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oF | 7 FRIEDRICH ENGELS ajuda do Estado fe, desde Frederico Il, esta ajuda nao falta.em ne- nhum orgamento dos junkers, como regra’ geral); a semi-serviddo de fato, sancionada pela legislaclo@@eto costume, assim como as possi- bilidades que ela oferece para a exploracao ilimitada dos operdrios agricolas, € a nica coisa que mantém vivo o regime dos junkers, que esta prestes a naufragar. Lance-se a semente da social-democracia entre estes operdrios, déem-Ihes animo e espirito de solidariedade para ‘que lutem por seus direitos, e a gléria dos junkers estaré acabada. A grande potincia reacionéria, que representa para a Alemanha o mesmo elemento barbaro’ de conquista que o tzarismo russo para toda a Europa; iré esvaziar-se como uma bola furada. Os “regimentos sele~ tos” do exéreito prussiano, tornar-se-Ao social-demoeratas € com isso ser4 processado um deslocamento de poder que abriga em seu seio toda _uma tevolugio, Por esse motivo, ganhar os proletirios agricolas do leste do Elba fem uma importancia muitissimo maior que atrair os pequenos camponeses do ocidente'da Alemanha, sem falar nos campo- neses médios do Sul. Aqui, na Prissia do leste do Biba, esté nosso campo de batalha decisivo; por isso,'0 governo ¢ os junkers farlo 0 que puderem para impedir nossa passagem aqui. E se chegarem a langar mao — como esto ameagando — de novas medidas de violé impedir a expansdo de nosso partido, elas sero dirigidas mente para evitar que nossa propaganda chegue ao proletariado agri- cola do leste do Elba. Para nés, isto ndo deve ter grande importincia. Nés o conquistaremos, apesar de tudo. Do \ivro 7 SHLWAy Se CRARANO oh STOLCKE, VA, Qvestio ASRARIA, Sho fubo: Ed. al ~Liense, 4961. 99-81 - 146. O capitalismo na agricultura (O livro de Kautsky e 0 artigo do senhor Bulgdkov)* V.L Lenin PRIMEIRA PARTE O nimero 1-2 de Nachélo (2# Segdo, pp. 1-21) publica o artigo do senhor S. Bulgékov “Contribuicio ao Problema da Evolugio Capita- lista da Agricultura”, dedicado a critica da obra de Kautsky sobre © problema agrério: O senhor Bulgakov diz, com raziio, que “o livro de Kautsky é toda uma concepcao do mundo”, e que tem uma grande importincia tebrica e pratica. Talvez seja o primeiro estido sistematico ecientifico de um problema que em todos os paises suscitou e continua suscitando acesas polémicas, mesmo entre escritores que suste mesmas idéias gerais e se considerar “timita-se a uma critica negativa”, a critica de “algumas teses do livro de Kautsky” (as quais expde brevemente — com excessiva brevidade © inexatiddo, como veremos mais adiante — para os leitores de Nachalo). © senhor Bulgikoy confia em que “com o tempo” oferecers exposigao sistematica do problema da evolucdo capitalista da agricul- tura” e, deste modo, oporé a Kautsky “também toda uma concep¢ao ‘do mundo”. [Nao temos diivida de que o livro de Kautsky despertaré também na Rissia muitas discussdes entre os manxistas; de que, também na Rissia, alguns deles ficario contra, ¢ outros a favor de Kautsky. Pelo menos quem escreve estas linhas discorda, do modo mais categbrico, ‘Tredugto de Sandra Brizolla. Extraido de: Lenin, V. 1., Obras Completas, ‘Tomo IV, Bd. Cartago, Buenos Aites, 1969, Eserito de 4 a9 de maio de 1899 e publicado aa revista Zhisn em janeiro/fevereice de 1900. 2 VU: LENIN sustentada pelo senhor Buigikoy, de seu juizo a respeita do ‘Kautsky. Nao obstante reconhecer que Die Agrarfrage' € ima “obra excelente”, a apreciagao que 0 senhor Bulgakov faz causa.es- panto por sua aspereza ¢ seu tom, ins6lito na polémica entre escritores de tendéncias afins. Como exemplo, eis algumas expressbes: “extraor= dinariamente supertici 40 pouco de verdadeira agroriontia ‘como de verdadeira economia” ... “Kautsky elude com frases (si nhado pelo senhor Bulgakov!) os problemas cientfficos sérios’”, ¢ assim sucessivat Examinemos a fundo as expressbes do rigoroso eritico, fazendo 9 leitor conhecer, ao mesmo tempo, o livro de Kautsky. - 1 ‘Antes mesmo de arremeter contra Kautsky, 0 senhor Bulgakov bate-se, de passagem, com Marx. E claro que o senhor Bulgékov'des- taca os enormes méritos do grande economista, mas adverte que ‘por temente refutados pela a exemplo, 0 de que, na agricultura, 0 vamente ao capital constante da mesma forma que na indéstria de transformagdo, de modo que a composicao orginica do capital agrério cleva-se continuamente.” Quem esti equivocado neste caso, Marx ou 0 senhor Bulgakov? O senhor Bulgikoy alude ao fato de que 0 progresso téenico na agricultura e o cultivo cada vez mais intensivo condazem freqientemente a um aumento da quantidade de trabalho requerida para a exploracao de determinada superficie. Nao hi divida de