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Felipe Simoes Bacelar
Felipe Simoes Bacelar
2019
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CDU 624
AGRADECIMENTOS
Ao Prof.º Dr. Fernando Silva Albuquerque, pela oportunidade, presteza no atendimento, pelos
conselhos neste longo período, disponibilidade sempre que surgiam dúvidas e o grande apoio
na orientação desta pesquisa, além da confiança na disponibilidade do Laboratório de
Topografia e Transporte (LTT).
A meu pai Moacyr e minha mãe Suely, que sempre me deram forças para continuar neste
trabalho e dedicaram todos seus esforços para que isso fosse possível.
A minha esposa Renata, por sempre me apoiar e me incentivar durante toda essa jornada, e
por todos os feitos para me auxiliar a concluir este trabalho.
A toda minha família por sempre me apoiar e me incentivar durante essa jornada.
Aos alunos de iniciação científica, TCC, estagiários e voluntários do LTT: Alan Lucas e
Kristiane, a ajuda de vocês foi fundamental para o andamento da parte laboratorial.
A todos os meus amigos do PROEC, da UFS, do CCPA, entre outros, que contribuíram e
incentivaram ao longo deste trabalho, mesmo que não citados nominalmente, vocês foram
muito importantes.
RESUMO
Nas últimas décadas, percebeu-se uma elevação do volume e das cargas de tráfego nas
rodovias do país. Isso fez com que projetistas buscassem soluções para combater essa
sobrecarga ao pavimento. Como solução, em muitos projetos, é utilizada base ou sub-base de
materiais cimentados, entre esses, a Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC). Essa
mistura fornece ao pavimento aumento da rigidez, contudo, como desvantagem, apresenta
ruptura frágil e prematura por fadiga, ocasionando trincamentos e elevadas deformações, com
danos à estrutura do pavimento. Isso acontece, principalmente, em razão da sua baixa
tenacidade e resistência à tração, ocasionando processo de microfissuração na sua estrutura
interna. Em vista disso, esta pesquisa analisou o efeito nas propriedades mecânicas da BGTC
com a inserção de fibras de vidro, de aço, de polietileno e polipropileno (FF54 -
monofilamento retorcido e Ultimax -monofilamento individual) e comparou com a mistura
padrão (sem fibra), avaliando diversos parâmetros, como resistência à compressão, resistência
à tração, módulo de elasticidade, módulo dinâmico, módulo resiliente, tenacidade e vida de
fadiga. Com isso, de acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que
houve melhoria no desempenho mecânico da BGTC com a inserção de fibras. Houve ganhos
principalmente nos parâmetros de resistência à tração (com até 52% em relação à BGTC
padrão), tenacidade (com até 1954% em comparação com a BGTC sem fibra) e vida de fadiga
(com incremento de mais de 20 mil ciclos aos resultados da BGTC padrão), com melhores
desempenhos das fibras de polipropileno. Além disso, ocorreu uma redução da rigidez
(evidenciada pela redução nos módulos de elasticidade e módulo de resiliência). Esses
parâmetros resistivos são fatores de fundamental importância no dimensionamento de
pavimentos semirrígidos construídos com BGTC.
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................16
1.4 Justificativa.............................................................................................................18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................21
2.2.5 Tenacidade...........................................................................................................29
3.1.1 Coleta...................................................................................................................44
5 CONCLUSÕES..................................................................................................................115
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................120
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Comparação do efeito das fibras nas propriedades mecânicas, segundo vários
autores.......................................................................................................................................33
Tabela 16: Faixa granulométrica atingida para enquadramento na SAPEM (2014). ...............61
Tabela 20: Sequência de tensões verticais para determinação do módulo de resiliência. ........83
Tabela 30: Custos da camada de base da BGTC padrão e com inserção de fibras. ...............113
Figura 5: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição de fibra simples em vigas de
concreto. ...................................................................................................................................34
Figura 6: Ganho de resistência à compressão (a) e à tração (b) no macadame com a adição de
fibras. ........................................................................................................................................35
Figura 7: Diagrama de tensão por deformação elástica de matriz e fibras de alto e baixo
módulo de elasticidade trabalhando em conjunto.....................................................................37
Figura 10: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição híbrida de fibras em vigas de
concreto. ...................................................................................................................................40
Figura 11: Compósitos reforçados com fibras em teores abaixo (A), acima (B) e igual (C) ao
volume crítico de fibras durante o ensaio de tração na flexão..................................................41
Figura 27: Cilindros após moldagem, em espera para desmoldagem depois de 24 horas. ......68
Figura 29: Detalhe do ensaio de resistência à tração indireta para diferentes tipos de fibras. .69
Figura 32: Viga prismática: (a) Após moldagem para desmolde após 24 horas; (b)
desmoldagem. ...........................................................................................................................72
Figura 33: Viga prismática: (a) Envelopamento com filtro; (b) condicionamento para 28 dias
de cura.......................................................................................................................................72
Figura 39: Desmoldagem dos CPs para ensaios de compressão: (a) Processo de retirada do CP
do cilindro de compactação; (b) CP compactado sobre uma base firme..................................77
Figura 41: Componentes para realização do ensaio de módulo dinâmico longitudinal. ..........79
Figura 45: Posicionamento do extensômetro no corpo de prova para o ensaio de MR. ..........83
Figura 46: Equipamento completo do ensaio de vida de fadiga...............................................85
Figura 48: Resumo dos gráficos do ensaio tração na flexão para todos os tipos de mistura....88
Figura 60: Resultados de MR para tensões axiais de 100 kPa, 200 kPa e 300 kPa................104
Figura 61: Comparativo dos modelos de módulo de resiliência para as misturas de BGTC. 105
Figura 63: Exemplo de ruptura brusca e prematura sem atuação das fibras. .........................109
1 INTRODUÇÃO
A utilização de rodovias apresenta função relevante para a sociedade, desde séculos passados.
O transporte representa um viés social na locomoção de pessoas e interligação de cidades, e
econômico, através do transporte de cargas e comercialização de mercadorias.
Em vista disso, segundo Balbo (2007), a partir da década de 1970, evidenciou-se o uso
crescente da mistura Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC) na construção de rodovias
no país. Isso se deu devido a necessidade de melhoraria no desempenho dos pavimentos e de
substituição de materiais utilizados até aquele momento, como Brita Graduada Simples (BGS)
ou solo sem estabilizante químico.
No entanto, por conta das suas características de produção, a BGTC desenvolve fissuração
por retração, bem como apresenta elevado dano por trincamento, proveniente do fenômeno de
fadiga. Esses fatores são preponderantes do ponto de vista estrutural, visto que são o ponto
inicial da degradação do pavimento (BALBO, 2007).
Inúmeras pesquisas, por exemplo, Prado (2018), Nascimento (2017) e Balbo (2006), têm
demonstrado que a utilização da BGTC pura apresenta elevada porosidade, heterogeneidade,
baixa tenacidade e vida de fadiga. Assim, observa-se a necessidade de melhorias nas suas
características físicas, e, por conseguinte, melhoria no comportamento mecânico.
17
Com isso, pode-se evitar a degradação prematura dos pavimentos, principalmente os danos
relacionados ao processo de fadiga, visto que, quanto mais próximas forem as cargas
dinâmicas solicitantes ao limite resistivo do material, maior a tendência ao trincamento das
camadas.
Os compósitos apresentam dois ou mais materiais diferentes, que formam uma unidade
estrutural macroscópica heterogênea, e desenvolvem características intermediárias aos
materiais isolados (GIBSON, 1994). Através deste estudo, pode-se ampliar as características
benéficas da BGTC a partir da inserção de fibras, o que faz melhorar principalmente sua
resistência à tração, tenacidade e vida de fadiga. Esses fatores são de grande importância para
evitar a degradação de camadas do pavimento com camada de BGTC.
- Avaliar a vida de fadiga incremental fornecida à BGTC, a partir do uso das diferentes
fibras reforçadoras;
1.4 Justificativa
Em conjunto com essa degradação, conforme Balbo (2006), a BGTC deve ser modificada
para que haja melhoria nas suas características físicas e no seu desempenho mecânico, a fim
de que forneça resistência suficiente para compor camada de pavimento com alto volume de
tráfego. Uma vez que a BGTC apresenta elevada fissuração, em virtude do processo de
retração e dos esforços de fadiga, além disso, verifica-se a baixa resistência à fratura desse
material quando utilizado isoladamente, isto é, sem adição de fibras.
Assim, esta pesquisa propõe a utilização de fibras para melhorar aspectos mecânicos da
mistura de BGTC. Acredita-se que essas fibras desenvolvam, juntamente com a matriz
cimentada, melhores características mecânicas, principalmente, em relação à resistência à
tração, tenacidade e vida de fadiga. Uma vez que a adição de fibras ao material aumenta as
pontes de ligação interna, dificultando e reduzindo o processo de fissuração e reflexão de
trincas. Por conseguinte, acredita-se que haja uma ampliação do tempo para a necessidade de
reparo, o que ocasiona menos interrupções no tráfego para serviços de manutenção e redução
do custo do ciclo de vida do pavimento.
No Capítulo 3 são descritos os materiais e métodos da pesquisa, a qual foi realizada na sua
maior parte em laboratório, onde foram realizados os ensaios mecânicos (resistência à
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para Balbo (2007), o trincamento por fadiga é o principal defeito ocorrido nos pavimentos
flexíveis. Esse defeito está associado à repetição de carregamentos e tracionamento das fibras
inferiores do revestimento, mesmo que abaixo do limite de resistência de ruptura do material,
em que não entra no regime plástico. Embora as deformações sejam pequenas, ao longo do
tempo apresentam microfissuras nas fibras inferiores das camadas que trabalham à flexão,
iniciando na fibra inferior e se propagando até o topo da camada. Essas microfissuras são
locais que geram concentração de tensões e agravam o problema relacionado às trincas
(MEDINA e MOTTA, 2015).
A utilização da brita foi uma ferramenta para substituição da utilização de solos com baixas
capacidades resistivas, uma vez que muitas regiões não continham solos de boa qualidade
para compor camadas do pavimento. Com isso, surgiram diversos tipos de materiais a partir
da brita, tais como: Brita Graduada Simples (BGS) e Solo-brita.
A BGS foi largamente utilizada na década de 1960 (BERNUCCI et al., 2006). Contudo,
através das pesquisas, foram observadas falhas no desempenho desses materiais, em que havia
ocorrências prematuras de afundamento de trilha de roda em pavimentos que a utilizavam.
Com isso, surgiram as camadas cimentadas na pavimentação, como uma ferramenta de
estabilização do material, principalmente nas camadas de base, as quais têm maiores
exigências dos parâmetros físicos e do desempenho mecânico. Assim, os materiais
encontrados que não eram capazes de ser estabilizados granulometricamente, tinham a
necessidade de utilizar um aglomerante a fim de estabilizá-lo quimicamente (BALBO, 2007;
BERNUCCI et al., 2006).
Segundo Balbo (2007) e BERNUCCI et al. (2006), algumas das misturas resultantes da
adição de aglomerantes hidráulicos podem ser: Solo-Cal, Solo-Cimento, Solo Melhorado com
Cimento, Concreto compactado a rolo ou Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC). A
BGTC pode ser definida como uma camada de pavimento para compor a base ou sub-base,
em que é composta por uma mistura de produtos de britagem, cimento e água, que deve ser
compactados e submetidos a um processo de cura, ou seja, deve ter um adequado controle
tecnológico (DER-PR, 2005).
Para Xuan et al. (2012), o material tratado com cimento é uma mistura composta por
agregados e pequena proporção de cimento. Esse deve ser utilizado como aglomerante para
interligar as partículas sólidas. Além disso, é necessário adicionar água a fim de atingir a
densidade seca máxima da mistura durante a compactação e hidratar o cimento nela existente.
