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REDC PATRIMONIO BMe&A Biblioteca - Ry EDITORA, PADMA 5. CONSIDERAGOES FINA ‘A fungao social da propriedade & uma garantia que foi conquistada aos poucos pela sociedade braseia, 8 concepsio hodiema de fungéo social como elemento estrutural do Naesferapatrimonias, autonomia vada nunca um valorem si las sera proteaida ‘nquanta corresponder a um interesse digo de tutela pelo ardenamento,? Ne atividade "neqocal a5 normascradas pelos particulares para rege suas relacbes dependem do amparo "io dito para sua coerciiidade, e este amparo s6 o¢aer’ nas condicdes lites em wtude dos quais este poder € concedido. Assim, enquanto no modelo liberal classico ‘alauer intervencao era entendida como obstaculo ou restigao 4 autonomia privada, hoje w reconhece que, em sociedades desiguais, @ a atuacao do pader publco que gerante a letivalberdade da pessoa humana. & na expresso dessas condlicbes para 2 tuelajuricica \s ativdade neqocal, na concretizacao dos requbitos para o poder narmatizader do part: (lar, que se deve encontrar o lécus de atuacao da causa do contrato, 2. ALONGA E CONTROVERSA TRAI-FORIA DA CAUSA DO CONTRATO Em doutrina a se disse que o conceto de causa @ “vago e misteriaso", um “feito fatal”, exuberante Fonte de equivocos, que ainda no consegue assur contornos nitidos, 1 Pita Peringen. Macuate ditch, 5. 2 Napot ES, 2005, p 368, Mana Celina Botn de Moraes, Consttkao ecto cin: tendéncas No media da pessoa Mans ode Jane Renovar, 2010.47 "Peto Peingies. Pert do cito ci Ro de ne: Renova, 1997, 0279 no obstante os arqutetos e a qualidade dos materias Entre asjustificativas para tamanha confusdo, se explica que “poucos resstzam 3 tentaglo de exprimir uma nogdo proaria de causa, © que induzis 2 formulagao de muitas teavias, sutlmente nebulosas, nas quas a explicacao (do significado da causa se entrelagava com a eficdcia (do requisito da causa)"."" [Afirmou-se ainda que a escolha entre as teorias parece uma questao mais de gosto do que de loca, porque todos 0s autores forneceram solugbes confiaves, de um lado, mas de outro lado contibuiram, ainda que inwoluntartamente, a iar uma zona de sombra, um halo imprecso e nebuloso que tornou cada vez mais dill uma reconsteugso.!? Trata-se de uma das nocdes mais incertas do direita civ, mas que traz uma das bibiograias mais mnportantes." Assim, um cenavio que faz cam que ‘a causa suscte 30 ‘mesmo tempo veneracdo e desconcerto: venetacio, coma todos os nstitutos que tom uma pistera ta0 controversa; desconcerto pela impossibilidade de reduzio a uma unica signif «cacao compreensivel, pela dificldade de indviduar denominadores de signficados, pela ambiguidade dos usos propostos pela dautrina ejursprudéncia "0 principio da controvérsia costume ser atribuido & concepcao francesa de causa, reputada “subjetva 211 CONCHYGAO SUBIETIVA. A CAUSA COMO HIM DE CADA CONTRATANTH Embora exstam referéncias & causa em momentos anteriores, foi a partir do deta francés moderno que a causa encontrou a primeira positvacdo que the daria difusdo no resto {do mundo juriico,prevista como uma das condicées essencias&validade de uma comvencdo no Codigo Civil francés de 1804. A sua origem costuma ser atribuida 8 sstematizago feta or Damat em suas Les Cis, que vila ater grande influéncia Sobre os jurstas franceses 1 Contoime ndcado po Giovann Battista fers, Causa # tonal tora de negoctagiitco. Mare Clute, 1968, p67, com hae em Ferrara, Ronfante, Puglia Giorginn 11 Nicola Coxba. Autonoma erate e causa fnanzanento Nilane: Gute, 1990, p. 42 1 Gowan Battista Ferm Casa e po nls eoria de negaio gui, Mano. Giulke, 1968, p 6 1 caesar @ Ieandve Aubert. Droit al —~ Les obligations. — Uacte jue, 5. ed. Pars rumand Coin, 1993, 9.199 1 Guido Alps Uncament ditto contratuale Dito poate commparato, Wit robe Roma Lateraa, 2002, 9.192 ‘usequentes, em especial sobre Pothier, que adotou expressamente as reflexbes do primeira vbve a exstancla de causa e a falsa causa." A fragiidade desta concep foi determinant thn rar a resistencia que até hoje persste no ordenamento brasil quanto ao instituto ha causa, Nesta perspectiva, a causa era lida como a causa da abrigacao, ¢ nao do contato. 0s saalstas separavam cada obvigacdo nascida do contrta, destacando-a do conunto da "neraga0 contratual, © buscavam araz80 de ser de cada abrigagao, aque terialevad> aquele "ntratante ase obrigar. "Por vincuar-se Squilo que move cada um dos sujeitos cantatantes ‘enaradamente, de forma incvidualizads, a causa francesa foi comumente indicada por ‘omparatstas como subjetva, de modo a desemperinar um pape! de protecae de um ‘ontratante contra a outro.” Emm primeira momento, 2 causa subjetivatinha crater abstato — simplicadamente. 'eferda como a consideracao de uma contvaprestacao —, pols apesar de traduair acto que ‘moweu cada sujeto a assumir sua obrigagao, seria sempre a mesma em uma mesma ctegoria vl contratos."™ Assim, nos contratos sinalagmaticos a abrigacao de cada contratarte tha or causa a obrigagao assumida pelo outro contratante, nos contratas unatraisreaia causa 12 obsigacso seria a previa entiega da cols € nas contratos gratuitos & causa seria a intencdo Ue liberalidade, o animus donand, a vontede mesma de fazer um sacifio sem receber ‘antrapartd."* 1 Aoesar das constatages de que estes autres a estariam lange de apesttar ume verdad atenatizaco clara e completa do noo de ais, ees permanecem send apontados como marco loutnae do det iniermeriaia que evo a consagragae da asa na legac francesa cf cues ‘hes. Cause le Fengagerent eva ar contrat. Pai: G0), 2006, 1921 1 Henvet ton azeoud, ean Mazeau eFrangoischabas Laconsd doit cv 1. Obigatons teoriegenéal, 9 Park: Montchestien, 1998p, 265 17 Jacques Hour e ean-iue Aube. Ort ci mand Colin, 1993, p. 206 es obligates: 1 — Lace junc, 5. Pars "Hemet Lbon Mazeaud, Jean Mazeauce Frances habs. econsdeakoircv,vl 1, blgations "sre genétle, 9 ed Pans Montemesen, 1998, p. 265, 1 ale obser que na abordagem original de Dat aceus ns aos atts seria “quale moWwO. "sz08tl #0, came um sero prestad ov qualquer tro muito do donatéro oo simples pager fe Fane © bem", somente com certs “parficcio® px sate de Rather a cata nas aos rahi f aqui a Fag abstratae objet de itencao lea, ct. Amnaud Cermalace. Cause eter ition dt onto. Preses Uworsates Ane Mareile—~ PLA M, 2001, . 26. sta versao orginal sofreu numerosas crtcas, quant @ falta de unidade na abordagem do institute, que toma “por um lado, um efeto do contrato e, por autto, a causa efiiente do seu surgi"; quanto &excessva complexiicagao dos requisitos do negocio, 30 adisonar uum “quarto lado do tringulo"; e, pincipalmente, por ser “eriagao artiticisa e nati”? Por isso, Clovis Bewlaqua, a0 elaboraro seu anteprojeto de Codigo Civil, desprezou a causa regutandora fruto de uma interpretac3o equivocada dos principios do diteto romano, “ver dadiro qui pro quo tiloXgica”,e concluindo que “a nocao de causa ¢ perfetamente nat pata ateorla dos ats jutiicos” No seu ordenamento de crigem, o impacto dos adversaros da causa abstrata conduziu ‘a um sequndo momento da causa subjtiva, de maior flexbiidade na defnicaoe ainda maior “subjetivacao" da causa, no tocante a integrarnelavaz0es pessoais que estariam na origem 10 ato de vontade.