Você está na página 1de 23
Workshop Fluidos Frigorificos Alternativos para Equipamentos de Refrigeragdo Comercial DIOXIDO DE CARBONO CcO2 25 DE ABRIL DE 2019 Autores: Eng. Edgard Soares Pinto Neto - Especialista Nacional em Refrigerac3o do Projeto RAC - UNIDO Eng. Enio Bandarra - Consultor Eng. David Marcucei - Consultor Revisdo Técnica: Frank Amorim - Analista Ambiental do Ministério do Meio Ambiente Coordenagao: Magna Luduvice — Analista Ambiental do Ministério do Meio Ambiente ‘Sérgia de Souza Oliveira - Consultora Nacional do Projeto RAC - UNIDO Este documento f elaborado pela equipe técnica do Projeto de Refrigeracéo e Ar Condicionado, PROJETO RAC, no 4mbito do Programa Brasileiro de Elimina¢o dos HCFCs (PBH) — Etapa 2, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado pela Organizagao das ages Unidas para o Desenvolvimento Industrial. Todas as atividades e procedimentos a serem realizados no escopo do assunto abordado nese Boletim Técnico séo de inteira responsabilidade do executor das atividades, cabendo a este buscar informagées adicionais, realizar treinamentos, adotar os procedimentos de seguranca necessarios e legais e usar as ferramentas compativeis com a alternativa selecionada. Este Boletim nao deve ser a unica referéncia sobre o assunto uma vez que nao contém informacdes detalhadas para qualquer execugdo e no se caracteriza como um treinamento. 1 Protecao da Camada de Oz6nio ‘0 o76nio (Os) é um dos gases que compdem_ a atmosfera e cerca de 90% de suas moléculas se concentram entre 20 e 35 km de altitude, regio denominada Camada de Ozénio. est no fato de ser Aimportancia do Oz61 © Gnico gas que filtra 0 excesso de radiac3o ultravioleta do tipo B (UV-8), que é nociva aos seres vivos. A exposicao a esta radiacdo est associada aos riscos de danos & visio, a0 envelhecimento precoce, 8 supressio do sistema imunolégico e ao desenvolvimento do céncer de pele. Os raios ultravioletas também causam prejuizos nos estégios iciais do desenvolvimento de peixes, camardes, caranguejos e outras formas de vida aquaticas, além de reduzir a produtividade do fitoplincton, base da cadeia alimentar aquatica, provocando desequilibrios ambientais. ‘A camada de oz6nio comecou a sofrer com 08 efeitos da poluicSo crescente provocada pela industrializagao mundial, em especial a utilizagao de produtos quimicos como Halon, Tetracloreto de Carbono (CTC), Hidroclorofluorcabono (HCFC), Clorofiuorcarbono (CFC) e Brometo de Metila. Essas substéncias, quando liberadas no meio ambiente, deslocam-se atmosfera acima, degradando a camada de oz6nio por meio de uma reagio quimica entre étomos de bromo ou cloro e a molécula de oz6r © “buraco da camada de ozénio” é 0 fenémeno de queda acentuada na concentrago do oz6nio. AS substancias ‘quimicas que a degradam séo denominadas “Substéncias Destruidoras da Camada de Oxénio” (S005). Em 1985, um conjunto de nagées se reuniu na Austria manifestando preocupac3o técnica e politica quanto aos possiveis impactos que poderiam ser causados com 0 fenomeno da reducéo da camada de oz6nio. Nesta ocasido foi formalizada a Convencao de Viena para a Protecdo da Camada de Ozdnio que propiciou a pactuacdo do Protocolo de Montreal sobre Substdncias que Destroem a Camada de Ozénio no ano de 1987. Esse tratado objetiva proteger a camada de oz6nio por melo da eliminagdo da produgdo e do consumo das SDOs e & 0 Unico acordo ambiental multilateral com —adoco universal, tendo 197 Estados Partes, sendo um deles o Brasil, cuja adesio data de 1990. Para a adequada implementacio do Protocolo de Montreal, foi criado o Fundo Multilateral (FML), mecanismo financeiro que prové assisténcia técnica e financeira aos paises em desenvolvimento (caso do Brasil), contribuindo para a eliminagao do consumo das SDOs de acordo com os cronogramas especificos de eliminag3o de cada substéncia quimica controlada. Na 19? Reunigo das Partes do Protocolo de Montreal ocorrida em setembro de 2007, as Partes decidiram, por meio da Deciséo XIK/6, antecipar os prazos de eliminagao da consumo — dos HCFCs, considerando que essas substancias, além do potencial de destruico da camada de oz6nio, possuem alto potencial_ de aquecimento global. Programa Brasileiro de Eliminacao dos HCFC (PBH) producdo ee = do Hidroclorofiuorcarbonos = — Com 0 objetivo de desenvolver agées para controlar e eliminar © consumo dos HCFCs no Brasil, foi elaborado o Programa Brasileiro de Eliminacao dos HCFCs (PBH). Dividido em trés etapas (Etapa 1, Etapa 2e Etapa 3), 0 PBH é 0 documento que apresenta 0 diagnéstico do consumo dos HCFCs no Pais e define as diretrizes e ages a serem executadas para a eliminagdo dessas substancias no Brasil até 2040, adotando a estratégia de redugdo escalonada de seu consumo segundo 0 cronograma abaixo: 2013 ‘Congelamento do consumo dos HCFCs (Linha de Base") Etapa 2015 Reducdo de 16,6% do consumo de HCFCs sobre a L8 tapa2 2020 Redugao de 39,3% do consumo de HCFCs sobre a LB 2021 Redugdo de 51,6% do consumo de HCFCs sobre a LB 2025 Reducdo de 67,5% do consumo de HCFCs sobre a LB Etapa3_ 2030 Reduco de 97,5% do consumo de HCFCs sobre a LB® 2040 Eliminaco do consumo de HCFCs Fonte: _http://mma gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio/acoes-brasileiras-para- protecao-da-camada-de-ozonio/programa-brasileira-de-eliminacao-dos-hefes-pbh * Linha de Base (LB) correspondente 8 média do consumo de HCFCs para os anos de 2009 e 2010 ® Consumo residual de 2,5% somente para o setor de servico de refrigeragao. A tapa 1 do PBH esté no ultimo ano de sua implementacdo, tendo sido iniciada em 2012 com © objetivo de cump: de 16,6% em 2015. as metas de congelamento do consumo de HCFCs em 2013 e a reduciio Em 2014, 0 Governo Brasileiro coordenou as agdes de coleta de dados e informagdes para a elaboracdo da Etapa 2, que contempla 0 diagnéstico do consumo de HCFCs entre os anos 2009 ‘42013 nos diversos setores que utilizam estas substancias e apresenta a estratégia a ser