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am de -Gatosio DT RETTO/UFRGS A BUSCA DO PLENO EMPREGO COMO PRINCIPIO DA ORDEM ECONOMICA: ENTRE O SER E 0 DEVER SER THE SEARCH FOR FULL EMPLOYM NT AS A PRINCIPLE OF THE ECONOMIC ORDER: BETWEEN THE BE AND THE OUGHT TO BE RESUMO: O preset trata investi o etd ata Yaa pln enpreo, rnc 6 oem ecndnca na Const Sedoal Ge "948, ca ma ehcinie Contes, nen _nvetapo, sr arctrsnes ore de eeononia ren Sone voccrda pare concen; Sande proredde tem om tenets pose, pans consort ‘i porous nina prsa Ge popu. Ema csctestcn [rapes sai de no empren ne ose dave 2 ueate oft spovetanenoesainnee PALAVRAS-CHAVE: Ondem ssonémice consttusional. Plana cempreso. Efetvidade Ricardo Alves de Lima” ABSTRACT: Te present work, “evetopment dlsepine, tn ‘earch pri 1958, and Gatcatad tothe concovmanon of ary later mom. 9a concoiration of capital inthe poseesone of @ thy portion of he population. This char hake us petit the cance of fil employment berween the be ad te oui 10 be je scope of Estate and res the current mei of fl fod der in Federal Constition of ‘considers gation Dralion economy ad is oF in land ownrship and 7 a KEYWORDS: Consstcional econamte ror Pal employment ‘fective ‘SUMARIO: introdugéo. 1A busca do plenoemprepo como principio da ordem econdmica 2A eftivade do principo do pleno emprego, Entre o sere deve ser 4 Concise fnais Refrsncias INTRODUCAO A Ordem Econémica constitucional, entre outros principios, elege o pleno emprego como uma de suas bases. Operando em conjunto com os demais, o prineipio da busca do pleno emprego revela uma preocupagdo com o maximo aproveitamento de recursos ¢ forgas produtivas. Informando as politieas pablicas, revelaria uma preocupagao com a valorizacao do trabalho humano através de um ataque a informalidade e de uma valorizagao do salario-minimo. Todavia, a vocacio capitalista 4 acumulacao privada parece permear as preocupacdes do legislador de modo mais decisivo do que o maximo aproveitamento dos recursos produtivos por meio de sua melhor distribuigao, Na verdade, parece haver uma preocupagaio maior em se manter a maioria da populagio afastada dos grandes debates das grandes decisdes, que ficam a cargo de uma parcela pequena, justamente a detentora das riquezas. ~ Doutor em Direito Politico e Econdmico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2019). Mestre em Coustitucionalismo ¢ Democracia pela Faculdade de Diteito do Sul de Minas (2012). Professor Titular da Faculdade de Direito do Sul de Minas FDSM. ORCID: ittps://oreid.org/0000-0002-5029-4057. 225 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Ora, esse quadto revelaria, talvez, um outro sentido para a ideia de pleno emprego, sobre a qual se estrutura a hipétese deste trabalho: uma populago plenamente empregada seria, talvez, aquela plenamente ocupada e desinteressada das decisdes do pais. Esse conceito, velado, seria mais itil para o interesse da acumulagao privada. Partindo dessa hipdtese, 0 trabalho se estrutura em trés capitulos e pretende, entio, sinalizar essa possivel distorgdo no sentido de pleno emprego. Para tanto, inicia-se com 0 conceito do pleno emprego na ordem econdmica, para depois demonstrar as distoredes presentes e, por fim, a tensio existente nesse conceito entre o ser e 0 dever ser. 1 A BUSCA DO PLENO EMPREGO COMO PRINCIPIO DA ORDEM ECONOMICA, A Constituigdo Federal de 1988 balizou a ordem econdmica através de uma série de principios'. Por essa técnica legislativa, caracterizada pela maior fluidez dos enunciados, envolve os aspectos mais relevantes que pretende regular, in verbis. ‘Art. 170. A ordem econémica, fundada na valorizagio do trabalho Inumano e na livre iniciativa, em por fim assegurar a todos existéncia digma, conforme os ditames da justiga social, observados os seauintes prineipios: 1. sobersnia nacional: IL- propriedade privade: TIL - fungi socal da propriedade: IV - livre concoméncia: V ~ defesa do consumidor; VI- defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento difereaciad conforme o impacto