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ESCOLA POLITÉCNICA DE CUBATÃO –

ENFERMAGEM – MÓDULO II

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ESCOLA POLITÉCNICA DE CUBATÃO –
ENFERMAGEM – MÓDULO II

SUMÁRIO

I. CONCEITO DE SAUDE

II. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)

III. HISTÓRIA DO SUS E INSS

IV. CONCEITO DE SAÚDE PÚBLICA

V. VIGILÂNCIA SANITÁRIA

VI. SANEAMENTO BASICO

VII. ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

VIII. PROCESSO SAÚDE/DOENÇA

IX. NIVEIS DE PREVENÇAO

X. IMUNIZAÇÃO

XI. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

XII. DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES

XIII. DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA do estado de São Paulo

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I – CONCEITO DE SAUDE

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como sendo o estado de completo bem-estar
físico, mental e social. Ou seja, o conceito de saúde transcende à ausência de doenças e afecções. Por
outras palavras, a saúde pode ser definida como o nível de eficácia funcional e metabólica de um
organismo a nível micro (celular) e macro (social).
A saúde de um indivíduo pode ser determinada pela própria biologia humana, pelo ambiente físico, social
e econômico a que está exposto e pelo seu estilo de vida, isto é, pelos hábitos de alimentação e outros
comportamentos que podem ser benéficos ou prejudiciais.
Uma boa saúde está associada ao aumento da qualidade de vida. É sabido que uma alimentação
balanceada, a prática regular de exercícios físicos e o bem-estar emocional são fatores determinantes para
um estado de saúde equilibrado.
Por outro lado, as pessoas que estão expostas a condições precárias de sobrevivência, não possuem
saneamento básico (água, limpeza, esgotos, etc.), assistência médica adequada, alimentação e água de
qualidade, etc., têm a sua saúde seriamente afetada.
As ciências da saúde formam profissionais com conhecimentos na prevenção de doenças, prática
assistencial e promoção do bem-estar da população.
As profissões na área da saúde são: Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social, Veterinária, entre outras.

II- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)

Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada em saúde, fundada em 7 de abril
de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas. Sua sede é em Genebra, na Suíça. A
directora-geral é, desde novembro de 2006, a chinesa Margaret Chan.
A OMS tem suas origens nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia). Após a Primeira
Guerra Mundial, a SDN criou seu comitê de higiene, que foi o embrião da OMS.
Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o nível de saúde
de todos os povos. A saúde sendo definida nesse mesmo documento como um « estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou
enfermidade.
O Brasil tem participação fundamental na história da Organização Mundial da Saúde, criada pela
ONU para elevar os padrões mundiais de saúde. A proposta de criação da OMS foi de autoria dos
delegados do Brasil, que propuseram o estabelecimento de um "organismo internacional de saúde
pública de alcance mundial". Desde então, Brasil e a OMS desenvolvem intensa cooperação.

III - HISTÓRIA DO SUS E INSS


1. SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 para que toda a
população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência
médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), ficando restrita aos empregados que contribuíssem com a previdência social; os
demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos.
Do Sistema Único de Saúde fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais - incluindo os
universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), os serviços de Vigilância Sanitária,
Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa, como a
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brazil.

2. INSS
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é uma autarquia do Governo Federal do Brasil que
recebe as contribuições para a manutenção do Regime Geral da Previdência Social, sendo
responsável pelo pagamento da aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente,
entre outros benefícios previstos em lei.

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O INSS trabalha junto com a Dataprev, empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os
dados da Previdência. Está subordinado ao Ministério da Previdência Social.
Além do regime geral, os estados e municípios podem instituir os seus regimes próprios,
financiados por contribuições específicas.
 Cobrança das contribuições
 Pagamento de benefícios: Aposentadoria por idade, Aposentadoria por invalidez:
Aposentadoria por tempo de contribuição;Aposentadoria especial; Auxílio-doença; Auxílio-
acidente; Auxílio-reclusão; Pensão por morte; Salário maternidade Salário-família.

IV - SAÚDE PÚBLICA

Muito embora a história da Saúde Pública Brasileira tenha início em 1808, o Ministério da
Saúde só veio a ser instituído no dia 25 de julho de 1953, com a Lei nº 1.920, que desdobrou o então
Ministério da Educação e Saúde em dois ministérios: Saúde e Educação e Cultura. A partir da
sua criação, o Ministério passou a encarregar-se, especificamente, das atividades até então de
responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (DNS), mantendo a mesma estrutura que, na
época, não era suficiente para dar ao órgão governamental o perfil de Secretaria de Estado, apropriado
para atender aos importantes problemas da saúde pública existentes. Na verdade, o Ministério
limitava-se a ação legal e a mera divisão das atividades de saúde e educação, antes incorporadas num
só ministério. Mesmo sendo a principal unidade administrativa de ação sanitária direta do
Governo, essa função continuava, ainda, distribuída por vários ministérios e autarquias, com
pulverização de recursos financeiros e dispersão do pessoal técnico, ficando alguns
vinculados a órgãos de administração direta, outros às autarquias e fundações.Três anos após a
criação do Ministério, em 1956, surge o Departamento Nacional de Endemias Rurais, que tinha como
finalidade organizar e executar os serviços de investigação e de combate à malária, leishmaniose,
doença de Chagas, peste, brucelose, febre amarela e outras endemias existentes no país, de
acordo com as conveniências técnicas e administrativas.
O Instituto Oswaldo Cruz preservava sua condição de órgão de investigação, pesquisa e
produção de vacinas. A Escola Nacional de Saúde Pública incumbia-se da formação e
aperfeiçoamento de pessoal e o antigo Serviço Especial de Saúde Pública atuava no campo da
demonstração de técnicas sanitárias e serviços de emergência a necessitarem de pronta mobilização,
sem prejuízo de sua ação executiva direta, no campo do saneamento e da assistência médico-sanitária
aos estados.

V - VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou


prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: o
controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde,
compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de
serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde
No Brasil, a definição legal de vigilância sanitária é dada pela lei federal nº 8.080 de 19 de
setembro de 1.990.
A idéia de vigilância sanitária origina-se na Europa dos séculos XVII e XVIII e no Brasil dos séculos
XVIII e XIX, com o surgimento da noção de polícia sanitária. Essa polícia sanitária tinha, dentre outras,
as funções de exercer o saneamento da cidade, fiscalizar as embarcações e o comércio de alimentos e
vigiar a cidade, com vistas a evitar a propagação de doenças.
Ao longo da história brasileira, a noção de controle e vigilância da saúde vem incorporando outros
conhecimentos mais compatíveis com a realidade política, econômica e social do país, como as idéias de
meio ambiente, ecologia e qualidade de vida; a questão do planejamento urbano e do lixo; o direito do
consumidor. Assim, estudaremos o atual conceito de vigilância sanitária, constante na Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990: “Art. 6º, parágrafo 1º - Entende-se por Vigilância Sanitária um conjunto de ações
capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse
da saúde, abrangendo:
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“O controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas
todas as etapas e processos, da produção ao consumo”;

“O controle da prestação de serviços que se relaciona direta ou indiretamente com a saúde”. Os


profissionais de saúde utilizam o instrumental da vigilância sanitária para o alcance de seus objetivos;
portanto, devem ter amplo conhecimento, dominar as ferramentas do exercício de vigilância, os manuais
específicos e os roteiros de inspeção, haja vista sua atuação em setores os mais diversos. Ao ganhar a
condição de prática capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de intresse da saúde, torna-se uma prática com
poder de interferir em toda a reprodução das condições econômico-sociais e de vida, isto é, em todos os
fatores determinantes do processo saúde-doença. Nessa nova realidade, é possível compreender a
vigilância sanitária como parte que integra e se articula com todo o planejamento de saúde dentro do
Sistema Único de Saúde.

1. Vigilância Sanitária: Um Trabalho A Muitas Mãos


Considerando o exposto, pode-se perceber a importância que assumem os setores de vigilância em nossas
secretarias, e as dificuldades relativas à implementação de suas atividades, bem como a necessidade –
para as pessoas que neles atuam - de dominar conhecimentos que não pertencem exclusivamente ao setor
saúde.
Cada um desses órgãos tem um papel e forma de agir e podem ser acionados sempre que houver interesse
ou necessidade.
Além de uma ação integrada, devem compreender que, bem mais que inspecionar, conceder licenças para
funcionamento ou não, vigiar, autuar, faz-se necessário repensar a vigilância em sua dimensão educativa,
de busca de um padrão de qualidade e incorporação da ideia de que todo o dano deve ser reparado. Não
basta à vigilância sanitária cumprir seu papel burocrático. Ela deve construir um planejamento voltado
para a realidade local e solidamente fundamentado na ética, justiça e educação. Atuando em órgãos de
coordenação da vigilância sanitária, seja em âmbito municipal, estadual ou federal, os profissionais
devem estar atentos à necessidade de que o seu planejamento contemple tanto os aspectos técnicos quanto
os éticos e jurídicos – o que gera a necessidade de que conheçam princípios do Direito, especialmente nas
áreas do Direito Penal e Civil.

2. O Papel Do Município
A partir da municipalização da Saúde e com base no que preconiza o Sistema Único de Saúde, o
município é o elemento indispensável à nova concepção de vigilância sanitária. Entretanto, não restam
dúvidas de que muitas intervenções da vigilância sanitária extrapolam seus limites territoriais e políticos,
exigindo planejamento e ações conjuntos. Essa necessidade não decorre apenas da complexidade inerente
a determinadas situações, mas pode estar ligada às dificuldades de cada município em suprir recursos
financeiros, humanos e, até mesmo, materiais. Em relação aos níveis de competência, a Secretaria
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) do Ministério da Saúde assume o papel de coordenação, visando
regulamentar e executar as ações em todo o país. No nível estadual, os órgãos de coordenação central,
regionais e municipais possuem estruturas organizacionais que variam de acordo com as diferentes
unidades da Federação.

3. Atuação Da Vigilância Sanitária


A vigilância sanitária possui extenso campo de atuação. Afinal, quase tudo, de algum modo, apresenta
ligação com a saúde das pessoas. Portanto, sujeito à atuação da SNVS: da pilha, que não deve ser
desprezada no lixo comum, ao restaurante, que deve controlar o combate de insetos e roedores; da fábrica
organizada segundo um modelo de trabalho que estressa seus empregados. Seja na área de produção, seja
na de prestação de serviços ou de controle do meio ambiente, a vigilância encontra espaço para sua
atuação, organiza as funções da vigilância sanitária de forma bastante abrangente, lembrando que, no
Brasil, ela é responsável pela normatização e controle de:
 bem, da produção, armazenamento, guarda, circulação, transporte, comercialização e consumo de
substâncias e produtos de interesse da saúde, suas matérias-primas, coadjuvantes de tecnologias,
processos e equipamentos;
 tecnologias médicas, procedimentos e equipamentos e aspectos da pesquisa em saúde;

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 serviços, direta ou indiretamente relacionados com a saúde, prestados pelo Estado e modalidades do
setor privado;
 de portos, aeroportos e fronteiras, contemplando veículos, cargas e pessoas;
 aspectos do ambiente, processos de trabalho e saúde do trabalhador. Todas os que atuam na área de
saúde deveriam ter um conhecimento básico de como funciona o setor de vigilância sanitária de seu
município, procurando saber como agem e se as medidas que adotam alcançam os resultados esperados .