A utilização do cimento no tratamento de materiais confere algumas características às
misturas, tais como: melhor trabalhabilidade aos materiais, aumento de resistência na mistura,
aumento da durabilidade e aumento da capacidade de carga do pavimento.
Na norma brasileira ANBT, 2013c, define esse material de maneira mais simplificada,
como uma mistura de pedra britada e cimento Portland (aproximadamente de 3 a 5% em
massa da mistura total). Entre as características desse material, destaca-se o aumento na
capacidade de suporte às tensões de tração e compressão, visto que, após adição do
23
aglomerante hidráulico, a camada granular que trabalhava apenas a compressão, passa a ser
solicitada em sua parte inferior por tensão de tração (BALBO, 2007).
Para Medina e Motta (2015), os pavimentos podem ser divididos em três grandes grupos:
rígidos, semirrígidos e flexíveis, com destaque para o segundo, relacionado com o tema desta
pesquisa. Este arranjo é constituído pelo revestimento de concreto asfáltico e base ou sub-base
de material granular estabilizada com material aglomerante, podendo ser ligante betuminoso
ou hidráulico. Balbo (2007) traz algumas combinações de composição de pavimentos
semirrígidos usualmente implementados no Brasil. Esses arranjos são demonstrados na Figura
1.
Segundo Yeo (2011), as fissuras nas camadas cimentadas podem ser refletidas para o
revestimento, fazendo com que a serventia do pavimento seja reduzida, além de aumentar os
24
custos do ciclo de vida. Como forma de dirimir esse problema, propõe-se a utilização do
pavimento invertido ou utilização de camada de antirreflexão, assim, impedindo que as trincas
da camada estabilizada se propaguem para o revestimento (BERNUCCI et al., 2006; SAPEM,
2013).
As propriedades mecânicas das BGTC são definidas devido a duas fases da mistura, a fase da
matriz cimentícia e a fase do esqueleto granular compactado. Esse, formado pelos agregados
graúdos principalmente, fornece o desempenho mecânico de compressão ao material, já a
outra fase determina a ligação entre as partículas e garante o desempenho à tração
(KLINSKY, 2015). Segundo Nascimento (2015), avaliar o comportamento mecânico de
tração e de compressão, bem como analisar o faturamento e o processo de dano e formação
das fissuras, é essencial para entender a contribuição desse tipo de camada para a vida útil do
pavimento.
No Brasil, o RCS determina o teor mínimo de cimento capaz de estabilizar esse material.
Diante disso os valores de resistência devem ficar entre 3,5 MPa e 8,0 MPa (ABNT, 2013b).
25
Em outros países, o ensaio de RCS é utilizado como um dos critérios de projeto para bases
cimentadas (AUSTROADS, 2006).
Além disso, Yeo (2011) utilizou em seu estudo diferentes teores de cimento (2, 3, 4 e 5%)
para comprar os valores de RCS. Com isso, foram obtidos valores de RCS de 5,30, 5,91, 6,74
e 7,20 MPa, respectivamente, ou seja, percebe-se a relação direta entre o teor de cimento e a
RCS. Em consonância com isso, Prado (2018) também encontrou uma tendência de
crescimento da RCS quando há um aumento no teor de cimento para os ensaios realizados aos
28 dias de cura, acréscimo entre 13 a 63%, dependendo da granulometria, da umidade
utilizada e do próprio teor de cimento.
Este parâmetro é analisado por ensaios que fornecem o valor da resistência à tração do
material. Tais ensaios são: resistência à tração direta, indireta por compressão diametral e na
flexão (BALBO, 2006; NASCIMENTO, 2017).
Segundo Balbo (2006), os valores de resistência à tração direta não podem ser
considerados válidos, uma vez que, neste ensaio, os resultados tornam-se precários por conta
da compactação, além das dificuldades de realização em termos práticos. A Figura 2 mostra a
tendência de ruptura dos corpos de prova na porção superior, justamente a região que recebe
menor energia de compactação.
26
Resta analisá-lo a partir dos ensaios de resistência à tração diametral e à tração na flexão,
uma vez que este parâmetro é de fundamental importância na dosagem dessas misturas, pois
seu valor resistivo relaciona-se às deformações horizontais provenientes da tração e,
consequentemente, a vida de fadiga do material. Um constatação importante ao se comparar
os resultados obtidos por esses dois ensaios é verificado para valores de resistência à tração
1,4 vezes maior no ensaio na flexão em relação aos valores obtidos no ensaio na tração
indireta (ARNOLD; MORKEL; VAN DER WESHUIZEN, 2012).
O ensaio de tração na flexão pode ser realizado de duas maneiras, ambas com vigas bi
apoiadas a parte inferior, diferenciando-se pela aplicação da carga no flange superior. O
primeiro esquema apresenta aplicação de carga em um único ponto na parte superior, já o
segundo arranjo é realizado com dois pontos de carregamento na parte superior. O segundo
arranjo é mais indicado, visto que no terço central da vigota o momento fletor tende a ser
constante, com isso garante que a ruptura ocorra no ponto de maior fragilidade dentro do terço
médio (essa característica é importante principalmente quando se utiliza materiais
27
heterogêneos, como a BGTC). Por outro lado, não ocorre uma imposição forçada de ruptura
exatamente no centro do vão, como acontece com aplicação de carga única (BALBO, 2007).
Em relação à resistência à tração, Prado (2018) observou que quanto maior o teor de
cimentação da BGTC maior tende a ser a resistência à tração por compressão diametral.
Naquele trabalho, verificou-se que para misturas com maior densidade e com maior
cimentação, os valores da relação do RTI dividido por outros parâmetros mecânicos (RCS, E,
MR) tente a fornecer melhor desempenho; que para 5% de cimentação a umidade de
moldagem variando em ±1% não alterou a resistência à tração diametral; que a granulometria
com maior teor de agregados miúdos proporcionou maior ganho de resistência à tração
indireta.
Resiliência está intrinsecamente ligada à energia armazenada num corpo deformado para
as condições elásticas. Essa energia é dissipada quando cessam as tensões causadoras das
deformações elásticas, ou seja, não ocorreram ainda ou são ínfimas as deformações
permanentes (MOTTA e MEDINA, 2005).
parâmetro; conforme o aumento da quantidade de fissuras e de seu raio médio, ocorre uma
redução no valor desse módulo, o qual seria crítico para o comportamento estrutural.
Nesse sentido, Prado (2018) não encontrou variações tão expressivas dos valores do MR na
variação de teores de cimento entre 3% e 5%. Afirma ainda que houve uma redução do MR
quando a porcentagem de cimento aumentou, ou seja, o MR é inversamente proporcional ao
teor de cimento (para uma variação de 3% a 5%). Duas justificativas para esse
comportamento inesperado foram citadas pela autora: a primeira refere-se ao acréscimo do
teor de cimento, o qual torna a BGTC muito rígida e, por conseguinte, com baixas
deformações, com isso comprometendo as leituras dos LVDTs, as quais podem não
corresponder a realidade (apenas leituras de ruídos). A outra é que os níveis de tensão
normatizados não possibilitaram a mistura a ser ensaiada na fase elástica.
Numa pesquisa utilizando solo modificado com cimento, mostrou-se que percentuais 5%
ou maiores de teor de cimento não modificaram consideravelmente o módulo de resiliência do
solo, que segundo o autor não justificava o uso do cimento para aquela situação
(MACEDO, 2004). Essa constatação corrobora para o baixo consumo de cimento na BGTC.
A BGTC apresenta ruptura considerada quase frágil, sendo que na ruptura dos materiais
frágeis ocorre escorregamento entre o contato das partículas na região de interface no sistema
multifásico, que são os agregados e a pasta de cimento (BALBO, 2006). O aumento de
deformações (plastificação), desde o início da vida de serviço, é um indício de nucleação e
propagação de fissuras na estrutura interna do material. Assim, como visto anteriormente,
ocorre uma tendência de redução de seu módulo resiliente.
Esse parâmetro mecânico está inversamente associado à tensão aplicada, ou seja, quanto
maiores os valores de tensão aplicada menor é a vida de fadiga, isto é, menor é o número de
ciclos até ocorrência da ruptura do material. Ademais, para um mesmo nível de tensões,
frequências menores provocam um processo de degradação com menor número de ciclos
(BALBO, 2004).
29
Conforme a pesquisa realizada por Venson (2015), constatou-se que vida de fadiga é
inversamente proporcional a porosidade e diretamente proporcional a porcentagem de
cimento. Ou seja, ao reduzir a porosidade da BGTC e aumentar a taxa de cimentação, a vida
de fadiga desse material tente a aumentar.
2.2.5 Tenacidade
O valor da tenacidade de um material pode ser obtido de diferentes maneiras. Uma delas,
sugerida por Balbo (2006), realizada através de um ensaio específico, utilizando um CP de
RTI, faz-se um entalhe para impor a fratura naquele determinado ponto e, então, obter o valor
de tenacidade do material, conforme o esquema didático do ensaio na Figura 3. No entanto,
apresenta-se como um ensaio de difícil reprodução devido à desintegração do material ao
abrir o entalhe para realização do teste.
Após a análise dos resultados desse ensaio, Balbo (2006) verificou que as amostras com
umidade 1% menor que a ótima apresentaram resultados melhores de tenacidade em relação
às outras amostras, tanto na umidade ótima ou acima desta. Inclusive, esse autor afirmou que
umidade acima da ótima piora a condição resistiva à tração do material, e por conseguinte a
sua tenacidade à tração.
Outros métodos para obtenção do valor de tenacidade são propostos a partir dos ensaios
convencionais de resistência à compressão ou à tração, a depender do tipo de tenacidade que
se deseja obter. Com os gráficos dos ensaio lexão
energia absorvida sob tensão de tração no ensaio de flexão estática, por exemplo, conforme
preconiza RILEM (1984). Segundo o referido autor, a tenacidade é a área da curva delimitada
pelo seu ramo ascendente (inteiramente) e seu ramo descendente (esse até que se atinja um
patamar de 40% da Força Máxima) (Figura 4).
O concreto, material com elevada resistência, dada sua matriz homogênea e baixa
porosidade, apresenta uma ruptura quase-frágil, semelhante ao concreto, do ponto de vista do
comportamento do processo de ruptura. A BGTC, contudo, desenvolve valores muito
menores de resistência ao fraturamento, por conta da sua heterogeneidade e sua porosidade
(BALBO, 2006).
O baixo valor de tenacidade da BGTC evidencia como a propagação das fissuras é muito
mais rápida em relação ao concreto, para uma mesma carga. Por consequência, nota-se o
comportamento inferior à fadiga da BGTC ao comparar com o concreto.
31
Nesse contexto, Balbo (2006) verificou que o resultado encontrado na relação da idade dos
corpos de prova de concreto, demostra que quanto maior a idade, maiores eram as resistências
ao fraturamento. Isto porque há uma relação direta entre a resistência à tração indireta por
compressão diametral e a tenacidade do material.
No entanto, sabe-se que no Brasil não há normas que estabeleçam critérios de projeto para
uso de fibras com BGTC. Verifica-se apenas a norma ABNT NBR 15530/07, que estabelece
somente parâmetros de classificação para as fibras de aço para uso em concreto.
32
Além disso, Rooholamini et al. (2018) chegou à conclusão de que a adição de fibras não
afeta a resistência à compressão. Figueiredo (2000) afirma que, caso haja alteração, essa seria
positiva, visto que mesmo com as forças de cisalhamento (no momento de ruptura a
compressão) as fibras tendem a auxiliar beneficamente na resistência do material e
consequentemente em sua tenacidade.