que assim 6, mas dai a negara teoria da diminuigdo do capital variével relativamente ao constante, proporcionalmente ao constante, hi vima grande distancia. A teoria de Marx afirma tdo-somente que, em geral, 2 relagao v/e (v = capital varidvel, ¢ = capital constante) tem ten- éncia de diminuir, ainda que v aumente por unidade de superficie. Por deaso a teoria de Marx seria.refutada se, ao mesmo tempo, ¢ er mais rapidamente? No que se refere & agricultura dos listas, tomada em seu conjunto, observamos nela uma diminuigao de v eum aumento de c. A populagao do campo e o niimero de trabalha- dores agricolas diminui tanto.na Alemanha quanto na Franga ¢ Ingla- terra, ao passo que o numero de maquinas utilizadas na agricultura aumenta. Na Alemanha, por exemplo, a populagao rural diminuiu, (1) A Questdo Agrévia A QUESTAO AGRARIA 83 entre 1882 ¢ 1895, de 19 200000 para 18500000 (o mimero de assala- riados agricolas passou de 5900000 a 5600000), enquanto o néimero de méquinas empregadas na agricultura subiv de" 458369 para 913391,? 0 nimero de mAquinas a vapor utilizadas na agricultura subiu de 2731 (1879) para 12856 (1897), com um aumento ainda maior dos cayalos-vapor. A quantidade de cabecas de gado bovino elevou-se de 15800000 para 17500000, ¢ a de gado porcino de 9200000 para 12200000 (anos de 1883 ¢ 1892). Na Franca, a populagto rural se reduziu de 6 900 000 pessoas (“‘independentes”) em 1882 para 6 600000 em 1892, eo nimero de maquinas agricolas aumentou nas seguintes proporgtes: 132748 em 1862, 278896 em 1882 ¢ 355795 em 1892; niimero de cabegas de gado bovino: 12000000, 13000000 ¢ 13700000; de cavalos: 2910000, 2840000 e 2790000 (a diminuigio do mimero de cavalos entre 1882 ¢ 1892 foi menor que o decréscimo da populaglo agricola). Vemos, pois, que em termos gerais e nd que se refere aos paises capitalistas modernos, a hist6ria nao refutou, em absoluto, a lei de Marx, mas tem confirmado sua validade para a agricultura. O erro do senhor Bulgakov consiste em ter-se apressado a elevar A categoria de leis econdmicas gerai ns fatos agrondmicos isolados, sem ter-se aprofundado em seu significado. Sublinhamos “gerais"” porque nem Marx nem seus discipulos consideraram essa lei mais que uma lei das tendéneias gerais do capitalismo, e no como uma lei aplicavel a todos 10s casos isolados. Mesmo no que s¢ refere & indéstria, 0 proprio Marx tinha indicado que os periodos de transformagdes técnicas (nos quais diminui a relagdo v/e) alternam-se com os perfodos de progresso sobre a mesma base técnica (nos quais a relac&o v/c permanece invaridvel e, em certos casos, pode até mesmo aumentar). Na historia industrial dos paises capitalistas, conhecemos casos em que esta lei é infringida em da produgio. Por exemplo, quando grandes oficinas capitalis serem substituidas pelo trabalho capitalista a domi cultura, nao cabe a menor diiwida de que © processo de desenvolvi- ‘alismo € incomensuravelmente mais complicado ¢ as- sume uma diversidade de formas incomparavelmente maior. Passemos agora ao livro de Kautsky. O estudo sobre a economia agricola na época feudal, pelo qual comeca Kautsky, é, supostamente, “muito superficial e desnecessario”. E dificil compreender 0 motivo de (2) Total de méquinas de diferentes tipos. Todos os dados, quando nao é feita a correspondente ressava, foram tiados do livro de Kautsky. 86 V. 1. LENIN acesso, os trabalhos de methoramento do solo © 0 emprogo de fertili- zantes em consonancia com 05 dados proporcionados pela, fisiologia vegetal; comegou-se a aplicar a bacteriologia a agricultura. A opinidio do senhor Bulgakov, de que Kautsky “nao acompanha estés-dados’ com uma anélise econdmica” é totalmente infundada, Kaufsky assi- ala com exatiddo o nexo que liga esta revolugo ao crescimento do ‘mercado (em particular ao crescimento das cidades), & subordinagio da agricultura & concorréncia que impés a transformagao da agri- cultura e sua especializacdo. “Esta revolugio, que tem sua origem no capital urbano, acentua a dependéncia do agricultor relativamente a0 mereado e, além disso, modifica continuamente as condiqBes” deste ‘iltimo, tao essenciais para ele. O ramo da produgo que era rentivel enquanto © mercado mais préximo ligava-se ao mercado mut apenas por uma estrada, deixa de sé-lo e deve ser necessariament substituido por outro ramo da produro quando 0 local é cortado por uma estrada de ferro. Se, por exemplo, a estrada de ferro traz cereais mais baratos, a producio de gris deixa de ser vantajosa,-mas a0 mesmo tempo eriam-se condigdes para a venda de leite. O incremento da circulaglo mercantil permite introduzir melhores variedades de ete. (pp. 37-38). "Na época do feudalismo. — diz Kautsky — a nica coisa que havia na