VI – SANEAMENTO BASICO

Em nossa sociedade, o termo saneamento vem sendo utilizado de muitas maneiras. Sempre que a ele nos
referimos, nos vem à mente a ideia de que esta é uma preocupação das sociedades modernas e que, no
passado, as pessoas não estavam atentas à necessidade do estabelecimento de medidas coletivas de
controle sanitário, mas isto não é verdade! Há muito, os homens, perceberam a necessidade de medidas de
prevenção de doenças e controle da saúde.
O conceito de saneamento utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o controle de todos os
fatores do meio físico que exercem ou possam exercer efeito nocivo sobre o bem-estar físico, mental ou
social das pessoas.
Muitas doenças ocorrem pelo desconhecimento da forma ideal de cuidar do meio ambiente e do destino
dado aos dejetos (lixo, fezes). Por outro lado, apesar de várias pessoas possuírem esse conhecimento, não
lhe dão o devido valor e continuam a agir como se seu comportamento não provocasse sérias
consequências para sua saúde, a de sua família e a da coletividade. Mas a quem, afinal, compete a
responsabilidade pela saúde? Dizemos que essa responsabilidade envolve a parceria governo/ sociedade.
Ou seja, o governo deve garantir o serviço de coleta de lixo; e o cidadão, embalar o lixo que produz e
colocá-lo em local adequado para coleta. Assim, as atividades relacionadas ao saneamento exigem
responsabilidades tanto governamentais como individuais.

Vejamos um exemplo bastante comum que exemplifica este raciocínio: alguém que desconheça a
importância do uso da água limpa e do vaso sanitário pode utilizar a água de rio para beber e tomar
banho. Nesses atos, pode vir a contrair, por exemplo, diarreia. Ao defecar perto do rio, permitirá que o
ciclo da doença continue, pois a chuva fará com que as fezes, portadoras do agente causador, também
contaminem a água. Assim, a próxima pessoa a usar a água desse rio também se contaminará. Portanto, é
responsabilidade de cada um conhecer o ambiente em que vive. Por outro lado, é responsabilidade do
governo prover os meios de formação das pessoas, garantindo-lhes acesso a escolas e centros
comunitários, além de investir na construção de estações de tratamento de água e esgoto.

Essas responsabilidades governamentais estão claramente contidas na Constituição de 1988, que faz
referência ao saneamento básico nos seguintes artigos: Art. 21 (inciso XX): afirma que compete à União,
entre outras atribuições, “instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos”; Art. 23 (inciso IX): diz ser competência comum da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios “promover programas de construção de moradias e a
melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”; Art. 30 (inciso V): atribui aos municípios
competência para ”organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local (...)”; Art. 200 (inciso IV): diz que compete ao SUS “participar da formulação
da política e da execução das ações de saneamento básico”.
Apesar de essa legislação definir as competências do governo no que se refere à resolução dos problemas
pertinentes ao saneamento, explicitando-as de maneira inequívoca, muitas dessas determinações não têm
sido cumpridas. Desta forma, ainda não atingimos níveis adequados de saneamento em todo o país, fato
que tem direta interferência com alguns indicadores de saúde populacionais.
30% das mortes de crianças com menos de um ano de idade devem-se à diarreia;
60% dos casos de internação em pediatria devem-se à falta de saneamento;
há 5,5 milhões de casos de esquistossomose.
Com base em nossas discussões e reflexões, podemos elaborar o seguinte conceito de saneamento:
conjunto de medidas que tem por objetivo alcançar níveis de saúde no mínimo satisfatórios, por meio de
abastecimento de água potável, coleta e disposição de esgotos e lixo e de educação da população para a
saúde, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida, tanto nos centros urbanos como nas
comunidades rurais.
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Agora que você sabe a importância do saneamento para a saúde, faz-se necessário conhecer suas
principais atividades, que são:
 abastecimento de água;
 afastamento de dejetos (sistemas de esgoto); coleta, remoção e destinação final do lixo; drenagem de
águas pluviais;
 controle de insetos e roedores;
 higiene dos alimentos;
 controle da poluição ambiental;
 saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recreação;
 saneamento aplicado ao planejamento territorial.
Conforme se pode perceber, o cumprimento das responsabilidades governamentais e da sociedade é de
vital importância para o desenvolvimento das atividades acima listadas.

1. Sistemas De Abastecimentos De Água


O abastecimento de água pode ocorrer por alternativas individuais ou coletivas.
No nível individual, utiliza-se mais comumente a coleta direta de água em rios, represas, lagoas, fontes
naturais, etc.; reserva de água da chuva e construção de poços. Coletivamente, a forma ideal é o sistema
público de abastecimento de água, desenvolvido em algumas etapas: a primeira, de grande importância, é
a captação da água, em rios, lagos, represas, lagoas, etc. Em seguida, necessita ser transportada até uma
estação de tratamento, geralmente por tubulações, para que seja adequadamente limpa (retirada de
impurezas) para utilização. Devidamente tratada, precisa ser armazenada em reservatórios. Destes, pelas
chamadas redes de distribuição, chega à população, suprindo suas necessidades. Conscientize-se de que a
água é o maior bem da humanidade, sem ela a vida se torna impossível. Cada um de nós tem
responsabilidade pela conservação de nossas riquezas hídricas.

2. Esgotamento Sanitário
A construção do sistema público de esgotamento sanitário tem como objetivos: a coleta do esgoto
individual ou coletivo; o transporte e afastamento rápido e seguro do esgoto, seja através de fossas ou de
sistemas de redes coletoras; e o tratamento e disposição final, isto é, o destino a ser dado ao esgoto
tratado. Na sua inexistência, pode-se utilizar a construção de fossa séptica, que recebe os dejetos
transportados através da água, ou seca, que recebe os dejetos diretamente, sem água. Você parou para
pensar que ao lavar seus pratos, tomar banho ou utilizar o banheiro gera certa quantidade de dejetos? E
que estes devem ser processados no sistema de esgoto? A partir de agora, ao realizar essas atividades,
lembre-se do quanto estão relacionadas com o uso da água, ou seja, com o sistema de abastecimento de
sua cidade.
Mas essa água precisa retornar para algum lugar, não é verdade? E essa função compete aos serviços de
esgotamento sanitário: separar os resíduos sólidos da água, tratá-la e devolvê-la para o meio ambiente, de
forma a não causar danos à nossa saúde.

3. Lixo E O Controle De Vetores


O lixo, também chamado resíduo sólido, é todo o resto de qualquer produto produzido e jogado fora –
tanto de residências como de atividades sociais ou industriais. Na saúde pública, representa fator indireto
de transmissão de doenças, pois polui o meio ambiente e gera conseqüências adversas. Seu acúmulo em
locais não apropriados propicia a proliferação de vetores que nele encontram alimento, abrigo e condições
favoráveis, ocasionando doenças ao homem. Essas doenças podem, inclusive, ser de natureza química,
motivo pelo qual as autoridades sanitárias devem constantemente fiscalizar fábricas e indústrias que
jogam lixo químico em rios (chumbo, cromo e nitratos, por exemplo), mares ou outras fontes de água
utilizadas para consumo pela população. Mas como podemos livrar-nos dos vetores associados ao lixo? A
resposta parece simples: devemos acondicionar e desprezar, de maneira adequada, o lixo produzido em
nossa casa ou trabalho. Nessa fase, mais uma vez deparamo-nos com algo que envolve não apenas a
responsabilidade individual, mas também a governamental.
E aí a coisa deixa de ser simples - por exemplo, se colocarmos o lixo em sacolas resistentes e
adequadamente fechadas mas a Prefeitura não o recolher, nosso problema persiste. Assim, para que a
limpeza pública seja considerada eficaz, faz-se necessário cumprir quatro etapas: adequado
acondicionamento do lixo, limpeza das ruas, coleta e transporte e seu tratamento ou disposição final. As
principais medidas de controle vetorial são de ordem ambiental, química e biológica.
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O controle ambiental torna o saneamento do meio ambiente acessível a todas as pessoas, ou seja, todos
devem ter acesso, dentre outras coisas, a água tratada, esgotamento sanitário e destino final para o lixo -
essa é a melhor estratégia para impactar as condições que viabilizam a proliferação de vetores. O controle
químico, muito empregado no Brasil, consiste no uso de agentes químicos borrifados, em intervalos
regulares de tempo, em regiões com problema de vetores. O controle biológico visa colocar entre os
vetores alguns organismos predadores naturais dos mesmos, que com eles disputarão a conquista de
alimentos, abrigo, etc. - estratégia muito pesquisada, pois, de certa maneira, não prejudica o meio
ambiente.

4. Destino Do Lixo
Nas sociedades modernas, uma das grandes preocupações é o destino a ser dado ao lixo produzido e
acumulado cotidianamente. Alguns locais dispõem de usinas de lixo, responsáveis por sua reciclagem.
Mas isto não é a nossa realidade como um todo: os estados e municípios lidam com o seu lixo da maneira
que lhes é possível.
Como caminhos alternativos ao enfrentamento desse problema, realizam-se campanhas educativas e
veiculam-se propagandas nas televisões e rádios visando conscientizar a população. Um estudo realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1990, concluiu que 75% do lixo produzido
no Brasil são jogados, sem qualquer critério, nos lixões. Como o problema é bastante sério, listamos a
seguir algumas alternativas que não causam prejuízos à comunidade: o aterro sanitário, a incineração, os
depósitos coletivos e a compostagem. O aterro sanitário consiste em enterrar o lixo após sua
compactação, cobrindo-o com camadas de terra.

Para funcionar, exige cuidados e técnicas específicas, realizados por engenheiros autorizados, e o respeito
a determinadas recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A incineração
consiste na queima do lixo, com o intuito de reduzir seu peso e volume. É boa alternativa quando: da
inviabilidade de se fazer o aterro sanitário; há expressiva quantidade de resíduos não- infectados; há uma
distância significativa entre o local de coleta e o de sua disposição. Os depósitos coletivos são grandes
vasilhames destinados ao depósito de lixo, para utilização comunitária. Um de seus inconvenientes é a
necessidade regular de sua coleta, e sua destinação final. A compostagem é a transformação de resíduos
orgânicos presentes no lixo, mediante processos físicos, químicos e biológicos - o que resulta em
excelente adubo.

5. Reciclagem Do Lixo
A técnica de reciclagem representa, hoje, uma tentativa de diminuição do desperdício e acúmulo de
poluentes que podem ser recuperados. Dentre suas principais vantagens, destacam-se:
 redução do custo da coleta;
 aumento da vida útil dos aterros sanitários, tendo em vista a diminuição da quantidade de lixo para
eles encaminhado;
 reutilização de produtos descartados;
 redução do consumo de energia das fábricas;
 diminuição dos custos de produção, decorrente do reaproveitamento dos produtos.
Agora, ao presenciar alguém despejando lixo nas ruas, certamente você terá conhecimento dos problemas
que tal ato pode causar à comunidade.
De posse desse saber, cabe-lhe agora o papel de multiplicador dessas informações em sua comunidade.

VII - ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS

1. Agência Brasileira De Vigilância Sanitária – ANVISA


Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é
uma autarquia sob regime especial, que tem sede e foro no Distrito Federal, e está presente em todo o
território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.
Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle
sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos
ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de
portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.

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 Missão
Proteger e promover a saúde dapopulação, mediante a intervenção nos riscos decorrentes da produção e
do uso de produtos e serviços sujeitos à Vigilancia Sanitária em ação coordenada e integrada no âmbito
do Sistema Único de Saude.
 Visão
Ser uma instituição promotora de saúde , cidadania e desenvolvimento, que atua de forma ágil, eficiente e
transparente, consolidando-se como protagonista no campo da regulação e do controle sanitario, nacional
e internacionalmente.
 Valores
 Ética e responsabilidade como agente pública
 Capacidade de articulação e integração;
 Excelência na gestão com foco em resultados;
 Conhecimento como fonte para ação;
 Transparência.

