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GRANDES LINHAS EFORMA DO CONTENCIOSO DMINISTRATIVO O REVISTA E ACTUALIZADA (OGO FREITAS DO AMARAL (ARIO AROSO DE VUE EEEDIs§ / ma ALMEDINA Scanned with CamScanner 1. Consideragdes gerais 1.1. Muito se escreveu e foi dizendo, ao longo de todos estes anos, sobre a imprescindibilidade da reforma do contencioso admi- nistrativo. Como foi referido nas Exposigdes de Motivos do ETAF e do CPT! “Trata-se de uma reforma essencial garantia dos direitos fun- damentais dos cidadios, pois incide sobre o principal instrumento de garantia desses direitos perante a Administragio Publica. E trata-se de uma reforma absolutamente indispensdvel 4 plena institui¢io, no nosso pais, do Estado de Direito que a Constituigio da Repiblica Portuguesa veio consagrar. Como é sabido, o contencioso administra tivo portugués no foi objecto da reforma profunda que a instituigao do regime democritico exigia e que, em sucessivas revis6es constitu- cionais, o legislador constituinte tem vindo a reclamar. Crescente- mente aguardada, mas sucessivamente adiada, a necessiria reforma foi sendo substituida por medidas de alcance mais limitado, que, aperfei- goando embora o sistema, nfo alteraram as suas traves mestras”. a) Do ponto de vista estrutural, atinente ao ETAK a reforma era, desde logo, imprescindivel porque se impunha proceder a uma pro- funda redefinic3o do quadro das competéncias dos tribunais adminis- trativos, por forma a libertar 0 Supremo Tribunal Administrative do néimero excessivo de competéncias (em primeira instincia) que ainda Ihe eram atribuidas, distribuindo-as pelos tribunais administrativos de cfrculo, mais adequados ao seu exercicio. Por outro lado, a consagracdo no texto constitucional, com a revisio de 1989, da jurisdicao administrativa como 0 complexo de tribunais incumbidos de “dirimir os litigios emergentes das relaces Scanned with CamScanner Considers gras saativis” artigo 212° da CRP) conferiuthe 4, gue que até enti Ihe Correspondia, coloean Md delimitagio do Ambito da jurisdigio admin forma do contencioso administrative no poy. jicas_ admin a is quais 22 deixar de dar resposta- by No plano procestual cumpre recordar que a LPTA resuoy teforma assumnidamente transit6ria ¢ intercalar €, por isso, de me Tymitado, tanto quanto a0 ambito das matérias reguladse {quanto a magnitude das inovagées introduzidas (!). Pesen, cetbors of indscutiveis progressos entio introduzidos, a verdade ¢ gue em muitos aspectos, 0 regime processual do nosso contenciosy srimistraivo permaneceu inalterado, conservando-se assim fel, nas fas grandes linhas, a0 modelo que o Estado Novo the tinka imprimido — com as consequéncias que dai naturalmente decorrem ho que conceme & inexisténcia de condigdes para assegurar a tutela |jurisdicional efectiva dos particulares perante a Administragio, ‘A reforma era, pois, também neste plano, absolutamente indis- el ¢ tanto mais urgente quanto é certo que, enquanto os dife- rojectos legislativos se iam sucedendo, sem que a reforma se coneretizase ),a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Administrati- vo, diferentemente do que sucedeu na vizinha Espanha, nio se reve- low capaz, na generalidade dos casos, de adequar 0 sistema 20 novo como () Nar palavras de PINTO LOUREIRO, “As garantias dos administrados. O pro- cesso nos tribunals administratives”, in Contencoso Administrative, Braga, 1986, 1p 194,na lei de procesto de 1985 "weve que se adaptar ou inovar apenas no mais ‘urgent, para valer durante 0 perfodo transtério, até haver tempo e vontade poli- de fazer uma lei de processo completa". A propésito da reforma de 1984/1985, RAL, "Projecto de Codigo do Contencioso Administrativo™, Scientia Iriica, tomo XLI (n 235/237), pp. 7-9; MARIO TORRES, op cit, pp. 6-7. 