Você está na página 1de 127

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL - PROEC

INFLUÊNCIA DO USO DE FIBRAS NO DESEMPENHO MECÂNICO DA BRITA


GRADUADA TRATADA COM CIMENTO

FELIPE SIMÕES BACELAR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Engenharia Civil como requisito para
obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA
CIVIL.
Linha de Concentração: Engenharia Geotécnica dos
Pavimentos

Orientador: Prof. Dr. Fernando Silva Albuquerque

São Cristóvão, SE.

2019
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Bacelar, Felipe Simões


B117i Influência do uso de fibras no desempenho mecânico da brita
graduada tratada com cimento / Felipe Simões Bacelar ;
orientador Fernando Silva Albuquerque. São Cristóvão, SE,
2019.
127 f. : il.

Dissertação (mestrado em Engenharia Civil) Universidade


Federal de Sergipe, 2019.

1. Engenharia civil. 2. Materiais de construção. 3. Fibras. 4.


Brita. 5. Cimento. 6. Desempenho. I. Albuquerque, Fernando Silva,
orient. II. Título.

CDU 624
AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Sergipe e ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil


(PROEC), pelas oportunidades durante todo o período do curso. A FAPITEC e a CAPES pelo
apoio financeiro com a bolsa de estudos.

Ao Prof.º Dr. Fernando Silva Albuquerque, pela oportunidade, presteza no atendimento, pelos
conselhos neste longo período, disponibilidade sempre que surgiam dúvidas e o grande apoio
na orientação desta pesquisa, além da confiança na disponibilidade do Laboratório de
Topografia e Transporte (LTT).

A meu pai Moacyr e minha mãe Suely, que sempre me deram forças para continuar neste
trabalho e dedicaram todos seus esforços para que isso fosse possível.

A minha esposa Renata, por sempre me apoiar e me incentivar durante toda essa jornada, e
por todos os feitos para me auxiliar a concluir este trabalho.

A toda minha família por sempre me apoiar e me incentivar durante essa jornada.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PROEC) pelos


ensinamentos transmitidos nas disciplinas. Em especial aos professores, Dra. Ângela Sales e
Dr. Guilherme Bravo de Oliveira Almeida, ao sanar dúvidas durante esta pesquisa, pela
participação na banca de qualificação e pelas contribuições dadas, bem como ao professor Dr.
Erinaldo Hilário Cavalcanti. Também agradeço a confiança concedida no uso dos
Laboratórios de Materiais de Construção e Estruturas (LAMCE) por esta professora e do
Laboratório de Geotecnia e Pavimentação (GEOPAV), por este professor.

Aos Professores Willami e Washington pelo auxílio e orientação durante os ensaios no


laboratório do GEOPAV/UFS. Aos técnicos laboratoriais, Bruno Kevin e Mateus Carvalho,
pelo apoio e disponibilidade para execução dos ensaios.

À companheira de mestrado e norteadora das diretrizes de meu trabalho, Kharine Prado,


disponível sempre que necessário para solução de eventuais dúvidas.

Aos alunos de iniciação científica, TCC, estagiários e voluntários do LTT: Alan Lucas e
Kristiane, a ajuda de vocês foi fundamental para o andamento da parte laboratorial.

Ao engenheiro Francisco Nascimento, por todo o ensinamento transmitido.

A todos os meus amigos do PROEC, da UFS, do CCPA, entre outros, que contribuíram e
incentivaram ao longo deste trabalho, mesmo que não citados nominalmente, vocês foram
muito importantes.
RESUMO

Nas últimas décadas, percebeu-se uma elevação do volume e das cargas de tráfego nas
rodovias do país. Isso fez com que projetistas buscassem soluções para combater essa
sobrecarga ao pavimento. Como solução, em muitos projetos, é utilizada base ou sub-base de
materiais cimentados, entre esses, a Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC). Essa
mistura fornece ao pavimento aumento da rigidez, contudo, como desvantagem, apresenta
ruptura frágil e prematura por fadiga, ocasionando trincamentos e elevadas deformações, com
danos à estrutura do pavimento. Isso acontece, principalmente, em razão da sua baixa
tenacidade e resistência à tração, ocasionando processo de microfissuração na sua estrutura
interna. Em vista disso, esta pesquisa analisou o efeito nas propriedades mecânicas da BGTC
com a inserção de fibras de vidro, de aço, de polietileno e polipropileno (FF54 -
monofilamento retorcido e Ultimax -monofilamento individual) e comparou com a mistura
padrão (sem fibra), avaliando diversos parâmetros, como resistência à compressão, resistência
à tração, módulo de elasticidade, módulo dinâmico, módulo resiliente, tenacidade e vida de
fadiga. Com isso, de acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que
houve melhoria no desempenho mecânico da BGTC com a inserção de fibras. Houve ganhos
principalmente nos parâmetros de resistência à tração (com até 52% em relação à BGTC
padrão), tenacidade (com até 1954% em comparação com a BGTC sem fibra) e vida de fadiga
(com incremento de mais de 20 mil ciclos aos resultados da BGTC padrão), com melhores
desempenhos das fibras de polipropileno. Além disso, ocorreu uma redução da rigidez
(evidenciada pela redução nos módulos de elasticidade e módulo de resiliência). Esses
parâmetros resistivos são fatores de fundamental importância no dimensionamento de
pavimentos semirrígidos construídos com BGTC.

Palavra-chave: Brita Graduada Tratada com Cimento, Fibras, Desempenho Mecânico.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................16

1.2 Objetivo Geral ........................................................................................................18

1.3 Objetivos específicos.............................................................................................. 18

1.4 Justificativa.............................................................................................................18

1.5 Estrutura do Trabalho.............................................................................................19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................21

2.1 Camadas Cimentadas .................................................................................................22

2.2 Propriedades Mecânicas da BGTC ............................................................................24

2.2.1 Resistência à Compressão ...................................................................................24

2.2.2 Resistência à Tração ............................................................................................25

2.2.3 Módulo de Resiliência.........................................................................................27

2.2.4 Vida de Fadiga.....................................................................................................28

2.2.5 Tenacidade...........................................................................................................29

2.3 Análise do Comportamento de Compósitos............................................................... 31

2.3.1 Tipos e Características das Fibras .......................................................................35

2.3.2 Volume Crítico ....................................................................................................40

2.3.2.1 Coeficiente de Correção ( 1).......................................................................42

2.3.3 Comprimento Crítico...........................................................................................42

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 44

3.1 Agregados ..................................................................................................................44

3.1.1 Coleta...................................................................................................................44

3.1.2 Mineralogia dos Agregados.................................................................................46

3.1.3 Ensaios de Caracterização ...................................................................................47

3.2 Cimento Portland e Água ...........................................................................................50


3.3 Fibras..........................................................................................................................51

3.3.1 Fibra de Aço ........................................................................................................51

3.3.2 Fibra de Polietileno.............................................................................................. 53

3.3.3 Fibra de Polipropileno (FF54) .............................................................................54

3.3.4 Fibra de Polipropileno (Ultimax) ........................................................................55

3.3.5 Fibra de Vidro......................................................................................................56

3.3.6 Resumo Geral das Fibras.....................................................................................57

3.3.7 Determinação do Percentual de Fibras....................................................................58

3.4 Granulometria das Misturas de BGTC.......................................................................60

3.5 Preparo das Misturas de BGTC com Adição de Fibras .............................................61

3.5.1 Caracterização Física da Mistura.........................................................................61

3.5.2 Modo de Compactação das Misturas...................................................................63

3.6 Métodos de Avaliação da Mistura em Conjunto com as Fibras.................................65

3.6.1 Preparação dos corpos de prova ..........................................................................65

3.6.1.1 Cálculo da Água Adicionada.......................................................................66

3.6.2 Ensaio de Resistência à Tração Indireta (RTI)....................................................67

3.6.3 Ensaio de Resistência à Tração na Flexão (RTf).................................................70

3.6.4 Tenacidade na tração na flexão (TTF).................................................................74

3.6.5 Ensaio de Resistência à Compressão Simples (RCS)..........................................75

3.6.6 Ensaio de Módulo Dinâmico Longitudinal (E*)..................................................78

3.6.7 Ensaio de Módulo de Elasticidade (E) ................................................................ 80

3.6.8 Ensaio de Módulo de Resiliência (MR) .............................................................. 82

3.6.9 Ensaio de Vida de Fadiga (N) .............................................................................84

3.7 Análise dos Resultados dos Ensaios ..........................................................................85

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................87

4.1 Resistência à Tração na Flexão ..................................................................................87


4.2 Tenacidade na Tração na Flexão (TTf) ......................................................................95

4.3 Resistência à Tração Indireta (RTi) ...........................................................................97

4.4 Resistência à Compressão Simples (RCS).................................................................99

4.5 Módulo de Elasticidade (E)......................................................................................100

4.6 Módulo de Resiliência (MR)....................................................................................102

4.7 Módulo Dinâmico Longitudinal (E*).......................................................................106

4.8 Vida de Fadiga .........................................................................................................107

4.9 Volume Crítico.........................................................................................................111

4.10 Relação Benefício-Custo........................................................................................112

5 CONCLUSÕES..................................................................................................................115

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................120
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Comparação do efeito das fibras nas propriedades mecânicas, segundo vários
autores.......................................................................................................................................33

Tabela 2: Características das fibras utilizadas em compósito. .................................................36

Tabela 3: Propriedades químicas das fibras. ............................................................................36

Tabela 4: Valores para o coeficiente de correção ( 1)..............................................................42

Tabela 5: Análise granulométrica dos agregados. ....................................................................49

Tabela 6: Resultado da massa específica real e absorção dos agregados. ............................... 49

Tabela 7: Características físicas do cimento.............................................................................50

Tabela 8: Valores das Fibras. ...................................................................................................51

Tabela 9: Propriedades Físicas da Fibra de Aço. .....................................................................52

Tabela 10: Propriedades Mecânicas da Fibra de Aço............................................................... 52

Tabela 11: Características da fibra de vidro. ............................................................................57

Tabela 12: Resumo das principais características das fibras....................................................58

Tabela 13: Valor unitário da camada do pavimento em BGTC. ..............................................58

Tabela 14: Processo para encontrar o percentual de fibras. .....................................................59

Tabela 15: Processo de determinação da quantidade de fibras em quilogramas......................60

Tabela 16: Faixa granulométrica atingida para enquadramento na SAPEM (2014). ...............61

Tabela 17: Correção da massa dos agregados em função do teor de cimento..........................62

Tabela 18: Faixa granulométrica utilizada. ..............................................................................63

Tabela 19: Resultado de ensaios realizados por Prado (2018). ................................................65

Tabela 20: Sequência de tensões verticais para determinação do módulo de resiliência. ........83

Tabela 21: Valores obtidos de resistência à tração na flexão. ..................................................90

Tabela 22: Valores obtidos de tenacidade. ...............................................................................95

Tabela 23: Valores obtidos de resistência à tração indireta......................................................97

Tabela 24: Valores obtidos de resistência compressão simples. ..............................................99


Tabela 25: Valores obtidos de módulo de elasticidade. .........................................................101

Tabela 26: MRs para diferentes tensões axiais.......................................................................103

Tabela 27: Valores obtidos de módulo dinâmico longitudinal...............................................106

Tabela 28: Resumo de resultados dos ensaios de fadiga. .......................................................108

Tabela 29: Volume Crítico de fibras para as misturas de BGTC. ..........................................112

Tabela 30: Custos da camada de base da BGTC padrão e com inserção de fibras. ...............113

Tabela 31: Relação Benefício-Custo para RTf.......................................................................113

Tabela 32: Relação Benefício-Custo para Vida de Fadiga.....................................................113


LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diferentes combinações de composição do pavimento. ...........................................23

Figura 2: Corpos de prova após ensaio de resistência à tração direta. .....................................26

Figura 3: Esquema do ensaio de tenacidade. ............................................................................29

Figura 4: Exemplificação da obtenção da Tenacidade. ............................................................30

Figura 5: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição de fibra simples em vigas de
concreto. ...................................................................................................................................34

Figura 6: Ganho de resistência à compressão (a) e à tração (b) no macadame com a adição de
fibras. ........................................................................................................................................35

Figura 7: Diagrama de tensão por deformação elástica de matriz e fibras de alto e baixo
módulo de elasticidade trabalhando em conjunto.....................................................................37

Figura 8: Dimensões e Compatibilidade entre agregados e fibras. ..........................................38

Figura 9: Ponte de transferência de tensões com aplicação de fibras.......................................39

Figura 10: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição híbrida de fibras em vigas de
concreto. ...................................................................................................................................40

Figura 11: Compósitos reforçados com fibras em teores abaixo (A), acima (B) e igual (C) ao
volume crítico de fibras durante o ensaio de tração na flexão..................................................41

Figura 12: Fluxo de atividades da pesquisa..............................................................................44

Figura 13: Vista aérea da Pedreira............................................................................................45

Figura 14: Agregados utilizados na composição granulométrica da BGTC. ...........................46

Figura 15: Local de extração para processamento das britas. ..................................................47

Figura 16: Mapa tectono-estratigráfico do estado de Sergipe. .................................................47

Figura 17: Formato das fibras de aço. ......................................................................................53

Figura 18: Aspecto da fibra de polietileno frisada. ..................................................................53

Figura 19: Fibra de Polipropileno (FF54). ...............................................................................54

Figura 20: Fibra de polipropileno Ultimax...............................................................................55

Figura 21: Aspecto da fibra de vidro. .......................................................................................56


Figura 22: Aspecto físico das fibras utilizadas. ........................................................................57

Figura 23: Distribuição granulométrica pela SAPEM (2014). .................................................62

Figura 24: Distribuição granulométrica utilizada. ....................................................................63

Figura 25: Curva de compactação para mistura utilizada.........................................................64

Figura 26: Acondicionamento do material antes da moldagem. ..............................................66

Figura 27: Cilindros após moldagem, em espera para desmoldagem depois de 24 horas. ......68

Figura 28: (a) Detalhe dos instrumentos; (b) Desmoldagem....................................................68

Figura 29: Detalhe do ensaio de resistência à tração indireta para diferentes tipos de fibras. .69

Figura 30: Detalhes dimensionais do CP prismático................................................................ 70

Figura 31: Compactação e escarificação de vigas prismáticas.................................................71

Figura 32: Viga prismática: (a) Após moldagem para desmolde após 24 horas; (b)
desmoldagem. ...........................................................................................................................72

Figura 33: Viga prismática: (a) Envelopamento com filtro; (b) condicionamento para 28 dias
de cura.......................................................................................................................................72

Figura 34: Medição do corpo de prova prismático...................................................................73

Figura 35: Detalhe do ensaio de flexão em quatro pontos. ......................................................73

Figura 36: Exemplo do cálculo da tenacidade..........................................................................75

Figura 37: Molde cilíndrico bipartido. .....................................................................................76

Figura 38: Cura inicial dos CPs para ensaios de compressão...................................................76

Figura 39: Desmoldagem dos CPs para ensaios de compressão: (a) Processo de retirada do CP
do cilindro de compactação; (b) CP compactado sobre uma base firme..................................77

Figura 40: Realização do ensaio de compressão axial. ............................................................78

Figura 41: Componentes para realização do ensaio de módulo dinâmico longitudinal. ..........79

Figura 42: Posicionamento dos extensômetros no ensaio de módulo de elasticidade..............80

Figura 43: Detalhe do ensaio de módulo de elasticidade. ........................................................81

Figura 44: Componentes do ensaio do módulo de resiliência. .................................................82

Figura 45: Posicionamento do extensômetro no corpo de prova para o ensaio de MR. ..........83
Figura 46: Equipamento completo do ensaio de vida de fadiga...............................................85

Figura 47: Detalhe do CP para ensaio de vida de fadiga..........................................................85

Figura 48: Resumo dos gráficos do ensaio tração na flexão para todos os tipos de mistura....88

Figura 49: Ruptura quase frágil dos CP sem fibra. ..................................................................89

Figura 50: Evolução do ensaio de RTf do CP com fibra de aço. .............................................89

Figura 51: Comparativo de valores de resistência à tração na flexão. .....................................91

Figura 52: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra de vidro. .............................................92

Figura 53: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra de polietileno......................................92

Figura 54: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra FF54. ..................................................93

Figura 55: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra de Ultimax..........................................94

Figura 56: Comparativo de valores de tenacidade....................................................................96

Figura 57: Comparativo de valores de resistência à tração diametral. .....................................98

Figura 58: Comparativo de valores de resistência à compressão simples. ............................. 100

Figura 59: Comparativo de valores de módulo de elasticidade..............................................101

Figura 60: Resultados de MR para tensões axiais de 100 kPa, 200 kPa e 300 kPa................104

Figura 61: Comparativo dos modelos de módulo de resiliência para as misturas de BGTC. 105

Figura 62: Comparativo de valores de módulo dinâmico longitudinal. .................................107

Figura 63: Exemplo de ruptura brusca e prematura sem atuação das fibras. .........................109

Figura 64: Exemplo de ruptura da matriz com grande trinca. ...............................................110

Figura 65: Exemplo de ruptura da matriz com pequena trinca...............................................110

Figura 66: Exemplo de ruptura da matriz com microfissura. .................................................111


16

1 INTRODUÇÃO

A utilização de rodovias apresenta função relevante para a sociedade, desde séculos passados.
O transporte representa um viés social na locomoção de pessoas e interligação de cidades, e
econômico, através do transporte de cargas e comercialização de mercadorias.

No Brasil, o modal mais utilizado é o transporte rodoviário para locomoção de cargas e de


passageiros. Isso porque os maiores investimentos em infraestrutura de transportes são na
malha rodoviária abrangendo grande parte do território nacional. Por essa razão, há uma
necessidade de melhoria na concepção de projeto rodoviário no Brasil, uma vez que
pavimentos deteriorados ocasionam perdas em diversos setores, por exemplo: perdas
humanas, elevação dos custos de transporte, aumento do tempo de deslocamento, entre outros.

Em vista disso, segundo Balbo (2007), a partir da década de 1970, evidenciou-se o uso
crescente da mistura Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC) na construção de rodovias
no país. Isso se deu devido a necessidade de melhoraria no desempenho dos pavimentos e de
substituição de materiais utilizados até aquele momento, como Brita Graduada Simples (BGS)
ou solo sem estabilizante químico.

A BGTC vem sendo utilizada como base de pavimentos rígidos e semirrígidos, em


diversas obras rodoviárias pelo DNIT. Esse material, que é considerado um material nobre,
utiliza cimento e agregados britados, porém apresenta um custo e um potencial resistivo mais
elevado, quando comparado aos materiais granulares convencionais de pavimentação. Além
disso, a essa mistura é adicionada certa quantidade de água, que deve ser suficiente para
hidratação do cimento e para compactação. Essa mistura é caracterizada pela alta rigidez e,
quando utilizada como camada do pavimento, apresenta concentração de tensões de tração nas
fibras inferiores (BERNUCCI et al., 2006)

No entanto, por conta das suas características de produção, a BGTC desenvolve fissuração
por retração, bem como apresenta elevado dano por trincamento, proveniente do fenômeno de
fadiga. Esses fatores são preponderantes do ponto de vista estrutural, visto que são o ponto
inicial da degradação do pavimento (BALBO, 2007).

Inúmeras pesquisas, por exemplo, Prado (2018), Nascimento (2017) e Balbo (2006), têm
demonstrado que a utilização da BGTC pura apresenta elevada porosidade, heterogeneidade,
baixa tenacidade e vida de fadiga. Assim, observa-se a necessidade de melhorias nas suas
características físicas, e, por conseguinte, melhoria no comportamento mecânico.
17

Nesse sentido, verificam-se avanços nos métodos de dimensionamento. Atualmente,


destaca-se o método em desenvolvimento denominado mecanístico-empírico de pavimentos.
Esse método considera as limitações físicas e mecânicas dos materiais a partir de análises em
laboratório e, ao considerar as reais tensões em campo, é possível projetar o pavimento
comparando esses valores de tensão com os limites aos esforços cíclicos, de forma que não
haja solicitação excessiva em cada material empregado.

Com isso, pode-se evitar a degradação prematura dos pavimentos, principalmente os danos
relacionados ao processo de fadiga, visto que, quanto mais próximas forem as cargas
dinâmicas solicitantes ao limite resistivo do material, maior a tendência ao trincamento das
camadas.

Com o objetivo de melhorar as características dos materiais cimentícios, por exemplo,


concreto e BGTC, pode-se utilizar fibras em meio a essas matrizes. Tais matrizes são
amplamente empregadas em diversos setores da Engenharia de forma convencional. No
entanto, ao adicionar as fibras, formam um composto, denominado compósito.

Os compósitos apresentam dois ou mais materiais diferentes, que formam uma unidade
estrutural macroscópica heterogênea, e desenvolvem características intermediárias aos
materiais isolados (GIBSON, 1994). Através deste estudo, pode-se ampliar as características
benéficas da BGTC a partir da inserção de fibras, o que faz melhorar principalmente sua
resistência à tração, tenacidade e vida de fadiga. Esses fatores são de grande importância para
evitar a degradação de camadas do pavimento com camada de BGTC.

Além disso, é possível observar a utilização de diversos tipos de fibras, principalmente, em


pesquisas científicas, tal como demonstrado na pesquisa bibliográfica de Rooholamini et al.
(2018). Esse material se divide em grandes grupos: naturais (vegetais) e sintéticas. Em razão
de suas características de boa resistência à tração e não degradação com a ação do meio
ambiente, as fibras mais indicadas para pavimentação são as sintéticas (como metálicas, de
vidro, polietileno, polipropileno, entre outras).

Os compósitos formados com as fibras dispersas na matriz de maneira aleatória, como é o


caso da pavimentação, tendem a apresentar características mecânicas resistivas de maneira
isotrópica. Com isso, esse tipo de arranjo apresenta uma boa compatibilidade de utilização no
meio rodoviário.
18

Assim, levando-se em consideração as características benéficas das fibras sintéticas, a


adição dessas às matrizes cimentadas do tipo BGTC é capaz de aumentar a resistência à
tração, tenacidade e vida de fadiga frente a uma BGTC padrão (sem fibras).

1.2 Objetivo Geral

O objetivo geral da pesquisa consiste em avaliar a possível melhoria de desempenho


mecânico de uma mistura de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC), quando na
adição de fibras reforçadoras sintéticas na sua matriz de agregados.

1.3 Objetivos específicos

- Comparar o efeito da adição de fibras (dos tipos metálica, vidro, polietileno,


polipropileno) nos parâmetros de desempenho mecânico da BGTC;

- Avaliar a vida de fadiga incremental fornecida à BGTC, a partir do uso das diferentes
fibras reforçadoras;

- Avaliar o custo-benefício da utilização de cada tipo de fibra reforçadora na mistura


padrão de BGTC.

1.4 Justificativa

Embora haja notáveis avanços na Engenharia de Pavimentos, muitas rodovias brasileiras


apresentam degradação prematura, o que evidencia, muitas vezes, a utilização de métodos
ineficientes para o dimensionamento. Atualmente, ainda são utilizados métodos empíricos
para dimensionamento das camadas, com espessuras pré-determinadas, de acordo com um
coeficiente estrutural dos materiais utilizados em campo.

Com a utilização de BGTC, os métodos empíricos para projeto de pavimentos têm


apresentado insucesso, devido às peculiaridades desse material, magnitude e frequência das
cargas que atuam nas rodovias. Além disso, o processo de ruptura, que ocorre em campo, é
diferente em relação ao preconizado por esses métodos de dimensionamento. A prova disso é
a ocorrência de danos por fadiga a BGTC em períodos muitos inferiores ao de projeto,
conforme relatados por Mendonça (2014).
19

O desgaste prematuro é percebido em camadas do pavimento que utilizam BGTC.


Nascimento et al. (2015) descreveram em estudo que a ruptura por fadiga se desenvolveu em
menos de dois anos após a liberação do tráfego. Em consonância, Prado (2018) afirma que as
tensões aplicadas na camada de BGTC convencional deveriam ser menores que
aproximadamente 78% da resistência admissível à tração na flexão desse material, para que
não houvesse desgaste precoce.