adotada pelo Brasil para a reduco de HCFCs nos anos de 2020 e 2021. A Etapa 2 do PBH prevé a reducdo de 39,3% de HCFCs em 2020 e de 51,6% em 2021, conforme estabelecido pela Instrugéo Normativa Ibama n® 04, de 14 de fevereiro de 2018”. (© Ministério do Meio Ambiente (MMA) 0 coordenador do PBH e conta com o apoio do IBAMA no controle da importago e da exportacdo dos HCFCs e das agéncias implementadoras (PNUD, UNIDO e Giz) nas acdes previstas para auxiliar financeira e tecnicamente o setor produtivo brasileiro que utiliza HCFCs na migraco para alternativas tecnolégicas que no degradam a camada de oz6nio e possuem baixo impacto ao sistema climatico global. Este material técnico faz parte das agdes da Etapa 2 do PBH, especificamente do seu Componente 3, que trata dos projetos de conversa industrial para o setor de manufatura de equipamentos de refrigera¢ao e ar condicionado cujo objetivo é promover a eliminag3o de 1.110,04 t SDO de HCFC-22 (61,06 t PDO) até 2021. 2 Objetivo Este boletim tem por objetivo reunir informages basicas sobre o didxido de carbono (C02) ea sua aplicacao como fluido frigorifico. As informagdes que constam neste boletim visam auxilier técnicos e engenheiros de refrigera¢ao, bem como pessoas responsdvels pelo processo de 1 Fonte: _http://mww.mma.gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio/programa-brasileiro-de- eliminacao-dos-hefes/documentacao. http://pesquisa.in.gov-br/imprensa/jsp/visualiza/index jsp?data=16/02/20188jornal=515&pagina=67&t otalArqui vos=126 tomada de decisio, para a conversao de equipamentos de refrigerac3o para 0 uso do CO2 como fluido frigorifico. Desta forma, este boletim contém informagées a respeito do fluido natural diéxido de carbono (CO2) € das regulamentagdes existentes. Aborda questées relacionadas 4s modificagées necessérias nos equipamentos e nas fébricas, mais precisamente na érea de manufatura; sugere ‘algumas medidas fundamentais para os servicos em campo e destaca aspectos relacionados & seguranca e aos custos. Destaca-se que este Boletim ndo pretende ser a unica e completa referéncia sobre o assunto, assim, todas as atividades e procedimentos a serem realizados so de inteira responsabilidade das empresas, cabendo-as buscar outras informacées disponiveis, bem como realizar treinamentos adequados, adotar 0s procedimentos de seguranca necessérios e legais usar ferramentas compativeis com a alternativa selecionada 3 Historia e caracteristicas basicas dos fluidos frigorificos Resumidamente, a historia do uso dos fluidos frigorificos pode ser apresentada observando 0 desenvolvimento da tecnologia e 0 impulso dado por descobertas globais sobre os efeitos adversos dessas substdncias para o homem e o meio ambiente. Geragdes dos Fluidos Frigorificos — Histérico A refrigeragao e a climatizacao de ambientes so uma das mais importantes criagdes da civilizagdo moderna e é tida como uma das maiores realizagdes de engenharia do século 20. A possibilidade de armazenar alimentos resfriados ou congelados impulsionou metodologias para armazenar gelo. Segundo relatos historicos, a primeira demonstracio cientifica para producéo de gelo foi executada por Willian Cullen por volta de 1748, que utilizou éter como fluido frigorifico, uma vez que essa substancia é capaz de absorver calor, vaporizar e criar gelo’. Jacob Perkins, em 1834, foi o responsavel pela primeira patente de um ciclo de refrigeracao, Utilizando o éter etilico®, James Harrison, entre 1856 e 1857, obteve patentes britdnicas ao crier um equipamento utilizando o principio da refrigeragdo por compressdo mecanica. A partir deste momento diversas maquinas comecaram a ser criadas e diversos fluidos frigorificos comecaram asertestados. Este primeiro momento ficou conhecido como a primei aproximadamente um século, de 1830 2 1930, tendo sido marcado pela utilizac3o de fluidos {rigorificos naturais, como a am6nia (NH:), 0 diéxido de carbono (CO:), 0 propano (R-290) e o isobutano (R-600a). O critério de escolha do fluido dependia da sua disponibilidade e de qual substncia funcionava melhor de acordo com 0 tipo de aplicago. Destaca-se que nesta época 0 desenvolvimento tecnolégico € 0 conhecimento a respeito dos fluidos ainda eram limitados, bem como a disponibilidade de componentes e solugdes compativeis com essas substncias. Em um segundo momento, por volta de 1920, impulsionado pelo desenvolvimento industrial e pela disponibilidade de sistemas de refrigeracdo totalmente herméticos, os refrigeradores domésticos comecaram a ser desenvolvidos e fabricados, mas esses equipamentos ainda * http://www.greatachievements.org/ “ttp:// http://wwrw.mmea.gov-br/estruturas/ozonio/_publicacao/130_publicacao24082011121500.pdt precisavam de um fluido frigorifico adequado a realidade da época. Por volta de 1926, 0 primeiro {uido frigorifico sintético, o CFC-12 (clorofluorcarbono 12) foi desenvolvido por Thomas Midgley Jr. Os CFCs ganharam mercado rapidamente, tanto em aplicagées industriais como residenci pois eram termodinamicamente eficientes ¢ nao eram inflamaveis nem téxicos, solucionando importantes problemas de seguranga. ‘A popularidade dos CFCs criou um cenério favorével @ ampliago de sua utilizag3o em novas aplicagdes, aumentando também 0 campo de pesquisa e o desenvolvimento tecnolégico que, com o passar dos anos, culminou no surgimento de novas alternativas, tais como os HCFCs, e mais tarde, 0s HFCs. Nos anos 70, cientistas apresentaram estudos demonstrando que 2 destruigdo da camada de oz6nio estava diretamente relacionada com a utilizacdo dos CFCs. A segunda geracao de fluidos frigorificos durou entre 1930 e 1990 e foi marcada por um forte desenvolvimento tecnoldgico e pela seguranga e durabilidade dos sistemas de refrigeracao e ar condicionado. 0 fim da segunda geracio de fluidos frigorificos esté relacionado ao advento do Protocolo de Montreal sobre Substancias que Destroem a Camada de Oz6nio, que promoveu a eliminaco dos CFCs e vem promovendo a eliminagio dos HCFCs. 