2. Conselho Nacional De Saúde


O Conselho Nacional de Saúde (CNS) instância máxima de deliberação do Sistema Único de Saúde –
SUS - de caráter permanente e deliberativo, tem como missão a deliberação, fiscalização,
acompanhamento e monitoramento das políticas públicas de saúde.
O CNS é um órgão vinculado ao Ministério da Saúde composto por representantes de entidades e
movimentos representativos de usuários, entidades representativas de trabalhadores da área da saúde,
governo e prestadores de serviços de saúde, sendo o seu Presidente eleito entre os membros do
Conselho.
É competência do Conselho, dentre outras, aprovar o orçamento da saúde assim como, acompanhar a sua
execução orçamentária. Também cabe ao pleno do CNS a responsabilidade de aprovar a cada quatro
anos o Plano Nacional de Saúde.

3. Departamento De Ciência E Tecnologia – DECIT

4. Fundação Nacional De Saúde – FUNASA


 Competências
A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão executivo do Ministério da Saúde, é uma das instituições
do Governo Federal responsável em promover a inclusão social por meio de ações de saneamento para
prevenção e controle de doenças. É também a instituição responsável por formular e implementar ações
de promoção e proteção à saúde relacionadas com as ações estabelecidas pelo Subsistema Nacional de
Vigilância em Saúde Ambiental.
As ações de inclusão social, por meio da saúde, são realizadas com a prevenção e controle de doenças e
agravos ocasionados pela falta ou inadequação nas condições de saneamento básico em áreas de interesse
especial, como assentamentos, remanescentes de quilombos e reservas extrativistas.
Na área de Engenharia de Saúde Pública, a Funasa detém a mais antiga e contínua experiência em ações
de saneamento no país e atua com base em indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e sociais.
A Funasa presta apoio técnico e/ou financeiro no combate, controle e redução da mortalidade infantil e
da incidência de doenças de veiculação hídrica ou causadas pela falta de saneamento básico e ambiental.
Os investimentos visam intervir no meio ambiente, na infra-estrutura dos municípios de até 50 mil
habitantes, prioritariamente, e nas condições de vida de populações vulneráveis.

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 Áreas de atuação
 Engenharia de Saúde Pública
A estreita relação entre as condições ambientais, os problemas sanitários e o perfil epidemiológico das
doenças e agravos integra definitivamente as ações de saneamento da Funasa ao Sistema Único de Saúde
(SUS), visando à prevenção de doenças.
Nessa área, a Funasa está implementando o programa Saneamento para Promoção da Saúde, que tem por
meta, em quatro anos, beneficiar 60% dos municípios brasileiros com, aproximadamente, 35 milhões de
pessoas.
Entre as ações a serem desenvolvidas para a prevenção de doenças e controle de agravos estão a
construção e ampliação de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, além da
implantação de melhorias sanitárias domiciliares.
A Funasa está, ainda, implantando, ampliando ou melhorando os sistemas de tratamento e destinação
final de resíduos sólidos, principalmente em áreas de proliferação do mosquito Aedes aegypti, efetivando
a drenagem e o manejo ambiental em áreas endêmicas de malária e fazendo obras de engenharia em
habitações visando ao controle da doença de Chagas.
Fazem parte das prioridades da Funasa a promoção, o apoio técnico e financeiro ao controle de qualidade
da água para consumo humano; o estímulo e financiamento de projetos de pesquisa em engenharia de
saúde pública e saneamento; e o apoio técnico a estados e municípios para a execução de projetos de
saneamento, passando por estratégias de cooperação técnica.

 Saúde Ambiental
Na área de Saúde Ambiental, compete a Funasa planejar, coordenar, supervisionar e monitorar a execução
das atividades relativas:
 à formulação e implementação de ações de promoção e proteção à saúde ambiental, em consonância
com a política do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental;
 ao controle da qualidade de água para consumo humano proveniente de sistemas de abastecimento
público, conforme critérios e parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde; e
 ao apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas na área de saúde ambiental.

5. Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística – IBGE Ministério da Ciência e Tecnologia


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é uma fundação pública da administração
federal brasileira criada em 1934 e instalada em 1936 com o nome de Instituto Nacional de Estatística;
seu fundador e grande incentivador foi o estatístico Mário Augusto Teixeira de Freitas. O nome atual data
de 1938. A sede do IBGE está localizada na cidade do Rio de Janeiro.
O IBGE tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o que
inclui realizar censos e organizar as informações obtidas nesses censos, para suprir órgãos das esferas
governamentais federal, estadual e municipal, e para outras instituições e o público em geral.

6. Ministério Da Saúde – MS Site DATASUS


O Ministério da Saúde é um ministério do governo do Brasil criado em 25 de julho de 1953 como
Ministério da Educação e Saúde, hoje dividido em três órgãos: Saúde e Educação e Cultura.
Depois de sua criação, passaram para a responsabilidade do Ministério da Saúde as atividades até
então desenvolvidas pelo "Departamento Nacional de Saúde" (DNS).
O Ministério da Saúde é o órgão do Poder Executivo Federal responsável pela organização e elaboração
de planos e políticas públicas voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros.
É função do ministério dispor de condições para a proteção e recuperação da saúde da população,
reduzindo as enfermidades, controlando as doenças endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à
saúde, dando, assim, mais qualidade de vida ao brasileiro.
 Missão
“Promover a saúde da população mediante a integração e a construção de parcerias com os órgãos
federais, as unidades da Federação, os municípios, a iniciativa privada e a sociedade, contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida e para o exercício da cidadania"

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7. Secretarias De Saúde Estaduais


A estrutura da saúde pública no Brasil conta também com atuação das Secretarias Estaduais e municipais
de saúde. A Constituição Federal de 1988 deu um importante passo na garantia do direito à saúde com a
criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. Seus princípios apontam para a democratização nos serviços
de saúde, que deixam de ser restritos e passam a ser universais. Da mesma forma, deixam de ser
centralizados e passam a ser norteados pela descentralização, com os estados e municípios assumindo
suas responsabilidades e prerrogativas diante do SUS, bem como desenvolvendo ações que dêem
prioridade à prevenção e à promoção da saúde.

 Atribuições, Competências e Estrutura


 Traçar diretrizes da política estadual de saúde e seu controle, considerando aspectos econômicos e
financeiros.
 Contribuir para a organização do SUS.
 Recomendar a adoção de critérios que garantam qualidade na prestação de serviços de saúde.
 Definir estratégias e mecanismos de coordenação do SUS em consonância com os órgãos colegiados.
 Traçar diretrizes para elaboração de planos de saúde.
 Examinar e encaminhar propostas, denúncias e queixas.
 Emitir pareceres em consultas.
 Acompanhar e fiscalizar o desenvolvimento de ações e serviços de saúde.
 Propor a convocação da Conferência Estadual de Saúde e constituir sua Comissão Organizadora.
 Propor critérios para definição de padrões e parâmetros de atenção a saúde.
 Aprovar o Plano Estadual de Saúde e planos municipais encaminhados pelos respectivos conselhos
municipais da saúde.
 Elaborar seu regimento interno.

VIII - PROCESSO SAÚDE/DOENÇA

O processo saúde-doença é uma expressão usada para fazer referência a todas as variáveis que
envolvem a saúde e a doença de um indivíduo ou população e considera que ambas estão
interligadas e são consequência dos mesmos fatores. De acordo com esse conceito, a determinação do
estado de saúde de uma pessoa é um processo complexo que envolve diversos fatores.
Diferentemente da teoria da uni causalidade, muito aceita no início do século XX, que considera
como fator único de surgimento de doenças um agente etiológico - vírus, bactérias, protozoários
-, o conceito de saúde-doença estuda os fatores biológicos, econômicos, sociais e culturais e, com
eles, pretende obter possíveis motivações para o surgimento de alguma enfermidade.
O conceito de multicausalidade não exclui a presença de agentes etiológicos numa pessoa como
fator de aparecimento de doenças. Ele vai além e leva em consideração o psicológico do
paciente, seus conflitos familiares, seus recursos financeiros, nível de instrução, entre outros. Esses
fatores, inclusive, não são estáveis; podem variar com o passar dos anos, de uma região para outra,
de uma etnia para outra.
IX - NIVEIS DE PREVENÇAO

1. Prevenção Primária
Nesse nível, encontram-se agrupadas as medidas ou ações especialmente destinadas ao
período que antecede a ocorrência da doença. Dentre elas, destacam-se o saneamento básico, a
vacinação e o controle de vetores, por exemplo.
" Significa evitar a ocorrência de uma doença, eliminando fatores de risco ou tratamento de lesões
precursoras. Ela é definida como promoção de saúde e as prevenção de enfermidades ou
profilaxia. Alguns Exemplos:
 Uso de preservativos para evitar a infecção por DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).
 Uso de Capacete pelo Motociclista .Uso de cinto de segurança, airbag, capacetes e outros
dispositivos de segurança para ciclistas e motociclistas.
 Uso de luvas para manipular material biológico.
 Controle de vetores, vacinas, como a vacina para poliomielite.
 Ginástica Laboral e Exercício Físico para aqueles que nunca tiveram tendinite, diminuirá as
possibilidades de que os mesmos desenvolvam a doença.
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2. Prevenção Secundária
Incorpora uma série de medidas que visam a impedir a evolução de doenças já existentes e, em
consequência, suas complicações. Os exames periódicos e o auto exame de mama, entre outros, são
procedimentos de reconhecida eficácia para o diagnóstico precoce, que permite o início imediato
do tratamento e evita, muitas vezes, o agravamento da enfermidade. "Prevenção secundária
significa prevenção da evolução das enfermidades através da execução de procedimentos
diagnósticos ou terapêuticos."
Alguns Exemplos:
 Um paciente hipertenso, previamente diagnosticado, que tem monitoramento de
profissionais de saúde , exercício físico orientado, dieta adequada, é livrado das situações de estresse
do cotidiano, terá uma evolução muito lenta da patologia, diminuindo incrivelmente as possíveis
complicações da doença.
 Um paciente com infecção por HPV ( papiloma vírus humano) no colo do útero com
acompanhamento e orientação do ginecologista , pode evitar o câncer de colo de útero.
 Um paciente com tendinite em fase aguda, inicial, com o tratamento fisioterapêutico correto, pode
evitara piora que evolui para a diminuição dos movimentos do braço.
 Um paciente com AIDS, fazendo uso correto da medicação diminui as possibilidades de
complicações, melhora a qualidade de vida e garante maior sobre-vida.

3. Prevenção Terciária
Esse último nível engloba ações voltadas à reabilitação do indivíduo após a cura ou o controle da
doença, a fim de reajustá-lo a uma nova condição de vida. Fazem parte dessas medidas a fisioterapia,
fisiatria, a terapia ocupacional e a colocação de próteses, por exemplo. Lida com a recuperação
funcional de sequelas, que muitas vezes são irreversíveis .
Enfim, as medidas preventivas à nossa disposição são inúmeras, e muitas delas devem ser
incorporadas ao nosso estilo ou hábito de vida porque certamente contribuem para a manutenção de
nossa qualidade de vida.
"Após o controle da doença, as atividades que possam contribuir para a manutenção da nossa saúde.
Um exemplo que vamos citar é sobre o trauma que já ocorreu, a sua gravidade também já está
determinada. O que é necessário agora, é minorar ao máximo as consequências do que já aconteceu.
E muito ajuda o que fica pelas nossas responsabilidades."
Alguns Exemplos:
 Um paciente hipertenso o qual não teve uma prevenção secundária efetiva no controle dessa
doença de base, pode sofrer um agravamento da
Um paciente hipertenso, previamente diagnosticado, que tem monitoramento de profissionais
de saúde , exercício físico orientado, dieta adequada, é livrado das situações de estresse do cotidiano,
terá uma evolução muito lenta da patologia, diminuindo incrivelmente as possíveis complicações da
doença

X - IMUNIZAÇÃO

As vacinas representam uma significativa conquista alcançada pela ciência com vistas à promoção e
proteção da saúde dos indivíduos, trazendo benefícios incomparáveis à humanidade, tais como a
erradicação da varíola em todo o mundo, da poliomielite em muitos países - inclusive o Brasil - e a
redução significativa de mortes e formas graves de doenças como o sarampo, rubéola, difteria e
tuberculose.

