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Centro Universitário Bacharelado em Psicologia
Centro Universitário Bacharelado em Psicologia
Bacharelado em Psicologia
TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS:
uma revisão de literatura narrativa das contribuições da
Neuropsicologia com ênfase na Doença de Alzheimer
Paripiranga
2021
ANDRÉ LUÍS MATOS ALMEIDA
ERILSON OLIVEIRA DA SILVA
LARA MORAIS CONCEIÇÃO SILVA
TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS:
uma revisão de literatura narrativa das contribuições da
Neuropsicologia com ênfase na Doença de Alzheimer
Paripiranga
2021
ANDRÉ LUÍS MATOS ALMEIDA
ERILSON OLIVEIRA DA SILVA
LARA MORAIS CONCEIÇÃO SILVA
TRANSTORNOS NEUROCOGNITIVOS:
uma revisão de literatura narrativa das contribuições da
Neuropsicologia com ênfase na Doença de Alzheimer
BANCA EXAMINADORA
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
AA Alzheimer’s Association
AIVD Atividades Instrumentais de Vida Diária
AVC Acidente Vascular Cerebral
ADRSA Alzheimer’s Disease and Related Disorders Association
APP Proteína Precursora de Amiloide
CDR Avaliação Clínica da Demência
CFP Conselho Federal de Psicologia
DA Doença de Alzheimer
DSM Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
HTs Hormônios tiroideanos
MCL Comprometimento Cognitivo Leve
MEEM Miniexame do Estado Mental
NIA National Institute on Aging
PBE Prática Baseada em Evidências
TNC Transtorno neurocognitivo
TSH O hormônio tireoestimulante
T3 Tri-iodotironina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2 MÉTODO................................................................................................................ 14
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50
ANEXOS ................................................................................................................... 57
8
1 INTRODUÇÃO
cognição social, tais domínios são importantes para a vida do sujeito em suas relações
sociais e em suas atividades ocupacionais (DSM V, 2014). A cognição social
prejudicada submete o sujeito com TNC leve ou maior a dificuldades, como a de
compreender regras, normas e procedimentos sociais, de entender as intenções e as
crenças das pessoas, as quais permitem uma socialização qualitativa (PESSOA,
2016). Além dos déficits cognitivos, os aspectos socioeconômicos por acometimento
da doença tendem a desgastar os cuidadores e os familiares por conta do alto
investimento de tempo, dinheiro e privações para se atentar aos cuidados do sujeito
dependente (MATTOS; KOVACS, 2020).
Os sujeitos com transtorno neurocognitivo precisam de cuidados, assim, além
dos profissionais envolvidos no tratamento, a família é um suporte social importante
ao sujeito doente, este, que se torna dependente para realizações de atividades
básicas e/ou mais complexas. O surgimento de um membro da família com
adoecimento crônico implica em desgastes físicos, emocionais, psicológicos,
repercute no aspecto econômico e relacional dos familiares (SILVA; MARQUES
2019). Diante dessa condição, além de se atentar ao paciente, profissionais com essa
demanda deve orientar a família quanto aos cuidados do doente, e os cuidados
consigo mesmo, com a promoção de autonomia e o crescimento do sistema familiar
(SILVA, 2012).
Para identificar os primeiros sintomas do transtorno neurocognitivo devido à
doença de Alzheimer, observam-se as dificuldades nessa síndrome clínica, que cursa
com a deterioração dos domínios cognitivos, tais como: alterações de comportamento,
prejuízos funcionais, de afazeres e atividades cotidianas (FERNANDES; ANDRADE,
2017). Com o envelhecimento da população, o número de casos de doenças
relacionadas ao TNC maior tem aumentado principalmente com as perdas cognitivas
oriundas do Alzheimer (DADALTO; CAVALCANTE, 2021). Medidas de detecção do
transtorno em estágios inicias, prevenção e tratamento são importantes para diminuir
o número de casos ou reduzir os prejuízos (FERNANDES; ANDRADE, 2017).
