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DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSO

TRIBUTÁRIO

Direito Constitucional Tributário

Espécies Tributárias: Contribuições Especiais

Aula 01 – Contribuições Especiais

As contribuições especiais, salvo algumas exceções, são tributos de


competência exclusiva da União que possuem como principal característica a
finalidade para a qual são criadas. Diferentemente dos impostos (art. 153 a 156
CF) e das taxas (art. 145,III, CF), a Carta Magna não descreveu os fatos que enseja,
a obrigação de pagar contribuições.

O art. 149 da Constituição Federal determina competência exclusiva da


União para instituir contribuições sociais, vejamos:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude
o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por
meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência
social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas,
que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
§ 1º-A. Quando houver déficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados
e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de
pensões que supere o salário-mínimo.
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para
equacionar o déficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição
extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos
aposentados e dos pensionistas

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§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser instituída
simultaneamente com outras medidas para equacionamento do déficit e
vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição.
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de
que trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou
serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da
operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro.
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser
equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.

Verifica-se que as Contribuições Especiais são espécie tributária de


COMPETÊNCIA PRIVATIVA (ou exclusiva) da União (e para esta regra existe
exceção como veremos a seguir). É cediço que a competência privativa é aquela
reservada a determinado ente federativo para instituir determinado tributo. No caso em
tela, da União.

O § 1º do art. 149 traz justamente a exceção desta competência exclusiva da


União: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por
meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência social,
cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que
poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou
dos proventos de aposentadoria e de pensões.”

Assim, pode-se dizer que contribuições para custeio de regime próprio de


previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos
pensionistas possuem COMPETÊNCIA COMUM (ou concorrente) dos entes
federativos. Ou seja, esta espécie tributária pode ser instituída pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios no âmbito de suas respectivas
atribuições.

Todos os entes da federação podem criar contribuições para custeio de regime


próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos

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pensionistas, desde que façam por onde, ou seja, desde que, obedeçam a atribuição
que a CF/88 lhes confere.

Verifica-se que esta hipótese de contribuição é a única autorizada aos Estados


Membros. Já o Distrito Federal e os Municípios, além da competência para instituir
essa contribuição, titularizam também a concernente à Contribuição para o Custeio do
Serviço de Iluminação Pública (art. 149-A CF).

Observa-se do art. 149 da Carta Magna, uma previsão muito importante para o
nosso estudo que são os três grandes grupos de contribuições especiais previstos.
Assim, o artigo constitucional em estudo prevê 3 (três) TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES
ESPECIAIS:

1) Contribuições Sociais;
2) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE);
3) Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas;

Nessa toada, Regina Helena Costa prescreveu sobre a classificação das


contribuições em seu Curso de Direito Tributário:

As contribuições, consoante a Lei Maior, apresentam as seguintes


espécies: as sociais, as de intervenção no domínio econômico e as
corporativas, instituídas no interesse de categorias profissionais ou
econômicas1.

O § 2º do artigo em estudo, apresenta algumas determinações acerca das


Contribuições Sociais e das Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico
(CIDE), dentre elas uma exceção: “ não incidirão sobre as receitas decorrentes de
exportação”. Esta exceção é uma imunidade que será devidamente tratada
posteriormente. Assim, para estimular a exportação a constituição exclui a incidência
destas contribuições (imunizando a incidência do tributo) no que tange as receitas de
exportação. Estimulando as exportações, estimula-se a criação e manutenção de
empregos, trazendo dinheiro para o país o que é bom para a balança comercial do
país.

1
COSTA, Regina Helena. Direito Tributário Brasileiro. 1 ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 129

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O referido parágrafo também deixa claro que as CIDEs incidem sobre os
produtos importados, bem como que estas contribuições poderão ter alíquotas ad
valorem que incidem sobre o valor do bem importado ou alíquotas específicas que vão
ser calculadas de acordo com a quantidade e a unidade de medida. E quem determina
isso é a legislação de cada produto, determinando a situação específica. Essa
legislação vai ter que prever se essa figura se ad valorem, se alíquota específica.

As alíquotas ad valorem são aquelas que tem por base o faturamento, a


receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro, já
alíquotas específicas são aquelas que tem por base a unidade de medida adotada.
Ainda, pessoa física destinatária de operação de importação poderá ser equiparada a
pessoa jurídica. Quando eu ou você importamos alguma coisa estamos sujeitos ao
imposto.

Então note que no art. 149 da CF temos previsões importante dos três grande
tipos de contribuição e as possibilidades de cobrança.

O art. 149-A CF prevê a Contribuição para o Custeio de Serviço de


Iluminação Pública (COSIP):

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir


contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do
serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e
III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere
o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.”

Ao analisar os arts. 149 e 149-A CF, no tocante a competência tributária das


contribuições, observamos que:

COMPETE PRIVATIVA COMPETÊNCIA COMPETE AOS MUNICÍPIOS


(EXCLUSIVAMENTE) AOS ENTES E
A UNIÃO FEDERATIVOS AO DISTRITO FEDERAL
(art. 149, caput, CF) (art. 149,§1º, da CF) (art. 149-A, da CF)

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1) Contribuições Sociais; Contribuição cobrada d Contribuição para o Custeio de
2) Contribuições de Interven servidores destinada a Serviço de Iluminação Pública (CO
Intervenção Domínio E em benefício destes, d
(CIDE);
previdenciário.
3) Contribuições de Interess
Categorias Profissionais ou
Econômicas;

Conceito de Contribuição Especial

Diferentemente dos impostos (tributos não vinculados), as contribuições


especiais possuem vinculação, ou seja, elas existem para financiar algo específico que
motivou sua criação. Assim, ao estudarmos as contribuições especiais, devemos
sempre lembrar que elas possuem como principal característica: a finalidade para a
qual são criadas. Por exemplo, a finalidade das contribuições sociais é o
financiamento de atividades relacionadas à ordem social, que tem como objetivo o
bem-estar e a justiça social.