™ Em contrapesicao ao madelo classico, no qualos elementos subjetivos| ‘ao perturbom a causa em nome da protegio &estabilidade dos contratose aa principio da ‘autonomia da vontade em seatida estito, na modelo maderno a causa subjetva deixa de desempenhar um papel de protecdo excusivamente individual e passa a desempenhar um papel de protecao social”? Partindo do pressuposto de que toda pessoa que se obrga tem urn fam, Hen Capstant ofereceu a defnicéo que ficou conhecida entre nos como a concepgao moderna da doutrina Francesa a causa sera o fm persequido pelos contratantes. "Este fim (bun seintegra dentro {do campo contratual, dstinguinda-se do motivo determinante, dos conceitos de movel eto ‘ou imediato (cause proxima) e de motivos secundavios ou distantes (causa remota}. Asst, 20 Vasco Tabor Fea. Do conceit de caves dor actos orcas. oo, 1946, p. 90. 2 Giorgia Gory, Teoria dle cbbligaion ne critto moderna faa, vo, 4,6, 9. 548.655. apd uo Barbosa de Camas Fiho,O proba ca cauano Cage Gi braieva, Si Paulo Maxtinonad, 1978, 9.47 e5s. {2 Pani, Tate elomentaire de ori cit 5. 1037 a 1039, spud Paulo Barbosa de Campos Fn. © pratima da causa no Congo Ciel basleo, S90 Pac: Max imonsd, 1978, p13 ess 2 Clow Bernagun, Congo Cr ds Estados Unidos ae Bras, comantad por Cvs Bevo, v0) Rio de laneito- Fd. Ro, 9 338-340, 2 Jacques Flour & Jear-Loc Auer. Dro civ! — Les obligations 1 — Lace juridique, 5. ed Faris oman Con, 1993, pp. 207-208, 25 Anne Sophie Lucas PUG, Esa Sul tian Sabjt du coma. Pars GD, 2005, p18 26 Henn Capitan, Oe lo cause des abligations, 3. ed Pans: Dallor, 1927, aud Jacques Ghestin, Cause de Fengagement et vai i cont, Pts LG D1, 2006, pp 55-56 eum lado, a nogao perde a objetivdade que inha nos cantatessinalagmaticos, na medida ‘1 que passa a ser a expectaiva de execucao da prestacae a ser efetivada pela octa parte, ‘de outa iado, nos contratos gratuites, no seria mais @ animus donandabstratc, mas sim "fim —necessariamente conhecido pelo donatario — que é persequide pelo doador. Neste ‘dele, a causa nao chega.a tornar-se puramente subjetiva, ela mantém um carater objetivo, +10 Se refer 8 integracao do elemento motivacional na campo contratual Mas ¢ neuiavel a ‘onstatacao de que embora tempere a concep tradicional — ainda que de formaambigua 4 formulacdo de Capitant ainda se ressente da influénca da paradigms indvituaista e voluntarista?” [sta ambiguidade chegou 8 jursprudéncia no aztét Pimamod, juigado pela Corte de Cassacio em 1989.7" No caso, 0 st. Pramod vendeu para a sfa. Guichard material de ‘cults e, dante da falta de pagamento do preco, tentou executar a contato rajustica, nas seu pedo fi negade por considerar-se que o contratotinha uma causailcta A Corte ‘de Cassacdo retou © recurso intexposto pelo Sr. Pmamad,afirmando que “se acausa da jbrigacto do comprador reside na transferéncia da propriedade © na enttega da coisa vendida, por outro lado 3 causa do contrato de venda consiste no seu mével determinant, isto @ aquele sem o qual o comprador ndo teria contratado”. A partir desta lstincao, \destacou que no caso a causa impulsive e determinante do Contato era permitiroexerccio do ofcio de adnanhar epredizer —canhecid por amnbas as partes diante de sua proxinidade —e que tal atvdade constitu conteavencdo prevstae punida pelo Cadigo Penal, evelando, portanto, ocarater ict, A mesma ambigtidade —e a nseguranca que ea produz — se manifesta no arét Cab Video, ulgada pela Corte de Cassacao em 1996 Tratava-se da anulacdo por defeito de 27 ath Matis-Costa,& teoia da causa em perspectia cmparativea: a causa no sistema ances € 0 sistema cil bras. Aju, v.16, 45, Porto Alege, mar, 1989, p. 227, 28 Cass iv ln 85-11483, jug. 12.07.1989, pub. Balti Casati 293, 1, 1989, 9.19: Vente — Acheteur — Obigations — Cause — Dstnction ave a caused contrat So cause de Fbigation si acreter este bien danse ronsfert oe propoete ets ivan vel chose vende, enreache ‘a cause du contrat devant conse dans le mobile determinant, est. ellen absence dug acquereur re se seat pos engage. Contras et ablgavians — Cause — Distineton avec les mots — Vente 29 Cas. Cie 1, n 9414800, jlg, 03.07.1996, publ. Bult On, 286, 1996, p. 200: “Cntat bligavons — Cause ~ Absence — Detour de contepate elle, Sagisant dun cantat de kcation de «cassettes deo gourPexpfaitation d'un commerce a cour appl dike 4 bon ct que le coata tat «causa do conttato de criagso de uma videotocadora (“point ub vidéo") que fora celebrado entre a sociedade DPM @ 0 senhor e a senhora ¥, sob © argumento de que, s¢ 6 move! terminate do vincul eraadifusdo de certs ftas de vdeo junto a sa clientele, ele estava adado 20 fracasso em uma comunidade de apenas 1314 habitantes. & Corte de Cassagao atirmou que em um contrato sinalagmatica a causa da abrigagao de uma parte reside na brigagae da cutra parte — no caso, a causa da vinculacae do casalY era dfundli as fitas de video — e que os mativos determinantes podiam integrar a causa do contato se, come ‘corre no caso, tivessem entrada no campo contratual. Tendo isto em vista, © equibrio {econémico buscado (“'economie voulue"} pelas partes era impossivel,diante da fata de qualquer contrapartida real a obvigacio de pagar o prego da locacdo das fits de video Merecou especial destaque a afrmacao da Corte de que a apreciaggo da causa deveria sor feita “dentro do quadto da crtagio de uma videolacadora” ("dans le cadre de la création {um point club video"), dentificando-se que, no caso concteto, nao se tratava de ur simples contrato de locacao de fitas de wideo, mas algo como um hibrido de franquia @locacio de coisa, pos nose reeria.@ uma operacao pontual, mas a primelto de uma série de contratos similares, invidves dlante da ausencia de sublocataros potencias™ fm linha semehante, esta 0 arrét Chronopos, julgado pela Corte de Cassacaa em 1996 "" No caso, a soviedade Chronopost fo: contatada pela socedade Banchereau para centregar, até a manhé do dia sequinte, um envelope contend dacumentacao para inscrigao kepour de cause, dt os que reve que execution cu conrat elon feconamie woul par es aries eit impasse, consatan ana fe aout de contreparve eee a Fobigation usc pare reneur Contats ef ablgabons — Cause — Absence — Contat de ocation de eazcties vido pour Pexpiataven oun commerce 10 Secques Ghestin Cause de fergagement et salt Au contrat Pas: 6.0.1, 2006, p. 261 31 Cas. Cort, . 93-18632, fly 210.1996, publ. Buin Cassatin n. 261. W, 1996, . 