Levando em conta que as principais alterações cognitivas na DA sejam a
memória e a aprendizagem, outros TCN’s apresentam manifestações clínicas
diferentes, a diferenciação vai ser feita com base nas manifestações clínicas
(PEREIRA; ROSA, 2018). Nesse sentido, é relevante que a investigação de um
transtorno neurocognitivo maior considere e avalie a história clínica do paciente
associada ao relato do acompanhante, uma vez que o paciente pode não ter
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compreensão tão perceptível da doença, o que faz com que este não perceba o
declínio da função cognitiva (FERNANDES; ANDRADE, 2017.). Alguns estudos
discorrem sobre a associação existente entre nutrientes, principalmente a vitamina D
na prevenção da DA (SANTOS; BESSA; XAVIER, 2020).
Na Doença de Alzheimer, mais especificamente, além da alteração das funções
cognitivas, o indivíduo pode apresentar também sintomas não cognitivos, como
depressão, apatia, sintomas psicóticos e agitação (MOL, 2019). Exames
complementares são essenciais na elaboração de um diagnóstico diferencial, para
assim enriquecer ainda mais a obtenção dos dados coletados na anamnese. Há testes
simples ou a aplicação de conjunto de testes, como o rastreio cognitivo, por exemplo,
além da avaliação funcional e a neuropsicológica, em que na primeira haverá a
investigação dos déficits cognitivos a partir do relato do acompanhante e do paciente
que impacta no cotidiano de ambos e a última que investiga o funcionamento cerebral
do indivíduo a partir de um estudo comportamental (SILVA; MARQUES, 2019).
Um ponto importante a ser mencionado em relação ao TCN maior devido à DA
é sobre os comportamentos financeiros, visto que a tomada de decisão financeira é
uma das primeiras capacidades funcionais a serem perdidas (NICHOLAS et al., 2021).
Eventos financeiros prejudiciais, como o esquecimento ao pagar contas, perda de
dinheiro, pagamentos perdidos em contas de crédito, podem evidenciar a DA anos
mais tarde na vida do indivíduo, embora seja pertinente lembrar que este não é um
fator determinante, mas um fator que pode ajudar na progressão lenta da doença e
em formas de lidar (NICHOLAS et al., 2021).
Nesse contexto, a Neuropsicologia, dentre suas várias interfaces sobre o ser
humano, atuará dentro destes contextos de mudanças biopsicossociais em dois
parâmetros de atendimento, tanto com o indivíduo com a Doença de Alzheimer,
quanto com os cuidadores e familiares (BONDI; SMITH, 2014). Com o paciente no
momento inicial da descoberta da doença, o neuropsicólogo ajudará discutindo
significados para tal momento em sua vida, e pode trabalhar em seus medos, dúvidas,
dentre outros sentimentos que podem surgir em consequência do diagnóstico,
ajudando, assim, a ressignificar a manutenção da sua própria identidade (BONDI;
SMITH, 2014).
Desse modo, entende-se a reabilitação cognitiva como um método interventivo
que busca o reaprendizado de habilidades cognitivas que foram perdidas devido a
alguma alteração cerebral. Entretanto, caso as habilidades não puderem ser
12
Nesse contexto, esta produção tem como objetivo discutir acerca dos TNCs,
com ênfase na Doença de Alzheimer (DA), considerando suas características de
neurodegeneração e impactos na memória e outros domínios cognitivos e funcionais.
Ao discorrer sobre tais aspectos, propõe-se discutir as possíveis intervenções do
neuropsicólogo neste eixo, como se avalia os processos para o diagnóstico e a
reabilitação, os impactos emocionais provocados no sujeito e em seus cuidadores,
considerando os multifatores envolvidos nos TNCs.