agricultura era a pequena producio, pois o latifundiario trabalhava seus campos com as-mesinas ferramentas que os camponeses.'O capitalismo cria, pela primeira vez, idade da grande produgdo agricola, mais racional do ponto de nico que a pequena produgio.” Ao referir-se as. méquinas Kautsky (0 qual, diga-se de passagem, aponta com preciso laridades da agricultura neste aspecto) deixa claro o carter ta de seu emprego, sua influéneia sobre os trab: icado como fator de progresso, a “utopia reaciondi tos referentes a limitagao do uso da maquinaria agricola. “As maqui- nas agricolas prosseguirio seu trabalho transformador, empurrardo os operérios agricolas para as cidades, servindo assim de poderoso instru- esenvolvimento da Economia Camponesa na Russia). Em nenhurn dos dois ior poderé obter um quadro da revolugao efetuada pelo copitalismo na agri Porque nenhum dos dois sequer se ps apresentar um quadro geral da feudal para a economia capitaista, ; | | AQUESTAO AGRARIA 87 mento para elevar os salérios no campo, por um lado, e, por outro, para continuar estimulando a aplicagdo das méquinas na agricultura” (p. 41). Agreguemos a isto que Kautsky explica detalhadamente, em capitulos especiais, o caréter capitalista da agricultura moderna, a relagio entre a grande produgio e a pequena, e a proletarizacaio do campesinato, A afirmagao do senhor Bulgdkov de que Kautsky “no se pergunta por que foram necessirias todas essas mudangas magicas” 6, como vimos, totalmente err6nea. No capitulo V (O Cardter Capitalista da Agricultura Mo- derma”), Kautsky expe a teoria de Marx sobre o valor, 0 lucro © a renda. “Sem dinheiro, ou, o que é 0 mesmo, sem capital — diz Kauts- ky —, 6 impossivel a producdo agricola moderna. Com efeito, com o atual'modo de produc, qualquer soma de dinheiro que nao é desti- nada ao consumo individual pode converter-se em capital, isto 6 valor que eria mais-valia; e via de regra capital. A produgto agricola moderna (p. 56). Esta passagem permite-nos, entre outras coisas, avaliat a seguinte declaragdo do senhor Bulgékov: “Emprego esta expresso (agricultura capitalista) no sentido corrente (também Kautsky a em conseguinte, capitalista”” talista, O que determina © cardter de toda a agricultura sdo as condigdes gerais em que esti organizada a produgio, ¢ somente nos limites desta cabe falar de grande produgfo agricola ou de empresa e de pequena produsio agri- cola, Também neste caso faz falta, para maior clareza, uma expresso nova’. Verifica-se, assim, que 0 senhor Bulgakov corrigiu Kauitsky... “Na verdade", como 0 leitor deve ter percebido, Kautsky no usa para nada a expresso “agricultura capitalista” no sentido “‘corrente” — © inexato — em que o emprega o senhor Bulgakov. Kautsky com- Preende muito bem e diz muito precisa e nitidamente que com o mado de produgio capitalista qualquer produgao agricola é, em “regra geral", uma producio capitalista. B para fundamentar esta opiniao cita o simples fato de que a agricultura moderna precisa de dinheiro, © © dinkeiro que ndo se destina ao consumo individual converte-se, na lade moderna, em capital. Parece-nos que isto é um pouco mais claro que a “corregao” do senhor Bulgakov, e que Kautsky mostrou plenamente a possibilidade de se prescindir de uma “expresso nova”. No capitulo V de seu livro, Kautsky afirma, entre outras coisas, que tanto o sistema de arrendamentos, que adquiriu tio pleno desen- yolvimento na Inglaterra, como 0 sistema hipotecdrio, que se desen- tal veredicto. Este seguir levar pritica seu tizada da evolucio capitalista da descrever os tragos fundamentais da eco De outra forma nao se pode compreender 0 car: talista, nem o das formas de transiglo que a vineul: feudal, O proprio senhor Bulgakov reconhece 0 enor: “forma que tina a agricultura no comego (s Bulgakov) de sua trilha capitalista”. Kautsky ini “comeco da trilha capitali tara feudal &, a nosso ver, admiravel, ‘essa arte Jhar o que ha de mais thes secundarios., Na introduc3o, mais nada uma apresentagdo sumamente amos convencidos de que se 0 senhor Bulgékov con- plano de oferecer «uma exposicdo sistema- ‘agricultura, deverd, forgosamente, nomia agricola pré-capital ‘ter da economia cay yhado pelo senhor exatamente pelo * da agricultura européi excelente. Revela essa nitidez — em geral tio caracteristica desse escritor — portante ¢ essencial, sem perder-se Kautsky oferece antes de precisa e acertada do pro- “Nao cabe a minima diivida como a transforma, com produgao e as formas de pt formas” (p. 6). Tal apresentagio a uma explicagao sociedade capitalista"* (titulo da primeira ropriedade, ¢ cria a necessidade de novas do problema é a tinica que pode levar “desenvolvimento da agricultura na parte do livro de Kautsky, de