2019: Kia e 6 6.,: 1970; Dexcoberta da destrugdo «da comada de Oxénio Figura 01: Breve histéria dos refrigerantes ao longo dos anos. A terceira geragio de fiuidos é marcada pelo aumento da conscientiza¢3o ambiental & contribuiu, em mbito global, para auxiliar 0 processo de eliminagdo dos CFCs e vem contribuindo também para a eliminacao dos HCFCs, uma vez que as alternativas disponiveis, tais ‘como 0 HFCs ¢ fluidos naturais, no contribuem para a degrada¢io da camada de ozénio. No entanto, os Hidrofluorcarbonos (HFCs) so, em sua maioria, substdncias de alto impacto para o sistema climatico global, e, em virtude disto, entraram para a lista de substancias controladas pelo Protocolo de Montreal, apds a aprovacao da Emenda de Kigali‘, em 2016. No Brasil, em um 5 Emenda de Kigali: institui o controle dos HEC no mbito do Protocolo de Montreal e estabelece cobrigacées de reducSo (phase-down) gradativa de seu consumo e produgéo, tendo como referéncia uma linha de base previamente determinada. Entrou em vigor em 01 de janeiro de 2019. No Brasil, 0 texto da futuro préximo, espera-se que 0s HFCs passem a ter seu consumo controlado e reduzido. A Figura 01 descreve a evolugao histérica dos fluidos frigorificos ao longo dos anos. io dos Alternativamente, nos anos iiltimos anos 0s fluidos naturais, impulsionados pelo domi sistemas de refrigeracdo, pelo desenvolvimento tecnolégico, pela disponibilidade de ‘componentes e pela existéncia de ferramentas compativeis, voltaram a ganhar forca como alternativas sustentaveis. ‘Além dos fluidos naturais, a inddstria quimica tem se empenhado no desenvolvimento de novos fluidos que no agridam a camada de oz6nio, possuam baixo impacto ao sistema climatico global e ndo apresentem elevado grau de inflamabilidade e de toxicidade. Breve Histérico do Diéxide de Carbono (0 didxido de carbono (C0,) foi um agente natural usado extensivamente no passado como fluido ico em sistemas de refrigerac3o do tipo de compressio, sobretudo nos quarenta anos iniciais do século pasado. Apés a Segunda Guerra Mundial 0 CO; entrou em desuso, mas no passado recente sua utilizagio voltou a ser estudada devido as suas. propriedades termodindmicas e por questées ambientais. Atualmente este fluido é amplamente investigado «e estudado para uma variedade de aplicacdes. primeiro relato do uso de CO» é datado de 1835, quando o fisico francés Thilorier utilizou 0 didxido de carbono para resfriar 0 merctirio. Em 1867, o inventor americano Lowe descreveu ‘que 0 CO; poderia ser utilizado em aplicagdes de refrigeragdo, e em 1886, Franz Windhausen foi responsdvel por patentear o primeiro compressor especifico para CO2, Estes foram os marcos iniciais da utilizago do CO2 como fluido frigorifico, e deste entio sua aplicacao se expandiu, ‘assim como 0 niimero de fabricantes de compressores ¢ componentes compativeis com esta substancia, Atualmente € utilizado em diversas aplicagdes do setor de refrigeracdo e aquecimento, sendo os sistemas de refrigeracdo subcritico e transcritico em instalacdes de supermercadas as aplicagdes de maior destaque. Essas aplicacdes sero descritas a seguir.® Mas 0 que so realmente os fluidos frigorificos e quais sao as suas caracteristicas? 0s fluidos frigorificos s8o substéncias usadas para transferéncia de calor em um sistema de refrigeracdo, absorvendo o calor de uma fonte fria e o transferindo para uma fonte quente, com maior temperatura e pressdo (ver Figura 02). Esse processo ocorre, usualmente, com mudana de fase”, Conforme apresentado anteriormente, os fluidos frigorificos HCFCs tero seu consumo reduzido até sua completa eliminag3o em 2040. Atualmente, existe uma grande variedade de fluidos sorificos alternativos a0 HCFC-22. Na Norma brasileira ABNT NBR 16666:2018 esto listados a designagio e classificag%o de seguranga de uma grande variedade de fluidos frigorificos existentes. Entre as substancias alternativas a0 HCFC-22, destacam-se os HFCs, hidrocarbonetos (HCs), ‘aménia (R-717), diéxido de carbono (R-744), HFCs insaturados (comercialmente chamados de Emenda encontra-se no Congresso Nacional e uma ver aprovado seré depositado na ONU e promulgado pelo Presidente da Republica § Cavallini, A. and Zilio C,Carbon dioxide as a natural refrigerant, international Journal of Low-Carbon Technologies, Volume 2, Issue 3, uly 2007, Pages 225-249, ? ABNT NBR 16666:2018 -Fluidos frigorificos — DesignacBo e clssiicaclo de seguranca HFOs). Cada uma dessas substncias possui caracteristicas particulares e devem ser avaliadas Condensador Dispositivo ‘Compressor de expanséo quanto as restrigdes de uso. Evaporador Figura 02: Sistema de refrigeraco A selecdo de um fluido frigorifico para determinado sistema de refrigeracdo ou de condicionamento de ar é ura das mais importantes etapas de um projeto. A substéncia a ser escolhida deve levar em consideracdo os custos envolvidos e a eficiéncia do sistema, bem como ‘05 impactos ambientais, de seguranga e de confiabilidade, ‘Com a finalidade de tomar uma decisdo correta com rela¢do & escolha mais apropriada de um fuido frigorifico, hd a necessidade de avaliar os varios fatores e as propriedades das alternativas disponiveis. Os critérios mais importantes para a selecdo de uma tecnologia e fluido frigorifico 80 os seguintes:® Disponibilidade; frigorifico / lubrificante com os Custo/beneficio; componentes e materials do Ter propriedades termodinamicas ¢ equipamento; de transferéncia. de calor ‘* _ Inflamabilidade (seguranca); favoraveis; *Toxicidade (seguranca); © Ter elevado calor latente de + Aceitagao do Mercado; © Requisitos e condigdes de servicos de pés-venda; © Requerimentos para fornecimento vaporizacao; © Pressio — de_-—condensagiio moderada; ‘© Evaporar-se a presses acima da atmosférica; equipamento; * Elevada eficiéncia energética; + Ser quimicamente estavel; + Reduzido impacto ambiental, © No ser corrosivo; incluindo os danos @ camada de © Lubrificante compativel