ambiental dos produtos e servigos © de seas processos de elaboragio © prestacao: VI redugdo das desigualdades regions esocias; ‘VIII - busca do pleno emprego: IX. tatamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituidas sob a les brasileiras que tenam sua sede e administracto no Pais. Paragrafo tinico. E assegurado a todos o livre exercicio de qualquer atividade economiea, independentemente de antorizago de raios piiblicas, salvo nos casos previstos em lei? ‘Hi houve varios debates sobre a natureza juridica dos principios, os constitucionais sobremaneira. As ligdes de Roseavald cristalizam 0 sentido atualmente admitide, “Os principios nio sio apenas a lei, mas © prSprio direito em toda sua exiensio e abrangéncia. Da positividade dos textos constitucionais aleangam a esfera deciséria dos arestos, constituindo uma jurisprudéncia de valores que domina o constirucionalismo contemporaneo, a ponto de findamentar uma nova hermeneutica nos tribunais.” ROSENVALD, Nelson. Dignidade inmana e boa-fé no Cédigo Civil, Ste Paulo: Saraiva, 2005. p. 45-46. 2 BRASIL. Constituic20 (1988). Constituicdo da Republica Federativa do Brasil. Brasilia, DF, Senado, 2011 ee oy Det Dee gn 2? 226 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Deve-se enfatizar que a ordem econémica fixa apoio em dois prineipais arrimos: a valorizacao do trabalho humano e a livre iniciativa, outrossim todos os principios elencados nos incisos deverdo ser interpretados de modo a dar cumprimento aquele objetivo de garantir a todos os individuos uma existéncia digna, conforme os preceitos da justia social. Hé a opeio pelo sistema capitalista’, sem resvalar, no entanto, para um liberalismo desregrado. Assi , 0 Estado brasileiro pode intervir na economia, direta ou indiretamente, mas somente para preservar a seguranga ¢ 0 interesse coletivo. O cariter intervencionista teve seu auge na constituigdo promulgada em 1934! e naquela outorgada por Getiilio Vargas em 1937. Além da forte inspiragao fascista desse governo, a Goutrina econémica da época® estava engajada na procura de solugdes para a crise que se enfrentava desde 1929. Até enti, os economistas trabalhavam com bases teéricas que supunham o pleno emprego, ou seja, inexisténcia de desemprego. Esse pressuposto tedrico se divorciava da realidade cada vez mais, de modo a demandar teorias que buscassem tal plenitude. Eric Hobsbawm® traz estatisticas que permitem compreender a tOnica do debate econdmico do periodo. O desemprego em massa passou a ser visto no so como risco econdmico, mas também politico, por vibrar seu golpe nas bases do capitalismo. Entre os anos de 1932 e 1933, 22% a 23% da forga de trabalho na Inglaterra, 27% nos Estados Unidos da América, 29% na Austria e 44% na Alemanha, nao tinham emprego, A partir de entio a questio da busea do pleno emprego passa a ser constante nas constituigdes, nos programas de governo e nas promessas politicas. Apés a Segunda Guerra sobremaneira, a manutengdo do pleno emprego passou a ser uma obrigaco do governo, mesmo que, para isso fossem necessarios empréstimos ou financiamento de obras publicas.’ Tal como identifica José Afonso da Silva, “a Constituig2o agasalha, basicamente, uma opedo capitalista, na medida em que assenta a ordem econémica na livre iniciativa ¢ nos principios da propriedade privada e da livre cconcomréncia (art. 170, caput e ines. Ie IV)” SILVA, José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo. 13 ed. S20 Paulo: Malheiros, 1997. p. 731 No Brasil, como alhures, essa nova postura diante do fato econdmico se fez sentir a partir da Constituigo de 1934, na qual foi inserido um titulo autonome —"Da Ordem Econdmica e Social” —. que veiculava um discurso intervencionista e inovador em todos os sentidos — tanto na estrutura como na propria esséneia —, que comecava ppor introduzir os principios da justica social e das necessidades da vida nacional, de modo a possibilitar a todos ‘uma existéncia digna.” MENDES, Gilmar Ferseisa, Curso de direito constitucional. 