Nesse sentido, no estudo de Zhang e Li (2009) foi analisado o efeito das fibras de
polipropileno nas propriedades mecânicas e na retração de um macadame que apresenta
características similares à BGTC. Ao avaliar a RCS, utilizaram CP cilíndrico com 15 cm de
altura e 15 cm de diâmetro moldados na umidade ótima, com 5 % de cimentação e fibras
curtas com comprimento máximo de 30 mm. O teor de fibras foi utilizado em 0,04%, 0,06%,
0,08% e 0,1%. Os resultados demonstraram que a partir de 0,04% há uma tendência de
acréscimo no valor de RCS com a utilização de fibras.
33
Tabela 1: Comparação do efeito das fibras nas propriedades mecânicas, segundo vários autores.
Resistência à
Tipo de Resistência Tração por Resistência à Tração
Propriedades das Fibras
Concreto Compressão Compressão na Flexão
Autores Ano
Diametral
Comprimento Fração em Volume
Tipo
(mm) (%)
Fallah and
2017 Polipropileno 39 0,25 / 0,75 / 1,25 Alta resistência -
Nematzadeh
Hesami et al. 2016 Polipropileno 60 0,10 / 0,12 Auto adensável
4% (do volume de
Aço 50 Normal -
cimento)
Saidani et al. 2016
4% (do volume de
Polipropileno 50 Normal -
cimento)
Afroughsabet
and 2015 Aço com gancho 60 0,25 / 0,5 / 0,45 / 1 Alta resistência
Ozbakkaloglu
Uma característica do desempenho à tração dos compósitos com fibras é que, até a
primeira fissura, a ruptura do material é determinada pela matriz cimentícia. No entanto, após
início da fissuração, as tensões são suportadas pela fibra, as quais apresentam gradual
decréscimo de acordo com a deformação, até a ruptura. Esse fato é característico do
arrancamento das fibras da matriz, denominado pullout (PEREIRA, 2017; HANNANT,
1978). Isto é, na adição das fibras, essas trabalham de maneira similar ao grampo ou tirante,
em que estabiliza os agregados em ambos os lados da fissura. Com isso, a fibra absorve a
tensão de tração da seção da fratura, por conseguinte a concentração de tensão na área
fissurada é reduzida. Então, ocorre um decréscimo do efeito do dano por trincamento e uma
melhora da ductibilidade do compósito (ZHANG E LI, 2009).
Yao (2003) realizou um estudo para avaliar as melhorias da matriz com baixo volume de
fibras e analisou o desempenho de três tipos de fibras (polipropileno -PP-, aço e carbono),
individualmente (Figura 5) e combinação entre dois tipos (Figura 9). Esse autor afirmou que é
possível obter um incremento na resistência à tração mesmo com baixo volume de fibras
(Figura 5). Segundo Figueiredo (2000), essa característica de aumentar a resistência é inerente
às fibras de aço, visto que elas apresentam alto módulo.
Figura 5: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição de fibra simples em vigas de concreto.
Figura 6: Ganho de resistência à compressão (a) e à tração (b) no macadame com a adição de fibras.
(a) (b)
Com os estudos apresentados, percebe-se uma gama de fibras disponíveis para utilização na
Engenharia. Algumas delas são fabricadas com materiais: vidro, natural (vegetal), metal (aço)
e sintéticas (aramida -kevlar-; poliolefinas -polipropileno-; acrílico; e carbono). Algumas
características dessas fibras são listadas por Bentur e Mindness (1990) e podem ser visualizadas
na Tabela 2.
Temperatura onde
Resistência à Resistência Comportamento sob alta
Tipo de Fibra toda a resistência
ação da água ao álcali temperatura
é perdida (ºC)
Perda progressiva de resistência a
Aramida Boa Boa 400-500
partir de 200ºC
Perda progressiva de resistência a
Náilon Boa Boa 180-200
partir de 100ºC
Perda progressiva de resistência a
Polietileno Boa Boa 100-130
partir de 100ºC
Perda progressiva de resistência a
Polipropileno Moderada a boa Boa 120-150
partir de 100ºC
Fonte Adaptada: Zheng e Feldman (1995).
Além disso, em razão do material utilizado, as fibras podem apresentar alto ou baixo
módulo de elasticidade, bem como alta ou baixa resistência à tração. Observa-se, com isso,
37
que esses são dois fatores fundamentais que influenciam no comportamento dos compósitos
(FIGUEIREDO, 2011).
Segundo o estudo de Yao (2003), foi demonstrado que as fibras de carbono têm alto
módulo e resistência à tração, fibras de aço têm módulo semelhante às fibras de carbono e
com alongamento maior e resistência à tração menor, enquanto as fibras de polipropileno têm
alto alongamento e baixos módulo e resistência à tração.
Algumas características das fibras de baixo módulo são: controle de fissuração por retração
plástica, inibição da propagação dessas fissuras e limitada capacidade de reforço à tração da
matriz, porém com grande alongamento. Já as fibras de alto módulo apresentam,
principalmente após a ruptura da matriz, melhoramento da tenacidade, da resistência à tração
e da resistência residual (FIGUEIREDO, 2011). Uma representação do funcionamento à
tração do conjunto matriz e fibras pode ser vista nas Figura 7.
Figura 7: Diagrama de tensão por deformação elástica de matriz e fibras de alto e baixo módulo de
elasticidade trabalhando em conjunto.
Figueiredo (2011) sugere que as fibras devem possuir comprimento igual ou superior ao
dobro da dimensão máxima característica do agregado. Em consonância, Hannant (1978)
propõe que concretos com adição de fibras não devem possuir agregados com dimensões
superiores a 20 mm e, preferencialmente, 10 mm, visto que poderia haver prejuízo a
distribuição uniforme da mistura.
antes dessas atingirem o tamanho crítico de falha, em que, a partir desse momento, esse tipo
de fibra não apresenta grande utilidade (PEREIRA, 2017; FIGUEIREDO, 2011).
Ademais, nota-se que as fibras podem ser utilizadas em conjunto para ampliar seu
potencial, visto que, como comentado anteriormente, cada tipo de fibra tem sua função
preponderante. Podem-se unir dois tipos diferentes a fim de incorporar um pouco das
características de cada tipo de fibra. Por exemplo, Yao (2003) demonstrou que a utilização da
fibra de carbono em conjunto com fibra de aço atribuiu melhora significativa ao compósito
40
em relação a utilização das fibras individualmente (Figura 10). O mesmo aconteceu com a
utilização da fibra de polipropileno (PP).
Figura 10: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição híbrida de fibras em vigas de concreto.
Pela Figura 10, o fenômeno de utilização híbrida de fibras trouxe melhorias, além das
apresentadas pelas fibras usadas individualmente, devido aos motivos: primeiramente, as
fibras de carbono (microfibras) atuam minimizando as fissuras de retração e, na aplicação da
carga, tende a elevar a resistência do compósito; em segundo, as fibras de aço (macrofibras)
atuam após a ruptura e aumentam a resistência do compósito além da resistência de pico; por
último, ambas as fibras, por terem módulos elásticos e resistências à tração similares,
apresentaram uma sinergia, e melhoraram o desempenho mecânico (YAO, 2003).
No momento da dosagem, vale ressaltar o fato de haver um volume mínimo de fibras a ser
aplicado no compósito para que exista um controle pós-fissuração da matriz, ou seja, uma
quantidade mínima de fibras para atuar na resistência à tração. Esse percentual mínimo é
denominado Volume Crítico.
41
Conforme preconiza Hannant (1978), o volume crítico de fibras assume a função após a
fissuração da matriz, em que as fibras devem suportar o carregamento de tração imposto sobre
o compósito. O teor de fibras pode ser dado como um dos principais parâmetros que definem
o comportamento dos compósitos (FIGUEIREDO, 2011).
Figueiredo (2000), após realizar ensaios de tração na flexão de concreto com fibras,
demonstra a importância do volume mínimo de fibras, em que o ganho de resistência acontece
apenas quando o volume de fibras do compósito é igual ou maior ao volume crítico. Esse
fenômeno pode ser visualizado na Figura 11.
Figura 11: Compósitos reforçados com fibras em teores abaixo (A), acima (B) e igual (C) ao volume
crítico de fibras durante o ensaio de tração na flexão.
Na Figura 11, observa-se que, para o volume de fibras abaixo do crítico, quando há ruptura
da matriz, acontece uma queda na capacidade carga suportada pela matriz. Para um volume de
fibras acima do crítico, o compósito continua aceitando níveis de carregamentos crescentes,
mesmo após a ruptura da matriz, o que mostra o trabalho das fibras.
(1)
Sendo:
O coeficiente de correção ( 1), também chamado de fator de eficiência, serve para majorar o
volume crítico em função do direcionamento das fibras, pois as fibras podem estar em apenas
uma direção (unidirecional), duas direções (bidimensional) ou três direções (tridimensional ou
aleatórias), com isso a sua eficiência pode ser reduzida. Por essa razão, este coeficiente deve
ser utilizado no momento do dimensionamento do volume crítico, de acordo com a Tabela 4.
Orientação
COX KRENCHEL
1 direção 1,000 1,000
2 direções 0,333 0,375
3 direções 0,167 0,200
Fonte: Hannant (1978).
O comprimento crítico das fibras está relacionado ao tamanho necessário das fibras, e
associado à transferência de tensão entre a matriz e a fibra. Além disso, quando no momento
de fissuração da matriz localizada perpendicularmente e no centro das fibras, esse
comprimento proporciona que a tensão no seu centro seja igual à sua tensão de ruptura.
Assim, quando a fibra tem comprimento menor que o crítico, a tensão de arrancamento
proporcionada pelo comprimento embutido não é suficiente para produzir uma tensão na fibra
que supere a resistência da matriz (FIGUEIREDO, 2011; BENTUR E MINDESS, 2007).
Nesse sentido, no momento de abertura da fissura, em que a fibra atua como ponte de
transferência de tensão, essa será arrancada no lado que tiver menor comprimento de
embutimento, gerando o pullout. Por exemplo, quando há boa compatibilidade entre a matriz
e as fibras, pode acontecer de ultrapassar o comprimento crítico, causando ruptura de fibras.
Assim, a contribuição das fibras será principalmente no controle pós-fissuração da matriz, em
que tende a reduzir a propagação de fissuras e consequentemente gerar aumento da tenacidade
(FIGUEIREDO, 2011).
43
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Agregados
3.1.1 Coleta
669.994,52 m (E) e 8.805.443,98 m (N), do Fuso 24 Sul (WGS84), e sua vista aérea é
apresentada na Figura 13.
Devido à adição de areia fina para atingir o teor de finos necessários à composição
granulométrica das misturas de BGTC, esse material foi adquirido em um comércio local, em
Aracaju/SE.
Todos esses materiais, com acréscimo do cimento, podem ser visualizados na Figura 14.
.
46
As britas que foram coletadas na região do agreste central sergipano, as quais são extraídas da
Região do complexo Gnáissico-Migmático dos Domos de Itabaiana, cujo local é visualizado
na Figura 15 (SANTOS, 2001).
Os ensaios para caracterização dos agregados da BGTC são compatíveis com as normas da
ABNT e do DNIT. Assim, foi apresentada uma relação dos ensaios que foram utilizados para
caracterização.
48
Alguns resultados foram obtidos do trabalho de Prado (2018), visto que o presente trabalho
é uma continuação daquele. Além disso, os agregados foram obtidos nos mesmos locais,
dispensando a repetição de alguns ensaios em específico. Primeiramente, são apresentados os
ensaios realizados na presente pesquisa, posteriormente, os ensaios realizados por Prado
(2018).
Os resultados (Tabela 6) de massa específica real e absorção para cada tipo de brita foram
obtidos do trabalho de Prado (2018). Para sua obtenção, o ensaio de absorção foi realizado
apenas para os agregados que tinham material retido na peneira 4,8mm (brita 37,5 mm, brita
25 mm, brita 19 mm, pedrisco e pó de pedra). Tais frações influenciam no cálculo da
quantidade de água, devido a capacidade de absorção dos agregados graúdos.