sua “trilha capit ‘em mis do camponés, em Te _ economia da sociedade. O que Jura da economia camponesa, a.com! ja doméstica, passando depois a examinar ‘aiso dos escritores pequeno-burgueses ¢ conserva: jficado da usura, a gradual “pene- ‘da propria economia camponesa, dos velha harmonia a comunidade 1a Idade Média e ainda -o. Destacamos este pensamento, Pp tidio da afirmagao do senhor Bul- stdo de quem levou 0 Kautsky propés esta questo de um Jareceu, e qualquer pessoa que tenha lido seu sta”, a agricultura encontrava-se .gra geral submetido ao regime feudal da ‘Kautsky descreve em primeiro lugar é a ‘binagao da agricultura com a ‘0s fatores da decom- posigdo desse par: dores (4 moda de Sismondi), o si tragdo no campo, nasentranhas antagonismos de classe que destroem a |__substituida por uma diversidade cada ver m: nao chegou a seu apice defi mostra imediatamente toda a inexat gikov de que Kautsky sequer progresso técnico agric modo bem concreto ¢ a esc! AQUESTAO AGRARIA as livro com atenc&o tera se apercebido do fato indubitével (freqdente- mente esquecido pelos populistas, agrdnomos € muitos outros) de que quem leva o progresso técnico @ agricultura moderna é a burguesia fural, tanto & pequena como a grande, com a particularidade de que ‘sta ultima (como 0 demonstra Kautsky) desempenha, neste sentido, ‘um papel mais importante que a primeira, 0 ‘Apés descrever (no capitulo III) os tragos fundamentais da agi cultura feudal — o predominio do sistema arquiconservador de cu de trés campos, a opressio ¢ expropriagio do campesinato pela no- breza latifundiéria; a organizacio por esta diltima de uma economia feudal-capitalista; a transformagio do campesinato, durante os sécul XVII e XVIII, em mendigos famintos (Hungerleider); o desenvolvi mento de um campesinato burgués (Grossbauern, que nao pode pres cindir da contratagio de pedes e diaristas), a0 qual nao serviam as yelhas relagées agrarias e as antigas formas de propriedade da terra; 1: aboligdo destas relages e destas formas e a limpeza do caminho para a“agricultura c {p. 26) pelas forgas da classe bur- guesa que se havia desenvolvido nas entranhas da indiistria e das ci- Gades, depois de deserever tudo isto, Kautsky passa a definir a “agri- cultura moderna” (capitulo IV). Este capitulo nos oferece um esbogo extraordinariamente claro, conciso e cabal da gigantesca revolugio levada a cabo na agricultura pelo capitalismo, ao converter o rotineire oficio de camponeses hu Thados pela miséria ¢ esmagados pela ignorancia em aplicacdo cienti fica da agronomia, a0 interromper o marasmo secular da agricultura e ao imprimir (e continuar imprimindo) um impulso ao rapido desedvol- Yimento das forgas produtivas do trabalho social. O sistema de trés campos foi substituido pela rotaco das culturas, melhoraram a criagao Ge gado eo trabalho da terra, aumentaram as colheitas e tomou grande (desenvolvimento a especializagao da agricultura, a divisio do trabalho entre as mUltiplas exploragtes. A uniformidade pré-capitalista foi acompanhada pelo progresso téenico de todos os ramos da agricultura, Iniciou-se ¢ se Gesenvolveu rapidamente a mecanizacdo da agricultura, a aplicagae do vapor; comega-se a utilizar a eletricidade, que na opinido dos especia- listas viré a desempenhar um papel mais importante que 0 vapor neste setor da produgdo. Desenvolveram-se a construgo de caminhos de a8 V.1LENIN volve com espantosa rapidez na Europa continental, constituem na esséncia um mesmo processo, 0 processo que-separa 0 agricultor da terra.' No sistema capi como a luz do dia. Com 0 sistema hipotecério 6 “menos clara e as j6 no sho tHo simples, mas na esséncia reduzer-se & mesma coisa’ (p. 86). Com efeito, é evidente que a hipoteca da terra é a hipoteca ou a venda da renda do solo. Conseqentemente, tanto com o sistema hipo- techrio como com o de arrendamentos, os beneficidrios da renda (= proprietirios da terra) separam-se dos benefi ‘empresa (agricultores, empresirios agricolas), O senhor Bi mente pode-se considerar demonstrado que a hipoteca expressa a sepa: ragio da terra em relagdo ao agricultor.” “Em primeiro lugar, ndo se pode demonstrar que a divida absorva toda a renda, 0 que s6 é possivel 1 titulo excepcional...” Ao que respondemos: no ha necessidade al- guma de demonstrar que os juros das dividas hipotecdrias absorvem toda a renda do solo, como nao ha necessidade de demonstrar que a taxa efetiva do arrendamento coincide com a renda do solo. Basta demonstrar que a divida hipotecdria cresee com gigantesca rapidez, que 0s proprietarios da terra procuram hipoteci-la integralmente, vender toda a renda. Niko se pode duvidar de que tal tendéncia existe, € ‘uma andlise tebrica s6 pode tratar, geralmente, de