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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA EM

CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS - FUCAPE

JAMILLE VALLE MILED MONTEIRO

A PERCEPÇÃO DOS MORADORES SOBRE O


DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NAS CAPITAIS DA REGIÃO
SUDESTE.

VITÓRIA
2015
JAMILLE VALLE MILED MONTEIRO

A PERCEPÇÃO DOS MORADORES SOBRE O


DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NAS CAPITAIS DA REGIÃO
SUDESTE.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Administração da Fundação
Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças
(FUCAPE), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Administração.

Orientador: Prof. Dra. Arilda Teixeira

VITÓRIA
2015
2

JAMILLE VALLE MILED MONTEIRO

A PERCEPÇÃO DOS MORADORES SOBRE O


DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NAS CAPITAIS DA REGIÃO
SUDESTE.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da


Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças
(FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Administração de Empresas.

Aprovada em 06 de Abril de 2015.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª Dra.: ARILDA TEIXEIRA


(FUCAPE)

Prof° Dr.: FÁBIO MORAES DA COSTA


(FUCAPE)

Prof° Dr. : EMERSON WAGNER MAINARDES


(FUCAPE)
3

AGRADECIMENTO

A minha mãe, por sempre ser a primeira a acreditar e investir.

A minha família, especialmente ao meu marido Felipe, pelo apoio.

Ao meu filho João Felipe por entender a ausência, e a minha filha Nancy, que

nasceu nesse momento especial.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 13

2.1 MARKETING DE DESTINOS TURÍSTICOS ....................................................... 13

2.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DO TURISMO - SISTEMA DE TURISMO .................. 17

2.3 IMPACTO DO TURISMO EM COMUNIDADES LOCAIS .................................... 20

2.4 TIAS – TOURISM IMPACT ATTITUDE SCALE .................................................. 23

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 27

4 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................ 31

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................... 33

4.2 ESTATÍSTICA DESCRITIVA ............................................................................... 37

4.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA ..................................................................... 53

4.3 ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA ....................................................................... 59

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65

APENDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ................................................... 68


LISTA DE TABELA

TABELA 01 – CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS ................................... 35

TABELA 02 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA, POR GÊNERO E FAIXA DE RENDA.

.................................................................................................................................. 36

TABELA 03 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA, POR LOCALIDADE E FAIXA DE

RENDA. ..................................................................................................................... 37

TABELA 04 – PERCENTUAL DE PESSOAS QUE TRABALHARAM NO TURISMO,

POR REGIÃO METROPOLITANA ............................................................................ 37

TABELA 05 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES

E DEPENDENTE DO FATOR 1 ................................................................................ 40

TABELA 06 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES

E DEPEDENTE DO FATOR 2................................................................................... 41

TABELA 07 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES S PADRÕES ENTRE VITÓRIA E AS

DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS ................................................................. 43

TABELA 08 - COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES ENTRE RIO DE

JANEIRO E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS ........................................ 44

TABELA 09 - COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES ENTRE BELO

HORIZONTE E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS .................................. 45

TABELA 10 - COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES ENTRE SÃO

PAULO E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS ........................................... 46

TABELA 11 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE

VITÓRIA E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS ......................................... 49

TABELA 12 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE RIO

DE JANEIRO E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS .................................. 50


TABELA 13 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE

BELO HORIZONTE E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS ........................ 51

TABELA 14 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE SÃO

PAULO E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS ........................................... 52

TABELA 15 - MODELO RESUMIDO DA REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL

DEPENDENTE: Eu acredito que o turismo promove o desenvolvimento da capital do

meu Estado. .............................................................................................................. 54

TABELA 16 - REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL DEPENDENTE: Eu acredito

que o turismo promove o desenvolvimento da capital do meu Estado. ..................... 55

TABELA 17 - MODELO DA REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL

DEPENDENTE: Eu acredito que o turismo é uma atividade econômica benéfica para

a capital do meu Estado. ........................................................................................... 56

TABELA 18 - REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL DEPENDENTE: Eu acredito

que o turismo é uma atividade econômica benéfica para a capital do meu Estado. . 58
RESUMO

Esta dissertação buscou identificar quais são as variáveis que permitem avaliar os
benefícios que a população percebe na atividade turística e as variáveis que fazem
com que os moradores percebam o desenvolvimento turístico promovido nas
capitais da Região Sudeste do Brasil. Para isso, utilizou como referência a escala
Tourism Impact Attitude Scale(TIAS) e como parâmetro analítico os conceitos de
Marketing de Destinos Turísticos e Sistema de Turismo.Para identificar como os
moradores das regiões percebem a atividade turística aplicou-se a regressão
multivariada. Os resultados encontrados sugeriram quehá correlação entre a
percepção positiva do turismo e o impacto econômico, apontando que o sucesso da
atividade passa necessariamente, mas não unicamente, pela geração de riqueza.
Identificou também que a percepção positiva da atividade tem relação com a
percepção da proatividade governamental.

Palavras-chave: Marketing de Destinos Turísticos; Sistur; Tourist Impact Attitude


Scale; Brasil-Região Sudeste
ABSTRACT

This research sought to identify what are the variables for assessing the benefits that
the population perceives the tourist activity and the variables that make the residents
perceive tourism development promoted in the capitals of southeastern Brazil . For
this, used as reference to Tourism Impact Attitude Scale (TIAS) and as an analytical
parameter the Destination Marketing concepts Tour and Tourism. To identify how the
residents of the regions perceive tourism applied to multivariate regression. The
results suggested that there is a correlation between a positive perception of tourism
and the economic impact , pointing out that the success of the activity passes
necessarily, but not limited to, the generation of wealth. It also identified the positive
perception of the activity is related to the perception of government proactivity .

Palavras-chave: Tourism Destination Marketing; Tourism Systems; Tourist Impact


Attitude Scale; Brazil - Southeast
9

1 INTRODUÇÃO

O tema desta dissertação é marketing de destinos turísticos e o seu campo de

estudo serão as capitais da Região Sudeste do Brasil: Vitória, São Paulo, Rio de

Janeiro e Belo Horizonte. De acordo com estudos de Bigné (2000), o marketing de

destinos deve promover a localidade para aumentar o fluxo turístico atendendo as

expectativas, tanto dos visitantes, como da comunidade autóctone. A literatura

mundial sobre a gestão de destinos turísticos discute o equilíbrio de interesses entre

os diversos grupos envolvidos no processo turístico de um território, o turista, o

morador, a classe empresarial e os gestores públicos locais.

Para Buhalis (1999), os estudos sobre gestão de destinos precisam

considerar também a sustentabilidade dos locais turísticos. Para isso, deverão

procurar acomodar as tendências da indústria turística com as necessidades da

preservação dos recursos humanos, culturais ou naturais. Nesse sentido, deverão

contemplar medidas que minimizem impactos dessas atividades sobre a região, e

que deverão ser seguidas pelas partes envolvidas. Todavia, o autor reconhece a

dificuldade de compor estratégias de marketing de destinos turísticos de uma

localidade pois são muitas partes independentes interessadas no processo, quando

nem sempre os interesses são convergentes.

Sob a perspectiva de Araujo, Carvalho & Silva (2005) há necessidade do

envolvimento da população local na composição das diretrizes para o

desenvolvimento do setor turístico. Isto poderia ser feito por meio de pesquisas de

opinião, em que a população pudesse sugerir ações para fomentar o turismo e


10

controlar seus efeitos sobre a região. Haveria assim, a melhoria da infraestrutura da

cidade e manutenção da qualidade de vida de seus moradores.

O estudo de Trueman et al. (2007) discute a forma de despertar os interesses

de uma comunidade para ações que atraiam os turistas. Para esses autores, a

valorização da história e do patrimônio de uma cidade influenciam na confiança das

comunidades locais, o que por sua vez, influenciará na definição das estratégias de

marketing de destino. Essas estratégias demonstrarão os benefícios da atividade

turística para os moradores e a importância de preservar o ambiente para o turismo.

O estudo de Meidan (1984) complementa o estudo de Trueman et. al. (2007)

apontando que a demanda para um determinado destino dependerá da sua

capacidade de atração de público para as atividades oferecidas aos turistas, que

buscam normalmente o lazer, esporte, recreação, cultura, religião, eventos, negócios

e vistas médicas ou sociais.

Esta dissertação se propôs a responder os seguintes problemas de

pesquisa: (i) quais fatores influenciam os moradores das Regiões Metropolitanas das

capitais da Região Sudeste do Brasil a identificar a atividade turística como benéfica

para sua respectiva cidade? (ii) quais fatores os levam a perceber o

desenvolvimento turístico da Capital?

Partindo do princípio de que os moradores são partes interessadas e atores

ativos do processo de turismo de uma determinada localidade - inclusive como

prestadores de serviços diretos ao turista –, e que a forma de envolvimento dessa

população é fundamental para o estabelecimento das estratégias de

desenvolvimento de marketing de destinos turísticos, o objetivo deste trabalho

é identificar quais são as variáveis que permitem avaliar os benefícios que a


11

população percebe na atividade turística e as variáveis que fazem com que os

moradores percebam o desenvolvimento turístico promovido na capital.

A percepção dos moradores sobre os impactos provocados pela atividade

turística já inspirou estudos e elaboração de escalas de medição desses impactos.

Os trabalhos de Ap (1990); Lankford e Howard (1994); Liu e Var (1986); e Andereck

et al (2005),apontaram a importância de se envolver a comunidade local no

processo de implementação e desenvolvimento das atividades turística das cidades.

No entanto, os estudos concentram-se normalmente em áreas menos urbanas.

Adicionalmente, pouco se estuda sobre essa percepção de moradores nos destinos

turísticos brasileiros. Portanto, esse trabalho traz como contribuição a possibilidade

de se apontar a partir da percepção de moradores a possível abertura destes com

relação ao turismo em centros urbanos, identificando assim as variáveis relevantes

para o planejamento de marketing de destino turísticos nas capitais da Região

Sudeste do Brasil.

Esta dissertação sustentou sua argumentação na teoria de marketing de

destinos turísticos, e utilizou a Teoria do Sistema de Turismo (Sistur) de Beni (2007)

para apontar a dinâmica dos conflitos de interesses das partes envolvidas no

processo turístico de uma cidade, desde seus moradores e a gestão pública, até os

turistas. E dentro deste contexto, está estruturada na seguinte forma: além desta

introdução, o segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica que mostrou o

diálogo entre a teoria de marketing de destinos, o Sistur, e os estudos sobre o

impacto do turismo em comunidades locais, e apresentou escala para mensuração

da percepção das comunidades locais em relação ao turismo- Tourism Impact

Attitude Scale (TIAS); o terceiro apresenta a metodologia da pesquisaonde


12

demonstra como a Escala TIAS foi utilizada; o quarto traz a análise de dados com

estatística descritiva e regressão linear multivariada; e o quinto as

consideraçõesfinais, com as contribuições da pesquisa para fundamentar a

elaboração de estratégias de marketing de destinos a partir de percepção da

atividade turística pelos moradores.


13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 MARKETING DE DESTINOS TURÍSTICOS

Tradicionalmente marketing de destinos turísticos tem como finalidade

aumentar o número de visitas, considerando o turismo como qualquer outro produto.

No entanto, essa finalidade precisa ser acrescida da necessidade de seatender aos

anseios dos turistas e da comunidade local, e não somente relacionar o marketing

de destinos com a promoção do turismo, conforme afirma Bigné (2000).

Segundo Meidan (1984) é a partir do conceito de segmentação de mercado

que se define as estratégias de marketing de turismo. O objetivo final é o aumento

da satisfação do turista, que é o resultado dos benefícios dos produtos turísticos que

são consumidos. Dessa forma, o desafio para a comercialização do atrativo turístico

é criar valor para o turista, de forma que ele sinta a necessidade e a vontade de

consumir aquele produto. Nesse processo, o potencial turístico é influenciado pelas

seguintes variáveis: comportamento social e pessoal, fatores de estímulo do turismo

e considerações do destino.