Em conjunto com essa degradação, conforme Balbo (2006), a BGTC deve ser modificada
para que haja melhoria nas suas características físicas e no seu desempenho mecânico, a fim
de que forneça resistência suficiente para compor camada de pavimento com alto volume de
tráfego. Uma vez que a BGTC apresenta elevada fissuração, em virtude do processo de
retração e dos esforços de fadiga, além disso, verifica-se a baixa resistência à fratura desse
material quando utilizado isoladamente, isto é, sem adição de fibras.

Assim, esta pesquisa propõe a utilização de fibras para melhorar aspectos mecânicos da
mistura de BGTC. Acredita-se que essas fibras desenvolvam, juntamente com a matriz
cimentada, melhores características mecânicas, principalmente, em relação à resistência à
tração, tenacidade e vida de fadiga. Uma vez que a adição de fibras ao material aumenta as
pontes de ligação interna, dificultando e reduzindo o processo de fissuração e reflexão de
trincas. Por conseguinte, acredita-se que haja uma ampliação do tempo para a necessidade de
reparo, o que ocasiona menos interrupções no tráfego para serviços de manutenção e redução
do custo do ciclo de vida do pavimento.

1.5 Estrutura do Trabalho

Esse trabalho foi dividido em 5 Capítulos, a seguinte forma:

No Capítulo 1 é realizada uma introdução do assunto em estudo, com a justificativa da


relevância da pesquisa, expondo o problema da pesquisa, os objetivos aos quais se pretende
analisar e responder e a estrutura do trabalho.

No Capítulo 2 é feito um levantamento bibliográfico dos principais aspectos relacionados


aos assuntos - Camadas Cimentadas, Propriedades Mecânicas da BGTC e Análise do
Comportamento dos Compósitos.

No Capítulo 3 são descritos os materiais e métodos da pesquisa, a qual foi realizada na sua
maior parte em laboratório, onde foram realizados os ensaios mecânicos (resistência à
20

compressão simples, resistência à tração na flexão, resistência à tração diametral, módulo de


elasticidade, módulo dinâmico e módulo de resiliência), a análise da vida de fadiga, volume
crítico e o método para análise comparativa dos ganhos ocasionados pela inserção de fibras à
BGTC.

No Capítulo 4 são apresentados os resultados, as análises técnico-científicas, análises


estatísticas e discussões.

No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões e sugestões para pesquisas futuras.


21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O pavimento é uma estrutura composta por múltiplas camadas de espessuras definidas em


projeto, em que sua composição é dimensionada para resistir ao tráfego e a agentes
intempéries. Essa estrutura ergue-se sobre a superfície de solo existente, ou, quando
necessário, da terraplanagem, sendo que cada camada tem sua respectiva função estrutural e
operacional, além de oferecer características de durabilidade, conforto e segurança
(BERNUCCI et al., 2006; MEDINA e MOTTA, 2015).

Segundo Balbo (2007), os pavimentos necessitam ser dimensionados de acordo com o


tráfego e o clima local, determinando, assim, as espessuras e tipo de material para cada
camada, para que a estrutura tenha um desempenho desejável durante sua vida útil. O arranjo
das camadas dará ao pavimento sua função estrutural, a qual pode ser definida pela
capacidade de resistir às cargas de tráfego. Ademais, deve-se garantir que não apresente
problemas prematuros decorrentes das solicitações de tráfego. Entre as degradações mais
relevantes, destacam-se: trincamento por fadiga e deformação permanente nas trilhas de roda
(FRANCO, 2007).

Para Balbo (2007), o trincamento por fadiga é o principal defeito ocorrido nos pavimentos
flexíveis. Esse defeito está associado à repetição de carregamentos e tracionamento das fibras
inferiores do revestimento, mesmo que abaixo do limite de resistência de ruptura do material,
em que não entra no regime plástico. Embora as deformações sejam pequenas, ao longo do
tempo apresentam microfissuras nas fibras inferiores das camadas que trabalham à flexão,
iniciando na fibra inferior e se propagando até o topo da camada. Essas microfissuras são
locais que geram concentração de tensões e agravam o problema relacionado às trincas
(MEDINA e MOTTA, 2015).

Já o afundamento em trilha de roda é o defeito proporcionado pelo acúmulo de


deformações plásticas ocasionadas pela passagem de carga ao longo do tempo. Geralmente o
afundamento é mais evidenciado em camadas inferiores dos pavimentos, em que esse
problema está relacionado diretamente à resistência ao cisalhamento dos materiais. Com isso,
esse defeito é muito relevante na hora de projetar, pois devem se aliviar as tensões que
chegam principalmente ao topo do subleito, visto que esse é um material que apresenta menor
resistência em relação às camadas superiores, apesar de as tensões atuantes serem menores
(BERNUCCI et al., 2006; TEIXEIRA, SOUZA e SOARES, 2007).
22

2.1 Camadas Cimentadas

A utilização da brita foi uma ferramenta para substituição da utilização de solos com baixas
capacidades resistivas, uma vez que muitas regiões não continham solos de boa qualidade
para compor camadas do pavimento. Com isso, surgiram diversos tipos de materiais a partir
da brita, tais como: Brita Graduada Simples (BGS) e Solo-brita.

A BGS foi largamente utilizada na década de 1960 (BERNUCCI et al., 2006). Contudo,
através das pesquisas, foram observadas falhas no desempenho desses materiais, em que havia
ocorrências prematuras de afundamento de trilha de roda em pavimentos que a utilizavam.
Com isso, surgiram as camadas cimentadas na pavimentação, como uma ferramenta de
estabilização do material, principalmente nas camadas de base, as quais têm maiores
exigências dos parâmetros físicos e do desempenho mecânico. Assim, os materiais
encontrados que não eram capazes de ser estabilizados granulometricamente, tinham a
necessidade de utilizar um aglomerante a fim de estabilizá-lo quimicamente (BALBO, 2007;
BERNUCCI et al., 2006).

Segundo Balbo (2007) e BERNUCCI et al. (2006), algumas das misturas resultantes da
adição de aglomerantes hidráulicos podem ser: Solo-Cal, Solo-Cimento, Solo Melhorado com
Cimento, Concreto compactado a rolo ou Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC). A
BGTC pode ser definida como uma camada de pavimento para compor a base ou sub-base,
em que é composta por uma mistura de produtos de britagem, cimento e água, que deve ser
compactados e submetidos a um processo de cura, ou seja, deve ter um adequado controle
tecnológico (DER-PR, 2005).

Para Xuan et al. (2012), o material tratado com cimento é uma mistura composta por
agregados e pequena proporção de cimento. Esse deve ser utilizado como aglomerante para
interligar as partículas sólidas. Além disso, é necessário adicionar água a fim de atingir a
densidade seca máxima da mistura durante a compactação e hidratar o cimento nela existente.
A utilização do cimento no tratamento de materiais confere algumas características às
misturas, tais como: melhor trabalhabilidade aos materiais, aumento de resistência na mistura,
aumento da durabilidade e aumento da capacidade de carga do pavimento.

Na norma brasileira ANBT, 2013c, define esse material de maneira mais simplificada,
como uma mistura de pedra britada e cimento Portland (aproximadamente de 3 a 5% em
massa da mistura total). Entre as características desse material, destaca-se o aumento na
capacidade de suporte às tensões de tração e compressão, visto que, após adição do
23

aglomerante hidráulico, a camada granular que trabalhava apenas a compressão, passa a ser
solicitada em sua parte inferior por tensão de tração (BALBO, 2007).

Para Medina e Motta (2015), os pavimentos podem ser divididos em três grandes grupos:
rígidos, semirrígidos e flexíveis, com destaque para o segundo, relacionado com o tema desta
pesquisa. Este arranjo é constituído pelo revestimento de concreto asfáltico e base ou sub-base
de material granular estabilizada com material aglomerante, podendo ser ligante betuminoso
ou hidráulico. Balbo (2007) traz algumas combinações de composição de pavimentos
semirrígidos usualmente implementados no Brasil. Esses arranjos são demonstrados na Figura
1.

Figura 1: Diferentes combinações de composição do pavimento.

Fonte: Balbo (2007).

Observa-se, também, que as camadas cimentadas, ao se utilizar o aglomerante hidráulico,


apresentam fissuras por retração inerentes ao seu processo de cura (PINTO, 1991). Além
disso, camadas estabilizadas quimicamente com cimentação desenvolvem um processo de
fadiga mais acelerado, visto que sua matriz é mais heterogênea e é composta por menor teor
de cimento em relação a outros materiais cimentados, como o concreto compactado a rolo.
Com isso, devido a sua natureza quase-frágil, as camadas apresentam fissuração excessiva,
bem como redução da rigidez com grande presença de nucleação (YEO, 2011).

Segundo Yeo (2011), as fissuras nas camadas cimentadas podem ser refletidas para o
revestimento, fazendo com que a serventia do pavimento seja reduzida, além de aumentar os
24

custos do ciclo de vida. Como forma de dirimir esse problema, propõe-se a utilização do
pavimento invertido ou utilização de camada de antirreflexão, assim, impedindo que as trincas
da camada estabilizada se propaguem para o revestimento (BERNUCCI et al., 2006; SAPEM,
2013).

2.2 Propriedades Mecânicas da BGTC

As propriedades mecânicas das BGTC são definidas devido a duas fases da mistura, a fase da
matriz cimentícia e a fase do esqueleto granular compactado. Esse, formado pelos agregados
graúdos principalmente, fornece o desempenho mecânico de compressão ao material, já a
outra fase determina a ligação entre as partículas e garante o desempenho à tração
(KLINSKY, 2015). Segundo Nascimento (2015), avaliar o comportamento mecânico de
tração e de compressão, bem como analisar o faturamento e o processo de dano e formação
das fissuras, é essencial para entender a contribuição desse tipo de camada para a vida útil do
pavimento.

2.2.1 Resistência à Compressão

Este parâmetro é inferido através da realização de ensaios de compressão simples, também


chamado de ensaios axiais. Segundo Bernucci et al. (2006), os corpos de prova cilíndricos
com altura de pelo menos duas vezes o diâmetro, são submetidos a um carregamento
crescente de compressão axial sem tensão de confinamento, até a ruptura do corpo de prova.
Segundo Balbo (2007), este parâmetro é importante na verificação da aceitação do material
cimentado, ademais não deve ser tomado como o único, ou como principal, visto que esses
materiais são largamente solicitados ao esforço de tração, o que poderia não mostrar o
verdadeiro potencial desse material.

No entanto, o valor da resistência à compressão tem grande importância na avaliação da


resistência aos esforços verticais, responsáveis pelo esmagamento da camada de bases
cimentadas. Seu valor é pouco representativo à fadiga desse tipo de base, exceto nos casos em
que os níveis de tensão de compressão na camada sejam em torno de 95% do valor da
resistência à compressão do material (CERATTI, 1991).

No Brasil, o RCS determina o teor mínimo de cimento capaz de estabilizar esse material.
Diante disso os valores de resistência devem ficar entre 3,5 MPa e 8,0 MPa (ABNT, 2013b).
25

Em outros países, o ensaio de RCS é utilizado como um dos critérios de projeto para bases
cimentadas (AUSTROADS, 2006).

A tensão de ruptura à compressão simples varia de forma inversamente proporcional à


variação da porosidade ( ) dividida pela porcentagem volumétrica de cimento (Civ), ou seja,
inversamente a Civ. Isso foi constatado numa pesquisa em que se analisou o comportamento
da areia com adição de cimento (VENSON, 2015). O referido trabalho pode ser importante na
análise do comportamento da BGTC, visto que o material utilizado por aquele autor apresenta
algumas semelhanças com o material em estudo no presente trabalho.

Em relação a trabalhos realizados com BGTC, no estudo de Balbo (1993) utilizando a


faixa B da ABNT 2013c, teor de cimento em 4%, umidade em 1,0% abaixo da umidade ótima
e compactação na energia Proctor modificado, obteve-se valores de RCS entre 9,0 e 11,5
MPa. Já no trabalho de Klinsky e Faria (2015), utilizando 4% de comento e cura de 28 dias,
conseguiu-se atingir valores de RCS entre 6,83 e 9,37 MPa.

Além disso, Yeo (2011) utilizou em seu estudo diferentes teores de cimento (2, 3, 4 e 5%)
para comprar os valores de RCS. Com isso, foram obtidos valores de RCS de 5,30, 5,91, 6,74
e 7,20 MPa, respectivamente, ou seja, percebe-se a relação direta entre o teor de cimento e a
RCS. Em consonância com isso, Prado (2018) também encontrou uma tendência de
crescimento da RCS quando há um aumento no teor de cimento para os ensaios realizados aos
28 dias de cura, acréscimo entre 13 a 63%, dependendo da granulometria, da umidade
utilizada e do próprio teor de cimento.

2.2.2 Resistência à Tração

Este parâmetro é analisado por ensaios que fornecem o valor da resistência à tração do
material. Tais ensaios são: resistência à tração direta, indireta por compressão diametral e na
flexão (BALBO, 2006; NASCIMENTO, 2017).

Segundo Balbo (2006), os valores de resistência à tração direta não podem ser
considerados válidos, uma vez que, neste ensaio, os resultados tornam-se precários por conta
da compactação, além das dificuldades de realização em termos práticos. A Figura 2 mostra a
tendência de ruptura dos corpos de prova na porção superior, justamente a região que recebe
menor energia de compactação.
26

Figura 2: Corpos de prova após ensaio de resistência à tração direta.

Fonte: Balbo, 2006.

Resta analisá-lo a partir dos ensaios de resistência à tração diametral e à tração na flexão,
uma vez que este parâmetro é de fundamental importância na dosagem dessas misturas, pois
seu valor resistivo relaciona-se às deformações horizontais provenientes da tração e,
consequentemente, a vida de fadiga do material. Um constatação importante ao se comparar
os resultados obtidos por esses dois ensaios é verificado para valores de resistência à tração
1,4 vezes maior no ensaio na flexão em relação aos valores obtidos no ensaio na tração
indireta (ARNOLD; MORKEL; VAN DER WESHUIZEN, 2012).

No ensaio de compressão diametral, uma tensão de compressão é aplicada sobre o corpo de


prova, a qual gera tensões internas de tração uniformes e perpendiculares ao diâmetro, por
esse motivo dar-se o nome de ensaio de tração indireta. Por conta da sua simplicidade de
realização e facilidade na confecção dos corpos de prova, esse ensaio é muito utilizado para
materiais cimentados, o qual fornece bons resultados para análise da resistência dessas
misturas (MEDINA e MOTTA, 2015).

Já o ensaio de resistência à tração na flexão apresenta uma forma de carregamento


semelhante ao ocorrido em campo. Por esse motivo, esse teste é utilizado em diversos países,
bem como é indicado para análise de materiais cimentados para utilização na pavimentação
rodoviária (NASCIMENTO, 2017).

O ensaio de tração na flexão pode ser realizado de duas maneiras, ambas com vigas bi
apoiadas a parte inferior, diferenciando-se pela aplicação da carga no flange superior. O
primeiro esquema apresenta aplicação de carga em um único ponto na parte superior, já o
segundo arranjo é realizado com dois pontos de carregamento na parte superior. O segundo
arranjo é mais indicado, visto que no terço central da vigota o momento fletor tende a ser
constante, com isso garante que a ruptura ocorra no ponto de maior fragilidade dentro do terço
médio (essa característica é importante principalmente quando se utiliza materiais
27

heterogêneos, como a BGTC). Por outro lado, não ocorre uma imposição forçada de ruptura
exatamente no centro do vão, como acontece com aplicação de carga única (BALBO, 2007).

Em relação à resistência à tração, Prado (2018) observou que quanto maior o teor de
cimentação da BGTC maior tende a ser a resistência à tração por compressão diametral.
Naquele trabalho, verificou-se que para misturas com maior densidade e com maior
cimentação, os valores da relação do RTI dividido por outros parâmetros mecânicos (RCS, E,
MR) tente a fornecer melhor desempenho; que para 5% de cimentação a umidade de
moldagem variando em ±1% não alterou a resistência à tração diametral; que a granulometria
com maior teor de agregados miúdos proporcionou maior ganho de resistência à tração
indireta.

Em sua pesquisa de mestrado, Nascimento (2017) utilizando a faixa granulométrica 2 do


DER-PR, 28 dias de cura e 3% de cimentação em massa, obteve valor médio de RTF em 0,34
MPa. Além disso, foi demonstrado que, a partir de uma comparação de materiais coletados
em campo de uma pista de teste e de materiais preparados em laboratório, os valores de RTF
para as amostras laboratoriais tendem a ser maiores.

2.2.3 Módulo de Resiliência

O módulo de resiliência é a capacidade de recuperação das deformações após cessar o


carregamento dinâmico. Quanto mais rígido o material, maior a tendência de absorver os
esforços, por conseguinte, terá menores deformações residuais recuperáveis. Tal característica
poderia ser traduzida como o módulo de elasticidade para cargas dinâmicas (BERNUCCI et
al., 2006; BALBO, 2007). Esse módulo também pode ser definido como rigidez do material,
principalmente no caso de materiais cimentados (NASCIMENTO, 2017).

Resiliência está intrinsecamente ligada à energia armazenada num corpo deformado para
as condições elásticas. Essa energia é dissipada quando cessam as tensões causadoras das
deformações elásticas, ou seja, não ocorreram ainda ou são ínfimas as deformações
permanentes (MOTTA e MEDINA, 2005).

Para Balbo (2006) e Nascimento (2017), o módulo de resiliência é fundamental para


verificação de deformações e trincamentos das camadas cimentadas, devido a necessidade de
projetar essas estruturas a fim de que os valores de tensão e deformação não ultrapassem os
toleráveis. Além disso, a presença de microfissura tem efeito bastante representativo neste
28

parâmetro; conforme o aumento da quantidade de fissuras e de seu raio médio, ocorre uma
redução no valor desse módulo, o qual seria crítico para o comportamento estrutural.

Nesse sentido, Prado (2018) não encontrou variações tão expressivas dos valores do MR na
variação de teores de cimento entre 3% e 5%. Afirma ainda que houve uma redução do MR
quando a porcentagem de cimento aumentou, ou seja, o MR é inversamente proporcional ao
teor de cimento (para uma variação de 3% a 5%). Duas justificativas para esse
comportamento inesperado foram citadas pela autora: a primeira refere-se ao acréscimo do
teor de cimento, o qual torna a BGTC muito rígida e, por conseguinte, com baixas
deformações, com isso comprometendo as leituras dos LVDTs, as quais podem não
corresponder a realidade (apenas leituras de ruídos). A outra é que os níveis de tensão
normatizados não possibilitaram a mistura a ser ensaiada na fase elástica.

Numa pesquisa utilizando solo modificado com cimento, mostrou-se que percentuais 5%
ou maiores de teor de cimento não modificaram consideravelmente o módulo de resiliência do
solo, que segundo o autor não justificava o uso do cimento para aquela situação
(MACEDO, 2004). Essa constatação corrobora para o baixo consumo de cimento na BGTC.

2.2.4 Vida de Fadiga

A fadiga para materiais cimentados é diretamente relacionada à existência e propagação de


microfissuras intrínsecas ao compósito, isto é, um processo progressivo de degradação
associado a carregamentos cíclicos, com magnitudes de carga inferiores à capacidade
resistente do material (BALBO, 2004).

A BGTC apresenta ruptura considerada quase frágil, sendo que na ruptura dos materiais
frágeis ocorre escorregamento entre o contato das partículas na região de interface no sistema
multifásico, que são os agregados e a pasta de cimento (BALBO, 2006). O aumento de
deformações (plastificação), desde o início da vida de serviço, é um indício de nucleação e
propagação de fissuras na estrutura interna do material. Assim, como visto anteriormente,
ocorre uma tendência de redução de seu módulo resiliente.

Esse parâmetro mecânico está inversamente associado à tensão aplicada, ou seja, quanto
maiores os valores de tensão aplicada menor é a vida de fadiga, isto é, menor é o número de
ciclos até ocorrência da ruptura do material. Ademais, para um mesmo nível de tensões,
frequências menores provocam um processo de degradação com menor número de ciclos
(BALBO, 2004).
29

Conforme a pesquisa realizada por Venson (2015), constatou-se que vida de fadiga é
inversamente proporcional a porosidade e diretamente proporcional a porcentagem de
cimento. Ou seja, ao reduzir a porosidade da BGTC e aumentar a taxa de cimentação, a vida
de fadiga desse material tente a aumentar.

Nesse contexto, Prado (2018) demonstrou, em uma comparação com o trabalho de


Nascimento (2017), que o aumento no teor de cimento influencia positivamente na vida de
fadiga do material, visto que a porcentagem de cimentação do material apresenta grande
efeito na resistência à tração. A autora também indica que para uma mistura cimentada do tipo
BGTC atingir a vida de fadiga efetiva indeterminada (um milhão de ciclos) o valor da tensão
deve ser equivalente a 78% da resistência à tração na flexão.

2.2.5 Tenacidade

Tenacidade é equivalente a energia que o material absorve durante o processo de fratura (o


acúmulo dessa energia é contabilizado a partir do início do fraturamento). Afirma-se também
que estruturas mais rígidas e mais resistentes desenvolvem menor resistência ao fraturamento
(BROEK, 2012).

O valor da tenacidade de um material pode ser obtido de diferentes maneiras. Uma delas,
sugerida por Balbo (2006), realizada através de um ensaio específico, utilizando um CP de
RTI, faz-se um entalhe para impor a fratura naquele determinado ponto e, então, obter o valor
de tenacidade do material, conforme o esquema didático do ensaio na Figura 3. No entanto,
apresenta-se como um ensaio de difícil reprodução devido à desintegração do material ao
abrir o entalhe para realização do teste.

Figura 3: Esquema do ensaio de tenacidade.

Fonte: Balbo, 2006.


30

Após a análise dos resultados desse ensaio, Balbo (2006) verificou que as amostras com
umidade 1% menor que a ótima apresentaram resultados melhores de tenacidade em relação
às outras amostras, tanto na umidade ótima ou acima desta. Inclusive, esse autor afirmou que
umidade acima da ótima piora a condição resistiva à tração do material, e por conseguinte a
sua tenacidade à tração.

Outros métodos para obtenção do valor de tenacidade são propostos a partir dos ensaios
convencionais de resistência à compressão ou à tração, a depender do tipo de tenacidade que
se deseja obter. Com os gráficos dos ensaio lexão
energia absorvida sob tensão de tração no ensaio de flexão estática, por exemplo, conforme
preconiza RILEM (1984). Segundo o referido autor, a tenacidade é a área da curva delimitada
pelo seu ramo ascendente (inteiramente) e seu ramo descendente (esse até que se atinja um
patamar de 40% da Força Máxima) (Figura 4).

Figura 4: Exemplificação da obtenção da Tenacidade.

O concreto, material com elevada resistência, dada sua matriz homogênea e baixa
porosidade, apresenta uma ruptura quase-frágil, semelhante ao concreto, do ponto de vista do
comportamento do processo de ruptura. A BGTC, contudo, desenvolve valores muito
menores de resistência ao fraturamento, por conta da sua heterogeneidade e sua porosidade
(BALBO, 2006).

O baixo valor de tenacidade da BGTC evidencia como a propagação das fissuras é muito
mais rápida em relação ao concreto, para uma mesma carga. Por consequência, nota-se o
comportamento inferior à fadiga da BGTC ao comparar com o concreto.
31

Em sua pesquisa para analisar a tenacidade do concreto, Santos e Bittencourt (1998)


demonstraram que alguns fatores influenciam essa propriedade nos materiais cimentados.
Entre esses fatores, observaram que o valor da relação água/cimento influencia inversamente
proporcional a tenacidade ao fraturamento, ou seja, aumentando a relação água/cimento a
tenacidade ao fraturamento diminui. Pela mesma pesquisa, outro resultado foi a
proporcionalidade direta entre o tamanho do agregado graúdo e o valor da tenacidade ao
fraturamento. Em consonância, Balbo (2006) demonstrou que isso ocorre em razão do
aumento da porosidade do material, evidenciado pelos dois fatores analisados (relação
água/cimento e tamanho do agregado graúdo).

