
•A maioria destes lagos surgiram há
aproximadamente 10.500 anos e são encontrados
em regiões de alta latitude, especialmente em
regiões temperadas.
Lagos Glaciares
• São formados pelas irregularidades em terrenos
compostos pelos sedimentos transportados pelas
geleiras, originando os chamados “Lagos de
Caldeirão”
 Depressões em locais de antigas geleiras continentais que foram
preenchidas por água;

 Blocos de gelo que desprenderam de geleiras e foram transportados de


forma a servirem de ponto de apoio para o acúmulo de sedimentos,
aterrando-os em muitos casos, o que acabou protegendo os blocos de
gelo da insolação e levando assim centenas de séculos para
descongelarem. Ao se descongelarem formaram bacias hidrográficas
circulares e relativamente profundas.
Lagos Tectônicos
• As bacias tectônicas são depressões formadas por
movimentos das zonas mais profundas da crosta
terrestre.
• Os vários tipos de atividades tectônicas originaram
lagos grandes e profundos, os movimentos
epirogenéticos formam lagos em decorrência dos
movimentos de elevação e abaixamento da crosta
terrestre
Lagos Tectônicos

• Já as falhas tectônicas formam lagos em


decorrência de movimentos tectônicos que causam
a descontinuidade da crosta terrestre
Lagos Tectônicos

• Esses lagos originaram-se no Terciário há cerca de


12 milhões de anos, sendo considerados os lagos
mais antigos da Terra

Lago Baikal na Rússia


Os lagos de origem tectônica foram divididos
em dois tipos por Tundisi & Tundisi (2008)

Primeiro grupo

• originado por depressões resultantes de processos


epirogenéticos positivos ou negativos

Segundo grupo

• resultante de falhas decorrentes de descontinuidades


da crosta terrestre
 No Brasil temos LAGOS TECTÔNICOS?
 Esteves (1998), analisando os sistemas lacustres brasileiros, elenca
uma distinção entre vários tipos de lagos a partir de sua gênese ou
formação. O autor designa os lagos amazônicos como sendo de
origem tectônica, pois ocupam linhas de falhas ou vales
tectônicos, posteriormente alagados e aprofundados pela erosão
e, como evento final, ocorrendo um “afogamento”
(preenchimento da foz com sedimento) destes vales pelo rio
Amazonas. O autor cita os lagos Badajós e Piorini dentre esses
lagos, formados por movimentos diferenciais da crosta terrestre

Sternberge (1950) apresenta os lagos Manacupuru, Anamã,


Badajós, Piorini e Miuá na Planície Amazônica, como sendo
originários de processos de ajustes isostáticos epirognético
Onde a sobrecarga sedimentar deflagrou o neotectonismo em
faixas de fraqueza preexistentes na crosta terrestre, sob as
camadas sedimentares mais novas que atualmente nivelam a
planície amazônica. Formando assim vales tectônicos, que
foram aprofundados por erosão e alagados formando os lagos
Manacapuru

Anamã
 No Brasil temos LAGOS TECTÔNICOS?
Lagos Vulcânicos
• Eventos relacionados com a atividade vulcânica
podem gerar bacias de lagos.
• Este tipo de lago pode ser formado de quatro
maneiras distintas:
Lagos Vulcânicos

• Lagos de Cratera formados no cone de vulcões


extintos: possuem pequena extensão, são
profundos e de forma circular
Lagos Vulcânicos

• Lagos tipo “Maar” surgem de explosões gasosas


subterrâneas e do afundamento da superfície da
região atingida, porém não há derramamento de
lava
Lagos Vulcânicos

• Lagos de Caldeiras os quais são formados a partir


de fortes erupções vulcânicas ocasionando a
destruição do cone central do vulcão, ficando
apenas a depressão central chamada de caldeira
Lagos Vulcânicos

• Lagos de Barragem vulcânica formados quando


vales preexistentes são bloqueados pela lava
solidificada
Lagos Fluviais
• São formados pela atividade de rios

Lagos de Barragem
• formados a partir do depósito de sedimentos carreados ao
longo do leito do rio principal, gerando uma elevação do seu
leito e consequentemente represando seus afluentes que são
transformados em lagos
Lagos Fluviais

• Lagos de Ferradura ou Meandros - geralmente os


rios maduros que percorrem planícies e que já
atingiram o seu nível de base apresentam um curso
sinuoso, formando meandros
Lagos de Ferradura ou Meandros
Lagos formados pela dissolução de
rochas
Lagos formados pelo vento
Lagos formados por meteoritos
Lagos formados por castores
Lagoa