Buhalis (2000) observa que, geralmente, os estudos de marketing, ao abordar

as estratégias de produtos não consideram as peculiaridades dos destinos turísticos

e tratam de forma genérica todos como produtos. Seu estudo demonstra que no

turismo, cada produto é único e deve ser trabalhado de forma específica conforme

suas características, e as estratégias adotadas devem considerar os interesses de

todos os envolvidos: moradores, turistas e empresários locais e operadores


14

turísticos. Será necessário, durante o planejamento de marketing considerar

mecanismos que garantam a utilização racional dos recursos naturais, de forma que

os impactos sejam facilmente administrados pela comunidade local.

Buhalis (2000) discute sobre a necessidade de se identificar as características

e criar produtos para atrair clientes que buscam experiências novas, e aprimorar o

processo de atender às expectativas dos clientes. Identificar as características

peculiares de cada produto e ofertá-lo ao cliente certo é um dos principais desafios

do marketing de destinos turísticos.Essa mesma percepção tem o estudo de

Pimentel, Pinho e Vieira (2006) ao abordar a formação de produtos turísticos,

apontaque o papel do marketing de destinos turísticos, quando eficiente, é o de criar

o produto turístico conforme a realidade local, com as características do destino, e

utilizando suas limitações como margens, criando assim, produtos específicos para

cada segmento. Dessa forma, a identidade do destino estará claramente

identificada.

Hakinson (2009) relata a importância da integração entre os setores privado e

público para a gestão do marketing turístico de destinos. Analisando os públicos

prioritários identificou um certo conflito entre os elementos prioritários, uma vez que

o setor privado prioriza ações externas, e o setor público prioriza os moradores. Para

tanto, o estudo apresenta como bases da gestão da marca de destinos os seguintes

itens: parceria das partes interessadas, liderança da marca, coordenação de

departamentos, comunicação das partes interessadas e cultura da marca. Constatou

que normalmente as organizações que fazem a gestão de marketing turístico de

destinos têm recursos limitados, e por isso tendem a priorizar ações focadas em

parcerias e no público externo. Porém, quando o processo é conduzido por


15

conselhos de turismo é mais eficiente em modificar a engenharia organizacional e

coordenar as relações inter-departamental, e dessa forma mais bem sucedidos na

construção de culturas de marca orientadas por atores internos.

Analisando as perspectiva de Meidan (1984) sobre a composição do mix de

marketing para o turismo e os estudo de Hakinson (2009) sobre as estratégias de

gestão do marketing de destinos turísticos, os estudos de Trueman, Cornelius e

Killingbeck-Widdup (2007) identificaram um elo interessante entre os estudos de

Meidan (1984) e Hakinson (2009) quando ambos destacam a importância de

desenvolver as estratégias de marketing de acordo com a identidade e a cultura

local, e dessa forma minimizar as percepções negativas em relação ao turismo. É

importante compreender como o mix de marketing é diferenciado para o turismo. Ao

invés do preço, produto, promoção e praça, no turismo, de acordo com Meidan

(1984), apenas três elementos importam no mix de turismo: o serviço do produto; de

apresentação; e de comunicação. O mix de produto possui três componentes

principais: o acesso, equipamentos turísticos e atrações dos destinos.

Hannam (2004) contribui para o estudo ao apresentar que o marketing

turístico tornar-se cada vez mais complexo, pois a preocupação em apresentar um

destino turístico a potenciais turistas não se restringe em transmitir uma imagem de

um lugar, mas tem a função expandida em vender uma experiência de um lugar,

explicitamente relacionado com os estilos de vida dos potenciais consumidores.

Além disso, o marketing turístico se apresenta como fator determinante para o

sucesso do desenvolvimento turístico (HANNAM, 2004). O que, de fato, está ligado

à percepção da atividade turística pelos nativos ou anfitriões, como acrescenta

Buhalis (2000), quando apontou que a comercialização dos destinos deve equilibrar
16

os objetivos estratégicos de todas as partes interessadas, a sustentabilidade dos

locais e os seus recursos. Sendo assim, o turismo precisa adotar estratégias de

marketing sociais que facilitem o desenvolvimento regional. Nesse contexto, ele

levanta a crítica ao marketing tradicional na medida em que afirma que o marketing

"(...)Falha em reconhecer as necessidades específicas e as limitações de cada

destino” (BUHALIS, 2000; p. 98). Sob essa perspectiva, as opções de produtos

turísticos são abertas, na medida em que as experiências que podem ser

trabalhadas em cada destino podem ser únicas, criando um universo de opções

indefinido.

Pomering, Noble e Johnson (2011) contribuem com esse posicionamento ao

apontarem que os gestores devem desenvolver uma orientação de marketing social

para o destino de forma que atendam as necessidades e desejos dos turistas-alvo

do mercado, ao passo que contemple as necessidades da sociedade local como um

todo.

Buhalis (2000) defende que o marketing deve ser utilizado como um

mecanismo estratégico coordenando planejamento e gestão, ao invés de servir de

ferramenta de venda. Sob essa perspectiva os estudos de Andereck, Valentine,

Vogt, & Knopf (2007), defendem que o turismo é, cada vez mais, visto como uma

potencial indústria de base, fornecendo elementos que podem melhorar a qualidade

de vida por meio do desenvolvimento de produtos turísticos, que também podem ser

apreciados por moradores, como festivais, restaurantes, atrativos naturais e

culturais. Uma melhor qualidade de vida também pode ser percebida pelo morador

por meio do aumento do padrão de vida, das receitas fiscais, das oportunidades de

emprego e diversidade econômica.


17

2.2 ANÁLISE ESTRUTURAL DO TURISMO - SISTEMA DE TURISMO

O Modelo Referencial do Sistema de Turismo (Sistur) apresenta o turismo sob

o ponto de vista sistêmico, e foi proposto por Beni (1990). Beni (2007) aplicou a

teoria de sistemas ao turismo partindo da prerrogativa de que para se caracterizar

um sistema são necessários: (a) o meio ambiente - objetos que têm influência sobre

a operação do turismo; (b) elementos ou unidades - os que compõem o sistema; (c)

relações - a mútua dependência dos elementos ou unidades; (d) atributos -

qualidades atribuídas para a caracterização dos elementos ou sistema; (e) entrada -

o que o sistema recebe ou o que o alimenta; (f) saída - produtos finais dos

processos de transformação; (g) realimentação - processos de controle para

equilibrar o sistema; (h) modelo - representação gráfica do sistema.

Dentro desse contexto sugeriu cinco princípios: (i) os objetivos totais do

sistema; (ii) o ambiente e seus recursos;(iii) os componentes e suas atividades; (iv)

finalidades e medidas de rendimento; e (v) a administração.

Beni (2007), utilizando a teoria de sistemas, defendeu que essa abordagem

pode facilitar as análises interdisciplinares envolvendo o turismo.

Pela conceituação de sistema como o conjunto de procedimentos,


doutrinas, ideias ou princípios logicamente ordenados coesos, com
intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo,
tivemos em mente situar o Turismo, em toda sua abrangência,
complexidade e multi-casualidade, em um esquema sistematizador
dinâmico que demonstre as combinações multifacetadas de forças e
energias, sempre em movimento, de modo a produzir um modelo referencial
(BENI, 2007 p. 46).
18

O objetivo do Sistur foi o de “(...) organizar o plano de estudos da atividade de

turismo, levando em consideração a necessidade, há muito tempo demonstrada nas

obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países”. (BENI, 2007, P.47).

O Sistur é apresentado como conjuntos de: relações ambientais,

organizações estruturais, e de ações operacionais. No conjunto de relações

ambientais apresentam-se quatro subsistemas: ecológico, social, econômico e

cultural. No da organização estrutural estão o subsistema, superestrutura e a

infraestrutura; e por fim, no conjunto das ações operacionais estão o subsistema de

produção, de distribuição, demanda e de consumo.

Dentro do subsistema social – conjunto das relações ambientais - o principal

elemento é a mobilidade social e seus efeitos, e um dos fatores analisados é a

população autóctone no processo de contato social nas áreas de ocupação turística

(BENI, 1990).

Beni (1990), destaca a importância de se definir determinados conceitos para

entender o sistema turístico. Dentre os quais está o Sujeito do Turismo que

apresenta o homem como fato e fenômeno do turismo, que dá origem a várias

atividades relacionadas ao setor com seus desejos e necessidades.

Nesse sentido, apontou os elementos, perfil socioeconômico da área

receptora, compreendendo o levantamento de ocupação do território e densidade

demográfica; a composição étnica da população; e a organização social como

aqueles que constituem as relações de sistema, que estão ligados à caracterização

dos moradores, porque são os que apontam a percepção e comportamento dos

moradores.
19

Observando o objetivo desse projeto, porém, sem subdimensionar os demais

subsistemas e as demais relações do Sistur, faz-se-a nesse momento um recorte do

subsistema social observando a população autóctone, e como se dá a aplicação do

Sistur nessa dimensão da atividade turística.

“Por administração do Sistur entende-se a criação de planos que envolvam


os objetivos globais, o ambiente, a utilização dos recursos e os
componentes - é o processo de controle de seu rendimento. Os
procedimentos desse controle têm um caráter excepcional como, por
exemplo, nas operações de um componente, nele interferindo somente
quando há excessivo desvio de uma ação específica. [...] A administração é
o único controle efetivo de que se dispõem para indicar a causa dos
desajustes entre os conjuntos de subsistemas em relação ao sistema global
e determinar os procedimentos de correção e de retorno ao equilíbrio, a fim
de otimizar as relações entre funções e operadores” (BENI, 2007).

Na descrição do subsistema social, Beni (2007) relata que para impedir

conflitos entres os grupos envolvidos na atividade turística de um local - moradores,

migrantes em busca de oportunidade de trabalho, e os turistas - é necessário que se

tenha atenção na ocupação social, e que as ações do turismo no território procurem

envolver a população local de forma a não provocar a marginalização social. Ele

referencia os, mundialmente conhecidos, Índice de Desenvolvimento Social (IDS) e

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como parâmetros para mensuração da

melhora, estagnação ou piora de uma comunidade que tenha o turismo como

principal atividade.
20

2.3 IMPACTO DO TURISMO EM COMUNIDADES LOCAIS

Os estudos realizados por Ap (1990); Lankford e Howard (1994); Liu e Var

(1986); e Andereck et al (2005),abordaram a análise do impacto do turismo na

comunidade local. Tiveram em comum a preocupação da comunidade para que a

atividade turística não interfira de forma a prejudicar o espaço e suas atividades

cotidianas. O que, no Sistur, está englobado na questão que trata sobre o equilíbrio

entres os subsistemas econômico, social, ambiental e cultural.

Liu e Var (1986), que desenvolveram estudos com a comunidade do Hawai,

identificaram a preocupação com a preservação do meio ambiente como a principal

questão de conflito entre a comunidade local e turistas, na medida em que a

concentração desses tende a provocar desgastes ambientais. John Ap (1990)

aborda em seu estudo que a investigação do impacto social do turismo, por meio da

compreensão da percepção dos moradores sobre o turismo em sua localidade se

mostra valiosa informação para o futuro do planejamento.

Andereck et al. (2005) trouxeram uma contribuição interessante aos estudos

sobre o impacto do turismo nas comunidades locais. Detectaram que os indivíduos

que percebiam maior benefício na atividade turística tendiam a perceber mais

impactos positivos do desenvolvimento do turismo na comunidade. Entretanto, ao

avaliarem os problemas locais, não identificaram divergência entre os que se

beneficiam mais e os que se beneficiam menos do turismo. A comunidade

geralmente aprecia o desenvolvimento que a atividade turística pode proporcionar

para a localidade. No entanto, apontaram a superlotação, trânsito,


21

congestionamento e expansão urbana como problemas a serem resolvidos pelos

governantes. Este estudo propôs que os gestores explorassem mais as formas de

engajamento da comunidade local para conseguir desenvolver de forma eficaz a

dissipação de conflitos e a construção de consensos dentro da comunidade sobre o

futuro desejado, orientando-se por prerrogativas das áreas de psicologia e de

sociologia. De forma a conseguir que os residentes tivessem atitudes e

comportamentos mais focados para o desenvolvimento turístico local.

Andereck, Valentine, Vogt, & Knopf (2007) constataram que existem

preocupações, sobre os impactos negativos sobre a qualidade de vida dos

moradores que podem ser percebidos nos congestionamentos, trânsito e

estacionamento, o aumento da criminalidade, aumento do custo de vida, o atrito

entre turistas e residentes, mudanças no estilo de vida de moradores, entre outros.

