Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
6 - Plano de Circulação Viária - Relatório Prévio
6 - Plano de Circulação Viária - Relatório Prévio
Contrato 024/2015
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Cliente Prefeitura do Natal
Data 02/06/2017
Referência 024/2015
Número de páginas 23
1. Apresentação 6
3. Referências Bibliográficas 23
O objetivo do Plano é desenvolver propostas e planos de ação de curto, médio e de longo prazo, até
o ano de 2025. O plano será pautado nos princípios da mobilidade urbana sustentável e na
participação contínua e integrada da população e dos setores de transporte, trânsito, planejamento
urbano, ambiental, dentre outros, da Prefeitura e de setores sociais.
As diretrizes de melhorias propostas no Plano de Mobilidade do Natal deverão ser capazes de induzir
deslocamentos de pessoas e bens na cidade de forma sustentável, contribuindo para o seu
desenvolvimento econômico e social, analisando e apontando funções mais apropriadas a cada
modo existente e disponível.
O presente relatório aborda o Plano de Circulação Viária e visa definir uma nova hierarquização
viária, considerando as análises realizadas no Diagnóstico e as proposições apresentadas no Plano de
Melhoria da Oferta.
Além dos efeitos imediatos que essa organização viária traz para a cidade, é importante ter em
mente que a definição da hierarquia viária também provoca transformações que ocorrem sob ação
do tempo, ao passar dos anos.
A hierarquia viária deve, portanto, ser entendida como uma ferramenta de planejamento urbano,
sendo bem articulada com as demais ações urbanísticas e políticas de desenvolvimento urbano.
2.1.1 Conceitos
A classificação viária básica, mais simples e fundamental, reconhece apenas três classes de via:
arteriais, coletoras e locais. As vias arteriais são os corredores de acesso à cidade, vias dedicadas aos
maiores deslocamentos e que fazem a ligação entre diferentes regiões; as vias locais acomodam o
acesso e egresso às edificações, são responsáveis pela capilaridade dos deslocamentos; e, as vias
coletoras servem de ligação entre as áreas de tráfego local e as vias de tráfego de passagem.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997), as vias urbanas
podem ser classificadas funcionalmente em quatro grandes grupos: vias de trânsito rápido, vias
arteriais, vias coletoras e vias locais. A seguir, estas vias são definidas:
VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO - aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre,
sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de
pedestres em nível.
VIA ARTERIAL - aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por
semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais,
possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.
VIA COLETORA - aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade
de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro
das regiões da cidade.
VIA LOCAL - aquela caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada
apenas ao acesso local ou a áreas restritas.
É importante ressaltar que o Plano Diretor de Transportes da RMN (2007) apresenta um mapa da
hierarquia da rede viária de Natal, indicando o Plano Diretor Municipal como fonte dos dados
apresentados. Entretanto, observou-se que o Plano Diretor Municipal de 2007 não apresenta essa
informação e o mapa não coincide com as vias relacionadas no Código de Obras de 2004. O Plano
Diretor de 1994 apresentava uma tabela semelhante ao Código de Obras vigente, contudo, ela
também não coincide com a classificação apresentada no mapa do PDT RMN.
A proposta de uma nova hierarquia viária para o município do Natal, considerou fatores quanto a
rede atual, tais como pavimentação, velocidade regulamentada das vias, presença de semáforos,
circulação de linhas de transporte público, e os níveis de acessibilidade e continuidade da via. Além
das características da via, também foi considerado o papel que ela desempenha na rede, uma vez
que, embora o ideal seja que as vias possuam características geométricas condizentes com a sua
função, algumas vias, apesar de não possuírem as características adequadas, acabam adquirindo essa
função por conta de sua localização na rede viária. Nesse sentido, o Plano Diretor deve estar atento à
essas vias e estabelecer diretrizes que corroborem para a adequação da infraestrutura física e
funcional das mesmas.
O uso do solo predominante das vias também foi uma fator considerado, uma vez que vias com uso
predominantemente residencial, preferencialmente devem estar restritas à circulação de veículos
com função local, permitindo que as vias estejam destinadas majoritariamente para o
estacionamento de veículos e para a circulação de modos não motorizados e espaços de lazer,
permitindo a criação de Áreas Ambientais, proposta abordada no Produto 4 – Plano de Gestão da
Demanda.
É importante ressaltar que, durantes os meses de maio e junho de 2017, as propostas foram
discutidas junto a Prefeitura do Natal e, portanto, a classificação definida inclui propostas realizadas
pela STTU (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana).