Outros resultados também são apresentados conforme valores obtidos por Prado (2018),
em que foi considerado o agregado graúdo sendo do tipo gnaisse. Os resultados foram: índice
de forma 2,4 e perda por abrasão Los Angeles de 16% (dezesseis por cento). De acordo com
normas e especificações técnicas que definem os critérios de aceitação dos materiais
utilizados em camadas de sub-bases e bases de BGTC para obras rodoviárias no Brasil,
observa-se que os referidos valores atendem às exigências prescritas (ABNT, 2013b;
DER/PR-ESP-P16; DER/SP-ETDE/P009).
50
Para compor a mistura de BGTC foi escolhido o cimento do tipo pozolânico (CP II-Z-32 RS),
o qual contém pequena adição de pozolana (Z) e apresenta-se como Resistente a Sulfato (RS).
Essa escolha foi pautada em sua larga utilização na construção civil e por ter boas
propriedades de durabilidade e resistência aos agentes químicos presentes no solo (DNIT,
2015; DER/PR, 2005). Além disso, atende às condições da norma (ABNT, 2013a).
Para caracterização física dos cimentos utilizados, foram realizados os ensaios propostos
pelas normas brasileiras. Os resultados dos ensaios foram obtidos do trabalho de Prado
(2018), uma vez que o cimento utilizado em ambos os trabalhos foi o mesmo. Sendo assim, os
ensaios foram:
Referência
Ensaios Resultados
da Norma
Finura (%) 0,674 < 12%
Tempo Início de Pega (h) 02:19 >1
Tempo Fim de Pega (h) 04:02 <10
Massa Específica (g/cm³) 3,08 -
Fonte: Prado (2018).
Em relação à água utilizada nesta pesquisa, essa era potável e isenta de materiais
orgânicos, óleos ou outras substâncias que possam prejudicar a hidratação do cimento
Portland.
51
3.3 Fibras
A análise das fibras foi realizada em conjunto com a BGTC. Esses materiais não são
componentes principais da matriz, porém sua inserção foi feita para avaliar as mudanças que
poderiam ocasionar à mistura.
Neste trabalho foram utilizados 5 tipos de fibras: Fibra de Aço, Fibra de Polietileno, Fibra
de Polipropileno (dois modelos distintos, um deno 54
Fibra de Vidro. O detalhamento de cada material é apresentado nos tópicos seguintes,
permitindo demonstrar as características específicas de cada tipo de fibra. Ressalta-se que as
características apresentadas são aquelas disponibilizadas pelos fornecedores, não abrangendo
neste trabalho a análise mecânica das fibras isoladamente.
Na Tabela 8, são apresentados os valores de cada tipo de fibra. Esse dado é importante no
momento da análise da viabilidade do uso de fibras, bem como serve como parâmetro
limitador para o percentual de inserção adotado devido ao custo para construção do
pavimento. Isso acontece porque um percentual muito grande poderia tornar financeiramente
inviável a utilização das fibras no contexto real de obra.
As fibras de aço são consideradas materiais nobres na Engenharia Civil, em especial no setor
de Materiais de Construção, por suas características mecânicas e alta compatibilidade com o
concreto. Em relação às suas características químicas, pode-se afirmar a boa compatibilidade
com o cimento e os agregados, não sendo esse um fator que dificulte sua utilização. No
52
entanto, poderia haver degradação desse tipo de material quando utilizado em pavimentação,
devido à elevação e rebaixamento do nível freático, por conseguinte, acelerando a oxidação
do aço.
Segundo o fornecedor, as fibras são produzidas a partir de aço de baixo teor de carbono,
trefilado a frio. Além disso, elas apresentam um formato especial em suas extremidades
(Figura 17) para garantir maior aderência e ancoragem entre as fibras e a matriz.
Segundo o fabricante das fibras de polietileno, essas são formadas por monofilamentos de
polietileno. No aspecto químico, verifica-se a boa compatibilidade com o cimento e os
agregados, visto que são álcali resistentes, sendo um fator benéfico na sua utilização.
Álcali resistente
54
Comprimento: 40 mm (frisada);
30.000 fios por kg;
Resistência à tração (por filamento): 350 MPa;
Ancoragem: Twist;
Alongamento por ruptura: 110%;
Matéria-prima: monofilamentos de polietileno;
Densidade (g/cm³): 1,12
Segundo o fornecedor das fibras de polipropileno do modelo FF54, a vantagem desse tipo é a
presença de o elevado número de filamentos por kg, uma vez que são bastante delgadas e
apresentam-se agrupadas, conforme Figura 19, sendo separadas durante o processo de
mistura.
Absorção: nula.
Ancoragem: físico/química.
Fornecidas pela mesma empresa das fibras FF54, a fibra Ultimax é formada pela mesma
matéria prima da anterior, por consequência, as suas propriedades químicas são iguais. No
entanto, apresentam alguns aspectos distintos, principalmente em relação aos seus aspectos
físicos. Essas se apresentam com maior espessura, como observado na Figura 20. Além de seu
formato ser um monofilamento individual, em vez de monofilamento retorcido.
Em uma comparação visual, percebe-se uma semelhança entre o aspecto físico dessa fibra
com a fibra de polietileno.
Em relação às características físicas, a fibra utilizada mede 54 mm, sendo considerada uma
macrofibra. Outras características fornecidas pela empresa são:
Fornecidas pela mesma empresa da fibra de polipropileno, a fibra de vidro é considerada uma
microfibra, com comprimento de 12 mm. Numa pesquisa entre diversos fornecedores não se
encontrou macrofibra de vidro. No caso de sua existência, sua utilização melhoraria a
comparabilidade com os outros tipos de fibras anteriores.
No aspecto físico, essas fibras são pequenas, como citado anteriormente. Outras
características disponibilizadas pelo fornecedor são:
Além dessas, pode-se citar outras peculiaridades, as quais estão na Tabela 11.
57
Na Figura 22, pode-se comparar visualmente as fibras utilizadas no presente trabalho. Além
disso, na Tabela 12 é possível fazer uma comparação com as principais características das
fibras.
Resistência Módulo de
Tipo de Comprimento
Aspecto à tração Elasticidade
Fibra (mm)
(Mpa) (GPa)
Aço 60 Grossa >1100 210
Polietileno 40 Grossa 350 -
FF54 54 Fina 550 a 650 7
Ultimax 54 Grossa 550 a 650 9
Vidro 12 Fina 1750 72
O percentual de fibras foi determinado utilizando o mesmo critério para todos os tipos de
fibras. Nesse processo consideraram-se alguns aspectos físicos e viabilidade econômica para
utilização em campo, visto que não haveria sentido testar um material que fosse
financeiramente inviável para aplicação prática.
Inicialmente, após a escolha dos tipos de fibras a serem utilizados, foram selecionados seus
respectivos parâmetros físicos e financeiros, como seu custo em Preço/kg e sua densidade em
kg/m³. Foi necessário também utilizar o custo unitário [ Preço/m³] para construção da base de
uma rodovia em BGTC. Em consulta ao Sicro 2 do DNIT-SE para o mês de novembro de
2016, obteve-se um valor de R$ 205,92 Preço/m³ de base em BGTC.
Para fixar um valor e encontrar outros parâmetros a partir desse, foi feita uma simulação de
uma rodovia de 1 km, com dimensão da camada de BGTC sendo 7,2 m de largura e 0,15 m de
espessura. Encontrou-se o valor de R$ 222.393,60 [Preço/km].
Assim, estipulou-se neste estudo o valor de 50% da construção da camada como um valor
limite viável para incorporação das fibras, resultando em R$ 111.196,80 [Preço/km] para ser
acrescentado ao valor da camada para incorporação das fibras. Ou seja, esse valor de
aproximadamente 111 mil reais seria gasto apenas para aquisição das fibras, além dos
aproximadamente 222 mil reais para construção da camada.
59
Com esses dados, foi possível estipular a Quantidade em massa viável [kg] para utilização
de cada tipo de fibra, dividindo-se o Valor limite viável (R$ 111.196,80 [Preço/km]) pelo
Preço individual [Preço/kg].
Dadas as respectivas Densidades [Kg/m³], foi possível encontrar o Volume de fibras [m³]
utilizado para 1 km de rodovia. Para tanto, esse valor foi dividido pelo Volume da base (1080
[m³]) para 1 km de rodovia, para ser encontrado o Percentual Calculado [%] em volume
utilizado de fibras.
Verificou-se, de acordo com a literatura, que esses valores percentuais encontrados estão
coerentes com os diversos trabalhos realizados, bem como com a utilização prática de fibras.
Para encontrar a quantidade de fibras em massa utilizada em cada corpo de prova, foi
realizado o processo inverso, já que se tem o Percentual em volume [%] e deseja-se encontrar
a Quantidade em massa [kg].
A combinação dos agregados, a partir dos resultados do ensaio de granulometria, foi estimada
por tentativas em planilha específica, para que ficasse num limite da faixa granulométrica
desejada. Essa faixa foi obtida do trabalho de Prado (2018), que utilizou a faixa
granulométrica sugerida por SAPEM (2014). O presente trabalho utilizou a mistura que
apresentou melhor desempenho mecânico no trabalho de Prado (2018).
Proporções de agregados
Peneiras (mm)
20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50%
Após a escolha da faixa granulométrica, foram preparadas cada uma das misturas com sua
respectiva fibra. Para tanto, as fibras foram adicionadas às misturas de acordo com o
percentual em volume estabelecido, não havendo substituição de material para compensação
dos respectivos volumes das fibras adicionados.
Para caracterização física e determinação da curva granulométrica utilizada para o preparo das
misturas, foram realizados os seguintes ensaios:
Umidade higroscópica.
Com a definição das proporções dos agregados para a mistura, foi realizada a análise
granulométrica com a finalidade de retificar as proporções dos agregados, observando se
atenderia à curva de distribuição granulométrica pretendida, conforme preconizado por
SAPEM (2014) (Figura 23).
62
Após encontrada a curva ajustada para os agregados, foi realizada uma correção para
determinação da massa dos agregados em função da porcentagem fixa de cimento em massa
(5%), visto que a porcentagem do cimento em massa entra na contagem da mistura, ou seja,
deve haver substituição dos agregados para inclusão do cimento. Essa correção pode ser
visualizada na Tabela 17.
Porcentagem individual
Materiais Antes da Após
Correção Correção
Cimento 0,00% 5,00%
Brita 2 20,00% 19,00%
Brita 3/4 0,00% 0,00%
Brita 0 26,00% 24,70%
Pedrisco 0,00% 0,00%
Areia 4,50% 4,28%
Pó de Pedra 46,00% 43,70%
Filler 3,50% 3,33%
TOTAL 100,00% 100,00%
Além disso, o material retido na peneira 19 mm foi substituído por um material passante na
19 mm e retido na 4,8 mm, devido à necessidade de compatibilização com as fibras. Portanto,
houve alteração na granulometria da Tabela 16 e da Figura 23, passando a ficar conforme a
Tabela 18 e Figura 24.
63
Proporções de agregados
Peneiras (mm)
20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50%
A massa específica real foi obtida no trabalho de Prado (2018), que, para a faixa
granulométrica adotada, foi de 2,792 (g/cm³).
desempenho mecânico da BGTC com a utilização dessa energia (Klinsky & Farias, 2016;
Yeo, 2011; SAPEM, 2014; AUSTROADS, 2008). Por conta disso, no presente trabalho,
optou-se pela utilização da energia Proctor modificada para compactação das misturas de
BGTC. Além disso, optou-se por essa energia para seguir o padrão de moldagem utilizado por
Prado (2018).
