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Parasitologia

médica
Aula 2

Prof° Marcos Gontijo da Silva


Protozoologia - Protozoários

Parasitologia Médica Helmintologia - Helmintos

Artrópodologia – Artrópodes vetores


Protozoologia
REINO Protista
SUB-REINO Protozoa
FILOS SUBFILOS ORDENS FAMÍLIAS GÊNEROS ESPÉCIES
T. cruzi, T. rangeli,
Trypanosoma
T. gambiense, T. rhodesiense
Kinetoplastida Trypanosomatidae
L. braziliensis
Leishmania
L. chagasi
Diplomonadida Hexamitidae Giardia G. lamblia
Mastigophora Retortamonadida - Chilomastix C. mesnili
(flagelos)
Trichomonas T. vaginalis, T. tenax
Trichomonadidae Tritrichomonas T. foetus
Trichomonadida
Pentatrichomonas P. hominis
Sarcomastigophora
- Dientamoeba D. fragilis

E. histolytica, E. dispar, E. gingivalis


Endamoebidae Entamoeba
Amoebida E. hartmanni, E. coli
Acanthamoebidae Acanthamoeba A. culbertsoni
Sarcodina Blastocistidae Blastocystis B. hominis
(pseudópodes)
Leptomyxida - Balamuthia B. mandrillaris

Schizopyrenida Schizopyrenidae Naegleria N. fowleri

Ciliophora Kinetofragmi Trichostomatida Balantidiidae Balantidium B. coli


(cílios) nophorea

Eucoccidiida Eimeria E. tenella, E. perforans E. brunetti


Eimeriidae Isospora I. belli; I. natalensis
Cyclospora Cyclospora cayetanensis
CLASSE
Sporozoa
Apicomplexa Sarcocystidae Sarcocystis S. hominis, S. suihominis
(“Complexo apical”)
Toxoplasma T. gondii
SUBCLASSE
Coccidia
Cryptosporidiidae Cryptosporidium C. parvum
P. falciparum, P. vivax,
Plasmodiidae Plasmodium P .malarie; P. ovale
Piroplasmida Babesiae Babesia B. microti, B.bovis, B. divergens

Enterocytozoonidae Enterocytozoon E. bieneusi


Microspora - Glugeidae Encephalitozoon E. cuniculi, E. intestinalis, E. hellen
Microsporida
(esporos) Nosematidae Nosema N. conori, N. ocularum
- Vittaforma V. corneae
Pleistophoridae Pleistophora Pleistophora sp
- Brachiola B. vesicularum, B. connori

- Microsporidium M. ceylonensis, M. africanum


Entamoeba
histolytica/Estamoeba
dispar
Outras amebas
 OBJETIVO DA AULA:

 Estudar a classificação,
morfologia, biologia, ações patogênicas,
diagnóstico, epidemiologia, profilaxia e
tratamento.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

CLASSIFICAÇÃO

CLASSE ⇒ Lobosea
ORDEM ⇒ Amoebida
FAMÍLIA ⇒ Entamoebidae
GÊNEROS ⇒ Entamoeba, Iodamoeba,
Endolimax e Dientamoeba
ESPÉCIES ⇒ E. histolytica / E. dispar, E.
hartmanni, E. coli, E. gingivalis,
Dientamoeba fragilis, I. butschlii e E. nana
Complexo: E. histolytica/E. dispar
 Aproximadamente durante um século  E.
histolytica foi considerada como única espécie.
 Estudos recentes baseados em:
Evidências bioquímicas: diferênças no perfil
isoenzimático;
Métodos imunológicos: através de
anticorpos monoclonais (Proteínas da superfície
da ameba);
 Técnicas genêticas: através de diferenças no
DNA genômico ou ribossomal dessas amebas;

 Diferenças nas formas clínicas da doença.


Complexo: E. histolytica/E. dispar

 A Entamoeba histolytica passou a ser


considerada como parte de um complexo
Entamoeba histolytica/Entyamoeba dispar.
* Entamoeba histolytica (Schaudinn, 1903)
 Apresenta diversos graus de virulência,
insavisa;
 Apresenta diversas formas clínicas;

* Entamoeba dispar (Brumpt, 1925)


 Pode causar erosões na mucosa intestinal, sem
invasão;
 Maior parte dos casos assintomáticos e colite
não disentérica.