Nesse sentido, observe o que preleciona o art. 193 da CF:

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como
objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamento das
políticas sociais, assegurada, na forma da lei, a participação da
sociedade nos processos de formulação, de monitoramento, de
controle e de avaliação dessas políticas.

Sobre as contribuições, Regina Helena Costa disciplinou:

Da análise da norma contida no caput desse artigo, emerge,


claramente, a nota peculiar dessa espécie tributária: sua instituição
está autorizada para que funcione como instrumento de atuação
da União, estando atrelada ao entendimento de uma das
finalidades constitucionalmente apontadas. Na lição de Roque
Carrazza, as contribuições constituem, assim, tributos qualificados
constitucionalmente, por suas finalidades. As contribuições são tributos
vinculados cuja hipótese de incidência consiste numa atuação estatal
indireta e mediatamente (mediante uma circunstância intermediária)

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referida ao obrigado. Podem revestir a materialidade de imposto ou
taxa, mas com eles não se confundem.2

As contribuições sociais, como por exemplo PIS e COFINS, incidem sobre o


faturamento das empresas, isto é, as receitas das empresas. Assim, quando eu vendo
alguma coisa, quando presto serviços, quando entra dinheiro no caixa eu pago PIS e
COFINS.

Aula 02 – Contribuições Especiais


Tipos de Contribuições Especiais

Observa-se da leitura do artigo 149 da CF os três grandes grupos de


contribuições especiais previstos na constituição federal. Assim, o artigo constitucional
em estudo prevê 3 (três) TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS:

1) Contribuições Sociais;
2) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE);
3) Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas;

As Contribuições Especiais geralmente são instituídas pela União com base


nos arts. 149 a 195 da Constituição Federal c/c com o art. 217 do Código Tributário
Nacional (CTN). Vejamos:

2
COSTA, Regina Helena. Direito Tributário Brasileiro. 1 ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 129

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;Complementando o mapa mental apresentado pelo professor, apresentamos
uma lista de artigos referentes as contribuições:
● Contribuições para Custeio da Seguridade Social: art. 195 e 239 CF e art. 74 ADCT.
● Contribuições Nominadas: art. 149,primeira parte, e §§2º, 3º e 4º c/c art. 195,I, II, III CF.
● Contribuições Sociais Residuais: art. 149,primeira parte c/c art. 195,§4º, CF.
● Contribuições do Funcionalismo Público: art. 40 e 149 CF.
● Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: art. 149,segunda parte e §§ 2º,3º e 4º CF.
● Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas: art. 149,terceira parte, CF;
● Contribuição de Iluminação Pública (COSIP): art. 149-A CF.

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

As Contribuições Sociais geralmente constituem instrumento de atuação da


União na área social, ou seja, a finalidade de atividades relacionados à ordem social,
que tem como objetivo o bem-estar e a justiça social (art. 193 da CF), exceto as
relativas a seguridade social.

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA FINANCIAR A SEGURIDADE SOCIAL

Dentre os objetivos da Seguridade Social, o art. 194, inciso V e VI, da Carta


Magna consagra a equidade na forma de participação no custeio e a diversidade da
base de financiamento. Vejamos:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de


ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a

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assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência
social, preservado o caráter contributivo da previdência social;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

O art. 149 da CF regula o regime tributário das contribuições sociais de caráter


não previdenciário as quais servem para custear a atuação do Estado em diversos
campos sociais. Já o art. 195 da CF trata das contribuições sociais previdenciárias em
espécie que servem para o financiamento da seguridade social: previdência, saúde,
assistência social.

Diante disso, o art. 195 da Constituição Federal, explica como será


financiada a seguridade social:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:         
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre:         
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;        
b) a receita ou o faturamento;         
c) o lucro;         
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,
podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do
salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria
e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;      
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a
ele equiparar.        

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§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos,
não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de
forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência
social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,  assegurada a cada
área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social,
como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público
nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.         
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto
no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser
criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que
as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
art. 150, III, "b".
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.         
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo
poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica,
da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da
condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada
a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das
alíneas "b" e "c" do inciso I do caput.         
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o
sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a
60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a remissão e a
anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea "a" do inciso I e
o inciso II do caput.           
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as
contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão
não-cumulativas.     
§ 13. (Revogado).           
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal

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exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de
contribuições.       

Verifica-se do estudo do art. 195 da CF que toda a sociedade vai financiar a


seguridade social de forma direta ou indireta, nos termos de lei ordinária. Assim, o
sustentáculo da seguridade social é o Princípio da Universalidade do Custeio,
distribuindo sobre toda a sociedade o ônus de manter o fluxo dos recursos necessários
para cumprir os objetivos constitucionais.

Logo, a seguridade social é financiada com recursos da União, dos


Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas contribuições sociais
previstas na Constituição Federal para financiar a seguridade social, quais
sejam: (i) do empregador; (ii) da empresa; (iii) de entidade a ela equiparada; (iiii)
do trabalhadores e dos demais segurados da previdência social; (iv) da receita
de prognósticos e (v) do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
a lei a ele equiparar.