Quando o estudo analisa a percepção do turismo sob a ótica da qualidade de vida

do morador, é possível identificar como é a relação do morador com o turista, de que

forma aquele percebe o movimento turístico correlacionado ao seu cotidiano, e ajuda

a observar possíveis diretrizes de desenvolvimento do turismo e outras políticas

específicas para o desenvolvimento local.

Nessa linha de estudos, Demirkaya e Cetin (2010) trazem uma importante

contribuição que corrobora com os estudos do Sistur. Ao passo que demonstram a

necessidade de se trabalhar os subsistemas envolvidos em um destino, e reforçam

os já apresentados trabalhos a respeito da percepção dos residentes sobre os

impactos do turismo. Eles afirmam que para determinar a política de turismo de um

local é preciso analisar seus efeitos sociais e culturais do turismo, o processo de

planejamento, avaliação dos benefícios e minimização dos problemas. Os efeitos


22

positivos podem ser potencializados e os efeitos negativos podem ser administrados

com a aplicação de um planejamento apropriado que envolva a comunidade.

Barreto (2003) analisa o turismo sob a perspectiva das ciências sociais e

determina o turismo como movimento de pessoas.

O Turismo, portanto, é um ato praticado por pessoas que


realizamumaatividade específica de lazer, fora das suas respectivas cidades
e se utilizam, para atingir seus objetivos, de equipamentos e serviços cuja
prestaçãoconstituiumnegócio” (BARRETO, 2003, p.21).

A autora defende que “questõescruciais do planejamento do turismo que

poderiam ser melhores ouvidascom a contribuição das pesquisas sócio-

antropológicas” (BARRETO, 2003, p.15), apesar de reconhecer a dificuldade de se

prever a reação da sociedade à presença dos turistas, e a reação dos turistas à

sociedade.

Barreto (2003) demonstrou em seus estudos que, historicamente, após a

execução dos planejamentos de turismo balizados em prerrogativas administrativas

e técnicas de marketing, os legados para as comunidades não são específicos, e

variam desde os aspectos negativos de fomento ao turismo sexual e degradação

ambiental, até os aspectos positivos como ações de fomento à cultura e

recuperação ambiental das cidades.

Os estudos de Barreto (2003) contribuíram para outros trabalhos que

analisaram a percepção das comunidades, reforçando que só conhecendo “muito

profundamente a sociedade receptora e a sociedade emissora é que se pode

minimizar os impactos ou interferências negativas e potencializar os positivos”

(BARRETO, 2003, p.23). Nesse contexto, a autora ressalta o importante papel das
23

ciências sociais para o entendimento das relações de trabalho nas comunidades

receptoras de turistas, exemplificando com as funções de serventia direta ao turista,

como garçons e camareiras, que ao passo que se precisa de empregados nessas

funções que executem com qualidade suas tarefas para a boa imagem do destino,

há de se dar atenção ao peso histórico-social em um país como o Brasil, onde essas

funções eram exercidas por escravos pela estrutura social vigente há pouco mais de

200 anos. Portanto, para o sucesso de destinos turísticos, é importante entender e

trabalhar os aspectos históricos, sociais e culturais.

2.4 TOURISM IMPACT ATTITUDE SCALE (TIAS)

A escala de atitude para oimpacto do turismo (TIAS) foi desenvolvida por

Lankford e Howard (1994) motivados pela frequência com que se encontravam

referências na literatura dos impactos do turismo que geravam efeitos positivos e

negativos em nível local. Naquele momento, havia uma lacuna em relação aos

métodos para mensurar esses impactos, e portanto, havia necessidade de se

desenvolver uma ferramenta que pudesse mensurá-los.

Segundo Lankford e Howard (1994), os benefícios econômicos

tradicionalmente associados ao turismo passaram a ser conflitados com o seu

potencial de ruptura social. Esse cenário fez com que governos passassem a

perceber que o bem-estar público diante dessa atividade era tão importante quanto o

interesse dos turistas e investidores. No entanto, a literatura admite que os efeitos


24

em cada local são distintos. Sendo assim, há necessidade em continuar a se

examinar e relatar as consequências dessas atividades nas comunidades locais por

meio de uma ferramenta capaz de produzir comparações entre as localidades.

A análise sistemática das informações pode ajudar na gestão dos locais

turísticos, de acordo com Lankford e Howard (1994), e assim minimizar os atritos

entre os moradores e turistas, ajudando o governo a entender os impactos sociais e

na formulação de planos para empreendimentos turísticos.

Assim, a TIAS foi criada com a finalidade de oferecer uma escala de ações

com vários itens para medir as atitudes dos residentes em relação ao turismo e para

avaliar os efeitos das variáveis definidas como independentes, que foram

identificadas a partir da literatura sobre as atitudes dos residentes em direção ao

desenvolvimento do turismo local. A escala passou por um processo de purificação

com a aplicação no povoado de Columbia River George, Oregon, nos Estados

Unidos.

O desenho original de pesquisa contou com uma amostra aleatória de

residentes maiores de 18 anos da referida região, e de Washington. Os

respondentes foram selecionados a partir de uma lista de pessoas com carteira de

motorista das duas localidades. Os questionários foram encaminhados via correio e

contaram com uma taxa de resposta de 74,71% (n = 1.436). Babbie (1984, p.

221)defendeu que o número de respondentes superior a 70% é satisfatória.

A TIAS trás em sua estrutura duas variáveis dependentes cada uma com um

grupo específico de variáveis independentes. A primeira variável dependente,

chamada de fator 1 – Turismo promove o desenvolvimento da cidade - agrupa as


25

questões relativas à preocupação com o desenvolvimento local e abordam o nível e

a extensão da promoção do turismo local e regional. E a segunda variável

dependente, chamada de fator 2 – Turismo é uma atividade econômica benéfica -

agrupa as questões relativas à preocupação com os aspectos pessoais e benefícios

para a comunidade e abordam a infraestrutura, os serviços públicos, e as

oportunidades de lazer e emprego.

O estudo original foi realizado a partir de um questionário de 72 itens, além do

perfil dos respondentes. Após a análise fatorial, esses itens foram reduzidos para 27.

Esta dissertação replicará o questionário do estudo original utilizando somente os 27

itens que tal estudo utilizou após a sua análise fatorial.Apresenta-se no Quadro 01 a

escala traduzida desses 27 itens agrupados em dois fatores que representam as

variáveis dependentes de cada grupo:


26

Fator 1 Fator 2
Variável dependente. Variável dependente
Turismo promove o desenvolvimento da cidade Turismo é uma atividade econômica benéfica
Contra o novo desenvolvimento turístico Melhores estradas devido ao turismo
Incentivar o turismo na comunidade Melhor serviço público devido ao turismo
Não deve mais atrair turistas Ter mais dinheiro para gastar
Deve encorajar o turismo na capital Aumentou meu padrão de vida
Incentivar o desenvolvimento mais intensivo Mais oportunidade de recreação
Turismo vital para comunidade Fornece empregos altamente desejáveis
Promoção do turismo é feito de forma devidamente Melhores estabelecimentos comerciais
A comunidade deveria se tornar destino Apoio taxas fiscais locais para o turismo
Impacta negativamente no meio ambiente Desempenha importante papel econômico
Nível de ruído inapropriado
Mais lixo com o turismo
Turistas são valiosos
Limita o desenvolvimento de recreação
Aumento do crime
Benefícios superam consequências
Gostaria de ver o turismo ser a principal indústria
O planejamento pode controlar os impactos
Proporciona mais empregos para a comunidade

Quadro 01: Tradução da Escala TIAS


Fonte:Lankford e Howard (1994).
27

3 METODOLOGIA

A pesquisa seguiu uma abordagem quantitativa e descritiva de dados

primários e subjetivos, colhidos a partir das respostas de um questionário com

escala Likert (de 1 “discordo totalmente” a 10 ”concordo totalmente”), autoaplicável

via internet pela ferramenta Google Drive, que foi enviado para moradores das

Regiões Metropolitanas de: Vitória, no Espírito Santo; Rio de Janeiro, no Rio de

Janeiro; São Paulo, em São Paulo; e Belo Horizonte, em Minas Gerais. Os meios de

divulgação utilizados foram: correio eletrônico para pessoas físicas, e universidades

do Rio de Janeiro, São Paulo, e Belo Horizonte, além de mensagens em redes

sociais.

O questionário definido foi uma adaptação da TIAS de Lankford e Howard

(1994) – Anexo 1 – e foram feitos os seguintes ajustes: a) tradução das variáveis;b)

elaboração das questões conforme as variáveis para compor o questionário a ser

aplicado na pesquisa - Apêndice A.

Apesar de ter sido aplicada apenas em contextos rurais, a TIAS tem elevado

índice de confiabilidade, podendo, pela força do método, ser aplicada a contextos

urbanos com a mesma eficiência. Por essa razão,esta dissertação, aplicou a TIAS

nas quatro capitais da Região Sudeste do Brasil, que são cidades

predominantemente urbanas. No Quadro 02 apresenta-se a escala adaptada e as

perguntas que foram colocados no questionário que será aplicado.


28

Fator 2
Fator 1
Eu acredito que o turismo é uma atividade
Eu acredito que o turismo promove o
econômica benéfica para a capital do meu
desenvolvimento da capital do meu Estado
Estado

Sou contra o desenvolvimento turístico na capital do Há melhorias dos acessos terrestres da capital
meu Estado. do meu Estado por conta do turismo

Sou a favor de incentivar o turismo nas Os serviços públicos na capital do meu Estado
comunidades da capital do meu Estado. melhoraram graças ao turismo

O turismo contribui para que os moradores da


Na minha opinião, não deveríamos mais trabalhar
capital do meu Estado tenham mais dinheiro
para atrair turistas para a capital do meu Estado.
para gastar na cidade.
Deveria-se incentivar mais a atividade turística na O turismo contribuiu para o aumento do meu
capital do meu Estado. padrão de vida
Deveria-se incentivar de forma mais intensiva o
O turismo contribuiu para o aumento de opções
desenvolvimento do turismo na capital do meu
recreativas na capital do meu Estado
Estado
O turismo é vital para determinadas comunidades O setor turístico oferece empregos altamente
da capital do meu Estado desejáveis na capital do meu Estado
O turismo contribuiu para a melhoria de
A promoção do turismo da capital do meu Estado é
estabelecimentos comerciais da capital do meu
feita de forma adequada
Estado
A capital do meu Estado deveria se tornar um O governo da capital do meu Estado incentiva o
destino turístico incremento do turismo
O turismo impacta negativamente na capital do meu O turismo pode desempenhar importante papel
Estado econômico na capital do meu Estado
O turismo deixa a capital do meu Estado mais
barulhenta
A capital do meu Estado fica mais suja com o
turismo
Turistas são valiosos para a capital do meu Estado
O turismo limita minhas opções de lazer na capital
do meu Estado
O turismo contribui para o aumento de crimes na
capital do meu Estado
Os benefícios do turismo se sobressaem às
consequências na capital do meu Estado

Gostaria que o turismo fosse a principal atividade


econômica da capital do meu Estado

O planejamento do turismo pode minimizar os


impactos dessa atividade na capital do meu Estado
O turismo pode proporcionar mais emprego para as
comunidades da capital do meu Estado
Quadro 02: Questionário baseado na TIAS
Fonte: dados da pesquisa
29

As capitais da Região Sudeste do Brasil foram escolhidas por que juntas

representam a maior concentração de conglomerado urbano do país e, por não ter

variedade de estudos brasileiros que discutiram a percepção dos moradores sobre o

impacto do turismo em sua localidade.

As buscas por respondentes foram feitas por meio de distribuição de e-mails

para um mailing de cerca de 3 mil pessoas, solicitando a participação e divulgação

na pesquisa. Além disso, foi solicitado apoio para divulgação da pesquisa a

departamentos da Universidade de São Paulo, Universidade Federal Fluminense,

Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Colégio Pedro II no Rio de

Janeiro, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Universidade Federal de

Minas Gerais; além da divulgação em rede social compartilhada por cerca de 10

pessoas com o alcance próximo a 3 mil indivíduos.A amostrarespondente deste

estudo foi composta por 482 moradores das região metropolitanas das capitais da

Região Sudeste do Brasil, o único critério utilizado para seleção desta amostra,

sendo 85 de Belo Horizonte, 79 do Rio de Janeiro, 71 em São Paulo, e 247 de

Vitória, e tem como objetivo esclarecer se a população dessa região percebe o

turismo como atividade benéfica às suas respectivas capitais e se promove o

desenvolvimento dessas. Não houve necessidade de invalidar respostas.