4 ed. Sto Paulo: Saraiva, 2008. p. 1406. S HUGON, Paul. Historia das doutrinas econdmicas. 14 ed. Sao Paulo: Atlas, 1980. p. 406-407. SHOBSBAWM, Eric. 4 Era dos Exiremos: O breve século XX (1914-1991)..2* Edigho. Sto Paulo: CLA das Letras, 1998. p. 97, 7 SANDRINI, Paulo. Novissino diciondrio de economia. Sao Paulo: Best Seller, 2002. p. 324. namo ee oy Det Dee gn 2? 227 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Houve, no entanto, uma ressignificag4o no sentido do pleno emprego. Isso se deve & 1946), com destaque para A Teoria geral do Emprego, do Juro e da Moeda®. Esse autor faz uma critica absorgfio de novas doutrinas econdmicas, sobretudo a de John Maynard Keynes (188 4 teoria da moeda, escrevendo nos anos seguintes 4 Crise de 29. Observa, assim, as agdes do New Deal. Com Keynes, as mudancas na economia vio ser compreendidas a partir de sua severa critica, ce 1926, aos pressupostos tedricos e metodolégicos dos neocléssicos e de sua defesa da expansio da anuagao do Estado na economia como meio de evitar 0 colaps0 das economias capitaistas* A busca do pleno emprego ampliou seu significado, abarcando o peno aproveitamento de todos os recursos produtivos. Ora, fica claro que esse conceito passa a transcender o simples sentido de emprego como trabalho. Na mesma esteira, 0 oitavo inciso do artigo 170 da Constituigdo Federal de 1988 determina o aproveitamento maximo tanto do capital como da mao-de-obra, meios de produgio, matéria-prima e teenologias, enfim, 0 desperdicio minimo de todos os insumos de produgio buscando, constantemente, a inovagio em tecnologia, a diligéncia no emprego dos capitais e a capacitagdo constante dos recursos humanos. Assim, o principio da busca do pleno emprego associa-se a outras balizas: 0 valor social do trabalho e o valor social da livre concorréncia, bem como a funcio social da propriedade e o direito social ao trabalho do artigo 6° ‘Expansio das oportunidades de emprego produtivo” e, corretamente, “pleno emprego” slo expressdes que conotam o ideal Keynesiano de emprego pleno de todos 0s recursos ¢ fatores da produgzo. O principio informa o contetido ative do principio da fimedo social da propriedade. A propriedade dotada de fiwngito social obsiga 0 proprietério ou o titular do poder de controle sabre ela ao exercicio desse dieito- fungio (pader-dever), até para que se esteja a realizar 0 plena emprego. © KEYNES, John Maynard. 4 teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Sto Paulo: Editora Nova Cultural 1996. BERCOVICI, Gilberto, Constiuicdo econdmiea e desenvolvimento. Sto Paulo: Malbeiros, 2005. p.45.No mesmo sentido, sobre as questdes do Keynesianismo versus Monetarismo of, MERENIUK, Ruy Orlando. Teoria da imprevisdo. Curitiba: Juraé, 2008. p. 93 et. se. *9GRAU, Eros Roberto. ordem econdinica na consttuigdo de 1968. 12* Edigto. Sto Paulo: Malheiros, 2007. p. 253. ee oy Det Dee gn 2? 228 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Assim, 0 que se observa é o alargamento do sentido da expresso pleno emprego, sobretudo com as mudangas das doutrinas econmicas, ¢ sua estreita relagiio com os outros principios e fundamentos da ordem econémica, formando um todo harménico. No entanto, deve ser analisada a questio do pleno emprego voltada especificamente aquele sentido de trabalho humano. Atualmente na sociedade brasileira ¢ grande 0 nimero daqueles que promovem sua subsisténcia, ¢ a de sua familia, por meio da renda obtida pelo trabalho. Dessa forma, justifica~ se considerar 0 significado do prineipio da busca do pleno emprego como a busca de uma condicdo de mereado em que todos que possam e queizam trabalhar encontrem trabalho remunerado'?. © Pleno Emprego, entendido como a condigao do mercado de trabalho na qual todo cidade disposto a trabalhar encontra ocupagao remmunerada segundo suas aspiragées, qualificagdes ¢ habilidades, € condigao indispensivel para construir uma sociedade efetivamente democritica, garantir o desenvolvimento nacional, exradicar a pobreza € a marginalizagao, © possibilitar aos que nao dispoe de renda da propriedade a