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2 MÉTODO
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
A. Evidências de declínio cognitivo importante a partir de nível anterior de
desempenho em um ou mais domínios cognitivos (atenção complexa,
função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, perceptomotor ou
cognição social), com base em:
1. Preocupação do indivíduo, de um informante com conhecimento ou do
clínico de que há declínio significativo na função cognitiva; e
2. Prejuízo substancial no desempenho cognitivo, de preferência
documentado por teste neuropsicológico padronizado ou, em sua falta,
por outra investigação clínica qualificada.
B. Os déficits cognitivos interferem na independência em atividades da vida
diária (i.e., no mínimo, necessita de assistência em atividades instrumentais
complexas da vida diária, tais como pagamento de contas ou controle
medicamentoso).
C. Os déficits cognitivos não ocorrem exclusivamente no contexto de delirium.
D. Os déficits cognitivos não são mais bem explicados por outro transtorno
mental (p. ex., transtorno depressivo maior, esquizofrenia).
Quadro 2: Critérios de diagnóstico de TNC maior.
Fonte: DSM V (2014).
TAU. Alzheimer descreveu, há quase oitenta anos deste feito, como placas e
emaranhados de fibras nervosas (MCGIRR; VENEGAS; SWAMINATHAN, 2020).
Ademais, naquele ano, numa conferência Psiquiátrica Alemã, Alzheimer fez um
relato do caso de August, alegando que essas lesões corticais eram a causa de seus
sintomas. No ano seguinte, ele publicou um artigo de pesquisa, e em 1910 um livro
psiquiátrico chamado "Doença de Alzheimer" foi publicado (MCGIRR; VENEGAS;
SWAMINATHAN, 2020).
Em 1984, nos Estados Unidos, foram padronizados os critérios de diagnóstico
clínico para DA. Em 2011 e 2018, os critérios diagnósticos foram revisados e
separados para o estágio pré-clínico da DA, comprometimento cognitivo leve (MCI) e
demência, e denotar o papel dos biomarcadores na identificação fidedigna da doença
de Alzheimer (MCGIRR; VENEGAS; SWAMINATHAN, 2020).
Desse modo, a doença de Alzheimer descreve seu quadro, em geral, com
perda de memória como o primeiro sintoma (DSM V, 2014). É cabível considerar a
memória como um dos processos cognitivos afetados com a alta prevalência nos
transtornos neurocognitivos, e é importante ao propósito desta produção científica
descrevê-la em sua complexidade, em especial na doença de Alzheimer.
Além do mais, essa doença dispara em número de casos que acomete a
população mundial, possuindo grande relevância epidemiológica e de impacto social,
sendo uma doença neurodegenerativa progressiva (MOREIRA; MOREIRA, 2020). O
TNC devido à DA possui uma condição progressiva e gradual, com início insidioso e
evolução lenta, tendo em seu processo neurodegenerativo a manifestação de déficits
de memória episódica e da aprendizagem (DALGALARRONDO, 2019).
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
A. São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve.
B. Há surgimento insidioso e progressão gradual de prejuízo em um ou mais
domínios cognitivos (no caso de transtorno neurocognitivo maior, pelo menos
dois domínios devem estar prejudicados).
C. Os critérios são atendidos para doença de Alzheimer provável ou possível,
do seguinte modo:
possuem baixa escolaridade, que não praticam atividades físicas, com baixas
condições econômicas, idade avançada e em situação de fragilidade (SANTOS;
BESSA; XAVIER, 2020). Para além disso, é importante ressaltar que as perdas
cognitivas são de natureza gradativa e varia de indivíduo para indivíduo (SILVA,
2012).
Detectar um TNC pode ser mais difícil nos espaços em que a cultura e as
condições socioeconômicas considerem a perda de memória normal ao envelhecer,
onde idosos se veem expostos a poucas demandas cognitivas em sua rotina, ou em
que baixos níveis de educação demandem maiores desafios à avaliação cognitiva
(DSM-5, 2014).