Após a coleta de dados, foram feitas análises quantitativas:(i) Medidas de

proporções (percentuais) para caracterizar o perfil da amostra; (ii) Estatística

descritiva das variáveis dependentes; (iii) As médias e os desvios-padrão; (iv) e

Regressões lineares múltiplas com método stepwiseTambém se comparou os


30

resultados das regressões de cada Região Metropolitana, buscando as divergências

e semelhanças.
31

4 ANÁLISE DE DADOS

Para entender a dinâmica da relação entre os moradores das regiões

metropolitanas das capitais da macrorregião sudeste do Brasil e a atividade turística

sob as suas percepções dos benefícios do turismo e o desenvolvimento promovido

por essa atividade, esse estudo fez a caracterização da amostra da pesquisa

realizada com moradores das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Rio de

Janeiro, São Paulo e Vitória. Em seguida apresentou as estatísticas descritivas da

amostra e as comparou entre as regiões e apresentouas análises de regressões.

A seguir estão os Quadros 03 e 04 com as perguntas que foram utilizadas

para a definição de cada uma das variáveis dependentes e independentes da TIAS.


32

Perguntas Variáveis
Sou contra o desenvolvimento turístico na capital do
Contra o novo desenvolvimento turístico
meu Estado.
Sou a favor de incentivar o turismo nas comunidades
Incentivar o turismo na comunidade
da capital do meu Estado.
Na minha opinião, não deveríamos mais trabalhar
Não deve mais atrair turistas
para atrair turistas para a capital do meu Estado.
Devería-se incentivar mais a atividade turística na
Deve encorajar o turismo na capital
capital do meu Estado.
Devería-se incentivar de forma mais intensiva o
Incentivar o desenvolvimento mais
desenvolvimento do turismo da capital do meu
intensivo
Estado.
O turismo deixa a capital do meu Estado mais
Nível de ruído inapropriado
barulhenta.
O turismo é vital para determinadas comunidades da
Turismo vital para comunidade
capital do meu Estado.
A promoção do turismo da capital do meu Estado é
Promoção do turismo adequada
feita de forma adequada.
A capital do meu Estado deveria se torna um destino
A cidade deveria se tornar destino
turístico.
O turismo impacta negativamente na capital do meu
Impacta negativamente no meio ambiente
Estado.
A capital do meu Estado fica mais suja com o
Mais lixo com o turismo
turismo.
Turistas são valiosos para a capital do meu Estado. Turistas são valiosos
O turismo limita minhas opções de lazer pela capital
Limita o desenvolvimento de recreação
do meu Estado.
O turismo contribui para o aumento de crimes na
Aumento do crime
capital do meu Estado.
Os benefícios do turismo se sobressaem às
Benefícios superam consequências
consequências na capital do meu Estado.
Gostaria que o turismo fosse a principal atividade Gostaria de ver o turismo ser a principal
econômica da capital do meu Estado. indústria
O planejamento do turismo pode minimizar os
O planejamento pode controlar os impactos
impactos dessa atividade na capital do meu Estado.
O turismo pode proporcionar mais emprego para as Proporciona mais empregos para a
comunidades da capital do meu Estado. comunidade
Eu acredito que o turismo promove o Variável dependente: Turismo promove
desenvolvimento da capital do meu Estado. desenvolvimento da cidade
Quadro 03: Perguntas e Variáveis do Fator 1
Fonte: dados da pesquisa
33

Perguntas Variáveis

Há melhorias dos acessos terrestres da capital do


Melhores estradas devido ao turismo
meu Estado por conta do turismo
Os serviços públicos na capital do meu Estado
Melhor serviço público devido ao turismo
melhoram graças ao turismo.
O turismo contribui para que os moradores da
capital do meu Estado tenham mais dinheiro para Ter mais dinheiro para gastar
gastar na cidade
O turismo contribuiu para o aumento do meu
Aumentou meu padrão de vida
padrão de vida
O turismo contribuiu para o aumento de opções
Mais oportunidade de recreação
recreativas na capital do meu Estado.
O setor turístico oferece empregos altamente
Fornece empregos altamente desejáveis
desejáveis na capital do meu Estado.
O turismo contribuiu para a melhoria de
estabelecimentos comerciais da capital do meu Melhores estabelecimentos comerciais
Estado.
O governo da capital do meu Estado incentiva o
Apoio taxas fiscais locais para o turismo
incremento do turismo.
O turismo pode desempenhar importante papel
Desempenha importante papel econômico
econômico na capital do meu Estado.
Eu acredito que o turismo é uma atividade Variável dependente: Turismo é atividade
econômica benéfica para a capital do meu Estado. econômica benéfica
Quadro 04: Perguntas e Variáveis do Fator 2
Fonte: dados da pesquisa

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

O estudo original que esta dissertação se baseou não pode ser replicado pela

limitação de recursos. Assim sendo, esta pesquisa foi realizada com 482

respondentes, que tiveram acesso ao questionário autoaplicável por meio de e-mail

e rede sociais, sendo 51,2% da Região Metropolitana de Vitória, 16,4% do Rio de

Janeiro, 17,6% de Belo Horizonte e 14,7% de São Paulo, conforme Tabela 01.
34

Em função da característica da amostra, de voluntários, e da forma de contato

realizado, não foi possível determinar quantas pessoas tiveram acesso ao

questionário da pesquisa, razão pela qual o percentual de respondentes não foi

conhecido.

Apesar de tais limitações esperava-se que os resultados fossem ainda assim,

satisfatórios. E nesse sentido, as conclusões que se chegassem pudessem ser

compreendidas como uma análise exploratória dos dados coletados, que passaram

por testes rigorosos em cada etapa de análise, o que pudessem ajudar a orientar

estudos posteriores.

Na Tabela 01 é possível visualizar as características da amostra que estão

apresentadas por gênero, escolaridade, local de residência, renda individual, e se

trabalham ou trabalharam com o turismo.

Observando a Tabela 01, mais de 70% da amostra está concentrada na faixa-

etária de 26 a 55 anos, sendo que 45% só entre 26 a 35 anos. O público feminino

representa 59,5% da amostra, enquanto o público masculino 40,5%, apesar do

gênero feminino ser quase 70% das amostras dos residentes do Rio de Janeiro e

São Paulo. Sob a análise da renda individual, mais de 60% da amostra está

concentrada na faixa de 2 a 10 salários mínimos, e 22,6% tem uma renda individual

mensal acima de 10 salários mínimos. Sobre a características do grau de instrução

95,6% possuem ensino superior completo, e 55,8% tem concluídos estudos de pós-

graduação. Do total de entrevistados, apenas 11,4% trabalham ou já trabalharam

com o turismo, e 88,6% nunca trabalharam e nem trabalham na área turística.


35

TABELA 01–CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS

Número Percentual (%)


(GEN) Gênero Masculino 195 40,5
Feminino 287 59,5
Masculino 111 44,9
Vitória
Feminino 136 55,1
Masculino 25 31,6
Rio de Janeiro
Feminino 54 68,4
Masculino 37 43,5
Belo Horizonte
Feminino 48 56,5
Masculino 22 31,0
São Paulo
Feminino 49 69,0
Faixa Etária 17 A 25 71 14,9
26 A 35 217 45,0
36 A 45 71 14,9
46 A 55 81 16,4
56 A 65 37 7,7
66 A 71 5 1,0
(RM) Localidade Vitória 247 51,2
Belo Horizonte 85 17,6
Rio de Janeiro 79 16,4
São Paulo 71 14,7
(RSI) Renda (Salários mínimos*) 0-1 SM 70 14,5
2-5 SM 158 32,8
5-10 SM 145 30,1
10+ SM 109 22,6
(ESC) Escolaridade? Ens. Fundamental 1 0,2
Ens. Médio 20 4,1
Ens. Superior 192 39,8
Pós Graduação 269 55,8
(TUR) Trabalhou/ trabalha no Não 427 88,6
turismo.
Sim 55 11,4
* O valor de referencia do salário mínimo é R$ 724,00.
Fonte: Dados da pesquisa
36

Sobre a escolaridade da amostra, os segmentos com escolaridade inferior ao

ensino médio, somados, não chegam a 5% (4,3% apenas). Os que possuem ensino

superior são 39,8% e aqueles com pós-graduação são 55,8%. Constata-se, portanto

que o nível de escolaridade da amostra é elevado, mesmo com certa diversidade

interna. Adicionalmente, apenas 11,4% da amostra é composta por pessoas que

trabalharam ou trabalham no turismo.

Na Tabela 02 é possível analisar a distribuição de renda da amostra por

gênero. Assim pode-se observar que em termos de diferença de renda por sexo,

percebe-se que os homens concentram-se entre os estratos de maior renda, acima

de 5 salários mínimos. Quanto as mulheres, praticamente são ¾ entre os extratos de

renda menor que 5 salários mínimos.

TABELA 02 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA, POR GÊNERO E FAIXA DE RENDA.

0-1 SM 2-5 SM 5-10 SM 10+ SM Total


Masculino 22,86 23,42 55,17 56,88 40,46
Feminino 77,14 76,58 44,83 43,12 59,54
Total 14,5% 32,8% 30,1% 22,6% 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa

No que trata as diferenças de faixa de renda dos entrevistados por região


metropolitana - Tabela 03 - observa-se que em Vitória a concentração maior ficou
entre as faixas 2-5 SM (35,2%, mais que 1/3) e 5-10 SM (26,3%). No Rio de Janeiro
destacaram-se as faixas de 5-10 SM (34,2%) e 10+ SM (31,6%). Belo Horizonte
contou com maior percentual entre os 5-10 SM (36,5%), sendo que as faixas 2-5 SM
(25,9%) e 10+ SM (24,7%) apresentaram percentuais bem próximos. 2-5 SM
(36,6%) e 5-10 SM (31%).
37

TABELA 03 - DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA, POR LOCALIDADE E FAIXA DE RENDA.

0-1 SM 2-5 SM 5-10 SM 10+ SM


Vitória 19,8 35,2 26,3 18,6
Rio de Janeiro 5,1 29,1 34,2 31,6
Belo Horizonte 12,9 25,9 36,5 24,7
São Paulo 8,5 36,6 31,0 23,9
Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 04,em que a amostra está dividida por região metropolitana e por

relação de trabalho com o turismo, percebe-se um maior percentual para a RM

Vitória (13,7%) e Rio de Janeiro (10,6%) e São Paulo (5,3% apenas).

TABELA 04 – PERCENTUAL DE PESSOAS QUE TRABALHARAM NO TURISMO, POR REGIÃO


METROPOLITANA

Sim Não

Vitória 13,7 86,3

Rio de Janeiro 10,6 89,4

Belo Horizonte 9,6 90,4

São Paulo 5,3 94,7


Fonte: Dados da pesquisa

4.2 ESTATÍSTICA DESCRITIVA

Nesta etapa de estatística descritiva, a análise inicial para descrever e resumir

os dados coletados considerou a amostra total para cálculo de cada variável, a

média e o desvio-padrão, divididas em duas tabelas. ATabela 05 traz as informações

relativas às variáveis independentes e dependente do Fator 1, que investiga a


38

preocupação com o desenvolvimento promovido pelo turismo. Já a Tabela 06 traz

informações relativas as variáveis independentes e dependente do Fator 2, que

investiga os benefícios da atividade turística percebidos pela população.

Na Tabela 05, quando analisa-se as variáveis relativas as preocupações com

o desenvolvimento local, observa-se que as variáveis relacionadas a situações

positivas em relação turismo têm as maiores médias. Dentre essas estão: deve

encorajar o turismo na capital (8,98); incentivar o turismo na comunidade (8,97);

proporciona mais emprego para a comunidade (8,83); incentivar o desenvolvimento

mais intensivo (8,71); turistas são valiosos (8,51). Todas essas variáveis

apresentadas apresentam desvio padrão baixo, o que, aparentemente, traz uma

ideia de consenso sobre esses benefícios. A variável, gostaria de ver o turismo ser a

principal indústria, é a que apresenta media mais próxima a 5 e com o maior desvio

padrão entre todas. Isso pode ser uma evidência de que apesar dos benefícios

relativos aos desenvolvimento proporcionado pelo turismo, há outras atividades

econômicas preferenciais para aquela população, possivelmente por serem áreas

urbanas, que tem como característica a diversidade econômica.