com o oz6nio e o impacto direto e indireto fluido frigorifico (solubilidade); ao sistema climatico global. '* Compatibilidade do _fluido Atualmente, considerando os compromissos assumidos pelo Brasil, que incluem os aspectos ambientais, os fluidos frigorificos adequados devem possuir zero potencial de destruigao da © MMA. Programa Brasileira de eliminac3o de HCFC ~ ETAPA2, ANEXO 12.1. Disponivel em ‘camada de ozénio (0 PDO, da sigla, Potencial de Destruicdo da Camada de Ozdnio), e devem apresentar baixo potencial de aquecimento global (baixo GWP, da sigla em inglés, Global ‘Warming Potential). ‘O Comité de Opedes Tecnoldgicas para Refrigerac3o, Ar Condicionado e Bombas de Calor - RTOC (UNEP, 20147), do Protocolo de Montreal, adota a classificac3o apresentada na Tabela 01 como indicativa do potencial de aquecimento global dos fluidos frigorificos. Tabela 01. Classificacdo dos niveis de GWP. Gwe Classificagao <30 Ultra-baixo ou Desprezivel < 100 Muito baixo < 300 Baixo 300-1.000 Médio > 1,000 Alto > 3.000 Muito alto > 10.000 Ultra-alto 4 Diéxido de Carbono (CO) © Didxido de carbono (CO2) 6 um fluido 100% natural, sua concentra¢io na atmosfera & aproximadamente 0,04% em volume. 0 COs ¢ liquefeito, incolor, inodoro e nao ¢ inflamavel. € produzido industrialmente a partir de processos da industria petroquimica ou via queima de combustiveis fosseis. uso de fluidos frigorificos naturais, como o diéxido de carbono (R-744), em aplicagdes de refrigeraco e bombas de calor tem ganhado popularidade nos iltimos anos em decorréncia do cronograma de eliminag&o dos HCFCs e da previsio de reducéo do consumo de HFCs. Diversas ‘empresas, localizadas principalmente na Europa, Japdo e Estados Unidos, tém adotado este fluido frigorifico, destacando mais especificamente as seguintes aplicacdes: chillers em aplicagées para supermercados nas condicBes subcritica e transcritica e bombas de calor. Esses equipamentos possuem custo final elevado, mas em paises com clima frio essas aplicagies Possuem um retorno de eficiéncia energética que justifica tal investimento. Essas aplicacdes foram aprimoradas e ajustadas para serem utilizadas em paises com temperaturas mais elevadas, como o Brasil”, © CO, também € utilizado comercialmente para outras aplicacSes de refrigeracdo e ar condicionado, tais como unidades condensadoras e ar condicionado automotive ‘Além das aplicagées listadas anteriormente, 0 CO é utilizado em bebidas carbonatadas, em agentes extintores de incéndio, aplicagdes industriais tais como resfriamento e congelamento de alimentos e aplicagdes medicinais. A Figura 03 apresenta a forma molecular do CO. ° UNEP (2014). 2014 Report of the Refrigeration, Air Conditioning and Heat Pumps, Technical Options Committee of Montreal Pratacol. Nairobi, Kenya. ® Atualmente o Brasil possui mais de 300 sistemas de COr subcritico © 13 sistemas de transcritico instalados em supermercados. Figura 03: molécula do Diéxido de carbono (CO2)"* Caracteristicas Termodindmicas do CO, © CO: possui alto ponto triplo e baixo ponto critico quando comparado com outros fluidos {rigorificos. O ponto triplo & a condi¢do determinada por valores de temperatura e presto onde as fases sélida, iquida e gasosa coexistern. 0 ponto critico € uma condi¢go dada a uma temperatura e uma pressdo, onde ndo existe distingdo entre a fase Iiquida e gasosa (31,1 °C, 73,6 bar). Acima de -56,6 °C e & pressdo atmosférica normal (101,3 kPa), 0 CO, encontra-se na fase vapor €, abaixo dessa temperatura, & torna-se uma substéncia branca, sélida, conhecida como gelo seco. 0 ponto triplo do CO2 ocorre & pressio de 5,2 bar e & temperatura de -56,6 °C. A Figura 04 mostra o diagrama de fases do diéxido de carbono. 1000, Ponto Critico (31,1 °C; 73,8 bar) Pressio [bar] 10, Vapor Ponto Triplo (-56,6 °C; 5,2 bar) 80 -70 -60 -50 -40 -30 -20-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90100 ‘Temperatura [°C] Figura 04 - Diagrama de fase do Didxido de carbone (adaptado”). nttps://www quora.com/Why-is-CO2-non-polar ® Danfoss, Transcritical Refrigeration Systems with Carbon Dioxide (C02): How to design and operate a ssmall-capacity (< 10 kW) transcrtical CO2 system. Quando em operacao préxima do ponto triplo, a expansao do vapor pode gerar gelo seco, contudo, CO; nao dilata como a agua quando se torna sélido, assim ndo gera perigo de romper a tubulagao. © ponto critico, temperatura/presséo acima da qual no é possivel mais condensar a substancia, Para 0 CO2 é de 31,1 °C e 73,8 bar. Quando a substancia se aproxima desse valor, a densidade do liquido e vapor se tornam préximas uma da outra, sendo que acima deste nao ha diferenca visual entre as fases de liquido e vapor. Por possuir um ponto critico em, relativamente, baixa temperatura e alta presséo, a solucéo de um sistema cascata torna-se uma boa alternativa ao uso deste fluido. A alta pressdo de operacdo/saturagao leva a uma alta densidade de vapor, reduzindo o volume especifico do fluido, o que resulta em equipamentos menores. Essa alta pressio de vapor resulta também em. maior capacidade de refrigeragao volumé HFC e HC.” , sendo esta de 3 a 10 vezes maior que os HCFC, 160 100 g 8 x 8 CICLO SUBCRITICO 20 Pressao [bar] 50 150 250 350 450 550 Entalpia [kJ/kg] Figura 05 - Diagrama Pressdo x entalpia do CO2"*, ‘A Figura 05 mostra o diagrama pressio x entalpia, em valores préximos aos usuais de operac3o subcritica e transcritica. As aplicagées subcriticas e transcriticas sero apresentadas mais, adiante, na seco projeto de equipamentos. KIM, Man-Hoe; PETTERSEN, Jostein; BULLARD, Clark W. Fundamental process and system design issues in €O2 vapor compression systems. Progress in energy and combustion science, v. 30, n. 2, p. 119-174, 2004, ™ https://repositorio.ufu-br/bitstream/123456789/19110/1/AvaliacaoExperimentalSistema.pdf Principais vantagens do CO2: + Zero potencial de destruigao da camada de ozdnio (PDO=0); + Potencial de aquecimento global desprezivel (GWP=1); + N30 é