As Contribuições Sociais para o Custeio da Seguridade Social poderão ser


instituída por lei ordinária, salvo as contribuições para o financiamento da seguridade
social incidentes sobre novas formas de custeio, que nos termos do §4º do art. 195 da
CF, será instituída por lei complementar. Elas não incidem sobre a importação dos
produtos decorrentes de exportação, mas incidem sobre a importação de produtos
estrangeiros ou serviços.

Lembre-se que as Contribuição para o Custeio da Seguridade Social possuem


alíquotas ad valorem ou específicas.

Em resumo, são espécies de Contribuição para o Custeio da Seguridade


Social:
● Contribuição Social do Empregador: art. 195, I, CF.
● Contribuição Social do Trabalhador: art. 195, II, CF.
● Contribuição Social Sobre a Receita de Prognósticos: art. 195, III, CF.
● Contribuição Social Sobre a Importação de Bens e Serviços art. 195, IV, CF.
● Contribuição Social para o PIS e a Pasep: art. 239 CF.
● Contribuição Social Provisória Sobre Movimentação Financeira: art. 74 ADCT.
● Contribuição Social Residual: art. 195,§ 4º, CF.

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Em aula, o professor analisou os principais aspectos de algumas destas
contribuições, os quais salientaremos abaixo:

●Contribuição Social do Empregador e Equiparados


- Previsão legal: art. 195, I, CF.
- Pode ser: (i) do empregador; (ii) da empresa e (iii) e da entidade equiparada na forma da lei.
- Incide sobre: (i) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (ii) a receita ou
faturamento e (iii) e o lucro.

É importante lembrar que nem todo empregador é empresa, nem toda


empresa é empregador, porque eu posso ter como empregador o empregador
doméstico que não é empresa, bem como eu posso ter uma empresa que não tem
empregados, como por exemplo uma sociedade de advogados composta por 2 (dois)
advogados que são sócios, é uma pessoa jurídica, mas não tem funcionários.

O conceito de empresa e empregador pode ser encontrado no art. 15 da Lei


nº 8.212/91, a qual dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano
de Custeio, e dá outras providências:

Art. 15. Considera-se:


I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de
atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem
como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e
fundacional;
II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu
serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o
contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário ou
dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta
serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de
qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição
consular de carreira estrangeiras.

Cabe registrar, também, que a jurisprudência confere interpretação ampla, ao termos


empregadores, constante no texto dos incisos em comento, baseado na solidariedade
geral e que se baseiam as contribuições sociais. Vejamos:

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. COFINS.
PESSOA JURÍDICA. SEM EMPREGADOS, EXIGÊNCIA.
1. O enunciados do art. 195, caput, da CF/88 “ a seguridade social será
financiada por toda sociedade” revela a intenção do legislador
constituinte de não excluir ninguém a responsabilidade de custeá-la. O
vocábulo “empregador” constante do inciso I desse artigo
abrange a pessoa jurídica empregadora em potencial. Precedentes:
RE 335.256-AgR e RE 442.725-AgR.
2. Agravo regimental improvido.(RE-AgR 249841PR, Órgão Julgador:
Segunda Turma, Julgamento: 28/03/06, Relator: Ellen Gracie)

Assim, podemos ter como empregador, empresa e entidade a ela equiparada,


porque tem pessoas jurídicas que não tem natureza empresarial, mas são equiparadas
a empresa (a natureza empresaria) para fins lucrativos, por exemplo as igrejas.

No inciso I do art. 195 do CTN, nos temos todas essas figuras tratadas:
empregado, empresa e entidade equiparada.

Nesse caso as contribuições vão incidir sobre:

(i) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados a qualquer


título a uma pessoa física que presta serviços sem vínculos empregatícios: Então a folha de
salários do empregador, a folha de salários da empresa, a folha de salários da entidade equiparada
ou qualquer outra forma de pagamento a pessoa física, mesmo que o prestador de serviços, para
essa entidade, para essa equiparada, para essa empregadora, não seja vínculo formal
empregatício, um prestador de serviços (não é um empregado é uma pessoa que eu contratei para
realizar um serviço de manutenção pro exemplo, que eu vou remunerar como pessoa física)
mesmo assim há uma incidência de contribuição social sobre esse valor. Ou seja, há incidência de
contribuição sobre esse valor pago ou creditado a pessoa física.

(ii) a receita ou sobre o faturamento: dessa empresa, receita ou faturamento. O ingresso de


dinheiro no caixa da empresa enquadra-se na receita ou no faturamento que faz com que as
empresas paguem o PIS e a COFINS.

(iii) o lucro: quando o empregador, a empresa ou da entidade a ela equiparada na forma da lei
tenha lucro, nos teremos a contribuição social sobre o lucro. Uma pessoa jurídica estabelecida vai
pagar contribuição sobre a folha de salários. Imagine uma empresa que tenha 100 (cem)
funcionários e pague R$1.000 (mil) por mês de salários para cada um dos 100 (cem) funcionários.
Esta empresa irá gastar R$ 100.000,00 (cem mil) por mês de folha de pagamento. Esses $
100.000,00 (cem mil) de folha são a base de cálculo para a contribuição da alínea a). A empresa
vai pagar da sua conta, não tem nada a ver com o que ela vai pagar a título de salário para os

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funcionários. Essa empresa tem um faturamento de R$300.000,00 (trezentos mil), nesse caso, ela
pagará PIS e COFINS sobre os R$300.000,00 (trezentos mil). E se essa empresa teve lucro de R$
45.000,00 (quarenta e cinco mil), pagará contribuição sobre o lucro, sobre os R$ 45.000,00
(quarenta e cinco mil). Repare que são três bases de cálculos diferentes: uma sobre a folha de
pagamentos, uma sobre a receita e uma sobre o lucro. Afinal, são 3 (três) contribuições distintas ou
mais porque o PIS e COFINS são 2 (duas) contribuições.