As variáveis que despertam para a relação negativa com o turismo tais

como:contra o desenvolvimento turístico; não deve mais atrair turistas;nível de ruído

inapropriado;impacta negativamente no meio ambiente;mais lixo com o turismo;

aumento do crime; limita o desenvolvimento de recreação tiveram o seu valor

invertido proporcinalmente para fins de análise, uma vez que os valores altos da

Tabela representam a concordância com aspectos positivos. Dessa forma, as

perguntas que induziam a uma percepção negativa estariam com valores

inversamente proporcionais às variáveis que induziam a uma percepção positiva.


39

Com essa manobra é possível, agora, entender que quanto mais alto os valores das

variáveis maior é a relação positiva sobre aquele aspecto percebido pela população,

ou mesmo maior é a percepção de benefício sobre aquele aspecto.

É possível, ainda, observar que entre as variáveis com as maiores médias,

estão as que remetem à características negativas tais como: não deve mais atrair o

turista (8,96); contra o desenvolvimento turístico (8,95); Impacta negativamente no

meio ambiente (8,94); limita o desenvolvimento de recreação (8,81).

Assim, há indícios de que, as características negativas da atividade turística

apresentadas na pesquisa não são percebidas pela comunidade, que por sua vez,

demostram a não aplicação dessas na realidade das capitais, quando o turismo

aparentemente não impacta negativamente no meio ambiente, não limita o

desenvolvimento de recreação e não faz com que as pessoas sejam contra o

desenvolvimento da atividade bem como a atração de turistas.


40

TABELA 05 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES E


DEPENDENTE DO FATOR 1

Variáveis Média Desvio Padrão


Deve encorajar o turismo na capital 8,9834 1,98218
Incentivar o turismo na comunidade 8,9772 2,05271
Não deve mais atrair turistas 8,9668 2,32114
Contra o novo desenvolvimento turístico 8,9523 2,43070
Impacta negativamente no meio ambiente 8,9481 1,73846
Proporciona mais empregos para a comunidade 8,8320 1,89286
Limita o desenvolvimento de recreação 8,8174 2,11417
Incentivar o desenvolvimento mais intensivo 8,7158 2,12795
Turistas são valiosos 8,5166 2,12027
A cidade deveria se tornar destino 8,4149 2,24535
O planejamento pode controlar os impactos 7,9938 2,43287
Turismo vital para comunidade 7,7303 2,52264
Aumento do crime 7,7199 2,42183
Nível de ruído inapropriado 7,6763 2,56861
Mais lixo com o turismo 7,4876 2,50672
Benefícios superam consequências 7,3091 2,57080
Gostaria de ver o turismo ser a principal indústria 4,5000 2,74203
Promoção do turismo adequada 3,7241 2,15429
Variável dependente: Turismo promove desenvolvimento da cidade 8,2407 2,26429
Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 06, os dados agrupados são as médias e desvio padrão de cada

variável relativa ao fator 2, que observa a percepção do morador em relação aos

benefícios. As médias são mais baixas quando comparadas ao grupo de variáveis

do fator 1, na Tabela 05. As variáveis com maior média e menor desvio padrão são

as que tratam de possibilidades de benefícios econômicos diretos advindos da

atividade turística: proporciona mais empregos para a comunidade (8,83);

desempenha importante papel econômico (8,27); turismo é atividade econômica

benéfica (8,67). Já as demais variáveis desse grupo, apresentam médias próximas a

cinco e alto desvio padrão, o que indica que a percepção dos benefícios não é

uniforme. O que indica que não há consenso sobre os benefícios advindos da

atividade turística entre os moradores.


41

Cabe observar que os resultados das Tabelas 05 e 06, trazem um cenário

interessante porque mesmo sem haver um consenso da amostra sobre os

benefícios proporcionados pela atividade turísticas, os moradores se mostraram

favoráveis ao desenvolvimento da atividade turística na capital de seu Estado,

descordando de aspectos negativos da atividade e concordando com os aspectos

positivos.

Nas Tabelas 07, 08, 09 e 10, ao comparar as médias apresentadas por cada

uma das capitais em relação às demais foram consideradas somente as variáveis

significantes em cada caso.

TABELA 06 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES E DEPEDENTE


DO FATOR 2

Variáveis Média Desvio Padrão


Desempenha importante papel econômico 8,2697 2,09987
Mais oportunidade de recreação 7,1286 2,63986
Melhores estabelecimentos comerciais 6,7282 2,62381
Ter mais dinheiro para gastar 5,5788 2,78678
Fornece empregos altamente desejáveis 5,4212 2,56050
Melhores estradas devido ao turismo 5,3693 2,94519
Apoio taxas fiscais locais para o turismo 4,8112 2,39534
Melhor serviço público devido ao turismo 4,4585 2,65934
Aumentou meu padrão de vida 3,9668 2,81571
Variável dependente: Turismo é atividade econômica benéfica 8,6722 2,03820
Fonte: Dados da pesquisa

Nas quatro tabelas a seguir, observa-se que não há diferenças consideráveis

de percepção entre as variáveis. As diferenças de médias das variáveis

considerando as dependentes e independentes são menores que 1 em quase todas

elas, e com desvios padrões próximos. Esses resultados sugerem que a percepção

dos moradores sobre o desenvolvimento do turismo e benefícios do turismo são


42

semelhantesnas quatro regiões metropolitanas - Independentemente do grau de

desenvolvimento turístico do destino –pois, considerando-seque as informações

relativas à chegada de turistas em cada uma dessas capitais é consideravelmente

diferente, e que o período da pesquisa compreendeu os meses que antecederam e

os que ocorreram os jogos da Copa do Mundo de Futebol, quando as cidades de Rio

de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo foram sedes de jogos desse eventos, e

naturalmente tiveram grande demanda de turistas no período.


43

TABELA 07 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES S PADRÕES ENTRE VITÓRIA E AS DEMAIS


REGIÕES METROPOLITANAS

Média
Desvio
Variáveis N Média do erro
Padrão
Padrão
Deve encorajar o turismo na capital Vitória 247 9,2267 1,83164 ,11654
Outras 235 8,7277 2,10267 ,13716
Incentivar o desenvolvimento mais intensivo Vitória 247 9,0445 1,94279 ,12362
Outras 235 8,3702 2,25963 ,14740
Nível de ruído inapropriado Vitória 247 3,0000 2,28640 ,14548
Outras 235 3,6638 2,79991 ,18265
Promoção do turismo adequada Vitória 247 3,0040 2,01114 ,12797
Outras 235 4,4809 2,04089 ,13313
A cidade deveria se tornar destino Vitória 247 8,6761 2,15279 ,13698
Outras 235 8,1404 2,31159 ,15079
Mais lixo com o turismo Vitória 247 3,1700 2,33292 ,14844
Outras 235 3,8723 2,63456 ,17186
Aumento do crime Vitória 247 3,0526 2,41970 ,15396
Outras 235 3,5191 2,40607 ,15695
Gostaria de ver o turismo ser a principal Vitória 247 4,9312 2,83118 ,18014
indústria Outras 235 4,0468 2,57410 ,16792
Melhores estradas devido ao turismo Vitória 247 4,8381 2,91305 ,18535
Outras 235 5,9277 2,88065 ,18791
Fornece empregos altamente desejáveis Vitória 247 5,1296 2,58030 ,16418
Outras 235 5,7277 2,50859 ,16364
Apoio taxas locais fiscais para o turismo Vitória 247 4,0324 2,22307 ,14145
Outras 235 5,6298 2,29901 ,14997
Desempenha importante papel econômico Vitória 247 8,5628 2,03504 ,12949
Outras 235 7,9617 2,12701 ,13875
Fonte: Dados da pesquisa
44

TABELA 08 - COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES ENTRE RIO DE JANEIRO E AS


DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Média
Desvio
Variáveis N Média do erro
Padrão
Padrão
Deve encorajar o turismo na capital Rio de Janeiro 79 8,3165 2,42606 ,27295
Outras 403 9,1141 1,85866 ,09259
Incentivar o desenvolvimento mais Rio de Janeiro 79 8,0127 2,57450 ,28965
intensivo Outras 403 8,8536 2,00395 ,09982
Nível de ruído inapropriado Rio de Janeiro 79 4,4937 2,96507 ,33360
Outras 403 3,0943 2,42213 ,12065
Turismo vital para a comunidade Rio de Janeiro 79 8,2658 2,22289 ,25009
Outras 403 7,6253 2,56673 ,12786
Promoção do turismo adequada Rio de Janeiro 79 4,5949 2,42063 ,27234
Outras 403 3,5533 2,05860 ,10255
Mais lixo com o turismo Rio de Janeiro 79 4,4557 2,73532 ,30775
Outras 403 3,3275 2,42025 ,12056
Turistas são valiosos Rio de Janeiro 79 9,0127 1,61320 ,18150
Outras 403 8,4194 2,19459 ,10932
Limita o desenvolvimento de recreação Rio de Janeiro 79 2,9873 2,38851 ,26873
Outras 403 2,0248 2,02211 ,10073
Aumento do crime Rio de Janeiro 79 3,8101 2,59228 ,29165
Outras 403 3,1762 2,37655 ,11838
Melhores estradas devido ao turismo Rio de Janeiro 79 6,1899 2,85584 ,32131
Outras 403 5,2084 2,93905 ,14640
Fornece empregos altamente desejáveis Rio de Janeiro 79 6,3291 2,38973 0,26887
Outras 403 5,2432 2,55787 0,12742
Apoio taxas locais fiscais para o turismo Rio de Janeiro 79 6,4177 2.38375 0,26819
Outras 403 4,4963 2,27070 0,11311
Fonte: Dados da pesquisa
45

TABELA 09 - COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES ENTRE BELO HORIZONTE E


AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Média
Desvio
Variáveis N Média do erro
Padrão
Padrão
Incentivar o turismo na comunidade Belo Horizonte 85 9,3647 1,47072 ,15952
Outras 397 8,8942 2,14944 ,10788
Nível de ruído inapropriado Belo Horizonte 85 2,6941 2,09889 ,22766
Outras 397 3,4584 2,64124 ,13256
Promoção do turismo adequada Belo Horizonte 85 4,2824 1,78360 ,19346
Outras 397 3,6045 2,20932 ,11088
Limita o desenvolvimento de Belo Horizonte 85 1,6824 1,53694 ,16670
recreação Outras 397 2,2897 2,20519 ,11068
Benefícios superam consequências Belo Horizonte 85 7,9059 2,22338 ,24116
Outras 397 7,1814 2,62416 ,13170
Gostaria de ver o turismo ser a Belo Horizonte 85 3,9529 2,40983 ,26138
principal indústria Outras 397 4,6171 2,79692 ,14037
Melhores estradas devido ao turismo Belo Horizonte 85 6,0941 2,70195 ,29307
Outras 397 5,2141 2,97498 ,14931
Desempenha importante papel Belo Horizonte 85 7,7412 2,01277 0,21832
econômico Outras 397 8,3829 2,10327 0,10556
Fonte: Dados da pesquisa
46

