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cai e a carga mecânica aumenta , uma sensação de malidade encontrada em crises agudas de asma é a
maior “esforço e trabalho respiratório” instalam-se. limitação ao fluxo expiratório secundária a
Numa fase muito avançada de broncoconstrição a sen- broncoconstrição aguda. A conseqüência mecânica
sação de “urgência para respirar” pode surgir, refletin- desse fenômeno é a hiper-insuflação dinâmica dos
do a estimulação de quimioreceptores periféricos ou pulmões e caixa torácica11. A hiper-insuflação leva a
comando neurológico motor central excessivo. restrição mecânica e aumento da carga elástica dos
Vale salientar que o melhor entendimento dos músculos inspiratórios, os quais já se encontram so-
mecanismos envolvidos com o surgimento dessas brecarregados com a elevação do trabalho resistivo
sensações qualitativamente heterogêneas, pode vir das vias aéreas. Além disso, a hiper-insuflação dinâ-
a propiciar o surgimento de abordagens terapêuti- mica também leva a elevação do limiar de carga
cas para dispnéia mais efetivas, pois viriam a ser inspiratória desses músculos. Ou seja, para que qual-
baseadas em princípios fisiopatológicos concretos. quer fluxo aéreo seja iniciado, os músculos inspiratórios
devem antes vencer forças de recolhimento elástico
Dispnéia em Condições Específicas dos pulmões e caixa torácica elevadas como conse-
qüência da nova posição assumida pelo tórax ao final
Muito embora no momento ainda não possa- da expiração. Tais fenômenos levam a um desequilíbrio
mos associar definitivamente uma determinada do- entre estímulos neurais eferentes e/ou esforços mus-
ença com mecanismos específicos de surgimento de culares elevados e pobres respostas mecânicas, sur-
dispnéia, nosso conhecimento nessa área tem cres- gindo então a sensação de esforço respiratório. Por
cido muito nos últimos tempos. Algumas condições outro lado, as sensações de “aperto ou constrição no
merecem considerações especiais: peito”, às vezes referidos por asmáticos, parecem ori-
Asma: A dispnéia durante ataques agudos de ginar-se da estimulação de receptores de irritação lo-
mento longitudinal da evolução do sintoma dos paci- redução do edema pulmonar pelo uso de diuréticos
entes18,20. em indivíduos com insuficiência cardíaca também pro-
Medidas de qualidade de vida relacionada à saú- moverá melhoras sintomáticas. Entretanto, em algu-
de (QVRS) tem-se tornado um instrumento valioso na mas situações clínicas nas quais não existe terapia es-
avaliação de indivíduos portadores de insuficiência res- pecífica ou quando os pacientes mantenham-se
piratória crônica. Inúmeros questionários, de desenho dispnéicos apesar da otimização do tratamento, o sin-
genérico ou específico, têm sido preconizados para toma pode tornar-se um alvo terapêutico por si mes-
uso em tais pacientes. Entre os de desenho específico mo. Exemplos dessas situações são indivíduos com
destacam-se o Questionário Respiratório Saint George doença pulmonar obstrutiva crônica ou doenças
e o Questionário da Doença Respiratória Crônica. De fibróticas pulmonares em fases muito avançadas. Uma
fato, vários estudos indicam que o principal outra condição na qual dispnéia é um sintoma bastante
determinante da QVRS em tais pacientes é a dispnéia. prevalente são as fases finais de neoplasias malignas
Estudo realizado no Japão em 161 pacientes com de diferentes linhagens. Dentro desse contexto, dife-
DPOC encontrou correlações semelhantes entre es- rentes tipos de intervenções têm sido propostas, mui-
cores de QVRS e de escalas de dispnéia com tas delas sem adequada comprovação científica da sua
parâmetros de função pulmonar e consumo máximo real utilidade. De maneira genérica, os recursos
de oxigênio22. A partir daí os autores sugerem que, em terapêuticos para dispnéia podem ser classificados
pacientes com DPOC, o uso de questionários de qua- como farmacológicos e não farmacológicos.
lidade de vida específicos para doença respiratória
possa ser substituído simplesmente por escalas de Recursos Farmacológicos:
dispnéia. Isso provavelmente também seria verdade As drogas capazes de atuar na sensação de
para outras patologias que levam a insuficiência respi- dispnéia podem ser classificadas em dois grandes
ratória crônica como, por exemplo, doenças pulmo- grupos, as do tipo I e as do tipo II23. As drogas do
nares intersticiais em fase avançada. tipo I reduzem a sensação da dispnéia simultanea-
mente a redução da ventilação. As drogas de tipo II
Intervenções Terapêuticas seriam aquelas que promoveriam redução da
dispnéia sem interferir na ventilação. Muito embo-
As medidas terapêuticas destinadas à redução da ra muitas substâncias tenham sido pesquisadas quan-
sensação de dispnéia envolvem naturalmente o trata- to a propriedades do tipo II, não dispomos no mo-
mento da doença de base. Assim, por exemplo, o uso mento de nenhum agente eficaz com tais característi-
de agentes broncodilatadores levará à melhora do sin- cas. Ainda que estudos de grupos de pacientes com
toma em pacientes com crises de broncoespasmo. A DPOC não tenham mostrado grande benefício, alguns