inflamavel (A1); + N30 € téxico (A1); + N30 6 corrosivo; + Alternativa abundante no meio ambiente; + Baixo custo; Principais desvantagens: * Opera em elevadas pressdes; + Requerem — componentes, como compressores @ tubulacdes, especiais, devido as altas presses de operacao; + Projeto do sistema requer mao de obra qualificada; Grupo de seguranca do CO2 + Nao hd necessidade de recolher o fluido durante uma manutens3o ou no descarte do equipamento; + Excelente miscibilidade com dleos lubrificantes; + Alta capacidade de _refrigeracao volumétrica; + Baixa queda de pressao em tubulacdes e trocadores de calor. + Custo elevado; + Risco de asfixia caso ocorra_ um vazamento de CO: em ambientes confinadas. + Pouca disponibilidade de técnicos capacitados. A dassificagao de seguranca do CO2 é Al". A letra maidiscula indica a toxicidade e 0 algarismo ardbico denota a inflamabilidade. Toxicidade: '* “A” indica que 0 fluido frigorifico ndo é téxico em concentragBes abaixo de 400 ppm. ‘+ "BY indica que 0 fluido frigorifico ¢ téxico em concentracdes abaixo de 400 ppm. Inflamabilidade: ‘© Classe 1: no propaga chamas; '* Classe 2: baba inflamabilidade; '* Classe 3: altamente inflamavel. ‘Tabela 02 ~ Classificagao de seguranca de fluidos frigorificos Toxicidade Classificago ClasseA | Classe 8 4 Classe 1 AL BL 2 a2 82 = Classe 2 E Aa B2L = Classe 3 a3 83 Conforme o critério de classificacao de seguranca apresentado, 0 didxido de carbono (C02) néo 6 téxico e ndo é inflamavel. % Norma ISO 5149: 2014 - Refrigerating systems and heat pumps - Safety and environmental requirements. Identificago Numero da ONU"®: 1013'7 Classe de risco: 2 - gas nao inflamaveis Numero de risco: 20 © Familia quimica: Oxido © Formula molecular: CO Aparéncia © Gas comprimido liquefeito ou sélido; ‘Sem coloragio; * Sem odor, algumas pessoas chegam a sentir 0 odor e o descrevem como ungente; ‘* Produz nuvem de vapor visivel. Informagdes sobre intoxicagéo humana"? ‘Massa molar" 44,0 g/mol Risco ao fogo * Nao ¢ inflamavel; + 05 recipientes podem explodir, quando aquecidos; ‘+ Esfriar os recipientes expostos, com agua. Toxicidade: NR 15 -Anexo 11: 3900 ppm ou 7020 mg/m*, para jornadas de trabalho de até 48 horas/semana, ites de Recomenda-se também ver tolerdncia na ACGIH e NIOSH. Tipo de contato ‘Sindrome téxica Tratamento Se inalado, causaré tontura epee ou dificuldade respiratéria Liquide Causard enregelamento. Mover para o ar fresco. Se a respirago for dificultada, dar oxigénio. Lavar as reas afetadas com muita agua, Nao esfregar as areas afetadas. Limite pratico: ( limite pratico de um fluido frigorifico é uma concentragao utilizada para simplificar o cdlculo para determinar a maxima quantidade aceitavel de fluido frigorifico em um espago ocupado™. O limite pratico do CO2 € 0,1 ke/m?. Grau de pureza Recomendagdes quanto ao grau de pureza devem ser verificadas junto aos fornecedores dos principais componentes do sistema de refrigeraco e nas respectivas normas. Em aplicacbes de R-744 (CO,), 6 recomendado a utilizagdo do didxido de carbono com pureza maior ou igual a 99,95”, em massa. 0 niimero ONU & uma sequéncia numérica de ‘quatro digitos determinada pela Organizacdo das Nagées Unidas (ONU) para identificar produtos quimicos e/ou produtos que oferecem perigo a vida, Este numero fica na parte inferior do painel laranja (0 painel de seguranca). Pode ser definido como 0 RG de um produto perigoso. "https: //sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produt ‘5/ficha_completat.asp2consulta=DIKC3%93X DO%20DE%20CARBONO + Norma ISO 5149 - Refrigerating systems and heat pumps - Safety and environmental requirements. *httpsi//sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/produt s/ficha_completat asp?consulta=DI%4C3%93XI DO%20DE%20CARBONO 2 Norma ISO 5149- Refrigerating systems and heat pumps - Safety and environmental requirements, 3 ARI 700:2017 — Specifications for Refrigerants. 5 Normas ‘As normas, regulamentagSes e instrucdes técnicas possuem papel importante quando se opta por adotar um novo fiuido frigorifico, principalmente em relac3o ao quesito seguranca. No caso do R-744, o principal cuidado ao se projetar ou executar algum tipo de servico em um ‘equipamento so as pressdes do sistema, que sdo bastante elevadas. A seguir so apresentadas as principais normas, além de uma orientac3o a respeito das instrugdes técnicas do corpo de bombeiros. Esta lista ndo é exaustiva e os responsdveis pelos equipamentos de refrigeracao devem verificar a existéncia e validade das normas pertinentes 4s atividades a serem desempenhadas. Normas ABNT = ABNT NBR 15976:2011 Reducdo das emissies de fluidos _frigorificos. halogenados em equipamentos instalagBes estaciondrias de refrigeracdo ar condicionado — Requisitos gerais e procedimentos; © ABNT NBR — 15960:2011 Fluidos frigorificos — Recolhimento, reciclagem € regeneracdo (3R) — Procedimento; ‘+ ABNT NBR ISO 11650:2008 Desempenho de equipamento de recolhimento e/ou reciclagem de fluidos refrigerantes; ‘© ABNT NBR 13598:2018 Vasos de presséo para refrigeracao; ‘* ABNT NBR 16069:2018 Seguranca em sistemas frigorificos; © ABNT NBR 15833:2018 - Manufatura reversa — Aparethos de refrigeracao; + ABNT NBR 16666:2018 - Fluidos Frigorificos; ‘© ABNT NBR 16667:2018 - Especificagdes para fluidos frigorificos; Normas Regulamentadoras (NR) ‘As Normas Regulamentadoras - NR, relativas & seguranca e medicina do trabalho, sdo de observancia obrigatéria de todas empresas que possuem empregados regidos pela Consolidacio das Leis do Trabalho - CLT. 0 ndo cumprimento das disposigdes legais e regulamentares sobre seguranca e medicina do trabalho acarretaré 20 empregador a aplicacéo das penalidades previstas na _legislaco pertinente, Entre as NRs, destacam-se: © NR 06 - Equipamentos de Protecéo Individual; © NR 10 - Seguranca em Instalagdes © Servigos em Eletricidade; © NR 12-Maquinas e Equipamentos; NR 13 ~ Caldeiras, Vasos de Pressio & Tubulacdes; © NR 20 - Liquidos Combustiveis Inflamveis; © NR 26 - Sinalizaglo de Seguranca Instrugdes Técnicas do Corpo de Bombeiros & recomendado que sejam avaliados os requisitos de seguranca estabelecidos pelas Instruges Técnicas do Corpo de Bombeiros a0 se utilizar fluidos inflamaveis. As instrugées podem variar em cada estado municipios. Normas Internacionais © 1EC.60335-2-24: Refrigeragio doméstica; © IEC 60335-2-40: Ar condicionado e bombas de calor; ‘© 1EC 60355-2-89: Refrigeracdo comercial; 1505149 e EN 378: abordam definigoes, classificag3o, critérios de selecdo, projeto, construc, _—testes, identificagdo, documentagao, local de instalago, operac3o, _manutencio, reparo e recuperagio. 