TABELA 10 - COMPARAÇÃO DE MÉDIAS E DESVIOS PADRÕES ENTRE SÃO PAULO E AS


DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Média
Desvio
Variáveis N Média do erro
Padrão
Padrão
Deve encorajar o turismo na capital São Paulo 71 8,4507 2,16985 ,25751
Outras 411 9,0754 1,93596 ,09549
Incentivar o desenvolvimento mais intensivo São Paulo 71 7,9577 2,32647 ,27610
Outras 411 8,8467 2,06678 ,10195
Turismo vital para a comunidade São Paulo 71 6,8451 2,68673 ,31886
Outras 411 7,8832 2,46458 ,12157
Promoção do turismo adequada São Paulo 71 4,5915 1,87142 ,22210
Outras 411 3,5742 2,16653 ,10687
A cidade deveria se tornar destino São Paulo 71 7,3662 2,53681 ,30106
Outras 411 8,5961 2,14303 ,10571
Turistas são valiosos São Paulo 71 7,8592 2,31329 ,27454
Outras 411 8,6302 2,06704 ,10196
Gostaria de ver o turismo ser a principal São Paulo 71 3,2535 2,15618 ,25589
industria Outras 411 4,7153 2,77695 ,13698
Turismo promove o desenvolvimento da São Paulo 71 7,5352 2,37746 ,28215
cidade Outras 411 8,3625 2,22458 ,10973
Aumentou meu padrão de vida São Paulo 71 3,3662 2,70047 0,32049
Outras 411 4,0706 2,82539 0,13937
Mais oportunidade de recreação São Paulo 71 6,3239 2,57335 0,30540
Outras 411 7,2676 2,62936 0,12970
Apoio taxas locais fiscais para o turismo São Paulo 71 5,4507 2,31016 0,27417
Outras 411 4,7007 2,39521 0,11815
Desempenha importante papel econômico São Paulo 71 7,4507 2,41299 0,28637
Outras 411 8,4112 2,01065 0,09918
Turismo é atividade econômica benéfica São Paulo 71 7,8592 2,40414 0,28532
Outras 411 8,8127 1,93717 0,09555
Fonte: Dados da pesquisa

As Tabelas 11, 12, 13 e 14, que apresentam a significância das variáveis dos

Fatores 1 e 2, comparam cada uma das quatro regiões com as outras três. Na

Tabela 11, que relaciona Vitória com as outras três observa-se que as variáveis:

deve encorajar o turismo na capital; incentivar o desenvolvimento mais

intensivo;nível de ruído inapropriado; promoção do turismo adequada; a cidade

deveria se tornar destino; mais lixo com o turismo; aumento do crime; gostaria de ver

o turismo ser a principal indústria; melhores estradas devido ao turismo; fornece

empregos altamente desejáveis; apoio taxas fiscais locais para o turismo;


47

desempenham importante papel econômico, tem significância a 5% para Vitória e

demais regiões.

A Tabela 12 traz a análise comparativa de significância das variáveis

confrontando os dados do Rio de Janeiro com as outras regiões, quando

observamos que as variáveis: deve encorajar o turismo na capital; incentivar o

desenvolvimento mais intensivo, nível de ruído inapropriado; turismo vital para a

comunidade; promoção do turismo adequada; mais lixo com o turismo; turistas são

valiosos; limita o desenvolvimento de recreação; aumento do crime; melhores

estradas devido ao turismo; fornece empregos altamente desejáveis; apoio taxas

fiscais locais para o turismo, tem significancia a 5% para o Rio de Janeiro e demais

regiões.

A Tabela 13 apresenta a análise comparativa de significancia das variáveis

entre Belo Horizonte e as demais, e nela o número de variáveis significantes para

Belo Horizonte e demais regiões foi a menor dentre as quatro comparações

realizadas. As variáveis: incentivar o turismo na comunidade; nível de ruído

inapropriado; promoção do turismo adequada; limita o desenvolvimento de

recreação; benefícios superam consequências; gostaria de ver o turismo ser a

principal industria; melhores estradas devido ao turismo; desempenha importante

papel econômico, tem significância a 5% em tanto para Belo Horizonte como para as

demais juntas.

Na Tabela 14, a comparação de significância das variáveis foi feita com

relação a amostra de São Paulo com as demais somadas. Nela e possível perceber

que as variáveis: deve encorajar o turismo na capital; incentivar o desenvolvimento

mais intensivo; turismo vital para a comunidade; promoção do turismo adequada; a


48

cidade deveria se tornar destino; turistas são valiosos; gostaria de ver o turismo ser

a principal indústria; turismo promove o desenvolvimento da cidade; aumentou o

meu padrão de vida; mais oportunidade de recreação; apoio taxas fiscais locais para

o turismo; desempenha importante papel econômico; turismo é atividade econômica

benéfica, se mostraram significativas a 5%.

Nos quatro cenários comparativos apenas a variável promoção do turismo

adequada foi significante a 5% na percepção dos moradores das quatro regiões

estudadas.Esse resultado sugere que a promoção é uma variável válida para as

quatro capitais; e diante da média baixa e desvio-padrão alto, na Região Sudeste, a

promoção turística não parece atender às expectativas dos moradores. Mesmo com

os dados sugerindo que a população percebe o turismo como atividade benéfica e

reconhece o desenvolvimento local pela atividade. Os dados indicam ainda a

ausência ou mesmo ineficiência da gestão do marketing destes quatro destinos.

Uma vez que as variáveis que indicamo desenvolvimento apresentam médias altas e

as que indicam a percepção de benefícios médias medianas com alto desvio padrão.
TABELA 11 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE VITÓRIA E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Teste de amostras independentes


Teste de levene para
Teste para igualdade de medias
Igualdade de variâncias
Diferença Diferença 95%Intervalo de
Sig. (2- confiança da diferença
F Sig. t df de de erro
tailed)
médias padrão Inferior Superior
IVA 9,701 ,002 2,782 480 ,006 ,49906 ,17938 ,14660 ,85152
Deve encorajar o turismo na capital
IVNA 2,773 463,860 ,006 ,49906 ,17999 ,14536 ,85276
Incentivar o desenvolvimento mais IVA 13,861 ,000 3,518 480 ,000 ,67432 ,19166 ,29773 1,05091
intensivo IVNA 3,505 461,672 ,001 ,67432 ,19238 ,29628 1,05236
IVA 16,810 ,000 -2,857 480 ,004 -,66383 ,23234 -1,12036 -,20730
Nível de ruído inapropriado
IVNA -2,843 452,032 ,005 -,66383 ,23350 -1,12272 -,20494
IVA ,460 ,498 -8,000 480 ,000 -1,47680 ,18459 -1,83951 -1,11409
Promoção do turismo adequada
IVNA -7,997 478,006 ,000 -1,47680 ,18466 -1,83965 -1,11395
IVA 4,231 ,040 2,634 480 ,009 ,53569 ,20336 ,13611 ,93527
A cidade deveria se tornar destino
IVNA 2,630 473,095 ,009 ,53569 ,20372 ,13538 ,93599
IVA 5,637 ,018 -3,102 480 ,002 -,70230 ,22641 -1,14717 -,25743
Mais lixo com o turismo
IVNA -3,093 466,439 ,002 -,70230 ,22709 -1,14855 -,25605
IVA ,000 ,992 -2,122 480 ,034 -,46652 ,21989 -,89859 -,03445
Aumento do crime
IVNA -2,122 479,061 ,034 -,46652 ,21986 -,89853 -,03451
Gostaria de ver o turismo ser a IVA ,454 ,501 3,583 480 ,000 ,88437 ,24685 ,39932 1,36941
principal indústria IVNA 3,591 479,022 ,000 ,88437 ,24627 ,40047 1,36826
Melhores estradas devido ao IVA ,384 ,536 -4,127 480 ,000 -1,08960 ,26402 -1,60838 -,57083
turismo IVNA -4,128 479,281 ,000 -1,08960 ,26395 -1,60824 -,57097
Fornece empregos altamente IVA ,145 ,703 -2,578 480 ,010 -,59810 ,23197 -1,05391 -,14230
desejáveis IVNA -2,580 479,774 ,010 -,59810 ,23181 -1,05359 -,14262
Apoio taxas locais fiscais para o IVA ,001 ,970 -7,755 480 ,000 -1,59740 ,20598 -2,00214 -1,19266
turismo IVNA -7,749 476,680 ,000 -1,59740 ,20615 -2,00248 -1,19232
Desempenha importante papel IVA ,251 ,617 3,170 480 ,002 ,60105 ,18958 ,22855 ,97355
econômico IVNA 3,167 475,794 ,002 ,60105 ,18979 ,22813 ,97397
Fonte: Dados da pesquisa

49
TABELA 12 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE RIO DE JANEIRO E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Teste de amostras independentes


Teste de levene para
Teste para igualdade de medias
Igualdade de variâncias
Diferença Diferença 95%Intervalo de
Sig. (2- confiança da diferença
F Sig. t df de de erro
tailed)
médias padrão Inferior Superior
IVA 16,515 ,000 -3,304 480 ,001 -,79769 ,24142 -1,27205 -,32332
Deve encorajar o turismo na capital
IVNA -2,768 96,733 ,007 -,79769 ,28823 -1,36976 -,22562
Incentivar o desenvolvimento mais IVA 15,692 ,000 -3,243 480 ,001 -,84094 ,25928 -1,35040 -,33148
intensivo IVNA -2,745 97,362 ,007 -,84094 ,30637 -1,44898 -,23290
IVA 11,734 ,001 4,516 480 ,000 1,39938 ,30986 ,79052 2,00824
Nível de ruído inapropriado
IVNA 3,945 99,411 ,000 1,39938 ,35474 ,69552 2,10323
IVA 7,376 ,007 2,071 480 ,039 ,64051 ,30934 ,03269 1,24834
Turismo vital para a comunidade
IVNA 2,280 122,478 ,024 ,64051 ,28088 ,08450 1,19653
IVA 1,823 ,178 3,990 480 ,000 1,04159 ,26105 ,52864 1,55453
Promoção do turismo adequada
IVNA 3,579 101,290 ,001 1,04159 ,29101 ,46432 1,61885
IVA 17,591 ,000 2,284 480 ,023 ,59330 ,25975 ,08292 1,10369
Turistas são valiosos
IVNA 2,800 141,254 ,006 ,59330 ,21188 ,17444 1,01217
Limita o desenvolvimento de IVA 7,485 ,006 3,750 480 ,000 ,96253 ,25667 ,45819 1,46687
recreação IVNA 3,354 101,071 ,001 ,96253 ,28699 ,39323 1,53183
IVA 1,551 ,214 2,135 480 ,033 ,63395 ,29689 ,05058 1,21732
Aumento do crime
IVNA 2,014 105,266 ,047 ,63395 ,31476 ,00985 1,25805
Melhores estradas devido ao IVA ,014 ,904 2,726 480 ,007 ,98144 ,35999 ,27409 1,68878
turismo IVNA 2,780 112,808 ,006 ,98144 ,35309 ,28189 1,68098
Fornece empregos altamente IVA ,074 ,786 3,487 480 ,001 1,08594 ,31146 ,47394 1,69793
desejáveis IVNA 3,650 115,836 ,000 1,08594 ,29753 ,49663 1,67524
Apoio taxas locais fiscais para o IVA ,288 ,591 6,821 480 ,000 1,92144 ,28170 1,36792 2,47496
turismo IVNA 6,601 107,557 ,000 1,92144 ,29107 1,34447 2,49842
Fonte: Dados da pesquisa

50
TABELA 13 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE BELO HORIZONTE E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Teste de amostras independentes


Teste de levene para
Teste para igualdade de medias
Igualdade de variâncias
Diferença Diferença 95%Intervalo de
Sig. (2- confiança da diferença
F Sig. t df de de erro
tailed)
médias padrão Inferior Superior
IVA 13,202 ,000 1,923 480 ,050 ,47050 ,24464 -,01020 ,95120
Incentivar o turismo na comunidade
IVNA 2,443 170,819 ,016 ,47050 ,19257 ,09037 ,85063
IVA 13,641 ,000 -2,503 480 ,013 -,76432 ,30532 -1,36424 -,16440
Nível de ruído inapropriado
IVNA -2,901 147,032 ,004 -,76432 ,26344 -1,28493 -,24371
IVA 4,730 ,030 2,649 480 ,008 ,67782 ,25587 ,17505 1,18059
Promoção do turismo adequada
IVNA 3,040 144,937 ,003 ,67782 ,22298 ,23710 1,11854
Limita o desenvolvimento de IVA 15,024 ,000 -2,416 480 ,016 -,60732 ,25141 -1,10132 -,11331
recreação IVNA -3,035 167,466 ,003 -,60732 ,20010 -1,00236 -,21228
IVA 10,325 ,001 2,369 480 ,018 ,72452 ,30578 ,12368 1,32536
Benefícios superam consequências
IVNA 2,637 138,956 ,009 ,72452 ,27478 ,18123 1,26781
Gostaria de ver o turismo ser a IVA 3,227 ,073 -2,033 480 ,043 -,66419 ,32665 -1,30602 -,02235
principal industria IVNA -2,239 137,023 ,027 -,66419 ,29669 -1,25087 -,07750
Melhores estradas devido ao IVA 1,215 ,271 2,514 480 ,012 ,88001 ,35006 ,19217 1,56785
turismo IVNA 2,676 131,388 ,008 ,88001 ,32891 ,22937 1,53066
Desempenha importante papel IVA ,653 ,420 -2,572 480 ,010 -,64170 ,24951 -1,13196 -,15143
econômico IVNA -2,646 126,403 ,009 -,64170 ,24250 -1,12157 -,16182
Fonte: Dados da pesquisa