223 *ansparseesies — Marchandises-~ Responsabité ~ Cause tative — Exsien — Daly fate lourde — Spéciaiste dy transport rape — Nenresect dy dea de hrason Doi ve reputee non ‘ert ta case tative doresponsablt incre ans un contrat de ranspan ant Vindsmnaton ee retard au morta du pic dy transport. des lors que le ransportet specialise du ransport rapide ‘garantssant i aie era cle de son sevice, quis tat engage 8 vere de expaciteur dans un da termine, aa en ne lrant gas ons cede. manga cette abigaton essen a ‘cause contre a partes Responsabineconractuole ~ Cause intatve de responsabite — Déchéar- <= — Dol ou fate oure — Agolcations dverses — Transporteur — Mychandses — Space eke transport opie ~ Nor respect dy dla de frazan” ‘nun concurso, Diante do pedido de reparacse do preuizosofrda pela Banchereau, que vets a chance de participar do concurso em razso do atraso da contratada, a Chronopost ‘wocou em seu favor uma clausula do contrato que limitava 2 indenizacao por traso 30, ‘wembols0 do praco do transporte (122 francos) A Corte de Cassacao entendeu que, “astm ‘etabelecendo, como especialsta do transporte rapido, garantindo a confabilidade © a ‘eleridade de seu servigo, 2 Sociedade Chronopost se abrigou a entregar 0 envelope da vuxedade Banchereau dentio de um prazo determinado, @ em razao do descumgrimento esta obrigacdo essencial, a clausua limitatva de responsabildade do contrato, que contra ‘dia @alcance do compromisso fimado, devera ter sido reputada nao escita”, 0 raciocinio imputado a Corte for de que, no caso concreto,diante do que foraatirmado pela Chranopost cobre sua efcincia e, consequentemente, a confianca conquistada junto 8 outra parte, 3 ‘brigacao de realizar a entrega no prazo se tamara essencal, isto €, integrava a causa do Segundo Pietro Peringien, a concepcio bettiana term o méita de fazer com que a tutela do requ mento de imteresses dos particulates n30 dependa apenas da auséncia de intacd asnormas Imperatvas; serd necessirio também que, além das finalidades prvadas que 0 regécio fsiologicamente perseque, ele atenda ainda a finalidade geal fiada ne ardenamento, do qual constitu instrumento de atuacio — nega-se assim protecso juridica aos negdcios socialmente improdutivos, urdicamente iniferentes ou economicamente futeis°* Aimou-se também que a escolha da teora da funcie econémico-socal no sinboiiza apenas a mudanga da avaliagto de fendmeno contratual,passando do perfil subjetho para ‘© ebjetivo, mas também a passagem do perl singular ao social? € exemplificatva desta ‘mudanca uma difundida decisso da Corte de Cassacio italiana © contrato com o qual alguns candidatos as eleigdes politica se obrigam, dante de: correspectvo pagamento de soma de dinhero destinada a financisr suas campanhas eleitoras, a fazer convergir os seus votos e daqueles que os apbiam para o inanciador, «andidato da mesma lista, e, 05 eeitos, a renunciar 0 mandato parlamentar em favor deste aitimo, @ nulo por ilcitude da causa Na decisdo, tendo em vista que se tratava de uma fatispecie negocal tpi, entendeu- {4 Vincenzo Roppo. i contrat. Milano: Gute, 2001, p. 398 £2 ilo Bet, Teoria gera do negocio juricio, tomo Coimbra Ed. Cambva, 1969, p. 350. 5 Emil Bett Causa del negocio giuritico, Nowisimo agesto aane. Trina: UTET, 1957, p.33. 51 Peto Peingie. Manual dato ce, Sd Napoli ES, 2005, 368, 3 Nicola Corbo, Autonoma private e causa di fhaneiamento. Nano: Gil, 1990. p.42 3 Cass. 27.5.1971,n. 1574 apud Giowann Cel contrat: nar normatevcont glu prude, 2.69, Padova: Cedar, 2002, 9.325 se necessio avaia afinalidade econdico-social perseguida, para verificar a correspondén: cia entre, de um lado, 05 comandos da autonomia prvada 2, de outro lado, os principios fundamentals do ordenamento juridco (ordem publica e as normas metajriicas sugeridas pela consciéncia social comum (bons costumes). Se, em abstrato, poderia ser tegitimo o ‘acardo voltado 2 financiar uma campanha eletoral e discilinar seu deserwokimento, a Cassacio considerou que, no caso, a causa ef ilita por var finaidades de incibitavel carater antissocial, buscando-se “obter, de forma coercitva,@ também arm conflto com a ‘vontade papular, a leo do financiador através do exercico do dreito de voto expresso de mancira cantratualmente determinada e a renincia, preventivamente acordada, por parte dos eleitos ‘Outta decisao exemplticativa, também da Corte de Cassacao, pode ser refed: ‘Nao esta diigo a realizar interesses merecedores de tutelajuricicae deve, nortan, decararse nulo 0 contrato com © qual 0 matido, durante um pracesso de anulacao «do matiiménio por ele promovido perante © tribunal ecesiastico, prometa a muber Penso almenticia a partir da anulagie e, do outro lado, a mulher promets em toca submeter-se, para o fim de tal anulagio, 2 inspecdo corporal na sua esfera sexual No caso, 0 senor LB. promovia um processo de anulacao do seu matriménio com a senhora M. perante o Tribunal Elesisstico baseado na impottncia sexual ["impotenza ses: suale"| da mulher, mas para comprovar esta circunstanca eram necessanas periias tenicas ‘que invadiiam a privacidade da muither, dependendo assim de seu consentiment Em raz80 disso, fizeram um acordo escrita pelo qual 9 Senor LB. se comprometia a pagar a senhora M185 mihées de lias assim que fosse pronunciada a anulacio, enquanto a senhora M prometia em toca submeter-se as inspecoes meédicas, Todavia, quarido ao senhor LB. se requereu que cumprisse sua abrigacao, ele invocau a nuldade do conttato par ictude da ‘causa, argumenta que foi considerade justficade pela Corte de Cassacao, sob a atimatwa ‘de que “repugna 2 consciéncia comum @ esta em contraste com a5 fins de nosso ordena- ‘mento jucidica que a compreensivelrelurancia feminina a inspecdes na propria esfera sexual oss constituir ocasiso e materia de comércio" 1 Cas, 6.71961, n, 1623 apd Givanns Case coAMaT nea nowt e scons bradenzial 2. ed Padova: Cea, 2002, p. 327 15.8 CONCRETIZAGAO DA CAUSA COMO FUNCAQ FCONOMICO INDIVIDUAL ’ teora betiana da causa como fungao econdmico-social,spesa’ de seu pioneisme e J sua extensa acalhida, no passou sem citicas. A primeira, dz tespeite 8 sua contaminagio sr efomentos metajuriccos. Pughat, principal ertico de Bett neste aspecto, destaca que a ‘inigao de causa como Fungao econémmicosocial designa um quid de todo estrnhio a0 inet, gerando uma contaminac3o capaz de comprometer erterios metodolégicos que "oram eustosamente conquistados @ dando origer a uma insanavel — e inexplicavel — ‘nalidade, uma vez que todo negbcio ter, necessariamente, uma tuncao jutidica Por isso, rope outa interpretagdo, na qual a causa seta a func jriica do negdcto, expressa pela sntese de seus efeitos juridicos essencais "A concepcao de Pughatt deu 0 passo pioneito te retar a causa de uma obscura consciancis sociale localza-a dentzo do ordenemento, snorzando 0 dada normative. A segunda critica, complementar &primetta, € de que a teoria da funcao econdmico-so 11 acentua 0s aspectos cofetvos do controle de merecimente de tutela, mas descura das ‘wuaridades provides pelo aspecto privado do ato. Aoserconcebida absratamente,acausa ‘cab por achatar-e.a0 tipo, dehande de fra tudo aguilo que excede as suas inhas mestas ‘ue individuaizam & especticam a opetacdo perseguida e gerard 6 empobrecimento e "ijecimenta ta avaiagao do contrato ™ A detesa da juriicidade objetvidade da concep: ‘so da causa no pode desprezar o papel que desempenhao escono prético persequicopelas tutes no sentido de entificar © negécio cancreta ern exame — em comparacdo com 3 lade abstiata do ordenamenta."