4 modelo jutidico-constitucional. Sé para dar alguns dos exemplos mais Significativos, veja-se a rigider durante tanto tempo manifestada no fmanuseamento da aco para reconhecimento de direitos e interesses, bem como na atribuigio da suspensio da eficicia de actos adminis iyos ¢ na admissio de providéncias cautelares no especificadas. ati Consciente desta realidade € no pro} dade instalada, o legislador constitucional foi emitindo sucessivos Sinais de impaciéncia, de intensidade crescente & medida que o tempo ja passando (?). Logo desde a revisio de 1982, tornou claro que 2 garantia constitucional do acess 3 justia administativa nlo se esgota fa formulagio de pedidos de anulagio ou de declaragio da nulidade de actos administrativos;, impressionado com a passividade do legis {adore da jurisprudéncia, acabou por avancar, na revisio de 1997, para a explicitagio das principais manifestagSes do direito & rutelajurisdi- ional efectiva dos particulares perante a Administracio. Essa explicitagZo consta hoje dos n.%s 4 ¢ 5 do artigo 268.° da CRP, que fornecem um elenco das principais pretensdes que os particulares devem ser admitidos a formular perante a justiga admi- nistrativa: reconhecimento de direitos ou interesses, impugnagio de actos e de normas administrativas, determinacio da pritica de actos, administrativos legalmente devidos e adopgio de providéncias caute- lares. A redefinigio do quadro dos meios processuais existentes, de modo a assegurar que estas pretenses possam ser accionadas, consti- ‘ufa, assim, uma exigéncia de reforma do contencioso administrativo que era imposta pelo préprio texto constitucional (4). Em ambos estes planos se concretiza a reforma, que pela sua pro- fundidade se poderi mesmo dizer que introduz, na ordem jutidica portuguesa, um novo contencioso administativo, fnalmente adequado 20 (©) Para a breve sintese da evolugio do texto constitucional nesta matéria, cfr VIEIRA DE ANDRADE, “As transformacSes do contencioso administrativo na ter= ceira Replica portuguess”, Legislyzo — Cadcnos de circa de legislate, m.° 18, P.76 segs. () CfeVasco Peneina na Siva, O titucional conretizado” ou “ainda por concetiz nose administrative como “dirito cons ‘Coimbra, 1999, maxime a pp. 43 sexs. Scanned with CamScanner (uteri se a ee 2 modelo constitucional ().A cada um deles serio dedicadas as g hag partes deste trabalho. 1.2.Ainda neste momento de consideragSes gers, ser, conn unto a nés, notar que, acentuando embora a indiye” de garantia das esferas juridicas individuais perance oy ida Administracdo Pablica que 20 contencioso administrti, Fertene,o novo contencioso administrativo portugués nem por ing Fonsagra umn modelo subjectivista de justiga administrativa,no qual e tlimine “a amplitude do controlo da leglidade, que pasa a ser rea zada reflexamente por via da protecgio dos direitos individuais” (5, Como é sabido,o artigo 268.°,n.° 4, da Constituigio, consagrando tum diteito fundamental de natureza andloga aos direitos, liberdades ¢ ‘parantias, refere-se ao objecto da justi¢a administrativa a partir de uma Spica naturale inevitavelmentesubjectivsta, acentuando, por isso, ape tun an ines ota akira Ucve-canep der ("). Essa dimensio, num Estado de Direito democritico based postulado da dignidade da pessoa humana e, portant, na af fi que os individuos sio titulares de direitos fundamentais te,€ defo natural relevo que CPTA Ihe confere onfere e qu a lange da presente exposiia the ves dodiads (Ma INORADE, A eh alo da ener dos sen pots carte noses eee 8 nt NO sentido de uma sub= sso ela deixa de ser apenas uma das dimens6es da justiga va, 0 lado de outta, a dimensio objectiva, de proteceio ‘dade € dos interesses piblicos, que o CPTA também con- scionar nio tem apenas em vista Targuissimamente majoritiria, de destinatirios ou legitimado a tecorrer 20 jficativa relevincia das (Ona legitimidade activa fo soffeu, com a reforma, que a jutiga administrativa visa propo esa faa, ainda que Ela dirige-se a quem quer que est contencioso administrative — € dai a fopcoes em matéria de legitimidade activa po contencioso administrativo portugués nai qualquer tipo de restrigao. Tuto resulta, designadamente, da consagracio da acgio popular para defes de valores e bens consttucionalmente protegidos (artigo 5,2 2) e do alargamento do campo de intervensio da acgio piblica nos dominios das acces relatvas a contratos (artigo 40.