Nesse contexto, Balbo (2006) verificou que o resultado encontrado na relação da idade dos
corpos de prova de concreto, demostra que quanto maior a idade, maiores eram as resistências
ao fraturamento. Isto porque há uma relação direta entre a resistência à tração indireta por
compressão diametral e a tenacidade do material.

Diante do exposto a respeito das características da BGTC convencional, nota-se a


necessidade de se encontrar soluções a fim de melhorar o desempenho mecânico desse
material. Como uma forma de melhorar o seu desempenho, são apresentadas as fibras, com o
intuito de formação dos compósitos cimentícios, as quais devem fornecer melhorias aos
parâmetros resistivos da matriz.

2.3 Análise do Comportamento de Compósitos

Os materiais são divididos em quatro grandes grupos: metais, polímeros, cerâmicas e


compósitos. Esse último é composto pela união de dois ou mais materiais diferentes a fim de
unir as características relevantes de cada componente (GIBSON, 1994).

As características físicas e propriedades mecânicas dos compósitos dependem dos


componentes empregados na mistura. Por exemplo, BGTC e CCR apresentam boa resistência
à compressão, não sendo esse um problema para sua utilização na pavimentação, contudo sua
resistência à tração, bem como sua vida de fadiga são fatores que dificultam seu uso. Então,
com o intuito de melhorar determinadas características que a matriz, isoladamente, apresenta
deficiência, utiliza-se em conjunto com outro material, formando um compósito.

No entanto, sabe-se que no Brasil não há normas que estabeleçam critérios de projeto para
uso de fibras com BGTC. Verifica-se apenas a norma ABNT NBR 15530/07, que estabelece
somente parâmetros de classificação para as fibras de aço para uso em concreto.
32

No caso das matrizes cimentícias, ao serem unidas às fibras, as quais interagem


positivamente nas deficiências desse tipo de matriz, garantem melhoria na resistência à tração,
na vida de fadiga e na tenacidade, conforme Rooholamini et al. (2018). Esses autores
realizaram um estudo comparativo entre diversos trabalhos (Tabela 1), além de realizar a
própria análise com utilização de fibras de polipropileno na matriz de Concreto Compactado a
Rolo (CCR).

Segundo Rooholamini et al. (2018), com a utilização de fibras há uma necessidade de


maior energia de compactação para se chegar ao mesmo grau de compactação, quando
comparado ao material sem fibras. Em vista disso, o autor sugere uma limitação no percentual
de fibras utilizadas para evitar a redução da densidade. No entanto, estudos já realizados na
EPUSP, demonstraram que as adições de baixos teores de fibras alteram as condições de
trabalhabilidade, mas sem necessariamente reduzir a compactação do material (CECCATO,
NUNES e FIGUEIREDO, 1997).

Além disso, Rooholamini et al. (2018) chegou à conclusão de que a adição de fibras não
afeta a resistência à compressão. Figueiredo (2000) afirma que, caso haja alteração, essa seria
positiva, visto que mesmo com as forças de cisalhamento (no momento de ruptura a
compressão) as fibras tendem a auxiliar beneficamente na resistência do material e
consequentemente em sua tenacidade.

Nesse sentido, no estudo de Zhang e Li (2009) foi analisado o efeito das fibras de
polipropileno nas propriedades mecânicas e na retração de um macadame que apresenta
características similares à BGTC. Ao avaliar a RCS, utilizaram CP cilíndrico com 15 cm de
altura e 15 cm de diâmetro moldados na umidade ótima, com 5 % de cimentação e fibras
curtas com comprimento máximo de 30 mm. O teor de fibras foi utilizado em 0,04%, 0,06%,
0,08% e 0,1%. Os resultados demonstraram que a partir de 0,04% há uma tendência de
acréscimo no valor de RCS com a utilização de fibras.
33

Tabela 1: Comparação do efeito das fibras nas propriedades mecânicas, segundo vários autores.

Resistência à
Tipo de Resistência Tração por Resistência à Tração
Propriedades das Fibras
Concreto Compressão Compressão na Flexão
Autores Ano
Diametral
Comprimento Fração em Volume
Tipo
(mm) (%)
Fallah and
2017 Polipropileno 39 0,25 / 0,75 / 1,25 Alta resistência -
Nematzadeh
Hesami et al. 2016 Polipropileno 60 0,10 / 0,12 Auto adensável
4% (do volume de
Aço 50 Normal -
cimento)
Saidani et al. 2016
4% (do volume de
Polipropileno 50 Normal -
cimento)
Afroughsabet
and 2015 Aço com gancho 60 0,25 / 0,5 / 0,45 / 1 Alta resistência
Ozbakkaloglu

Polipropileno 54 0,25 / 0,375 / 0.5 Concreto leve


(retorcida) 30 0,25 / 0,375 / 0.5 Concreto leve (10,
Yew et al. 2015
Polipropileno
20 0,25 / 0,375 / 0.5 Concreto leve
(reta)
Karadelis and
2015 Aço 50 1,5 CCR N.S -
Yougui
Aço 36 0,5 Permeável

Hesami et al. 2014 Polipropileno 54 0,3 Permeável

Vidro 12 0,2 Permeável


Pajak and
2013 Aço com gancho 30 0,5 / 1 / 1,5 Auto adensável -
Ponikiewski
Fonte Adaptada: Rooholamini et al. (2018).
34

Já os fatores relacionados à resistência à tração, tenacidade, controle de fissuração e vida


de fadiga tendem a apresentar melhorias mais significativas com a utilização de fibras (como
pode ser visto na comparação da Figura 7). Ademais, os compósitos passam a apresentar uma
resistência residual em que, embora a matriz tenha natureza de ruptura frágil ou quase frágil, o
conjunto tende a apresentar uma ruptura dúctil ou quase dúctil, em razão da adição de fibras
(ROOHOLAMINI et al., 2018; PEREIRA, 2017; PONS, 2007; YAO et al., 2003;
FIGUEIREDO, 2000).

Uma característica do desempenho à tração dos compósitos com fibras é que, até a
primeira fissura, a ruptura do material é determinada pela matriz cimentícia. No entanto, após
início da fissuração, as tensões são suportadas pela fibra, as quais apresentam gradual
decréscimo de acordo com a deformação, até a ruptura. Esse fato é característico do
arrancamento das fibras da matriz, denominado pullout (PEREIRA, 2017; HANNANT,
1978). Isto é, na adição das fibras, essas trabalham de maneira similar ao grampo ou tirante,
em que estabiliza os agregados em ambos os lados da fissura. Com isso, a fibra absorve a
tensão de tração da seção da fratura, por conseguinte a concentração de tensão na área
fissurada é reduzida. Então, ocorre um decréscimo do efeito do dano por trincamento e uma
melhora da ductibilidade do compósito (ZHANG E LI, 2009).

Yao (2003) realizou um estudo para avaliar as melhorias da matriz com baixo volume de
fibras e analisou o desempenho de três tipos de fibras (polipropileno -PP-, aço e carbono),
individualmente (Figura 5) e combinação entre dois tipos (Figura 9). Esse autor afirmou que é
possível obter um incremento na resistência à tração mesmo com baixo volume de fibras
(Figura 5). Segundo Figueiredo (2000), essa característica de aumentar a resistência é inerente
às fibras de aço, visto que elas apresentam alto módulo.

Figura 5: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição de fibra simples em vigas de concreto.

Fonte Adaptada: Yao (2003).


35

Na Figura 6, é perceptível o incremento nas características de tenacidade, de deformação


até ruptura e da resistência flexural ao macadame. Além disso, na Figura 7 observa-se o ganho
de resistência à tração na flexão após a adição de teores variados de fibras realizados por
Zhang e Li (2009), que utilizou teor de fibras variando em 0,04%, 0,06%, 0,08% e 0,1%.
Observa-se a tendência de acréscimo da RTF a partir de 0,04% de adição de fibras. Além
disso, verifica-se um incremento no valor de resistência muito maior de tração quando
comparado com o de compressão.

Figura 6: Ganho de resistência à compressão (a) e à tração (b) no macadame com a adição de fibras.

(a) (b)

Fonte Adaptada: Zhang e Li (2009).

2.3.1 Tipos e Características das Fibras

Com os estudos apresentados, percebe-se uma gama de fibras disponíveis para utilização na
Engenharia. Algumas delas são fabricadas com materiais: vidro, natural (vegetal), metal (aço)
e sintéticas (aramida -kevlar-; poliolefinas -polipropileno-; acrílico; e carbono). Algumas
características dessas fibras são listadas por Bentur e Mindness (1990) e podem ser visualizadas
na Tabela 2.

Diante disso, percebe-se a importância do estudo das características do material que


compõe as fibras. Essas características vão ditar o comportamento químico relacionado à
durabilidade diante de meios alcalinos, à corrosão e ao ponto de amolecimento devido á
temperatura. Segundo Zheng e Feldman (1995), os materiais sintéticos apresentam uma
desvantagem de incompatibilidade com altas temperaturas (Tabela 3).
36

Tabela 2: Características das fibras utilizadas em compósito.

Módulo de Resistência Deformação


Diâmetro Densidade
Material elasticidade à tração na ruptura
(m) (g/cm3) (GPa) (GPa) (%)
Aço 5-500 7,84 190 - 210 0,5 - 2 0,5 - 3,5
Vidro 9 - 15 2,6 70 - 80 2-4 2 - 3,5
Amianto 0,02 - 0,4 2,6 160 - 200 3 - 3,5 2-3
Polipropileno fibrilado 20 - 200 0,9 1 - 7,7 0,5 - 0,75 8
Kevlar 10 1,45 65 - 133 3,6 2,1 - 4,0
Carbono 9 1,9 230 2,6 1
Nylon 1,1 4 0,9 13 - 15
Celulose 1,2 10 0,3 - 0,5
Acrílico 18 1,18 14 - 19,5 0,4 - 1,0 3
Polietileno 0,95 0,3 0,7x10-3 10
Fibra de madeira 1,5 71 0,9
Sisal 10 - 50 1 - 50 0,8 3
Matriz de cimento 2,5 10 - 45 3,7x10-3 0,02
Fonte Adaptada: Bentur; Mindness (1990).

Tabela 3: Propriedades químicas das fibras.

Temperatura onde
Resistência à Resistência Comportamento sob alta
Tipo de Fibra toda a resistência
ação da água ao álcali temperatura
é perdida (ºC)
Perda progressiva de resistência a
Aramida Boa Boa 400-500
partir de 200ºC
Perda progressiva de resistência a
Náilon Boa Boa 180-200
partir de 100ºC
Perda progressiva de resistência a
Polietileno Boa Boa 100-130
partir de 100ºC
Perda progressiva de resistência a
Polipropileno Moderada a boa Boa 120-150
partir de 100ºC
Fonte Adaptada: Zheng e Feldman (1995).

Além disso, em razão do material utilizado, as fibras podem apresentar alto ou baixo
módulo de elasticidade, bem como alta ou baixa resistência à tração. Observa-se, com isso,
37

que esses são dois fatores fundamentais que influenciam no comportamento dos compósitos
(FIGUEIREDO, 2011).

Conforme Hannant (1978), as fibras de baixo módulo se caracterizam por apresentar


módulo de elasticidade menor que o da matriz de cimento. Por exemplo, têm-se as fibras de
polipropileno, nylon, polietileno e vegetal (em regra). Já as fibras de alto módulo possuem
maior rigidez que a matriz de cimento, como o exemplo das fibras de aço, vidro, amianto,
kevlar e carbono.

Segundo o estudo de Yao (2003), foi demonstrado que as fibras de carbono têm alto
módulo e resistência à tração, fibras de aço têm módulo semelhante às fibras de carbono e
com alongamento maior e resistência à tração menor, enquanto as fibras de polipropileno têm
alto alongamento e baixos módulo e resistência à tração.

Algumas características das fibras de baixo módulo são: controle de fissuração por retração
plástica, inibição da propagação dessas fissuras e limitada capacidade de reforço à tração da
matriz, porém com grande alongamento. Já as fibras de alto módulo apresentam,
principalmente após a ruptura da matriz, melhoramento da tenacidade, da resistência à tração
e da resistência residual (FIGUEIREDO, 2011). Uma representação do funcionamento à
tração do conjunto matriz e fibras pode ser vista nas Figura 7.

Figura 7: Diagrama de tensão por deformação elástica de matriz e fibras de alto e baixo módulo de
elasticidade trabalhando em conjunto.

Fonte: Figueiredo (2011).


38

A partir da Figura 7, é possível perceber algumas características de ambos os tipos de fibra,


em que, após a ruptura, as tensões são transferidas para elas. As fibras de baixo módulo
apresentam maiores deformações e pequeno incremento nos valores de resistência à tração; já
as de alto módulo apresentam maiores valores de resistência à tração e pequeno incremento na
deformação até a ruptura.

Além dessa divisão de composição, as fibras também se subdividem quanto ao tamanho


(microfibras ou macrofibras), onde cada um desses tipos terá sua função preponderante.
Ademais, verifica-se que, para haver um desempenho estrutural fornecido pelas fibras, é
necessário haver compatibilidade de tamanho entre as fibras e os agregados. Na Figura 8-A
observa-se a compatibilidade entre as fibras e os agregados, visto que aquelas são maiores que
a dimensão máxima característica dos agregados. Já na Figura 8-B, essa compatibilidade não
acontece, uma vez que o tamanho do agregado é maior que o comprimento das fibras.

Figueiredo (2011) sugere que as fibras devem possuir comprimento igual ou superior ao
dobro da dimensão máxima característica do agregado. Em consonância, Hannant (1978)
propõe que concretos com adição de fibras não devem possuir agregados com dimensões
superiores a 20 mm e, preferencialmente, 10 mm, visto que poderia haver prejuízo a
distribuição uniforme da mistura.

Figura 8: Dimensões e Compatibilidade entre agregados e fibras.

Fonte: Figueiredo (2000).

Segundo Yao (2003), as microfibras agem, em princípio, em baixas idades, durante a


retração do concreto para impedir o surgimento de fissuras, bem como o aparecimento de
microfissuras no início da aplicação da carga. Elas atuam como uma ponte nas microfissuras
39

antes dessas atingirem o tamanho crítico de falha, em que, a partir desse momento, esse tipo
de fibra não apresenta grande utilidade (PEREIRA, 2017; FIGUEIREDO, 2011).

Por outro lado, as macrofibras atuam, principalmente, após a ruptura da matriz,


funcionando como uma ponte de ligação entre as fissuras geradas (Figura 9). Assim, esse tipo
de fibra fornece à matriz um ganho de resistência à tração, tenacidade e deformação (Yao,
2003; PEREIRA 2017; FIGUEIREDO, 2011).

Figura 9: Ponte de transferência de tensões com aplicação de fibras.

Fonte: Figueiredo (2000).

O comprimento das fibras é um parâmetro importante quando se pretende analisar o


comportamento do compósito. Um exemplo é a pesquisa de Carnio (2009), em sua análise
com diferentes comprimentos de fibra de aço e fibra de polipropileno (entre 35 e 60 mm) em
concreto, os resultados indicaram que as fibras de polipropileno de 54 mm apresentam melhor
desempenho no aspecto relacionado à redução da propagação de trinca por fadiga.

Ademais, nota-se que as fibras podem ser utilizadas em conjunto para ampliar seu
potencial, visto que, como comentado anteriormente, cada tipo de fibra tem sua função
preponderante. Podem-se unir dois tipos diferentes a fim de incorporar um pouco das
características de cada tipo de fibra. Por exemplo, Yao (2003) demonstrou que a utilização da
fibra de carbono em conjunto com fibra de aço atribuiu melhora significativa ao compósito
40

em relação a utilização das fibras individualmente (Figura 10). O mesmo aconteceu com a
utilização da fibra de polipropileno (PP).

Figura 10: Gráfico da tensão flexural vs. deflexão para adição híbrida de fibras em vigas de concreto.

Fonte Adaptada: Yao (2003).

Pela Figura 10, o fenômeno de utilização híbrida de fibras trouxe melhorias, além das
apresentadas pelas fibras usadas individualmente, devido aos motivos: primeiramente, as
fibras de carbono (microfibras) atuam minimizando as fissuras de retração e, na aplicação da
carga, tende a elevar a resistência do compósito; em segundo, as fibras de aço (macrofibras)
atuam após a ruptura e aumentam a resistência do compósito além da resistência de pico; por
último, ambas as fibras, por terem módulos elásticos e resistências à tração similares,
apresentaram uma sinergia, e melhoraram o desempenho mecânico (YAO, 2003).

Verifica-se que o critério de dimensionamento para concreto é a resistência de pico, em


que sua tenacidade não é levada em consideração. Com isso, percebe-se uma tendência de
avaliação pré-ruptura até a ruptura propriamente dita, e não há grande preocupação no
momento pós-ruptura, em que há atuação das fibras impedindo a progressão das fissuras
(BENTUR E MINDESS, 2007).

2.3.2 Volume Crítico

No momento da dosagem, vale ressaltar o fato de haver um volume mínimo de fibras a ser
aplicado no compósito para que exista um controle pós-fissuração da matriz, ou seja, uma
quantidade mínima de fibras para atuar na resistência à tração. Esse percentual mínimo é
denominado Volume Crítico.
41

Conforme preconiza Hannant (1978), o volume crítico de fibras assume a função após a
fissuração da matriz, em que as fibras devem suportar o carregamento de tração imposto sobre
o compósito. O teor de fibras pode ser dado como um dos principais parâmetros que definem
o comportamento dos compósitos (FIGUEIREDO, 2011).

Figueiredo (2000), após realizar ensaios de tração na flexão de concreto com fibras,
demonstra a importância do volume mínimo de fibras, em que o ganho de resistência acontece
apenas quando o volume de fibras do compósito é igual ou maior ao volume crítico. Esse
fenômeno pode ser visualizado na Figura 11.

Figura 11: Compósitos reforçados com fibras em teores abaixo (A), acima (B) e igual (C) ao volume
crítico de fibras durante o ensaio de tração na flexão.

Fonte: Figueiredo (2000).

Na Figura 11, observa-se que, para o volume de fibras abaixo do crítico, quando há ruptura
da matriz, acontece uma queda na capacidade carga suportada pela matriz. Para um volume de
fibras acima do crítico, o compósito continua aceitando níveis de carregamentos crescentes,
mesmo após a ruptura da matriz, o que mostra o trabalho das fibras.

Para Aveston, Cupper e Kelly (1971), o Volume Crítico é diretamente proporcional ao


Módulo de Elasticidade do compósito e à Deformação Última da matriz; e inversamente
proporcional à Tensão Última da matriz. Assim, o teor ideal de fibras é dado pela Equação 1:

(1)

Sendo:

= Volume crítico das fibras [%];

= Deformação última da matriz [adimensional];


42

= Módulo de Elasticidade do Compósito [MPa];

= Tensão Última da Matriz [MPa].

2.3.2.1 Coeficiente de Correção ( 1)

O coeficiente de correção ( 1), também chamado de fator de eficiência, serve para majorar o
volume crítico em função do direcionamento das fibras, pois as fibras podem estar em apenas
uma direção (unidirecional), duas direções (bidimensional) ou três direções (tridimensional ou
aleatórias), com isso a sua eficiência pode ser reduzida. Por essa razão, este coeficiente deve
ser utilizado no momento do dimensionamento do volume crítico, de acordo com a Tabela 4.

Tabela 4: Valores para o coeficiente de correção ( 1).

Orientação
COX KRENCHEL
1 direção 1,000 1,000
2 direções 0,333 0,375
3 direções 0,167 0,200
Fonte: Hannant (1978).

2.3.3 Comprimento Crítico

O comprimento crítico das fibras está relacionado ao tamanho necessário das fibras, e
associado à transferência de tensão entre a matriz e a fibra. Além disso, quando no momento
de fissuração da matriz localizada perpendicularmente e no centro das fibras, esse
comprimento proporciona que a tensão no seu centro seja igual à sua tensão de ruptura.
Assim, quando a fibra tem comprimento menor que o crítico, a tensão de arrancamento
proporcionada pelo comprimento embutido não é suficiente para produzir uma tensão na fibra
que supere a resistência da matriz (FIGUEIREDO, 2011; BENTUR E MINDESS, 2007).

Nesse sentido, no momento de abertura da fissura, em que a fibra atua como ponte de
transferência de tensão, essa será arrancada no lado que tiver menor comprimento de
embutimento, gerando o pullout. Por exemplo, quando há boa compatibilidade entre a matriz
e as fibras, pode acontecer de ultrapassar o comprimento crítico, causando ruptura de fibras.
Assim, a contribuição das fibras será principalmente no controle pós-fissuração da matriz, em
que tende a reduzir a propagação de fissuras e consequentemente gerar aumento da tenacidade
(FIGUEIREDO, 2011).
43

Conforme Figueiredo (2000), quanto maior o comprimento da fibra, maior será o


embutimento, por conseguinte, maior é a capacidade de controle pós-fissuração. No entanto,
há problemas com o aumento além do necessário no comprimento da fibra. Primeiro, ocorre
uma redução da trabalhabilidade da mistura. Segundo, pode ocorrer rompimento da fibra no
momento que surge a fissura, devido elevação da tensão imposta sobre a fibra. Com isso,
acontece uma redução do fenômeno do pullout e por consequência redução da resistência
residual e da tenacidade.
44

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo, é apresentado o método para avaliação e caracterização dos materiais


utilizados na composição da matriz cimentícia de BGTC, bem como a metodologia para
análise da inserção das fibras em conjunto com a matriz. Além disso, são demonstrados os
métodos de ensaios para verificar a influência das fibras no desempenho mecânico em
comparação com a BGTC convencional. O fluxograma das atividades realizadas pode ser
visualizado na Figura 12.

Figura 12: Fluxo de atividades da pesquisa.

3.1 Agregados

Os agregados de materiais pétreos utilizados na pesquisa para compor a mistura do tipo


BGTC foram coletados no Estado de Sergipe numa pedreira de Campo do Brita-SE. De
acordo com ABNT (2013), tais minerais foram graníticos e fragmentos de rocha duros, limpos
e duráveis, bem como são livres do excesso de partículas lamelares, alongadas, macias ou de
fácil desintegração. Caracterizam-se também pela ausência de outras substâncias ou
contaminações prejudiciais.

3.1.1 Coleta

Os agregados foram coletados numa Pedreira no município de Campo do Brito/SE. Essa


pedreira fica localizada no povoado Cajaíba, cujas coordenadas geográficas são: UTM
45

669.994,52 m (E) e 8.805.443,98 m (N), do Fuso 24 Sul (WGS84), e sua vista aérea é
apresentada na Figura 13.

Figura 13: Vista aérea da Pedreira.

Fonte: Prado (2018).

As coletas foram realizadas seguindo as exigências da norma DNER-PRO 120/97


(DNER,1997a), a qual recomenda especificações para coleta e para amostragem de agregado
em campo.

Na pedreira, foram coletados agregados com dimensões características diferentes,


totalizando cinco tipos: brita 31,5mm, brita 25,0mm, brita 19,0mm, pó de pedra e filler que
fazem parte da composição granulométrica das misturas de BGTC.

Devido à adição de areia fina para atingir o teor de finos necessários à composição
granulométrica das misturas de BGTC, esse material foi adquirido em um comércio local, em
Aracaju/SE.

Todos esses materiais, com acréscimo do cimento, podem ser visualizados na Figura 14.

.
46

Figura 14: Agregados utilizados na composição granulométrica da BGTC.

3.1.2 Mineralogia dos Agregados

As britas que foram coletadas na região do agreste central sergipano, as quais são extraídas da
Região do complexo Gnáissico-Migmático dos Domos de Itabaiana, cujo local é visualizado
na Figura 15 (SANTOS, 2001).