51
TABELA 14 - SIGNIFICÂNCIA DAS VARIÁVEIS COM COMPARAÇÃO ENTRE SÃO PAULO E AS DEMAIS REGIÕES METROPOLITANAS

Teste de amostras independentes


Teste de levene para
Teste para igualdade de medias
Igualdade de variâncias
Diferença Diferença 95%Intervalo de
Sig. (2- confiança da diferença
F Sig. t df de de erro
tailed)
médias padrão Inferior Superior
IVA 5,218 ,023 -2,465 480 ,014 -,62472 ,25342 -1,12267 -,12678
Deve encorajar o turismo na capital
IVNA -2,275 90,284 ,025 -,62472 ,27465 -1,17034 -,07911
Incentivar o desenvolvimento mais IVA 4,354 ,037 -3,283 480 ,001 -,88897 ,27075 -1,42097 -,35697
intensivo IVNA -3,020 90,102 ,003 -,88897 ,29432 -1,47368 -,30426
IVA 1,474 ,225 -3,233 480 ,001 -1,03814 ,32107 -1,66902 -,40726
Turismo vital para a comunidade
IVNA -3,042 91,500 ,003 -1,03814 ,34124 -1,71593 -,36035
IVA 5,972 ,015 3,723 480 ,000 1,01734 ,27324 ,48044 1,55424
Promoção do turismo adequada
IVNA 4,128 105,204 ,000 1,01734 ,24647 ,52865 1,50603
IVA 7,417 ,007 -4,340 480 ,000 -1,22991 ,28337 -1,78670 -,67312
A cidade deveria se tornar destino
IVNA -3,855 88,095 ,000 -1,22991 ,31908 -1,86401 -,59581
IVA 5,773 ,017 -2,850 480 ,005 -,77102 ,27050 -1,30253 -,23950
Turistas são valiosos
IVNA -2,633 90,348 ,010 -,77102 ,29286 -1,35280 -,18923
Gostaria de ver o turismo ser a IVA 4,557 ,033 -4,220 480 ,000 -1,46181 ,34641 -2,14247 -,78115
principal indústria IVNA -5,036 114,261 ,000 -1,46181 ,29025 -2,03677 -,88685
Turismo promove o IVA ,425 ,515 -2,864 480 ,004 -,82732 ,28885 -1,39489 -,25975
desenvolvimento da cidade IVNA -2,733 92,415 ,008 -,82732 ,30274 -1,42855 -,22609
IVA ,593 ,442 -1,952 480 ,050 -,70436 ,36082 -1,41335 ,00463
Aumentou meu padrão de vida
IVNA -2,015 98,377 ,047 -,70436 ,34948 -1,39786 -,01087
IVA ,012 ,914 -2,801 480 ,005 -,94370 ,33689 -1,60565 -,28174
Mais oportunidade de recreação
IVNA -2,844 96,988 ,005 -,94370 ,33180 -1,60223 -,28517
Apoio taxas locais fiscais para o IVA 1,208 ,272 2,449 480 ,015 ,74997 ,30626 ,14819 1,35176
turismo IVNA 2,512 97,837 ,014 ,74997 ,29854 ,15752 1,34243
Desempenha importante papel IVA 5,754 ,017 -3,603 480 ,000 -,96049 ,26658 -1,48429 -,43669
econômico IVNA -3,169 87,584 ,002 -,96049 ,30306 -1,56279 -,35819
Turismo é atividade econômica IVA 6,407 ,012 -3,687 480 ,000 -,95350 ,25859 -1,46160 -,44539
benéfica IVNA -3,169 86,397 ,002 -,95350 ,30089 -1,55162 -,35538
Fonte: Dados da pesquisa

52
53

4.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA

Com o objetivo de identificar os fatores que estão associados a percepção

dos moradores quanto a capacidade do turismo em promovero desenvolvimento, e

se o turismo é uma atividade econômica benéfica, conforme a escalaTIAS, foram

realizadas duas regressões lineares múltiplas entre as variáveis dependentes e seu

respectivo grupo de variáveis independentes.

A primeira regressão refere-se a variável dependente F1 (turismo promove o

desenvolvimento a cidade). Os resultados da análise estão nas Tabelas 15 e 16. As

variáveis: turistas são valiosos; proporciona mais empregos para a comunidade;

gostaria de ver o turismo ser a principal indústria; impacta negativamente no meio

ambiente; Incentivar o turismo na comunidade; turismo vital para a comunidade;

promoção do turismo adequada; incentivar o desenvolvimento mais intensivo; limita

o desenvolvimento de recreação, explicam 52% da variável dependente, com o nível

designificância de 5%. A regressão é válida por aceitar a hipótese de aleatoriedade,

de aderência e distribuição normal, e de homocedasticidade.


54

TABELA 15 - MODELO RESUMIDO DA REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL DEPENDENTE:


Eu acredito que o turismo promove o desenvolvimento da capital do meu Estado.

Modelo Resumido

Modelo R R² R² Erro padrão Alteração estatística Durbin-


ajustado da Alteração Inter df df2 Alter Watso
estimativa do R² ação 1 ação n
F Sig.
F
k
11 ,731 ,535 ,526 1,55867 ,004 4,08 1 472 ,044 1,871
7
k. Preditores: (Constante), Turistas são valiosos, proporciona mais empregos para a comunidade,
gostaria de ver o turismo ser a principal indústria, a cidade deveria se tornar destino, incentivar o
turismo na comunidade, turismo vital para a comunidade, promoção do turismo adequada,
incentivar o desenvolvimento mais intensivo, limita o desenvolvimento de recreação.
l. Variável dependente: F1
Fonte: Dados da pesquisa
Método de estimação: Stepwise 8
Testes de validez:
- ANOVA: significativo
- Teste de Aleatoriedade: Aceita a hipótese de aleatoriedade
- Teste de Aderência Kolmogorov-Smirnov: Aceita hipótese de aderência a distribuição normal
- Teste de Homocedasticidade: Aceita a hipótese de homocedasticidade

Observando a Tabela 16, todas as variaveis são significantes ao nível de 5%,

e apresentam o teste FIV com resultado inferior a 5, o que indica não haver

multicolinearidade, ou seja, as variáveis independentes não apresentam

dependência entre si, o que torna o estudo válido. Entre as nove variáveis do

modelo, somente a que indica aspecto negativo do turismo (limita o desenvolvimento

de recreação) apresenta relação inversa com a variável dependente. As demais

tratam de aspectos positivos: turistas são valiosos; proporciona mais empregos para

a comunidade; gostaria de ver o turismo ser a principal indústria; impacta

negativamente no meio ambiente; Incentivar o turismo na comunidade; turismo vital

para a comunidade; promoção do turismo adequada; incentivar o desenvolvimento

mais intensivo, e possuem relação positiva com a variável dependente.


TABELA 16 - REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL DEPENDENTE: Eu acredito que o turismo promove o desenvolvimento da capital do meu
Estado.

Coeficiente
Coeficientes 95,0% Intervalo
s Estatística de
não de Confiança par Correlação
padronizad colinearidade
Modelo padronizado T Sig. B
os
Erro limite limite Ordem Tolerânci
B Beta Parcial Parte FIV
padrão inferior superior zero a
(Constante) ,167 ,411 ,407 ,684 -,641 ,976
Turistas são valiosos. ,213 ,048 ,200 4,413 ,000 ,118 ,309 ,612 ,199 ,139 ,480 2,083
Proporcionar mais emprego para a
,200 ,056 ,167 3,588 ,000 ,090 ,310 ,602 ,163 ,113 ,454 2,205
comunidade
Gostaria de ver o turismo ser a
,094 ,029 ,114 3,261 ,001 ,037 ,150 ,392 ,148 ,102 ,811 1,234
principal indústria
A cidade deveria se tornar destino ,115 ,044 ,114 2,621 ,009 ,029 ,201 ,555 ,120 ,082 ,520 1,923

Incentivar o turismo na comunidade ,105 ,051 ,096 2,058 ,040 ,005 ,206 ,559 ,094 ,065 ,457 2,186

Turismo vital para a comunidade ,083 ,034 ,092 2,394 ,017 ,015 ,150 ,458 ,110 ,075 ,668 1,497

Promoção do turismo adequada ,074 ,034 ,070 2,183 ,030 ,007 ,140 ,132 ,100 ,069 ,958 1,044

Incentivar o desenvolvimento mais


,160 ,050 ,150 3,207 ,001 ,062 ,258 ,581 ,146 ,101 ,448 2,230
intensivo

Limita o desenvolvimento de -
,035 -,066 -2,022 ,044 -,139 -,002 -,182 -,093 -,063 ,926 1,080
recreação ,071
Fonte: Dados da pesquisa

55
56

A segunda regressão linear múltipla trata da variável dependente F2 (turismo

é atividade econômica benéfica). Os resultados da análise estão nas Tabelas 17 e

18. As variáveis: desempenha importante papel econômico; mais oportunidade de

recreação; ter mais dinheiro para gastar; melhores estradas devido ao turismo;

aumentou meu padrão de vida; explicam 64% da variável dependente, com 5% de

nível de significância. A regressão é válida por aceitar as hipóteses de

aleatoriedade, de aderência e distribuição normal, e de homocedasticidade.

TABELA 17 - MODELO DA REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL DEPENDENTE: Eu acredito


que o turismo é uma atividade econômica benéfica para a capital do meu Estado.

Modelo Resumido

Modelo R R² R² Erro padrão Alteração estatística Durbin-


ajustado da Alteração Inter df df2 Alter Watso
estimativa do R² ação 1 ação n
F Sig.
F
e
5 ,803 ,645 ,641 1,22067 ,003 4,44 1 476 ,035 1,954
8
e. Predictors: (Constant), desempenha importante papel econômico, mais oportunidade de
recreação, ter mais dinheiro para gastar, melhores estradas devido ao turismo, aumentou meu
padrão de vida
f. Dependent Variable: F2
Fonte: Dados da pesquisa
Método de estimação: Stepwise 8
Testes de validez:
- ANOVA: significativo
- Teste de Aleatoriedade: Aceita a hipótese de aleatoriedade
- Teste de Aderência Kolmogorov-Smirnov: Aceita hipótese de aderência a distribuição normal
- Teste de Homocedasticidade: Aceita a hipótese de homocedasticidade

Observando a tabela 18, assim como acontece na primeira regressão, todas

as variáveis são significantes ao nível de 5%, e apresentam o teste FIV com

resultado inferior a 5, o que indica não haver multicolinearidade, ou seja, as variáveis

independentes não apresentam dependência entre si. Entre as cinco variáveis do

modelo, curiosamente, somente a que indica benefício direto ao respondente


57

(aumentou meu padrão de vida) apresenta relação inversa com a variável

dependente. As demais tratam de benefícios percebidos que beneficiam a

comunidade: desempenha importante papel econômico; mais oportunidade de

recreação; ter mais dinheiro para gastar; melhores estradas devido ao turismo,

possuem relação positiva com a variável dependente.


TABELA 18 - REGRESSÃO MÚLTIPLA DA VARIÁVEL DEPENDENTE:
Eu acredito que o turismo é uma atividade econômica benéfica para a capital do meu Estado.