Disenteria  Doença aguda, infecciosa, específica,


com lesões inflamatorias e ulcerativa das porções
inferiores do intestino. Manifesta-se com diarréia
intensa, cólicas, tenesmo, geralmente com
eliminação de sangue e muco.
Complexo: E. histolytica/E. dispar

 O complexo E. histolytica/E. dispar foi


acatada pela OMS em 1997, numa
reunião, no México, para tratar do
assunto.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

MORFOLOGIA

• Trofozoíto

• Cisto

• Metacisto

• Pré-cisto
Cisto de E. histolytica
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar
BIOLOGIA

• Locomoção
• Ingestão de alimentos
• Nutrição

CICLO EVOLUTIVO

• Monoxênico
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

HÁBITAT

• Os trofozoítos de Entamoeba histolytica/


dispar vivem como comensais na luz do
intestino grosso

• Em algumas circunstâncias: ulcerações


intestinais, abscesso hepático, cutâneo,
pulmonar e raramente cérebro
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

TRANSMISSÃO

Através da ingestão de cistos com


alimentos: verduras e frutas contaminadas,
água, veiculadas nas patas de baratas e
moscas. Falta de higiene domiciliar e os
portadores assintomáticos .
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

PATOGENIA
• Período de incubação : 7 dias até 4
meses
 Formas assintomáticas (E. dispar)
 Formas sintomáticas (E. histolytica)
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

• MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA AMEBÍASE:


• Colites não disentéricas: 2 a 4 evacuações por
dia com fezes moles pastosas; desconforto
abdominal e cólicas.
• Forma disentérica: colites amebianas: 8 a 10
evacuações por dia acompanhadas de cólicas
intestinais e diarréia com evacuações
mucosanguinolentas, febre moderada e dor
abdominal.

 COMPLICAÇÕES: perfurações e
peritonite, hemorragias, colites pós-
disentéricas, apendicite e ameboma.
Amebíase
E. histolytica/E. dispar

 DISENTERIA:
 Doença aguda infecciosa, específica,
com lesões inflamatórias e ulcerativas das
porções inferiores do intestino.

 Manifesta-se com diarréia intensa,


cólicas, tenesmo, geralmente com
eliminação de sangue e muco.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

AMEBÍASE EXTRA-INTESTINAL

• Amebíase hepática - dor, febre e hepatomegalia


(Anorexia, perda de peso e fraqueza geral
acompanham o quadro).
• Amebíase cutânea - região perianal
• Amebíase em outros órgãos - pulmão, cérebro,
baço, rim, etc.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

DIAGNÓSTICO

 CLÍNICO
• Amebíase intestinal - sintomatologia comum,
retossigmoidoscopia

• Abcesso hepático - tríade (dor, febre e


hepatomegalia),raio X, ultra-sonografia, tomografia
computadorizada, ressonância magnética
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar
LABORATORIAL: (Exame de fezes, soro e exsudatos)
 PARASITOLÓGICO
• Fezes líquidas – Schaudinn, SAF e exame
direto ou em 30 minutos

• Fezes formadas – Formol a 10%, MIF, SAF e


técnicas de concentração (Faust, Rictchie e
hematoxilina férrica)

 IMUNOLÓGICO (amebíase intest. e extra-intestinal


• Elisa, IFI, hemaglutinação indireta,
contraimunoeletroforese e imunodifusão
dupla em gel de ágar.
Morfologia (trofozoítas)

Entamoeba histolytica

Entamoeba coli
Morfologia (cistos)

Entamoeba histolytica

Entamoeba coli
Morfologia (núcleos)

Entamoeba histolytica

Entamoeba coli
AMEBÍASE
 PROFILAXIA: Está intimamente ligada a
engenharia e educação sanitária.

Principalmente água de boa qualidade


nas casas e tratamento do esgoto;
 Educação sanitária e educação
ambiental, com a participação ativa e efetiva
da comunidade;
 Lavagem de frutas e verduras a
serem ingeridas cruas;
 Exame de fezes periódicos de
manipuladores de alimentos e tratamento
dos positivos.
AMEBÍASE

 VACINAS:
  Vacinas contra a Entamoeba
histolytica têm sido desenvolvidas e
testadas, porém até o momento
nenhuma delas apresentou
resultados eficientes, mas indicando
que é um caminho importante e
promissor.
AMEBÍASE

 Segundo a Organização Mundial de


Saúde:

“Onde houver pequenos recursos


financeiros para serem aplicados em
saúde pública, todos eles devem ser
dirigidos para o saneamento básico”.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