Apresentadas no mapa geológico da Figura 16, o complexo Gnáissico-Migmático dos


Domos de Itabaiana apresenta as características litoestratigráficas coincidente com essa
região, a qual é formada por gnaisses migmatíticos e rochas granitoides, compostos por
gnaisses de fáceis anfibolito e inclui quartzo, feldspato, potássico, plagioclásio, biotita,
moscovita, sericita, epidoto e clorita (SANTOS, 2001).
47

Figura 15: Local de extração para processamento das britas.

Figura 16: Mapa tectono-estratigráfico do estado de Sergipe.

Fonte: Santo (2001).

3.1.3 Ensaios de Caracterização

Os ensaios para caracterização dos agregados da BGTC são compatíveis com as normas da
ABNT e do DNIT. Assim, foi apresentada uma relação dos ensaios que foram utilizados para
caracterização.
48

Alguns resultados foram obtidos do trabalho de Prado (2018), visto que o presente trabalho
é uma continuação daquele. Além disso, os agregados foram obtidos nos mesmos locais,
dispensando a repetição de alguns ensaios em específico. Primeiramente, são apresentados os
ensaios realizados na presente pesquisa, posteriormente, os ensaios realizados por Prado
(2018).

Ensaio realizado nesta pesquisa:

Agregados Determinação da composição granulométrica pela NBR NM 248/2003


(ABNT, 2003).

Ensaios obtidos de Prado (2018):


Agregados Determinação da absorção e da massa específica de agregado graúdo
pela DNER-ME 195/97.
Agregados Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do
frasco Chapman pela DNER-ME 194/98.
Material finamente pulverizado Determinação da massa específica real pela DNER-
ME 085/94.
Agregado Miúdo Determinação da absorção de água pela NBR NM 30/2001.
Agregados Determinação da abrasão "Los Angeles" pela DNER-ME 035/98.
Agregado Graúdo Determinação do índice de forma pelo método do paquímetro pela
NBR 7809/2008.

Com as granulometrias de cada tipo de agregado, foi possível determinar a composição


granulométrica da BGTC. Na Tabela 5, são apresentadas as porcentagens de materiais que
passam nas respectivas peneiras. Foram selecionadas as peneiras sugeridas pela norma Sul-
africana (SAPEM, 2014) em conjunto com norma do DER/SP (DER/SP, 2005). Os dados
foram obtidos da média de dois ensaios realizados para cada tipo de agregado e evidenciam,
entre outros aspectos, a dimensão máxima característica do agregado, conforme NBR NM
248/2003 (ABNT, 2003).
49

Tabela 5: Análise granulométrica dos agregados.

% passante em massa em cada fração


Peneiras
Brita 2 Brita 0 Pó Filler Areia
(mm)
(%) (%) (%) (%) (%)
37,5 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
25,0 96,03% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
19,0 35,90% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
9,5 1,44% 61,27% 100,00% 100,00% 100,00%
4,8 0,83% 2,65% 96,48% 100,00% 100,00%
2,0 0,61% 1,00% 64,07% 100,00% 100,00%
0,42 0,53% 0,82% 26,51% 100,00% 94,64%
0,15 0,44% 0,74% 14,54% 97,25% 12,90%
0,075 0,31% 0,59% 5,79% 84,30% 0,74%
Conforme especificação de coleta, verificaram-se as dimensões máximas dos agregados na
Tabela 5, podendo então classificá-los como: brita 31,5 mm , brita 19 mm, brita 9,5mm, pó de
pedra, areia e filler.

Os resultados (Tabela 6) de massa específica real e absorção para cada tipo de brita foram
obtidos do trabalho de Prado (2018). Para sua obtenção, o ensaio de absorção foi realizado
apenas para os agregados que tinham material retido na peneira 4,8mm (brita 37,5 mm, brita
25 mm, brita 19 mm, pedrisco e pó de pedra). Tais frações influenciam no cálculo da
quantidade de água, devido a capacidade de absorção dos agregados graúdos.

Tabela 6: Resultado da massa específica real e absorção dos agregados.

Massa Específica Absorção


Frações
Real (g/cm³) (%)
Brita 31,5mm 2,97 0,71
Brita 25mm 2,89 0,82
Brita 19mm 2,69 0,92
Pedrisco 2,7 0,91
Pó 2,81 0,95
Filler 2,74 -
Areia 2,63 -
Fonte: Prado (2018).

Outros resultados também são apresentados conforme valores obtidos por Prado (2018),
em que foi considerado o agregado graúdo sendo do tipo gnaisse. Os resultados foram: índice
de forma 2,4 e perda por abrasão Los Angeles de 16% (dezesseis por cento). De acordo com
normas e especificações técnicas que definem os critérios de aceitação dos materiais
utilizados em camadas de sub-bases e bases de BGTC para obras rodoviárias no Brasil,
observa-se que os referidos valores atendem às exigências prescritas (ABNT, 2013b;
DER/PR-ESP-P16; DER/SP-ETDE/P009).
50

3.2 Cimento Portland e Água

Para compor a mistura de BGTC foi escolhido o cimento do tipo pozolânico (CP II-Z-32 RS),
o qual contém pequena adição de pozolana (Z) e apresenta-se como Resistente a Sulfato (RS).
Essa escolha foi pautada em sua larga utilização na construção civil e por ter boas
propriedades de durabilidade e resistência aos agentes químicos presentes no solo (DNIT,
2015; DER/PR, 2005). Além disso, atende às condições da norma (ABNT, 2013a).

Quanto a sua composição, verifica-se uma adição de 6 a 14% de pozolana em massa.


Segundo Metha (1994), a reação pozolânica, realizada pela pozolana e o hidróxido de cálcio,
apresenta menor taxa de liberação de calor, com isso, o ganho de resistência é mais lento e há
maior durabilidade em relação aos meios ácidos. Ademais, essa composição tende a formar
uma mistura com maior homogeneidade e impermeabilização, melhorando, assim, a
resistência do material, sendo essas características benéficas para BGTC.

Para caracterização física dos cimentos utilizados, foram realizados os ensaios propostos
pelas normas brasileiras. Os resultados dos ensaios foram obtidos do trabalho de Prado
(2018), uma vez que o cimento utilizado em ambos os trabalhos foi o mesmo. Sendo assim, os
ensaios foram:

NBR 11579 (ABNT, 2013a) - Determinação da finura do cimento;


NBR-16605 (ABNT, 2017a) - Determinação da massa específica do cimento
Portland;
NBR-16607 (ABNT, 2017b) - Determinação do início e fim de pega.

Na Tabela 7 é apresentado o resultado dos ensaios realizados com o cimento, segundo a


norma DNER-EM-036/95 Cimento: recebimento e aceitação.

Tabela 7: Características físicas do cimento.

Referência
Ensaios Resultados
da Norma
Finura (%) 0,674 < 12%
Tempo Início de Pega (h) 02:19 >1
Tempo Fim de Pega (h) 04:02 <10
Massa Específica (g/cm³) 3,08 -
Fonte: Prado (2018).

Em relação à água utilizada nesta pesquisa, essa era potável e isenta de materiais
orgânicos, óleos ou outras substâncias que possam prejudicar a hidratação do cimento
Portland.
51

3.3 Fibras

A análise das fibras foi realizada em conjunto com a BGTC. Esses materiais não são
componentes principais da matriz, porém sua inserção foi feita para avaliar as mudanças que
poderiam ocasionar à mistura.

As fibras foram adquiridas diretamente com fornecedores específicos. Esses


disponibilizaram a caracterização de cada produto, bem como o desempenho químico na
associação com os cimentos Portland e água. Além disso, forneceram as características
mecânicas com avaliação, principalmente, da resistência à tração e módulo de elasticidade.

Neste trabalho foram utilizados 5 tipos de fibras: Fibra de Aço, Fibra de Polietileno, Fibra
de Polipropileno (dois modelos distintos, um deno 54
Fibra de Vidro. O detalhamento de cada material é apresentado nos tópicos seguintes,
permitindo demonstrar as características específicas de cada tipo de fibra. Ressalta-se que as
características apresentadas são aquelas disponibilizadas pelos fornecedores, não abrangendo
neste trabalho a análise mecânica das fibras isoladamente.

Na Tabela 8, são apresentados os valores de cada tipo de fibra. Esse dado é importante no
momento da análise da viabilidade do uso de fibras, bem como serve como parâmetro
limitador para o percentual de inserção adotado devido ao custo para construção do
pavimento. Isso acontece porque um percentual muito grande poderia tornar financeiramente
inviável a utilização das fibras no contexto real de obra.

Tabela 8: Valores das Fibras.

Tipo de Fibra Preço/ kg


Aço R$ 9,00
Polietileno R$ 15,00
FF54 R$ 22,80
Ultimax R$ 25,00
Vidro R$ 22,75

3.3.1 Fibra de Aço

As fibras de aço são consideradas materiais nobres na Engenharia Civil, em especial no setor
de Materiais de Construção, por suas características mecânicas e alta compatibilidade com o
concreto. Em relação às suas características químicas, pode-se afirmar a boa compatibilidade
com o cimento e os agregados, não sendo esse um fator que dificulte sua utilização. No
52

entanto, poderia haver degradação desse tipo de material quando utilizado em pavimentação,
devido à elevação e rebaixamento do nível freático, por conseguinte, acelerando a oxidação
do aço.

Quanto às características físicas, a fibra utilizada mede 60 mm de comprimento e 0,75mm


de diâmetro. Por conta da sua dimensão, podem ser consideradas como macrofibras. Na
Tabela 9 são apresentadas suas propriedades físicas fornecidas pela empresa fabricante.

Tabela 9: Propriedades Físicas da Fibra de Aço.

Fonte: Maccaferri (2009).

No aspecto relacionado às propriedades mecânicas, observa-se que essas fibras apresentam


correspondência com as propriedades do material utilizado, o aço. Na Tabela 10 são
apresentadas as propriedades mecânicas dessa fibra fornecida pela empresa Maccaferri.

Tabela 10: Propriedades Mecânicas da Fibra de Aço.

Fonte: Maccaferri (2009).


53

Figura 17: Formato das fibras de aço.

Fonte: Maccaferri (2009).

Segundo o fornecedor, as fibras são produzidas a partir de aço de baixo teor de carbono,
trefilado a frio. Além disso, elas apresentam um formato especial em suas extremidades
(Figura 17) para garantir maior aderência e ancoragem entre as fibras e a matriz.

3.3.2 Fibra de Polietileno

Segundo o fabricante das fibras de polietileno, essas são formadas por monofilamentos de
polietileno. No aspecto químico, verifica-se a boa compatibilidade com o cimento e os
agregados, visto que são álcali resistentes, sendo um fator benéfico na sua utilização.

Com relação às características físicas, a fibra utilizada mede 40 mm de comprimento e são


frisadas (esse aspecto pode ser visualizado na Figura 18, permitindo melhor atrito com a
matriz. Por conta da sua dimensão, são consideradas macrofibras.

Figura 18: Aspecto da fibra de polietileno frisada.

Fonte: MM Fibras (2014).

Quanto às suas demais propriedades físicas e mecânicas, as informações obtidas com o


fabricante são assim apresentadas:

Álcali resistente
54

Comprimento: 40 mm (frisada);
30.000 fios por kg;
Resistência à tração (por filamento): 350 MPa;
Ancoragem: Twist;
Alongamento por ruptura: 110%;
Matéria-prima: monofilamentos de polietileno;
Densidade (g/cm³): 1,12

3.3.3 Fibra de Polipropileno (FF54)

Segundo o fornecedor das fibras de polipropileno do modelo FF54, a vantagem desse tipo é a
presença de o elevado número de filamentos por kg, uma vez que são bastante delgadas e
apresentam-se agrupadas, conforme Figura 19, sendo separadas durante o processo de
mistura.

Figura 19: Fibra de Polipropileno (FF54).

Fonte: Construquímica (2017).

Em referência ao aspecto químico, essas fibras sintéticas são


de poliolefinas -se a boa compatibilidade com o cimento e os agregados. Quanto
às características físicas, a fibra utilizada mede 54 mm e tem um formato de monofilamento
retorcido. Outras características, fornecidas pela empresa, são assim apresentadas:

Módulo de elasticidade: 7 GPa.


Resistência à tração: 550 - 650 MPa.
Fibras por kg em feixes: 110.000.
Fibras por kg na mistura: 330.000.
Densidade (g/cm³): 0,91.
Resistência à álcalis: total.
Condutividade elétrica: nula.
55

Absorção: nula.
Ancoragem: físico/química.

3.3.4 Fibra de Polipropileno (Ultimax)

Fornecidas pela mesma empresa das fibras FF54, a fibra Ultimax é formada pela mesma
matéria prima da anterior, por consequência, as suas propriedades químicas são iguais. No
entanto, apresentam alguns aspectos distintos, principalmente em relação aos seus aspectos
físicos. Essas se apresentam com maior espessura, como observado na Figura 20. Além de seu
formato ser um monofilamento individual, em vez de monofilamento retorcido.

Em uma comparação visual, percebe-se uma semelhança entre o aspecto físico dessa fibra
com a fibra de polietileno.

Figura 20: Fibra de polipropileno Ultimax.

Fonte: Construquímica (2017).

Em relação às características físicas, a fibra utilizada mede 54 mm, sendo considerada uma
macrofibra. Outras características fornecidas pela empresa são:

Módulo de elasticidade: 9 GPa


Resistência à tração: 550 - 600 MPa
Fibras por kg: 62.500
Densidade (g/cm³): 0,91
Resistência à álcalis: total
Condutividade elétrica: nula
Absorção: nula
Ancoragem: físico/química
56

3.3.5 Fibra de Vidro

Fornecidas pela mesma empresa da fibra de polipropileno, a fibra de vidro é considerada uma
microfibra, com comprimento de 12 mm. Numa pesquisa entre diversos fornecedores não se
encontrou macrofibra de vidro. No caso de sua existência, sua utilização melhoraria a
comparabilidade com os outros tipos de fibras anteriores.

Segundo os fornecedores, a fibra de vidro é indicada para conter as forças de retração do


concreto. Além disso, é caracterizada pela sua elevada resistência e o grande número de fibras
por quilograma. Seu aspecto pode ser visto na Figura 21.

Figura 21: Aspecto da fibra de vidro.

Fonte: Construquímica (2017).

com o cimento. No entanto, o tipo de fibra utilizado na presente pesquisa é denominado


de com cimento.

No aspecto físico, essas fibras são pequenas, como citado anteriormente. Outras
características disponibilizadas pelo fornecedor são:

Alta resistência à tração (1750 MPa);


Alto módulo de elasticidade (72 GPa);
Elevado número de filamentos por quilo (212 milhões);

Além dessas, pode-se citar outras peculiaridades, as quais estão na Tabela 11.
57

Tabela 11: Características da fibra de vidro.

Fonte: Construquímica (2017).

3.3.6 Resumo Geral das Fibras

Na Figura 22, pode-se comparar visualmente as fibras utilizadas no presente trabalho. Além
disso, na Tabela 12 é possível fazer uma comparação com as principais características das
fibras.

Figura 22: Aspecto físico das fibras utilizadas.


58

Tabela 12: Resumo das principais características das fibras.

Resistência Módulo de
Tipo de Comprimento
Aspecto à tração Elasticidade
Fibra (mm)
(Mpa) (GPa)
Aço 60 Grossa >1100 210
Polietileno 40 Grossa 350 -
FF54 54 Fina 550 a 650 7
Ultimax 54 Grossa 550 a 650 9
Vidro 12 Fina 1750 72

3.3.7 Determinação do Percentual de Fibras

O percentual de fibras foi determinado utilizando o mesmo critério para todos os tipos de
fibras. Nesse processo consideraram-se alguns aspectos físicos e viabilidade econômica para
utilização em campo, visto que não haveria sentido testar um material que fosse
financeiramente inviável para aplicação prática.

Inicialmente, após a escolha dos tipos de fibras a serem utilizados, foram selecionados seus
respectivos parâmetros físicos e financeiros, como seu custo em Preço/kg e sua densidade em
kg/m³. Foi necessário também utilizar o custo unitário [ Preço/m³] para construção da base de
uma rodovia em BGTC. Em consulta ao Sicro 2 do DNIT-SE para o mês de novembro de
2016, obteve-se um valor de R$ 205,92 Preço/m³ de base em BGTC.

Para fixar um valor e encontrar outros parâmetros a partir desse, foi feita uma simulação de
uma rodovia de 1 km, com dimensão da camada de BGTC sendo 7,2 m de largura e 0,15 m de
espessura. Encontrou-se o valor de R$ 222.393,60 [Preço/km].

Tabela 13: Valor unitário da camada do pavimento em BGTC.

Valor Unitário da camada de BGTC


Preço/m³ R$ 205,92
Preço/km R$ 222.393,60
Fonte: Sicro 2 (DNIT, 2016).

Assim, estipulou-se neste estudo o valor de 50% da construção da camada como um valor
limite viável para incorporação das fibras, resultando em R$ 111.196,80 [Preço/km] para ser
acrescentado ao valor da camada para incorporação das fibras. Ou seja, esse valor de
aproximadamente 111 mil reais seria gasto apenas para aquisição das fibras, além dos
aproximadamente 222 mil reais para construção da camada.
59

Com esses dados, foi possível estipular a Quantidade em massa viável [kg] para utilização
de cada tipo de fibra, dividindo-se o Valor limite viável (R$ 111.196,80 [Preço/km]) pelo
Preço individual [Preço/kg].

Dadas as respectivas Densidades [Kg/m³], foi possível encontrar o Volume de fibras [m³]
utilizado para 1 km de rodovia. Para tanto, esse valor foi dividido pelo Volume da base (1080
[m³]) para 1 km de rodovia, para ser encontrado o Percentual Calculado [%] em volume
utilizado de fibras.

Além disso, para uniformizar os valores utilizados e melhorar a comparabilidade,


adotaram-se valores arredondados.

Tabela 14: Processo para encontrar o percentual de fibras.

Tipo de Preço/ Massa Densidade Volume Camada Percentual Percentual


Fibra Kg [kg] [kg/m³] [m³] [m³] Calculado Adotado
Aço R$9,00 12355,20 7860 1,57 1080 0,15% 0,20%
Polietileno R$15,00 7413,12 1200 7,72 1080 0,72% 0,50%
ff54 R$22,80 4877,05 910 5,36 1080 0,50% 0,50%
Ultimax R$25,00 4447,87 910 4,89 1080 0,45% 0,50%
Vidro R$22,75 4887,77 2700 1,82 1080 0,17% 0,20%

Verificou-se, de acordo com a literatura, que esses valores percentuais encontrados estão
coerentes com os diversos trabalhos realizados, bem como com a utilização prática de fibras.

Para encontrar a quantidade de fibras em massa utilizada em cada corpo de prova, foi
realizado o processo inverso, já que se tem o Percentual em volume [%] e deseja-se encontrar
a Quantidade em massa [kg].

Exemplificando o processo para obtenção da quantidade de fibras para a viga prismática de


ensaio, inicialmente calculou-se o volume da viga, resultando em 0,004 m³, já que suas
dimensões são de 0,4 m de comprimento, 0,1 m de largura e 0,1 m de espessura.

A Quantidade de fibras em volume [m³] é obtida multiplicando-se o Percentual adotado


[%] na Tabela 14 pelo Volume da viga (0,004 [m³]). Com a Densidade das respectivas fibras
[kg/m³] encontra-se a Quantidade de fibras em massa [kg].
60

Tabela 15: Processo de determinação da quantidade de fibras em quilogramas.

Tipo de Viga Volume Densidade Massa Massa


Fibra [m³] [m³] [kg/m³] [kg] Utilizada [g]
Aço 0,004 0,000008 0,0629 62,880
Polietileno 0,004 0,00002 0,0192 19,200
ff54 0,004 0,00002 0,0182 18,200
Ultimax 0,004 0,00002 0,0182 18,200
Vidro 0,004 0,000008 0,0214 21,440

Ao final do trabalho, os volumes encontrados a partir da viabilidade econômica das fibras


(Tabela 14) foram comparados com o Volume Crítico encontrado na Equação 1 para cada tipo
de fibra. Essa comparação somente pôde ser realizada ao final do trabalho, pois, para calcular
o Volume Crítico teórico através da referida equação, é necessário o Módulo de Elasticidade
do Compósito, o qual foi encontrado pelos ensaios realizados no decorrer da pesquisa.

3.4 Granulometria das Misturas de BGTC

A combinação dos agregados, a partir dos resultados do ensaio de granulometria, foi estimada
por tentativas em planilha específica, para que ficasse num limite da faixa granulométrica
desejada. Essa faixa foi obtida do trabalho de Prado (2018), que utilizou a faixa
granulométrica sugerida por SAPEM (2014). O presente trabalho utilizou a mistura que
apresentou melhor desempenho mecânico no trabalho de Prado (2018).

De acordo com Prado (2018) -


melhores desempenhos, sendo: 5% de cimento em massa; a letra
refere-se a faixa granulométrica utilizada (SAPEM, 2014); e, por último, -
faz referência à utilização de -1% (percentual referente à massa da mistura) abaixo da
umidade ótima do material.

No presente trabalho, após definidos os percentuais passantes em cada diâmetro de


referência da faixa granulométrica, encontraram-se as seguintes proporções por tipo de
agregado (Tabela 17): tem-se 20,00% de brita 31,5 mm; 26,00% de brita 9,5 mm; 46,00% de
pó de pedra; 3,50% de filler; 4,50% de areia.
61

Tabela 16: Faixa granulométrica atingida para enquadramento na SAPEM (2014).

Proporções de agregados
Peneiras (mm)
20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50%

BRITA BRITA PÓ DE %Passante


ASTM mm Filler AREIA
31,5mm 9,5mm PEDRA da Mistura

1 1/2" 37,5 20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50% 100%


1" 25 19,21% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50% 99%
3/4" 19 7,18% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50% 87%
3/8" 9,5 0,29% 15,93% 46,00% 3,50% 4,50% 70%
Nº 4 4,8 0,17% 0,69% 44,38% 3,50% 4,50% 53%
Nº10 2 0,12% 0,26% 29,47% 3,50% 4,50% 38%
Nº 40 0,42 0,11% 0,21% 12,20% 3,50% 4,26% 20%
Nº 80 0,15 0,09% 0,19% 6,69% 3,40% 0,58% 11%
Nº 200 0,075 0,06% 0,15% 2,66% 2,95% 0,03% 6%

3.5 Preparo das Misturas de BGTC com Adição de Fibras

Após a escolha da faixa granulométrica, foram preparadas cada uma das misturas com sua
respectiva fibra. Para tanto, as fibras foram adicionadas às misturas de acordo com o
percentual em volume estabelecido, não havendo substituição de material para compensação
dos respectivos volumes das fibras adicionados.

3.5.1 Caracterização Física da Mistura

Para caracterização física e determinação da curva granulométrica utilizada para o preparo das
misturas, foram realizados os seguintes ensaios:

Agregados: Determinação da composição granulométrica.

-ME 054/97 Equivalente de Areia.

Umidade higroscópica.

Com a definição das proporções dos agregados para a mistura, foi realizada a análise
granulométrica com a finalidade de retificar as proporções dos agregados, observando se
atenderia à curva de distribuição granulométrica pretendida, conforme preconizado por
SAPEM (2014) (Figura 23).
62

%Passante Figura 23: Distribuição granulométrica pela SAPEM (2014).

Diâmetro das Partículas (mm)

Após encontrada a curva ajustada para os agregados, foi realizada uma correção para
determinação da massa dos agregados em função da porcentagem fixa de cimento em massa
(5%), visto que a porcentagem do cimento em massa entra na contagem da mistura, ou seja,
deve haver substituição dos agregados para inclusão do cimento. Essa correção pode ser
visualizada na Tabela 17.

Tabela 17: Correção da massa dos agregados em função do teor de cimento.