Dentre os profissionais da equipe de saúde, inegavelmente é o auxiliar de enfermagem o que mais


realiza atividades relacionadas à vacinação, tanto em unidades de saúde privadas como públicas,
destacando-se as ações de conservação, preparo e administração de imunobiológicos.

1. Fundamentos imunológicos
O processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção conferida pelas vacinas compreende o
conjunto de mecanismos através dos quais o organismo humano reconhece uma substância como
estranha, para, em seguida, metabolizá-la, neutralizá-la e/ou eliminá-la.

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A resposta imune* do organismo às vacinas depende basicamente de dois tipos de fatores: os inerentes às
vacinas e os relacionados com o próprio organismo.

2. Imunidade e imunização
Conhecer os princípios gerais das vacinas e sua ação no corpo humano é fundamental para o auxiliar
de enfermagem que desempenha suas funções em unidade básica de saúde. Entretanto, apenas
isto não basta, considerando-se que os imunobiológicos são medicamentos bastante sensíveis e
requerem preparo técnico específico para sua manipulação. Assim, tanto pelo fato de as vacinas
serem indicadas para a prevenção de doenças transmissíveis como para que melhor possa entender -
e de maneira mais crítica - seu processo de trabalho e resultados, faz-se também necessário que o
auxiliar tenha a mínima compreensão de como essas doenças se manifestam numa dada comunidade,
bem como suas implicações orgânicas, sociais, econômicas, ambientais e as inter-relações com as
ações de imunização.
Como informação inicial, a capacidade de resposta a estímulos nocivos presentes no ambiente, mediada
pelo sistema de defesa do organismo, recebe o nome de imunidade. O processo pelo qual
desenvolvemos essa imunidade é chamado de imunização.
Existem duas formas de aquisição de imunidade: a ativa e a passiva.
A imunidade ativa é desenvolvida por nosso organismo em resposta a um estímulo externo, o que
pode ocorrer de dois modos: a) pela ação de nosso sistema imunológico (ao adoecermos, ele cria uma
memória, reconhecendo o elemento causador da doença e impedindo que torne a se instalar); b) pela
administração de vacinas que apresentam o agente patogênico ou seu produto de forma modificada
(atenuado, inativado ou obtido através de engenharia genética), estimulando as defesas contra o
verdadeiro causador, comumente chamado de “selvagem”.
Por sua vez, a imunidade passiva são simplesmente as defesas que já recebemos “prontas”.
Como exemplos, temos as transmitidas de mãe para filho, através da placenta e/ou leite materno, e os
soros, produzidos laboratorialmente, como o antiofídico.
3. Agentes imunizantes
 Natureza
A vacina é o imunobiológico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada)
sob diversas formas: bactérias ou vírus vivos atenuados, vírus inativados, bactérias mortas e componentes
de agentes infecciosos purificados e/ou modificados quimicamente ou geneticamente.

 Composição

O produto em que a vacina é apresentada contém, além do agente imunizante, os componentes a seguir
especificados:
 líquido de suspensão: constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica, podendo
conter proteínas e outros componentes originários dos meios de cultura ou das células utilizadas no
processo de produção das vacinas;
 conservantes, estabilizadores e antibióticos: pequenas quantidades de substâncias antibióticas ou
germicidas são incluídas na composição de vacinas para evitar o crescimento de contaminantes (bactérias
e fungos); estabilizadores (nutrientes) são adicionados a vacinas constituídas por agentes infecciosos
vivos atenuados.
Reações alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a algum desses componentes;
 adjuvantes: compostos contendo alumínio são comumente utilizados para aumentar o poder
imunogênico de algumas vacinas, amplificando o estímulo provocado por esses agentes imunizantes
(toxóide tetânico e toxóide diftérico, por exemplo).
 Origem
Laboratórios nacionais e estrangeiros fornecem as vacinas para uso no Brasil. Embora a maioria dos
agentes imunizantes seja produzida a partir de cepas ou linhagens de bactérias ou vírus em instituições de
referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) - assim como são padronizados os meios de cultura
e as células usadas em cultura de tecido para produção de vacinas -, existem particularidades no processo
de produção de cada laboratório; também variam os conservantes, estabilizadores e adjuvantes utilizados.
Esses fatores contribuem, eventualmente, para que as vacinas apresentem diferenças em seu aspecto
(presença de floculação) ou de coloração (a vacina contra o sarampo, por exemplo, apresenta-se, às vezes,
depois da reconstituição, com tonalidades que variam do róseo ao amarelado).
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 Controle de qualidade
O controle de qualidade das vacinas é realizado pelo laboratório produtor e deve obedecer a critérios
padronizados, estabelecidos pela OMS. Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor,
cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
(INCQS) do Ministério da Saúde. Só depois a vacina é liberada para uso, garantida sua segurança,
potência e estabilidade.

 Conservação
As vacinas precisam ser armazenadas e transportadas de acordo com as normas de manutenção da rede de
frio (v. Manual de Rede de Frio, do Ministério da Saúde), as quais deverão ser seguidas rigorosamente.
Nenhuma das vacinas deve ser exposta à luz solar direta.

 Vias de administração
Para cada agente imunizante há uma via de administração recomendada, que deve ser obedecida
rigorosamente. Caso isso não seja atendido, podem resultar em menor proteção imunológica ou maior
frequência de eventos adversos.

Por exemplo, a vacina contra hepatite B deve ser aplicada por via intramuscular, no vasto lateral da coxa
ou deltoide, não se devendo utilizar a região glútea, pela possibilidade de aplicação em tecido gorduroso e
assim obter-se menor proteção contra a doença. As vacinas que contêm adjuvantes, como a tríplice DTP,
se forem aplicadas por via subcutânea podem provocar abscessos. O mesmo pode acontecer se a vacina
BCG for aplicada por via subcutânea, em vez de intradérmica. Já as vacinas contra febre amarela, tríplice
viral contra sarampo caxumba e rubéola, monovalente contra sarampo, por exemplo, devem ser aplicadas
por via subcutânea.

 Fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina: mecanismos básicos da resposta imune
Vários fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina podem interferir no processo de imunização,
isto é, na capacidade desse organismo responder adequadamente à vacina que se administra:

 idade;
 doença de base ou intercorrente;
 tratamento imunodepressor.

4. Pessoa a ser vacinada


O Programa Nacional de Imunizações tem como objetivo, em primeira instância, o controle de doenças
imunopreveníveis através de amplas coberturas vacinais, para que a população possa ser provida de
adequada proteção imunitária contra as doenças abrangidas pelo programa.
Entretanto, continua sendo comum em nosso país a adoção de falsas contraindicações à vacinação,
apoiadas em conceitos desatualizados, com perda de oportunidade de vacinação durante os encontros da
criança ou da família com o serviço de saúde e o consequente prejuízo da cobertura vacinal.

 Contraindicações gerais
As vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados não devem ser administradas, a princípio, em pessoas:
 com imunodeficiência congênita ou adquirida;
 acometidas por neoplasia maligna;
 em tratamento com corticosteroides em esquemas imunodepressores (por exemplo, 2mg/kg/dia de
prednisona durante duas semanas ou mais em crianças ou doses correspondentes de outros
glicocorticoides) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia
antineoplásica, radioterapia, etc.).
 Falsas contraindicações
Não constituem contraindicação à vacinação:
doenças benignas comuns, tais como afecções recorrentes infecciosas ou alérgicas das vias respiratórias
superiores, com tosse e/ou coriza, diarreia leve ou moderada, doenças da pele (impetigo, escabiose etc.);
 desnutrição;
 aplicação de vacina contra a raiva em andamento;

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 doença neurológica estável (síndrome convulsiva controlada, por exemplo) ou pregressa, com sequela
presente;
 antecedente familiar de convulsão;
 tratamento sistêmico com corticosteroide durante curto período (inferior a duas semanas), ou
tratamento prolongado diário ou em dias alternados com doses baixas ou moderadas;
 alergias, exceto as reações alérgicas sistêmicas e graves, relacionadas a componentes de determinadas
vacinas;
 prematuridade ou baixo peso no nascimento. As vacinas devem ser administradas na idade
cronológica recomendada, não se justificando adiar o início da vacinação. (Excetuam-se o BCG, que deve
ser aplicado somente em crianças com >2 kg).
 internação hospitalar - crianças hospitalizadas podem ser vacinadas antes da alta e, em alguns casos,
imediatamente depois da admissão, particularmente para prevenir a infecção pelo vírus do sarampo ou da
varicela durante o período de permanência no hospital.
Deve-se ressaltar que história e/ou diagnóstico clínico pregressos de coqueluche, difteria, poliomielite,
sarampo, rubéola, caxumba, tétano e tuberculose não constituem contraindicações ao uso das respectivas
vacinas.

É importante também dar ênfase ao fato de que, havendo indicação, não existe limite superior de idade
para aplicação de vacinas, com exceção das vacinas tríplice DTP e dupla tipo infantil.

5. Adiamento de vacinação
Deve ser adiada a aplicação de qualquer tipo de vacina em pessoas com doenças agudas febris graves,
sobretudo para que seus sintomas e sinais, assim como eventuais complicações, não sejam atribuídos à
vacina administrada.
Também deve ser adiada a aplicação de vacinas em pessoas submetidas a tratamento com medicamentos
em doses imunodepressoras, por causa do maior risco de complicações ou da possibilidade de resposta
imune inadequada.
Como regra geral, a aplicação de vacinas deve ser adiada por um mês após o término de corticoterapia em
dose imunodepressora ou por três meses após a suspensão de outros medicamentos ou tipos de tratamento
que provoquem imunodepressão. Após transplante de medula óssea, o adiamento deve ser por um ano
(vacinas não vivas) ou por dois anos (vacinas vivas).
O uso de imunoglobulinas também deve adiar a aplicação de algumas vacinas vivas, como as contra
sarampo e rubéola. O prazo de adiamento depende da dose de imunoglobulina aplicada (v. Manual do
Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais). Isso não se aplica às vacinas orais contra
poliomielite e contra febre amarela, cuja resposta imune não é afetada pelo uso de imunoglobulinas.
Não há interferência entre as vacinas utilizadas no calendário de rotina do PNI, que, portanto, podem ser
aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo entre si. Uma exceção, por falta de informações
adequadas, é a vacina contra febre amarela: recomenda-se que seja aplicada simultaneamente ou com
intervalo de duas semanas das outras vacinas vivas.