°,n.° 1, alinea b),€ n.° 2, alineas c) ¢ d)) ¢ de condenagio da Administra~ ‘glo 3 pritica de actos administrativos ilegalmente omitidos (artigo 68.°,n2 1,alinea ©) "A legitimidade activa no contencioso de impugnacio de actos administrativos, com fundamento na sua ilegalidade, continua, entre- tanto, a ser definida nos mais amplos termos. Com efeito, ¢ desde logo, a ac¢io piiblica a desenvoh ‘Ministerio Pablico continua a ser prevista sem quaisquer limitagGes (cf. artigos 55.°, n° 1, alinea b), € 73°, n° 3), pelo que, se 05 casos de exercicio da acco pablica ‘omprovada insuficiéncia judicial efctiva dos direi- Jessviago da justiga administrativa, tendo em ‘dos modelos objecivisas para assegurar uma prot tot dos particulars”. wane «nk Scanned with CamScanner onside eis oo és, taduzir-se-na pura rms para regime gel dos conten sdministatives, dos artigos 178.° e seguintes do CPA (maxi i, artigo 180.%, que especiicamente se refere 20s poderes de gue's Administragio goza na vigéncia do contrato). Como é sabido, as solugdes consagradas nos referidos preceitoy do CPA no sio incontroversas. Ainda escassos anos antes da aprovs, 30 do Cédigo, Sérvulo Correi . por exempl tentado que se deveria presumir, em caso de diivida, que a Administracio sé di. pe de prerrogativas exorbitantes, como as que o artigo 180.° hoje prevé, desde que elas tivessem sido expressamente estipuladas no con, A introdugio, pelo novo TAF de um eritério de delimi- apreciagio da jurisdigio administrativa assente no facto de as proprias partes expressamente submeterem 0 contrato a um regime de direito piblico, designadamente 20 regime dos artigos 178.° e seguintes do CPA, poder’ constituir, por isso, o ensejo para se repensarem, ponde- radamente, os termos em que esse regime se encontra desenhado — porventura para 0 eftito de fazer depender a propria qualificagio ‘como contrato administrativo de cada contrato atipico sem objecto passivel de acto administrativo da expressa decisio das partes de sub- meterem o desenvolvimento da respectiva relagio contratual is nor- mas estabelecidas no CPA (maxime, no seu artigo 180.°). (%) Ch, Stursio Connss, Lida eatonmi. p.737-738. J, entretanto, gt De notat ea O eA cabe 8 liectament eke da invalid do ol ue se tena baseado a respectva celebrari oe ie a verificar apenas a invalidade conse ae ‘Tatas MNT ceamente decorre do facto de a vontade de uma dar cont ee administrativa, ndo ter sido validamente express So deve, por isso, caber 20 tribunal a0 qual compete fis. ria validade da prontincia adminisratva — podendo, hogar no Ambo do process de impugnagio do acto admi- pré-contratal invalido. ompeténeias dos tribunais administrativos 3, Col 451. Como € sabido, a organizago dos tribunais administrativos vino das respectivas competéncias foram, por diversas vezes, bose (os tribunais administratvos de circu), Como jé noutra sede houve ocasiio de recordar pen d centretanto jé tinha sido abandonado na propria Franga, reservar para 0 Supremo Tribunal Administrativo a exclusiva compe- @) Cf. MARI AROSO DE ALMEIDA, “Novas perspectivas para 0 contencioso doa ut t= Nov in oa de Pe Did Ut riade Catslca Portuguesa — Porta, 1998, pp. 529 sep. Scanned with CamScanner 4 etrturss:0 nove ETAR agar em primeira instanca, 0 actos administaty dat ‘membros do Governo e pelos demais érgigg 08 PR °S SUPRtions, entio, se registou ma procura dy ss administrativa veio, demonstra & sciedade 2 evidener Py ciécis do sitema, com gravisimsconsequéncas no plano dy ge dade e,portanto, da efectvidade da tutela.A redistribuigio dag compe téncis operada em 1984, com a transferéncia de um namero 