Você está na página 1de 14
Wi5NIK | Joye Medel 0 cm 8 SATO. UM Oe jeeSrena KS Hola SD frre chk ws Lemus, 20€?, 63th ANTROPOLOGIA DO RU[DO 1. SOM E SACRIFICIO © som perisdico opde-se ao ruido, formado de feixes de defa gens “arritmicas”e instéveis. Como ji se disse, no entanto, o grau de rio que se ouve num som varia conforme o contexto. Um inser de terga maior (como o que hé entre as notas dé e mi) é dissonante dlurante séculos, no contexto da primeira polifonia medieval, e torn se plena consonancia na misica tonal. Um grito pode ser um som ha- bitual no patio de uma escola e um escandalo na sala de aula ou num concerto de miisica cissica, Uma balada “brega’ pode ser embaladora num baile popular echocante ou ex6tica numa festa burguesa (onde pode seroma frison chiquethreea). Tocar um piano desafinado pode Ser uma experiéncia interessante no caso de um ragtime e invivel em se tratando de uma sonata de Mozart. Um cluster (acorde formado pe- Jo aglomerado de notas juntas, que um pianista produz barendo o pul- s0, a mio ou todo o braco no teclado) pode causar espanto num reci- tal tradicional sem deixar de ser redioso e roinizado num concerto de vanguarda académica. Um show de rock pode ser um pesadelo para os ouvidos do pai ¢ da mae e, no entanto, funcionar para o filo como cangio de ninat no mundo do ruido gencralizado. Existe uma ecologia do som que remete a uma antropologia do ruido, e que eu vou rentar percorrer falando dos mundos modal, ronal pés-tonal "Ppa iso sl combina w conceit babel erie aoerv-com oda teoria da informagio, derivado deste, que entende ruido como gio (ruido rorna-se assim tama categoria mais interferéncia na comun relacional que natural). O ru(do € aquele som que desorganiza outro sinal que bloqucia o canal, ou desmancha a mensagem, ou desloca o Cédigo. A microfonia é rufdo, nio s6 porque fere 0 ouvido, por ser um som penetrante, hiperagudo, agressivo e “estourado” na intensidade, mas porque esta interferindo no canal e bloqueando a mensagem. Essa definigio de ruido como desordenagao interference ganha um catdtet mais complexo em se tratando de arte, em que se torna um elemento virtualmente ctiativo, desorganizador de mensagens/obdigos cristaliza- dos e provocador de novas linguagens radio é uma boa metifora para que se entendam as relagées en- tre som, ruido e siléncio, em seus muitos niveis de ocorréncia. Como no radio, o silencio € um espacador que permite que um sinal entte no canal. O tuido é uma interferéneia sobre esse sinal (e esse canal) ‘mais de um sinal (ou mais de um pulso) atuam sobre a faixa, dispu- Cando-a (0 ruido é a mistura de faixas ¢ de estages). O som é um trae {0 entre osiléncio ¢ o tufdo (nesse limiar acontecem as misicas). (Em Radio music, Cage pos em cena essa relagao fazendo ouvir aleatoria- ‘mente siléncios, estatica, misicase falas misturadas.) jogo entre som ¢ ruido constieui a musica, © som do mundo ruido, © mundo se apresenta para nés a todo momento através de fre-

Você também pode gostar