O resultado do ensaio de compactação obtido por Prado (2018) é apresentado na Figura 25,
em que é mostrada a curva de compactação para a mistura 5B do referido trabalho. Além
disso, na Tabela 19 são mostrados os valores numéricos de resultados de ensaios obtidos por
Prado (2018).
Parâmetros Resultados
Teor de Cimento 5%
Peso específico aparente seco máximo (kN/m³) 22,36
Teor de umidade ótima (%) 9,8
Relação água/cimento 1,96
Fonte: Prado (2018).
Conforme Prado (2018) e Yeo (2011), pode-se afirmar que o modo de compactação
influencia sobremaneira a densidade da BGTC, a qual pode promover misturas mais densas,
além de fornecer maior coesão à mistura, não necessariamente, pela interação entre cimento e
a agregados. Assim, para o concreto convencional, a coesão da mistura depende das reações
da matriz cimentícia, distinguindo-se a BGTC que depende mais do modo de compactação.
Com isso, foram confeccionados os corpos de prova para cada tipo de ensaio a fim de
analisar as variações dos parâmetros para as misturas com adição de cada tipo de fibra e
comparar com a BGTC convencional. Os parâmetros analisados foram: Resistência à Tração
Indireta (RTI), Resistência à Tração na Flexão (RTf), Resistência à Compressão (RCS),
Módulo Dinâmico Longitudinal (E*), Módulo de Elasticidade (E), Módulo de Resiliência
(MR), Vida de Fadiga (N).
para que houvesse compatibilidade com os moldes e com o tamanho das fibras utilizadas no
presente trabalho.
Por fim, no momento da moldagem houve adição de água, cimento e fibras. A moldagem
dos corpos de prova é detalhada adiante para cada tipo de teste, visto que foram utilizados três
tipos de moldagem diferentes.
Com o resultado das frações passantes e retidas na peneira 4,8 mm das amostras já separadas
foi realizado o cálculo da água. Para a fração retida é considerada a água de absorção do
agregado graúdo, conforme DNER-ME 162/94.
(2)
Sendo Mseca: massa total seca da mistura; Whig: umidade higroscópica da mistura; Mtotal:
massa total da mistura.
67
Obtido esse valor, encontra-se a água adicionada para se atingir a umidade ótima.
(3)
Sendo Add: água adicionada antes da correção; Wot: umidade ótima de compactação.
No entanto, esse valor sofre uma correção, considerando os valores das frações passantes e
retidas na peneira 4,8 mm. Assim, a água realmente colocada é calculada da seguinte maneira:
(4)
Sendo:
Absorção Mretido 4,8: massa de água adicionada indiretamente com o material retido na
peneira 4,8 mm, conforme a norma DNER-ME 162/94.
O método de resistência à tração indireta é realizado com uma carga diametral em uma
pequena área da amostra. Conforme Yeo (2011), espera-se que esse tipo de carregamento
simule as condições reais de tráfego, em que as forças de tração são geradas apenas por cargas
de compressão.
Os corpos de prova para a realização desse ensaio foram moldados com dimensões de 10
cm de diâmetro e 6 cm de altura (Figura 28-A). A compactação se deu por impacto em uma
única camada com aplicação de 62 golpes, para atingir a energia Proctor Modificada.
imediatamente embalados em um filme plástico para que houvesse a cura do cimento, durante
28 dias.
Figura 27: Cilindros após moldagem, em espera para desmoldagem depois de 24 horas.
(a) (b)
69
Como não há norma específica para materiais cimentados, após 28 dias de cura o ensaio foi
realizado conforme com os métodos da Norma DNIT 136/2018-ME (DNER, 2018),
desenvolvido para misturas asfálticas.
Antes do ensaio, foram verificadas as dimensões dos CPs com paquímetro. A altura foi
medida em quatro posições equidistantes, já o diâmetro foi medido em quatro posições
diametralmente opostas e perpendiculares. Os valores adotados foram as médias aritméticas
das leituras.
Depois de medidos, os CPs foram colocados entre dois frisos metálicos (Figura 29), em
que foi aplicado um carregamento a uma velocidade de deslocamento constante de 0,8 mm/s
até a ruptura do CP. A prensa utilizada na realização do ensaio foi a prensa Marshall, modelo
I-2001, com anel dinamométrico de 5.000 kgf, com um extensômetro acoplado de resolução
0,001 m, de fabricação COTENCO Ind. Com. Ltda.
Figura 29: Detalhe do ensaio de resistência à tração indireta para diferentes tipos de fibras.
(5)
Em que, RTI: Resistência à Tração Indireta (MPa); F: Carga de Ruptura (N); D: Diâmetro
de corpo de prova (cm); H: Altura do corpo de prova (cm).
70
Neste ensaio, os corpos de prova foram moldados diferentemente do ensaio anterior. Aqui,
os CPs tiveram um formato prismático com dimensões de 10 cm de largura, 10 cm de altura e
40 cm de comprimento, de acordo com os padrões do protocolo NCHRP (2014). Essas
distâncias são definidas conforme o diâmetro máximo do agregado, segundo preconiza a
norma AS1012 (STANDARDS AUSTRALIA, 2000) e a norma ASTM C78/C78M-15b
(ASTM, 2015). Ademais, segundo o referido protocolo, o CP deve obedecer à seguinte
relação: altura igual a 1/3 da distância entre os apoios (L), sendo possível visualizar na Figura
30.
Foram moldados três corpos de prova para cada tipo de fibra a fim de obter uma análise da
resistência à tração na flexão aos 28 dias. O procedimento preparatório das misturas seguiu o
mesmo processo da preparação das misturas anteriores, diferenciando dos demais por conta da
compactação, a qual foi realizada pela prensagem estática do CP, executada em 3 (três)
camadas de mesma altura. Tal processo já foi utilizado por Prado (2018), Nascimento (2017)
e López (2016).
A massa total da mistura de BGTC, que foi inserida em cada viga, foi definida a partir do
peso específico aparente seco máximo, da umidade ótima e do volume do CP, dividindo-se
em seguida pelo número de camadas a serem compactadas.
Para controlar o grau de compactação, foi observada a relação existente entre o peso
específico aparente seco na moldagem e o peso específico aparente seco máximo determinado
no ensaio de compactação. As camadas foram compactadas isoladamente e, após a
compactação de cada uma, foi realizado o processo de escarificação (Figura 31) a fim de
melhorar a aderência entre as camadas e tornar o elemento monolítico, sem aparente
estratificação.
Figura 32: Viga prismática: (a) Após moldagem para desmolde após 24 horas; (b) desmoldagem.
(a) (b)
A desmoldagem ocorreu após 24 horas, período considerado suficiente para que os CPs
adquirissem consistência suficiente. Logo após desmoldados, os CPs foram posicionados
sobre uma base firme e cobertos com filme plástico para então passar pelo processo de cura
por 28 dias, sem imersão em água (Figura 33).
Figura 33: Viga prismática: (a) Envelopamento com filtro; (b) condicionamento para 28 dias de cura.
(a) (b)
Após o tempo de cura, os CPs foram ensaiados à tração na flexão. Para a realização desse
procedimento, os CPs foram marcados para que possibilitasse aferir as suas medidas de altura,
largura e comprimento (Figura 34). As medidas de altura e largura foram realizadas em quatro
locais diferentes, com seu resultado representado pelo valor da média das medições. Além
disso, essas marcações auxiliaram na realização do ensaio, no momento de posicionamento
dos CPs nos apoios e verificação da localização da fissuração de ruptura, ou seja, verificar se
a trinca aconteceu dentro ou fora do terço médio.
73
Caso a trinca ficasse dentro do terço médio da vigota, a resistência seria encontrada a
partir da Equação 6:
(6)
Caso a trinca ocorresse fora do terço médio, porém com uma distância inferior a 5% de
L (1,5 cm), a resistência seria dada pela Equação 7:
(7)
Sendo:
Além da resistência, através desse ensaio foi possível obter a tenacidade do material em
relação a sua ruptura por tração na flexão. Esse parâmetro muito importante para os materiais
cimentados que compõe o pavimento rodoviário, pois representa a quantidade de energia que
pode ser absorvida até a sua ruptura completa.
Com o resultado do ensaio de RTf, é possível medir o valor da tenacidade conforme a Figura
4 (item 2.2.5 deste trabalho), em que o valor da tenacidade é coincidente com a área do
gráfico do ensaio (Carga x Deflexão). A área desta curva é delimitada pelo seu ramo
ascendente e seu ramo descendente, até que se atinja um patamar de 40% da Força Máxima
75
no ramo descendente. Então, é possível determinar a energia absorvida sob tensão de tração
no ensaio de flexão estática, encontrando-se a tenacidade (TTF).
Com o software AutoCAD, foi possível calcular as áreas de cada gráfico respectivamente
para cada CP. A Figura 36 exemplifica o cálculo da área do gráfico para um CP de fibra
Ultimax, em que foi realizado o contorno do gráfico e calculada a área pelo referido software.
Para determinar a resistência à compressão simples foi realizado o ensaio de compressão axial
nas misturas. O método de moldagem difere quanto ao processo de compactação e ao formato
do corpo de prova das avaliações anteriores.
Após a compactação o molde, juntamente como o CP em seu interior, deve ser envolvido
com filme plástico a fim de evitar a perda de umidade e esperar o tempo de pega do cimento e
início da cura (Figura 38).
A desmoldagem ocorreu após 24 horas (Figura 39-A), período considerado suficiente para
que o CP adquirisse consistência suficiente. Logo após, o CP foi posicionado sobre uma base
firme (Figura 39-B) e coberto com plástico filme para então passar pelo processo de cura por
28 dias, sem imersão em água.
Figura 39: Desmoldagem dos CPs para ensaios de compressão: (a) Processo de retirada do CP do
cilindro de compactação; (b) CP compactado sobre uma base firme.
(a) (b)
Decorrido o tempo de cura, o CP teve sua superfície regularizada na parte superior e
inferior com pasta de cimento para que pudesse ser realizado o ensaio de acordo com NBR
5739 (ABNT, 2007).
Durante o ensaio o carregamento foi aplicado com velocidade constante de 0,45 ± 0,15
MPa/s até a queda brusca da força, o que indica sua ruptura. A prensa utilizada para a
realização deste ensaio foi a mesma utilizada para os ensaios de resistência à tração na flexão
(Figura 40).
78
A realização desse ensaio foi de acordo com o procedimento da Norma ASTM C215/2014 A
Standard Test Method for Fundamental Transverse, Longitudinal, and Torsional Frequencies
of Concrete Specimens da American Society for Testing and Materials. Nesse ensaio, a
determinação dinâmica de propriedades elásticas dos materiais é realizada a partir da
frequência natural de vibração de um corpo. Os CPs utilizados nesse ensaio foram os mesmos
utilizados para módulos de elasticidade e resiliência, visto que todos são testes não
destrutivos.
Para realização desse ensaio, foi utilizado o equipamento Nondestructive Evaluation 360
Plataform (NDE 360), desenvolvido pela Olson Instruments. Compõem o conjunto: um
martelo para aplicação do impacto na superfície do CP; um acelerômetro para captação da
resposta resultante do impacto realizado no CP; e um processador de dados (Figura 41).
79
Previamente a realização dos ensaios, o CP foi medido (altura e diâmetro). Em seguida, foi
posicionado sobre uma espuma a fim de evitar a propagação de vibrações provenientes do
golpe, bem como de evitar que vibrações externas pudessem interferir no resultado.
O acelerômetro foi posicionado no CP, tendo sua posição variando de acordo com o tipo de
vibração escolhida longitudinal, transversal ou torsional. Para medição, foram aplicados três
golpes com o martelo e realizadas três leituras para cada tipo de vibração, sendo o resultado a
média aritmética dos valores obtidos.