2ind, reduzido de matérias do Supremo Tribunal Administratvo para oy buna de circulo, rapidamente se revelot iente.E a ainda tecen, te reestruturagio da organizagio dos trit 3,2 ctiagio do novo tribunal asentou no reconhec. sidade de alvia o Supremo Tribunal Administrative dg sobrecarga de tabalho que vinka obstruindo o seu fancionament, mas também no entendimento de que os actos administrativos de Governo nlo deviam poder ser julgados pelos tribunais administra de circulo. Da conjugagio destes dois factores resultou a solugio de incambie novo tribunal, entre outras(heterogéneas) tarfis, de jugar, em primeira instincia, da legalidade dos actos administrativos que Govemo praticasse em matérias de fimcionalismo piiblico — critério assumidamente adoptado por razbes que se prendiam com 0 quadro das demais competéncias do Tribunal Central (cujo objecto no se crcunserevia ao fincionalsmo pailico) e o ficto de também os ‘wibumas de citculo fiscalizarem actos em matérias de funcionalismo, desde que nfo tvesem sido praticados por membros do Govero. © niimero excesivo de competéncias atribuidas 20 Tribunal Central Administrativo — ao que acresce a prioridade que necessa- ‘amente tha de dar aos processos cautelares — conduziu a que este ‘sibunal fesse, em muito pouco tempo, bloqueado, sem capacidade ses de regresso fundadas em responsabilidade Por danos a8 000% percicio das suas fungBes, que seam p esl supremo Tribunal Administrative © do Teas seativo, bem como de magistados do Minions Adminis bes junto destes tibunals ef arign 24 eee disponha eee juizo do que porventura se em lei, Sefigin que Ihe € reser para concer dar aage he e as em responsibilidade por dans rsulantes do ease aren ue sejam propostas contra juizes dos tribunais adminis sos Fant circulo € dos tribunais tributivios,o Tribunal (Central Admi- deixa, entretanto, de ser competente para proceder 4 eae primeira instincs, pasando 2 se, emt compara, Gna norinal de recurso das decisis que venham a er ofenda ine eribunals administraivos de circulo: cf artigo 37° do ETAG eos Tei n.° 107-D/2003, de 31 de Dezembro, rocedeu, ais, ap esdobramento do anterior Tribunal Central Administra em sos ‘vos tibunais de apelacio, o Tribunal Central Administatvo Nore, pom sede no Porto, © 0 Tribunal Central Administativ Su,con ac fm Lisboa: oft. artigo 8.°,alinea b),e artigos 31.°eseguites do ETA, fa redacgio que lhes foi dada pela Lei n.° 107-D/2003, comP' crt, riscativ 33. A generalidade dos processos da jurisdigio adminisrativa pasam, asim, a ser intentados junto dos tribun: circulo, competentes para conhecer, em primeira os processos do (4) No que especi risrativo, chega-se, Scanned with CamScanner dagucle ca compen, em prineiro gr de judge, reservada aos tribunais superiores, bem como da apreciacs, ae féncia” on, ser? Fe yniformizador da jurisprudéncia’ dos que naquele proceso sjam cumulado: artigo 4a. oP open gamentl Oe posigao de Motiv do ETAL Por regra,o recurso das decisdesproferidas pelos eieg’® ETAR pare ome se SHE Be fo em que o Supremo Tribunal Adminis. nisatvos de cielo quando alradso permit intrpong ysiti; |e dot ge fancionar como um tebural de prime! ci oy ata gen praca ercer as competéncias proprias de um tri- recurs pram previstos no ago 151° do CPA Cet dy 1 ooo aa ene onar como regulador do ster, tant inovagio é,entetanto, a intodugio, no artigo 150.° da eo ain ocicionad® PO" jastincia suprema”. Nesta Spica deve ser dh possbildade de um (muito excepcional) recurso de reg? bal adeainds fo competéncias do Supremo Tribunal Adminis- Supreme Tebunal Adminisrativo, dis deises que o Tebusghe2® fan do 0 Bead “i psecgdes, como em pleno, que resulta do nove tral Administrativo profira em via de recurso. 1 eto, 2080 POM Tal como sucedia até aqui, a Seceio de Contencioso Ad; _ guar (©. trativo do Supremo Tribunal Administrativo continua 4 fine também em Pleno e em Plenéto, Segundo o artigo 25.