6. Associação de vacinas
A administração de vários agentes imunizantes num mesmo atendimento é conduta indicada e econômica
que, além de facilitar a efetivação do esquema, permite, em reduzido número de contatos da pessoa com
o serviço de saúde, vacinar contra o maior número possível de doenças.
Devem ser consideradas diferentemente a vacinação combinada, a vacinação associada e a vacinação
simultânea.
Na vacinação combinada dois ou mais agentes são administrados numa mesma preparação (por exemplo,
vacina tríplice DTP, vacinas duplas DT e dT e vacina oral trivalente contra a poliomielite, que contém os
três tipos de vírus atenuados da poliomielite). Na vacinação associada, misturam-se as vacinas no
momento da aplicação, o que pode ser feito, por exemplo, entre determinadas apresentações (marcas) das
vacinas contra Haemophilus influenzae do tipo b e vacina tríplice DTP. Chama-se a atenção para o fato
de que a autorização para o uso dessas misturas tem que ser precedida de estudos que autorizem seu
emprego, específicos para cada produto a ser associado. Na vacinação simultânea, duas ou mais vacinas
são administradas em diferentes locais ou por diferentes vias num mesmo atendimento (por exemplo, a
vacina tríplice DTP por via intramuscular, a vacina contra o sarampo por via subcutânea, o BCG por via
intradérmica e a vacina contra a poliomielite por via oral).
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As vacinas combinadas a serem usadas são as registradas e licenciadas para uso no Brasil. A associação
de vacinas só é permitida para vacinas e fabricantes específicos, de acordo com as recomendações de cada
produto.
Em relação às vacinas incluídas no PNI, as aplicações simultâneas possíveis não aumentam a frequência e
a gravidade dos efeitos adversos e não reduzem o poder imunogênico que cada componente possui
quando administrado isoladamente.

7. Situações especiais
 Surtos ou epidemias
Em vigência de surto ou epidemia de doença cuja vacinação esteja incluída no PNI, podem ser adotadas
medidas de controle que incluem a vacinação em massa da população-alvo (estado, município, creche,
etc.), sem necessidade de obedecer rigorosamente aos esquemas deste Manual.

 Campanha de vacinação
Constitui estratégia cujo objetivo é o controle de uma doença de forma intensiva ou a ampliação da
cobertura vacinal para complementar trabalho de rotina.

 Vacinação de escolares
A admissão à escola constitui momento estratégico para a atualização do esquema vacinal. A vacinação
de escolares deve ser efetuada prioritariamente na primeira série do primeiro grau, com a finalidade de
atualizar o esquema de imunização.

 Vacinação de gestantes
Não há nenhuma evidência de que a administração em gestantes de vacinas de vírus inativados (vacina
contra a raiva, por exemplo) ou de bactérias mortas, toxóides (toxóide tetânico e toxóide diftérico) e de
vacinas constituídas por componentes de agentes infecciosos (vacina contra infecção meningocócica e
vacina contra hepatite B, por exemplo) acarrete qualquer risco para o feto. As vacinas vivas (vacina
contra sarampo, contra rubéola, contra caxumba, contra febre amarela, BCG) são contraindicadas em
gestantes. Contudo, quando for muito alto o risco de ocorrer a infecção natural pelos agentes dessas
doenças (viagens a áreas endêmicas ou vigência de surtos ou epidemias), deve-se avaliar cada situação,
sendo válido optar-se pela vacinação quando o benefício for considerado maior do que o possível risco.
Grávida comunicante de caso de sarampo, com condição imunitária desconhecida, deve receber
imunoglobulina humana normal (imunização passiva).
Após a vacinação com vacinas de vírus vivos recomenda-se evitar a gravidez durante um mês. Entretanto,
se a mulher engravidar antes desse prazo, ou se houver aplicação inadvertida durante a gestação, o risco é
apenas teórico, e assim não se justifica o aborto em nenhum desses casos.
Gestantes suscetíveis expostas à varicela ou com contato físico com herpes-zoster deverão receber
imunoglobulina antivaricela -zoster, a qualquer tempo da gravidez.
Gestantes suscetíveis expostas à hepatite B deverão ser tratadas com os esquemas habituais de expostos à
hepatite B descritos neste manual , incluindo vacina e imunoglobulina, se necessário.

 Nutrizes
Nutrizes poderão receber qualquer vacina sem que necessitem interromper a amamentação

 Recém-Nascidos
O recém-nascido a termo apresenta diferenças imunológicas em relação ao adulto e essas diferenças estão
acentuadas no pré-termo. Os linfócitos T podem ser encontrados no sangue periférico a partir da 28.ª
semana de idade fetal e permitem uma boa resposta celular no recém-nascido a termo. Por essa razão, a
vacina BCG pode ser realizada ao nascimento em todas as crianças com peso maior que 2.000g. A resposta
a inúmeros estímulos antigênicos T dependentes pode ser detectada em crianças pré-termo. A resposta de
crianças prematuras a doses múltiplas de vacina contra a hepatite B, entretanto, pode ser menor do que a
observada em RN a termo e crianças maiores.
Embora o número de linfócitos B circulantes seja normal, problemas relacionados à fagocitose e à
apresentação do antígeno diminuem a resposta humoral.
Crianças nascidas pré-termo (menores de 37 semanas de gestação) ou baixo peso (peso menor que 2.500
gramas) muitas vezes desenvolvem problemas no período neonatal, requerem internações prolongadas em
unidades de terapia intensiva neonatal e desenvolvem doença pulmonar crônica ou sequelas como
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encefalopatia crônica não evolutiva. Em virtude desses problemas, por precaução nem sempre justificada,
muitas crianças Ficam sem receber as vacinas necessárias e acabam expostas ao risco de adoecer. Por outro
lado, o pré-termo apresenta peculiaridades do desenvolvimento imunológico que requerem observação
especial e, eventualmente, imunobiológicos especiais.
Com o aumento da reincidência das unidades de terapia intensiva neonatal, há um número crescente de
crianças pré-termo de idade gestacional menor que 31 semanas, sobrevivendo e necessitando de maiores
cuidados em sua imunização.

 Imunização Do Prematuro
 Crianças nascidas com menos de 2.000g ou 33 semanas de idade gestacional: Mais uma dose de
vacina contra a hepatite B deverá ser acrescentada ao esquema habitual, no segundo mês de vida –
esquema 0, 30, 60 e 180 dias (ver vacina contra a hepatite B).
 Crianças nascidas com menos de 1.000g ou menos de 31 semanas de gestação (prematuro
extremo), para a primeira dose: DTP acelular, aplicando-se a Hib 15 dias após; VIP;
As demais doses podem ser feitas com a vacina tetravalente (DTP-Hib) e VOP da rotina.

 Crianças nascidas com menos de 35 semanas de gestação e que tenham necessitado de ventilação
mecânica ou CPAP durante o período neonatal e que sejam menores de 1 ano de idade.

 Pessoas com doenças hemorrágicas


Os seguintes aspectos devem ser considerados em pessoas com doenças hemorrágicas:

 Prevenção contra hepatites A e B.


 Necessidade de proteção contra hemorragias secundárias à aplicação de injeções intramusculares.
Avaliar cada caso, comparando o risco de hemorragia pelo imunobiológico com o risco de deixar de
aplicá-lo. No caso de injeção intramuscular, aplicar logo após a administração do fator de coagulação ou
concentrado de plaquetas, se este estiver indicado. Usar agulha com o menor calibre possível e pressionar
o local da aplicação durante pelo menos dois minutos, sem fazer massagem. Os pacientes com síndromes
hemorrágicas devem, na medida do possível, receber vacinas combinadas para diminuir o número de
injeções. A via subcutânea pode ser usada alternativamente à via intramuscular para as vacinas contra a
hepatite B e hepatite A e a tetravalente.

Necessidade de receber vacinas vivas após transfusão de sangue ou hemoderivados: observar o intervalo
recomendado para administração dessas vacinas após transfusões.

 Vacinas Recomendadas Para Profissionais De Saúde


VACINA RECOMENDAÇÃO
Hepatite B profissionais que prestam assistência direta
Ao paciente ou que tenham contato com material biológico
Tétano recomendada para todos
Difteria recomendada para todos
Varicela recomendada para susceptíveis
Sarampo/caxumba/rubéola recomendada para susceptíveis
Influenza recomendada para todos anualmente
BCG para profissionais não reatores ao ppd (?)

8. Eventos Adversos Após As Vacinações


A ocorrência de algum evento adverso após a vacinação (por exemplo, doenças ou sintomas leves ou
graves) pode ser causada pela vacina, pois nenhuma delas é totalmente isenta de riscos; com grande
frequência, entretanto, o que ocorre é uma associação temporal entre o sintoma ou a doença e a aplicação
da vacina, sem relação de causa e efeito. Por essa razão, prefere-se falar em evento adverso, termo
genérico, em vez de efeito ou reação adversa, já que estes últimos termos culpam automaticamente a
vacina por tudo o que aconteça após a sua aplicação.
As vacinas são constituídas por agentes infecciosos atenuados ou inativados ou por algum de seus
produtos ou componentes que, apesar do aprimoramento dos processos utilizados em sua produção e
purificação, podem induzir a reações indesejáveis. A incidência das mesmas varia de acordo com as
características do produto utilizado e as peculiaridades da pessoa que o recebe.
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Alguns eventos adversos são observados com frequência relativamente alta, depois da administração de
algumas vacinas; no entanto, as manifestações que ocorrem são geralmente benignas e transitórias (febre
e dor local decorrente da aplicação da vacina tríplice DTP, por exemplo). Raramente, porém, as reações
são graves, podendo determinar o aparecimento de sequelas ou mesmo provocar o óbito; nem sempre são
reconhecidos os mecanismos fisiopatológicos envolvidos nessas complicações.
Havendo associação temporal entre a aplicação da vacina e a ocorrência de determinado evento adverso,
considera-se possível a existência de vínculo causal entre os dois fatos.
É, portanto, indispensável criteriosa avaliação clínica e laboratorial desses casos, para estabelecimento
rigoroso do diagnóstico etiológico, com a finalidade de que o evento adverso, a sequela ou mesmo o óbito
não sejam atribuídos à vacina, sem fundamentação científica. Foi implantado pelo Ministério da Saúde o
Sistema Nacional de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação, que orienta a notificação e a
investigação desses casos.

XI- VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA


1. Conceito
Durante muitos séculos, vários países tiveram suas populações atingidas por doenças transmissíveis
que levavam à morte. A ideia sobre esse acontecimento baseava-se na teoria miasmática, que
entendia que as doenças eram causadas pela movimentação do ar, pois este carregaria gases
pestilenciais originados da matéria orgânica apodrecida, resultado de águas pantanosas,
“contaminando” o meio ambiente.
Mesmo não tendo noção da existência de microrganismos patogênicos, nem tampouco de suas formas
de transmissão, os profissionais de saúde daquelas épocas implementavam medidas empíricas de
isolamento social e confinamento em instituições (as “Santas Casas”), bem como limpeza das ruas e
casas, aterro de águas paradas, controle das instalações de cemitérios e de estabelecimentos para
comércio do pão, vinho e carne e proibição da entrada de indivíduos contaminados pela peste –
particularmente pelos portos.