* Salvatore Plats Freisvion tema dl causadetnrgain utc. ito Cm: Motos Protea Aono: Cauthe, 1951, p. 149. Nas pas do autor xa € eetento LF que, eerie uo consi foc cops tat into aos alomentos que constuom a orgaNraga ct ers Ho negece. tambien us foe ta nua w deena cess do contedo dnc Mas quad, cmv wade d ora sera, # compo abadnnar soy esta vom! de asus a muanfestarse tem a fg de ‘etn t 4 onarzacto nego, on, aston em fora entiugn a Fora centpet oa, leer ao nena do conte go negocio am efoto qu saa cin ela ncompaties bi. p. 114 Nicole Corbo. Atenas priate caus Uf fanament. Nano Cet, 1990, pa, 1 Vincenzo Roppo.Mcontato, BiLmo. Gite 2001, id 8 Saluatore Pug recs tena casa nega guns ito Cie: Metodo —Feoin Pratica Mano: Gales, 1951, 7 Este movimento de, por um ado, retrara causa de uma difusaeextrajuridica consciéncia sociale, por outro lado, ineluir na causa as pecularidades relevantes providas pla autonomia privada, tem também raizhistérica. A utiliza da teoria da fungéo econdmico-socal no periodo fascista ¢ expressva de uma vocacso potencial para a tutela de inteesses estranhos {a vontade dos particulares, que corre o isco de subordinar 0 ato de autonomia a exigéncias eras varidveis de acordo com a ideologia politica, sacal e econémica dominante no mo- resto.®? Diante disso, G. 8. Ferri contraposse as "visbes sociologicizantes do fertomeno jiico", com 2 preocupagso de que a emersdo deste interesse socal-geralestatal, que suprimiria ou absorvera os interesses das particulares,estarialigada a uma wisao do enormeno juriico que teeta as principios classicos do idesrio demacrstic-liberal Eitustrativa deste problema ums deciso sobre a situagao de um administrador IR. Sera) ‘a quem uma das sécias (G. Zerba Otol) prometera uma indenizacao no caso de extinglo do contrato junto aquelasociedade (Ottolini Carta), de forma a compensivto porter aban donado seu cargo anterior para assumir © novo cargo. Ao ser demitido do novo cargo, ele exigluindenizacdo prometida, mas a Corte de Milo, 0 avalar © merecimento de tutela deste contrato atipico — “tudo se resume a verfcar se os interesses persequidos s4o cortespondentes a uma funcao stil ese sao soclaimente aprecaveis” — entendeu que 0 ‘ontrato, ainda que nao tendesse a “nenhum fim menos que honesto", criava o perigo de Luma “contaminacio dos ingredientes conhecidos e por conhecer da vida da sociedade” & Lum “isco de adulteracio dos resultados da empresa Comentando esta decisdo, Fert ctitica a “extrema generalidade deste tipo de ciscurso” « afirma o perigo desta concepgao: "... na sentenca nao ver indicada uma dnica norma refecente 8 disciplna das sociedades por agdes que se considere vilada; nem vem indicado Um Gnicoelemente de qual se possaextrair © conteddo ou os contetidos de tas fnaldades econdmico-sociais do itera. Se dz que o acordo entre Spera e Zerb ests ern conflto com 59 kmanuela Navareta, La cus ee prestazion oat, Milano, Gite, 2000, p. 208 60 Giovanni Battista Fer. Causa too nel teria de negzio uric. Milano: Gif, 1968, p. 101 {Em outraccasis,afmau Fert “Atualmente, darubade o sistema poltico-econémico ao qual erefetia orginaimante 0 Codigo Ci de 1942, recuperades, com 2 constitugso republican os valees dé erdade« democracia,aautonomiaprivada, como de eto anata econdmica pivada e a proprie- dade, erderam aqueladimensio funcional que o medea corporatvo e digent he tinha atrbuido” (Govern Battista Fe, La causa nella tora de! conratt. Letizia Vacca (org), Causa e cantata nels praspetivastorcocomparatstca Ttiro: Giappcheli, 1985, . 417) finaidades econémico-socias, mas nem se indica de quais finalidades e trata, nem se explica or que e de que forma tal confit sea determinado”.®! Por tas das duas criticas — a perigosa referéncia a uma tpicidade metajurdica e 0 escaso quanto as pecullaridades oferecidas pelo ato de autonomia — esto fato de Bett refer-se 8 submissio das causas a uma tipicidade socal, valorando © negécio por sua ‘Sonstancia © normalidade na vida de relacbes © Perde-se, nesse processo, a relevincia da ‘cause concreta do negécio que, ainda que se enquadre no tipo legal, pode possul elementos ‘espectics relevantes na avaliag3o de merecimento de tute. tese de Fer, em conirapo- ‘ico, afirma que, dante de um contrato cancreto, nao @ sufiiente examinar o escuema abstrato 20 qual ee cortesponde e sobre © qual jd se reconheceu cumpri uma funcio Socaimente uti, mas € necessério também avaiar em concreto © modo especifco no qual aquele esquema abstrato & ulizado.® Sob esta vss, o centro gravitacional da causa se desioca do controle de exigénciassocais,cristalizadasno tipo, 8 reconstrugao hermentutica dos interesses perseguidos pela operagso contratual. Quando se afrma que a causa & 2 fungae econdémico-socal, se faz confuso entre 0 bjeto ocriteio na qualifcacso, entre ofatoe o valor, entre aquilo que ¢ aaliado €aquilo que ava, Explica 0 autor que fazer referéncia 20 conceita de funcao implica néo sonente a exiséncia ce uma relacdo entre situacdes, mas também que esta relagd0 se coloqueentie uma situaé0 avaladora uma stuacao avaliada. Assim, uma das duas stuacdes exprime os rinepios a partir dos quai se possa, da outra situacdo,extair uma fungSo, Quando & causa, elemento do negocio juridco, se atibu a natureza de funcao econémico-socal — isto 6, & 51 Govan Batista fer, MenitevolezzadlVinteressee ubhta socal. Rt de ditto commerae (kt citto generale dete obdligazio, ano LX, pare plima, Vafard, 1975, p. 96 Pata o aut: “O triode sociaidade, a inserc30 do agi dos privados nas falas da crm jr, aiwacaco dos <étames de consciénca cui politica, das exgtncias da ecanamia nacional, além da ordem pba & dos ons costumes, no apenas so expresses do idelaga pola dominantenaquele period, mas também 530 0 resuttado de doutinase correntes de pensamento conideradas valida elarganente ‘egidas no compo judo, no qual aqua ideclgiaenconta sua base terca, No apenas tis wstes teem aes princlios do Estado autortto do qua tudo deve depender, mis também atencem @ construgbes técnica largamente aidadas na citnca jute, sobretudo por méito de Kelson ii, p27) 5 Emilio ett, Causa del nego guide, Nowssin eget italiano. Torino. UTET, 1987, 0p. 32-33, 6 Giovanni Battsa Fen. Causa to nella teoria det negocio gure. Milano: Gute, 1968, p 358. 