1) Av. Sen. Dinarte Mariz (via costeira) / Av. Gov. Sílvio Pedrosa / Av. Pres. Café Filho/
Ponte Newton Navarro
2) Av. Ayrton Senna
3) Rua Missionário Gunnar Vingren
4) Av. Getúlio Vargas / Ladeira do Sol
5) Av. da Integração (Av. Gov. Tarcísio de Vasconcelos Maia)
6) Rua Jaguarari / Rua Meira e Sá
ARTERIAL 7) Rua Interventor Mário Câmara / Rua dos Canindés / Rua Olinto Meira/ Av. Deodoro
II da Fonseca
8) Rua Cel. Estevam / Rua Cel. José Bernardo / Av. Rio Branco
9) Rua Fonseca e Silva / Rua Amaro Barreto / Rua Dr. Mário Negócio
10) Av. Cap. Mor Gouveia
11) Av. Bernardo Vieira
12) Av. Dr. João Medeiros Filho (RN-302)
13) Rua Pres. Médice / Rua Pst. Joaquim B. de Macedo / Av. das Fronteiras / Av. Rio
Doce/ Rua Tocantínea
1) Rua Cidade do Sol 24) Rua Potengi / Rua Juvino Barreto
2) Rua Oiti / Rua Perdizes 25) Rua Joaquim Manoel / Rua Gal.
3) Av. dos Caiapós Gustavo Cordeiro de Farias / Av.
4) Rua Serra da Jurema/ Rua Rio Sinhoá Tavares de Lira
5) Rua dos Pintassilgos/ Rua Serra dos 26) Av. 25 de Dezembro
Carajás 27) Rua Geraldo Nogueira Nicácio /
6) Av. dos Xavantes Rua do Motor (entre Rua Geraldo
7) Rua Oeste / Av. Solange Nunes / Av. Rio Nogueira Nicácio e Ladeira do Sol)/
Grande do Norte Rua Fabricio Pedrosa
8) Rua Monte Calvo / Rua N. Senhora do 28) Av. Paulistana
Rosário / Rua N. Senhora do Livramento / 29) Av. Maranguape
Rua Tamarineira 30) Avenida Florianópolis
9) Av. das Alagoas 31) Avenida Senhor do Bonfim
10) Av. Jerônimo Câmara 32) Av. Itapetinga
COLETORA
COLETORA 11) Rua Coronel Norton Chaves / Av. Lima e 33) Av. Gov. Antônio de Melo (Av.
I Silva Pompéia)
12) Av. Miguel Castro 34) Av. Moema Tinôco da Cunha
13) Av. Amintas Barros Lima
14) Av. Nascimento de Castro 35) Av. Eng. Roberto Freire (entre
15) Av. Antônio Basílio Rota do Sol e Rua Erivan França)
16) Rua Pres. Sarmento (Av. 04) 36) Av. Boa Sorte
17) Rua Pres. Bandeira (Av. 02) 37) Rua José Luis da Silva
18) Av. Alm. Alexandrino de Alencar / Rua 38) Av. Industrial
Silvio Pélico 39) Av. Santarém
19) Rua Apodi 40) Rua Conselheiro Tristão
20) Rua Jundiaí 41) Rua Antoine Saint Exupéry
21) Rua João Pessoa 42) R. Dr José Tavares da Silva
22) Rua Mossoró / Rua Ulisses Caldas 43) Rua Monte Rei
23) Rua Trairí / Rua João XXIII 44) Av. Rio Grande do Sul
45) Av. Paraíba
O Produto 5 – Plano de Melhoria da Oferta propõe uma série de intervenções viárias para o
município do Natal, as quais foram previstas em diferentes planos e estudos anteriores.
Considerando que o Plano de Mobilidade estabelece o ano de 2025 como horizonte de implantação
dessas intevenções, o mapa da Figura 3 apresenta a hierarquia viária do Natal em seu seu cenário
futuro, após a implantação das obras previstas. A importância de se indicar no mapa de
hierarquização viária tais vias é garantir que as políticas de uso e ocupação do solo acompanhem
este planejamento viário e que o espaço físico necessário para as adequações e implantações de vias
seja respeitado.
Como o Código de Obras de Natal e as demais legislações municipais não definem esses parâmetros,
sugere-se os seguintes critérios para a implantação de novas vias e adequação das vias existentes, ,
considerando, entre outros, o Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Lei Federal nº 9.503, de 23 de
setembro de 1997) e suas resoluções.
Tabela 4: Diretrizes de Tipologias
VIA ARTERIAL VIA COLETORA VIA LOCAL
COMPONENTES DAS VIAS
(METROS) (METROS) (METROS)
Largura mínima de calçada 3,50 3,00 2,00
1
Largura da mínima pista 9,00 12,00 12,00
Canteiro central 3,00 - -
Largura mínima da via
28,00 18,00 16,00
(incluindo canteiro central)
Fonte: TECTRAN SYSTRA, 2017.
1 As vias arteriais devem ser compostas por, no mínimo, duas pistas, cada uma com largura mínima de 9,00 m.
Por sua vez, o Estatuto das Cidades (Lei Federal nº 10.257/01) determina instrumentos urbanísticos
que visam disciplinar a ocupação do solo. Dentre eles, há o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV),
essencial para o licenciamento de empreendimentos de grande porte que podem provocar impacto a
partir da sua implantação. A definição sobre os empreendimentos e atividades que dependem da
elaboração do EIV para obtenção de licenças ou autorizações de construção, ampliação ou
funcionamento, é, de acordo com o Estatuto das Cidades, uma responsabilidade do município. Ainda,
o art. 37 explicita que a geração de tráfego e a demanda por transporte público deverão estar
contemplados no EIV, em análise que visa apresentar os efeitos positivos e negativos da implantação
do empreendimento à qualidade de vida da população.