A partir da primeira metade do século XX, com o desenvolvimento de métodos de combate - como
as vacinas - e o surgimento da noção de agente infeccioso, iniciou-se uma prática científica de controle
das doenças dando-se maior importância ao indivíduo por era uma consequência natural da interação
agente infeccioso-hospedeiro; nesse contexto, as medidas de controle voltavam-se prioritariamente
para essa interação, ou seja, objetivavam exterminar o agente infeccioso e isolar o hospedeiro, sem
considerar qualquer outro fator que pudesse influenciar o processo.
A partir desse quadro, em que havia grave acometimento de grandes parcelas populacionais por
doenças transmissíveis, criou-se a necessidade de analisar as manifestações dessas doenças — o que
propiciou o surgimento e desenvolvimento da ciência epidemiológica, que possibilitou o estudo da
distribuição dos determinantes da frequência das doenças no homem. Tornou-se, então, possível
conhecer melhor as condições e fatores que favoreciam a ocorrência das moléstias — faixa etária
(infância, velhice), sexo, lugares (meio urbano, proximidade com florestas), épocas do ano (estações,
meses), ocupações (profissionais do sexo, operários da construção civil) e outras condições de
interesse.
Como saber então que tipos de enfermidades transmissíveis estavam surgindo e quantos eram os
casos? Que doenças estariam sendo controladas com os procedimentos adotados?
Para que as informações necessárias à adoção de medidas pertinentes relacionadas ao controle e
prevenção de doenças pudessem ser atualizadas constantemente, surgiram os serviços de vigilância
epidemiológica, cujo objetivo era desenvolver atividades de coleta e análise de dados, determinando,
assim, as medidas a serem aplicadas ao ambiente e aos doentes ou às pessoas em risco de adoecer.
As ações epidemiológicas direcionavam-se para o controle da transmissão do agente
infeccioso, centradas no isolamento do hospedeiro e no extermínio do agente do ambiente. Tais
medidas melhoraram a assistência à população, mas ainda relacionavam-se a uma visão restrita da
epidemiologia.
Assim, tanto no Brasil como no mundo, a aplicação de medidas epidemiológicas viabiliza a
redução do número de casos de doenças transmissíveis, chegando-se mesmo a eliminar algumas,
como a poliomielite, e a erradicar outras, como a varíola - a partir do momento em que são
controladas, perdem um pouco de sua importância anterior.
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ENFERMAGEM – MÓDULO II

A partir da obtenção de um controle relativo sobre as doenças transmissíveis, ocorreram


importantes mudanças sociais, geradas pelo processo de industrialização, êxodo rural e crescimento
das cidades.
Começaram, então, a aumentar o número de casos de doenças não transmissíveis e de
indivíduos acometidos por agravos, fortemente influenciados por fatores externos relacionados a
um estilo de vida pouco saudável, tais como dieta inadequada, excesso de trabalho, vida
sedentária, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estresse, abuso de drogas, violência urbana e
no trânsito, dentre outros.
O aumento da ocorrência dessas disfunções e agravos passou a despertar a atenção das
autoridades sanitárias pelo impacto promovido na população economicamente ativa (PEA). O
alto índice de pessoas afastadas do trabalho por longos períodos, bem como a ocorrência de pedidos de
aposentadoria precoce por invalidez parcial ou total e aumento do número de óbitos a elas
relacionados fizeram com que os profissionais de saúde começassem a questionar se também não
seria necessária a elaboração de medidas de prevenção e controle das doenças não transmissíveis e
agravos. Como nessas situações não havia um agente etiológico (causador), iniciou-se a discussão
e valorização dos determinantes sociais como potenciais causadores de doenças não transmissíveis
e agravos.
O estilo de vida e as condições sociais, influenciando a existência desses acometimentos
populacionais, levaram os profissionais de saúde a constatarem sua inter-relação com outros setores
públicos – o que fez com que o planejamento das ações na promoção de condições que favorecessem
a prevenção e o controle dessas doenças passasse a ser elaborado em conjunto com os órgãos
responsáveis pelo saneamento, transporte, segurança, trabalho, agricultura, habitação e educação.
Essa nova forma de encarar as doenças, a organização dos profissionais em torno da discussão acerca
desses temas e a emergência de uma reforma do setor saúde influenciam diretamente a
reformulação do conceito de epidemiologia – a qual não mais irá somente considerar a distribuição das
frequências das doenças, mas também incorporará a importância dos determinantes sociais no
processo saúde-doença, redirecionando as ações relacionadas à prevenção e ao controle das doenças
transmissíveis, bem como das doenças não transmissíveis e agravos.
A atuação isolada ou em conjunto de cada um desses determinantes pode gerar um estímulo
responsável pela ocorrência das doenças.
A partir daí, o Brasil passa a apresentar duas realidades de saúde que determinam seu perfil
epidemiológico: por um lado, o baixo investimento nas ações de prevenção e controle das doenças
transmissíveis permitiu que estas voltassem a se manifestar, mesmo onde parecia já estarem
eliminadas; por outro, a cada dia aumenta o número de pessoas afetadas por doenças não-
transmissíveis e agravos – o que faz com que tenhamos o fenômeno da confluência de riscos, que
expõe a população a várias possibilidades de adoecimento.
Dessa forma, para os setores de política pública e serviços de saúde que desenvolvem ações
considerando o perfil epidemiológico da população assistida, surgem dois desafios:
Voltar a intensificar ou até mesmo criar novas ações de vigilância epidemiológica que atinjam as
doenças transmissíveis; e voltar a atenção da vigilância epidemiológica para as doenças não-
transmissíveis (câncer, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e outras) e agravos
(mortes no trânsito, acidentes de trabalho, violência), cuja ocorrência aumenta diariamente,
principalmente nas grandes cidades.
E quanto aos profissionais de saúde envolvidos nesse processo de redirecionamento das práticas
assistenciais?
Cada vez mais lhes será requisitado que o desenvolvimento de suas atividades junto à
população assistida volte-se à identificação de grupos suscetíveis, expostos a sofrer alterações nas
suas condições de saúde. Dessa maneira, realça-se a importância de se estar atento aos
determinantes que atuam favorecendo o surgimento de doenças transmissíveis, não transmissíveis e
agravos. Somente mediante a intervenção sobre os mesmos poderemos contribuir para a melhoria da
qualidade de vida da população, modificando seu perfil epidemiológico.
Por que estar atento às doenças e aos agravos? Que instrumentos possuímos para
mantê-los sob vigilância? Quando estamos supostamente saudáveis, não temos o hábito de
procurar assistência objetivando prevenir alterações no organismo. É bem mais frequente buscarmos
atendimento apenas quando da existência de algum sintoma ou sinal preocupante.

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E essa demanda serve como parâmetro aos serviços de saúde para a avaliação do perfil
epidemiológico da população, procurando, assim, manter uma vigilância constante. Portanto,
vigiar as doenças e agravos é importante para conhecermos o seu modo de manifestação, que
indivíduos têm maior facilidade para contraí-las, qual a faixa etária mais atingida, em que época do
ano ocorre com mais frequência, que localidades apresentam maior número de casos de
determinada doença e sobre quais determinantes faz-se necessário intervir para atender às
necessidades de saúde da população.

2. Definições
 Surto
Acontece quando há um aumento inesperado do número de casos de determinada doença em uma região
específica. Em algumas cidades, a dengue, por exemplo, é tratada como um surto e não como uma
epidemia, pois acontece em regiões específicas (como um bairro).
 Endemia
É qualquer doença localizada em um espaço limitado denominado “faixa endêmica”. Significa que
endemia é uma doença que se manifesta apenas numa determinada região, de causa local, não atingindo
nem se espalhando para outras comunidades.
Enquanto a epidemia se espalha por outras localidades, a endemia tem duração continua porém, restrito a
uma determinada área.
No Brasil, existem áreas endêmicas. A título de exemplo, pode ser citada a febre amarela comum
Amazônia. No período de infestação da doença, as pessoas que viajam para tal região precisam ser
vacinadas. A dengue é outro exemplo de endemia, pois são registrados focos da doença em um espaço
limitado, ou seja, ela não se espalha por toda uma região, ocorre apenas onde há incidência do mosquito
transmissor da doença.
Ex: Malária, leishmaniose cutânea, esquistossomose

 Epidemia
É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa comunidade ou região e pode se espalhar
rapidamente entre as pessoas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Isso poderá ocorrer por
causa de um grande desequilíbrio (mutação) do agente transmissor da doença ou pelo surgimento de um
novo agente (desconhecido).
A gripe aviária, por exemplo, é uma doença “nova” que se iniciou como surto epidêmico. Assim, a
ocorrência de um único caso de uma doença transmissível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso de uma
doença até então desconhecida na área (ex.: gripe do frango) requerem medidas de avaliação e uma
investigação completa, pois, representam um perigo de originarem uma epidemia.
Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença passa de epidêmica para endêmica e depois
para esporádica.
 Pandemia
A pandemia é uma epidemia que atinge grandes proporções, podendo se espalhar por um ou mais
continentes ou por todo o mundo, causando inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões inteiras.
Para entender melhor: quando uma doença existe apenas em uma determinada região é considerada uma
endemia (ou proporções pequenas da doença que não sobrevive em outras localidades). Quando a doença
é transmitida para outras populações, infesta mais de uma cidade ou região, denominamos epidemia.
Porém, quando uma epidemia se alastra de forma desequilibrada se espalhando pelos continentes, ou pelo
mundo, ela é considerada pandemia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pandemia pode se iniciar com o aparecimento de uma
nova doença à população, quando o agente infecta os humanos, causando doença séria ou quando o
agente esparrama facilmente e sustentavelmente entre humanos.
Os critérios de definição de uma pandemia são os seguintes: a doença ou condição além de se espalhar ou
matar um grande número de pessoas, deve ser infecciosa.
Exemplos de Pandemias:
AIDS, tuberculose, peste, gripe asiática, gripe espanhola, tifo, etc.
É importante saber que: o vírus ebola e outras doenças rapidamente letais como a febre de Lassa, febre de
Vale de Racha, vírus de Marburg, e a febre de hemorragia boliviana são doenças altamente contagiosas e
mortais com o potencial teórico de se tornar pandemias no futuro.

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3. Ações
A vigilância epidemiológica (VE) é um serviço que reúne um conjunto de ações que permite
acompanhar a evolução das doenças na população. Funciona como um “termômetro”, um indicador
de que ações devem ser priorizadas no planejamento da assistência à saúde. Se, por exemplo,
for detectado o aparecimento de muitos casos de sífilis congênita em uma maternidade localizada na
área X, tal fato indica ser necessário que os gestores realizem maiores investimentos em assistência
pré- natal naquela área, visando controlar a incidência de casos.
Entretanto, para que a vigilância epidemiológica possa propor ações de prevenção e controle a partir do
estudo do comportamento das doenças e agravos à população, é importante seguir algumas etapas:
 Coleta de dados – consiste em buscar junto às fontes de dados (população, imprensa,
serviços de saúde, escolas, creches, presídios e indústrias) as informações relevantes que possam
colaborar na identificação de situações de risco. Os dados podem ser agrupados como demográficos e
ambientais, de morbidade e mortalidade. As informações obtidas sobre casos de doenças, agravos e
epidemias devem ser consideradas somente após prévia investigação para confirmar ou descartar o
caso, pois muitas vezes sua divulgação, além de assustar a população, tem origem duvidosa;
 Processamento dos dados – significa reunir todos os dados coletados e agrupá-los de acordo
com seu grau de importância e relevância. As informações são organizadas em gráficos, quadros e
tabelas, para permitirem melhor visualização dos problemas e seus determinantes. Geralmente, são
ordenadas em ordem de ocorrência e separadas por mês, bairro de moradia do doente, unidade que
notificou a suspeita do caso e região do município, estado e país;
 Análise dos dados – busca interpretar as informações coletadas, procurando estabelecer as
relações causais. Sua realização permite que os responsáveis pela vigilância epidemiológica
relacionem os determinantes de doenças e agravos. Por exemplo, ao se estudar o período de maior
registro de doentes com câncer de pele, estabeleceu-se relação com o verão, época em que as
pessoas permanecem mais tempo expostas ao sol, e com as profissões que, para seu desempenho,
exigem exposição ao sol forte: lavradores e vendedores ambulantes na praia, entre outras;