realizacio individual segundo suas potencialidades. Nesse sentido, é a contrapartida social do direito individual de propriedade, e a prateco constitucional daqueles que hascem sem direito a heranga, mas com direitos de cidadania.!? Assim, ¢ ainda em pleno acordo com os principios da ordem econdmica, o trabalho & fator de mobilidade social impreseindivel, considerando que nfo hi no Brasil uma sociedade de castas ou estamental'?, Prefere-se, aqui, o termo trabalho a emprego. Ora, sabe-se que nem todo trabalho se dé sob a forma de emprego e que, além disso, os 6aus da formalidade levam grande parte da populagao a atividades econdmieas chamadas informais. As politicas piiblicas ainda engatinham nas tentativas de absorver a formalidade toda essa forga de trabalho. De qualquer forma, melhor se expressa a ideia, entdo, pelos termos da plena atividade, ou pleno trabalho, de modo a compatibilizar a protegao da propriedade privada as aspiragdes daqueles que nao tém propriedade', mas desejam uma vida digna independentemente da forma que se dé 0 seu vinculo com os titulares dos meios de produgao. 1 ASSIS, José Carlos de. Trabatho como direito: fundamentos para uma politica de pleno emprego no Brasil. Rio dd Janciro: Contrapont, 2002. p. 17. % ASSIS, José Carlos de. 4 quarta via: a promogio do pleno emprego como imperativo da cidadania ampliada. Sao Paulo: Textonovo, 2000. p. 12: ® Em referéncia és sociedades em que nao ha mobilidade social + "Numa primeira acepeto, cousiderar-se-4 que a “funedo social da propriedade” consiste em que esta deve ‘cumprir um destino economicamente ti, produtivo, de maneira a satistazer as nevessidades sociais preenchiveis, namo ee oy Det Dee gn 2? 229 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Superada essa questo, cumpre analisar se esses objetivos do pleno emprego foram, de fato, atingidos. Surge dessa diivida a disparidade entre 0 ser e 0 dever ser. E 0 que se pretende analisar adiante. 2. A EFETIVIDADE DO PRINCIPIO DO PLENO EMPREGO O pleno emprego, em seu sentido atual, abrange a melhor mobilizagao das capacidades produtivas do trabalho, mas também da terra e do capital. Analisando esse principio sob o ponto de vista da efetividade, surgem problemas priticos importantes, sobretudo porque “nfo se pode considerar 0 diteito a0 trabalho como uma obrigagao dirigida a0 Estado para atender imediatamente a todos quantos solicitem emprego (piiblico ou privado)'™. Percebe-se, entio, um cariter programético do principio em apreco, ou, nos dizeres de Américo Luiz Martins da Silva"S, uma vocagao diretiva da economia, Contudo, o problema da efetividade enfrenta, ainda, outros obsticulos priticos, como a concentrago patrimonial ede 23() rendas tipicas da sociedade brasileira, Ora, a acumulagao privada'” compromete severamente a efetividade do pleno emprego. ‘Mas nito s6 isso. A acumulagio privada, como um dos efeitos colaterais do capitalismo, marca toda a estrutura do estado e suas expresses normativas. ‘A legalidade, assim, como forma de organizago independente do voluntarismo da sociedade civil, residira no Estado, cujo objetivo precipue esté, na associagao com a sploragio burguesa, em garantir privilégios e interesses. Assim, percebe-se um desenvolvimento importante de fangdes judiciérias responsiveis pela jurisdi¢ao dos pela espécie tipol6gica do bem (ou pelo menos nao poderd ser utilizada de modo a contraditar estes interesses), ‘cumprindo, dessarte, as completas, sua vocacio natural, de molde a canalizar as potencialidades residentes no bem em proveito da coletividade (ou, pelo menos, no podera ser utilizada de modo a adversi-las). Em: tal concepgio do que seria a funcao social da propriedade, exalta-se a exigéncia de que 0 bem seja posto em aptidio para produzir sua utilidade especifica, ou, quando menos, que set uso nfo se faca em desacordo coma utilidade social”. MELLO, Celso Anténio Bandeira. Novos aspectos da fingio social da propriedade no direito piiblico. In: CLEVE. Clemerson Merlin; BARROSO, Luiz Roberto (Org.). Direlto constitucional: constituigdo financeira, econdmica e social. S30 Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 938. '® TAVARES, André Ramos. Direito constitucional econémico. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 206, ® SILVA, Américo Luis Martins da. 4 ordem constitucional economica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1996. p. 80. *7 "4 metade mais pobre da populagao continua sem posses, mas hoje existe uma classe média patrimonial que ddetém entre um quarto e um tergo da riqueza, e 0s 10% mais ricos ndo possuem mais do que dois tercos, em vez dos nove décimos de antigamente”. PIKETTI, Thomas. O capital no século XX7. Rio de Janeiro: Intrinseca, 2014. 368, ee oy Det Dee gn 2? wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS interesses estatais, em atividades de grande marca na col6nia, como no caso da tributagio.!* Nesse sentido percebe-se que as politicas publicas deveriam prezar pela redugao das diferengas salatiais, 0 que demonstraria uma valorizagio da ideia de salirio-minimo. Esse reforgo ao salério-minimo combinado com um esforgo de formalizagao das atividades é, sem diivida, uma maneiza eficaz de ataque da miséria e da pobreza. ‘Nao seria esse um caminho de dar pleno emprego a essas forgas produtivas? Trata-se de pergunta retérica, de resposta dbvia, No entanto, o problema da efetividade é ainda mais grave, na medida em que a marea de desigualdade se aprofunda no caso brasileiro e, em contrapartida, e numa relago de causa e efeito, a acumulagio privada se consolida e fortalece. Na verdade, no se trata de um movimento isolado no tempo, mas uma constante na historia brasileira, inclusive com uma atuagao de condugdo dos destinos do pais. As “revolugdes” desencadeadas em toda a América davam, para a burguesia agréria do Brasil, um largo quadro dos “perigos” que poderiam advir de um processo comocionado em que © controle piiblico temava-se muito duvidoso. Além disso, ficava claro para a “aristocrética” burguesia brasileira @ enorme possibilidade do fracionamento do territdrio nacional caso se desencadeasse, no Brasil, algo semelhante as lutas intestinais que desintegraram a Hispano-América. Toda a condueto politica da lita contra Portugal sempre foi realizada, entdo, na perspectiva dessa burguesia, cautelosa e ciente da necessidade de ter as rédeas do processo etn suas maos, 1a medida em que o elemento fundamental era a preservacdo da estrutura econémica colonial do pais ede suas relacdes sociais. Assim, alheia Js reformas e as decisdes, com sua pervepfo obnubilada pelo analfabetismo e ignorincia, a massa da populagao brasileira se manteve décil2 e passiva 4s “8 MASCARO, Alyson Leandro. Critica da legalidade e do direito Brasileiro. Sao Paulo: Quartier Latin, 2008, p87. "8 MAZZEO, Antonio Carlos, Estado e burguesia no Brasil: origens da autocracia brasileira. 3. ed. So Paulo: Boitempo, 2015. p. 109. 20 FOULCAUT, Michel. Vigiar e Pumir, Petrépolis: Vozes, 1987. p. 117. E interessante a utilizagao das criticas de Foucault nesse sentide. Observa-se, de fato, que as instituigées disciplinares se mostram capilarizadas na sociedade, realizando suas funedes, chamadas de fungdes de sequestro, Visando sempre A vigiléincia, controle © ‘cortegio (FOUCAULT, Michel. 4 verdade e as formas juridicas. Rio de Janeiro: Nau, 1996. p. 103). A primeira ddelas visa a ajustar o tempo da vida dos individuios ao tempo da produco, é a aquisicio do tempo do trabalhador. ‘Ora, seja com 0 trabalho, seja com o lazer, os individuos devem estar ocupados na totalidade do seu tempo. Esta €.a fungdo que sobressai em interesse a esta investigagio relacionada ao pleno emprego como principio da ordem econdmica. Em conjunto, as fungdes de sequestro pretendem proteger a nova forma de aciinmulo de riqueza no final do século XVIII inicio do século XIX. Se anteriormente a riqueza estava na propriedade de grandes extensdes, de terras, encontrava-se depois no actumulo de novos capitais ~ nto necessariamente monetirios — quais sejam: iercadorias, estoques, matérias, insumos, méquinas, enfim, 05 meios de produedo. Essa nova riqueza, direta & ee oy Det Dee gn 2? 