No âmbito municipal, o Plano Diretor de Natal (Lei Complementar nº 82/07) possui um capítulo
dedicado à política de mobilidade urbana. De acordo com o seu Art. 34, todo e qualquer
empreendimento que quando implantado venha a sobrecarregar a infraestrutura urbana e provocar
alterações nos padrões funcionais e urbanísticos da vizinhança ou que cause ou possa causar
qualquer alteração prejudicial ao meio ambiente ou acarretar urna repercussão significativa ao
espaço natural circundante é considerado empreendimento de impacto.
Já o Código de Obras e Edificações de Natal (Lei Complementar nº 55/04) apresenta diretrizes mais
detalhadas, como a definição da hierarquização viária, apresentada no item 2.1.2, além de critérios
quanto ao número de vagas de estacionamento em projetos de edificação, e parâmetros para a
construção segura e confortável de calçadas.
Embora o Plano Diretor e o Código de Obras não mencionem, Natal possui a Lei do RITUR (Lei nº
4.885/97), a qual dispõe sobre a exigência do Relatório de Impacto sobre o Tráfego Urbano para
empreendimentos novos, ampliações de empreendimentos existentes e alterações de usos de
imóveis.
De acordo com a Lei do RITUR, os empreendimentos de impacto sobre o tráfego urbano são aqueles
que podem “vir à produzir transformações significativas nas condições de tráfego ou sistema viário
em sua vizinhança”, sendo consideradas as seguintes características para determina-lo:
Tabela 6: Características que caracterizam impacto ao tráfego urbano, de acordo com a Lei do RITUR (1997)
2 As medidas mitigadoras são aquelas capazes de reparar, atenuar, controlar ou eliminar os impactos negativos
gerados.
3 Incluída a área construída das edificações já existentes.
Com o objetivo de tornar o RITUR um documento padronizado e facilitar a sua avaliação pela STTU,
recomenda-se a elaboração de um roteiro que oriente o desenvolvimento do estudo, contendo as
informações mínimas:
Recomenda-se que sejam solicitadas as seguintes pesquisas para empreendimentos que passarão
por processo de regularização, ampliação ou mudança de uso:
Além destas, a STTU poderá exigir outras pesquisas, como: ocupação máxima diária, taxa de
ocupação, rotatividade de vagas, tempo médio de permanência, capacidade de escoamento das
faixas de acumulação etc, conforme porte, localização e tipo de empreendimento.
A Lei do RITUR determina que seja verificada a capacidade disponível no sistema viário. Nesse
sentido, é importante listar no Roteiro do RITUR as metodologias recomendadas para análise da
capacidade viária e do nível de serviço.
Além de analisar o nível de serviço atual é importante prever a demanda futura de tráfego. Os
estudos de demanda de tráfego envolvem quatro etapas principais: geração, distribuição das
viagens, divisão modal e alocação do tráfego, que cumprem as funções de estimar a demanda de
tráfego gerado e distribuí-la nas rotas de acesso ao empreendimento. Para empreendimentos novos
ou em ampliação deve ser feita uma projeção de crescimento do tráfego atual para o horizonte do
ano de inauguração, adotando-se a taxa média de crescimento anual da região. Para a avaliação do
grau de saturação e do nível de serviço para todas as situações e horizontes, deve-se apresentar o
método utilizado e a demonstração dos cálculos realizados. Para o RITUR de empreendimentos de
grande porte, contudo, recomenda-se a apresentação de redes de simulação, desenvolvidas por
meio de softwares específicos.
Ressalta-se que nos Anexos do Produto 4 – Plano de Gestão da Demanda é apresentada uma tabela
com recomendações que visam modificar alguns artigos do RITUR. Dentre as modificações
apresentadas está o estabelecimento de critérios mais restritivos para determinar os
empreendimentos de impacto ao tráfego urbano, como: área construída superior a 400m²
(atualmente são 1000m²); capacidade para reunir mais de 100 pessoas (atualmente são 300);
inclusão de laboratórios de analises clínicas, hotéis, apart hotéis e lanchonestes. Dessa forma,
recomenda-se que, além de elaborar o roteiro para elaboração de RITUR, devem ser realizadas
atualizações na legislação vigente.
BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001. Estabelece diretrizes gerais da política urbana. Brasília,
Câmara dos Deputados, 2001.
BRASIL. Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro – CTB.
Ministério das Cidades. Conselho Nacional de Trânsito. Departamento Nacional de Trânsito. Brasília,
2008.
BRASIL: MINISTÉRIO DAS CIDADES. Caderno de referência para elaboração de plano de mobilidade
urbana. República Federativa do Brasil: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana,
2015.
PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL. Relatório de Impacto sobre o Tráfego Urbano. Lei nº 4.885, 07
de outubro de 1997. Natal: Prefeitura, 1997.