 Recomendação de medidas de controle e prevenção: aponta que precauções podem ser


recomendadas no controle e prevenção da ocorrência da doença. As campanhas de vacinação, as
campanhas educativas disseminadas pela televisão e na escola, a campanha de controle do diabetes
são exemplos de medidas empregadas com esse fim;
 Promoção das ações de controle e prevenção – consiste em planejar e executar ações como
vacinações, tratamento dos doentes, controle do ambiente, divulgação de informações sobre
precauções para transmissão de doenças;
 Avaliação da eficácia das medidas – é a análise dos resultados das ações, visando identificar
se as metas propostas foram alcançadas e avaliar seu impacto na saúde coletiva, por meio dos
indicadores de saúde. Por exemplo: o Programa Saúde da Família planeja atender um quantitativo de
famílias em determinado território e em um dado período. Ao final do prazo estipulado, a equipe
do PSF deve avaliar se conseguiu ou não atingir a meta proposta e que fatores foram responsáveis pelo
alcance ou não da meta;
 Divulgação das informações – objetiva mostrar os resultados alcançados de forma simples e
clara, de modo que todos os interessados possam compreendê-los. Após a realização de uma
campanha de vacinação, é comum que as secretarias de Saúde divulguem o número de doses de
vacinas aplicadas e de pessoas vacinadas, para que se tenha a noção do impacto das medidas
adotadas.
Os ambulatórios, unidades básicas de saúde e hospitais representam importantes fontes de
informação para a realização da vigilância epidemiológica, em virtude de
prestarem assistência direta à maioria da população.
Por esse motivo, realizam com maior frequência a notificação, entendida como “a comunicação da
ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de
saúde ou qualquer cidadão”.
A notificação é essencial para o efetivo conhecimento da realidade vivida pela população
assistida, bem como para a adoção de medidas de intervenção pertinentes, sendo importante seu
registro e divulgação. Apesar desse fato, muitos profissionais desprezam a importância dessa prática
na determinação das condições sanitárias populacionais, provocando, assim, uma subnotificação —
quando o número de registros de ocorrência de casos de doenças é menor do que o realmente ocorrido
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—, o que impede o poder público atuar no atendimento às reais necessidades da população.

Visando acompanhar a notificação de doenças de grande impacto coletivo, foi criada uma lista de
doenças de notificação obrigatória em todo o território nacional, a qual deve ser periodicamente
atualizada. Denominada lista de doenças de notificação compulsória, é atualmente constituída apenas
por doenças transmissíveis, o que é bastante questionável, haja vista o crescente aumento do número
de pessoas acometidas por doenças crônicas não transmissíveis e provocadas por causas externas,
gerando doença e morte. No entanto, estados e municípios podem incluir novas doenças na lista,
desde que sejam claramente definidos o objetivo da notificação, os instrumentos e o fluxo da
informação.
Outras importantes fontes de dados e de notificação são os sistemas nacionais de informação. Quando
os profissionais ou a população não notificam as doenças ou agravos aos serviços de saúde (centros ou
postos de saúde), o banco de dados pode ser alimentado por outras fontes e documentos como boletins
de produção ambulatorial, atestados de óbito, declarações de nascidos vivos, prontuários dos
clientes ou autorizações para internação hospitalar, por exemplo. Tais documentos irão contribuir para a
avaliação de alguns indicadores de saúde da população, sendo fundamentais para a determinação das
prioridades assistenciais.
No Brasil, além do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) - que reúne todas as
informações relativas aos agravos de notificação, alimentado pelas notificações compulsórias -existem
outros sistemas de informações de interesse para a vigilância epidemiológica, dentre os quais se
destacam:
 Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) – reúne os dados relativos aos óbitos ocorridos.
Alimentado pelos atestados de óbito emitidos, possibilita o conhecimento da distribuição dos óbitos
por faixa etária, sexo, causa e outras informações – variáveis de acordo com o interesse da consulta;

 Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)– permite conhecer quantas crianças
nascem por ano e por região, bem como as características ligadas à saúde da mãe (idade gestacional,
por exemplo) e do recém-nascido (presença de malformações congênitas ao nascer), apontando que
necessidades assistenciais devem ser atendidas na região dos nascimentos para melhorar a qualidade
da assistência pré-natal e à criança;
 Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – reúne informações sobre a assistência prestada
pelos hospitais. É alimentado principalmente pelos dados contidos nas autorizações de internações
hospitalares e pelos relatos contidos nos prontuários dos pacientes. É importantíssimo para a definição
do perfil epidemiológico da população assistida, pois muitos doentes hospitalizados não chegam a ser
assistidos nas unidades básicas de saúde, principal fonte de notificação dos serviços de epidemiologia
locais;
 Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) – reúne as informações obtidas com os
atendimentos ambulatoriais, seja em unidades básicas de saúde, seja em hospitais. Permite, entre
outros dados, verificar se todos os atendidos em um
ambulatório são moradores da região, indicando a falta de serviços voltados para o atendimento das
necessidades dos moradores que se deslocam de muito longe para obter serviços de saúde;
 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) – permite conhecer o perfil das
condições nutricionais. As informações disponíveis possibilitam constatar a ocorrência de desnutrição
e sua distribuição, permitindo, assim, a determinação de medidas que controlem e previnam
sua ocorrência. Com o aumento dos casos de doenças não transmissíveis, assume importância
na vigilância sobre a obesidade, fator determinante de risco cardiovascular;
 Sistema de Informações sobre Ações Básicas (SIAB) – criado mais recentemente, esse
sistema destina-se a reunir informações acerca das atividades desempenhadas em nível de atenção
básica. É utilizado para medir o impacto das ações básicas desenvolvidas, auxiliando na
determinação das prioridades e avaliação do que já foi feito pelas equipes dos Programas Saúde
da Família e Agentes Comunitários de Saúde (PSF e PACS).

4. Medidas de controle e prevenção em vigilância epidemiológica


As ações de vigilância epidemiológica são hierarquizadas, ou seja, cada nível assume responsabilidades
para com o planejamento e execução das medidas e ações a serem empreendidas.

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O nível central (Governo Federal/Ministério da Saúde) é o grande responsável pela


determinação e regulamentação nacional das ações de vigilância epidemiológica. Nele, as ações são
discutidas para, somente após, serem recomendadas a todos os estados da Federação.
Detém as bases de dados dos sistemas de informação da vigilância epidemiológica - que reúnem
todas as informações referentes à saúde e às doenças no Brasil.
Ao plano regional, correspondente aos estados da Federação (Secretarias de Estado de Saúde), cabe
coordenar as ações de vigilância desenvolvidas pelos municípios, procurando estabelecer
prioridades de acordo com as informações obtidas, prestando consultoria.
As centrais estaduais de regulação de transplante de órgãos são exemplo de ação de vigilância
diretamente desenvolvida pelo nível de gestão regional. Por seu intermédio as secretarias estaduais de
Saúde controlam o número de doadores, os pacientes para os quais o transplante é prioritário, a
localização dos possíveis doadores e que hospitais dispõem de estrutura para realizar a intervenção
cirúrgica necessária. Assim, é possível conhecer as necessidades relacionadas a um problema de saúde
específico e intervir diretamente sobre ele, estabelecendo uma rede de comunicação entre as unidades
locais coordenadas pelas centrais.
Ao nível local, traduzido na figura do município (Secretarias Municipais de Saúde) e sua região
administrativa (Distritos Sanitários), cabe executar as práticas de vigilância, desenvolvendo as ações
mais diretamente relacionadas aos indivíduos, por meio dos serviços assistenciais oferecidos. Neste
nível, principalmente, faz-se necessário que os serviços de saúde estejam informados da ocorrência
das doenças de notificação compulsória para que possam, assim, planejar e implementar as medidas
de promoção, prevenção e controle adequadas às necessidades da população local – o que chamamos
“informação para a ação”.
As ações de vigilância epidemiológica variarão de acordo com os objetivos pretendidos, contribuindo
para o controle e prevenção de determinada doença ou agravo - entretanto é sempre importante
considerar em seu planejamento e adoção que o sucesso dependerá diretamente da proximidade com
os determinantes causadores da doença ou agravo sobre os quais se pretende intervir.
Algumas medidas de vigilância epidemiológica são mais conhecidas pelos profissionais devido à
freqüência com que é recomendadas e executadas, o que se explica pelo fato de, atualmente, as
ações de vigilância epidemiológica estar centradas no controle e prevenção de doenças transmissíveis.

Dentre as mais frequentemente recomendadas, destacamos: a investigação epidemiológica –


processo que permite acompanhar a ocorrência de uma doença ou agravo nos indivíduos,
operacionalizada mediante um inquérito epidemiológico, ou seja, pelo preenchimento de ficha de
investigação que reúne as informações sobre as condições relacionadas ao adoecimento do
indivíduo, com vistas a implementar o máximo de medidas necessárias para garantir a prevenção e
controle. Nessa ficha, o profissional de saúde relata a conduta adotada em relação ao indivíduo
acometido ou a seus comunicantes - em muitas localidades, é comum o auxiliar de enfermagem
também ajudar nesta investigação.
A investigação epidemiológica deve ocorrer sempre que for notificado um caso suspeito de
alguma doença. Significa que mesmo que o diagnóstico não esteja confirmado deve-se realizar a
investigação e executar as medidas de controle e prevenção da transmissão, recomendadas pelos
serviços de epidemiologia e padronizadas pelo nível central (Ministério da Saúde); a busca de casos
e visita domiciliar – quando os serviços locais de epidemiologia, ao receberem notificações de
doenças de clientes atendidos, procuram localizá-los por meio de aerograma, telefonema ou visita ao
domicílio para realizar a investigação epidemiológica; o apoio a procedimentos diagnósticos –
quando da definição de suspeita ou confirmação de uma doença, a coleta de material biológico,
realização de testes específicos e interpretação de seus resultados são procedimentos frequentemente
desenvolvidos pelo auxiliar de enfermagem.
Por sua vez, as medidas de precaução em relação à transmissão de doenças podem incluir:
 Vacinação de bloqueio - é a intensificação da administração de uma vacina, visando a impedir a
transmissão de uma doença de um indivíduo doente para aqueles que com ele convivem em espaço
restrito, como no trabalho, escola, creche ou quartéis. Essa medida é usualmente utilizada quando há
o acometimento por uma doença de transmissão fácil e contra a qual se dispõe de vacina, como a
coqueluche ou sarampo A febre amarela, por exemplo, teve vacinação de bloqueio para evitar que
novos casos atingissem outras regiões do país;

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 Intensificação de vacina - é uma estratégia utilizada para aumentar o número de pessoas


protegidas contra uma doença.
Para tanto, podem ser modificados os critérios normalmente utilizados para a aplicação da vacina,
aumentando-se o número de doses ou a faixa etária da população-alvo;
 Indicação de restrição de circulação - o objetivo não é isolar o cliente, mas sim garantir que
outras pessoas de seu convívio não corram os riscos de contrair a doença por ainda não estarem
protegidas;
 Quimioprofilaxia – algumas vezes, o uso de vacinas para prevenir a t ransmissão de
determinada doença não está disponível ou recomendado - casos em que são utilizados medicamentos
para diminuir o risco de transmissão. A adoção desta conduta é chamada quimioprofilaxia, geralmente
adotada para os comunicantes de casos suspeitos ou confirmados de meningite meningocócica ou
causada por hemófilos, tuberculose ou leptospirose, e ainda frente à exposição acidental envolvendo
objetos perfurocortantes potencialmente contaminados com material biológico.