231 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS mudangas. E ilustrativa da marginalizagao politica a imagem de um povo que assistiu bestializado”! a Proclamagio da Repablica Assim, em retomo a hipotese que emula esta investigagio, o capitalismo, para que funcione tanto no aspecto da seguranga das fortunes, como no impulso constante a uma engrenagem de produgdo e consumo, toma imprescindivel que os individuos estejam, como um rebanho domesticado, déceis a0 manejo: ocupados seja na produgio, seja no consumo, ¢ operantes dos sistemas de produgao, sem insurreigdes contra a acunmulagao das riquezas. A hipétese &, como tal, indutora de um problema. E, nesse sentido, o problema da efetividade se aprofunda para a diferenga entre teoria e pravis, ou seja, a diferenca entre 0 ser © 0 dever ser. 3 ENTRE O SER E O DEVER SER No encontro das duas linhas de investigagdo que se desenvolveram neste trabalho, pretende-se relacionar a busca do pleno emprego, como principio da ordem econémica, buscando os sentidos que revela entre o que realmente deveria ser, € 0 que é, na pritica. Ou seja, a ideia de pleno emprego serve para a anilise de um problema filos6fico e juridico dos mais importantes: a dicotomia entre teoria e préivis™. Primeiramente, como ja mencionado, o prineipio do pleno emprego é compreendido pela doutrina como portador de caréter meramente programético e diretivo da Economia, Por isso ndo enuncia nenhum direito imediatamente exigivel ao Estado. Assim, programaticamente, © pleno emprego residiria num campo de dever ser, traduzindo uma ideia de objetivo, de meta, de ponto a se atingir Contudo, a ideia de dever ser se constréi filosoficamente em oposigdo aquilo que é ow seja, em oposigao ao ser. Esse problema filoséfico é bem explicitado por Téreio Sampaio Ferraz necessariamente exposta dquela parcela despossuida da populagio, demandava novas tecnologias de pod: sua preservacao. 2 CARVALHO, José Murilo. Os bestializados. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1999. FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Fined social da dogméticajuridica.2. ed. Sie Paulo: Atlas, 2015. p. 13- 14 r para ee oy Det Dee gn 2? 232 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Junior com a ilustragao do conhecido Mito da Caverna’®. E, a partir dessa elucidagao didatica, indica a retomada do problema pela filosofia neokantiana: Coloca-se aqui, a nosso ver, 0 problema da relagdo entre a teoria © a praxis. O problema da pravis politica ¢ uma questo de agir. Por sua vez, Plato nos fala do fil6sofo como alguém que sai da caverna para contemplar. Platao percebe, entdo, a dificuldade de traduzir a verdade que & vista, que é contemplada, em norma, que & ‘medida e padréo da ago. Tal dicotomia, als, seré colocada muito mais tarde, em outro contexio, pelos neokantianos, como uma oposigao entre ser e dever ser. O dilema, que acompanhara a filosofia e a ciéneia até hoje, é o da relacdo dicotémica entre a teoria e a pravis, Assim, nessa fommulagao, a verdade é vista. Mas, no nivel da cdo, ela se toma mero padrio e, portanto, uma questo de correrio, ou seja, de adequagio a uma medida. Nessa retomada do tema pela filosofia neokantiana se destaca a obra de Hans Kelsen. Por certo, a referéneia a obra do jurista austriaco tem foco central em sua Teoria Pura do Direito”®. Trata-se da tentativa de estruturagio de uma teoria geral do direito que visa a eliminar a interferéncia de fatores nao juridicos, por isso se fala em “uma manifesta pretensio de reduzir todos os fenémenos juridicos a uma dimensio exclusiva e propria, capaz de ordend-los coerentemente, Essa dimensio seria a normativa’”*, Contudo, o normativismo tem o individuo como destinatario da norma, nfo o Estado”. Por isso a tensio © contradieo constante entre teoria e préxis ganha ainda mais relevancia quando se observam normas que, assim como o prineipio do pleno emprego insculpido na Ordem Econémica, tém cariter programatico, abemos