Grau Descrição
0 Sem dispnéia, a não ser durante exercícios extenuantes.
1 Dispnéia correndo no plano ou subindo uma inclinação leve.
2 Devido a dispnéia, caminha no plano mais vagarosamente do que pessoas da mesma
idade ou, quando andando no plano em seu próprio ritmo, tem que interromper a marcha
para respirar.
3 Interrompe a marcha para respirar após caminhar em torno de 100 metros ou após andar
poucos minutos no plano.
4 A dispnéia impede s saída de casa ou apresenta dispnéia ao vestir-se ou despir-se.
*Baseado na referência 19
( ) Grau 4 Nenhuma Incapacidade: Capaz de realizar atividades usuais (do cotidiano) e ocupações sem falta de ar.
( ) Grau 3 Incapacidade discreta: Prejuízo em pelo menos uma atividade mas nenhuma atividade completamente aban
donada. Redução das atividades no trabalho ou nas atividades usuais (do cotidiano) que parece leve ou não
claramente causada pela falta de ar.
( ) Grau 2 Incapacidade moderada: O paciente trocou de atividades no trabalho e/ou pelo menos uma atividade do cotidi-
ano pela falta de ar.
( ) Grau 1 Incapacidade acentuada: Paciente incapaz de trabalhar ou abandonou a maioria ou todas as atividades costu-
meiras pela falta de ar.
( ) Grau 0 Incapacidade muito acentuada: Incapaz de trabalhar e abandonou a maioria ou todas as atividades habituais
pela falta de ar.
( )W Quantidade incerta: O paciente tem incapacidade devido a dispnéia, mas a intensidade não pode ser
especificada. Os detalhes disponíveis não são suficientes para que a incapacidade seja categorizada.
( )X Desconhecido: Informação não disponível sobre dispnéia e incapacidade.
( )Y Incapacidade por outras razões que não dispnéia: Por exemplo, problemas neuro-musculares ou dor torácica.
2. Magnitude da tarefa
( ) Grau 4 Extraordinária: Tem falta de ar apenas com atividades extraordinárias, tais como carregar cargas muito pesa
das no plano, cargas mais leves ao subir ladeiras ou escadas, ou correndo. Nenhuma falta de ar com atividades
ordinárias.
( ) Grau 3 Maior: Tem falta de ar apenas com atividades maiores tais como subindo ladeira forte, mais de 3 lances de
escadas, ou carregando carga moderada no plano.
( ) Grau 2 Moderada: Tem falta de ar com tarefas moderadas tais como subir uma ladeira suave, menos de 3 lances de
escadas ou carregando uma carga leve no plano.
( ) Grau 1 Leve: Tem falta de ar com atividades leves tais como andando no plano, tomando banho, permanecendo em pé,
ou fazendo compras.
( ) Grau 0 Nenhuma tarefa: Falta de ar em repouso, enquanto sentado, ou deitado.
( )W Quantidade incerta: A capacidade do paciente realizar tarefas está prejudicada devido à dispnéia, mas a inten-
sidade não pode ser especificada. Os detalhes não são suficientes para a incapacidade ser categorizada.
( )X Desconhecido: Ausência de informação disponível relacionada a intensidade da tarefa.
( )Y Incapacidade por outras razões: Por exemplo doenças neuromusculares, dor torácica.
( ) Grau 4 Extraordinário: Tem falta de ar com o maior esforço imaginável. Sem falta de ar com esforços ordinários.
( ) Grau 3 Maior: Tem falta de ar com esforço distintamente submáximo, mas de proporção maior. Tarefas realizadas sem
pausa, a menos que requeiram esforço extraordinário.
( ) Grau 2 Moderado: Falta de ar com esforço moderado. Tarefas realizadas com pausas ocasionais e precisando de mais
tempo do que as pessoas normais.
( ) Grau 1 Leve: Tem falta de ar com pouco esforço. Tarefas realizadas com muito esforço ou tarefas mais difíceis realiza
das com pausas frequentes, requerendo um tempo 50 a 100% maior do que uma pessoa média.
( ) Grau 0 Nenhum esforço: Falta de ar em repouso enquanto sentado ou deitado.
( )W Quantidade incerta: A capacidade de se exercitar do paciente está prejudicada devido à dispnéia, mas a inten
sidade não pode ser especificada.
( )X Desconhecido: Ausência de informação disponível relacionada a intensidade do esforço.
( )Y Incapacidade por outras razões: Por exemplo, doenças neuromusculares ou dor torácica.
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