(8)
Sendo:
80
Em cada lado do CP, no terço médio de sua altura, foram instalados dispositivos para
medir as deformações (Figura 42). Esses instrumentos são denominados de extensômetros
eletrônicos de configuração dupla, os quais são sensores independentes, em que a caixa de
equalização obtém o sinal de deformação média entre os dois sensores.
(9)
Sendo:
: Tensão (MPa);
O ensaio para obtenção do módulo de resiliência foi realizado de acordo com a norma DNIT
181/2018-ME: Material estabilizado quimicamente Determinação do módulo de resiliência
(DNIT, 2018). Os corpos de prova utilizados nesse ensaio foram os mesmos utilizados nos
ensaios de Módulos Dinâmico e de Elasticidade. O equipamento específico para o ensaio é
um sistema de aplicação de cargas repetidas, denominado de SIEMBS Sistema Integrado de
Ensaio para Misturas Betuminosas e Solos, de fabricação da ARMTEC Tecnologia em
Robótica, com upgrade de software e sistema de aquisição de dados realizado pela própria
equipe do Laboratório de Topografia e Transportes (LTT) do Departamento de Engenharia
Civil da UFS.
Conforme pode ser visualizado na Figura 44, esse equipamento é composto por dois
módulos: Módulo de Ensaio, em que os testes são realizados efetivamente; e Módulo de
Controle, onde acontecem o controle, o monitoramento e a coleta de dados.
(10)
Sendo:
O ensaio foi realizado com a frequência de 1 Hz, ou seja, 60 ciclos por minuto, em uma
sequência de 5 (cinco) diferentes tensões, de acordo com a Tabela 20. Para cada nível de
tensão, foram aplicadas 50 repetições da carga. No entanto, para o cálculo do MR levou-se em
consideração apenas o valor médio dos deslocamentos resilientes das últimas 5 aplicações de
carga para cada nível de tensão.
Número de
Tensão principal maior
Sequência aplicações de
cargas
1 0,1 50
2 0,2 50
3 0,3 50
4 0,4 50
5 0,5 50
Fonte: DNIT (2018).
84
(11)
Em que:
O ensaio de fadiga foi realizado à tração na flexão, visto que este é o método que mais se
aproxima com o processo de fadiga ocorrido em campo. Além disso, esse método foi adotado
pela AUSTROADS (2004) para materiais cimentados.
Esse teste foi realizado em tensão controlada. Os patamares de tensão foram pré-definidos
de acordo com uma porcentagem do valor de resistência à tração na flexão da mistura sem
fibras. Níveis considerados altos (60 a 95% da resistência à tração na flexão) são os que
simulam as condições mais severas das cargas do pavimento (AUSTROADS, 2008).
O ensaio foi realizado com um ciclo de atuação da carga na frequência de 1 Hz, com 250
ms de aplicação do pulso e 750 ms de descanso. O teste foi feito até que ocorresse a ruptura
do CP, ou até que houvesse uma deformação 50% maior que a inicial, ou até atingir um
milhão de ciclos. Com isso, obteve-se o número N, o qual representa a vida de fadiga para a
tensão de ensaio.
Os ensaios foram realizados no mesmo equipamento dos ensaios para obtenção do MR,
contudo com arranjo diferente do CP e da aplicação de carga, conforme as Figura 46 e Figura
47. Todos os CPs de todas as misturas com e sem fibras foram ensaiados com a mesma força
nos apoios, de forma que permitisse uma comparação entre o número de ciclos que causaria a
ruptura dessas misturas. Com isso, foram avaliados os ganhos de resistência à fadiga em
comparação à mistura padrão.
85
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As misturas de Brita Graduada Tratada com Cimento, bem como as misturas de BGTC com
inserção de fibras foram ensaiadas conforme os métodos descritos no capítulo 3. Os
resultados dos ensaios realizados são aqui apresentados e discutidos, separadamente, por tipo
de ensaio, respectivamente para cada parâmetro resistivo do material: resistência à
compressão simples, resistência à tração indireta, resistência à tração na flexão, módulo de
elasticidade, módulo dinâmico longitudinal, módulo de resiliência, tenacidade e vida de
fadiga.
Na Figura 48, são apresentados os gráficos do resultado obtidos pelo software da prensa de
realização do ensaio de resistência à tração na flexão. Optou-se por mostrar os resultados do
ensaio de cada tipo de fibra junto em uma mesma figura para facilitar a visualização e
comparação.
A partir da Figura 48, percebe-se o trabalho das fibras na resistência à tração na flexão,
uma vez que, na maioria dos CPs, a matriz se rompe aproximadamente no mesmo patamar de
força (2,5 kN), o mesmo nível em que ocorre a ruptura da BGTC sem fibra. Esse fato é
possível ser notado nos gráficos das misturas com fibras, em que ocorre um pico em
aproximadamente 0,5 mm de deformação e depois a força decresce. No entanto logo após
essa queda ocorre um crescimento das curvas. Percebe-se o início do trabalho das fibras,
principalmente após a ruptura da matriz, exceto para as fibras de vidro, discutida adiante.
88
Figura 48: Resumo dos gráficos do ensaio tração na flexão para todos os tipos de mistura.
Em consonância com isso, verifica-se que as fibras não atuam antes da ruptura da matriz e
não fornecem ganhos significativos resistivos iniciais de tração à matriz, conforme observa-se
na ruptura quase frágil dos CP sem fibra na Figura 49. Entretanto, após a ruptura, fica
evidente o trabalho das fibras, em que cada fibra atuou até o seu arrancamento, sendo evidente
os acréscimos e decréscimos (após o pico máximo) nos gráficos ocasionados pela resistência
ao arrancamento das fibras. Nesse sentido, fica evidente a atuação, principalmente, das fibras
de aço e de polipropileno após a ruptura da matriz, fornecendo maiores resistência residual e
deformação.
Além dessas observações, a partir dos gráficos da Figura 48, nota-se a heterogeneidade do
material, uma vez que cada CP, para o mesmo tipo de fibra, apresenta um comportamento
distinto, mesmo sendo confeccionados com os mesmos padrões técnicos.
89
Em relação à fibra de aço (Figura 50), nota-se a maior queda de força logo após a ruptura
da matriz, isso pode ter acontecido em decorrência do volume de fibras utilizados ser abaixo
do volume crítico (discutido no item 4.9). Com isso, ocorre um maior período após a ruptura
da matriz para que as fibras comecem a atuar. Já a fibra de vidro apresentou ruptura
semelhante à mistura sem fibra, porém com um pico maior. Acredita -se que isso aconteceu
em razão de seu aspecto físico e pequeno comprimento (microfibra).
(a)
90
(b)
O resultado do ensaio de resistência à tração na flexão é apresentado na Tabela 21, em que
foi calculada uma média dos valores resistivos de três CPs para obtenção do resultado de RTf,
bem como são demonstrados os ganhos ou as perdas em relação à mistura de BGTC sem
fibra. Para uma melhor análise, foi feito um gráfico (Figura 51), que compara os valores de
resistência à tração na flexão para todos os tipos de mistura e os respectivos ganhos ou perdas
em relação à mistura de BGTC sem fibra.
Percentual
Tipo de Grau de RTf Média Desvio Coeficiente
de
Fibra Compactação [MPa] [MPa] Padrão de Variação
Ganho/Perda
100,2% 0,56
Sem Fibras 100,1% 0,83 0,71 0,06 8,38% 0%
99,9% 0,75
98,9% 0,80
Fibra de
99,6% 0,71 0,77 0,06 7,69% 9%
Polietileno
100,0% 0,82
98,3% 0,71
Fibra de
98,4% 0,99 0,91 0,17 18,62% 28%
Aço
100,0% 1,01
98,9% 1,03
Fibra de
99,5% 0,98 0,91 0,17 18,72% 28%
Vidro
99,0% 0,71
91
98,7% 0,86
Fibra
99,6% 1,01 0,98 0,10 10,51% 38%
Ultimax
98,0% 1,06
97,9% 0,74
Fibra FF54 99,1% 1,13 1,08 0,08 7,08% 52%
99,3% 1,02
60%
40%
30%
RTf
20%
Ganho/ Perda
10%
0%
Sem Fibra de Fibra de Fibra de Fibra Fibra
Fibras Polietileno Aço Vidro Ultimax FF54
Tipo de fibra
De acordo com os resultados apresentados, nota-se que houve ganho na resistência à tração
na flexão para todos os tipos de fibra. Os ganhos variaram de aproximadamente 9% até 52%,
dependendo do tipo de fibra utilizada, sendo o menor ganho com a fibra de polietileno e o
maior com a fibra FF54.
A fibra de vidro (Figura 52), mesmo não apresentando ganho de deformação, gerou um
aumento na ruptura de pico. Acredita-se que houve uma interação benéfica com a matriz e
atuação da fibra antes da ruptura. Além disso, esse tipo de fibra é indicado para atuar no
combate à retração da pasta de cimento. Isso pode também ter beneficiado o compósito,
contudo não foi investigado nesta pesquisa.
92
(a)
93
(b)
As duas fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax), Figura 54 e
(a)
94
(b)
(a)
95
(b)
Com os gráficos do ensaio de resistência à tração na flexão, foi realizado o cálculo da área no
software AutoCAD, conforme item 3.6.4 de Materiais e Métodos. Esse resultado é
apresentado na Tabela 22, em que foi realizada uma média dos valores da área de três CPs
para obtenção do resultado de tenacidade, bem como são expostos os ganhos ou as perdas em
relação à mistura de BGTC sem fibra. Portanto, para uma melhor análise foi avaliado um
gráfico (Figura 56) que compara os valores de TTF para todos os tipos de mistura e os
respectivos ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC sem fibra.
Percentual
Tipo de TTf Média Desvio Coeficiente
de
Fibra [N.mm] [MPa] Padrão de Variação
Ganho/Perda
Fibra de
555,05 151,06 27,22% 40%
Vidro
96
Fibra de
2495,34 724,10 29,02% 531%
Polietileno
Fibra
5097,55 1579,92 30,99% 1189%
Ultimax
Fibra de
8124,62 6945,55 85,49% 1954%
Aço
A partir da Tabela 22, notam-se valores elevados para o coeficiente de variação. Isso pode
ter acontecido em razão do arranjo das fibras em cada CP, podendo ter influenciado na
resistência residual do corpo de prova. Dependendo de tal arranjo, houve maior ou menor
número de fibras atuando no eixo tracionado, influenciando na disponibilidade de atuação de
uma fibra após o arrancamento de outra anterior, conforme demonstrado na Figura 48.
8000,00
7000,00 2000%
6000,00
5000,00 1500%
4000,00 1000%
3000,00
2000,00 500%
1000,00 Tenacidade
0,00 0%
Ganho/ Perda
Tipo de fibra
Observa-se, a partir dos resultados, que todos os tipos de fibra apresentaram ganho de
tenacidade. Como a fibra de vidro apresentou ruptura semelhante a BGTC sem fibra, esse
material forneceu pequeno ganho (40%) de tenacidade em relação aos outros tipos misturas.
Esse ganho aconteceu em decorrência da elevação da resistência de pico.
97
As fibras de polietileno também geraram um ganho inferior aos outros tipos (531%).
Acredita-se, novamente, que esteja relacionado com seu baixo volume de fibras em relação ao
volume crítico.
Os resultados dos ensaios de resistência à tração indireta são apresentados na Tabela 23, em
que foi realizada uma média dos valores resistivos de três CPs de cada mistura para obter os
resultados de RTi e são demonstrados os ganhos ou as perdas em relação à mistura de BGTC
sem fibra. Para uma melhor análise foi apresentada graficamente (Figura 57) a comparação
dos valores de resistência à tração diametral para todos os tipos de mistura e os respectivos
ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC sem fibra.