Assim, conclui-se que temos contribuições distintas em alíneas distintas do inciso I do


art. 195 da CF. Mas pressupondo ali, autorização para que haja cada uma dessas
contribuições em situações específicas ali previstas. Pode ser que eu tenha faturamento,
mas não tenha lucro, pode ser que eu tenha lucro e faturamento, mas não tenha folha de
pagamento, então isso vai variar e eu tenho situações específicas a serem mensuradas.
Além disso, isso quem paga é o empregador, a pessoa jurídica, a empresa.

●Contribuição Sobre a Folha de Salários e Rendimentos do Trabalho

- Previsão legal: art. 195, II, CF.


- Pode ser: do empregado
- Incide sobre: o salário do empregado.

No inciso II do art. 195 CF, nos temos o trabalhador. Então além da


seguridade social ser financiada pelo empregador, o trabalhador também paga.
Só verificar a contribuição social do empregador e dos demais segurados da
previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidos pelo Regime Geral da Previdência Social de que trata o art. 201 da CF.
Logo, o trabalhador também paga contribuição social e ele vai pagar sobre aquilo que
ele recebe.

Então, acontece o que acontece naquele exemplo dado sobre a empresa que
paga R$ 1.000,00 (mil) de salário, a empresa vai pagar a folha para 100 (cem)
funcionários sobre R$ 100.000,00 (cem mil) por mês e cada empregado pagará a sua
parte de contribuição descontada do seu salário, então ele não vai receber R$
1.000,00 (mil) de salário, ele receberá R$ 1.000,00 (mil) menos o valor da contribuição
social.

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Quem vai pagar essa diferença entre o salário e a contribuição? O próprio
empregado.

A empresa vai reter esse valor a título de contribuição social do salário do


empregado e pagar o que restar a título de salário para o trabalhador. Reparem, no
primeiro caso quem paga os R$ 100.000,00 (cem mil) é a empresa e no 2º caso quem
paga a contribuição é o empregado, porque assim como a empresa ele também é
contribuinte de contribuição social, e a base de cálculo nesse caso é seu respectivo
salário.

●Contribuição Social de Concursos de Prognósticos


- Previsão legal: art. 195, III, CF.
- Incide sobre: concurso de prognósticos.

O inciso III do art. 195 da CF trata sobre as receitas e concursos de


prognósticos, que são modalidades de jogo ou aposta, que a legislação admite que
sejam explorados sob certas condições. Como exemplo temos a loteria.

São deduzidos os valores devidos aos acertadores desses jogos a título de


contribuição social. Assim, os concurso de prognósticos também ajudam a financiar o
caixa da seguridade social.

O art. 26 da Lei nº 8.212/91 prescreve sobre o tema:

Art. 26. Constitui receita da Seguridade Social a contribuição social


sobre a receita de concursos de prognósticos a que se refere o inciso III
do caput do art. 195 da Constituição Federal.
(...)
§ 4o O produto da arrecadação da contribuição será destinado ao
financiamento da Seguridade Social.
§ 5o A base de cálculo da contribuição equivale à receita auferida nos
concursos de prognósticos, sorteios e loterias.
§ 6o A alíquota da contribuição corresponde ao percentual vinculado à
Seguridade Social em cada modalidade lotérica, conforme previsto em
lei.

Destaca-se que a contribuição não incide sobre jogos de azar, como jogo do
bicho, cassinos e outras jogatinas ilegais.

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●Contribuição Social do Importador e Equiparados
- Previsão legal: art. 195, IV, CF.
- Incide sobre: importação de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

O inciso IV do art. 195 da CF trata sobre o importador sobre bens e serviços


do exterior ou a quem ele equiparar. Ou seja, quando alguém importa produtos ou
serviços, esse importador, mesmo que pessoa física, será equiparado a pessoa
jurídica como prevê o parágrafo do art. 49 que vimos e vai pagar PIS e COFINS na
importação.

Reparem que há um conjunto de informações extensas, há muitos elementos a


serem observados e tudo isso financia a seguridade social (saúde, assistência social e
previdência social). O dinheiro que vai para o salário-maternidade, para o
auxílio-doença, para o auxílio Brasil (antigo bolsa família), para os auxílios todos.

Observa-se que há um volume grande de fontes de financiamento.

No §1º do art. 195 da CF, temos que a receita dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios destinadas a seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos e não integram o orçamento da União, ou seja, há uma nítida
separação de receita aqui.

Atente-se para o § 3º do referido artigo que fala em pessoa jurídica em débito


com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
contratar com o Poder Público e nem dele receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios.

O professor fez questão de mencionar isso em aula porque quem trabalha com
direito tributário tem que entender isso. Uma empresa que tenha passivo tributário com
a seguridade social não pode participar de licitação com o poder público e nem
receber incentivos fiscais. Assim, se a empresa que te procura como advogado
pretende licitar ou receber um incentivo fiscal, você deve orientá-la no sentido de que
ela não pode adquirir um passivo com a seguridade social. Ora, existe essa trava
(regra constitucional) justamente para não incentivar empresas inadimplentes, ou seja,

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empresas que estejam em débito com a Fazenda Pública especialmente no que tange
ao inadimplemento de obrigação da seguridade social.