que, conferme a descrigde do filésofo, os homens se encontram acerrentades na caverna, de tal modo ‘que Sho capazes apenas de ver 0 fundo: a parede onde se projetam as sombras, Aquele que consegue romper com, essas cadeias se encaminha para a abertura da caverna, sendo, entdo, capaz de ver as verdadeiras formas e, numa ‘iltima etapa, de ver a propria luz que tudo ilumina, Sucede, porém, que o filosofo, este ente privilegindo, ao voltar ‘a caverna, nio vé mais aquilo que 05 outros ainda veem. E estes, por sua vez, no vem nem as formas nem luz ‘que as ilumina”. FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Funcdo Social da Dogmética Juridica. 2. ed. So Paulo: ‘Atlas, 2015. p. 13, % FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Fungdo social da dogmitica juridica. 2. ed. Sao Paulo: Atlas, 2015. p. 13- 14 > KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 5. ed. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. 28 JUNIOR, Tércio Sampaio, Fungdo social da dogmtica juridiea. 2. ed. Sto Paulo: Atlas, 2015. p. 75. 2 MELO, Osvaldo Ferreira de. Fundamentos da politica juridica, Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor 1994. p.95, ee oy Det Dee gn 2? 233 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS O pretendido “direcionamento do processo econémico”* tem atestado 0 seu fracasso conforme se mantém ou aumentam as desigualdades sociais e, notadamente, o desemprego. Ha, portanto uma ineongruéneia historica na estruturagao da economia brasileira. De fato, a grande contradigdo que serve de objeto para esta investigagao tem suas raizes bem fincadas na historia do Brasil. O desenvolvimento econdmico do pais se deu em fungio de demandas de mercado extemo, buscando sistemas de produgio aptos exclusivamente a essa finalidade, simplesmente ignorando a criagdo de um mercado intemo. Essa conclusio sedimentada entre os autores mais respeitiveis, destacando-se, no entanto, os trabalhos de Caio Prado Tinior®® e Celso Furtado. Na verdade, a questio do desenvolvimento econémico ganha maior importincia com a grande ruptura do poder das oligarquias, no inicio da déeada de 1930. Naquele cendrio, sentiam-se as consequéncias devastadoras da crise de 1929 ¢ a percepgao de que a economia brasileira ainda permanecia voltada para o mercado externo — ou seja, ainda permanecia direcionada pelos mesmos vetores que a orientavam desde os tempos de col6nia — foi o ponto de partida para a obra de Caio Prado, Celso Furtado, em momento posterior, dé mais nitidez aos problemas: Se partirmos do principio de que as exportagdes so um dos focos dinimicos da economia, deveremos indagar, inicialmente, que possibilidades existem de tirar 0 maximo proveito do crescimento do comércia intemacional. Em uma economia coma a do Brasil, com base de recursos tio variada, 0 primeizo elemento de qualquer programa deveria ser um plano de aproveitamento miximo de sua capacidade de exportagao. Contudo, ¢ sabido que o comércio intemacional, particulammente 0 de matérias-primas, encontra séries abstéculos @ firme e ampla expansto. Se o Brasil procisasse depender de exportagdes sempre crescentes para se deseavolver, suas perspectivas 10 seriam muito brilhantes.* Percebe-se que a sinalizagao do autor & clara: a necessidade de consolidagao de um mercado interno no Brasil. Esse dever ser para 0 mercado intemo corresponderia justamente & tilha daquele caminho sinalizado pela CEPAL — Comissio Econdmica para a América Latina. 3 KALLAS FILHO, Elias. 4 Consttuigdo Econémica de 1988: fundaments, fngdes e emuciado-sintese. In Constitucionalismo ¢ Democracia. Coordeuadores: Eduardo Heurigue Lopes Figueiredo, Gustave Ferraz de Campos Monaco e José Luiz Quadros de Magalhies, Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p.134, ® PRADO JUNIOR, Caio. Hist6ria econcimica do Brasil. 43. ed, Sao Paulo: Brasiliense, 2012. 2 FURTADO, Celso. Farmacdo econémicaa do Brasil. 