Modelo Coeficientes Coeficientes t Sig. 95,0% Intervalo Correlação Estatística de


não padronizados de Confiança par colinearidade
padronizado B

B Erro Beta limite limite Ordem Parcial Parte Tolerância FIV


padrão inferior superior zero
5 (Constante) 1,856 ,241 7,702 ,000 1,383 2,330
O turismo pode desempenhar ,651 ,030 ,671 21,474 ,000 ,592 ,711 ,774 ,701 ,586 ,764 1,309
importante papel econômico na
capital do meu Estado.
O turismo contribuiu para o aumento ,138 ,026 ,179 5,237 ,000 ,086 ,190 ,497 ,233 ,143 ,639 1,565
de opções recreativas na capital do
meu Estado.
O turismo contribui para que os ,073 ,024 ,100 3,007 ,003 ,025 ,121 ,410 ,137 ,082 ,676 1,479
moradores da capital do meu Estado
tenham mais dinheiro para gastar na
cidade
Há melhorias dos acessos terrestres ,044 ,021 ,064 2,142 ,033 ,004 ,085 ,245 ,098 ,059 ,832 1,202
da capital do meu Estado por conta
do turismo
O turismo contribuiu para o aumento -,050 ,024 -,070 -2,109 ,035 -,097 -,003 ,280 -,096 -,058 ,685 1,459
do meu padrão de vida
Fonte: Dados da pesquisa

58
59

Portanto, a percepção de que o turismo promove o desenvolvimento da cidade está

fortemente associado a estas variáveis expostas nas Tabelas 16 e 18.

4.3 ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA

Com relação a Tabela 16 que trata das variáveis que exercem influência na

percepção de desenvolvimento, os coeficientes padronizados de Beta sugerem que

a comunidade das capitais valorizam os turistas. Essa variável tem o maior peso no

conjunto das significantes, e as demais variáveis orbitam em torno dela. Observando

a teoria de marketing de destinos,a relevância no acesso ao mercado por meio da

divulgação direcionada do destino é fundamental,tanto quanto a importância da

gestão trazendo a convergência dos interesses públicos e privados. Desta forma, as

Tabelas 7, 8, 9 e 10, que apresentam médias baixas para a variável relativa a

promoção nos quatro Estados, apresentam indicativos de que a promoção do

turismo é ineficiente nas capitais da região sudeste, sob a perspectiva do morador.

Outro dado importante diz respeito à confiança da comunidade. Conforme

Trueman et. Al. (2007) a valorização da história e do patrimônio cultural influencia a

confiança da comunidade local. Contudo, ao analisar os dados da Tabela 18, em

que estão as variáveis que influenciam na percepção dos benefícios da atividade

turística, observa-se que o peso das variáveis relativas aos aspectos culturais e

sociais é consideravelmente inferior ao que trata do econômico, quando se

observam os coeficientes padronizados de Beta.


60

Assim, é importante trazer uma reflexão sobre até que ponto os fatores

sociais e culturais de uma comunidade turística estão sendo negligenciados em

detrimento de fatores econômicos.

Portanto, as ações governamentais em prol da cultura e dos aspectos sociais

podem influenciar a percepção dos benefícios a partir da atividade turística.

É necessário que a governança tenha clareza das implicações da atividade

turística no território para que os interesses coletivos tenham espaço diante da

discussão da gestão do destino turístico e, se mostre presente por meio de ações

previstas dentro da gestão de marketing do destino.

Considerando que os resultados sugeriram uma predominância da percepção

dos aspectos econômicos, é preciso interpretar esse cenário. Na perspectiva do

Sistur é importante que os subsistemas social, ecológico e cultural sejam tão bem

trabalhados como o subsistema econômico, sob risco de ineficiência turistica na

consolidação de um destino no mercado.

A partir disso, é válido destacar que além de monitorar a percepção da

comunidade é necessário atentar-se para outras possibilidades de monitoramento

do desenvolvimento local e ganho social, como os: IDS e IDH já citados por Beni

(2007) como parâmentros para mensuração da melhora, estagnação ou piora da

comunidade. Nisso, as ações governamentais devem buscar formas de equilibrar os

subsistemas a fim de realizar a gestão do marketing de destinos de forma eficiente.


61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho se propôs a apontar quais os fatores influenciam a percepção

dos moradores das regiões metropolitanas das capitais da região Sudeste do Brasil

sobre o desenvolvimento da atividade turística e os seus respectivos benefícios. Os

resultados encontradossugerem que o fato dos residentes perceberem que o turismo

desempenha importante papel econômico, traz mais oportunidade de recreação, faz

com que os moradores tenham mais dinheiro para gastar na cidade, e melhora os

acessos, faz com que o turismo seja compreendido como atividade benéfica, ainda

que o aumento do padrão de vida do morador, de forma individual, não seja

melhorado.

As variáveis siginificativas apresentadas nas Tabelas 16 e 18, podem servir

de norte ao poder público quando este estiver na condição ativa da discussão da

gestão de destino turístico nessas capitais estudadas. Promovendo ações que

impactam diretamente nas variáveis como forma de obter retorno positivo da

população estimulando o aumento na confiança do desenvolvimento da atividade

turística proporcionará um cenário positivo para convergência de interesses públicos

e privados.

Esse estudo apresentou como gargalo comum às quatro capitais a deficiência

na promoção de destino. Apesar da necessidade de equilibrar os impactos nas

comunidades receptivas, o acesso ao mercado é parte tão importante quanto.

De acordo com Bigné (2000) é necessário relacionar o marketing de destinos

com a promoção do turismo e com a necessidade de atender os anseios do turista e

da comunidade local. Buhalis (2000) trás para a discussão que cada produto deve

ser divulgado conforme suas características e as estratégias de divulgação devem


62

considar os interesses de morados, turistas, empresários locais e operadores

turísticos. Portanto, a divulgação do destino é parte primordial apesar das

recomendações de cuidados com os interesses locais.

Outra questão proposta foi apontar quais fatores poderiam levar os moradores

a perceberem o desenvolvimento turístico da capital. Os resultados da pesquisa

sugerem que: os moradores percebem que os turistas são valiosos, a atividade

proporciona mais empregos para a comunidade, a cidade deveria se tornar destino

turístico, a atividade turística ocupa o lugar de principal indústria, o turismo nas

comunidades é incentivado, a promoção é feita de forma adequada, há um incentivo

mais intensivo à atividade, não limita o desenvolvimento das atividades de lazer na

cidade, associam a atividade turística ao desenvolvimento econômico para a capital.

Há de se considerar que essa pesquisa foi realizada da data da Copa do

Mundo de Futebol, quando a movimentação de turistas pelos locais pesquisados

pode ter tido um aumento substancial em relação ao padrão estabelecido, e por isso

pode potencializar as percepções tanto negativas como positivas. Além disso, a

amostra possui limitações, já que foi formada a partir de divulgação por e-mails e

rede social, e dessa forma não possui equilíbrio entre o número de respondentes

nas quatro regiões, e não é possível mensurar a quantidade de pessoas que tiveram

acesso a pesquisa e consequentemente a taxa de resposta. Apesar destas

limitações os testes estatísticos realizados validaram a amostra.

Admitindo-se os resultados, a realidade de destinos turísticos urbanos, como

os pesquisados nesse estudo, diferem dos resultados apresentados nos estudo de

Lankford e Howard (1994). A população é simpática à atividade turística, percebe

nela uma possibilidade de desenvolvimento para a cidade independente de estarem


63

envolvidas no processo diretamente, atuando profissionalmente na área ou mesmo

sem perceber diretamente o aumento em seu padrão de vida.

Tal sensibilidade para Andereck, Valentine, Vogt & Knopf (2007) deve ser

vista como uma indústria de base, fornecendo elementos que podem melhorar a

qualidade de vida e que pode ser percebida pelos moradores por meio do aumento

do padrão de vida, das receitas e das oportunidades de emprego e diversidade

econômica.

Os dados condizem também com o apontado por Buhalis (2000) que reforça a

necessidade de equilibrar objetivos entre as partes interessadas para a

sustentabilidade dos locais e os seus recursos, adontado estratégias do marketing.

Por fim, é necessário pontuar que as considerações geram uma curiosidade:

será que o fato da população das cidades pesquisadas não dependerem de forma

direta, economicamente, da atividade turística, as suas percepções e exigências em

relação à atividade são relaxadas, em comparação a comunidades rurais que

dependem da atividade? Pois os resultados apresentados por Lankford e Howard

(1994), que pesquisaram uma comunidade rural, trouxeram resultados diferentes,

apontando que os moradores que têm relação com a atividade tendem a observar

melhor os resultados positivos da atividade.

Interessante observar ainda, que apesar da população apoiar a atividade

turísticas nas capitais, e não necessariamente ter a sua qualidade de vida

diretamente melhorada em função da atividade, há um consenso entre os moradores

dos quatro Estado: a promoção do turismo dessas cidades não é satisfatória, sob o

ponto de vista do morador. O que pode indicar que há espaço para o

desenvolvimento da atividade e por conseguinte necessidade no desenvolvimento

do marketing de destinos nas quatro capitais da Região Sudeste.


64

Por fim, os fatores apontados pelos respondentes como possibilidades na

percepção do desenvolvimento turístico de uma cidade e os seus benefícios

parecem ser os resultados que se pretende alcançar quando Beni (2007) trata da

interação entre os subsistemas que formam o Sistur. A administração das

necessidades do turismo de forma conjunta com as necessidades da comunidade

parecem sugerir como resultado as variáveis que compõem os modelos de

regressão apresentados nesse trabalho. Assim sendo, essa dissertação não se

esgota em si, e abre caminho para que o processo de construção de estratégias de

marketing destino das capitais da Região Sudeste sejam elaborados a partir das

variáveis que representam a percepção dos moradores quanto aos benefícios

trazidos pelo turismo e os caminhos de percepçãoo do desenvolvimento dessa

atividade.
65

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Polytechnic Institute and State University, 2002.
67

APENDICES
68

APENDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Desenvolvimento turístico sob o olhar dos moradores

As seis primeiras perguntas são para simples caracterização do entrevistado,

as demais são afirmativas que vocês deverão assinalar de acordo com seu grau de

concordância.

1. Gênero

2. Idade, em anos

3. Região Metropolitana que reside?

4. Renda individual (Considerar o valor do salario mínimo R$ 724)

5. Qual a sua escolaridade?

6. Você já trabalhou ou trabalha na área de turismo?

7. Sou contra o desenvolvimento turístico na capital do meu Estado.

8. Sou a favor de incentivar o turismo nas comunidades da capital do meu Estado.

9. Na minha opinião, não deveríamos mais trabalhar para atrair turistas para a

capital do meu Estado.

10. Devería-se incentivar mais a atividade turística na capital do meu Estado.

11. Devería-se incentivar de forma mais intensiva o desenvolvimento do turismo da

capital do meu Estado. *

12. O turismo deixa a capital do meu Estado mais barulhenta.


69

13. O turismo é vital para determinadas comunidades da capital do meu Estado.

14. A promoção do turismo da capital do meu Estado é feita de forma adequada.

15. A capital do meu Estado deveria se torna um destino turístico.

16. O turismo impacta negativamente na capital do meu Estado.

17. A capital do meu Estado fica mais suja com o turismo.

18. Turistas são valiosos para a capital do meu Estado.

19. O turismo limita minhas opções de lazer pela capital do meu Estado.

20. O turismo contribui para o aumento de crimes na capital do meu Estado. *

21. Os benefícios do turismo se sobressaem às conseqüências na capital do meu

Estado.

22. Gostaria que o turismo fosse a principal atividade econômica da capital do meu

Estado.

23. O planejamento do turismo pode minimizar os impactos dessa atividade na

capital do meu Estado.

24. O turismo pode proporcionar mais emprego para as comunidades da capital do

meu Estado.

25. Há melhorias dos acessos terrestres da capital do meu Estado por conta do

turismo

26. Os serviços públicos na capital do meu Estado melhoram graças ao turismo.

27. O turismo contribui para que os moradores da capital do meu Estado tenham

mais dinheiro para gastar na cidade

28. O turismo contribuiu para o aumento do meu padrão de vida


70

29. O turismo contribuiu para o aumento de opções recreativas na capital do meu

Estado.

30. O setor turistico oferece empregos altamente desejáveis na capital do meu

Estado.

31. O turismo contribuiu para a melhoria de estabelecimentos comerciais da capital

do meu Estado.

32. O governo da capital do meu Estado incentiva o incremento do turismo.

33. O turismo pode desempenhar importante papel econômico na capital do meu

Estado.

34. Eu acredito que o turismo é uma atividade econômica benéfica para a capital do

meu Estado.

35. Eu acredito que o turismo promove o desenvolvimento da capital do meu Estado.

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