° do Bra Pleno continua, por um lado, a conhecer dos recursos para unifonn zagio de jurisprudéncia e dos recursos dos acdios que tenhum sag proferidos pela secplo, através das subsecgSes, em primo grap Jurisdigio; e por outro lado, passa a poder ser chamado, por tm uit bunal administrative de circulo, a pronunciar-s, a titulo prejudicial sobre o sentido em que deve ser decidida uma questio de divi, nova, que suscite dificuldades séras e se possa vir a colocar noutie, litigios. As competéncias do Plensrio mantém-se, segundo o dispose no artigo 29.° do ETAR “a 3.4. redistribuigio de competéncias operada pelo novo ETAF tem duas consequéncias evidentes. riot Co sferéncias provenientes do Supremo ¢ do Tribunal cas competéncias dos tribunais administrativos circulo & muito significativamente alargado. Este facto, associado A ji referida ampliagio do proprio ambito da jurisdi¢io administrativa, determina a necessidade de se proceder & instalagio de novos tribu= mais € a0 recrutamento de novos magistrados. Em contrapartida, 0 ambito das competéncias do Supremo Tr bunal Administrativo diminui substancialmente, Mas apenas diminui em quantidade, uma vez que, do ponto de vista qualitativo, o papel do (05) viziea DE ANDRADE, O Debate Universiti, p 54. : linha, VIERA DE ANDRADE, “Relatbrios de sintese", Cadernos pp. 63-64. Scanned with CamScanner w © REGIME PROCESSUAL: pRiNciPlos DO CPTA E SEUS COROLARIOS rina da etlajiiconal factva ‘4 jpais tragos identificadores do CPTA resultam, desde Os prince ‘de prinepios fundamennis que ve encnatacs seus primeiros artigos. Eo primeiro deses prinipios ida euela jurisdicional efectiva, do artigo 2°, ques no mento da CRP, ¢ em termos sensivelmente idénticos Cae wtigo 2.° do CPC, introduz no nosso contencioso administra 201 do a paxima do processo civil de que a ada dito omesponde sve tom, no sentido de que todo o dire wr mse encontra na jussdigio a rgeiadesdobra-se em ees verten 4) © contencioso administrative coloca 4 disposicio daguees, que se Ihe dirigem as formas processuais adequadas para fazerem valer ‘uas pretensbes € obterem, em prazo razoivel, uma decisio que ‘pre elas se pronuncie com forga de caso julgado — é o plano da la declarativa ( principio da tutela jurisdicional efectiva, no plano declarativo, supde que todo © tipo de pedidos podem ser deduzidos e todo o tipo de proniincias judiciais podem ser emitidas no ambito da jurisdicio () Che, propérico, BARBOSA DE MeLo, O Debate Unive, pp. 303-304, Scanned with CamScanner yy rinps do CPTA e seus cooling que deste modo deixa deinitivamene q. initia, ee ders lmitados.E 0 que sucede com g¢ asdigGo de P i candenago da Adminisraro 3 price de actos admins” 1... 2), do ETAF), valendo, para esse efeito, o regime do artigo do CPTA, segundo 0 qual “nas stuagdes de cumulagio em guy? competéncia para a apreciagio de qualquer dos pedidos perenes 5 ior, este também é competente para conhecer ig Como resulta dos preceitos que, no CPTA, sc reportam 3 posi. biidade da cumulagio de pedidos, designadamente os dos artigos 4% n22,¢ 47.%,n.%s 1,2 € 4,0 fendmeno pode asumir miltiplas cong” guragdes, E 0 que de seguida se procuraré demonstrar. Nio, Porém, sem antes recordar que os referidos artigos contéim elencos men. mente exemplificativs, apenas destinados a ilustrar os mais represen. tativos ¢ porventura mais frequentes casos de cumulago que poderig surgit. O que é, naturalmente, decisivo para determinar se, em cada «aso, a cumulagio é ou nio possivel, sio os critérios gerais enuncia. os no artigo 4.°,n.° 1 — e no artigo 47.°,n.° 4,no que especifca- ‘mente se refere 4 cumulagao de impugnagées, como expressamente determina o artigo 4.°,n.