Porcentagem individual
Materiais Antes da Após
Correção Correção
Cimento 0,00% 5,00%
Brita 2 20,00% 19,00%
Brita 3/4 0,00% 0,00%
Brita 0 26,00% 24,70%
Pedrisco 0,00% 0,00%
Areia 4,50% 4,28%
Pó de Pedra 46,00% 43,70%
Filler 3,50% 3,33%
TOTAL 100,00% 100,00%
Além disso, o material retido na peneira 19 mm foi substituído por um material passante na
19 mm e retido na 4,8 mm, devido à necessidade de compatibilização com as fibras. Portanto,
houve alteração na granulometria da Tabela 16 e da Figura 23, passando a ficar conforme a
Tabela 18 e Figura 24.
63

Tabela 18: Faixa granulométrica utilizada.

Proporções de agregados
Peneiras (mm)
20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50%

BRITA BRITA PÓ DE %Passante


ASTM mm Filler AREIA
31,5mm 9,5mm PEDRA da Mistura

1 1/2" 37,5 20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50% 100%


1" 25 20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50% 100%
3/4" 19 20,00% 26,00% 46,00% 3,50% 4,50% 100%
3/8" 9,5 19,5% 15,93% 46,00% 3,50% 4,50% 89%
Nº 4 4,8 0,17% 0,69% 44,38% 3,50% 4,50% 53%
Nº10 2 0,12% 0,26% 29,47% 3,50% 4,50% 38%
Nº 40 0,42 0,11% 0,21% 12,20% 3,50% 4,26% 20%
Nº 80 0,15 0,09% 0,19% 6,69% 3,40% 0,58% 11%
Nº 200 0,075 0,06% 0,15% 2,66% 2,95% 0,03% 6%

Figura 24: Distribuição granulométrica utilizada.


%Passante

Diâmetro das Partículas (mm)

A massa específica real foi obtida no trabalho de Prado (2018), que, para a faixa
granulométrica adotada, foi de 2,792 (g/cm³).

3.5.2 Modo de Compactação das Misturas

Embora as normas brasileiras especifiquem a utilização da energia de compactação Procto


intermediário, grande parte das referências bibliográficas consultadas demonstrou perda no
64

desempenho mecânico da BGTC com a utilização dessa energia (Klinsky & Farias, 2016;
Yeo, 2011; SAPEM, 2014; AUSTROADS, 2008). Por conta disso, no presente trabalho,
optou-se pela utilização da energia Proctor modificada para compactação das misturas de
BGTC. Além disso, optou-se por essa energia para seguir o padrão de moldagem utilizado por
Prado (2018).

Os resultados do ensaio de compactação foram obtidos do trabalho de Prado (2018), visto


que os materiais utilizados foram os mesmos em ambas as pesquisas. A adição de fibras, fator
que poderia interferir nos resultados, não foi determinante, uma vez que o maior percentual
utilizado desse material foi de 0,5% em volume da mistura de BGTC, considerado
relativamente baixo e dentro das variações previstas em norma para a massa de cada faixa
granulométrica. Com isso, foi viabilizado o aproveitamento dos resultados do ensaio de
compactação daquele trabalho.

Ademais, esses resultados serviram para subsidiar o cálculo da quantidade de água


adicionada à mistura para atingir a correta umidade de moldagem dos corpos de prova (CP)
para os ensaios de resistência à compressão simples (RCS), resistência à tração indireta (RTI),
módulo de resiliência (MR), módulo de elasticidade (E), módulo de elasticidade dinâmico
(E*), resistência à tração na flexão (RTf) e ruptura por fadiga. Conforme a ABNT (2013b), é
possível que haja uma variação de +/- 0,5% na umidade alvo durante a confecção desses CPs,
para todos os ensaios que foram realizados.

O resultado do ensaio de compactação obtido por Prado (2018) é apresentado na Figura 25,
em que é mostrada a curva de compactação para a mistura 5B do referido trabalho. Além
disso, na Tabela 19 são mostrados os valores numéricos de resultados de ensaios obtidos por
Prado (2018).

Figura 25: Curva de compactação para mistura utilizada.

Fonte: Prado (2018).


65

Tabela 19: Resultado de ensaios realizados por Prado (2018).

Parâmetros Resultados
Teor de Cimento 5%
Peso específico aparente seco máximo (kN/m³) 22,36
Teor de umidade ótima (%) 9,8
Relação água/cimento 1,96
Fonte: Prado (2018).

Conforme Prado (2018) e Yeo (2011), pode-se afirmar que o modo de compactação
influencia sobremaneira a densidade da BGTC, a qual pode promover misturas mais densas,
além de fornecer maior coesão à mistura, não necessariamente, pela interação entre cimento e
a agregados. Assim, para o concreto convencional, a coesão da mistura depende das reações
da matriz cimentícia, distinguindo-se a BGTC que depende mais do modo de compactação.

3.6 Métodos de Avaliação da Mistura em Conjunto com as Fibras

Como mencionado anteriormente, as fibras foram avaliadas em conjunto com a mistura de


BGTC, observando-se as alterações no desempenho mecânico do arranjo formado entre a
matriz de BGTC e as fibras. Ademais, não foi realizada análise mecânica das fibras
isoladamente, visto que esse não é o objetivo do presente trabalho. Suas características foram
obtidas diretamente com os fornecedores.

Com isso, foram confeccionados os corpos de prova para cada tipo de ensaio a fim de
analisar as variações dos parâmetros para as misturas com adição de cada tipo de fibra e
comparar com a BGTC convencional. Os parâmetros analisados foram: Resistência à Tração
Indireta (RTI), Resistência à Tração na Flexão (RTf), Resistência à Compressão (RCS),
Módulo Dinâmico Longitudinal (E*), Módulo de Elasticidade (E), Módulo de Resiliência
(MR), Vida de Fadiga (N).

3.6.1 Preparação dos corpos de prova

Inicialmente os agregados foram separados percentualmente de acordo com Tabela 16. Em


seguida foram divididos pela peneira 19 mm. Caso houvesse material retido nessa peneira,
ocorreria uma substituição em massa da quantidade desse material retido por um material que
passa na peneira 19 mm e fica retido na 4,8 mm. Esse procedimento, estabelecido pela
DNER-ME 162/94, serviu para garantir que o diâmetro máximo do agregado fosse 19 mm,
66

para que houvesse compatibilidade com os moldes e com o tamanho das fibras utilizadas no
presente trabalho.

Após esse processo, fez-se o peneiramento na peneira 4,8 mm com a finalidade de


determinar a massa passante e a retida. Isso serviu para determinação da água adicionada na
moldagem dos corpos de prova. Concluída essa etapa, o material foi acondicionado em sacos
sem que houvesse adição prévia de água ou cimento, e então colocados na câmara úmida
(Figura 26).

Figura 26: Acondicionamento do material antes da moldagem.

Por fim, no momento da moldagem houve adição de água, cimento e fibras. A moldagem
dos corpos de prova é detalhada adiante para cada tipo de teste, visto que foram utilizados três
tipos de moldagem diferentes.

3.6.1.1 Cálculo da Água Adicionada

Com o resultado das frações passantes e retidas na peneira 4,8 mm das amostras já separadas
foi realizado o cálculo da água. Para a fração retida é considerada a água de absorção do
agregado graúdo, conforme DNER-ME 162/94.

Já para o material passante, o cálculo é similar à determinação da quantidade de água que


deve ser adicionada para atingir a umidade ótima. Assim, utilizar-se-á as seguintes equações:

(2)

Sendo Mseca: massa total seca da mistura; Whig: umidade higroscópica da mistura; Mtotal:
massa total da mistura.
67

Obtido esse valor, encontra-se a água adicionada para se atingir a umidade ótima.

(3)

Sendo Add: água adicionada antes da correção; Wot: umidade ótima de compactação.

No entanto, esse valor sofre uma correção, considerando os valores das frações passantes e
retidas na peneira 4,8 mm. Assim, a água realmente colocada é calculada da seguinte maneira:

(4)

Sendo:

%passante: porcentagem de material que passou na peneira 4,8 mm;

Absorção Mretido 4,8: massa de água adicionada indiretamente com o material retido na
peneira 4,8 mm, conforme a norma DNER-ME 162/94.

No presente trabalho, não houve acréscimo de água além da quantidade determinada de


Acolocada pela Equação 4.

3.6.2 Ensaio de Resistência à Tração Indireta (RTI)

Em camadas cimentadas do pavimento, a resistência à tração é um parâmetro de muita


relevância, uma vez que, em suas fibras inferiores, esse aspecto resistivo é considerado de
forma preponderante. Além disso, essa é uma característica crítica, uma vez que governa
outros parâmetros importantes, como a vida de fadiga e a tenacidade do material.

O método de resistência à tração indireta é realizado com uma carga diametral em uma
pequena área da amostra. Conforme Yeo (2011), espera-se que esse tipo de carregamento
simule as condições reais de tráfego, em que as forças de tração são geradas apenas por cargas
de compressão.

Os corpos de prova para a realização desse ensaio foram moldados com dimensões de 10
cm de diâmetro e 6 cm de altura (Figura 28-A). A compactação se deu por impacto em uma
única camada com aplicação de 62 golpes, para atingir a energia Proctor Modificada.

Os corpos de prova foram moldados na umidade determinada com a água colocada .


Após a compactação embalou-se o cilindro juntamente com a BGTC em seu interior, com um
filme plástico, para que se iniciasse a pega do cimento e possibilitasse a retirada do CP sem
causar danos (Figura 27). Após 24 horas, os CPs foram desmoldados (Figura 28-B) e
68

imediatamente embalados em um filme plástico para que houvesse a cura do cimento, durante
28 dias.

Figura 27: Cilindros após moldagem, em espera para desmoldagem depois de 24 horas.

Figura 28: (a) Detalhe dos instrumentos; (b) Desmoldagem.

(a) (b)
69

Como não há norma específica para materiais cimentados, após 28 dias de cura o ensaio foi
realizado conforme com os métodos da Norma DNIT 136/2018-ME (DNER, 2018),
desenvolvido para misturas asfálticas.

Antes do ensaio, foram verificadas as dimensões dos CPs com paquímetro. A altura foi
medida em quatro posições equidistantes, já o diâmetro foi medido em quatro posições
diametralmente opostas e perpendiculares. Os valores adotados foram as médias aritméticas
das leituras.

Depois de medidos, os CPs foram colocados entre dois frisos metálicos (Figura 29), em
que foi aplicado um carregamento a uma velocidade de deslocamento constante de 0,8 mm/s
até a ruptura do CP. A prensa utilizada na realização do ensaio foi a prensa Marshall, modelo
I-2001, com anel dinamométrico de 5.000 kgf, com um extensômetro acoplado de resolução
0,001 m, de fabricação COTENCO Ind. Com. Ltda.

Figura 29: Detalhe do ensaio de resistência à tração indireta para diferentes tipos de fibras.

O cálculo do RTI foi realizado de acordo com a Equação 5.

(5)

Em que, RTI: Resistência à Tração Indireta (MPa); F: Carga de Ruptura (N); D: Diâmetro
de corpo de prova (cm); H: Altura do corpo de prova (cm).
70

3.6.3 Ensaio de Resistência à Tração na Flexão (RTf)

Neste ensaio, os corpos de prova foram moldados diferentemente do ensaio anterior. Aqui,
os CPs tiveram um formato prismático com dimensões de 10 cm de largura, 10 cm de altura e
40 cm de comprimento, de acordo com os padrões do protocolo NCHRP (2014). Essas
distâncias são definidas conforme o diâmetro máximo do agregado, segundo preconiza a
norma AS1012 (STANDARDS AUSTRALIA, 2000) e a norma ASTM C78/C78M-15b
(ASTM, 2015). Ademais, segundo o referido protocolo, o CP deve obedecer à seguinte
relação: altura igual a 1/3 da distância entre os apoios (L), sendo possível visualizar na Figura
30.

Figura 30: Detalhes dimensionais do CP prismático.

Fonte: NCHRP, 2014.

Foram moldados três corpos de prova para cada tipo de fibra a fim de obter uma análise da
resistência à tração na flexão aos 28 dias. O procedimento preparatório das misturas seguiu o
mesmo processo da preparação das misturas anteriores, diferenciando dos demais por conta da
compactação, a qual foi realizada pela prensagem estática do CP, executada em 3 (três)
camadas de mesma altura. Tal processo já foi utilizado por Prado (2018), Nascimento (2017)
e López (2016).

A massa total da mistura de BGTC, que foi inserida em cada viga, foi definida a partir do
peso específico aparente seco máximo, da umidade ótima e do volume do CP, dividindo-se
em seguida pelo número de camadas a serem compactadas.

Inicialmente, antes da moldagem, foi aplicado desmoldante nas paredes e no fundo do


molde para facilitar no momento da desmoldagem. A prensagem foi realizada por uma força
de compressão variável e crescente, aplicada até que se chegasse à altura desejada, a fim de
garantir o grau de compactação desejado (100% ± 2%) para energia Proctor modificada.
71

Para controlar o grau de compactação, foi observada a relação existente entre o peso
específico aparente seco na moldagem e o peso específico aparente seco máximo determinado
no ensaio de compactação. As camadas foram compactadas isoladamente e, após a
compactação de cada uma, foi realizado o processo de escarificação (Figura 31) a fim de
melhorar a aderência entre as camadas e tornar o elemento monolítico, sem aparente
estratificação.

Figura 31: Compactação e escarificação de vigas prismáticas.

Ao finalizar a prensagem, ou seja, após a última camada, o CP foi arrasado utilizando a


régua biselada para nivelar o topo do corpo de prova rente ao molde de prensagem. O material
retirado foi passado na peneira 4,8 mm e apenas essa fração mais fina foi recolocada no topo
do molde, quando se fez uma nova prensagem para regularizar a superfície. O tempo de
moldagem durou cerca de 20 a 25min. Após o término, o molde foi coberto com filme
plástico para que não houvesse perda de umidade e o CP tivesse condições de consistência
para ser desmoldado (Figura 32).
72

Figura 32: Viga prismática: (a) Após moldagem para desmolde após 24 horas; (b) desmoldagem.

(a) (b)
A desmoldagem ocorreu após 24 horas, período considerado suficiente para que os CPs
adquirissem consistência suficiente. Logo após desmoldados, os CPs foram posicionados
sobre uma base firme e cobertos com filme plástico para então passar pelo processo de cura
por 28 dias, sem imersão em água (Figura 33).

Figura 33: Viga prismática: (a) Envelopamento com filtro; (b) condicionamento para 28 dias de cura.

(a) (b)
Após o tempo de cura, os CPs foram ensaiados à tração na flexão. Para a realização desse
procedimento, os CPs foram marcados para que possibilitasse aferir as suas medidas de altura,
largura e comprimento (Figura 34). As medidas de altura e largura foram realizadas em quatro
locais diferentes, com seu resultado representado pelo valor da média das medições. Além
disso, essas marcações auxiliaram na realização do ensaio, no momento de posicionamento
dos CPs nos apoios e verificação da localização da fissuração de ruptura, ou seja, verificar se
a trinca aconteceu dentro ou fora do terço médio.
73

Figura 34: Medição do corpo de prova prismático.

Os ensaios foram realizados na máquina universal de ensaios, cuja célula de carga


acoplada na prensa tem capacidade de 200 kN, a qual encontra-se instalada no Laboratório de
Materiais de Construção e Estruturas LAMCE do Departamento de Engenharia Civil da
UFS. Além da prensa, utilizou-se um apoio específico para aplicar o carregamento em quatro
pontos. Esse implemento caracteriza-se por aplicar duas cargas concentradas no terço médio
na parte superior (distantes 10 cm) e simplesmente apoiado em dois pontos na parte inferior
(distantes 30 cm). Essa configuração permite que a aplicação da carga seja imposta como uma
flexão pura no terço médio da vigota. O detalhe do ensaio pode ser visualizado na Figura 35.

Figura 35: Detalhe do ensaio de flexão em quatro pontos.


74

A aplicação da carga foi realizada de maneira contínua e sem choque. A taxa de


carregamento foi de 0,9 MPa/min até a ruptura do CP, como descreve a ASTM C78 (2015).
Para o cálculo da resistência, foi analisado o local de ruptura de cada CP, visto que há duas
possíveis equações, diferenciando-se em razão do local da trinca:

Caso a trinca ficasse dentro do terço médio da vigota, a resistência seria encontrada a
partir da Equação 6:
(6)

Caso a trinca ocorresse fora do terço médio, porém com uma distância inferior a 5% de
L (1,5 cm), a resistência seria dada pela Equação 7:
(7)

Sendo:

RTf: resistência à tração na flexão em quatro pontos (MPa);

P: carga máxima aplicada (N);

L: dimensão do vão entre apoios (mm);

a: distância média entre a linha de ruptura na face tracionada e a linha correspondente ao


apoio mais próximo (mm);

b: largura média da viga (mm);

h: altura média da viga (mm).

Além da resistência, através desse ensaio foi possível obter a tenacidade do material em
relação a sua ruptura por tração na flexão. Esse parâmetro muito importante para os materiais
cimentados que compõe o pavimento rodoviário, pois representa a quantidade de energia que
pode ser absorvida até a sua ruptura completa.

3.6.4 Tenacidade na tração na flexão (TTF)

Com o resultado do ensaio de RTf, é possível medir o valor da tenacidade conforme a Figura
4 (item 2.2.5 deste trabalho), em que o valor da tenacidade é coincidente com a área do
gráfico do ensaio (Carga x Deflexão). A área desta curva é delimitada pelo seu ramo
ascendente e seu ramo descendente, até que se atinja um patamar de 40% da Força Máxima
75

no ramo descendente. Então, é possível determinar a energia absorvida sob tensão de tração
no ensaio de flexão estática, encontrando-se a tenacidade (TTF).

Com o software AutoCAD, foi possível calcular as áreas de cada gráfico respectivamente
para cada CP. A Figura 36 exemplifica o cálculo da área do gráfico para um CP de fibra
Ultimax, em que foi realizado o contorno do gráfico e calculada a área pelo referido software.

Figura 36: Exemplo do cálculo da tenacidade.

3.6.5 Ensaio de Resistência à Compressão Simples (RCS)

Para determinar a resistência à compressão simples foi realizado o ensaio de compressão axial
nas misturas. O método de moldagem difere quanto ao processo de compactação e ao formato
do corpo de prova das avaliações anteriores.

Para a moldagem foi utilizado um cilindro bipartido de 10 cm de diâmetro e 20 cm de


altura (Figura 37), em que o material, após homogeneizado, foi compactado na energia
Proctor modificada por impacto, dividido em cinco camadas. Em cada camada foram
aplicados 42 golpes utilizando um soquete grande (massa igual a 4,536kg e altura de queda
igual a 45,72 cm). Foi aplicado um grau de compactação de no mínimo 100% e uma umidade
com desvio de ±0,5%.
76

Figura 37: Molde cilíndrico bipartido.

Após a compactação o molde, juntamente como o CP em seu interior, deve ser envolvido
com filme plástico a fim de evitar a perda de umidade e esperar o tempo de pega do cimento e
início da cura (Figura 38).

Figura 38: Cura inicial dos CPs para ensaios de compressão.


77

A desmoldagem ocorreu após 24 horas (Figura 39-A), período considerado suficiente para
que o CP adquirisse consistência suficiente. Logo após, o CP foi posicionado sobre uma base
firme (Figura 39-B) e coberto com plástico filme para então passar pelo processo de cura por
28 dias, sem imersão em água.

Figura 39: Desmoldagem dos CPs para ensaios de compressão: (a) Processo de retirada do CP do
cilindro de compactação; (b) CP compactado sobre uma base firme.

(a) (b)
Decorrido o tempo de cura, o CP teve sua superfície regularizada na parte superior e
inferior com pasta de cimento para que pudesse ser realizado o ensaio de acordo com NBR
5739 (ABNT, 2007).

Durante o ensaio o carregamento foi aplicado com velocidade constante de 0,45 ± 0,15
MPa/s até a queda brusca da força, o que indica sua ruptura. A prensa utilizada para a
realização deste ensaio foi a mesma utilizada para os ensaios de resistência à tração na flexão
(Figura 40).
78

Figura 40: Realização do ensaio de compressão axial.

3.6.6 Ensaio de Módulo Dinâmico Longitudinal (E*)

A realização desse ensaio foi de acordo com o procedimento da Norma ASTM C215/2014 A
Standard Test Method for Fundamental Transverse, Longitudinal, and Torsional Frequencies
of Concrete Specimens da American Society for Testing and Materials. Nesse ensaio, a
determinação dinâmica de propriedades elásticas dos materiais é realizada a partir da
frequência natural de vibração de um corpo. Os CPs utilizados nesse ensaio foram os mesmos
utilizados para módulos de elasticidade e resiliência, visto que todos são testes não
destrutivos.

Para realização desse ensaio, foi utilizado o equipamento Nondestructive Evaluation 360
Plataform (NDE 360), desenvolvido pela Olson Instruments. Compõem o conjunto: um
martelo para aplicação do impacto na superfície do CP; um acelerômetro para captação da
resposta resultante do impacto realizado no CP; e um processador de dados (Figura 41).
79

Figura 41: Componentes para realização do ensaio de módulo dinâmico longitudinal.

Esse conjunto de elementos permitiu que se obtivesse o módulo dinâmico a partir da


medição da frequência natural longitudinal, transversal e torsional, conforme a aplicação do
golpe e o posicionamento do acelerômetro.

Previamente a realização dos ensaios, o CP foi medido (altura e diâmetro). Em seguida, foi
posicionado sobre uma espuma a fim de evitar a propagação de vibrações provenientes do
golpe, bem como de evitar que vibrações externas pudessem interferir no resultado.

O acelerômetro foi posicionado no CP, tendo sua posição variando de acordo com o tipo de
vibração escolhida longitudinal, transversal ou torsional. Para medição, foram aplicados três
golpes com o martelo e realizadas três leituras para cada tipo de vibração, sendo o resultado a
média aritmética dos valores obtidos.

Segundo Nascimento (2017), o módulo longitudinal apresenta maior semelhança com o


plano de atuação de tensões e deformações de tração verificadas em campo para a BGTC.
Com isso, na presente pesquisa foram realizadas análises do módulo longitudinal, conforme
Figura 41, em que o golpe do martelo foi dado no lado oposto ao posicionamento do
acelerômetro.

O módulo dinâmico longitudinal foi obtido conforme a ASTM C215-14, através da


Equação 8:

(8)

Sendo:
80

D: 5,093 * (L/d²), para corpo de prova cilíndrico (m-¹);

L: comprimento do corpo de prova (m);

d: diâmetro do cilindro (m);

M: massa do corpo de prova (kg);

: frequência longitudinal natural (Hz);

3.6.7 Ensaio de Módulo de Elasticidade (E)

Seguindo as recomendações da NBR 8522 (ABNT, 2008a), o processo para obtenção do


módulo de elasticidade procedeu-se conforme o método utilizado para concretos, visto que
ainda não há padrão para a BGTC. Para iniciar o ensaio, foi necessário que se soubesse o
valor de resistência à compressão da mistura ensaiada, pois a determinação do módulo de
elasticidade é realizada na tangente inicial a 30% do valor da resistência à compressão.

O processo de moldagem e cura seguiu o mesmo desenvolvimento dos ensaios de RCS,


com cura de 28 dias. As dimensões do CP foram medidas (altura e diâmetro) e, então,
instrumentado com equipamentos específicos para o ensaio.

Em cada lado do CP, no terço médio de sua altura, foram instalados dispositivos para
medir as deformações (Figura 42). Esses instrumentos são denominados de extensômetros
eletrônicos de configuração dupla, os quais são sensores independentes, em que a caixa de
equalização obtém o sinal de deformação média entre os dois sensores.

Figura 42: Posicionamento dos extensômetros no ensaio de módulo de elasticidade.