Percentual de
Tipo de RTI Média Desvio Coeficiente de
Ganho /
Fibra [MPa] [MPa] Padrão Variação
Perda
1,02
Fibra
1,00 1,12 0,19 17,41% -8%
FF54
1,34
1,24
Fibra
1,17 1,20 0,04 3,10% -1%
Ultimax
1,18
1,17
Sem 1,08
1,22 0,11 9,42% 0%
Fibras 1,32
1,30
1,22
Fibra de
1,20 1,23 0,04 2,92% 1%
Polietileno
1,27
1,15
Fibra de
1,18 1,25 0,15 12,19% 3%
Aço
1,43
98
1,11
Fibra de
1,40 1,28 0,15 11,50% 5%
Vidro
1,31
Conforme os resultados apresentados, nota-se uma variação pequena (no máximo ±8% em
relação à BGTC padrão) no resultado de RTi entre as misturas com e sem fibras. Prado (2018)
e Nascimento (2017) registraram variações até maiores que as apresentadas na Tabela 23,
quando comparados resultados de RTi de CPs diferentes moldados para uma mesma mistura.
Com isso, a variação apresentada pode ter ocorrido em razão do próprio procedimento de
moldagem e ensaio dos CPs, e não influenciada pela atuação das próprias fibras. As fibras
podem não ter atuado nos CPs em razão da incompatibilidade entre o tamanho do CP e o
tamanho das fibras, visto que, como os CPs eram pequenos em relação ao tamanho das fibras,
não houve arranjo adequado das fibras para que houvesse atuação das fibras.
Além disso, aponta-se outra possível causa da não atuação das fibras, a alta velocidade de
aplicação de carga no ensaio de RTi em prensa Marshall/CBR, superando bastante a
velocidade definida na norma DNIT 136/2018 ME, que deveria ser de 0,8 ± 0,1 mm/s. Isso
também pode ter impossibilitado a observação da ação das fibras.
99
Os valores de desvio padrão e coeficiente de variação não foram calculados para a fibra de
vidro em razão da eliminação de um CP, o qual apresentou resultados incoerentes. Com isso,
não foi possível realizar o cálculo desses dois parâmetros estatísticos.
Tipo de fibra
De acordo com os resultados obtidos, observa-se uma variação pequena (no máximo ±13%
em relação à BGTC padrão) nos resultados de RCS entre as misturas com fibra e sem fibra.
Essa pequena variação já era esperada, conforme visto na Tabela 1 deste trabalho.
Para as fibras de vidro e de aço foi observado um pequeno ganho em relação aos valores de
RCS da BGTC padrão. No entanto, pôde-se verificar que houve decréscimo nos valores de
RCS para alguns tipos de fibra utilizadas, tais como Ultimax, FF54 e Polietileno. Ainda
assim, tais compósitos, formados por essas três fibras, apresentaram valores de resistência à
compressão simples acima de 3 MPa (SAPEM, 2014).
Nesse aspecto, não houve ganho ou perda significativa com a utilização de fibras. Um
incremento nesse parâmetro resistivo não era um dos objetivos principais da pesquisa. De
acordo com a bibliografia consultada (Tabela 1), não se esperava ganhos consideráveis ao
RCS. Contudo, é necessário que haja uma boa resistência à compressão simples, suficiente
para resistir aos esforços de tráfego, para não gerar ruptura por esmagamento da camada e
para não ocasionar o desenvolvimento de deformações permanentes.
A Figura 59 serve para auxiliar na comparação dos valores de módulo de elasticidade para
todos os tipos de misturas e os respectivos ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC
sem fibra.
10,00 -5,00%
-10,00%
8,00
-15,00%
6,00
-20,00%
4,00
-25,00%
E [GPa]
2,00 -30,00% Ganho/ Perda
0,00 -35,00%
Tipo de fibra
102
Verifica-se, a partir dos resultados, que houve uma tendência de decréscimo do módulo de
elasticidade sob compressão com a inserção das fibras. Os valores reduziram entre 11% a
30% com relação à BGTC padrão.
Com isso, percebe-se que, com a inserção das fibras, os compósitos tendem a ser menos
rígidos. Isso é um fator positivo, visto que as tensões internas são reduzidas à medida que as
fibras são inseridas, além de não afetar significativamente o RCS do material e gerar um
ganho na resistência à tração do compósito. Contudo, há necessidade de se investigar o
intervalo de quantidades de fibras que a mistura apresentaria tal benefício, o que não foi feito
nesta pesquisa.
Os resultados dos ensaios de módulo de resiliência para todas as tensões axiais são
apresentados na Tabela 26, em que é apresentada a Tensão Real Aplicada (formada pela
média dos 5 últimos ciclos de carregamento, conforme descrito no item 3.6.8), os resultados
de MR por CP, a Média dos valores de ensaio e seu desvio padrão. Além desses valores,
também são apresentados os ganhos ou perdas percentuais em relação a mistura de BGTC
padrão. Nas representações da Figura 60 foram realizados comparativos gráficos para melhor
visualização do patamar do MR para as misturas com fibra em contraponto das misturas sem
fibra, também com os seus ganhos ou perdas percentuais.
103
Tensão real
Tipo de MR Média Desvio Coeficiente Ganho/
aplicada média
Fibra [MPa] [MPa] Padrão de Variação Perda
[KPa]
MR com tensão estimada em 100 Kpa
5802,83
Sem fibra 109,80 5307,34 700,73 13,20% 0%
4811,84
Fibra de 2506,25
108,41 2506,25 324,05 12,93% -53%
Vidro 2047,97
Fibra 2376,39
100,08 2278,39 138,60 6,08% -57%
FF54 2180,38
Fibra 2363,93
106,66 2238,56 177,30 7,92% -58%
Ultimax 2113,19
Fibra de 2297,91
102,37 2082,84 304,16 14,60% -61%
Polietileno 1867,76
Fibra de 1670,47
100,25 1723,08 74,40 4,32% -68%
Aço 1775,69
MR com tensão estimada em 200 Kpa
11479,29
Sem fibra 210,64 10943,75 757,37 6,92% 0%
10408,20
Fibra de 4340,96
209,64 4340,96 283,37 6,53% -60%
Vidro 4741,70
Fibra de 4932,43
216,58 4254,70 958,46 22,53% -61%
Aço 3576,96
Fibra 3799,76
208,59 4250,68 637,70 15,00% -61%
Ultimax 4701,60
Fibra de 4675,62
213,90 4190,70 685,78 16,36% -62%
Polietileno 3705,78
Fibra 4609,13
212,84 3940,96 944,94 23,98% -64%
FF54 3272,78
MR com tensão estimada em 300 Kpa
20103,22
Sem fibra 319,81 15195,37 6940,74 45,68% 0%
10287,53
Fibra de 5838,59
338,00 6477,94 904,19 13,96% -57%
Polietileno 7117,30
Fibra 5690,85
321,96 6343,68 923,24 14,55% -58%
Ultimax 6996,51
Fibra de 6284,73
328,45 6284,73 460,77 7,33% -59%
Vidro 5633,10
Fibra 7071,33
318,49 6212,06 1215,20 19,56% -59%
FF54 5352,78
Fibra de 5637,26
328,72 4967,35 947,40 19,07% -67%
Aço 4297,44
104
Figura 60: Resultados de MR para tensões axiais de 100 kPa, 200 kPa e 300 kPa.
Tipo de fibra
10000 -10%
8000 -20%
-30%
6000
-40%
4000 -50%
2000 -60% MR [Mpa]
0 -70% Ganho/ Perda
Tipo de fibra
14000 -10%
12000 -20%
10000
-30%
8000
-40%
6000
4000 -50%
2000 -60% MR [Mpa]
0 -70% Ganho/ Perda
Tipo de fibra
105
Nota-se uma considerável queda no valor do MR dos compósitos com fibras em relação à
mistura padrão. Verifica-se, também, que essa queda ocorre num patamar semelhante para os
diversos tipos de fibra, variando entre 53% e 68% (tensão axial de 100 kPa), entre 60% e 64%
(tensão axial de 200 kPa) e entre 57% e 67% (tensão axial de 300 kPa) a menos do MR da
mistura padrão nas mesmas tensões. Essa redução percentual foi aparentemente constante,
independentemente da tensão axial aplicada aos CPs no ensaio. Pôde-se constatar que a
BGTC com fibras apresenta um comportamento mais flexível quando submetida a
carregamentos cíclicos, semelhantes ao carregamento que, naturalmente, é imposto pelo
tráfego de veículos, contudo mantendo a resistência à compressão simples estável.
Figura 61: Comparativo dos modelos de módulo de resiliência para as misturas de BGTC.
No entanto, isso pode ser considerado benéfico para as misturas com fibras, visto que essa
redução na rigidez do material para baixas tensão gera menos tensões internas no material.
106
Aliado a este fato, apresentam-se ganhos de tenacidade e resistência à tração aos materiais
com a inserção das fibras, ou seja, mesmo com diminuição da rigidez, houve acréscimo nos
valores resistivos à tração. Além disso, não houve grande variação nos valores de RCS ao
acrescentar as fibras, como já identificado anteriormente.
Os resultados dos ensaios de módulo dinâmico longitudinal são apresentados na Tabela 27,
em que foi realizada uma média dos valores resistivos de cada CP para obtenção dos
resultados de E*. Nessa mesma tabela são demonstrados os ganhos ou as perdas do E* em
relação à mistura de BGTC sem fibra. Com isso, para uma melhor análise foi construído um
gráfico (Figura 62) que compara dos valores de módulo dinâmico longitudinal para todos os
tipos de misturas e os respectivos ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC sem fibra.
20,000 8%
7%
15,000 6%
5%
10,000 4%
3%
E* [GPa]
5,000 2%
1% Ganho/ Perda
0,000 0%
Tipo de fibra
Os valores apresentados nesse ensaio têm uma tendência contrária aos obtidos no ensaio de
módulo de elasticidade e módulo de resiliência, que nesses outros dois ensaios houve uma
tendência de redução dos módulos com a inserção de fibras. Ademais, como esse ensaio é
realizado pela análise da frequência de ressonância que atravessa o CP, a partir da aplicação
de cargas muito pequenas e com ausência de deformações, é natural que a flexibilidade
adicionada pela inserção de fibras não seja captada. Além disso, não necessariamente há uma
equivalência desses valores com as tensões e deformações reais ao aplicar um carregamento.
O ensaio de fadiga foi realizado com a aplicação de uma carga dentro do intervalo de 1.900 N
a 2.000 N (média de 1.950 N), que representa 80% a 85% da carga de ruptura da mistura de
BGTC padrão, facilitando a comparação entre os diversos tipos de misturas. A carga foi
aplicada até a ruptura clássica do corpo de prova (abertura de trinca maior que 1 mm) ou até
atingir o patamar de 20 mil golpes, valor esse muito superior ao número de ciclos para ruptura
108
da mistura de BGTC padrão. Os resultados dos ensaios de fadiga podem ser observados na
Tabela 28, em que o ganho de vida de fadiga é igual a Nregistrado / NBGTC padrão.