Por fim , o § 4º do art. 195 da CF, prescreve que a lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
obedecendo o disposto no art. 154 da CF.

Mas afinal, o que significa isso? A contribuição social residual tem a mesma
lógica dos impostos residuais, ela não pode ter base de cálculo e nem fato gerador
daquelas contribuições que já existem, deve ser criada por lei complementar e servirá
para financiar novas fontes de custeio da seguridade social que não tenha relação com
aquelas que já existem.

Aula 03 – Contribuições Especiais


Segundo o § 5º do art. 195 da CF: “Nenhum benefício ou serviço da seguridade
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.” Este parágrafo tem íntima ligação com o Direito Financeiro.

Em aula o professor chamou atenção para este dispositivo, pelo seguinte, para
criar benefícios para a seguridade social eu preciso pressupor uma correspondente
fonte de custeio. Ora, se a Fazenda Pública que criar um novo benefício, ela precisa
criar um tributo, e para se criar um novo tributo na modalidade contribuição ela precisa
criar uma justificativa para isso.

O § 6º do art. 195 da CF prevê que: “As contribuições sociais de que trata este
artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da
lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art.
150, III, "b".” Assim, conclui-se que as contribuições sociais previstas no art. 195 da CF
só poderão ser exigidas depois de decorridos 90 (noventa) dias da data da publicação
da lei que as houver “instituído ou aumentado”. Destaca-se que o referido dispositivo
previu que as contribuições sociais respeitam o Princípio da Anterioridade
Nonagesimal, mas não respeitam o Princípio da Anterioridade Anual.

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O § 7º do art. 195 da CF prescreve que: “São isentas de contribuição para a
seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.” Apesar da Constituição Federal chamar de isenção
essa dispensa de pagamento da contribuição para a seguridade social das entidades
beneficentes de assistência social, trata-se na verdade de imunidade.

É importantíssimo notar que as entidades assistenciais sem fins lucrativos não


estão sujeitas as contribuições da seguridade social da parte do empregador, da para
não pagar ali as contribuições por parte do empregador, mas PIS e COFINS. Então
quando estivermos trabalhando para esse tipo de entidade, nos podemos buscar ali
impugnar para não incidência dos tributos nessas figuras, justamente pelo benefícios
que a Constituição Federal lhes confere. É uma garantia, porque, muitas vezes essas
entidades vivem de doação, em situação bastante delicada no sentido financeiro e
esse tipo de ônus pode até impedir o funcionamento dessa entidade.

Assim, uma entidade como essa não vai pagar contribuição previdenciária da
parte patronal, o seu empregado vai ter descontado a contribuição do seu salário, mas
o empregador não desonera a folha, facilita o bom uso dessas entidades que muitas
vezes superam a ausência do Estado, é uma figura bastante interessante.

No § 8º do art. 195 da CF, temos a previsão da Contribuição Sobre o


Resultado da Produção: “O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a
seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.”

O referido parágrafo traz uma incidência tributária diferente para o (i)


produtor rural, (ii) parceiro rural, (iii) meeiro rural, (iv) arrendatário rural e o (iv)
pescador artesanal, bem como seus respectivos cônjuges, qual seja: eles não pagam
a contribuição para seguridade social sobre o valor da remuneração, mas sobre
o valor que eles receberam. Ou seja, se produz paga, se não produz não paga, se
vende paga, se não vende não paga.

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Destaca-se que para fazer jus a este benefícios os sujeitos previstos no §8º
devem cumprir 2 (dois) requisitos: (i) exercer suas atividades em regime de
economia familiar e (ii) sem empregados permanentes.

O § 9º do art. 195 da CF, dispõe que: “As contribuições sociais previstas no


inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou
da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de
bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do
caput. ”

Assim as contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade


equiparada sobre a folha de salários, sobre a receita ou o faturamento e sobre o lucro
poderão ter alíquota diferenciadas em razão: (i) da atividade econômica; (ii) da
utilização intensiva de mão de obra; (iii) do porte da empresa; ou (iv) da condição
estrutural do mercado de trabalho.

Sendo também autorizada a adoção de base de cálculo diferenciadas no caso


de contribuição sobre a receita ou o faturamento (PIS e COFINS) e sobre o lucro
(Contribuição Social Sobre o Lucro) – alíneas “b” e “c” do inciso I do caput. Ou seja, as
alíneas “b” e “c” do inciso I contribuições PIS e COFINS e contribuição social sobre o
lucro, a constituição autoriza um tratamento diferenciados a depender do tamanho, da
condição que essa empresa.

O § 10º do art. 195 da CF, prescreve: “ A lei definirá os critérios de


transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social
da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.”

A lei, sempre lei ordinária, definirá os critérios de transferência de


recursos do Sistema único de Saúde e ações de assistência social da União para
os Estados, para o DF e para os municípios, e dos Estados para os municípios,
observando em contrapartida o direito econômico. Reparem a lei vai definir como
se reparte o dinheiro das contribuições entre os entes federativos.

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O § 11º do art. 195 da CF, prevê:“ São vedados a moratória e o parcelamento
em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a remissão
e a das contribuições sociais de que tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II do
caput.

A referida trava é muito importante, principalmente do ponto de vista do


devedor, muitas vezes a empresa deve, mas não deve porque quer dever, mas porque
ela não consegue pagar devido a sua situação financeira. Obviamente que temos dois
tipos de devedores: os que querem pagar e não conseguem pagar em razão de sua
condição financeira e os inadimplentes por escolha.