81

Nesta pesquisa, os extensômetros utilizados foram da empresa EMIC. Esses aparelhos


fornecem leituras de pequenas deformações, tendo uma faixa de captação que varia entre
0,0001 e 2,500 mm. Conforme a referida norma de realização desse ensaio, a velocidade de
carregamento e descarregamento deve ser de 0,45±0,15 MPa/s. A tensão foi aplicada até que
se atingisse 30% da tensão de compressão do material e esse nível de tensão foi mantido por
60 segundos. Decorrido esse tempo, a carga foi reduzida (com a mesma velocidade do
carregamento) até atingir a tensão de 0,5 MPa, para que o contato entre a prensa e o CP não
fosse perdido. O procedimento de carga e descarga foi repetido por 4 vezes. A Figura 43
ilustra o aspecto geral dos instrumentos utilizados no procedimento do ensaio de módulo de
elasticidade.

Figura 43: Detalhe do ensaio de módulo de elasticidade.

O cálculo do módulo de elasticidade pode ser obtido através da Equação 9:

(9)

Sendo:

E: Módulo de elasticidade (MPa);

: Tensão (MPa);

: Deformação elástica (mm/mm).


82

3.6.8 Ensaio de Módulo de Resiliência (MR)

O ensaio para obtenção do módulo de resiliência foi realizado de acordo com a norma DNIT
181/2018-ME: Material estabilizado quimicamente Determinação do módulo de resiliência
(DNIT, 2018). Os corpos de prova utilizados nesse ensaio foram os mesmos utilizados nos
ensaios de Módulos Dinâmico e de Elasticidade. O equipamento específico para o ensaio é
um sistema de aplicação de cargas repetidas, denominado de SIEMBS Sistema Integrado de
Ensaio para Misturas Betuminosas e Solos, de fabricação da ARMTEC Tecnologia em
Robótica, com upgrade de software e sistema de aquisição de dados realizado pela própria
equipe do Laboratório de Topografia e Transportes (LTT) do Departamento de Engenharia
Civil da UFS.

Conforme pode ser visualizado na Figura 44, esse equipamento é composto por dois
módulos: Módulo de Ensaio, em que os testes são realizados efetivamente; e Módulo de
Controle, onde acontecem o controle, o monitoramento e a coleta de dados.

Figura 44: Componentes do ensaio do módulo de resiliência.

O módulo de resiliência para materiais estabilizados quimicamente foi obtido da relação


entre a tensão principal maior ou vertical ( 1), aplicada repetidamente no CP, e a respectiva
deformação vertical recuperável ou resiliente ( ). Com esses valores obtidos pelo software,
foi possível calcular o módulo de resiliência através da Equação 10:

(10)

Sendo:

: Tensão principal maior ou vertical (kN/m²);


83

: Deformação resiliente ou recuperável (mm/mm).

Inicialmente, na etapa de montagem do CP para o ensaio, posicionou-se dois anéis, que


serviram de apoio para fixação dos LVDTS (linear variable differential, transformer). A
distância entre os anéis correspondia à altura de fixação dos LVDTs, no terço médio do CP,
os quais foram responsáveis por medir os deslocamentos com a aplicação de cargas (Figura
45).

Figura 45: Posicionamento do extensômetro no corpo de prova para o ensaio de MR.

O ensaio foi realizado com a frequência de 1 Hz, ou seja, 60 ciclos por minuto, em uma
sequência de 5 (cinco) diferentes tensões, de acordo com a Tabela 20. Para cada nível de
tensão, foram aplicadas 50 repetições da carga. No entanto, para o cálculo do MR levou-se em
consideração apenas o valor médio dos deslocamentos resilientes das últimas 5 aplicações de
carga para cada nível de tensão.

Tabela 20: Sequência de tensões verticais para determinação do módulo de resiliência.

Número de
Tensão principal maior
Sequência aplicações de
cargas
1 0,1 50
2 0,2 50
3 0,3 50
4 0,4 50
5 0,5 50
Fonte: DNIT (2018).
84

Com os valores de MR e sua correspondente tensão, foi aplicado o modelo de análise, o


qual se relaciona com a tensão principal maior, conforme Equação 11:

(11)

Em que:

MR: Módulo de resiliência;

: Tensão principal maior;

: Constantes de regressão do modelo.

3.6.9 Ensaio de Vida de Fadiga (N)

O ensaio de fadiga foi realizado à tração na flexão, visto que este é o método que mais se
aproxima com o processo de fadiga ocorrido em campo. Além disso, esse método foi adotado
pela AUSTROADS (2004) para materiais cimentados.

Esse teste foi realizado em tensão controlada. Os patamares de tensão foram pré-definidos
de acordo com uma porcentagem do valor de resistência à tração na flexão da mistura sem
fibras. Níveis considerados altos (60 a 95% da resistência à tração na flexão) são os que
simulam as condições mais severas das cargas do pavimento (AUSTROADS, 2008).

O ensaio foi realizado com um ciclo de atuação da carga na frequência de 1 Hz, com 250
ms de aplicação do pulso e 750 ms de descanso. O teste foi feito até que ocorresse a ruptura
do CP, ou até que houvesse uma deformação 50% maior que a inicial, ou até atingir um
milhão de ciclos. Com isso, obteve-se o número N, o qual representa a vida de fadiga para a
tensão de ensaio.

Os ensaios foram realizados no mesmo equipamento dos ensaios para obtenção do MR,
contudo com arranjo diferente do CP e da aplicação de carga, conforme as Figura 46 e Figura
47. Todos os CPs de todas as misturas com e sem fibras foram ensaiados com a mesma força
nos apoios, de forma que permitisse uma comparação entre o número de ciclos que causaria a
ruptura dessas misturas. Com isso, foram avaliados os ganhos de resistência à fadiga em
comparação à mistura padrão.
85

Figura 46: Equipamento completo do ensaio de vida de fadiga.

Figura 47: Detalhe do CP para ensaio de vida de fadiga.

3.7 Análise dos Resultados dos Ensaios

Os resultados dos ensaios foram analisados e comparados em relação a cada parâmetro


mecânico adotado neste trabalho.

As principais ferramentas estatísticas utilizadas foram de estatísticas descritivas, cálculos


de taxas de ganhos de resistências e gráficos comparativos que auxiliaram a comparação de
desempenho entre as misturas.
86

As principais hipóteses de pesquisas para este trabalho foram as seguintes:

As misturas de BGTC com fibras alcançaram um desempenho mecânico superior à mistura


padrão de BGTC para todos os ensaios e avaliações propostas;
As misturas de BGTC com fibras fornecem uma ampliação mínima de 50% na vida de
fadiga em comparação à mistura padrão de BGTC;
A relação benefício-custo é no mínimo 100% mais vantajosa para as misturas de BGTC
com fibras que para a mistura padrão de BGTC.
87

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As misturas de Brita Graduada Tratada com Cimento, bem como as misturas de BGTC com
inserção de fibras foram ensaiadas conforme os métodos descritos no capítulo 3. Os
resultados dos ensaios realizados são aqui apresentados e discutidos, separadamente, por tipo
de ensaio, respectivamente para cada parâmetro resistivo do material: resistência à
compressão simples, resistência à tração indireta, resistência à tração na flexão, módulo de
elasticidade, módulo dinâmico longitudinal, módulo de resiliência, tenacidade e vida de
fadiga.

As discussões são pautadas no comparativo entre os diferentes tipos de fibras e seu


respectivo impacto (ganho ou perda) para cada parâmetro. Assim, o objetivo foi avaliar os
efeitos das fibras no desempenho de cada propriedade mecânica da brita graduada tratada com
cimento, através de análises estatísticas e gráficos comparativos para subsidiar as discussões
apresentadas.

4.1 Resistência à Tração na Flexão

Na Figura 48, são apresentados os gráficos do resultado obtidos pelo software da prensa de
realização do ensaio de resistência à tração na flexão. Optou-se por mostrar os resultados do
ensaio de cada tipo de fibra junto em uma mesma figura para facilitar a visualização e
comparação.

A partir da Figura 48, percebe-se o trabalho das fibras na resistência à tração na flexão,
uma vez que, na maioria dos CPs, a matriz se rompe aproximadamente no mesmo patamar de
força (2,5 kN), o mesmo nível em que ocorre a ruptura da BGTC sem fibra. Esse fato é
possível ser notado nos gráficos das misturas com fibras, em que ocorre um pico em
aproximadamente 0,5 mm de deformação e depois a força decresce. No entanto logo após
essa queda ocorre um crescimento das curvas. Percebe-se o início do trabalho das fibras,
principalmente após a ruptura da matriz, exceto para as fibras de vidro, discutida adiante.
88

Figura 48: Resumo dos gráficos do ensaio tração na flexão para todos os tipos de mistura.

Em consonância com isso, verifica-se que as fibras não atuam antes da ruptura da matriz e
não fornecem ganhos significativos resistivos iniciais de tração à matriz, conforme observa-se
na ruptura quase frágil dos CP sem fibra na Figura 49. Entretanto, após a ruptura, fica
evidente o trabalho das fibras, em que cada fibra atuou até o seu arrancamento, sendo evidente
os acréscimos e decréscimos (após o pico máximo) nos gráficos ocasionados pela resistência
ao arrancamento das fibras. Nesse sentido, fica evidente a atuação, principalmente, das fibras
de aço e de polipropileno após a ruptura da matriz, fornecendo maiores resistência residual e
deformação.

Além dessas observações, a partir dos gráficos da Figura 48, nota-se a heterogeneidade do
material, uma vez que cada CP, para o mesmo tipo de fibra, apresenta um comportamento
distinto, mesmo sendo confeccionados com os mesmos padrões técnicos.
89

Figura 49: Ruptura quase frágil dos CP sem fibra.

Em relação à fibra de aço (Figura 50), nota-se a maior queda de força logo após a ruptura
da matriz, isso pode ter acontecido em decorrência do volume de fibras utilizados ser abaixo
do volume crítico (discutido no item 4.9). Com isso, ocorre um maior período após a ruptura
da matriz para que as fibras comecem a atuar. Já a fibra de vidro apresentou ruptura
semelhante à mistura sem fibra, porém com um pico maior. Acredita -se que isso aconteceu
em razão de seu aspecto físico e pequeno comprimento (microfibra).

Figura 50: Evolução do ensaio de RTf do CP com fibra de aço.

(a)
90

(b)
O resultado do ensaio de resistência à tração na flexão é apresentado na Tabela 21, em que
foi calculada uma média dos valores resistivos de três CPs para obtenção do resultado de RTf,
bem como são demonstrados os ganhos ou as perdas em relação à mistura de BGTC sem
fibra. Para uma melhor análise, foi feito um gráfico (Figura 51), que compara os valores de
resistência à tração na flexão para todos os tipos de mistura e os respectivos ganhos ou perdas
em relação à mistura de BGTC sem fibra.

Tabela 21: Valores obtidos de resistência à tração na flexão.

Percentual
Tipo de Grau de RTf Média Desvio Coeficiente
de
Fibra Compactação [MPa] [MPa] Padrão de Variação
Ganho/Perda
100,2% 0,56
Sem Fibras 100,1% 0,83 0,71 0,06 8,38% 0%
99,9% 0,75
98,9% 0,80
Fibra de
99,6% 0,71 0,77 0,06 7,69% 9%
Polietileno
100,0% 0,82
98,3% 0,71
Fibra de
98,4% 0,99 0,91 0,17 18,62% 28%
Aço
100,0% 1,01
98,9% 1,03
Fibra de
99,5% 0,98 0,91 0,17 18,72% 28%
Vidro
99,0% 0,71
91

98,7% 0,86
Fibra
99,6% 1,01 0,98 0,10 10,51% 38%
Ultimax
98,0% 1,06
97,9% 0,74
Fibra FF54 99,1% 1,13 1,08 0,08 7,08% 52%
99,3% 1,02

Figura 51: Comparativo de valores de resistência à tração na flexão.

Comparativo de valores de RTf


Resistência à tração na flexão [MPa]

60%

Ganho/ Perda Percentual


50%

40%

30%
RTf
20%
Ganho/ Perda
10%

0%
Sem Fibra de Fibra de Fibra de Fibra Fibra
Fibras Polietileno Aço Vidro Ultimax FF54
Tipo de fibra

De acordo com os resultados apresentados, nota-se que houve ganho na resistência à tração
na flexão para todos os tipos de fibra. Os ganhos variaram de aproximadamente 9% até 52%,
dependendo do tipo de fibra utilizada, sendo o menor ganho com a fibra de polietileno e o
maior com a fibra FF54.

A fibra de vidro (Figura 52), mesmo não apresentando ganho de deformação, gerou um
aumento na ruptura de pico. Acredita-se que houve uma interação benéfica com a matriz e
atuação da fibra antes da ruptura. Além disso, esse tipo de fibra é indicado para atuar no
combate à retração da pasta de cimento. Isso pode também ter beneficiado o compósito,
contudo não foi investigado nesta pesquisa.
92

Figura 52: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra de vidro.

A fibra de polietileno (Figura 53) apresentou pequeno ganho resistivo e pequena


deformação até a ruptura do compósito. Isso pode ter sido ocasionado devido ao volume de
fibras utilizado, o qual foi inferior ao volume crítico (discutido no item 4.9).

Figura 53: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra de polietileno.

(a)
93

(b)
As duas fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax), Figura 54 e

Figura 55, respectivamente, apresentaram o melhor resultado de resistência à tração na


flexão. Verifica-se a boa compatibilidade desse tipo de fibra com a matriz de BGTC para
suportar as tensões de tração impostas ao compósito, provavelmente devido a semelhança
entre sua rigidez e a da matriz de BGTC, ou seja, ambos materiais apresentam módulos de
elasticidade semelhantes.

Figura 54: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra FF54.

(a)
94

(b)

Figura 55: Detalhe do ensaio de RTf do CP com fibra de Ultimax.

(a)
95

(b)

4.2 Tenacidade na Tração na Flexão (TTf)

Com os gráficos do ensaio de resistência à tração na flexão, foi realizado o cálculo da área no
software AutoCAD, conforme item 3.6.4 de Materiais e Métodos. Esse resultado é
apresentado na Tabela 22, em que foi realizada uma média dos valores da área de três CPs
para obtenção do resultado de tenacidade, bem como são expostos os ganhos ou as perdas em
relação à mistura de BGTC sem fibra. Portanto, para uma melhor análise foi avaliado um
gráfico (Figura 56) que compara os valores de TTF para todos os tipos de mistura e os
respectivos ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC sem fibra.

Tabela 22: Valores obtidos de tenacidade.

Percentual
Tipo de TTf Média Desvio Coeficiente
de
Fibra [N.mm] [MPa] Padrão de Variação
Ganho/Perda

Sem Fibras 395,57 37,41 9,46% 0%

Fibra de
555,05 151,06 27,22% 40%
Vidro
96

Fibra de
2495,34 724,10 29,02% 531%
Polietileno

Fibra
5097,55 1579,92 30,99% 1189%
Ultimax

Fibra FF54 7729,53 2698,91 34,92% 1854%

Fibra de
8124,62 6945,55 85,49% 1954%
Aço

A partir da Tabela 22, notam-se valores elevados para o coeficiente de variação. Isso pode
ter acontecido em razão do arranjo das fibras em cada CP, podendo ter influenciado na
resistência residual do corpo de prova. Dependendo de tal arranjo, houve maior ou menor
número de fibras atuando no eixo tracionado, influenciando na disponibilidade de atuação de
uma fibra após o arrancamento de outra anterior, conforme demonstrado na Figura 48.

Figura 56: Comparativo de valores de tenacidade.

Comparativo de valores de tenacidade na tração na


flexão
9000,00 2500%
Ganho/ Perda Percentual
Tenacidade [N.mm]

8000,00
7000,00 2000%
6000,00
5000,00 1500%
4000,00 1000%
3000,00
2000,00 500%
1000,00 Tenacidade
0,00 0%
Ganho/ Perda

Tipo de fibra

Observa-se, a partir dos resultados, que todos os tipos de fibra apresentaram ganho de
tenacidade. Como a fibra de vidro apresentou ruptura semelhante a BGTC sem fibra, esse
material forneceu pequeno ganho (40%) de tenacidade em relação aos outros tipos misturas.
Esse ganho aconteceu em decorrência da elevação da resistência de pico.
97

As fibras de polietileno também geraram um ganho inferior aos outros tipos (531%).
Acredita-se, novamente, que esteja relacionado com seu baixo volume de fibras em relação ao
volume crítico.

Os demais tipos de fibra (Ultimax, FF54 e de aço) apresentaram um elevadíssimo ganho na


tenacidade (entre 1190% e 1950%). Acredita-se que seja por conta da boa interação e a boa
aderência com a matriz. Esse aumento da tenacidade é resultado do trabalho das fibras após a
ruptura da matriz, que fornece ao material mais deformação antes da ruptura total do
compósito, conforme visto na Figura 48.

4.3 Resistência à Tração Indireta (RTi)

Os resultados dos ensaios de resistência à tração indireta são apresentados na Tabela 23, em
que foi realizada uma média dos valores resistivos de três CPs de cada mistura para obter os
resultados de RTi e são demonstrados os ganhos ou as perdas em relação à mistura de BGTC
sem fibra. Para uma melhor análise foi apresentada graficamente (Figura 57) a comparação
dos valores de resistência à tração diametral para todos os tipos de mistura e os respectivos
ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC sem fibra.

Tabela 23: Valores obtidos de resistência à tração indireta.

Percentual de
Tipo de RTI Média Desvio Coeficiente de
Ganho /
Fibra [MPa] [MPa] Padrão Variação
Perda
1,02
Fibra
1,00 1,12 0,19 17,41% -8%
FF54
1,34
1,24
Fibra
1,17 1,20 0,04 3,10% -1%
Ultimax
1,18
1,17
Sem 1,08
1,22 0,11 9,42% 0%
Fibras 1,32
1,30
1,22
Fibra de
1,20 1,23 0,04 2,92% 1%
Polietileno
1,27
1,15
Fibra de
1,18 1,25 0,15 12,19% 3%
Aço
1,43
98

1,11
Fibra de
1,40 1,28 0,15 11,50% 5%
Vidro
1,31

Figura 57: Comparativo de valores de resistência à tração diametral.

Conforme os resultados apresentados, nota-se uma variação pequena (no máximo ±8% em
relação à BGTC padrão) no resultado de RTi entre as misturas com e sem fibras. Prado (2018)
e Nascimento (2017) registraram variações até maiores que as apresentadas na Tabela 23,
quando comparados resultados de RTi de CPs diferentes moldados para uma mesma mistura.

Com isso, a variação apresentada pode ter ocorrido em razão do próprio procedimento de
moldagem e ensaio dos CPs, e não influenciada pela atuação das próprias fibras. As fibras
podem não ter atuado nos CPs em razão da incompatibilidade entre o tamanho do CP e o
tamanho das fibras, visto que, como os CPs eram pequenos em relação ao tamanho das fibras,
não houve arranjo adequado das fibras para que houvesse atuação das fibras.

Além disso, aponta-se outra possível causa da não atuação das fibras, a alta velocidade de
aplicação de carga no ensaio de RTi em prensa Marshall/CBR, superando bastante a
velocidade definida na norma DNIT 136/2018 ME, que deveria ser de 0,8 ± 0,1 mm/s. Isso
também pode ter impossibilitado a observação da ação das fibras.
99

4.4 Resistência à Compressão Simples (RCS)

O resultado do ensaio de resistência à compressão simples é apresentado na Tabela 24, em


que foi realizada uma média dos valores de resistência à compressão de dois CPs para
obtenção dos resultados de RCS, além da demonstração dos ganhos ou as perdas dos
compósitos em relação à mistura de BGTC sem fibra.

Tabela 24: Valores obtidos de resistência compressão simples.

Tipo de RCS Média Desvio Coeficiente de Percentual


Fibra [MPa] [MPa] Padrão Variação de Ganho
Fibra 6,87
7,15 0,40 5,54% -13%
Ultimax 7,44
Fibra de 8,01
7,90 0,16 2,05% -4%
Polietileno 7,78
8,12
Fibra FF54 8,04 0,12 1,48% -2%
7,95
8,35
Sem Fibras 8,21 0,20 2,50% 0%
8,06
Fibra de 8,34
8,34 - - 2%
Vidro 5,06
Fibra de 9,61
8,96 0,92 10,30% 9%
Aço 8,30

Os valores de desvio padrão e coeficiente de variação não foram calculados para a fibra de
vidro em razão da eliminação de um CP, o qual apresentou resultados incoerentes. Com isso,
não foi possível realizar o cálculo desses dois parâmetros estatísticos.

Na Figura 58 é apresentado um gráfico que compara os valores de resistência à compressão


simples para todos os tipos de misturas e os respectivos ganhos ou perdas em relação à
mistura de BGTC sem fibra.
100

Figura 58: Comparativo de valores de resistência à compressão simples.

Comparativo de valores de RCS


10,000 15%
Resistência à compressão simples [MPa]

Ganho/ Perda Percentual


9,000
8,000 10%
7,000 5%
6,000
5,000 0%
4,000
3,000 -5%
2,000 -10% RCS [MPa]
1,000
0,000 -15% Ganho/ Perda

Tipo de fibra

De acordo com os resultados obtidos, observa-se uma variação pequena (no máximo ±13%
em relação à BGTC padrão) nos resultados de RCS entre as misturas com fibra e sem fibra.
Essa pequena variação já era esperada, conforme visto na Tabela 1 deste trabalho.

Para as fibras de vidro e de aço foi observado um pequeno ganho em relação aos valores de
RCS da BGTC padrão. No entanto, pôde-se verificar que houve decréscimo nos valores de
RCS para alguns tipos de fibra utilizadas, tais como Ultimax, FF54 e Polietileno. Ainda
assim, tais compósitos, formados por essas três fibras, apresentaram valores de resistência à
compressão simples acima de 3 MPa (SAPEM, 2014).

Nesse aspecto, não houve ganho ou perda significativa com a utilização de fibras. Um
incremento nesse parâmetro resistivo não era um dos objetivos principais da pesquisa. De
acordo com a bibliografia consultada (Tabela 1), não se esperava ganhos consideráveis ao
RCS. Contudo, é necessário que haja uma boa resistência à compressão simples, suficiente
para resistir aos esforços de tráfego, para não gerar ruptura por esmagamento da camada e
para não ocasionar o desenvolvimento de deformações permanentes.

4.5 Módulo de Elasticidade (E)

O resultado do ensaio de módulo de elasticidade é apresentado na Tabela 25, em que foi


realizada uma média dos valores de ensaio de dois CPs para obtenção dos resultados, bem
como são observados os ganhos ou as perdas das misturas com fibras em relação à mistura de
BGTC sem fibra.
101

Tabela 25: Valores obtidos de módulo de elasticidade.

Tipo de Média Desvio Coeficiente de Percentual de


E [GPa]
Fibra [GPa] Padrão Variação Ganho/ Perda
10,14
Sem Fibras 10,63 0,69 6,52% 0%
11,12
Fibra de 9,51
9,51 - - -11%
Vidro 4,53
8,25
Fibra FF54 9,40 1,63 17,30% -12%
10,55
Fibra de 8,85
8,85 0,00 0,00% -17%
Polietileno 8,85
Fibra de 9,62
8,41 1,72 20,44% -21%
Aço 7,19
Fibra 7,17
7,48 0,44 5,86% -30%
Ultimax 7,79
Igualmente ao ensaio de RCS, não foi possível fazer o cálculo do desvio padrão e do
coeficiente de variação para o módulo de elasticidade da mistura com fibra de vidro, devido a
um dos CPs ter apresentado provável deficiência na mistura.

A Figura 59 serve para auxiliar na comparação dos valores de módulo de elasticidade para
todos os tipos de misturas e os respectivos ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC
sem fibra.

Figura 59: Comparativo de valores de módulo de elasticidade.

Comparativo dos valores de E


12,00 0,00%
Módulo de Elasticidade [GPa]

Ganho/ Perda Percentual

10,00 -5,00%
-10,00%
8,00
-15,00%
6,00
-20,00%
4,00
-25,00%
E [GPa]
2,00 -30,00% Ganho/ Perda
0,00 -35,00%

Tipo de fibra
102

Verifica-se, a partir dos resultados, que houve uma tendência de decréscimo do módulo de
elasticidade sob compressão com a inserção das fibras. Os valores reduziram entre 11% a
30% com relação à BGTC padrão.