6 Projetos de equipamentos Devido as propriedades particulares desse fluido refrigerante, 0 R-744 possui uma temperatura de ponto critico baixa (31,1 °C) aliada a pressao critica relativamente alta (73,6 bar). Isto faz com ‘que nas condigSes ambientais encontradas normalmente no Brasil no seja possivel condensar © fluido refrigerante durante o proceso de rejeico de calor, no ciclo de compressdo de vapor. Duas propostas gerais de operacdo podem ser utilizadas dada tal limitagdo: utilizar 0 R-744 como fluido frigorifico em ciclo subcritico ou transcritico. A Figura 05 apresenta os ciclos de compressio de vapor cléssicos com as respectivas faixas de operacdo em regime transcritico e ia, na qual, pode ser observada a diferenca na faixa de pressdes de operacdo entre os dois ciclos. Ciclo de refrigeragao transcritico O ciclo de refrigeracdo transcritico € similar ao ciclo de compresséo a vapor convencionalmente Utilizado, j que esta composto por um processo de compressdo, dois processos de troca de subcritico, dentro do diagrama pressio-ental calor & presso constante e um processo de expansdo (ver Figura 06). No entanto, possui como diferencial que, é um sistema em que o fluido frigorifico recebe calor, do meio a ser resfriado, & uma temperatura abaixo do ponto critico eo rejeita, ao meio externo, & uma temperatura acima da temperatura critica. Devido as condices em que 0 processo de rejeicao de calor é realizado, (© R-744 no pode ser mais condensado e 0 fluido frigorifico é tratado como um gas denso. O trocador de calor que realiza esse processo é usualmente chamado de resfriador de gés (gas cooler). Resfriador de gas Vaso de a expansio Dispositivo Compressor de expanséo Evaporador Figura 06 — Diagrama esquemético do ciclo fundamental de refrigeracao transcritico, A temperatura do R-744, dentro do resfriador de gés, no estado supercritico, muda consideravelmente e opera com pressées elevadas, na faixa de 100 a 150 bar”. Esse ‘componente se torna um dos elementos chave durante o projeto desse tipo de sistemas, uma ver que, a temperatura de safda do resfriador de gés e a pressdo de descarga do compressor dependem fortemente do tamanho desse componente e da carga de fluido refrigerante contida no sistema, Isto faz com que, para cada condicio de operaco, exista uma press de descarga 2 Da Silva, Didxido de Carbono (CO2) em Sistemas de Refrigeracio Comercial e Industral, Editora Nova ‘Técnica —Vol. 1, 1? Reimpress3o, 2011. que maximize 0 coeficiente de desempenho (COP) do sistema”. Adicionalmente, uma das principais desvantagens desse ciclo de refrigeracao é a alta sensibilidade da capacidade de refrigeraco e 0 COP com as mudangas da temperatura ambiente. Devido as elevadas pressées de operacio, 0 ciclo transcritico precisa de componentes especialmente projetados para dada aplicacao e medidas de seguranca para alivio da presséo. © ciclo de refrigeracdo transcritico de R-744, na sua configuraco mais basica, é aplicado principalmente em sistemas de pequeno porte, tais como: ar condicionado automotivo, ombas de calor para aquecimento de agua e refrigera¢do comercial leve; em configuragdes mais ‘complexas, 0 ciclo transcritico pode ser utilizado para aplicagbes de grande porte em ambientes com temperatura ambiente baixa. Esse ciclo frigorifico permite uma solucao completamente livre da utilizagao de fluidos frigorifico halogenados com alto potencial de aquecimento global, ue utiliza unicamente 0 R-744 como fluido frigorifico. Ciclo de refrigeracdo subcritico (sistema de refrigeragio em cascata) Occiclo de refrigeracio de R-744 subcritico difere do ciclo transcritico no processo de rejeicéo de calor, em que o fiuido refrigerante & condensado completamente (ver Figura 07). Para realizar © processo de condensago do R-744, em uma de suas opgGes de sistemas de dois estagios, outro fluido frigorifico diferente do R-744 com ponto critico acima da temperatura ambiente & Utilizado, Tal sistema opera no chamado ciclo cascata, onde dois fluidos refrigerantes distintos, um de baixa temperatura (R-744) e outro fluido no ciclo de alta temperatura, operam com sua interface realizada por um trocador de calor convencionalmente chamado de trocador em cascata; em outras palavras, para o ciclo de alta temperatura, 0 trocador cascata funciona como evaporador e, para o ciclo de baixa temperatura, funciona como condensador. " Condensador_ Dispositivo Compressor de expansio Trocador cascata HF; MFO Me vaso de expansio Dispositive Compressor de expansio Evaporador eu Figura 07 — Diagrama esquematico do ciclo fundamental de refrigeragao cascata para CO2 2 Emerson, Commercial CO2 Refrigeration Systems: Guide for Subcrtical and Transcritical CO Application, 2016. Disponivel em: http://www.t744.com/files/675_commercial_co2_guide.pdf O sistema em cascata permite conciliar 0 uso de um fluido refrigerant natural (CO.) com uma redugao substancial da massa de fluido secundario (R-290, R-717, HFOs), quando comparado & sistemas convencionais de refrigeracdo por expansdo direta, fornecendo uma solucao de baixo potencial de aquecimento global. Esse ciclo de refrigeracio permite diversas configuragdes com as quais podem ser atingidas temperaturas de evaporacdo de -55 °C a -30 °C e temperaturas de condensacéo de -10 20°C, para 