Existem testes genéticos que identificam mutações na proteína precursora de
amiloide e da presenilina 1 (DSM-5, 2014). Quando os depósitos de beta-amiloide 42
ocorrem cedo no cérebro, na cascata fisiopatológica, testagens diagnósticas com
base amiloide, como tomografia cerebral com imagens por emissão de prótons e a
redução de níveis de beta-amiloide 42 no líquido cerebrospinal, servem como
marcadores diagnóstico (DSM-5, 2014).
Alguns sintomas do transtorno depressivo maior se assemelham aos da classe
de transtorno neurocognitivo. Neste, o paciente pode se mostrar com pessimismo,
tristeza, autocrítica, sentimento de culpa, perda de interesse, inutilidade, indecisão,
agitação e dificuldade de concentração, além disso, estudos indicam a depressão
como fator de risco para a DA (DALPUBEL et al., 2016). Existem escalas de rastreio
para auxiliar a identificar a depressão, e o diagnóstico diferencial ou comorbidade
entre DA ou outro TNC (GORENSTEIN; WANG; HUNGERBÜHLER, 2016). Além de
baterias de rastreios cognitivos, deve-se utilizar de administração psiquiátrica e de
exames de imagem (GORENSTEIN; WANG; HUNGERBÜHLER, 2016).
Outros fatores que podem causar esquecimentos são estados emocionais
intensos, como na ansiedade, no estresse e a própria depressão (NATIONAL
INSTITUTE ON AGING, 2018). Em um momento de luto, por exemplo, o sujeito pode
se sentir solitário, preocupado, desorientado, e isso pode contribuir para o
esquecimento e para a confusão. Entretanto, esses sintomas normalmente são
temporários, e somem quando o sujeito lida melhor com as emoções (NATIONAL
INSTITUTE ON AGING, 2018).
Como visto, existem diversas condições de saúde e emocionais que acometem
a memória e outras características da DA. Para além, existem condições normais do
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4 HISTÓRIA DA NEUROPSICOLOGIA
holistas defendiam a atuação do cérebro como um todo e que as funções mentais não
apresentavam um fator de dependência entre partes específicas. Para eles, toda a
região cortical poderia assumir qualquer função, um dos expoentes desse modelo
calcado nos princípios da Equipotencialidade foi o médico Jean Pierre Flourens
(FUENTES et al., 2014).
Com toda a controvérsia existente entre os localizacionistas e holistas, a
história pendeu mais para o Localizacionismo, ganhando força a partir do trabalho de
Pierre Paul Broca (1824-1880) sobre um caso de um paciente com a capacidade de
produção de fala comprometida, em que a ocorrência de uma lesão no terço posterior
do giro frontal esquerdo estava relacionada a uma perda da capacidade da fala
expressiva (LURIA, 1981). Com a descoberta de Broca, indicativos de uma correlação
entre disfunções cognitivas com padrões de lesões no cérebro foram ganhando
espaço.
Assim, é nos estudos na área da Neurologia e da Linguística, impulsionada pela
inauguração do método anátomo-clínico, que a ciência neuropsicológica vai se
constituindo com enfoque em localização de funções mentais (DIAS; LOPES;
CARVALHO, 2020).
Com a grande parcela de combatentes feridos devido à Primeira Guerra, os
primeiros centros de pesquisa de lesões cerebrais foram surgindo, as áreas de
avaliação e reabilitação desenvolveram-se mediante a tais acontecimentos históricos
trágicos da humanidade. Em períodos anteriores aos das guerras, entre parte do
século XIX e início do século XX, a Neuropsicologia amadurece como ciência sob a
perspectiva do Localizacionismo, entretanto, o processo referente ao de se constituir
como uma ciência independente se deu quando passou a investigar e utilizar técnicas
de quantificação do comportamento ao invés da observação de uma alteração do
comportamento (DIAS; LOPES; CARVALHO, 2020).