Com isso, percebe-se que, com a inserção das fibras, os compósitos tendem a ser menos
rígidos. Isso é um fator positivo, visto que as tensões internas são reduzidas à medida que as
fibras são inseridas, além de não afetar significativamente o RCS do material e gerar um
ganho na resistência à tração do compósito. Contudo, há necessidade de se investigar o
intervalo de quantidades de fibras que a mistura apresentaria tal benefício, o que não foi feito
nesta pesquisa.

4.6 Módulo de Resiliência (MR)

Conforme o método de ensaio apresentado na norma DNIT 181/2018-ME, os valores de MR


deveriam ser obtidos em cinco patamares de tensão axial (100, 200, 300, 400 e 500 kPa).
Devido à limitação dos patamares de tensões aplicados pelo equipamento utilizado no ensaio,
as tensões axiais de 400 e 500 kPa não foram consideradas. Por essa razão, os valores
individuais e modelos ajustados para os MRs das misturas estudadas foram realizados para os
três primeiros patamares de tensão axial (100, 200 e 300 kPa). Percebeu-se também uma
pequena flutuação nos valores de tensão real aplicada, quando comparada à tensão alvo,
devido ao sistema pneumático de aplicação de carregamento dinâmico ser menos estável que,
por exemplo, sistemas hidráulicos ou eletro-hidráulicos de aplicação de cargas dinâmicas.
Contudo, essa flutuação não foi decisiva, pois não ultrapassou 10% da tensão alvo.

Os resultados dos ensaios de módulo de resiliência para todas as tensões axiais são
apresentados na Tabela 26, em que é apresentada a Tensão Real Aplicada (formada pela
média dos 5 últimos ciclos de carregamento, conforme descrito no item 3.6.8), os resultados
de MR por CP, a Média dos valores de ensaio e seu desvio padrão. Além desses valores,
também são apresentados os ganhos ou perdas percentuais em relação a mistura de BGTC
padrão. Nas representações da Figura 60 foram realizados comparativos gráficos para melhor
visualização do patamar do MR para as misturas com fibra em contraponto das misturas sem
fibra, também com os seus ganhos ou perdas percentuais.
103

Tabela 26: MRs para diferentes tensões axiais.

Tensão real
Tipo de MR Média Desvio Coeficiente Ganho/
aplicada média
Fibra [MPa] [MPa] Padrão de Variação Perda
[KPa]
MR com tensão estimada em 100 Kpa
5802,83
Sem fibra 109,80 5307,34 700,73 13,20% 0%
4811,84
Fibra de 2506,25
108,41 2506,25 324,05 12,93% -53%
Vidro 2047,97
Fibra 2376,39
100,08 2278,39 138,60 6,08% -57%
FF54 2180,38
Fibra 2363,93
106,66 2238,56 177,30 7,92% -58%
Ultimax 2113,19
Fibra de 2297,91
102,37 2082,84 304,16 14,60% -61%
Polietileno 1867,76
Fibra de 1670,47
100,25 1723,08 74,40 4,32% -68%
Aço 1775,69
MR com tensão estimada em 200 Kpa
11479,29
Sem fibra 210,64 10943,75 757,37 6,92% 0%
10408,20
Fibra de 4340,96
209,64 4340,96 283,37 6,53% -60%
Vidro 4741,70
Fibra de 4932,43
216,58 4254,70 958,46 22,53% -61%
Aço 3576,96
Fibra 3799,76
208,59 4250,68 637,70 15,00% -61%
Ultimax 4701,60
Fibra de 4675,62
213,90 4190,70 685,78 16,36% -62%
Polietileno 3705,78
Fibra 4609,13
212,84 3940,96 944,94 23,98% -64%
FF54 3272,78
MR com tensão estimada em 300 Kpa
20103,22
Sem fibra 319,81 15195,37 6940,74 45,68% 0%
10287,53
Fibra de 5838,59
338,00 6477,94 904,19 13,96% -57%
Polietileno 7117,30
Fibra 5690,85
321,96 6343,68 923,24 14,55% -58%
Ultimax 6996,51
Fibra de 6284,73
328,45 6284,73 460,77 7,33% -59%
Vidro 5633,10
Fibra 7071,33
318,49 6212,06 1215,20 19,56% -59%
FF54 5352,78
Fibra de 5637,26
328,72 4967,35 947,40 19,07% -67%
Aço 4297,44
104

Figura 60: Resultados de MR para tensões axiais de 100 kPa, 200 kPa e 300 kPa.

Comparativo de MR com Tensão 100 kPa


6000 0%

Módulo de Resiliência [MPa]


5000 -10%
4000 -20%
-30%
3000
-40%
2000 -50%
1000 -60% MR [Mpa]
0 -70% Ganho/ Perda

Tipo de fibra

Comparativo de MR com Tensão 200 kPa


12000 0%
Módulo de Resiliência [MPa]

10000 -10%
8000 -20%
-30%
6000
-40%
4000 -50%
2000 -60% MR [Mpa]
0 -70% Ganho/ Perda

Tipo de fibra

Comparativo de MR com Tensão 300 kPa


16000 0%
Módulo de Resiliência [MPa]

14000 -10%
12000 -20%
10000
-30%
8000
-40%
6000
4000 -50%
2000 -60% MR [Mpa]
0 -70% Ganho/ Perda

Tipo de fibra
105

Nota-se uma considerável queda no valor do MR dos compósitos com fibras em relação à
mistura padrão. Verifica-se, também, que essa queda ocorre num patamar semelhante para os
diversos tipos de fibra, variando entre 53% e 68% (tensão axial de 100 kPa), entre 60% e 64%
(tensão axial de 200 kPa) e entre 57% e 67% (tensão axial de 300 kPa) a menos do MR da
mistura padrão nas mesmas tensões. Essa redução percentual foi aparentemente constante,
independentemente da tensão axial aplicada aos CPs no ensaio. Pôde-se constatar que a
BGTC com fibras apresenta um comportamento mais flexível quando submetida a
carregamentos cíclicos, semelhantes ao carregamento que, naturalmente, é imposto pelo
tráfego de veículos, contudo mantendo a resistência à compressão simples estável.

Na Figura 61 apresenta-se graficamente a comparação entre os modelos de MR de todos os


tipos de mistura, com e sem fibras. Observa-se que os valores de MR para a BGTC padrão são
superiores às dos compósitos, independentemente do nível de tensão aplicada. Além disso, os
patamares de MR dos compósitos se apresentam com grande semelhança para os diversos
níveis de tensão, como evidenciado pelos gráficos da Figura 61.

Figura 61: Comparativo dos modelos de módulo de resiliência para as misturas de BGTC.

De acordo com os resultados apresentados de módulo de resiliência e módulo de


elasticidade, nota-se uma tendência na redução de rigidez nos valores obtidos para os
compósitos em relação aos da BGTC padrão. Acredita-se que essa redução pode ter ocorrido
em razão da baixa tensão produzida nos CPs, portanto não há trabalho das fibras. Essas seriam
apenas pontos de fragilidade do material, ocasionando a redução nos módulos.

No entanto, isso pode ser considerado benéfico para as misturas com fibras, visto que essa
redução na rigidez do material para baixas tensão gera menos tensões internas no material.
106

Aliado a este fato, apresentam-se ganhos de tenacidade e resistência à tração aos materiais
com a inserção das fibras, ou seja, mesmo com diminuição da rigidez, houve acréscimo nos
valores resistivos à tração. Além disso, não houve grande variação nos valores de RCS ao
acrescentar as fibras, como já identificado anteriormente.

4.7 Módulo Dinâmico Longitudinal (E*)

Os resultados dos ensaios de módulo dinâmico longitudinal são apresentados na Tabela 27,
em que foi realizada uma média dos valores resistivos de cada CP para obtenção dos
resultados de E*. Nessa mesma tabela são demonstrados os ganhos ou as perdas do E* em
relação à mistura de BGTC sem fibra. Com isso, para uma melhor análise foi construído um
gráfico (Figura 62) que compara dos valores de módulo dinâmico longitudinal para todos os
tipos de misturas e os respectivos ganhos ou perdas em relação à mistura de BGTC sem fibra.

Tabela 27: Valores obtidos de módulo dinâmico longitudinal.

Tipo de Média Desvio Coeficiente Percentual de


E [GPa]
Fibra [GPa] Padrão de Variação Ganho/ Perda
Fibra 18,32
19,21 1,25 6,51% 7%
FF54 20,09
Fibra de 17,97
17,97 - - 0%
Vidro 11,71
Fibra de 20,66
18,35 3,26 17,80% 2%
Aço 16,04
Fibra 18,70
19,08 0,54 2,84% 6%
Ultimax 19,47
Fibra 18,32
19,21 1,25 6,51% 7%
FF54 20,09
Fibra de 20,03
19,33 0,99 5,14% 8%
Aço 18,63
107

Figura 62: Comparativo de valores de módulo dinâmico longitudinal.

Comparativo dos valores de E*


25,000 10%
9%

Ganho/ Perda Percentual


Módulo Dinâmico [GPa]

20,000 8%
7%
15,000 6%
5%
10,000 4%
3%
E* [GPa]
5,000 2%
1% Ganho/ Perda
0,000 0%

Tipo de fibra

Como é possível visualizar nos resultados, no parâmetro E* houve uma tendência de


elevação do módulo dinâmico com a inserção de fibras, porém não houve grandes variações
percentuais em relação à BGTC padrão. Como a variação máxima percentual do E* foi de
8%, pode-se afirmar que não houve variação importante desse parâmetro com a inserção de
fibras à BGTC.

Os valores apresentados nesse ensaio têm uma tendência contrária aos obtidos no ensaio de
módulo de elasticidade e módulo de resiliência, que nesses outros dois ensaios houve uma
tendência de redução dos módulos com a inserção de fibras. Ademais, como esse ensaio é
realizado pela análise da frequência de ressonância que atravessa o CP, a partir da aplicação
de cargas muito pequenas e com ausência de deformações, é natural que a flexibilidade
adicionada pela inserção de fibras não seja captada. Além disso, não necessariamente há uma
equivalência desses valores com as tensões e deformações reais ao aplicar um carregamento.

4.8 Vida de Fadiga

O ensaio de fadiga foi realizado com a aplicação de uma carga dentro do intervalo de 1.900 N
a 2.000 N (média de 1.950 N), que representa 80% a 85% da carga de ruptura da mistura de
BGTC padrão, facilitando a comparação entre os diversos tipos de misturas. A carga foi
aplicada até a ruptura clássica do corpo de prova (abertura de trinca maior que 1 mm) ou até
atingir o patamar de 20 mil golpes, valor esse muito superior ao número de ciclos para ruptura
108

da mistura de BGTC padrão. Os resultados dos ensaios de fadiga podem ser observados na
Tabela 28, em que o ganho de vida de fadiga é igual a Nregistrado / NBGTC padrão.

Tabela 28: Resumo de resultados dos ensaios de fadiga.

Ganho de
Tipos de Grau de
N Vida de Comentários
Fibra compactação
fadiga
Fibra de 98,00% - - Rompeu prematuramente (deficiência do CP)
Vidro 97,50% 130 1,444 Rompeu bruscamente
Média 130 1,444

Fibra de 97,90% 203 2,26 Rompeu a matriz (grande trinca > 2,0 mm)
Aço
97,20% 70 0,78 Rompeu a matriz (pequena trinca > 1,0 mm)
Média 136,5 1,52
Fibra 97,50% 2 0,02 Rompeu bruscamente
Polietileno 96,70% 4 0,04 Rompeu bruscamente
Média 0,03
Fibra 96,60% 20000 222,22 Não rompeu (microfissura < 1,0 mm)
Ultimax 96,00% 10000 111,11 Rompeu a matriz (grande trinca > 2,0 mm)
Média 15000 166,67
Fibra 96,00% 20000 222,22 Não rompeu
FF54 95,20% 20000 222,22 Não rompeu (microfissura < 1,0 mm)
Média 20000 222,22
Rompeu prematuramente com 7 golpes (força
97,00% - - superior a alvo)
Sem fibra
97,20% 90 1,00 Rompeu bruscamente
Média 90 1,00

A partir dos resultados apresentados, nota-se a ocorrência de ruptura quase frágil dos
seguintes materiais: BGTC padrão, fibra de vidro e fibra de aço. A primeira já era esperada
pela própria natureza do material, conforme demonstrado por Prado (2018), Nascimento
(2017) e Balbo (2006). A segunda aconteceu em virtude do aspecto físico das fibras, as quais
apresentam com pequeno comprimento (microfibra), semelhante ao resultado observado no
ensaio de RTf. A terceira pode ter acontecido em razão do baixo volume de fibras em relação
ao volume crítico (ver item 4.9) ou devido aos poucos pontos de ancoragem da fibra à matriz
(apenas dois flanges nas extremidades), em que a fadiga ocorrida foi suportada apenas pela
matriz. No CP1 (com fibra de aço) ocorreu a ruptura da matriz com grande trinca (Figura 64).
Além disso, percebeu-se durante o ensaio do CP2 (com fibra de aço) que, após a ruptura da
matriz com pequena trinca (Figura 65), mantendo o mesmo nível de carregamento, houve uma
109

deformação plástica com abertura de trinca, que se estabilizou e foi suportada pelas fibras.
Com o início da atuação das fibras, manteve-se a deformação elástica por uma grande
quantidade de ciclos (cerca de 10 mil golpes).

Por outro lado, as misturas com fibra FF54 e Ultimax apresentaram melhor desempenho à
fadiga. Em alguns casos não houve ruptura da matriz com 20 mil golpes e outros ocorrera a
ruptura com apenas abertura de microfissura (Figura 66). Isso pode ser explicado pela boa
compatibilidade e aderência (muitos pontos de ancoragem) com a matriz de BGTC, além do
seu baixo módulo de elasticidade, semelhante ao da matriz. Adicionalmente, o volume de
fibras utilizado foi acima do volume crítico (ver item 4.9). Ademais, as fibras FF54
apresentaram o melhor resultado de resistência à tração na flexão, fornecendo maior ganho
resistivo ao material como um todo.

Os resultados da fibra de polietileno não foram coerentes. Apesar de se observar uma


ruptura brusca, esperava-se uma atuação das fibras antes da ruptura total. Acredita-se que
houve algum problema na confecção dos CPs com esse tipo de fibra, uma vez que no ensaio
de RTf foi possível visualizar a atuação das fibras. Entretanto, no ensaio de fadiga, essa
atuação não ocorreu, houve uma ruptura brusca em ambos os CPs (Figura 63). Além disso,
verificou-se uma ruptura prematuramente, até mesmo com um número de ciclos inferior à
BGTC padrão.

Figura 63: Exemplo de ruptura brusca e prematura sem atuação das fibras.
110

Figura 64: Exemplo de ruptura da matriz com grande trinca.

Figura 65: Exemplo de ruptura da matriz com pequena trinca.


111

Figura 66: Exemplo de ruptura da matriz com microfissura.

A partir das figuras apresentadas, observa-se o trabalho das fibras, mesmo após a ruptura
com grande ou pequena trinca, em que não há colapso total do CP. O conjunto permanece
sem encostar-se ao aparato inferior após a ruptura da matriz.

4.9 Volume Crítico

O volume crítico teórico foi encontrado após a realização da campanha de ensaios proposta na
pesquisa, uma vez que era necessário saber os valores de Tensão de ruptura, Deformação na
ruptura da matriz e Módulo de elasticidade do compósito. Assim, os valores encontrados a
partir da Equação 1 (item 2.3.2)
Tabela 29. O Fator de correção foi obtido pela média dos coeficientes para três direções da
Tabela 4 (item 2.3.2). Portanto, com a multiplicação do Volume crítico calculado pelo Fator
de correção encontrou- Resultante
volume de fibras adotado na presente pesquisa.
112

Tabela 29: Volume Crítico de fibras para as misturas de BGTC.

Volume Fator de Volume


Volume
Tipo de Fibra Crítico Correção Crítico
Utilizado
Calculado 1) Resultante
Fibra de Vidro 0,84% 0,1835 0,15% 0,20%
Fibra de Aço 1,30% 0,1835 0,24% 0,20%
Fibra Ultimax 2,38% 0,1835 0,44% 0,50%
Fibra FF54 2,38% 0,1835 0,44% 0,50%
Fibra Polietileno 4,08% 0,1835 0,75% 0,50%

A partir da Tabela 29, é possível fazer uma comparação entre o volume utilizado na
pesquisa limitado pelo aspecto de viabilidade econômica e o volume crítico resultante pelos
parâmetros resistivos dos materiais utilizados. Percebe-se que os compósitos formados pelas
fibras de aço e de polietileno foram misturados em um percentual abaixo do valor crítico. Isso
pode explicar os menores ganhos de resistência na ruptura da matriz no ensaio de resistência à
tração na flexão, principalmente na fibra de polietileno, que se apresenta com o menor
percentual em relação ao volume crítico.

Por outro lado, não se percebe tanta perda da tenacidade, uma vez que, mesmo após a
ruptura da matriz, essas fibras ainda desenvolvem uma resistência residual. Para a
pavimentação, esse ganho de tenacidade é positivo, pois a camada necessita de mais energia
até a ruptura total. No entanto, o ponto negativo é o surgimento de trincas na mistura de
BGTC, ou seja, após a ruptura da matriz no ensaio de fadiga, ocorreram trincas importantes,
as quais poderiam ser refletivas para o revestimento do pavimento, caso a movimentação
diferencial do material fraturado seja importante na aplicação de carregamento.

4.10 Relação Benefício-Custo

Para analisar esse aspecto comparou-se os resultados de resistência à tração na flexão e o


ganho na vida de fadiga, parâmetro de fundamental importância no dimensionamento de
pavimentos semirrígido. Portanto, com a Tabela 30 pôde-se obter os valores para construção
da camada de base para a BGTC padrão e BGTC com as respectivas fibras.
113

Tabela 30: Custos da camada de base da BGTC padrão e com inserção de fibras.

Custo das Fibras Custo da BGTC Custo Total


Tipo de Fibra
[R$] [R$] [R$]
Fibra de aço 152798,40 222393,60 375192,00
Fibra de polietileno 77760,00 222393,60 300153,60
Fibra FF54 112039,20 222393,60 334432,80
Fibra Ultimax 122850,00 222393,60 345243,60
Fibra de vidro 131695,20 222393,60 354088,80
Na Tabela 31 é demonstrada a relação benefício-custo para os valores referentes ao ensaio
de resistência à tração na flexão, bem como é mostrado o ganho percentual em relação à
BGTC padrão, os custos para cada material, a relação benefício-custo e essa relação
multiplicada por 10000 para melhorar a visualização. Percebe-se que, para esse parâmetro de
resistência, a relação benefício-custo não é vantajosa, uma vez que o ganho nessa relação é
muito inferior ao proposto neste trabalho.

Tabela 31: Relação Benefício-Custo para RTf.

Relação
Ganho do RTf Custo Relação
Tipo de Fibra Benefício-Custo
[%] [R$] Benefício-Custo
(x10000)
Fibra FF54 152 334432,80 4,55E-04 4,55
Sem Fibras 100 222393,60 4,50E-04 4,50
Fibra Ultimax 138 345243,60 4,00E-04 4,00
Fibra de Polietileno 109 300153,60 3,63E-04 3,63
Fibra de Vidro 128 354088,80 3,61E-04 3,61
Fibra de Aço 128 375192,00 3,41E-04 3,41

Na Tabela 32 é exposta a relação benefício-custo para os resultados do ensaio de vida de


fadiga. Assim como na tabela anterior, os valores aparecem de modo semelhante. Observa-se
que, para esse parâmetro, o benefício-custo das fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax) é
vantajoso, de acordo com o proposto nesta pesquisa, em que a relação benefício-custo foi no
mínimo 100% mais vantajosa para as misturas de BGTC com fibras que para a mistura padrão
de BGTC.

Tabela 32: Relação Benefício-Custo para Vida de Fadiga.

Ganho de
Custo Relação Relação Benefício-Custo
Tipo de Fibra Vida de
[R$] Benefício-Custo (x1000000)
Fadiga
Fibra FF54 222,22 334433 6,64E-04 664,47
Fibra Ultimax 166,67 345244 4,83E-04 482,75
Sem Fibras 1,00 222394 4,50E-06 4,50
114

Fibra de Vidro 1,44 354089 4,08E-06 4,08


Fibra de Aço 1,52 375192 4,04E-06 4,04
Fibra de Polietileno 0,03 300154 1,11E-07 0,11
115

5 CONCLUSÕES

Esta pesquisa objetivou analisar a influência da inserção de fibras nas misturas de Britas
Graduadas Tratadas com Cimento (BGTC), esperando que houvesse uma melhoria no seu
desempenho mecânico. Foram realizados ensaios laboratoriais com misturas preparadas a
partir da BGTC padrão (sem fibras) e compósitos formados pela mistura de BGTC com
inserção de fibras, entre as quais, fibra de vidro, de aço, de polietileno e de polipropileno
(FF54 e Ultimax). Essa adição se deu numa proporção de 0,2% e 0,5% a depender do tipo e
das características de cada fibra. Foi averiguada a influência dessa adição no desempenho das
principais propriedades mecânicas avaliadas (Resistência à tração na flexão RTf,
Tenacidade na tração na flexão TTf, Resistência à compressão simples RCS, Resistência à
tração indireta RTi, Módulo de elasticidade E, Módulo dinâmico E*, Módulo de
resiliência MR, e vida de fadiga).

A partir dos resultados obtidos, foi evidenciada melhoria nas características mecânicas
devido à adição de fibras. As principais conclusões são apresentadas nos itens seguintes.