1 Emanuela Navareta La causa ee prestazion slate Mtlane: Gtr, 2000, pp. 212213, ‘ungao se exprime em termos de sociaidade, de ordenamento — se acabaria misturando elementas do negocio concreto com crterios de avallagdo do proprio ordenamento.®* Em uma explcacao enfatica [1 Na acepeso de fungio econdmica-social do negocio, a causa acaba por ganhar 2 dimenséo, quase hermafrodita, na qual ficam confundidos e indistintos, de um lado, ‘© panto de vista do autor ou dos autores do negacio, ito é, 0 escopo subjetvo por cles persequida, conforme objetivado na regra negocal (@ que, em certs medida, continua a caractariza-a,¢, de outro lado, 0 ponto de vista do ordenamento estatal, .20 qual historicamente foi atribuldo o papel de controlar se 0s valores expresses @ as finaldades persequidas pelo negécio singular estejam (e erm que medida) compativeis ‘com os valores fundantes de ordenamento juridico do Estado ® Esta confusso entre a funcéo do negocio concreto avallado @ os erties de avaliacao {do ordenamento conduziria 3 desconsideracdo, no julgamento do merecimento de tutela, de «lementosimportantes para o negscio concreto, masnaoreputados essencais para omodelo abstrato. Juntando 0s elementos reputados, em abstato, essencias € no essenciais, 0 regécio forma um bloco unitario e camo ta, unitariamente, devera ser avaiado pelo orde- rramento: somente desta maneira — arma o autor —~ se pode identficar 0 sentido © 0 alcance da operacéo econdmica que 0 negécio exprime.*” 0 interesse individual, persequido plas partes através do negécio concreto, modifica-se no somente em raza0 de ura ateracdo substancial daestrutura, mas também pela inserga, naestrutura, de detesminacoos acessoriase, por veze, até mesmo de motvos pscol6gicas conexos & partes e considerados determinantes da vontade negocal. Assim, um interesse que, sem aquela determinacso acess6ria, ou na falta da inclusao daquele motivo psicolégico, seria merecedor de tutela, pode no sélo mals quando aquela insergio ocorra (© arglento conduzu & defnigso da causa como fungdo econdmico-individual, com 0 65 Giovani Batista er. Causa e tipo nel feara de nagozio gurtso. Milano: Glu, 1968, p. 364 {56 Giovan Battista Fer problema dela causa det negocio gsitico nel ifesson a Rosario Nob. ugopae into private, 2007, "as. 3, p. 660. 657 Giovani Battista Fern. Cousae Ypo nel fora dl negocio giurcco, Miano: Gis, 1968, p 255-256 (6 Giovani Batt Fer, Causa po nels wor del nagacie guido. Nano: Give, 1968, 258. Dbjetino de esclarecer 0 seu papel unificador dos wéros elementos do negécio.®? A funcao «conmicoindvidual, sem se confundir com o escape meramente subjtiva, eselarece que, Sendo 0 negéco expressao de uma raga prvada, sua causa € elemento que liga @ opetacao econdmice objetva aos sueitos que dele s30 autores & “indice de como o regularento negocal de interesses¢expressdo objetiva de tas inalidades subjetvas” "Ferrifaz aresenva, todavia, que a substtuggo do adjetivo social pelo incividval ndo se deve entender como um enfaticoretorno a concepcbes de exasperado(eimotivado individualism, mas somente um \festaque de como, no sistema desenhado pela Constiuigao, © ato de autonomia privada volta a Ser expressae de interesses privados que, como tais, devem ser avalados pelo ‘ordenamento juriico. Segundo o autor, em uma imagem sgnificativa,oindviduo se liberta a fads de funcionario do sistema corporativo e volta a ser considerado, mesmo sob 0 perfil econémico, pessoa, certamente no egolsta ou a-socal, mas autbnomo protagonista, na sociedade, da propria existtncia.”™ ‘© argumento bettiano da dstingSo entre causa abstratae causa concreta & ejeitade por ‘sa linha de pensamento, Para Ferri, dizer que a causa abstrata& lca, enquanto a concreta 1a €, tem todo o ar de ser pouco mais que um iniljoga de palates, eos em abstrato, nas figuras contratuais tpicas (legals ou socias) nao exste causa, somente um modelo de organizacao de interesses, no uma hipétese de sua regulamentacdo concreta, suscetvel de ser qualficoda e avalada,”? Na mesma linha, defende Pietro Perlingieri que nao & posse falar de uma causa abstrata porque ela teria que ser imune aojulza de licitude, oque 2 praia {a propria esséncia do conceito de causa: um modelo de orgari2acto de nteresses no pode ‘27 objeto de um juiza de lictudee de merecimento de tutela ”? ‘Tembém partindo da avaliacae da causa somente em concreto ~ mas reconduzinéo-a expressamente 20s parametros expressos pela leglidade constitucional — Petro Perlinger! nda seu exame do tema tomando por premissa a inesténcia de uma relagdo de piordade legica entre interesses e efeitos — porque mesmo estes nao sao um pros, mas uma desor- 9 Glovann atta Fer, Cause ipo nels teria dl negaio isc. Milano: Gite, 1968, p. 371 "0 Giovanni Batista Fer Causa tipo nella tara del nega gio Milano: Gut, 1968, p 372 1 Giovanni sattsta Fer. a causa nel eos dl conta. Leia Vaca (org). Cas €contatto nal prspettn storc-comparatista. Torino: Giapplche, 195, p. 419. "2 Giovanni Batt Fr, La causa els teaia del contato. nats Vacca erg. Cause contrat at prospertiastrcecomparantca Terno: Giapiceli 195, 420. 1 Fletro Pinger. Manuate a tito ce, 5. ed. Napoli SI, 2005, p, 370. rncia de um procedimenta unitrio de interpretagdo equalfcacéo — para concluir por uma confluéncia, na constituicao da causa, entre o inteesse concreto € os efeitos essenciais do contvato.” sto nao significa desprezar as defnigbes anteriores — 30 contri, ele destaca a importancia das concepgbes bettiana e pugliattiana no sentido de reconhecer que o regulamento de interesses constituido pela autanomia da vontade 56 @ protegido porque reconhecido digno de tutela pelo ordenamento —, mas critica a identificagio da causa com ‘© esquema regulamentarabstrato a que ela condu.”® ‘firma ainda que a falta de um consenso acerca da concepcaa de causa decorte essencialmente do fato de que a causa no se resolve em um elemento estrutural da fattispecie negecal, concebive! exclusvamente em termos de mais um “elemento essen clal.7® Para 0 autor, a superagao da perspectva da subsungao, com o objetivo de valrizar a Identificacao dos interesses envolvidos @ as pecularidades que distinguem © negocio concreto, dando prevaléncia ao perfl funcional do negéci, Impée reconhecer na causa um ‘quid que lumina o cantrato na sua dimensdo de valor, isto , de requiamento de interesses Assim, prefere definr 3 causa como a fung3o econdmico-indivicual, expressa pelo valor & capacdade que as propnias partes deram 3 operacao negocal na sua globafilade, consce- ada em sua concrete manifestacso.”" Exemolficando, demonstra que, em melo 3 uma plucalidade de comprase vendas, ¢ possivel encontrar uma identidade de tipo (caracterizado pela permutacéo da coisa pelo correspectiva preco}, mas uma pluraidade de causas (no sentido de que cada uma tera um interesse espectico perseguido pelos contratantes.