tendéncias. Resulta também indubitavel, conseqiientemente, 0 processo de separaclo da terra em relago ao agricultor seu dono, A conjugagio do beneficiério da renda e do beneficiario do lucroem uma mesma pessoa é, “‘do ponto de.vista hist6rico, uma excegio” isch eine Ausnahme, p- 91). “Bim segundo lugar, & pre , em cada caso concreto, as la, a fim de compreender seu significado.” mista (que, de contrapes tura na sociedade capi sm geral) deva, ou tigar as causas da “em cada caso concreto”. Se o senhor Bul- gikoy quis referir-se a necessidade de analisar as causas das dividas em diferentes paises € em diferentes periodos, néo podemos estar de acordo Mane mostra este processo no teresiro tomo de O Capital (sem analisar suas yrmas noe divertor paites) ¢ indica que esta “separacio da terra, como ‘edigAoem espanhal.) A QUESTAO AGRARIA 89 com ele. Kautsky tem toda, razio ao dizer que jé hé demasiadas monografias sobre o problemé agrdrio, e que a tarefa mais premente da teoria moderna nfo é a de acrescentar novas monografias, mas “estu- dar as tendéncias fundamentais da evolugao capitalista da agricultura fem seu conjunto” (Vorrede (Prefacio), p. VI). Entre estas tendéncias também figura, sem dvida, a separago da terra doagri- io, sob a forma de um aumento da divida hipotecéi separago do agricultor proprietario, de sua terra, € uma das condigbes da socializagao da agricultura; p. 88), seu papel necessério na evolugto capitalista da agricultura.’ Todas as consideracdes de Kautsky em relagio a esta questio tém extraordinario valor teGrico e proporcionam uma arma de grande poténcia para combater a tio difundida mentira ‘burguesa (especialmente em “qualquer manual de econo sobre “as calamidades” das dividas ¢ as “medidas de ajuda”... terceiro lugar — conclui o senhor Bulgékoy — a terra cedida em arrendamento pode, por sua ver, estar hipotecada, ¢ em tal caso pode se encontrar na mesma situagdo que a terra ndo arrendada.” Estranha argumentagto! Que o senhor Bulgakov nos mostre um s6 fendmeno econdmico, uma s6 categoria econdmica que nao se entrelace com outras. Os casos em que o arrendamento e a hipoteca se combinam nZo refutam, sequer debilitam a tese te6rica de que 0 processo que separa a terra do agricultor seu dono manifesta-se de duas formas: o sistema de arrendamentos e a divida hipotecéria. © senhor Bulgékov qualifica de “‘ainda mais inesperada” ¢ “totalmente falsa” outra tese de Kautsky, a de que “os paises em que 0 sistema de arrendamentos se desenvolven sio também paises onde pre- domina a grande propriedade agricola” (p. 88). Kautsky fala aqui da concentragio da propriedade da terra (sob 0 sistema de arrendamen- tos) e da concentraco das hipotecas (sob o sistema da explorado da terra pelo proprietario) como condi¢do que facilita a supressdo da propriedade privada da terra. Quanto A concentragao da propriedade agricola, continua Kautsky, nfo existe estatistica “que permita obser- (© sumento da divida hipotecéria nem sempre indica um estado de depressio fa... © progresse ¢ 0 florescimento da agriculturs (assim como sua deca ‘dtnela) "devem manifestar-se num aumento das éividas hipoteedrias: em primeire lugar, pela crescente demanda de capitals por parte da agricultura em progresto,e, em segundo Iugar, pelo cressimento da renda do solo, que permite alargar-se o crédito agricola” (.89). EF V1. LENIN 1 Yar a concentragto de varias propriedades nas mesmas mios", mas, “em termos gerais, pode-se admitir” give 0 aumento do niimero de arrendamentos e da superficie da terra arrendada segue um curso paralelo ao da concentracdo da propriedade da terra. “Os paises nos quais 0 sistema de arrendamentos se desenvolveu sto também paises nos quais predomina a grande propriedade agricola,” E evidente que todo este rac de Kautsky refere-se dinica ¢ exclusivamente aos paises onde o sistema de arrendamentos se desenvolveu, so passo que o senhor Bulgakoy fala da Prussia Oriental, com a qual “espera demons- trar" 0 aumento dos arrendamentos paralelo ao fracionamento da grande propriedade da terra. E com este Ginico exemplo pretende refu- tar Kautsky! O mal € que o senhor Bulgakov se esquece de dizer a0 leitor que 0 préprio Kautsky aponta 0 fracionamento das grandes fazendas e 0 aumento dos arrendamentos camponeses na. regido si- tuada a leste do Elba, e que ao mesmo tempo explica, como veremos mais adiante, o verdadeiro significado destes processos. ‘A concentragao da propriedade da terra nos paises de divida hipotecéria 6 explicada por Kautsky pela’ concentragio dos estabele- cimentos hipotecdrios. O senhor Bulgakov acha que isso nio é uma explicacao. “Bem pode ocorrer — opina — que se produza uma desconcentragao do capital (pela emisso