TRATAMENTO
 Intestinal
• Amebicida luminal (luz intestinal)
• Amebicidas tissulares (tecidos)
• Luminal e tissular
 Extra-intestinal
• Luminal e tissular e antibióticos.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar
 TRATAMENTO
Amebicida intestinal
∗ Luminal  Etofamida (Kitnos)
 Teclosan (Falmonox)
∗ Tissular  Cloridrato de Emetina
 Cloroquina
obs: Drogas muito tóxicas, só utilizadas quando os outros
tratamentos não derem bons resultados
* Luminal e Tissular  Derivados Imidazólicos
* Tinidazol (Fasigyn) * Metronidazol (Flagyl)
* Secnidazol (Secnidal) * Nimorazol (Naxogin) * Ornidazol
* Extra-intestinal 
* metronidazol (Droga de escolha sobretudo no abscesso hepatico)
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

*Amebíase intestinal
 Metronidazol 500 a 800 mg, 3 vezes ao dia duarante 5
 dias  Adultos
  30-50 mg/kg/dia, dividir 2 a 3 vezes ao
 dia, por 5 a 10 dias  crianças
 * Efeitos colaterais  Alterações gastrointestinais,vertigens

• * Observações  Condiciona aversão ao álcool, e urticaria


• ao contato com este
• * Principais apresentações  Metronidazol, Flagyl,Metronix
 Secnidazol  Dose única de 30 mg/kg de peso para
crianças
 Dose única de 2000mg para adulto (2 comprimidos 1000mg)
AMEBÍASE

 OBSERVAÇÃO:

 Devido à inibição que provoca em


diversas enzimas do metabolismo do
álcool, a ingestão alcoólica durante
ou depois do tratamento pode causar
confusão mental, perturbações visuais,
cefaléia, náuseas e vômitos,
sonolência e hipotenão.
Amebíase
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar

* Amebíse extra-intestinal  principalmente


abscesso hepático

* Metronidazol 500 a 800 mg, 3 vezes ao dia


durante 5 a 10 dias.

* Observação: Geralmente é utilizado sob a forma de


comprimido; nos casos mais graves ou
severos, pode ser utilizado por via
injetavel.
Amebíase

* Amebíase hepática
* Secnidazol (Secnidal)  1 comprimido de 500
mg, 3 vezes ao dia, durante 5 a 7 dias.

Suspensão  30 mg/Kg/dia (máximo de


2 g) durante 5 a 7 dias ou seja 1ml/Kg de peso
durante 5 a 7 dias.
AMEBÍASE

 METRONIDAZOL
MODO DE AÇÃO  O metronidazol é
metabolizado, formando derivados, incluindo
radicais superóxido, que interferem com o
metabolismo do DNA dos parasitas, o que
causa extensas rupturas nas cadeias de DNA
e a interrupção da estrutura helicoidal.

Portanto, a síntese de proteínas no parasita


sofre alteração.
AMEBÍASE

 METRONIDAZOL
 É utilizado no tratamento da amebíase
invasiva, assim como de infecções por
Trichomonas vaginalis e Giardia lamblia.

Como apenas 10% da droga se fixa às


proteínas séricas, alcalça concentrações
elevadas nos tecidos, incluindo pulmões, bílis,
fígado, ossos e cérebro, excedendo os níveis
necessários para inibir os microrganismos
contra os quais é ativa.
 EPIDEMIOLOGIA:

 Distribuição geográfica mundial (maior prevalência nas


regiões tropicais e subtropicais – baixas condições sociais e
sanitárias)
 Transmissão oral através da ingestão de cistos maduros nos
alimentos e água
 Apesar de poder atingir todas as idades, é mais frequentes nos
adultos (entre 20 e 60 anos)
 Algumas profissões são mais atingides (trabalhadores de
esgotos,etc)
 Os cistos permanecem viáveis (ao abrigo da luz solar e em
condições e umidade) durante cerca de vinte dias.
 Diferentes cepas, em diferentes locais, influindo na
patogenicidade.
OUTRAS AMEBAS
• Entamoeba hartmanni

• Entamoeba coli

• Iodamoeba butschlii

• Endolimax nana

• Entamoeba gingivalis

• Dientamoeba fragilis
AMEBAS DE VIDA LIVRE

 Acanthamoeba spp.