® {A jurisorudéncia superior iaiana recentemente ver se manifestando em concordancia com esta reformulagao, sustentanda a obsolescencia da mati ideol6gica que configura a ‘causa do contrate como instrumento para o controle da utidade social do negdcio¢, a partir disso, defendendo uma fattipece causal concreta, que reconstrd este elemento am termos de sintese dos interesses reais que 0 proprio contrato tende a realizar, Em recente decsio, a Corte de Cagsagdo expressamente define: 24 Pietra Peng, Manule a nt ce, Sed. Napali: ES, 2006, p. 370. 25 Peto Peringen. Manual nto cine, 5. ed. Napoli: ES, 2005, p. 309 16 Nomesmasentid, na doutina nacional, Antonio lunquera de Azevedo, Negocio xs nci, valadee fcc, 30. Sa Feu: Stain, 2000. 174, 77 Peo Peringen. Manuale i dnto oie, S. ed, Napa ES), 2005, p. 370. 78 Peo Peringer. Manuale i cnto one, 5. ed. Nap ES, 2005, p. 370 Causa, portanto, ainda insrita na orbita da dimensio funcional do contrato, as, 20019, fungéo individual do singularzado, especfico contrata realizado, prescingindo do relatwo esteretipo abstrato, sequindo um iter evolutiva do conceit de func econdmico-socal do negécio que, movendo-se da cristaizagao normativa dos vitios tipos contratuais,vota-se final a captaro uso que os contratantesentenderam realizar {de cada um daqveles, adotando aquela determinada, espectfica (a seu modo tna) convencdo negra... Causa do contrato ¢ 0 escape prético do negocio, a sintese dos interesses que ele estd concretamente diigide a realizar (chamada “causa conce: 12, como fungao individual da singular e especiica negociagdo, além do modslo abstato utiizado,”? A despest das controvérsias sobre o significado da decisio,reconhece-se que ea adota uma perspectiva metodoligica sensivel as exigéncias de coneretude, mas sem um retorna & ‘concepcéa subjetiva. Como explica Vincenzo Roppo, no se trata de valriza as motivacées éstritamente indvduas de uma parte, suas pessoas representagoespsiquicas, seus intereses particulars cultvads em foro interno, mas buscar uma concretude que se coloca em terrros objetvas °° 0 autor exemplifica: © deseo de utiizar a coisa comprada como presente de nipcias para o amigo. 3 intolerancia por pontas e quinas pronunciadas, s30 simples motivos que stam conf aos na esfera individual da parte, mas] se A di flanga a8 para garantir sev ingerte crégito perante a devedora sociedad X, impelido pelo interesse que deriva do fato de 50 socio majortario de X (em virtude de sucesso hereditria do velho s6cio facie), este seu interesseintioduz no contrato uma concreta causa de troca empirica ao lado da causa tipica de garantia; por isso a dssolucao dest interesce (quando, por exempb, ‘um testamento posteriormente descaberto prive A da heranca, ¢ assim da qualidade de socio é evento que afeta a causa do contrato,eabre o problema do seu destino ** © criterio nao € se © interesse da parte € conhecido pela contraparte, nem se ela 0 extemalizou apropriadamente a outta parte — este dado subjetivo, emborarelevante, néo 29 Cassacione ce, sone, 8 5.2006, », 10490 0 Vincenzo Roppe. contrat, Milano: Gitte, 2001. p. 364 a1 Vincenzo Roppo. contrat. Rane: Gite, 2001, p37, + 4 ) S 1 decisivo — mas deve ser qualquer outro dado que dé dlmensao objetva a0 interesse invocado pela parte ea rlevancia que este tem para a posigdo contratual dela propia. "se A di fanga a B pela divida de X, e expica que o faz por causa da grande amizade com o devedor, este permanece um motiva itelevante ainda que comunicado & contraparte, a sucessiva tuptura da amizade com X certarente frustta @ interesse contiatual de A, mas frustra um mativo e nao a causa do contrato” *? 3 AMIEVE, IAS TAMMHEA CONTROVERSA, TRAIFTORIA DA HUNGAQ SDCIAI.DO CONTRATO Embbora 0 Cédigo Chl de 2002, em seu art 108, tenha sequido 0 mesmo caminho do anterior, © mantido a causa de fora dos requistos de validade do negdcio jurcico, ee fo! cansiderada um novo impuiso para os estudos sobre a causa Para além das hipoteses de ‘ulidace de negéciojuridico por letude do motive determinante, comum a ambas as partes (art. 166, W), mais proximo da cancepceo subjetva de causa, @ de iictude por abuso do direto (art. 187), amplamente desenvotida na dieto contratual, 0 dispositive mais expres sivo do Codigo de 2002 sobre conttole da autonamia negacialé a prevsao de uma cldusula eral exigindo que a liberdade de contatar esteja em conformidade & furcio soca! do contato: [Art 21. A iberdade de contratar sera exercida em 1228 @ 90s mites da tuncao social do contrate, © significado e akcance deste nave enunciada normatwo, contudo, & bastante conto verso, Sua interpretacao continua polemic, reflex de um debate — de fundo ideotéqxco — 10 Yineeneo Roppa. sean. Mane Ge, 2001, p. 378 1s Por exempla, Luciana de Camargo Renteedo. Cause conceta,qusificago contrat, model ude cei normativo:notas sobre uma reac dehomologisa pati deylgados tases. Revista tte vito nado,» 20. Sac Pala outa 2004, p. 235-265, ma nla ba do autor Daag com ecargoe caus contatual Campsnas: Meer, 2904; e epedaimente, 0 arian de Mata Cena Bodin de Moraes, A causa do contrat a medias pasta humana, Rio de lao: Renova, 2010, 289.316 ‘nwa tedagao do dispositvo, que precede a promulgacéo do Codigo epersste ands hoje oe lntatva de sua modifcacao legisla, "a primeira versdo. do anteprojeta de Codigo Civil @ dispositive enunciava que “a ‘lade de contratar somente sera exercda em razdo e nos limites da fungio social do ‘stato, incluso do vacabulo “somente” fol muito crtcada, pois se temia que fzesse ‘que. enunciado Fosse internretado de forma aexigt que a dni funcie que o contrato afese ter 10556 a social, em oposig a fungao que ele teria apenas para as partes Assi, ‘rs ase que as partes pudessem ficaradstitas a abelcar de seus proprios intereswes para, ys ‘omtratae,servir somente @ coletvidade. As criticas fizeram com que 0 terra fosse sium eo lspositve ganhasse aredacao com que foi promulgada.™* Mas oreceioquanto » wotencialidades do dispositive persistram, agora cam celagao a expressao “em razto de »iherdade de contratar deve ser exercida em razdo de sua funcao socal Este movimento ke vena a0 dspositvo, que se podera chamar “antfuncionalsta", afirmava que a :1,40 Socal 56 poderiaservir coma limite, mas nde se poderiaexigir que ea fosse rzao da roto do contrat ontudo, de outro lado, diversosjuristasreconheceram a importancia do disposrivo, em daaextensdo de-seu texto, como indhcaior de diversas potenciaidades rormativasrelstias -uncroralzacSo da lberdade contratual, A manifestacao da legstador fo tomada como o ‘sonhecimento do fim de um isolamento da autonomia negorial,trazendo a0 direito niatual a inciddecia de preceitos canstituconais coma dignidade humana, justia social, hed, erradicaxde da pobreza, prategae a0 conaumidore protecSo a0 meio ambven- "Para tas autores, 2 clausula do at. 421 impartaa a dentificagao de um limite terno { Anio tunqueia de Azevedo, Entewstaconceda & Row Temes de Deito Ci. 24, ste in 2008, . 