de ages) a0 lado de uma concentragao das instituigdes de crédito.” Mas esta é uma questo sobre a qual no vamos discutir com o senhor Bulgakov. . ur Depois de analisar os tracos fundamentais da agricultura feudal e pequena produgio” agricola (eap. VI fulos do Livro. © autor comeca por examinar “a superioridade técnica da grande produgao”. Ao conceder a supremacia a esta, Kautsky nZo oferece uma formula abstrata que faga caso omisso da enorme varie- dade de relagdes agrarias (como supe, sem o menor fundamento, 0 senhor Bulgakov), mas, pelo contrario, aponta de modo claro e preciso a necessidade de ter em conta tal variedade ao aplicar na pratica as leis lade da grande produc2o agricola sobre a pequena omo € evidente”, somente “quando as demais condigdes so iguais” (p. 100. Sublinhado por mim). Isso em primei lugar, Tampouco na indistria a lei da superioridade da grande pro- ducdo ¢ tio absoluta e tho simples como s vezes se pensa; também A QUESTAO AGRARIA on neste caso, somente a igualdade das “demais condigdes” (que nem sempre, sequer quase sempre, se dio) garante a plena possibilidade de « far a lei. Mas na agricultura, que se distingue por uma comple- xidade e uma diversidade de relagdes incomparavelmente maiores, a plena possibilidade de aplicar a lei da superioridade da grande produ- ‘gio depende de condigdes muito mais estritas. Por exemplo, Kautsky Jembra com bastante correcao que na linha divisbria entre a fazenda ‘camponesa e a do pequeno proprietario produz-se a “transformagao da ‘quantidade em qualidade": a grande fazenda camponesa pode ser, “se rao tecnicamente, pelo menos economicamente superior” a fazenda do pequeno proprietdrio. O custo de um administrador dotado de conhe- ‘cimentes cientificos (uma das importantes vantagens da grande pro- dugao) 6 demasiado oneroso para a fazenda do pequeno proprietario, ea administragdo pelo proprio amo costuma se dar “A junker", mas ‘com um carter nada cientifico. Em segundo lugar, a superioridade da grande producto agricola s6 é efetiva dentro de determinados limites. Mais adinte, Kautsky estuda detalhadamente esses limites. E evi- dente da mesma forma, que tais limites nao so iguais para o5 rentes ramos da agricultura ¢ para as diferentes condicdes soci econdmicas. Em terceiro lugar, Kautsky sabe perfeitamente que “por enquanto” existem ramos da agricultura nos quais a pequena produgio 6, segundo os especialistas, capaz de competir com a grande, como por ra, a viticultura, 0 cultivo de plantas comerciais, ivos, porém, ocupam um lugar muito secundario frente 0s principais ramos da agricultura: a produglo de graos ¢ a pecudria. Ademais, “também na horticultura e na viticultura existem grandes exploragdes que se desenvolvem com bastante éxito” (p. 115). Por isso, “'se nos referimos 4 agricultura em seu conjunte (im Alleg- ‘mienen), niio devemos tomar em considerago os ramos em que a pequena produgao excede a grande, podendo afirmar com todo funda- mento que a grande produgao apresenta uma superioridade decisiva sobre a pequena” (p. 116). Depois de demonstrar a superioridade técnica da grande produc na agricultura (adiante, ao examinar as objegdes do senhor Bulgakov, exporemos os argumentos mais detalhadamente), Kautsky se pergunta: “0 que pode a pequena produgao contrapor as vantagens da grande?” E responde: “Maior esmero e maior diligéncia do lavrador, 0 qual, diferentemente do assalariado, trabs nivel to baixo de consumo do pequeno agricultor chega mesmo a ser inferior ao do operario agricol luma série de dados elogiientes referentes a situagao dos camponeses na 2 V. 1. LENIN Franga, Inglaterra e Alemanha, Kautsky assinala que a superioridade da grande produgiio manifesta-se também na tendéncia dos lavradores donos de terras a organizar cooperativas, “e a produgao cooperati- vizada é uma grande produg4o". Sabemos quanto falam das coopera- tivas de pequenos agricultores os idedlogos da pequena burguesia em geral, e em particular os populistas russos (menci ois citado livro do senhor Kablukoy). Resulta, por isso, mais significativa a excelente andlise que Kautsky faz das cooperativas. As cooperativas de pequenos agricultores sdo, certamente, um elo do progresso econd- ‘mico, mas representam a passagem ao capitalismao (Fortschritt zum Kapitalismus), endo ao coletivismo como se costuma pensar e afirmar (p. 118). As cooperativas nao enfraquecem, mas reforgam a superio- ridade (Vorsprung) da grande produgao agricola sobre a pequena, pois os grandes proprietérios tém maiores possibilidades de organizé-las ¢ aproveitam mais essas possibilidades. Kautsky reconhece, claro, de modo categ6rico, que a grande produgio comunal, coletivista, € supe- rior A grande produgdo capitalista. Detém-se