• É uma porção de água cercada por terra. Diferente


do que muitos pensam, em conceito, a lagoa é
menor do que um lago
Lagoa Costeira

• normalmente resultam da formação de uma zona


de deposição de sedimentos ao longo da foz de um
estuário, porém o escoamento do rio e as correntes
de maré são suficientes para evitar a separação
completa entre o lago e o mar, sendo assim, pode
ser constituída:
• água doce, salgada ou salobra de acordo com as
marés
Lagoa Costeira
Lagoa Costeira
Teoria do rio contínuo
ou contínuo fluvial Teoria da
(River Continuum Descontinuidade Serial
Concept - RCC) Ward e Stanford em 1983
Vannote et. al. (1980)

Teorias Teoria do Pulso de Teoria do Domínio de


Ecológicas de Inundação Processos
Junk et al. (1989) Montgomery (1999)
rios
Teoria da Imparidade
com o Descontínuo
Fluvial
Poole (2002)
Teoria do rio contínuo ou contínuo fluvial (River
Continuum Concept - RCC)
• considera que os rios são sistemas que apresentam uma série
de gradientes físicos formando um contínuo ao longo de seus
Teorias cursos, aos quais a comunidade biótica está associada
Ecológicas de
• ou seja, possuem um gradiente contínuo das condições
rios ambientais

• Baseado nesta teoria, os sistemas lóticos possuem um


gradiente de variáveis ecológicas da nascente à foz,
ocorrendo mudanças ao longo do rio na sua largura, volume
de água, profundidade, temperatura, quantidade e tipo de
material suspenso transportado.
Teoria do rio contínuo ou
contínuo fluvial (River
Continuum Concept - RCC)
oque as características estruturais e
funcionais das comunidades devem se
Teorias ajustar ao gradiente fluvial, estando
Ecológicas de condicionadas aos padrões de entrada,
transporte, utilização e
rios armazenamento da matéria orgânica
bjetivo prever o funcionamento
biológico destes sistemas, sugerindo
Teoria do rio contínuo ou contínuo fluvial
(River Continuum Concept - RCC)
• O sistema lótico é comparado a um
Teorias gradiente, que da cabeceira à foz apresenta
Ecológicas de um aumento gradual de tamanho, possui
rios características distintas e pode ser
classificado em três grupos:
• rios de cabeceira
• rios pequenos ou médios
• grandes rios também chamados de baixo
Rios de Cabeceira
• altamente dependentes das contribuições
Teorias terrestres de matéria orgânica como
Ecológicas de folhas
rios • pouca ou nenhuma produção
fotossintética
• principalmente devido ao sombreamento
dos rios, causado pela presença das copas
das árvores.
Médio curso do Rio
• região menos dependente da
Teorias contribuição direta dos ecossistemas
terrestres
Ecológicas de
• mais da produção por algas e plantas
rios aquáticas, sendo P>R.
• matéria orgânica oriunda das correntes à
montante
Baixo curso
• grandes rios e estuários tendem a ser
turvos,
Teorias • grande carga de sedimento de todos os
Ecológicas de processos de montante
rios • apesar de possuírem comunidades
desenvolvidas de plâncton, a respiração
excede a produção
Teoria da Descontinuidade Serial
• considera alterações no contínuo fluvial (RCC)
provocadas por fatores naturais ou antrópicos,
alegando que represamentos, alagamentos,
Teorias charcos, queda d’água (cachoeira) ou fontes de
Ecológicas de poluição, como entrada de esgoto, rompem o
rios gradiente proposto pela teoria do contínuo em
relação às condições ambientais, produzindo
mudanças longitudinais e determinando novos
comportamentos em trechos específicos dos
rios, originando novos gradientes.
Teoria da Descontinuidade Serial
• A teoria da descontinuidade serial pode ser aplicada a bacias
hidrográficas impactadas e, de acordo com ela, uma
interferência no ambiente produz alterações longitudinais nos
Teorias processos bióticos e abióticos, considerando que a direção de
mudança (montante ou jusante) depende da posição do
Ecológicas de impacto.
rios • Outros fatores de grande importância são a construção de
barragens, desvios, canalizações, etc., que interrompem o
contínuo de um rio, alterando sua composição físico-química,
modificando sua estrutura e o funcionamento do sistema,
resultando na perda de heterogeneidade espacial e temporal
do curso d’água.
Teoria do Pulso de Inundação
• propõe que interações laterais entre o canal e as
planícies de inundação condicionam a estrutura e o
Teorias funcionamento desses sistemas. Essa proposta é
voltada especialmente para as regiões do baixo
Ecológicas de curso de grandes rios ou em rios de planície, como
rios ocorre, por exemplo, na região do Pantanal. Assim,
o funcionamento desse tipo de sistema depende de
pulsos de inundação e não de processos contínuos
longitudinais, como descrito na teoria do rio
contínuo.
Teoria do Pulso de Inundação
• O pulso de inundação constitui a principal força responsável
pela existência, produtividade e interações da maior parte
da biota em sistemas lóticos de planícies de inundação
Teorias • O conjunto de características geomorfológicas e
hidrológicas da bacia produz os pulsos de inundação
Ecológicas de
• As trocas laterais entre a planície de inundação e o canal do
rios rio e a ciclagem de nutrientes que ocorre entre essas
regiões têm um maior impacto direto sobre a biota do que
o ciclo interno de nutrientes, sendo que o principal efeito do
pulso de inundação sobre os organismos é hidrológico
• Esta teoria é particularmente útil em muitos ecossistemas
tropicais.
Teoria do Domínio de Processos
• é uma alternativa à teoria do contínuo fluvial (RCC) uma
vez que considera a influência dos processos
geomorfológicos na variação espacial e temporal que
Teorias existe nos ecossistemas aquáticos
Ecológicas de • Baseia-se na importância destas condições locais e nos
distúrbios da paisagem, sendo aplicável em bacias
rios hidrográficas localizadas em regiões com relevo
íngreme, clima variável e geologia complexa
• O clima, a geologia e a opografia são fatores
importantes que determinam a formação dos sistemas,
influenciando os processos que possam vir a ocorrer.
Teoria da Imparidade com o Descontínuo
Fluvial