305, ‘i inptaco pode ser atrbuda 8 cancepcae dasa que ile da atungao do legsladr © co vvlcdrio apenas 3 possibiidade de impor alguns lites extenos,negatiose sempre excepts 30 cada Hbedade contatual.natnha de que 6a delrmidade, oabsutdo 0 teatotgico execs ete de contrat” Riana Manden Theodora de Mata. func socal do conato eo winiio "stoeté no Cogn Chl base, Revita Frensen. 364 Rio de Janeto: ovens, nav Je, 2002 1 Ha jurspredncia, também se percebe este movimento: "Em que pee a relatvizacso do wrinciio ‘si lasun seranda, em atencb 8 func sz da conto e 25 itctpos da probit © boo, ‘eres do poder usin 39 esta autorizada em hipteses excepcionals” (UDF, Tuma Che {Che 200201 11644353, Rel Fav Rosita, pulp 1106200, pub. DL 4707/2008. Teresa Segre, Teor do contrat: novos paraognas. lode ane: Renavar, 2002, 492. Na 20 exercicio da liberdade contratua,signo determinante na pr6pra configuragaoe identifi cago do insttuto , portanto, de necessirio atendimenta para obter a tutela por parte do ordenamento.®” ‘A questdo que se colocou quanto 8 fungio socal do contrato — assim como quanto & causa ~ fo como evitar a ameaca de certo autoitaismo judicial, de invasdo estatal das Felacdes intersubjetvas, através de um mecanismo de controle da autonomia? Oe acordo com 3 resposta funcionalista, a abertura da cldusula geral do art. 421 no significa uma formula vazia que franqueia tal julgamento 30 mero abit do juz, Serao sempre as normas Codigo ‘ive autoriza oTracionamento da hipoteca ¢ que teria, portant, aplicabilidade imediata art 1.488 do C102 consubstancia um das exemplos de materilizaco dopincipio ‘da funcdo social dos contratos, que foi introduzido pelo nove eadigo. Com efeito, 9 ideia que esta por traz dessa dsposiao @ a de proteger terceiros que, de boa-fe, adquirem moves cuja construgao —0u latearento — fora anterormente fianciada Por institu financeira mediante garantiahigatecaria. umes s30 0s casosem que e305 tercers, apesar de terer, rigorosamente, pago todas as prestacdes para a qusigdo de imovel — pagamentos esses, muitas vezes,feitos as custas de enorme forgo financeiro — S80 surpreendidos pela impossibildade de transmiss3¢ da pro predade do bem em funcio da inadimplencia da construtora perante 0 agente finan- Incuemse ainda nesta sta “o resp 2 ctra, 20 desenvolvimento do ensivo centico do espera, lem do mei ambiente” (Gutherme Calman Nogueia da Gama e Felipe Germano Caccede “da. Fangsa soi no det pvadoe consttuic.h Guiherme Calmen Nogue da Gama{coord) uno soca no dito cit, 2 ed, Sia Paulo: Alas, 2008, p35) |v Pola Renera considera que este tipo de etetasj poera ser atnbuld atrves ds ites objeto "Yo contata em cava aplicacio deta dos princi consttucianas (Consderacbes acerca do atl "ebatesobreo pune da funcio soil do contrat, In Mata Celina odin de Moraescooc) ies {orto cl cantempordneo, Rio de laneko: Renova, 2006, p. 29, 127 Asim, Guilherme Calmon Hogue ds Gama e Felipe Germano Cackedo Cid, Funct soil no ‘rete prvadoe contin. ln Guilherme Caron Noguera da Gama coor). Fureda ara rodeo ‘i284 SB0 Paulo: as, 2008, p32, paracquem “interes, 0 tealzaraua twdade de encretzar "uss geal concensus indeterminados, deve considera x dios fundamentais esos "oer consttucionl sem que, por so, tio dee de ser enaturerainersujetivapivadal, mesmo ‘te nfrmada pelos valores e principos consti” Nao ofende o principio da funcao social do contrato a clausula que prevé oppagamento de mutta caso 0 contratante empreque um dos exfuncionérios ou representantes da contratada durante a vigancia do acordo ou apos decoridos 120 (canto vint) dias de sua extings0, porquanto nao existe proibigao a tal contratacto, encontrando-se ausente qualquer interesse metaindvidua, sea coetvo ou difuso. ° | conseqaéncia da protecio aos inteesses da coletividade pode ser nso apenas a Privacao de efeitos dos negacios que afrontam tas interesses, mas também a conservacao (ou 0 tratamento juridico dferenciado de um contrato que tenha grande repercussaa no atendimento de um interese socialmenterelevante. Na jursprudéncia, podem ser identifi- «cadas decis0es que, sequindo esta linha, invocam a fungaa sacial do contrato para conterr ‘tatamento jurdicodiferenciado aos chamadas "contatos de gaveta” no ambito do Sistema Financeira Habitacional (SFH) de modo a assegurar 0 acesso popular a morada,"® para intespretar ampliativamente a cobertura do contrat de seguro-saide de moda a assequrar © dieito a satde,"® para determinar 0 parcelamento de débito de usuario de servo de formecimento de elevicidade evitando, assim, que acorra a sua interrupcae, em nome da protecao 4 dignidade humana," ou para condenar 0 fiador a manter-se gorantidor da locacao na prorrogacae automatica do contrata par seu afastamento, gnercamente, “oten der interesss socais prevstos na Constituiglo®." 18 TIF, 4° TC, proc. 2007011 1078052, vel. Maria Beatz Parca, julg, 02/07/2008, publ aoa2008, 29 S11 3°1, Resp 811670, Rl. Min. ancy Anighi, ul, 16/1/2006, publ 01 04/12/2006; IRS, 9 CC, Ap. Chel, 70022284731, re. Odone Sanguine ul. 160872008; TSP. COP, Ag ste 5245314900, Rel. Grava raz ula, 257087007, publ 7/10/2007. No caso espectic de atibucio de legtimidave para a cessionaris do fnarcamento, SU. 1* T. REsp 627424, Rel Min. Lue Fux, jg, ‘0603/2007, pub. DI 28/08/2007 150 URS, SCC, Ap. Chet n 70026788521, Rel Jorge Lue Lopes do Cato, july. 15/102008, TS, 5° C.C, Aa. stn. 70026516835, Ret. Jorge Luz Lopes do Cart, jg 5/10/2008; URL, 15°C. ‘Ap Civel 2008 001 42010, Rel Helda Lina Meee, ug. 01/07/2008; ISP 4°, Recursolnaminad 11448, Rel. Maca do Carmo Honoto, jul. 08/07/2008, publ. 2/10/2008; TIDE. 11... a, ise, '20080020101970, Rel. Natansel Caetano alg, 2408/2008, pul, 2970072008. 131 THR, 2°C.C., Ap. Cel 2008.001.47220, Rel CatosEduaido Passos, jug, 10972008, 182 SUL 35, EDe! nos ERESD 791077, Re. Min. Arnaldo Esteves Luma, lg. 2304/2008, pub. 2vo82008 £ importante destacar que nesta esfera de efitos jd se ressalta a relevincla da uncao ‘sipectica daquele contrata para determinar sua compatibilidade com a fungdo social que ‘he garantejuridicidade. "70s efeitos aqui cominados, eia no tocante a privacéo de eficacia or incompatibidade com inteesses metaindviduais, seja no tacante ao tratamento dife- ‘enciada por atendimenta aqueles interesses, 50 so determinados em vitude da comparacao th Hnalidade daquele contrato indvidualzado com relacao aos intereses coletives. Em doutrina se indica 0 tratamento especial dado peta lia assuncao de débitehipate- cao," com consentimento presumido em razao da elevancia social deste tipo de dvi, © 0 dirito de preferénca nos contratos agrarios." Na jurisprudéncia, por exemplo, na analse do merecimento de tutela da clsusula penal de um contrato de prestacao de savicos, «fundamentacdo se diferencia na medida em que se Wala da prestacdo de serio educacional 2am virtude desta especificidade, a “limitagao da multa moratoria incidente sobre mensa- ‘Wades escolares determinada na origem encontra amnaro a funco social do contto”. 