examinando as experién- cias de exploragio coletiva da agricultura realizadas na Inglaterra pelos seguidores de Owen® e em comunas anilogas dos Estados Unidos da ‘América do Norte, Todas essas experiéncias, diz, demonstram irrefu- tavelmente que a gestio coletiva pelos trabalhadores da grande explo- racdo agricola moderna 6 plenamente possivel, mas para que esta possibilidade se converta em realidade requer-se “toda uma série de condigdes econ@mtens, potiticas ¢ intelectuais concretas”. O que im- pede © pequeno produtor (0 arteso e 0 camponés) de pasar & Sugdo coletiva € o infimo desenvolvimento da solidariedade e da dis plina, seu isolamento, seu “fanatismo de proprietério", notério nto ‘apenas entre os camponeses da Europa Ocidental como também, acrescentaremos, entre os camponeses “comunais” russos (lembremos ‘© que dizem A. Endelhardt ¢ G. Uspenski). “E absurdo esperar — afirma categoricamente Kautsky — que 0 camponés passe da socie~ dade moderna & produgio comunal”’ (p. 129). Este € 0 vigoraso conteiido do VI capitulo do livro de Kautsky. Sobretudo este capitulo desagrada ao senhor Bulgakov. Kautsky, diz- nos Bulgékor, comete 0 - tintos: “as vantagens técnicas confundem-se com as econémicas”. Kautsky “parte da pressuposigao errénea de que 0 método de produgio ina agricola de Ralabine, fret nussos no némero 2 (8) Kautsky, nas piginas 124 1 126, des da qual, digavse de passagem, o senhor Dioneo dda Russkoie Bogotsie deste ano. A QUESTAOAGRARIA 9a mais perfeito do ponto de vista técnico & ao mesmo tempo o mais perfeito, isto é © mais eficaz do ponto de vista econdmico”. Esta maxima categ6rica do senhor Bulgakov carece de todo fundamento, ‘como certamente 0 leitor jé se pode convencer através da exposigio que fizemos da argumentacio de Kautsky. Sem confundir, absolutamente, fa técnica e 2 economia,’ Kautsky conduz-se muito acertadamente ao investigar o problema da correlacdo entre a grande produgo agricola ¢ a pequena, quando as demais condi¢ées sdo iguais, na economia capi- talista, Na primeira frase do primeiro item do capttulo VI Kautsky jd aponta claramente esta rela¢do entre o nivel de desenvolvimento do capitalismo e o grau de aplicacdo geral da lei que estabelece a supe- capitalista se que estabe- lece entre a técnica da pequena ¢ da grande prod: agricultura pré-capitalista inexistia tal diferenga qu demos dizer da severa admoestago que 0 senhor Bulgékoy dirige a ‘Kautsky? ‘Na verdade — garante — o problema deve ser proposto da seguinte forma: que significado podem ter para a concorréneia entre a grandee a pequena produgio, nas condicdes sociais e econdmicas exis- tentes, as iades de cada uma destas formas de produc?" Trata-se de uma ‘‘corregio" do mesmo tipo da que exa- minamos mais acima. Vejamos agora como o senhor Bulgikoy refuta os argumentos de Kautsky em favor da superioridade técnica da grande produco agri- cola. Kautsky diz: Uma das diferencas principais entre a agricultura a inddstria consiste em que naquela a producto propriamente dita (1) A tinica coisa sobre a qual o senhor Bulgikoy poderia terse apoiado € o cirwlo que Kautsky dew a0 primeiroitem do VI cepi ) Superioridade Técnica da Gran Produgo": spo nele te fala das vantagens téenices e econbaieas da grands produgio, Por acaso iso sigoifica que Kautsky confunde a teen sinda seria preciso ver sc a expressto empregada por Kautsky é inexata, ‘Progresso na técnica do erédito (e mais adiante ao progresso na técnica do {Que 46 exté a0 aleance do grande proprietirio agricola. No item 6), pelo fatase de comparsr a quantidade de trabalho ¢ a5 normas de consumo do trabalhador na pequena e na grande produelo. Aqui, conseqdentemente, sto exami- nadas as diferengas puramente econémicas entre a pequena e a grande produgdo. A.eco- omia do crédito ¢ do comércio & a mesma pata as duas, mas a técnlcs é distin. 94 V.1, LENIN (Wirtschafisbetrieb, empresa econdmica) aparece comumente economia doméstica (Haushalt), 0 gue nio ocorre na indistri creio que seja preciso demonstrar que a grande economia doméstica é superior & pequena no que se refere A economia de traballio'e mate- riais... A primeira adquire (vejam bemt V. I.) “querosene,-chicéria ¢ ‘margarina por atacado; a segunda, no varejo, ete.” (p. 93). “Correcio” do senhor Bulgakov: "Kautsky nao quis dizer que € mais vantajoso do ponto de vista téenico, mas que custa menos!...” Nio fica evidente, neste caso (como em todos os demais), que 0 intento de, Bilgékov de “corrigit” Kautsky é mais que infeliz? “Este argumento, prossegue 0 rigoroso eritico, é também, de per si, muito duvidoso, porque, em de- terminadas condigSes, o valor das ‘‘isbas” individuais pode fido entrar no valor do produto, mas entraré, sim, ¢ com juros, o da “isba” comum. Isto depende também das condicdes sociais ¢ econdmieas, que ‘so as que se deveriam estudar, ¢ no as supostas vantagens técnicas da grande producao sobre a pequena..." Em primeiro lugar,-0 senhor Bulgakov esquece um detalhe, o de que Kautsky, depois de investigar a importancia relativa da grande e da pequena produgbes, quando as demais condigdes so iguais, analisa também estas condigbes detalha- damente. Em conseqdéncia, 0 senhor Bulgakov quer enfiar-po mesmo saco questBes diferentes. Em segundo lugar, como o valor:das “‘isbas"” camponesas pode nio entrar no valor do produto? S6 se o.camponés “nao levar em conta’ o valor de sua madeira ou de seu trabalho despendido na construgio e reparagiio da “‘isb4”". Como 0 camponés ainda mantém uma economia natural, pode, € claro, “‘ndo levar em conta” seu trabalho, e o senhor Bulgakov faz, mal em se esquecer de dizer a0 leitor que Kautsky assim 0 assinala com toda a clareza e pre~ cisdo nas pdginas 165-167 de seu livro (cap. VIII, “A Proletarizagao do Camponés"). Mas de que se trata agora é das “‘condigtes sociais eéondmicas” do capitalismo, e nao da economia natural, nem da mer- cantil simples. “Nao levar em conta” o. préprio trabalho no regime social capitalista significa entregd-lo gratuitamente (ao comerciante ou @ outro capitalista), significa trabathar por uma remuneragdo incom- pleta da forca de trabalho, significa reduzir 0 nivel do consumo abaixo do regular. Como vimos, Kautsky reconheceu plenamente e julgou com corregdo esta particularidade da pequena produsao. Ao fazer objegdo a0 dito por Kautsky, 0 senhor Bulgakov recorre ao método usado ‘comumente pelos economistas burgueses e pequeno-burgueses, erepete o erro habitual destes. Tais economistas nao se cansam de louvar a “yitalidade” do pequeno camponés, que, na opinido deles, pode nao levar em conta seu trabalho, no buscar o ganho e a renda, ete. Estas AQUESTAO AGRARIA 98 boas pessoas apenas se esquecem que tais raciocinios confundem as “condigdes sociais e econdmicas” da économia natural, da producao mercantil simples e do capitalismo, Kautsky esclarece admiravelmente * todos estes erros, estabelecendo uma rigorosa distingdo entre os dif rentes sistemas de relagBes sociais e econdmicas. “Se « produeio agri- cola do pequeno camponés — diz Kautsky — néo foi incorporada a Grbita da produgdo mercantil, se é apenas uma parte da economia domeéstica, entdéo também permanece d margem das tendéncias centra- Tizadoras do modo de produgdo moderno. Por irracional que seja sua ‘economia parcelar, por maior que seja o desperdicio de forgas que esta implique, ele se aferra solidamente a ela, do mesmo modo que sua mulher se aferra a sua calamitosa economia doméstica, a qual, com um gasto ingente de forga de trabalho, proporciona-Ihe, exatamente da mesma forma, resultados misérrimos, mas que constitu a dinica estera fem que ela nio se encontra submetida a uma vontade alheia ¢ se acha livre de exploragio” (p. 165>-Asttumglie muda quando a economia natural é desalojada pela mercantil. O camponés tem que vender os produtos, adquirir petrechos, comprar terra. Enquanto 0 camtponés continuar sendo um simples produtor de mercadorias, pode contentar- se com o nivel de vida de um trabalhador assalariado; ndo necessita de lucros nem de rendas, e pode pagar pela terra um prego mais alto que 0 ‘que o capitalista empresério poderia dar (p. 166). Mas a produgao mercantil simples & substituida pela produgéo capitalista. Se, por ‘exemplo, o camponés hipotecou sua terra, deve obter também a renda que foi vendida ao credor. Nessa fase do desenvolvimento, somente de uum modo formal pode-se considerar 0 camponés como um simples produtor de mercadorias. De facto, ele ji tem que, habitualmente, tratar com 0 credor, com © comerciante, com 0 patrio industrial, 0 qual deve pedir uma “‘ocupagio auxiliar”, isto é, vender-Ihe sua forca de trabalho. Nesta fase — e, voltamos a repetir, Kautsky com- para a grande e a pequena producto agricola na sociedade capi — a possibilidade de “nao levar em conta o préprio trabalho” significa ‘uma s6 coisa para o camponés: trabalhar até oesgotamento € reduzir incessantemente seu consumo. ‘Sdo da mesma forma inconsistentes as outras objegdes do senhor Bulgakov. A pequena produgao admite, em limites mais estreitos, o ‘emprego de maquinas; ao pequeno agricultor, the é mais dificil ¢ mais caro obter créditos, diz Kautsky. O senhor Bulgakov considera que estes argumentos so falsos e se remete as... cooperativas camponesas! E, ao mesmo tempo, nem uma s6 palavra acerca das provas apre~ sentadas por Kautsky, cujo raciocinio sobre essas cooperativas ¢ seu

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