Teorias • esta teoria baseia-se no fato de que os rios são


Ecológicas de sistemas ímpares, ou seja, únicos em estrutura e
função na escala da bacia hidrográfica
rios • Uma bacia é formada por manchas que são
características de cada segmento (como vegetação,
sedimentos, fluxo, solo, etc.), e a dinâmica dessas
manchas ao longo do sistema é que caracteriza o rio.
Teoria da Imparidade com o Descontínuo
Fluvial

Teorias • Os tributários, além das barragens e outros


empreendimentos, são fatores de interferência no
Ecológicas de gradiente longitudinal do rio e, dessa forma, cada
rios bacia possui seu próprio mosaico de manchas
denominadas de meta estrutura
• Assim, um rio nunca seria um contínuo fluvial, pois
as manchas se comportam de modo bastante
desigual no contexto
Retratar a realidade de um rio
é difícil, talvez uma generalização dessas teorias seja
uma desvantagem quando
aplicada a situações específicas.

Apesar disso, as teorias ecológicas devem ser


consideradas porque são conceitos estruturais úteis
para descrever ecologicamente
como funcionam as variáveis ao longo do ecossistema
lótico.
 Harold Sioli publicou em 1950 o histórico
trabalho sobre os diferentes tipos de águas
da região amazônica, identificando a
estreita relação entre a química e a biologia
das águas amazônicas com a geologia e a
Tipos de Água mineralogia da região.

 Rios de Águas Claras


 Rios de Água Brancas
 (Barrentas)
 Rios de Águas Negras
Rios de Águas Claras
• possuem pequenas quantidades de
material suspenso e, em consequência,
pobres em nutrientes e com aspecto
Tipos de Água cristalino. São rios que têm suas
origens em regiões geologicamente
antigas
Rios de Águas Claras

Tipos de Água
Rios de Água Brancas (Barrentas)
• transportam grandes quantidades de sólidos
suspensos, como magnésio e cálcio, dando-lhe
Tipos de Água uma aparência lamacenta, muito turva e como
baixa visibilidade. São rios que drenam regiões
geológicas recentes como os Andes, e podem
fornecer grande quantidade de material através de
processos erosivos
Rios de Águas Negras

Tipos de Água
Rios de Águas Negras
• rios que originam-se em regiões planas,
antigas e com solos arenosos e vegetação do
tipo campina. A cor negra que caracteriza as
Tipos de Água águas se deve à ocorrência de um processo
de decomposição incompleto que dá
origem a substâncias húmicas
Represas e açudes
• Formados principalmente pelo
represamento de rios para atender:
Represas e • abastecimento
açudes • obtenção de energia elétrica
• irrigação
• navegação
• recreação
 A construção de barragens, com a consequente
formação de grandes lagos artificiais, produz
diferentes alterações no ambiente, não apenas o
aquático, mas também o ambiente terrestre
adjacente.

 aumento da transpiração/evapotranspiração (alterações


Represas e climáticas)
 possibilidade de deslizamento e tremores de terra (peso
açudes das águas)
 elevação do lençol freático
 aumento da umidade do solo
 criação de brejos (animais transmissores de doenças
 aumento, de macrófitas aquáticas
 risco de desaparecimento de espécies
 modificações na fauna ictiológica
 possibilidade de eutrofização
 inundações de áreas férteis para a agricultura e pecuária

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