Ainda que a busca de uma relação entre o comportamento com áreas
específicas do cérebro fosse a visão predominante na época, estudiosos, como Luria,
defendiam a desconstrução dessa ideia de função, pois em sua complexidade, a
função não pode simplesmente estar imputada a um órgão ou tecido,
desconsiderando o contexto social do sujeito e o dinamismo cerebral (HAMDAN et al.,
2011). Para esses, era preciso considerar o sujeito em seu contexto social com um
olhar para a dinâmica das interações sociais, das atividades mentais e do
desenvolvimento cerebral (MIOTO; LUCIA; SCAFF, 2012). No entanto, o método
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jogos, guias, livros, software de aplicação que contribuam tanto na avaliação quanto
na reabilitação neuropsicológica dos pacientes (CFP, 2004).
Com o crescente reconhecimento da Neuropsicologia, a prática de atuação
deixou de ser apenas limitada à clínica, passando no momento atual ao espaço
hospitalar também, embora esteja consolidando-se em outros âmbitos, como, por
exemplo, a atuação do(a) neuropsicólogo(a) escolar, jurídico e forense, do esporte,
do desenvolvimento e do envelhecimento (DIAS; LOPES; CARVALHO, 2020). Esse
trabalho acontece de forma sincrônica com equipes interdisciplinares, atuando em
diferentes áreas de atuação, como instituições de saúde e de educação.
O neuropsicólogo desenvolve seu trabalho em diversos espaços, seja em
instituições acadêmicas através da pesquisa, do ensino e da supervisão; ou em
instituições hospitalares, forenses, consultórios, atendimento domiciliar e clínicas,
elaborando diagnóstico, reabilitação, orientação aos familiares e ao trabalho conjunto
em equipe multidisciplinar (CFP, 2004).
Numa primeira vertente, o neuropsicólogo, dentre seus objetivos atuando na
área clínica, trabalha para identificar o perfil de déficits cognitivos dos clientes com
lesões cerebrais (HAZIN et al., 2018). Igualmente, em uma segunda vertente, segue
uma abordagem neurocientífica, que consiste em estabelecer correlações anátomo-
clínicas, tornando possível uma compreensão acerca de operações elementares, do
processo e plasticidade de funções cognitivas (HAZIN et al., 2018). Em sua terceira
vertente, tem como característica uma atuação cognitiva, considerando o
desempenho em tarefas e testes obtidos por pessoas com lesões cerebrais,
desenvolve testes de hipótese baseados em teorias cognitivas, projetados com
embasamento nos estudos feitos com indivíduos saudáveis, contribuindo em
compreender melhor a cognição humana (HAZIN et al., 2018).
A intervenção é baseada em dois processos que envolvem duas grandes áreas
da Neuropsicologia, sendo a avaliação e a reabilitação neuropsicológica (HAASE et
al., 2012). A avaliação neuropsicológica diz respeito a um processo contemplado por
entrevistas, observação, escalas e testes com fins investigativos sobre o
funcionamento, saudável ou deficitário, das funções cognitivas e comportamentais e
a relação que é estabelecida por ambos através do sistema nervoso central (MIOTO;
LUCIA; SCAFF, 2012; HAASE et al., 2012).
Dentre as diversas situações em que se pode atuar, a avaliação funcional em
Cuidados Paliativos é fundamental para a observação do curso e da evolução do
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instituições. Dessa forma, uma boa avaliação é importante para planejar uma
intervenção nos reajustes de funcionalidade para qualidade de vida entre idosos
(SANVEZZO; MONTANDON; ESTEVES, 2018).
São notórias as amplas possibilidades de atuação do neuropsicólogo, tendo
em vista que as contribuições, com avaliações e planejamentos de estratégias para
desenvolver melhor o desempenho cognitivo e funcional, adentram em vários
contextos, como os mencionados neste capítulo (BOLETIM DA SBNP -
ATUALIDADES EM NEUROPSICOLOGIA DO ESPORTE, 2019). Portanto, nos
próximos capítulos, são descritos conceitos teóricos, práticas e ferramentas do
neuropsicólogo, lidando com os TNCs.