° 3, De acordo com o ‘nfo obsta a cumulagio de pedidos 4 circunstincia de aos pedi dos corresponderem diferentes formas de processo, adoptando-se, nesse caso, a forma da acgio admi- nistrativa especial, com as adaptagdes que se revelem necessiias” O facto de determinadas pretensbes deverem ser deduzidas em pro- eso destnado a seguir os trimites da acco administrativa comum ¢ lo ith eR Cree An, gmbito de PFOCESSO sujeito 4 for, 5 00 3c, pois, 4 cumulacgo, mia ae 8 da 28540 adminiseatiog ‘a Cae ide impugnagio de actos administrativos ¢ pice de act sitios O° causados pelo acto ou pela recusa ou o pus nes condenacio da Adninieagn — ie Pe devs ess #04 Ecos soma aes 000 do. Associados a um pedido dirigido 20 ceconhecina i et ee serio, assim, deduzidos petidosfandaosnewe reno sega seja, pedidos dirigidos a extra consequéneing jlewesees mento, Taco. £ 0 caso do pedido de indemnizacio por danos ou a ahecimns 40 hipotética que sejam deduzidos no srs jo em que se pede a anulae3o de um act sana, proceso as também seri o caso do pedido de oma sista, do interessado, apoiado no pedido de condenacio & pritica sa ro administrative ilegalmente recusado ou omit acto a dr wr alisemos separadamente cada uma destas hipéteses, idemnizecio 4) E bem sabido que, até agora, os pedidos de condenagio da ‘Administragdo por danos resultantes de actos ilegis no podiam ser Jimulados no Ambito do proprio recurso contencioso de anulacio deses actos. Sendo 0 pedido fundado na responsabilidade civil da ‘Administragdo que decotre da qualificago do acto ilegal como facto ilfcto, faz, no entanto, todo o sentido que ele possa ser cumulado no processo de impugnagio, dirigido & anulacio ou 3 declaragio de nuli- dade de actos ilegais, que vem suceder 20 recurso contencioso (eft artigos 50.° e seguintes) (54). E 0 que a reforma do contencioso vem (4) Neste sentido, eft. SERVULO CORREIA,"A electivio proce da s- ponabildade civil exera-contratual da Admins actos de gesto pbc’, responsabilidad patrimonial de les poderes publics, Madrid, 199, a Meveihos,“Brevssimos t6picos...”,p. 39, Ji no ambito da dscussio pila sk CB — Scanned with CamScanner rincpis de CPTA eu coir 2 ss por exemplo, artigos 4°, n.° 2,alinea,« 47, seas, 0 proceso de imptgnacio soft ,n.° 1), devendo set observado, ime da acgio administrativa comum (que en responsabilidade), 4 sea, 0 regime do proce Peak ©, ch \ 2 xtpy! +) Onovo CPTA também abre a posibilidade de, fumularem, no processo de impugnasio de actog retensbes dirigidas 20 restabeleci ido extes dos tipos de pretensSes correspon, é qualificado como ¢ a as de anulagdo de actos adminae? cio adminixrativo, RU MACHETE, O Debate univ 10 ANTUNES, Idan. 233 es aventado por RUI MACHETE, O Dig 149, Nas pars de Stxvut0 CORREIA, dom, 530 (Jas aque, no diet lem & desig razbes de economia proces, os seq5.¢,em ger $13 ep. - ales isd Rf do Comer Airing se vinha defendendo que a declrrio dog das sentengas de anulagio de acts adnan ter de ser objecto de um proceso dedanve cexecusio de julgados, subsequent ai Pps? “retada a anulacio de tl acto (8), eo a sere, desde logo, do recorrents, enfin liber da neces Ie Bpe mas naan mo si sm devido tempo, convalidado...) quando aquele impelindo-a a pensar mais cedo no que deve déncia do processo, como depois dele, para corrigit 0 fe eventualmente cometeu (*). o farer, na pen certo gu ee |AROSO DE ALMEIDA, Anulaio de aos ainsi... designate ona a Administra com os ever gu, are dl r= ratvos leas, cus corliris se encontram Scanned with CamScanner Prindpos do CPT ‘Areforma do contencioso administativg dois ives cstins. © S45 cri FVANEA nes eng Por um ad, a va de tela judicial adequady ie Mo actos adminisrativos de conteiido negativo deixa de hot gir impugn avs do proceso de anlaio, pas pease positura de uma acgio dirigida & condenacio da tica do ato devido, no ambito da qual respeito & postbilidade da cumulagio de pedidos sos a refer, os paticulares passam a ter a centenderem (ft. attgo 47.°,n.° 3), de de impugnagio de actos administrativos ‘Adminiseao no tenha cumprido co nado — desie modo antecipando pa mulagio de pretenses que, até aqui, ap. tarde, no imbito do prvas de exe Com 0 que mais no se faz do q

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