5.1 Avaliação do desempenho mecânico das misturas

Foi observado no trabalho um ganho significativo dos parâmetros resistivos relativos à


resistência à tração do material, especialmente na flexão. Isso foi possível em decorrência da
propriedade esperada devido à adição das fibras, as quais atuaram como uma costura na
matriz de BGTC. Com isso, o compósito apresentou bons resultados de RTf e TTf,
principalmente para as fibras de polipropileno. Com base nisso, faz-se algumas observações
importantes sobre a influência das fibras no comportamento mecânico da BGTC:

Na Resistência à tração na flexão houve um ganho de aproximadamente 38% a 52%


para as fibras Ultimax e FF54, respectivamente. As fibras de aço e de vidro
apresentaram o mesmo valor de ganho (28%). A fibra de polietileno apresentou o menor
ganho (9%).
Na Tenacidade na tração na flexão houve um ganho de 40% para a fibra de vidro e de
531% para a fibra de polietileno. Foram ganhos relativamente baixos, quando
comparados aos ganhos para os outros três tipos de fibras, os quais alcançaram ganhos
de 1189%, 1854%, 1954% para as fibras Ultimax, de aço e FF54, respectivamente.
Houve uma boa compatibilidade entre a matriz e as fibras de polipropileno, além de
seus aspectos físicos favorecerem à ancoragem das fibras (FF54 com grande quantidade,
116

pois são delgadas; Ultimax em razão da sua rugosidade), as quais obtiveram bons
resultados de RTf e TTf. A fibra de vidro apresentou aumento na resistência de pico,
porém sua ruptura foi frágil (semelhante à BGTC padrão), o que não forneceu ganho
expressivo de tenacidade. As fibras de aço e de polietileno apresentaram bons
resultados, porém observou-se que essas fibras só atuaram na resistência após a ruptura
da matriz, pois os volumes utilizados estavam abaixo do volume crítico.
Ao analisar os valores de RTf, deve haver um cuidado especial, uma vez que são
mostrados para o pico de ruptura das fibras, em que já poderia existir uma grande
deformação e trinca do CP. Talvez, nesse estágio, já fosse inviável o estado do
pavimento nesse patamar de tensão em vista da possível reflexão de trinca para a
camada de revestimento. Ressalta-se que a reflexão de trincas só ocorreria se as fibras
não fossem capazes de evitar a movimentação diferencial do compósito fraturado.
Além disso, no ensaio de RTf pôde-se perceber a heterogeneidade do material ao
comparar os gráficos do ensaio para um mesmo tipo de fibra. Pode ter sido devido ao
arranjo aleatório das fibras ou devido à característica de heterogeneidade intrínseca da
BGTC. Esses gráficos apresentaram tendências diferentes mesmo ao se utilizar o
mesmo tipo de fibra e o mesmo controle tecnológico para confecção dos CPs.
No ensaio de Resistência à tração indireta foram obtidos valores semelhantes entre a
BGTC padrão e os compósitos com os diversos tipos de fibra. Em consonância com
isso, houve uma pequena variação no ganho ou na perda de resistência (no máximo
±8%). Essa variação pode ter ocorrido em virtude da variabilidade do próprio ensaio.
Assim, acredita-se que não houve influência das fibras no resultado do ensaio de RTi,
em razão do tamanho do CP em comparação com o tamanho das fibras, bem como
devido à alta velocidade de carregamento no ensaio realizado. Acreditando-se também
não ser um ensaio adequado para as avaliações desses compósitos.
No ensaio de Resistência à compressão simples houve uma pequena variação percentual
(no máximo ±13%) nos ganhos ou nas perdas percentuais de resistência dos compósitos
em relação à BGTC padrão. Essa pequena variação já era esperada, de acordo com a
bibliografia consultada. Além disso, não é a função primordial das fibras incrementar os
resultados de RCS da BGTC. O decréscimo dos valores de RCS com a inserção de
fibras também não era objetivo nesta pesquisa, visto que os volumes de fibra utilizados
foram baixos, e não deveria impactar negativamente no RCS.
117

Nos ensaios de Módulo de elasticidade e Módulo de resiliência, os resultados


apresentaram uma tendência de redução para as misturas confeccionadas com fibras
(entre 11% e 30% para E; e entre 53% e 68% para o MR) em relação à BGTC sem
fibras. Essa redução dos valores dos módulos pode ter ocorrido em razão da baixa
tensão interna nos CPs resultante do carregamento aplicado, não havendo trabalho das
fibras. Além disso, nas adjacências das fibras, podem ter ocorrido pontos de fragilidade
do material, ocasionando a redução nos módulos.
A redução do E e MR pode ser benéfica para as misturas, visto que a diminuição da
rigidez do material para baixos níveis de carregamento, gera menos tensões internas no
conjunto. Em concordância com isso, houve um ganho de tenacidade e resistência à
tração com a inserção das fibras, ou seja, mesmo com a diminuição da rigidez, houve
acréscimo nos valores resistivos relacionados com a tração. Ademais, não houve grande
variação nos valores de RCS ao acrescentar as fibras, em que os compósitos para os
diversos tipos de fibra atingiram o mesmo patamar da BGTC padrão, o que sugere a não
suscetibilidade às deformações permanentes pela ação do tráfego.
No ensaio de Módulo dinâmico houve uma tendência de elevação do módulo com a
inserção de fibras, porém não houve grandes variações percentuais em relação à BGTC
sem fibra (no máximo 8%). Ocorre que no ensaio de ressonância por impacto a tensão
aplicada é muito pequena, suficiente apenas para gerar a onda ressonante, mas sem
deformações perceptíveis ao corpo de prova. Como não se impõe deformação ao CP, o
aparente ganho de ductibilidade das misturas não foi detectado no ensaio.
Talvez os parâmetros E e MR sejam mais adequados para a realização de uma avaliação
mecanicista deste tipo de misturas, visto que os ensaios são realizados a partir da análise
de tensão e deformação do CP, podendo detectar a atuação das fibras nos compósitos.
As variáveis analisadas retratam uma nítida melhoria no desempenho mecânico da
BGTCs com a adição de fibras, principalmente por melhorarem o seu aspecto mais
crítico oriundo dos esforços de tráfego, que é a resistência à tração desses compósitos.
Esse ganho ficou mais nítido para as misturas com fibras polipropileno (FF54 e
Ultimax), de aço e de polietileno, destacando-se o primeiro tipo de fibra, por também
proporcionarem substanciais aumentos de tenacidade nos esforços de tração.
118

5.2 Avaliação da Vida de Fadiga

Nos ensaios de fadiga observaram-se diferentes tendências de ruptura dos materiais. Por um
lado, houve uma ruptura quase frágil para as misturas de BGTC padrão, fibra de vidro, fibra
de aço e fibra de polietileno. Por outro lado, ocorreu uma ruptura dúctil para as misturas de
fibra de polipropileno (FF54 e Ultimax).

As principais constatações dos resultados e análises realizadas foram:

BGTC padrão apresentou-se, como esperado, com tipo de ruptura quase frágil no ensaio
de fadiga.
As misturas com fibras de aço e de vidro apresentaram um número de ciclos para
ruptura à fadiga semelhante entre si e 1,52 e 1,44 vezes maior ao de ruptura da BGTC
padrão, respectivamente. Para as fibras de vidro, pode ter ocorrido em razão do aspecto
físico e do pequeno tamanho da fibra (microfibra). Já para as fibras de aço, pode ter
acontecido em razão do volume de fibras abaixo do crítico, uma vez que houve ruptura
da matriz, e início do trabalho das fibras na fadiga após abertura de trinca já consolidada
e visível durante o ensaio.
As misturas com fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax) apresentaram semelhanças
nos ensaios de RTf e Fadiga. Ambas obtiveram um mesmo patamar de tensão de ruptura
por tração na flexão e ruptura dúctil na fadiga. Isso deve ter ocorrido em razão da boa
interação entre essas fibras e a matriz do compósito, bem como seus aspectos físicos
(como já comentado no item 5.1). A vida de fadiga para essas misturas no nível de
tensão testado (80% a 85% da tensão de ruptura por tração da matriz da BGTC padrão)
foi, respectivamente, 222 e 166 vezes superior ao da BGTC padrão. Este incremento foi
muito superior à 50% preestabelecido como mínimo desejável neste trabalho.
A mistura com fibra de polietileno não apresentou resultado coerente com o esperado.
Esperava-se que houvesse uma rápida ruptura da matriz em decorrência do volume de
fibras ser inferior ao volume crítico. No entanto, houve também uma ruptura brusca
completa do CP, sem evidência da atuação da fibra como ocorreu no RTf. Atenção
especial deve ser dada à possível falha na moldagem dos CPs, com ocorrência de pontos
deficientes na seção transversal.
119

5.3 Avaliação Benefício/Custo

Para os resultados de ganho de vida de fadiga devido à adição das fibras, houve um benefício-
custo vantajoso para as fibras de polipropileno (FF54 e Ultimax) em relação à BGTC padrão.
No entanto, esse benefício não foi perceptível para os resultados de resistência à tração na
flexão (RTf). Como o compósito BGTC com fibras ficará sujeito a carregamentos dinâmicos
em seu uso na pavimentação rodoviária, a avaliação por fadiga é mais adequada.

Os compósitos com fibra de aço e polietileno tiveram a análise prejudicada devido ao


volume de fibras abaixo do crítico.

5.4 Sugestões para Trabalhos Futuros

Analisar o comportamento mecânico da BGTC com fibras de aço e fibras de


polietileno acima do volume crítico.
Verificar o uso de fibras para auxiliar no controle de retração da BGTC.
Estudar a utilização conjunta de fibras, com dois ou mais tipos de fibra.
Avaliar a vida de fadiga para outros patamares de percentual da força de tração.
Estudar o mecanismo de arrancamento das fibras na matriz de BGTC.
Analisar o estudo de outros tipos de fibras sintéticas, naturais e provenientes de
reciclagem para auxiliar no desempenho mecânico da BGTC.
Estudar outros percentuais de volume de fibras para detectar o teor ótimo.
Avaliar o posicionamento das fibras dentro do compósito BGTC com fibras através de
análise por imagem.
Analisar a influência do comprimento das fibras no comportamento mecânico do
compósito BGTC com fibras.
120

REFERÊNCIAS

AASHTO, Guide for Mechanistic-empirical Design of New and Rehabilitated


Pavement Structures, NCHRP 1-37A. Washington, DC: Transportation Research
Board, 2004.

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 30:


Agregado miúdo Determinação da absorção de água. Rio de Janeiro, 2001.

______. NBR NM 30: Agregado miúdo Determinação da absorção de água. Rio de


Janeiro, 2001.

______. NBR NM 248: Agregado Determinação da composição granulométrica. Rio


de Janeiro, 2003.

______. NBR 5739: Concreto Ensaios de compressão e corpos de prova cilíndricos.


Rio de Janeiro, 2007.

______. NBR 8522: Concreto Determinação do módulo estático de elasticidade à


compressão. Rio de Janeiro, 2008a.

______. NBR 7809: Agregado Graúdo Determinação do índice de forma pelo método
do paquímetro Requisitos. Rio de Janeiro, 2008b.

______. NBR 11579: Cimento Portland - Determinação do índice de finura por meio da

______. NBR 6457: Amostras de Solo Preparação para ensaios de compactação e


ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 2016.

______. NBR 16605: Cimento Portland - Determinação da massa específica. Rio de


Janeiro, 2017a.

______. NBR 16607: Cimento Portland - Determinação dos tempos de pega. Rio de
Janeiro, 2017b.

______. NBR 12261: Dosagem de brita graduada tratada com cimento


Procedimento. Rio de Janeiro, 2013b.

______. NBR 11803: Materiais para base ou sub-base de brita graduada tratada com
cimento Requisitos. Rio de Janeiro, 2013c.

______. NBR 15530: Fibras de aço para concreto, Rio de Janeiro, 2007.
121

ALBANO, João Fortini. Efeitos dos excessos de carga sobre a durabilidade de


pavimentos. Porto Alegre: PPGEP UFRGS, 2005.

ARNOLD, G.; MORKEL, C.; VAN DER WESHUIZEN, G. Development of tensile


fatigue criteria for bound materials, Nova Zelândia, NZ Transport Agency, 2012.

ASTM. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 215 A


Standard Test Method for Fundamental Transverse, Longitudinal, and Torsional
Frequencies of Concrete Specimens da American Society for Testing and Materials,
ASTM, 2014.

______. ASTM, C. 150: Standard: standard specification for Portland cement. Annual
Book of ASTM Standards, ASTM, 2009.

______. ASTM, C78/C78M: Standard Test Method for Flexural Strength of concrete
(using simple beam with third-point loading), ASTM, 2015.

AS 1012.11-2000 - Methods of testing concrete: method 11: determination of the modulus


of rupture, STANDARDS AUSTRALIA, 2000.

AUSTROADS Pavement Design: A Guide to the Structural Design of Road Pavements,


Sidney, 2004.

AUSTROADS Part 4D: Stabilized Materials. Guide to Pavement Technology, Sidney


NSW, 2006.

AUSTROADS Technical Report. The development and evaluation of protocols for the
laboratory characterization of cemented materials 2008.

AUSTROADS Pavement Design: Guide to Pavement Technology-Part 2: Pavement


Structural Design, Sidney, 2010.

AUSTROADS: Cemented Materials Characterisation, Sidney, 2014.

AVESTON, J.; COOPER, G.A.; KELLY, A. 1971. Single and Mutiple fracture In:
Conference on the properties of Fiber Composites. London: Proceedings.

BALBO, J. T. Brita graduadas tratadas com cimento: uma avaliação de sua


durabilidade sob o enfoque de porosidade, tenacidade e fratura, Transportes, volume
XIV, número 1, junho de 2006. ISSN: 1415-7713.

BALBO, José Tadeu. Cervo, Tatiana Cureau. Resistência à fadiga de concretos


convencionais para pavimentação. 2004. São Paulo.
122

BALBO, J. T. E RODOLFO, M. P. Modelagem de tensões em pavimentos de concreto


com base aderida e diferenciais térmicos. Anais do XVII ANPET Congresso de
Pesquisa e Ensino em Transportes, Vol.1, pp. 323-334, Rio de Janeiro, 2003.

BALBO, J. T. High quality cement treated crushed stones for concrete pavement bases.
In: INTERNATIONAL PURDUE CONFERENCE ON CONCRETE PAVEMENT
DESIGN AND MATERIALS FOR HIGH PERFORMANCE, 6th, Indiana, USA,
1997.

BALBO, J. T. Pavimentação asfáltica: materiais, projetos e restauração, São Paulo,


Oficina de Textos, 2007.

BALBO, J. T., Pavimentação Materiais suas propriedades e Técnicas


Construtivas, Editora USP, 2002.

BALBO, J.T. Estudo das propriedades mecânicas das misturas de brita e cimento e
sua aplicação aos pavimentos semirrígidos. 1993. 181 p. Tese (Doutorado em
Engenharia). Departamento de Engenharia de Transportes, Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

BENTUR, A.; MINDESS, S. Fibre reinforced cementitious composites. United


Kingdom. Elsevier, 1990.

BERNUCCI, L. L. B; MOTTA, L. M. G.; SOARES, J. B.; CERATTI, J. A. P.,


Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro: 1ª Edição
PETROBRAS. ABEDA, 2006.

BROEK, D. Elementary engineering fracture mechanics. Springer Science &


Business Media, 2012.

CARNIO, M. A. Propagação de trincas por fadiga do concreto reforçado com


baixos teores de fibra. 2009. 145p. Tese (Doutorado). Faculdade de Engenharia
Mecânica. Universidade de Campinas, Campinas.

CECCATO, M. R.; NUNES, N. L.; e FIGUEIREDO, A. D. Estudo do controle da


trabalhabilidade do concreto reforçado com fibras de aço. In. IV Congresso
Iberoamericano de Patologia das Construções e VI Congresso de Controle da
Qualidade - CONPAT 97. Porto Alegre, Brasil. 21 a 24 de Outubro de 1997. Volume
II. Anais. p.539-46.

CERATTI, J.A.P. Estudo do Comportamento a Fadiga de Solos Estabilizados com


123

Cimento para Utilização em Pavimentos. 1991. 338p. Tese (Doutorado), COPPE


Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991.

DE ALMEIDA, Silvio Martins. Análise do Módulo de Elasticidade Estático e Dinâmico


do Concreto de Cimento Portland através de ensaios de Compressão Simples e de
frequência ressonante. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2012.

DE BEER, M.; MAINA, J. W.; NETTERBERG, F. Mechanistic modelling of weak


interlayers in flexible and semi-flexible road pavements: Part 2. Journal of the South
African Institution of Civil Engineering, v. 54, n. 1, p. 43-54, 2012.

DER/PR - DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DO


PARANÁ DER/PR-ESP-P16: Pavimento: brita graduada tratada com cimento. Paraná,
2005.

DER/SP- DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE


SÃO PAULO DER/SP-ET-DE-P00/009: Especificação Técnica: sub-base ou base de
brita graduada tratada com cimento . São Paulo, 2005.

DNIT - DEPARTAMENTO NACIONAL INFRAESTRUTURA TERRESTRE.


DNER-ME 085: Material finamente pulverizado Determinação da massa específica
real. Rio de Janeiro, 1994a.

______. DNER-ME 162: Solos-Ensaio de compactação utilizando amostras


trabalhadas. Rio de Janeiro, 1994b.

______. DNER-PRO 199: Redução de amostra de campo de agregados para ensaio de

laboratório. Rio de Janeiro, 1996.

______. DNER-PRO 120: Coleta de amostra de agregados. Rio de Janeiro,1997a.

______. DNER-ME 195: Agregados-Determinação da absorção e da massa específica


de agregado graúdo. Rio de Janeiro, 1997b.

______. DNER-ME 054: Equivalente de areia. Rio de Janeiro, 1997c.

______. DNER- de
Janeiro,1998a.
124

______. DNER-ME 194: Agregados Determinação da massa específica de agregados


miúdos por meio de frasco chapman. Rio de Janeiro, 1998b.

______. DNER-ME 134: Pavimentação - Solos: Determinação do módulo de


resiliência. Rio de Janeiro, 2010a.

______. DNER-ME 136: Pavimentação asfáltica Misturas asfálticas - Determinação à


tração por compressão diametral. Rio de Janeiro, 2010b.

______. DNIT 181/2018-ME: Material estabilizado quimicamente - Determinação do


módulo de resiliência

______. DNIT 136/2018-ME: Pavimentação asfáltica Misturas asfálticas


Determinação da resistência à tração por compressão diametral

FRANCO, F.A. Método de Dimensionamento Mecanístico-empírico de Pavimentos


Asfálticos SISPAV. 2007. Tese (Doutorado) - Coordenação dos Programas de Pós-
graduação de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ.

FIGUEIREDO, A. D. 2000. Concreto com Fibras de Aço. Boletim Técnico da Escola


Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil, BT/PCC/260.
68p.

FIGUEIREDO, A. D. 2011. Concreto Reforçado com Fibras. Tese de Livre-


Docência Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia de Construção Civil. 248 p.

GIBSON, R. F. 1994. Principles of Composite Material Mechanics. Detroit:


McGraw-Hill, Inc.

HANNANT, D. J. 1978. Fibre Cements and Fibre Concretes. Chichester: John


Wiley.

HUANG, Y. H. Pavement design and analysis. Pearson/Prentice Hall, 2004.

KLINSKY, L. M. G.; FARIA, V.C. Estudo da Influência do Teor de Cimento


Portland, da Energia de Compactação e da Umidade no Comportamento
Mecânico da Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC) para duas gêneses de
agregados. 2015, 153p, Relatório. Centro de Pesquisas Rodoviárias (CPR) e
Concessionária CCR Nova Dutra, Grupo CCR, Rio de Janeiro.
125

LÓPEZ, M. A. C. Reciclagem de pavimentos flexíveis com adição de cimento


Portland: estudo de fadiga através do ensaio de flexão em viga quatro pontos. 2016.
162p. Tese (Mestre em Engenharia Civil) da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2016.

MACÊDO, M. M. Solos modificados com cimento: efeito no módulo de resiliência e


no dimensionamento de pavimentos. 2004. 309p. Dissertação (Mestre em Engenharia
Civil) da Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2004.

MEDINA, J.; MOTTA, L. M. G., Mecânica dos pavimentos. Rio de Janeiro: Editora
INTERCIÊNCIA, 3ª Edição, 2015.

METHA, P. K. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo, Pini, 1994.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. 2008. Concreto Microestrutura, Propriedade


e Materiais. São Paulo: IBRACON.

MENDONÇA, A. T. de. Avaliações Funcionais e Estruturais Preliminares de


Trechos Monitorados na Rodovia BR-101/SE. 2014. 186p. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2014.

MOTTA, L. M. G.; UBALDO, M. O. Discussão Sobre Valores de Módulo de


Resiliência de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC). In: REUNIÃO ANUAL
DE PAVIMENTAÇÃO, 43, 2014, Maceió. Maceió, 2015.

NASCIMENTO, R. Estudo de desempenho à fadiga de base cimentada tipo BGTC


na BR101/SE. 2017. 143p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Sergipe,
São Cristóvão, 2017.

NASCIMENTO, R.; .MENDONÇA, A. T.; ALBUQUERQUE, F. S. Desempenho de


base de brita graduada tratada com cimento em trecho monitorado de Sergipe. 2015. In:
REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 44, 2015, Paraná. Anais... Paraná, 2015.

NATIONAL COOPERATIVE HIGHWAY RESEARCH PROGRAM.


Characterization of Cementitiously Stabilized Layers for Use in Pavement Design
and Analysis: NCHRP Report 789. Washington, D.C. 82p. 2014.

Prado, K. Estudo de critérios de dosagem para melhoria de desempenho mecânico


de brita graduada tratada com cimento. 2018. 161p. Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2018.
126

PEREIRA, G. B. S. Comportamento à flexão de vigas de concreto autoadensável


armado reforçado com fibras de aço. Rio de Janeiro, 2017.

PERET et al. 2003. Reforço mecânico por fibras poliméricas e seus efeitos na secagem
de concretos refratários. Grupo de Engenharia de Microestruturas de Materiais
GEMM, Departamento de Engenharia de Materiais DEMa, Universidade de São
Carlos, São Carlos.

PINTO, Salomão. Estudo do comportamento à fadiga de misturas betuminosas e


aplicação na avaliação estrutural de pavimentos. Rio de Janeiro, 1991.

SANTOS A.C, SOUZA, J.L.A.O, BITTENCOURT, T.N. Determinação experimental

. 1998. Boletim Técnico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São


Paulo, 1998.

SANTOS, REGINALDO ALVES DOS, org. et al. Programa Levantamentos


Geológicos Básicos do Brasil PLGB. Geologia e recursos minerais do Estado de
Sergipe. Escala 1:250.000. Texto explicativo do Mapa geológico do Estado de
Sergipe. / Organizado por Reginaldo Alves dos Santos, Adriano A. M. Martins, João
Pedreira da Neves e Rômulo Alves Leal. Brasília: CPRM/DIEDIG/DEPAT;
CODISE, 2001. 156p. Executado pela CPRM Serviço Geológico do Brasil
Superintendência Regional de Salvador, 2001.

SAPEM, South African Pavement Engineering Manual. 2014. South African


National Roads Agency Ltd.

PONS, G., MOURET, M., ALCANTARA, M., GRANJU, J. L. 2007. Mechanical


behaviour of self-compacting concrete with hybrid fibre reinforcement. Materials
and Structures, vol. 40, n. 2, pp. 201-210.

RILEM Technical Committee 49 TFR. Testing methods for fibre reinforced cement
based composites. Materiaux et Constructions, 17(102), pp. 441-456, 1984.

ROOHOLAMINI, H.; HASSANI, A.; ALIHA, M. R. M. Evaluating the effect of


macro-synthetic fibre on the mechanical properties of roller-compacted concrete
pavement using response surface methodology. Construction and Building
Materials, v. 159, p. 517-529, 2018.
127

TEIXEIRA, V. F.; DE SOUSA, F. V.; SOARES, J. B. Modelagem da vida de fadiga e


do acúmulo de deformações permanentes em pavimentos asfálticos por meio de um
modelo de dano contínuo. Transportes, v. 15, n. 2, 2007.

VASCONSELOS, R.E. Fratura de concreto reforçado com fibras de aço e de


polipropileno em meios normal e agressivo. 158p. Tese (Doutorado em Engenharia
Mecânica) Universidade Estadual de Campinas. Campinas, São Paulo, 2012.

VENSON, G. I. Módulo de resiliência e vida de fadiga de areia artificialmente


cimentada. 2015. 158p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre, 2015.

XUAN D. X.; HOUBEN, L. J. M.; MOLENAAR, A. A. A.; SHUI, Z. H. Mechanical


Properties of Cement-Treated Aggregate Material A review. Mater Des 2012; 33:
496502. Available at:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0261306911003244.

YAO, W.; LI, J.; WU, K. Mechanical properties of hybrid fiber-reinforced concrete at
low fiber volume fraction. Cement and concrete research, v. 33, n. 1, p. 27-30, 2003.

YEO, Y.S. Characterization of cement-treated crushed rock base course for


Western Australian Roads, 2011, 227p, Tese (Doutorado em Engenharia Civil).
Curtin University, School of Civil and Mechanical Engineering, Australian.

YEO. Y. S.; JITSANGIAM, P.; NIKRAZ, H. Mix design of cementitious basecourse.


In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ADVANCES IN GEOTECHNICAL
ENGINEERING, 2011, Perth, Austrália, 2011.

YODER, E. J.; WITCZAK, M. W. Principles of pavement design. John Wiley &


Sons, 1975.

ZHENG, Z.; Feldman, D. 1995. Synthetic Fibre-Reinforced Concrete. Centre for


Buildings Studies, Concordia University, Montreal, Quebec.

ZHANG, P.; LI, Q. Effect of polypropylene fiber on mechanical and shrinkage


properties of cement stabilized macadam. International Journal of Pavement
Engineering, v. 10, nº 6, p. 435-445, 2009. https://doi.org/10.1080/
10298430802363985

Você também pode gostar