0 ciclo de baixa temperatura, enquanto que, para 0 ciclo de alta temperatura, a faixa de operacdo se mantem similar 2 de um sistema de refrigeraco convencional™, Outras alternativas, mais complexas, permitem, que o R-744, condensado, possa ser utilizado como fiuido secundério para aplicages de resfriamento a temperaturas mais elevadas (aproximadamente & -10 °C), utilizando bombas de circulagao. Uma vez que as pressdes de operacdo desse consequentemente, mais econémicos, quando comparados com os componentes pertinentes 20 ciclo transcritico. No entanto, 0 ciclo em cascata, em operacdo, utiliza grandes quantidades de R-744 no estado liquido. Nesse sentido, especial atencdo deve ser fornecida durante 0 projeto da instalacdo para garantir 2 seguranga em termos de alivio de pressdo, dotando 0 sistema com vasos de expansdo e valvulas de seguranca em caso de falha no fornecimento de cenergia ao sistema ou possiveis falhas do sistema de alta temperatura deixando de refrigerar 0 lo s80 menores, os componentes tendem a ser menos robustos e, trocador cascata 7 Fabrica © proceso de fabricagao de um sistema de refrigerac3o com CO, é similar a qualquer outro sistema, diferentemente do propano, o diéxido de carbono nao ¢ inflamavel, mas por operar ‘emaltas presses e por ser uma substancia asfixiante, cuidados devem ser tomados. Processos de montagem 0 processo de montagem padrao de um equipamento pode ser dividido em duas etapas. Primeira etapa: 0 sistema de refrigerag3o ainda no foi carregado com fluido frigorifico, Portanto, no requer medidas de seguranga adicionais. Esta etapa inclui: ‘+ Montagem de componentes; + Bvacuacao. ‘Segunda etapa: o sistema ¢ submetido a testes de pressio e ¢ carregado com fluido frigorifico, 20 final deste processo o sistema est submetido a altas presses, havendo a necessidade de medidas de seguranca adicionais. Esta etapa inclui © Teste de resisténcia e estanqueidade; © Carga do fluido frigorifico; © Verificagéo de vazamento: © Area de reparo; Teste de seguranca elétrico; Teste de operacio; Montagem final; Embalagem. % http://www.unep fr/ozonaction/information/mmecfiles/6266-p-uso_fluidos_naturais.pdf Cabe destacar que as empresas geralmente optam por realizar a carga do CO, no campo. Neste caso 0s procedimentos adotados em campo devem ser os mesmos aos adotados na fébrica A Figura 08 destaca as etapas padrao do processo de fabricacio de um equipamento de refrigeracdo, delimitando uma area de seguranca, onde o sistema de refrigeragao submetido a elevadas presses. Ss] Teese oe ‘Teste opaasso Teste de eee ‘desemperho separ tea al Figura 08: Processo de fabrica¢ao tipico™. Armazenamento do CO2 Tanto no armazenamento quanto no transporte de CO: devem ser tomadas as seguintes, precaucées: ‘+ Recipientes devern ser mantidos longe de fontes de calor; + Local deve ser ventilado, seco e protegido de luz solar diret * 0s cilindros devem ser mantidos na posi¢3o vertical, fixados parede, ou em outra estrutura sdlida; ‘* Sinalizac3o de adverténcia e de identificago do produto, assim como a Ficha de Informaco de Seguranca de Produtos Quimicos (FISPQ) devem estar presentes neste local; ‘* Durante 0 transporte do cilindro, deve ser utilizado carrinho transportador com sistema de fixagao de cilindro. Area de carga, verificacao de vazamento e retrabalho + Espaco com dimensdes suficientes para abrigar os operadores, equipamento de refrigeracio, ferramentas, maquinas e outros equipamentos necessérios para a atividade; © Serlimpo; © Ter acesso restrito; ‘+ Ventilacao adequada; ‘+ Area afastada de local onde ha presenca de fontes de calor; 2 MMA. Orientagdes para uso seguro de ‘luidos frigorficos hidrocarbonetos: um manual para tengenheiros, técnicos, instrutores e formuladores de polticas - para uma refrigeracdo eclimatizacdo mais sustentavel. Brasilia: MMA, 2015. 344 p. + Sinalizacao; ‘+ Terinstalagdes elétricas compativeis com a atividede; © Teraterramento; * Local deve ser ventilado; ‘+ Sistema de deteccdo de vazamentos e alarme; ‘© Equipamentos de protegao_ indi desempenhada; ‘* Programa de monitoramento e manuten¢do periédico; idual e coletiva compativeis com a atividade ‘+ Deve haver treinamento de funcionarios sobre boas praticas e riscos relacionados @ seguranga. Area de testes e montagem final ‘As principais fontes de risco para gerar um vazamento so os choques mecdnicos e a necessidade de substituicao de um componente defeituoso, por isso, é recomendado a presenga de sensores de vazamento e eventualmente um sistema de ventilago forcada neste ambiente. Equipamentos e ferramentas Todos os equipamentos devem ser compativeis com o fluido utilizado. Para o manuseio do R744, destaca-se: ‘© Manifold © mangueira de transferéncia/Maquina de carga compativeis com altas pressdes; Detector de vazamento; Equipamento de descarga/recolhimento. Procedimento de carga © procedimento de carga do sistema & composto por testes de pressdo, testes de vazamento, vécuo e carga de fluido frigorifico, sempre seguindo as boas praticas de refrigeracao. © teste de pressio é importante para garantir que o sistema como um todo seré capaz de suportar as presses existentes durante a operac3o. Nesta etapa é possivel identificar falhas construtivas, como soldas e conexées inadequadas. E recomendado que seja realizado ensaios com presséo de 1,1 vezes a pressio maxima de trabalho admissivel (PMAT) ®. regulador e as mangueira de transferencia devem ser compativeis com a pressio de teste. A area onde estdo sendo realizados os testes deve ser ventilada e ter acesso restrito, Passado 0 ensaio de pressdo, o sistema deve ser despressurizado e evacuado. A evacuacdo do sistema é importante para retirada principalemente de umidade, gases nao condenséveis, particulados e outros residuos. A umidade pode contribuir para redugdo da eficiencia do sistema € da vida util do compressor, enquanto que a presenca de gases ndo condensaveis pode acarretar no aumento da pressao e redugao da capacidade de refrigeracao do sistema. 