XII - DOENÇAS INFECCIOSAS EMERGENTES E REEMERGENTES

"Doença emergente" é o surgimento ou a identificação de um novo problema de saúde ou um novo agente


infeccioso como, por exemplo, a febre hemorrágica pelo vírus Ebola, a AIDS, a hepatite C, a encefalite
espongiforme (doença da vaca louca) ou microorganismos que só atingiam animais e que agora afetam
também seres humanos como o vírus da Febre do Nilo Ocidental, o hantavírus e o vírus da influenza
aviária (A/H5N1). No caso da Influenza H5N1, desde os primeiros registros de infecção humana por este
vírus de aves, em 1997, a comunidade internacional está em alerta para o risco potencial de uma nova
Pandemia de Gripe em populações humanas (BRASIL, 2006 e 2008).

A elevada letalidade da infecção justifica o monitoramento da circulação do vírus e de seu impacto em


humanos, embora a maior parte dos casos relatados tenha decorrido de estreito contato entre aves e
pessoas, e não haja ainda condições moleculares para a transmissão eficiente deste vírus de pessoa a
pessoa.
Já as "doenças reemergentes" indicam mudança no comportamento epidemiológico de doenças já
conhecidas, que haviam sido controladas, mas que voltaram a representar ameaça à saúde humana.
Inclui-se aí a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Na
história recente do Brasil, por exemplo, registra-se o retorno da dengue e do cólera e a expansão da
leishmaniose visceral (BOULOS, 2001; BRASIL, 2008).

Segundo WALDMANN (1998) e LUNA (2002), as doenças infecciosas emergentes e reemergentes, de


uma maneira geral, estão associadas aos seguintes fatores:
 modelos de desenvolvimento econômico determinando alterações ambientais, migrações, processos
de urbanização sem adequada infraestrutura urbana, grande obras como hidrelétricas e rodovias;
 fatores ambientais como desmatamento, mudanças climáticas (aquecimento global), secas e
inundações;
 aumento do intercâmbio internacional, que assume o papel de "vetor cultural" na disseminação das
doenças infecciosas;
 incorporação de novas tecnologias médicas, com uso disseminado de procedimentos invasivos;
 ampliação do consumo de alimentos industrializados, especialmente os de origem animal;
 desestruturação/inadequação dos serviços de saúde e/ou desatualização das estratégias de controle de
doenças;
 aprimoramento das técnicas de diagnóstico, possibilitando diagnósticos etiológicos mais precisos;
 processo de evolução de microrganismos: mutações virais, emergência de bactérias resistentes.

Todos esses fatores podem favorecer o aparecimento de novas doenças e alteração no comportamento
epidemiológico de doenças antigas, tornando o quadro sanitário mais complexo do que a ideia de uma
transição epidemiológica, pensada como simples sucessão de fases decorrentes, fundamentalmente, do
processo de envelhecimento populacional e desenvolvimento científico, fazia supor (LUNA, 2002).

No Brasil, o modelo da transição epidemiológica nunca foi aplicável com perfeição. Em que pese uma
marcante diminuição do peso relativo das doenças infecciosas e parasitárias enquanto causa de
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morbimortalidade - principalmente secundário à redução das doenças imunopreveníveis e das diarreias -


persistem marcadas desigualdades regionais e sociais no país, e subpopulações nas quais os perfis de
mortalidade pouco se alteraram nas últimas décadas (LUNA, 1998). A tuberculose pulmonar, por
exemplo, que apresenta prevalência importante, já foi considerada reemergente. Entretanto, estudos
especializados apontam para uma doença que apenas permaneceu em nosso meio (RUFFINO-NETTO,
1997), sem declinar significantemente, e com incidência elevada especialmente após o advento da AIDS.

A AIDS, a dengue e as infecções por bactérias resistentes a antimicrobianos - responsáveis pela elevada
mortalidade por infecções hospitalares - são exemplos da modificação do comportamento das doenças
infecciosas no mundo moderno (WALDMANN, 1998). Se no passado as doenças infecciosas eram
majoritariamente associadas às más condições socioeconômicas, ao saneamento básico deficiente, às
condições precárias de higiene e ao baixo nível de instrução, agora, com o surgimento ou recrudescimento
de novas e velhas doenças, novos padrões de ocorrência também emergem, fruto da interação entre seus
agentes, do ambiente e da vulnerabilidade populacional.

1. Desafios Frente Às Doenças Emergentes E Reemergentes


Para o enfrentamento das doenças emergentes e reemergentes o fortalecimento da vigilância
epidemiológica, especialmente no que diz respeito à sua capacidade de detecção precoce, tem um papel
fundamental. Médicos, enfermeiros, médicos veterinários, e demais profissionais da assistência devem ser
capacitados para identificar casos suspeitos e auxiliar no processo de investigação e desencadeamento das
medidas de controle.
Epidemiologistas devem estar qualificados para realizar investigações de campo e monitorar o
comportamento das doenças em indivíduos e populações, além de disporem de um sistema de
informações ágil e que permita a tomada de decisão em tempo oportuno. É preciso fortalecer as atividades
de vigilância em saúde (ambiental e sanitária, principalmente) e saúde pública veterinária, pois a
emergência e reemergência de doenças infecciosas resultam da interação do homem com o ambiente.
Alguns fatores, tais como a fauna sinantrópica e as condições sanitárias dos alimentos e das populações
animais deveriam ser monitorados de forma rotineira e eficiente, de forma a prevenir, ou pelo menos
alertar precocemente a comunidade para o risco de emergência de doenças. Isto exigiria mecanismos
ágeis de comunicação entre os diferentes serviços envolvidos (BARATA, 1997; LUNA, 2002).
Para favorecer a capacitação técnica, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde já
estabeleceu parceria com o CDC americano, para a formação de epidemiologistas de campo, através do
Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EPI-SUS) (LUNA. 2002 ;
BRASIL, 2008).
A capacidade de diagnóstico laboratorial também deve, necessariamente, ser ampliada, através de uma
rede de laboratórios de Saúde Pública resolutiva, organizada de forma hierarquizada, dotada de
equipamento adequado, suprimento oportuno de insumos, profissionais capacitados e que garanta a
biossegurança. No Brasil, a rede constituída pelos laboratórios de Saúde Pública (LACENs) de cada
estado e os laboratórios federais deve incluir, também, os laboratórios universitários (não só de patologia
clínica, microbiologia, parasitologia, virologia e imunologia, como também de entomologia, zoologia,
ecologia, ornitologia, micologia e medicina veterinária), além dos laboratórios da rede privada que
demonstrarem interesse em participar. Esta rede ampliada, por sua vez, deve estar relacionada com as
redes internacionais, organizadas pela OPAS/OMS, das quais o Brasil já faz parte (LUNA, 2002).
Outro desafio que as doenças emergentes e reemergentes colocam para a Saúde Pública diz respeito às
normas de biossegurança. Há um risco de que agentes etiológicos novos e com alta letalidade possam vir
a ser utilizados como armas biológicas, além da possibilidade real do tráfego global de viroses, em poucas
horas, de um continente a outro, através das viagens aéreas (BARATA, 1997).
A questão da biossegurança deve contemplar o controle da importação de animais para experimentação,
principalmente primatas, que podem ser reservatórios ou fontes de agentes infecciosos novos. As
condições de transporte, acomodação e manutenção desses animais devem ser objeto de vigilância
sanitária. Do mesmo modo, o manejo clínico de casos suspeitos em hospitais necessita de normas de
biossegurança que protejam os profissionais de saúde e a clientela. O mesmo se aplica aos profissionais
de laboratórios responsáveis pela identificação dos agentes etiológicos (BARATA, 1997).
Uma estratégia fundamental para o enfrentamento das doenças emergentes e reemergentes é o
desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada na área, com envolvimento das universidades e dos

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institutos de pesquisa, especialmente em novas tecnologias de diagnóstico (incluindo técnicas de biologia


molecular), pesquisa epidemiológica, e desenvolvimento de fármacos e de vacinas.

XII - DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA - SP

Notificação compulsória é um registro que obriga e universaliza as notificações, visando o rápido


controle de eventos que requerem pronta intervenção. Para a construir o Sistema de Doenças de
Notificação Compulsória (SDNC), cria-se uma Lista de Doenças de Notificação Compulsória (LDNC),
cujas doenças são selecionadas através de determinados critérios como: magnitude, potencial de
disseminação, transcendência, vulnerabilidade, disponibilidade de medidas de controle,
compromisso internacional com programas de erradicação, etc. Devido as alterações no perfil
epidemiológico, a implementação de outras técnicas para o monitoramento de doenças, o
conhecimento de novas doenças ou a re-emergência de outras, tem a necessidade de constantes
revisões periódicas na LDNC no sentido de mantê-la atualizada.
 Botulismo
 Carbúnculo ou antraz
 Cólera
 Coqueluche
 Dengue
 Difteria
 Doença de Chagas (casos agudos) Doença de Creutzfeldt-Jacob
 Doença Meningocócica e outras Meningite Esquistossomose (em área não endêmica)
 Eventos Adversos Pós-Vacinação
 Febre amarela
 Febre maculosa
 Febre do Nilo Ocidental
 Febre tifóide
 Hanseníase
 Hantaviroses
 Hepatites virais
 Infeccção pelo vírus da imunodeficência humana (HIV) em gestantes e crianças expostas ao risco
de transmissão vertical
 Influenza Humana (Gripe) por novo subtipo (pandêmico)
 Leishmaniose Tegumentar Americana
 Leishmaniose Visceral (calazar) Leptospirose
 Malária
 Meningite por Haemophilus influenzae
 Peste Negra
 Poliomielite
 Paralisia Flácida Aguda
 Raiva Humana
 Rubéola
 Sarampo
 Sífilis Congênita
 Sífilis em gestante
 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids)
 Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda Síndrome Respiratória Aguda Grave
 Síndrome da Rubéola Congênita
 Tétano
 T ularemia
 Tuberculose
 Varíola

 Doenças e agravos de notificação imediata


 Caso suspeito ou confirmado de: Botulismo
 Carbúnculo ou Antraz
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ESCOLA POLITÉCNICA DE CUBATÃO –
ENFERMAGEM – MÓDULO II

 Cólera
 Febre amarela
 Febre do Nilo Ocidental
 Hantaviroses
 Influenza Humana (Gripe) por novo subtipo (pandêmico) Poliomielite
 Paralisia Flácida Aguda
 Raiva Humana/Sarampo, em indivíduo com história de viagem ao exterior nos últimos 30 (trinta)
dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior
 Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda
 Síndrome Respiratória Aguda Grave
 Caso confirmado de: Tétano Neonatal

 Surto ou agregação de casos ou de óbitos por:


 Agravos inusitados
 Difteria
 Doença de Chagas Aguda
 Doença Meningocócica
 Influenza Humana (Gripe)
 Epizootias e/ou morte de animais que podem preceder a ocorrência de doenças em humanos:
Epizootias em primatas não humanos
 Outras epizootias de importância epidemiológica
 Resultados laboratoriais de notificação imediata (Laboratórios de Saúde Pública dos Estados
(LACEN) e Laboratórios de Referência Nacional ou Regional) Resultado de amostra individual por:
 Botulismo
 Carbúnculo ou Antraz
 Cólera
 Febre Amarela
 Febre do Nilo Ocidental
 Hantaviroses
 Influenza Humana (Gripe) por novo subtipo (pandêmico) Peste
 Poliomielite
 Raiva Humana
 Sarampo
 Síndrome Respiratória Aguda Grave
 Varíola
 Tularemia

 Resultado de amostras procedentes de investigação de surtos: Agravos inusitados


 Doença de Chagas Aguda
 Difteria
 Doença Meningocócica
 Influenza Humana (Gripe)

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