Ganho de
Tipos de Grau de
N Vida de Comentários
Fibra compactação
fadiga
Fibra de 98,00% - - Rompeu prematuramente (deficiência do CP)
Vidro 97,50% 130 1,444 Rompeu bruscamente
Média 130 1,444
Fibra de 97,90% 203 2,26 Rompeu a matriz (grande trinca > 2,0 mm)
Aço
97,20% 70 0,78 Rompeu a matriz (pequena trinca > 1,0 mm)
Média 136,5 1,52
Fibra 97,50% 2 0,02 Rompeu bruscamente
Polietileno 96,70% 4 0,04 Rompeu bruscamente
Média 0,03
Fibra 96,60% 20000 222,22 Não rompeu (microfissura < 1,0 mm)
Ultimax 96,00% 10000 111,11 Rompeu a matriz (grande trinca > 2,0 mm)
Média 15000 166,67
Fibra 96,00% 20000 222,22 Não rompeu
FF54 95,20% 20000 222,22 Não rompeu (microfissura < 1,0 mm)
Média 20000 222,22
Rompeu prematuramente com 7 golpes (força
97,00% - - superior a alvo)
Sem fibra
97,20% 90 1,00 Rompeu bruscamente
Média 90 1,00
A partir dos resultados apresentados, nota-se a ocorrência de ruptura quase frágil dos
seguintes materiais: BGTC padrão, fibra de vidro e fibra de aço. A primeira já era esperada
pela própria natureza do material, conforme demonstrado por Prado (2018), Nascimento
(2017) e Balbo (2006). A segunda aconteceu em virtude do aspecto físico das fibras, as quais
apresentam com pequeno comprimento (microfibra), semelhante ao resultado observado no
ensaio de RTf. A terceira pode ter acontecido em razão do baixo volume de fibras em relação
ao volume crítico (ver item 4.9) ou devido aos poucos pontos de ancoragem da fibra à matriz
(apenas dois flanges nas extremidades), em que a fadiga ocorrida foi suportada apenas pela
matriz. No CP1 (com fibra de aço) ocorreu a ruptura da matriz com grande trinca (Figura 64).
Além disso, percebeu-se durante o ensaio do CP2 (com fibra de aço) que, após a ruptura da
matriz com pequena trinca (Figura 65), mantendo o mesmo nível de carregamento, houve uma
109
deformação plástica com abertura de trinca, que se estabilizou e foi suportada pelas fibras.
Com o início da atuação das fibras, manteve-se a deformação elástica por uma grande
quantidade de ciclos (cerca de 10 mil golpes).
Por outro lado, as misturas com fibra FF54 e Ultimax apresentaram melhor desempenho à
fadiga. Em alguns casos não houve ruptura da matriz com 20 mil golpes e outros ocorrera a
ruptura com apenas abertura de microfissura (Figura 66). Isso pode ser explicado pela boa
compatibilidade e aderência (muitos pontos de ancoragem) com a matriz de BGTC, além do
seu baixo módulo de elasticidade, semelhante ao da matriz. Adicionalmente, o volume de
fibras utilizado foi acima do volume crítico (ver item 4.9). Ademais, as fibras FF54
apresentaram o melhor resultado de resistência à tração na flexão, fornecendo maior ganho
resistivo ao material como um todo.
Figura 63: Exemplo de ruptura brusca e prematura sem atuação das fibras.
110
A partir das figuras apresentadas, observa-se o trabalho das fibras, mesmo após a ruptura
com grande ou pequena trinca, em que não há colapso total do CP. O conjunto permanece
sem encostar-se ao aparato inferior após a ruptura da matriz.
O volume crítico teórico foi encontrado após a realização da campanha de ensaios proposta na
pesquisa, uma vez que era necessário saber os valores de Tensão de ruptura, Deformação na
ruptura da matriz e Módulo de elasticidade do compósito. Assim, os valores encontrados a
partir da Equação 1 (item 2.3.2)
Tabela 29. O Fator de correção foi obtido pela média dos coeficientes para três direções da
Tabela 4 (item 2.3.2). Portanto, com a multiplicação do Volume crítico calculado pelo Fator
de correção encontrou- Resultante
volume de fibras adotado na presente pesquisa.
112
A partir da Tabela 29, é possível fazer uma comparação entre o volume utilizado na
pesquisa limitado pelo aspecto de viabilidade econômica e o volume crítico resultante pelos
parâmetros resistivos dos materiais utilizados. Percebe-se que os compósitos formados pelas
fibras de aço e de polietileno foram misturados em um percentual abaixo do valor crítico. Isso
pode explicar os menores ganhos de resistência na ruptura da matriz no ensaio de resistência à
tração na flexão, principalmente na fibra de polietileno, que se apresenta com o menor
percentual em relação ao volume crítico.
Por outro lado, não se percebe tanta perda da tenacidade, uma vez que, mesmo após a
ruptura da matriz, essas fibras ainda desenvolvem uma resistência residual. Para a
pavimentação, esse ganho de tenacidade é positivo, pois a camada necessita de mais energia
até a ruptura total. No entanto, o ponto negativo é o surgimento de trincas na mistura de
BGTC, ou seja, após a ruptura da matriz no ensaio de fadiga, ocorreram trincas importantes,
as quais poderiam ser refletivas para o revestimento do pavimento, caso a movimentação
diferencial do material fraturado seja importante na aplicação de carregamento.
Tabela 30: Custos da camada de base da BGTC padrão e com inserção de fibras.
Relação
Ganho do RTf Custo Relação
Tipo de Fibra Benefício-Custo
[%] [R$] Benefício-Custo
(x10000)
Fibra FF54 152 334432,80 4,55E-04 4,55
Sem Fibras 100 222393,60 4,50E-04 4,50
Fibra Ultimax 138 345243,60 4,00E-04 4,00
Fibra de Polietileno 109 300153,60 3,63E-04 3,63
Fibra de Vidro 128 354088,80 3,61E-04 3,61
Fibra de Aço 128 375192,00 3,41E-04 3,41
Ganho de
Custo Relação Relação Benefício-Custo
Tipo de Fibra Vida de
[R$] Benefício-Custo (x1000000)
Fadiga
Fibra FF54 222,22 334433 6,64E-04 664,47
Fibra Ultimax 166,67 345244 4,83E-04 482,75
Sem Fibras 1,00 222394 4,50E-06 4,50
114
5 CONCLUSÕES
Esta pesquisa objetivou analisar a influência da inserção de fibras nas misturas de Britas
Graduadas Tratadas com Cimento (BGTC), esperando que houvesse uma melhoria no seu
desempenho mecânico. Foram realizados ensaios laboratoriais com misturas preparadas a
partir da BGTC padrão (sem fibras) e compósitos formados pela mistura de BGTC com
inserção de fibras, entre as quais, fibra de vidro, de aço, de polietileno e de polipropileno
(FF54 e Ultimax). Essa adição se deu numa proporção de 0,2% e 0,5% a depender do tipo e
das características de cada fibra. Foi averiguada a influência dessa adição no desempenho das
principais propriedades mecânicas avaliadas (Resistência à tração na flexão RTf,
Tenacidade na tração na flexão TTf, Resistência à compressão simples RCS, Resistência à
tração indireta RTi, Módulo de elasticidade E, Módulo dinâmico E*, Módulo de
resiliência MR, e vida de fadiga).
A partir dos resultados obtidos, foi evidenciada melhoria nas características mecânicas
devido à adição de fibras. As principais conclusões são apresentadas nos itens seguintes.
pois são delgadas; Ultimax em razão da sua rugosidade), as quais obtiveram bons
resultados de RTf e TTf. A fibra de vidro apresentou aumento na resistência de pico,
porém sua ruptura foi frágil (semelhante à BGTC padrão), o que não forneceu ganho
expressivo de tenacidade. As fibras de aço e de polietileno apresentaram bons
resultados, porém observou-se que essas fibras só atuaram na resistência após a ruptura
da matriz, pois os volumes utilizados estavam abaixo do volume crítico.
Ao analisar os valores de RTf, deve haver um cuidado especial, uma vez que são
mostrados para o pico de ruptura das fibras, em que já poderia existir uma grande
deformação e trinca do CP. Talvez, nesse estágio, já fosse inviável o estado do
pavimento nesse patamar de tensão em vista da possível reflexão de trinca para a
camada de revestimento. Ressalta-se que a reflexão de trincas só ocorreria se as fibras
não fossem capazes de evitar a movimentação diferencial do compósito fraturado.
Além disso, no ensaio de RTf pôde-se perceber a heterogeneidade do material ao
comparar os gráficos do ensaio para um mesmo tipo de fibra. Pode ter sido devido ao
arranjo aleatório das fibras ou devido à característica de heterogeneidade intrínseca da
BGTC. Esses gráficos apresentaram tendências diferentes mesmo ao se utilizar o
mesmo tipo de fibra e o mesmo controle tecnológico para confecção dos CPs.
No ensaio de Resistência à tração indireta foram obtidos valores semelhantes entre a
BGTC padrão e os compósitos com os diversos tipos de fibra. Em consonância com
isso, houve uma pequena variação no ganho ou na perda de resistência (no máximo
±8%). Essa variação pode ter ocorrido em virtude da variabilidade do próprio ensaio.
Assim, acredita-se que não houve influência das fibras no resultado do ensaio de RTi,
em razão do tamanho do CP em comparação com o tamanho das fibras, bem como
devido à alta velocidade de carregamento no ensaio realizado. Acreditando-se também
não ser um ensaio adequado para as avaliações desses compósitos.
No ensaio de Resistência à compressão simples houve uma pequena variação percentual
(no máximo ±13%) nos ganhos ou nas perdas percentuais de resistência dos compósitos
em relação à BGTC padrão. Essa pequena variação já era esperada, de acordo com a
bibliografia consultada. Além disso, não é a função primordial das fibras incrementar os
resultados de RCS da BGTC. O decréscimo dos valores de RCS com a inserção de
fibras também não era objetivo nesta pesquisa, visto que os volumes de fibra utilizados
foram baixos, e não deveria impactar negativamente no RCS.
117
Nos ensaios de fadiga observaram-se diferentes tendências de ruptura dos materiais. Por um
lado, houve uma ruptura quase frágil para as misturas de BGTC padrão, fibra de vidro, fibra
de aço e fibra de polietileno. Por outro lado, ocorreu uma ruptura dúctil para as misturas de
fibra de polipropileno (FF54 e Ultimax).
BGTC padrão apresentou-se, como esperado, com tipo de ruptura quase frágil no ensaio
de fadiga.
As misturas com fibras de aço e de vidro apresentaram um número de ciclos para
ruptura à fadiga semelhante entre si e 1,52 e 1,44 vezes maior ao de ruptura da BGTC
padrão, respectivamente. Para as fibras de vidro, pode ter ocorrido em razão do aspecto
físico e do pequeno tamanho da fibra (microfibra). Já para as fibras de aço, pode ter
acontecido em razão do volume de fibras abaixo do crítico, uma vez que houve ruptura
da matriz, e início do trabalho das fibras na fadiga após abertura de trinca já consolidada
e visível durante o ensaio.
As misturas com fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax) apresentaram semelhanças
nos ensaios de RTf e Fadiga. Ambas obtiveram um mesmo patamar de tensão de ruptura
por tração na flexão e ruptura dúctil na fadiga. Isso deve ter ocorrido em razão da boa
interação entre essas fibras e a matriz do compósito, bem como seus aspectos físicos
(como já comentado no item 5.1). A vida de fadiga para essas misturas no nível de
tensão testado (80% a 85% da tensão de ruptura por tração da matriz da BGTC padrão)
foi, respectivamente, 222 e 166 vezes superior ao da BGTC padrão. Este incremento foi
muito superior à 50% preestabelecido como mínimo desejável neste trabalho.
A mistura com fibra de polietileno não apresentou resultado coerente com o esperado.
Esperava-se que houvesse uma rápida ruptura da matriz em decorrência do volume de
fibras ser inferior ao volume crítico. No entanto, houve também uma ruptura brusca
completa do CP, sem evidência da atuação da fibra como ocorreu no RTf. Atenção
especial deve ser dada à possível falha na moldagem dos CPs, com ocorrência de pontos
deficientes na seção transversal.
119
Para os resultados de ganho de vida de fadiga devido à adição das fibras, houve um benefício-
custo vantajoso para as fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax) em relação à BGTC padrão.
No entanto, esse benefício não foi perceptível para os resultados de resistência à tração na
flexão (RTf). Como o compósito BGTC com fibras ficará sujeito a carregamentos dinâmicos
em seu uso na pavimentação rodoviária, a avaliação por fadiga é mais adequada.
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