A vedação a (i) moratória, (ii) ao parcelamento superior a 60 (sessenta)


meses impede (“breca”) que entidades que tenham passivo parcelem seus
débitos por mais de 60 (sessenta) meses. Ou seja, a depender da situação
financeira da empresa 60 (sessenta) meses é o máximo, mas em razão do que prevê
a Lei nº 3898, por exemplo, que é a lei da transação, ela prevê a negociação de débitos
em até 145 (cento e quarenta e cinco meses), lei de Refis, lei de programas de
parcelamento incentivadas, essas leis aumentam para mais de 100 (cem), 120 (cento
e vinte) vezes o parcelamento.

Assim, o §11º, veda que matéria de ordem previdenciária tenha parcelas


maiores que 60 (sessenta) meses. Diante disso, os devedores, muitas vezes se veem
inviabilizados no prosseguimento da negociação por conta desse limite trazido pelo
parágrafo.

O §12º do artigo em estudo prescreve: “A lei definirá os setores de atividade


econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
caput, serão não-cumulativas”.

A lei definirá os setores de atividades econômicas para os quais as


contribuições incidentes na forma da dos incisos I, b (PIS e COFINS) e IV
(Importação) do caput serão não-cumulativos.

Ora, mas o que é para uma contribuição ser não-cumulativa?

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A não-cumulatividade é a não incidência de imposto, contribuição ou qualquer
outra espécie tributária sobre ela mesma, então para que não haja uma tributação em
duplicidade, prevê-se o regime da não cumulatividade.

Seguindo nosso esquema de aula sobre contribuições temos que as


contribuições nominadas e as contribuições residuais estarão sujeitas a esses
elementos tratados no art. 195 da CF.

CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE)

É tributo de competência exclusiva da UNIÃO, que possuem como finalidade,


via intervenção no domínio econômico incentivar determinado setor na economia com
a destinação do produto da sua arrecadação.

ESPÉCIES DE CIDE

Setor de Combustíveis: CIDE-COMBUSTÍVEIS;

Setor Tecnológico: CIDE-REMESSAS;

Setor Cinematográfico e Videográfico: CONDECINE;

Setor Energético: CIDE-ENERGIA;

Setor Marítimo: ADICIONAL DE FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTIL (AFRMM);

Setor das Telecomunicações: FUNDO DE UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÃO


(FUST), FUNDO PARA O DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO DAS TELECOMUNICAÇÕES (FUNTELL);

Setor Rural: INCRA;

Empresas em Geral: SISTEMA “S” (SEBRAE, SESC, SENAI, SENAC, SENAT, SESI,SENAR, SEST, SERCOOP

O mais importante talvez seja enxergar que a CIDE se relaciona com aquilo
que gera receita, eu nunca vou ter por exemplo uma CIDE sobre a segurança porque
segurança não gera receita, gera despesa. Preciso daquilo que gera receita,
intervenção no domínio econômico.

Como vimos, somente a CIDE Combustíveis está expressamente prevista na


Constituição Federal de 1988.

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O § 4º do art. 177 da Constituição Federal, na redação que lhe é dada pela
Emenda Constitucional nº 33, autoriza a UNIÃO a instituir por meio de lei, contribuição
de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, de gás natural e seus derivados e
álcool combustível. Vejamos:

Art. 177. Constituem monopólio da União:


(...)
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio
econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus
derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes
requisitos
I - a alíquota da contribuição poderá ser:
a) diferenciada por produto ou uso;
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe
aplicando o disposto no art. 150,III, b ;
II - os recursos arrecadados serão destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool
combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a
indústria do petróleo e do gás;
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de
transportes.
(.....)

O referido artigo traz em seu texto quais são os requisitos a


CIDE-Combustíveis deve cumprir.

Verifica-se pela leitura do artigo 144 da Carta Magna, que a CIDE


Combustíveis terá alíquotas: (i) DIFERENCIADA por PRODUTO ou USO e (ii)
REDUZIDA e ESTABELECIDA por ATO DO PODER EXECUTIVO.

A alíquota da CIDE Combustíveis é de por exemplo 1% (um por cento)


por ATO do PODER EXECUTIVO (Decreto, Portaria, etc.), mas ela pode ser
alterada para 0,5% (meio por cento) E depois voltar para 1% (um por cento) sem
respeitar o Princípio da Anterioridade por ATO DO PODER EXECUTIVO (sem
precisar passar pelo Congresso Nacional).

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Ressalta-se que essa alíquota NÃO PODE SER AUMETADA por ATO DO
PODER EXECUTIVO, mas ela pode ser REDUZIDA e RESTABELECIDA por esse
meio normativo.

Destaca-se que da mesma forma como ocorre com as contribuições sociais,


as CIDEs poderão ter alíquotas ad valorem, assim entendidas como um percentual
sobre o faturamento, sobre a receita bruta, sobre o valor da operação ou sobre o valor
aduaneiro, no caso da importação (art. 149,§ 2º, III, a, da CF), ou ainda alíquota
específica, ou seja, com um determinado valor com base na unidade de medida
adotada (art. 149,§2º, III, b, da CF). Não incidirão sobre as receitas de exportação, mas
incidirão sobre as receitas de importação de produtos estrangeiros ou serviços (art.
149,§2º, I e II, CF). A pessoa natural destinatária das operações de importação
poderá, na forma da lei, ser equiparada a pessoa jurídica, e as hipóteses em que
incidirão uma única vez devem ser definidas em lei.