34. e6. S30 Paulo: Companhia das Letras, 2007. ® FURTADO, Celso. Conferénclas (1957). In: © Brasil de Jot0 Goulart: ua projeto de naglo. Org.: Oswaldo Monteal, Jacqueline Ventapane, Adriano de Freixo, Rio de Janeiro: PUC-Rio: Contrapoato, 2006. p. 66 namo ee oy Det Dee gn 2? 234 wees do Programs de Ps Gratusio DT RETTO/UFRGS Nesse sentido, a economia brasileira poderia se consolidar a partir de seus préprios impulsos, abandonando a sua integraclo caracterizada pela subordinagdo as demandas externas. No entanto, essa busca nao correspondeu as aspiragdes da concentragio de riquezas. Ora, dar total aproveitamento as capacidades produtivas internas, consolidando um mercado interno, faria com que a base econémica primirio-exportadora, sobre a qual a oligarquia brasileira firmara o arrimo de sua riqueza, ruisse ou, sendo, enfraquecesse E nesse cenério que se percebe que o golpe de 1964 tinha um forte apelo econémico, A vitoria politica alcangada pelo grande capital internacional nacional, através do golpe de Estado de 1964, permitiu a repressdo neutralizaao das forgas opostas ao Sen programa econémico. Dessa forma, pode impor-se sem maiores restrgdes umn ‘modelo” puro de desenvolvimento ecoudmico captalista dependente.E importante assinalar a relagdo direta entre 0 politico ¢ o econdmico.? Entrelagados os aspectos politico e econdmico, percebe-se que a forca politica dos que pretendiam a manutengao da acunmulagio prevaleceu. Afastada a tio temida ameaga da reforma agriria, sobreviveu a propriedade latifundiiria que, inevitavelmente, influenciou numa parasitéria especulagao imobilidria, também no meio urbano. Ora, se a praxis da politica econémica brasileira se desenrola em tantas contradigdes, também a ideia de pleno emprego se estrutura de forma contraditéria e esvaziada em prevaléncia a um modelo de integrag3o subordinada que deixa a margem capacidades produtivas internas, 4. CONCLUSOES FINAIS presente trabalho buscou tragar um conceito de pleno emprego, como principio da ordem econdmica, buscando o seu sentido atual, No entanto, através de uma abordagem critica, demonstrou-se que o referido conceito se distorce na medida em que Ihe falta efetividade, Assim, quase como um conceito retérieo, a busca do pleno emprego se esvazia. O melhor aproveitamento de todos os recursos e forgas produtivas passaria, necessariamente, pela consolidagio de um mercado interno, Essa referida consolidagdo serviria para romper uma SANTOS, Theoténio dos. O modelo econdmico da ditaciura militar. In: O Brasil de Joo Goulart: um projeto de naglo, Org: Oswaldo Munteal, Jacqueline Ventapane, Adriano de Freixo. Rio de Taneiro: PUC-Rio: Contraponto, 2006. p. 180. ee oy Det Dee gn 2? 235 Gadermos do Programa de Pos-Graduaso TTR ET TO/UF légica econdmica que faz com que a economia brasileira esteja voltada para as demandas estrangeiras. Essa dirego se faz perceber desde os tempos da Coldnia e de todos os ciclos econdmicos que atravessaram diferentes periodos politicos. Todavia, a ligica de acumulagao prevaleceu, na medida em que esse poder econdmico se converteu em poder de influenciar, politicamente, os destinos do pais. A politica econémica implementada pelo Regime Militar, nesse sentido, manteve o latifiindio e, consequentemente, a logica de acumulagao. Pereebe-se, assim, que hi uma profunda distingdo entre o que a busca do pleno emprego deveria ser e aquilo que efetivamente é na atualidade. Conforme esse principio passa a servir légica de acumulagio nota-se um novo sentido: a populagao plenamente empregada é justamente aquela plenamente alienada, totalmente apartada da decisao politica. REFERENCIAS ASSIS, Jodo Carlos de. 4 quarta via: a promogao do pleno emprego como imperativo da 236 cidadania ampliada, Sao Paulo: Textonovo, 2000, ASSIS, Joo Carlos de. Trabalho como direito: findamentos para uma politica de pleno emprego no Brasil. Rio de Janeiro: Contraponto, 2002, BERCOVICI, Gilberto. Constituigéio econdmica e desenvolvimento. S40 Paulo: Malheiros, 2005, BRASIL. Constituigdo (1988). Constituigao da Repiblica Federativa do Brasil. Brasilia, DF, Senado, 2011 CARVALHO, José Murilo. 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