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O processo que envolve o tratar no TNC maior não resulta uma cura, visto que
em sua maioria são doenças neurodegenerativas que acometem grande parcela da
população idosa, mas ainda assim há a possibilidade de retardar o declínio das
funções cognitivas e, consequentemente, dificultar o desenvolvimento do transtorno,
visando a uma prevenção deste (ASSUNÇÃO; CHARIGLIONE, 2020). Há fatores de
risco modificáveis e não modificáveis, sobretudo na doença de Alzheimer, que é o
TNC com mais números de casos mundialmente, sendo que o uso de estratégias de
prevenção rege às intervenções desde cedo nos fatores modificáveis (SANTOS;
BESSA; XAVIER, 2020).
Alguns autores abordam sobre o estado nutricional, enfocando sobre uma
alimentação mais saudável e possíveis nutrientes que possam vir a auxiliar na
redução do risco de demência, como, por exemplo, a vitamina C, D, E, complexo B,
ômega 3, zinco, fibras, ferro, selênio (BIGUETI; LELLIS; DIAS, 2018). Ter uma
alimentação considerada saudável desde o nascimento não anula a possibilidade do
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benefícios provenientes da atividade física para o cérebro são muito importantes, pois
agem tanto no funcionamento motor como no cognitivo, auxiliando na mobilidade, na
redução do estresse, na prevenção do aparecimento de doenças crônicas, e
englobam também o melhoramento do humor, bem como no aumento da motivação,
que de certa forma ajudam na neuroplasticidade (LIMA, 2021).
Nos últimos anos, tem-se falado acerca da ginástica cerebral como um bom
aliado na prevenção demencial, que diz respeito ao uso de jogos com fins
terapêuticos, abarcando em seu repertório atividades eletrônicas que agem
proporcionando alterações distintas nas áreas corticais, promovendo o dinamismo e
a potencialização dos domínios cognitivos (CHAGAS, 2019). Entretanto, há muitas
controvérsias no meio cientifico, uma vez que não há evidências suficientes que
comprovem que tais benefícios previnam a demência, podem diminuir a possibilidade
de desenvolvimento, mas é importante ressaltar que transtornos neurocognitivos têm
caráter multifatorial (SANTOS; BESSA; XAVIER, 2020).
A estimulação cerebral decorrida da ginástica cerebral pode sim ser precisa na
evitação de agravos e na promoção de uma melhor qualidade de vida, porém, muitas
empresas usam dessa ‘ideia’ de que a ginástica cerebral é uma ferramenta que
objetiva a uma estimulação cerebral, a qual leva a um melhor desempenho cognitivo
e, consequentemente, age evitando o avanço de doenças que comprometam funções
cognitivas, no entanto, as pesquisas voltadas a essa abordagem ainda estão em
processo de ampliação (CHAGAS, 2019). Alguns dos procedimentos abarcam
atividades que envolvam ação, estratégia, quebra-cabeça e jogos “sociais”,
respectivamente, cada um desses gêneros ajuda na cognição, na flexibilização
mental, na destreza espacial e na resolução de problemas e, por fim, no
beneficiamento das relações interpessoais estabelecidas (BAVELIER; GREEN,
2016).
O processo de envelhecimento acompanha várias mudanças, é uma fase que
há a manifestação de alterações cognitivas, especialmente a memória, tornando os
esquecimentos muito frequentes e vistos como ‘comuns’ à velhice (COCHAR-
SOARES; DELINOCENTI; DATI, 2021). Há estudos que abordam possíveis ações
interventivas que possam amenizar o declínio da função cognitiva (CHARIGLIONE;
JANCZURA, 2013). Algumas pesquisas sugerem métodos de intervenções variados,
como, por exemplo, o uso de tablet como uma ferramenta específica para treino da
memória em idosos, jogos eletrônicos como uma forte opção que contribui no
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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