A CIDE Combustíveis ARRECADARÁ RECURSOS que serão


DESTINADOS PARA:

(i) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás


natural e seus derivados e derivados de petróleo;
(ii) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do
petróleo e do gás;
(iii) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Aula 04 – Contribuições Especiais


 Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou
Econômicas

As Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas


são tributo de competência exclusiva da UNIÃO e possuem como finalidade o
financiamento de atividades de interesse de instituições representativas ou
fiscalizatórias das categorias profissionais ou econômicas. Pode-se citar como

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exemplo a contribuição sindical, fixada em lei, cobrada dos participantes de
determinada categoria econômica ou profissional.

Afinal, o que são Conselhos de Fiscalização Profissional?

Segundo Leandro Paulsen,

Os conselhos de fiscalização profissional são autarquias


profissionais que fiscalizam o exercícios de profissões
regulamentadas, conforme as respectivas leis específicas. As
contribuições devidas a tais conselhos, como os Conselhos Regionais
de Engenharia e Arquitetura (CREA), os Conselhos Regionais de
Química (CQR), os Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN),
são chamadas anuidades. Tendo as anuidades exigidas pelos
conselhos de fiscalização profissional natureza Tributária,
classificando-se como contribuições sociais do interesse das categorias
profissionais ou econômicas (art. 149 da CF), submetem-se
necessariamente à legalidade, à irretroatividade e às anterioridades,
bem como às demais garantias tributárias3.

Existe uma divisão doutrinária sobre se as contribuições do Sistema S (SESI,


SENAI, SENAC, etc..) são CIDEs ou se são Contribuições de Interesse das Categorias
Profissionais ou Econômicas. Este dissenso doutrinário não faz tanta diferença no
estudo da nossa aula, desde que entendamos que é um tributo da categoria
contribuição.

Para o professor também são consideradas contribuições do interesse de


categorias econômicas as contribuições destinadas aos novos serviços sociais
autônomos que atendem setores específicos. Exemplo: as destinadas ao Serviço
Social do Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat),
Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) criados pela Lei nº 8.706/93.

3
Paulsen, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo, 8 ed., São Paulo:
Saraiva, 2017

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A LEI cria a contribuição da atividade profissional, ou seja, a lei dá ao órgão
profissional a legitimidade para cobrança e para a fiscalização, o CREA por exemplo
tem legitimidade para cobrar este tributo por força de lei dos engenheiros.

Ora, por revestirem tais exigências de natureza tributária, estão sujeitas ao


Princípio da Legalidade, e , portanto, somente podem ser criadas e majoradas
mediante o necessário veículo legislativo.

Salário Educação

O Salário-Educação é uma contribuição social destinada ao financiamento


de programas, projetos e ações voltados para a educação básica pública,
conforme previsto no § 5º do art. 212 da Constituição Federal de 1988. Vejamos:

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento,
no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos
respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo
previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo,
serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal
e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao
atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere
a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos
termos do plano nacional de educação.
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à
saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos
provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de
financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida
pelas empresas na forma da lei.
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição
social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao
número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas
redes públicas de ensino.
§ 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º e 6º
deste artigo para pagamento de aposentadorias e de pensões.
§ 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de impostos, serão
redefinidos os percentuais referidos no caput deste artigo e no inciso II
do caput do art. 212-A, de modo que resultem recursos vinculados à

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manutenção e ao desenvolvimento do ensino, bem como os recursos
subvinculados aos fundos de que trata o art. 212-A desta Constituição,
em aplicações equivalentes às anteriormente praticadas.
§ 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de avaliação e de
controle das despesas com educação nas esferas estadual, distrital e
municipal.

Sobre o Salário-Educação o STF estatuiu sua constitucionalidade:

Nos termos da Súmula 732/STF, é constitucional a cobrança da


contribuição do salário--educação, seja sob a Carta de 1969, seja
sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei n.
9.424/1996. A cobrança da exação, nos termos do Decreto-lei n.
1.422/1975 e dos Decretos 76.923/1975 e 87.043/1982 é compatível
com as Constituições de 1969 e 1988. Repercussão geral da matéria
reconhecida e jurisprudência reafirmada, para dar provimento ao
recurso extraordinário da União”. (Repercussão Geral em RE n.
660.933-SP, rel. Min. Joaquim Barbosa.)

Tredestinação

É o desvio da destinação da receita tributária para uma finalidade diversa


daquela que se previu inicialmente.

Atenção, a alguns artigos do ADCT sobre tredestinação:

ADCT, Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31


de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da arrecadação da União
relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento das
despesas do Regime Geral da Previdência Social, às contribuições de
intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas ou que
vierem a ser criadas até a referida data. (...)
§ 4o A desvinculação de que trata o caput não se aplica às receitas das
contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social.

ADCT. Art. 76-A. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até


31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos
Estados e do Distrito Federal relativas a impostos, taxas e multas, já
instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus
adicionais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes.

ADCT, Art. 76-B. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até


31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos
Municípios relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou que

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vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos
acréscimos legais, e outras receitas correntes.

Sobre a TREDESTINAÇÃO, o STF decidiu :

DIREITOS CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO.