2 EN-378-2:2017 Refrigerating systems and heat pumps Safety and environmental requirements ~ Part 2: Design, construction, testing, marking and documentation. E ABNT NBR 16069. Deve-se garantir que todo o sistema seja evacuado. Durante este procedimento deve ser Utilizado um vacuometro, sendo 0 valor ideal de vacuo abaixo de 500 microns de Hg. Antes de iniciar a carga 0 responsével pela atividade deve ligar um detector de vazamentos compativel com COs, garantir que no hd risco de tombamento dos cilindros de carga, que as ferramentas so compativies com as presses do sistema, que os EPls adequados estejam sendo utilizados, que o local é ventilado e que esté bem sinalizado, Procedimentos especificos devem ser adotados em sistemas subcriticos em cascata ou em sistemas transcriticos. € recomendado treinamento especifico para cada sistema. Nos sistemas ‘em cascata, 0 lado de alta do sistema deve ser carregado e comissionado antes do lado de baixa pressdo. Em sistemas transcriticos, provavelmente ndo serd possivel carregar o sistema sem ter que dar partida no equipamento, desta forma medidas alternativas para reduzir a presséo interna do sistema ou aquecimento do cilindro de COz devem ser utilizadas. Apés a carga, deve ser verificado, novamente, a existéncia de vazamentos no sistema, principamentimente nas conexées e em seguida deve ser feito uma inspensao geral. Durante esta atividade deve ser feita uma avaliaco visual do sistema e devem ser anotadas todas as informagBes dos ensaios de pressdo, vazamento e a carga. A depender da carga de CO, um detector de fluido deve ser instalado ou deve ser criado um procedimento para dectecdo de vazamentos. Descarga do sistema Normalmente 0 CO2 & descarregado para fora da instalacdo em ver de ser recolhido. Por ser asfixiante, deve-se garantir que todas a substncia seja descarregada em um local ventilado, a uma distancia segura de pessoas e animais. Durante o procedimento de descarga, deve-se tomar cuidado com a queda de presséo repentina do sistema. Esse fenémeno pode resultar no congelamento dos componentes do sistema de refrigeraco, consequentemente um local potencial de acidente, em caso de descuido do operador é possivel que ocorra queimaduras a frio. Caso seja utilizada uma recolhedora e um cilindro de recolhimento, deve-se garantir que elas sejam compativeis com presses elevadas, pois a maioria das méquinas disponiveis no mercado nao so compativeis com sisternas com CO2 8 Servigo em campo As principais atividades em campo, s8o a instalaco, carga do sistema, 0 comissionamento & manutengo. 0 primeiro ponto a se destacar para a execuco correta destas atividades & 0 treinamento. A equipe responsével pelo servigo deve ser capacitada para manusear 0 CO, € operar sistemas de alta pressdo. Os procedimentos de campo devem seguir, no minimo, as mesmas diretrizes do servigo realizados na fabrica. Durante as atividades, os responsdveis devem estar munidos das informagées sobre sistema. Toda a documentacao deve estar sempre disponivel em local de répido acesso. € recomendado manter sempre ligado um detector de COs. Seguir as recomendacdes dos fabricantes dos ‘componentes e do sistema de refrigeracdo, e planejar as atividades de forma que haja tempo suficiente para a execugio do servico. 9 Planejamentos de custos Com 0 intuito de auxiliar a empresa na tomada de deciséo da selecio de uma alternativa, 30 sugeridas que as atividades de planejamento e conhecimento da tecnologia sejam realizadas antes de escolher a(s) alternativa(s). As solucdes escolhidas e decisées tomadas nesse momento influenciam diretamente no tempo e na forma de execucdo da conversio. A lista de recomendagSes apresentada a seguir ndo é exaustiva, sendo de responsabilidade da empresa avaliar as alternativas disponiveis, selecionar o fluido alternative e iniciar seu planejamento. Avaliacdo das tecnologias disponiveis © Buscar informagdes das tecnologias disponiveis; © Buscar informacdes sobre mudangas que estéo acontecendo no setor; © Buscar informagées sobre normas disponiveis; © Buscar informacdes a respeito das propriedades de fluidos alternativos; © Buscar informagies sobre empresas que atuam no mesmo setor e que ja se converteram. Prototipos refrigeragao © Verificar disponibilidade e custo do fluido frigorifico; © Verificar disponibilidade e custo de componentes; © Verificar custos para desenvolver 0 equipamentos de Projeto de —conversio. dos. equipamentos de refrigeracao; © Adquirir —ferramentas —_basicas, compativeis com 0 fiuido escolhido para carregar os prottipos; © Adquirir os componentes necessérios; ‘© Realizar ensaios de performance dos protétipos; © Avaliar e testar a seguranca do protétipo, com a coleta de dados e pardmetros para avaliaco. Producdo dos refrigeragéo © Realizar um estudo sobre a forma mais adequada para a carga do fluido alternativo: © Maquinas de carga de fluido aprovadas para diéxido de carbono; equipamentos de © Métodos padrao, utilizando manifold e balanca. ‘+ Avaliagdo do layout e projeto da area de carga; © Carga de fluido: © Orcar e adquirir ferramentas e/ou maquinas compativeis com fluidos que operam com altas presses; © Orcar e adquirir um sistema de sensores ¢ alarmes; © Orgar custo da instalagdo dos equipamentos e _ferramentas, adquiridos e treinamento de operacdo; © Adquirir ferramentas e equipamentos para servigo de campo, '* Intervengdes e obras civis: © Adequar 0 local de armazenamento de fluido; © Executar obras civis; (© Instalar sinalizago de seguranga. Treinamentos e servico © Treinar a equipe de manufatura: procedimentos de montagem e seguranca; © Treinar a equipe de campo sobre manutengo e reparo; © Realizar campanha de capacitagao sensibilizacdo. Equipamentos minimos para area de carga * Pacote de manuseio de fluidos \dquirir sistema de carga © Medidas de seguranca: adquirir detectores de vazamento. PATRIA AMADA C= sce BRASIL

Você também pode gostar