3? Na mesma fina, 3 ruptura de um contrato de segura éreputada especialmente injusficads por tratar-se 0 segurado de pessos idosa."* Mesmo hipoteses que se poderiarn considerar enquadradasna estra de efeitos de mera lutela de interesse das partes encontrar justficativa em interesses coetivos na mecida em fue a razao da intervengio reequllbradora passa a ser uma especiicdade funcional do contrato em exame. Por exemplo, a clausularesalutiva que ria @devedor do dirito apurgar 2 mora, é especialmente abusiva por se vatar de um cantata de fnanciamento habitaciona: 183 Sobre simporténca de consderar as dstingdes enve 06 contratos a0 aplcar a func sock, v Gusherme Calman Noguera da Gama. Diet cotiatual conterporinee fungi soial do onto ‘7 Gustavo Tepedino e Luz Eon Fata (coords). O eto € 0 tempo: embates nds © utopias omernpornes. Ro de ane: enor, 2008, pp. 369-293 136 Gustave Tepedino, Notas Sob 3 funcie sca das contrat. In Gustavo Teen € Li Edson Fachin (cords). 0 dito e 0 tempo: embatesjriicas e utopias contemporiness. io de lane Renova, 2008, p. 402 135 Steg Cavan Filho. nave Codigo Cee Cesiga do Consumidor comegéncs ou antonies evista da EMER, v5, 20. Rode ane: EMER), 2002, p. 110, 13 Gields Maria Femandes Noves Hronaka. A fungae social do contiato, Revista de Dre Cink ‘mobilise, Agravioe Empresa. 45, Sb0Fauo, lls. 1988, 138, 127 91,37, sn 476549, Re Min, Nancy Andry, jul. 2011/2003, pul, 01 2500/2004 128 TAPL AC n. 26372566, Rl Des. ile de Lima Pugliese, publ. 1008/2004, Ista porque 0 contro, na modalidade apontada, contempla manifesto interesse social ‘obtengao de moradia”."°? De fato, a madanca de foco, que deia de estar exclusiamente sobre a funcae gentrica atribuida a0 tipo contratual e passa.a buscar a funcao espectica desempenhada pelo contrato concreto em exame, ¢ especiamente perceptive nos contratos de financiamento habitaco nal. Assim, a revsao deste contrato de matuo & guiada por regime especial tendo em vista 2 fungao de aquisigao da casa propria A funcao socal, aqui, eedencia-se pla finaldade da venda da casa propria, mediante financiamenta digi pelo Estado em cumprimento a um dos principale abjetivos da Republica democrtica: reduzir as desiqualdades socais @reqionais art, 3°, inc, da CF), pela promogao dos dieitos sociais a educacao, @saide, a0 trabalho, & moradia etc (art. 6° da CA). Sobre o tema, de acordo com 0. Des. Syvio Capanema de Souza, doc. THR a “fungao social da cantata ¢ fazer com que 0 contrato se transforme num Instrumento da constiugao da dignidade do homem, da eliminacao da miséria, das injusticas socials, fazer com que os cantratos nd estearn apenas a servica dos conta tantes, mas também da sociedade, construindo 0 que se convencionou chamat & Estado do bernestar. Essa funco social dos contratostamibem esta referida no campo os direitos reais no que tange 2 posse e 3 propriedade” A afericao da compatbilidade do contrato com sua fungi socal 6 pode se realizar levando em conta diversas caracteristicas que ndo se enquadram no melo tipco abstato, ‘mas s80 determinantes sobre a sua funcio especifica, no sentido de que "a analse da «demanda nao pode se dar exclusivamente sob 0 aspecto legal Tratando-se de contrato para ‘aquisigae de moradia popular entabulado entre © poder publica ¢ fama de baka renda, ‘ganna relevo a fungdo socal do contrato”."*" Fazendo uso de um exemple especiico, cbserve-se 0 caso de um contrato de gaveta de permuta de imevel em financiamento: ao analsar © caso, 0 STI entendeu que a morte do 129 SP, proc 4500574100, Re. Eco Tilo, pu, 2510972006, 140 THF, 1°T.C, Ap. Choe 2000110818407, Rel Vera Ande jug, 0309/2008, pub 22/00/2008, 11 TDF, 2°. €., Emb. Inf 1999010800806, el. Sandoval Olivera, julg. 18062007, uy. 1309/2007. também TID, 1° TC, Ap. Cue 2005011026870, Rl Nivo Geraldo Gongabes, ug 1242007, publ, 2806/2007 evedor e a conseqtientequitagso do saldo devedor em vitude de equre de vidahzbitacional ‘rnpora revisde dos termos da permuta, tendo em vista que o sequro devetiarevrter em bbeneicio dos dependentes do mutuatiofalecdo: “o seguro habitacional tem dupa finalida~ de: aiancar a instituigao financeira contra o inadimplemente dos dependentes de mutuario falecdo e,sobretudo, garantir a estes a aquisicao do imavel” 4, CONCLUSAO. A FAVOR DA COMPLEMENTARIDADE, MAS DISTINGAO, FENTRE CAUSA E FUNGAQ SOCIAL DO CONTRATO ste panorama revela a similaridade funcional entre © papel assumido pe causa do ontrato em outros ordenamentos & os efeitos atnbuidos 8 fungao social da cantrato entre 65, 0 que justificou a associagdo entre os dois institutes por alguns juristas nacional de ‘elevo.' Um cenario que, por um lado, revela como o dispasto no at, 421 signficou uma ptofunda conquista em termos de funcionalizacae dos contrates 142 SU, 3°, REsp 811670, el. Min. Nancy Andegh, jug, 16/1/2006, publ. 047122006, 13 Maa Celina Bodin de Moraes em posi ac mais repeesentatina desta rendenca, alm “it, na verde, confi que oordenarenta cil bastevo n3o da qualquer Quaid neqecas ata, to 6. a negécios que etejam suotos, o-emente, a vontade das pares, exgide, 2 contain, que os rego juries seam caus, cumpidoes de uma func saci. Nesta nha de rach, tia 0 legisadorextenvizado, atau dos termos da causa qaral dat 42, a princpo a “asada segocia’. Fox ns talve2contiuemes ater, simplsmente, que determinado rego cure sua func soda (Maria Cena Bodin de Moraes. causa dos contats. Na medida d pes humana fio de Jano: Renova, 2010, p. 316), Antonio Junquea de Azevedo destaca a iizacso ds ‘unio social do cantrato cam efets similares 3 tora da bate de negdco alam e,especalmente 4 causa final conceta" Anta unquers de Azevedo, Enea cancedida 2 Revista Tames) de Diet Cul. 34, Rode avo, abr jun. 2008, pp. 305). rm ina simi, 30 mend qua a efetos eects, v Pablo Renter's. Conscbracbes acca do ata debate are pnd dafueao socal to contrat. Mara Celina Bodin de Moraes coor} Pein doit c camtemparaveo ba de Janeiro Rerovar, 2006, p 312: Rotigo Xaver Lonard tora das ees contratuae ea ung sca os contatas: reflexes 2 pate de una recente decsio do Superice Tribunal de Justia, festa dos Tribunas, 1. 832, Sao Paul, fer 2005, p 100-111; Antaio lunqueia de Azevedo, Naurezajtcca do contato de conser: lanicagao de ats urdcos quanta ao eo de partes equantoaoseleos, ‘os conratosrelacionas a boa f6 nos contatesetadonas;conatos de drags aetagao cas cus tinea @onerxdade exces, sinalagm e resolu cntratua rescludo parcial do contrat: func30

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