 Naegleria fowleri
AMEBAS DE VIDA LIVRE

 Acanthamoeba spp.
 Ameba de vida livre
 Cosmopolita (habitando lagos e
lagoas,piscinas, solos humíferos, esgotos e
cursos de água que recebem efluentes
industriais, em todos os continentes e todos os
climas).
 úlcerações de córnea (em usuários de
lentes de contato)
 Meningoencefalite amebiana
granulomatosa (pacientes imunodeprimidos).
 Ameba de vida livre em todos os estágios Trofozoíto e esporo
 Aproximadamente 7 espécies patogênicas
 A entrada no corpo é por via respiratória
 A invasão do SNC, da-se via hematológica provenientes de outros órgãos.
 acomete imunossuprimidos
 Doenças relacionadas:
 GAE- Encefalite amebiana granulomatosa
 Ulcerações cutâneas ( HIV + )
 Ceratite ( uso de lentes de contato sem higiene correta e nadar usando
as lentes)
 As células de córnea de coelho revelaram muitas microvilosidades
( sitios de adesão?)
 após a infecção as células perderam os vilos (perda do poder de
alimentação)
 Ocorrência
 Piscinas com água aquecida
 Solução fisiológica de lentes de contato

i Nas infecções por Acanthamoeba e


Balamuthia encontramos tanto cistos
quanto trofozoítos
AMEBAS DE VIDA LIVRE
 Naegleria fowleri

Ameba de vida livre


 Cosmopolita
 Meningoencefalite amebiana primária (inicia-se
subtamente, com cefaléia, e ligeira febre, dor de
garganta e renite.

 Três dias seguintes, aumentando a cefaléia, febre e


aparecendo vômitos e rigidez da nuca,
apresentando desorientação e coma.

 Cinco ou seis dias o paciente evolui para a morte).


 Diferenças entre Naegleria e
Acanthomoeba
 Naegleria- infecção direta por via nasal, só se
encontram trofozoítos, é encontrada no
líquor , causa PAM, doença decurso rápido e
fatal ( 4-5 dias)

 acanthoamoeba( Balamuthia, Vahlkamphia e


Hartmanella)- infecção primaria via nasal, mas
disseminação para o SNC via hematológica,
encontram se tanto cistos como trofozoítos,
não se encontra no líquor, doença de curso
subagudo ou crônico ( por semanas ou
meses).
CASO CLÍNICO
 Paciente I.M.A., mestiça, 3 anos, apresentando um quadro
clínico de dores abdominais e várias evacuações diarréicas
diárias com muco e sangue e febre moderada.

 Mãe leva a criança para uma consulta com o pediatra em um


Posto de Saúde do P.S.F. Relatou morar em casa de taipa com
2 cômodos, na periferia de Sobral, com 8 ocupantes, sem água
encanada, sem banheiro,sem tratamento de lixo, sem tratamento
de esgôto. Tomava água do pote que obtinha de um poço próximo
de sua casa . Relatou ainda que a criança há algum tempo atrás
tinha realizado exame de fezes, sendo positivo para amebas e
tinha feito tratamento com Metronidazol.

Condições sócio-econômicas: renda familiar menos de 1 salário


mínico, alimentação bastante precária.
 PERGUNTAS:
1) Algun parasita poderia ser incluído na suspeita ? Qual ?

2) Quais as possíveis causas de retorno da sintomatologia da


criança ?

3) Se o resultado anterior apresentasse apenas amebas não


patogênicas você indicaria tratamento ? Dê explicação.

4) Sob o ponto de vista epidemiológico, que medidas


poderiam ser tomadas na busca de possíveis soluções deste
problema ?
5) Como a carência nutricional poderá influi na prevalência das
parasitoses ?

6) Descrever as formas clínicas, sinais e sintomas da amebíase.


 ESTUDO DIRIGIDO:
1) O que você entende por ruralização e
urbanização das doenças ?
2) O que você entende por cinturão de pobreza
nas cidades de pequeno, médio e grande porte ?
Qual a relação que existe com a transmissão das
parasitoses ?
3) Qual o problema surgido nessas cidades com
o êxodo rural ?
4) Discutir o triângulo: infecção, desnutrição e
diminuição das defesas do hospedeiro,
relacionando com as parasitoses.
 5) Porque as doenças parasitárias estão
associadas à pobreza, à fome, ao analfabetismo
e a injustiça social ?
 6) Dê uma definição para :
 Vetor
 Vetor biológico
 Vetor mecânico
 Vetor inanimado
7) Qual a diferença entre ciclo biológico
monoxênico e ciclo biológico heteroxênico ?
8) Definir transmissão monoxênica e
transmissão heteroxênica.

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