REPERCUSSÃO GERAL. DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA
UNIÃO – DRU. ART. 76 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. AUSÊNCIA DE
CORRELAÇÃO ENTRE A ALEGADA
INCONSTITUCIONALIDADE DA DRU E O DIREITO À
DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA PROPORCIONAL À
DESVINCULAÇÃO. ILEGITIMIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA
DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A
questão nuclear deste recurso extraordinário não é se o art. 76
do ADCT ofenderia norma permanente da Constituição da
República, mas se, eventual inconstitucionalidade, conduziria a
ter a Recorrente direito à desoneração proporcional à
desvinculação das contribuições sociais recolhidas. 2. Não é
possível concluir que, eventual inconstitucionalidade da
desvinculação parcial da receita das contribuições sociais, teria
como consequência a devolução ao do montante correspondente
ao percentual desvinculado, pois a tributação não seria
inconstitucional ou ilegal, única hipótese autorizadora da
repetição do indébito tributário ou o reconhecimento de
inexistência de relação jurídico-tributária. 3. Não tem legitimidade
para a causa o contribuinte que pleiteia judicialmente a restituição
ou o não recolhimento proporcional à desvinculação das receitas
de contribuições sociais instituída pelo art. 76 do ADCT, tanto em
sua forma originária quanto na forma das alterações promovidas
pelas Emendas Constitucionais n. 27/2000, 42/2003, 56/2007,
59/2009 e 68/2011. Ausente direito líquido e certo para a
impetração de mandados de segurança. 4. Negado provimento
ao recurso extraordinário.(STF, RE 566007 Relator(a): Min.
CÁRMENLÚCIA. Pub. 11-02-2015 Órgão Julgador: Tribunal
Pleno)

COSIP

A Emenda Constitucional nº 39 acrescentou o art. 149-A à Constituição


Federal, autorizando os Municípios e o Distrito Federal (que não é dividido em
Municípios) a instituir a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública
(COSIP), com a finalidade de custear o serviço de iluminação pública, que, por não

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contar com os requisitos de especificidade e divisibilidade, não podem ser financiados
por meio de taxa. Facultando sua cobrança na fatura de consumo de energia elétrica.
Vejamos:

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir


contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de
iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere
o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.

O dispositivo em estudo estabelece a obrigatoriedade quanto à observação


dos Princípios da Legalidade, Irretroatividade e Anterioridade no tocante a
instituição da COSIP.

Observa-se que a COSIP é um tributo de competência dos Municípios e do


Distrito Federal, ou seja, não pode ser instituídos por Estados e nem pela União.

A COSIP é um tributo destinado, uma vez que o valor arrecadado


(produto da arrecadação) se destina a custear o serviço de iluminação pública,
isto é, os gastos dos Municípios e do Distrito Federal com a iluminação das ruas,
praças, monumentos públicos etc.

Antigamente as prefeituras costumavam cobrar a Taxa de Iluminação Pública


(TIP), dos proprietários dos imóveis situações nos respectivos municípios, o que
levava os contribuintes ao judiciário para questionar a constitucionalidade dessa taxa,
uma vez que não há os critérios da especificidade e divisibilidade que permitiriam a
cobrança.

O questionamento sobre a constitucionalidade da TIP chegou ao STF, que


julgou esta taxa inconstitucional, pois apesar da nomenclatura de Taxa de Iluminação
Pública, esta figura não se revestia dos requisitos de divisibilidade e especificidade
(artigo 145, inciso II, da CF/88, e artigos 77 e 79 do CTN).

Ao cobrar a iluminação pública por meio de contribuição, as prefeituras fugiram


do problema da inconstitucionalidade, já que esta espécie tributária, diferente das

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taxas, não precisam de especificidade e divisibilidade, bastando que tenham o produto
de sua arrecadação destinado a uma finalidade previamente estabelecida.

Destaca-se que em razão da declaração de inconstitucionalidade da TIP,


resultaram duas importantes súmulas sobre o tema:

Súmula nº 670 do STF: O serviço de iluminação pública não pode ser


remunerado mediante taxa.

Súmula Vinculante nº 41. O serviço de iluminação pública não pode


ser remunerado mediante taxa.

Ao julgar do RE 573.675, o STF concluiu que a COSIP instituída com base de


cálculo que considera custo da iluminação pública e o consumo de energia do
contribuinte respeita os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Vejamos:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RE INTERPOSTO CONTRA


DECISÃO PROFERIDA EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. CONTRIBUIÇÃO PARA O
CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - COSIP. ART.
149-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI COMPLEMENTAR 7/2002,
DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA. COBRANÇA
REALIZADA NA FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA. UNIVERSO DE
CONTRIBUINTES QUE NÃO COINCIDE COM O DE BENEFICIÁRIOS
DO SERVIÇO. BASE DE CÁLCULO QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO
O CUSTO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA E O CONSUMO DE ENERGIA.
PROGRESSIVIDADE DA ALÍQUOTA QUE EXPRESSA O RATEIO
DAS DESPESAS INCORRIDAS PELO MUNICÍPIO. OFENSA AOS
PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.
INOCORRÊNCIA. EXAÇÃO QUE RESPEITA OS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO IMPROVIDO.
I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de
energia elétrica do município não ofende o princípio da isonomia, ante a
impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do
serviço de iluminação pública.
II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da
iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não
afronta o princípio da capacidade contributiva.
III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um
imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem
com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um
serviço ao contribuinte.
IV - Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade.

Daniela da Silva Tomaz - 11122166699


V - Recurso extraordinário conhecido e improvido.(RE 573675, Relator:
RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2009,
REPERCUSSÃO GERAL - PUBLIC 22-05-2009)

Daniela da Silva Tomaz - 11122166699


Bibliografia

COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário,1º ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo – 8. e.d. – São Paulo,


Saraiva,2017

Daniela da Silva Tomaz - 11122166699

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