Você está na página 1de 18

Inteligência

Sustentabilidade e
inovação: lãs de origem
animal responsáveis
Macias e luxuosas, as lãs de origem animal são alvo de
controvérsia por conta dos impactos ambiental, ético e
social. Nesta matéria, analisamos a questão da
sustentabilidade, identificamos novidades na cadeia de
suprimentos e apresentamos as marcas que estão
implementando as melhores práticas.

Helen Palmer & Charlotte Casey


11.26.21 · 20 minutos

Hyht

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy

Accept All Cookies


Resumo
Com um 1% do mercado de vestuário, as lãs de origem animal são responsáveis por um
impacto ambiental e social significativo, já que contribuem com o aquecimento global e
a poluição da água e do solo. Esses fatores podem ser atenuados com a adoção de
práticas alternativas agrícolas, de pastoreio e de processamento da fibra.
A ascensão do veganismo, por questões éticas e ambientais, tem impulsionado o
interesse de marcas e consumidores por opções que não envolvam animais.
No entanto, além de macias e atrativas, essas fibras têm um longo histórico de
tradição, técnica e performance natural . Além disso, os produtos feitos de lã animal
são duráveis, reparáveis, mantêm o valor de revenda e podem ser reciclados ou
biodegradados até o fim da vida útil, de acordo com a mescla de fibras utilizada.
A criação de animais é um importante meio de vida para fazendeiros do mundo todo, e
por isso, abrir mão dessas práticas pode impactar negativamente o padrão de vida
dessas comunidades. De modo proativo, é preciso implementar parcerias justas, éticas
e sustentáveis com fazendeiros e criadores, com o apoio de órgãos de comércio e
certificação.
A agricultura regenerativa é capaz de reduzir bastante as emissões de CO2 das fibras,
assim como a implementação – onde for possível – de programas de reciclagem.
Nesta matéria, analisamos as principais fibras, a questão da sustentabilidade, novas
tecnologias, estudos de caso da indústria e as marcas que estão implementando as
melhores práticas.

Maydi

As bras naturais têm um histórico de tradição, técnica, luxo e performance. O impacto ambiental
delas pode ser reduzido por meio de práticas agrícolas regenerativas

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
1
Accept All Cookies
Abastecimento responsável
A compra de fibras de origem animal está sujeita a questões éticas e ambientais. Por
isso, diversas marcas adotaram medidas para garantir que os animais sejam bem
tratados e mostrar ao consumidor final que a indústria está fazendo a sua parte.
Emitida pela The Textile Exchange, a certificação Responsible Wool Standard (RWS)
garante as condições em que as ovelhas são criadas em países produtores de lã, como
Itália e China. Outras duas certificações da mesma entidade merecem destaque, a
Responsible Mohair Standard (RMS) está crescendo em regiões que produzem mohair
e a Responsible Alpaca Standard (RAS) foi lançada em abril. Emitida por diferentes
organizações, as certificações The Good Cashmere Standard e ZQ começam a ganhar
espaço na indústria.
As parcerias são uma aposta certeira para garantir a compra de fibras responsáveis. A
tecelagem chinesa UPW e a fornecedora de lã de iaque Shokay se uniram para criar
uma cadeia de suprimentos rastreável e estão reinvestindo um percentual da receita
nas comunidades locais. A marca britânica Riley Studio produz tricôs que vão da
fazenda ao produto final em um raio de 480 km, diminuindo o impacto ambiental em
comparação à lã produzida na Nova Zelândia ou na Austrália.
Como imp lementar: garanta que a matéria-prima que você está comprando venha de
produtores responsáveis. As fibras precisam ter normas emitidas por órgãos
terceirizados que atestem as boas condições de criação dos animais, apoiem as
comunidades de fazendeiros e preservem o meio ambiente.

Leandi Mulder

Questões ambientais, éticas e sociais são importantíssimas na hora de comprar bras de origem
animal. É preciso conferir se as bras atendem a critérios de rastreabailidade e de certi cação.

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
2
Accept All Cookies
Conheça as principais bras de origem animal
Ovelha: a lã de merino vem principalmente da Austrália. África do Sul, EUA, Nova
Zelândia, China, Rússia, Argentina, Uruguai e Reino Unido são os países que vêm logo
atrás.
Cashmere: é a lã da pelagem mais interna da ovelha. Essa fibra luxuosa é produzida
principalmente no Deserto de Gobi, entre a Mongólia e a China.
Mohair: a maior parte do material vem da África do Sul e dos EUA (Texas), da raça de
ovelhas Angorá. Essa lã dá maciez e brilho às mesclas de fibra natural.
Alpaca: produzida principalmente no Peru. A lã de alpaca das raças Huacaya e Suri são
macias, duráveis e hipoalergênicas.
Lhama: a lhama é um animal da família dos camelos, criada domesticamente. A lã é
mais macia do que a da alpaca e muito menos usada, mas funciona bem em mesclas
naturais.
Vicunha: a vicunha vive solta na região dos Andes e é capturada para ser tosada. A lã
dela é cara e luxuosa.
Guanaco: o guanaco vive no Equador, Colômbia e região da Patagônia, e sua lã é macia
como a da lhama.
Camelo: o animal é criado na Mongólia, Tibete, Afeganistão, Irã, Rússia, China, Nova
Zelândia e Austrália. A lá dele é quente e macia.
Iaque: o iaque é um bovino de pelo longo que vive no Himalaia, platô do Tibete e em
regiões da Mongólia e Ásia Central.
Angorá: o pelo dos coelhos da raça Angorá. Cerca de 90% dele são produzidos na Tengri
China. Diversas marcas e varejistas passaram a evitar o material por conta de relatos de
maus tratos aos animais. Em seu estado natural, as bras de origem animal são quentes, macias, regenerativas e
biodegradáveis

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
3
Accept All Cookies
Fibras orgânicas regenerativas
Contexto de mercado: a fibra cultivada de modo regenerativo pode remodelar a
indústria, já que essa prática agrícola, além de benéfica ao meio ambiente, aos animais,
à biodiversidade e ao solo, reduz a emissão de gases do efeito estufa e sequestra
carbono.
A maioria dos animais que produz lã é criada solta e pasta, tornando o modelo de
criação vital para uma boa prática.
Quem é des taque? Por meio de uma abordagem holística, o The Savory
Institute trabalha pela regeneração em grande escala de áreas verdes do mundo todo.
O órgão fornece dados e treinamentos a fazendeiros e criadores, informa sobre
políticas e presta consultoria de mercado, com o objetivo de regenerar 1 bilhão de
hectares até 2025. Destaque também para outras iniciativas, como o programa 'Climate
Beneficial Wool', da ONG californiana Fibershed, e o programa de financiamento de US$
34 milhões do governo da Austrália, que visa ampliar a biodiversidade das fazendas do
país.
Pr incipais marcas : o 'Regenerative Fund for Nature', da marca de luxo Kering, junto
com a ONG Conservation International, pretende transformar 1 milhão de acres (cerca
de 405 mil hectares) em campos regenerativos até 2025. Marcas como Patagonia,
Eileen Fisher, The North Face e Sheep Inc também estão investindo em fibras
regenerativas.
Como imp lementar: esta prática transformativa requer investimento de longo prazo,
por isso, vale a pena se juntar a fazendas que já estejam em fase de transição.

Eileen Fisher

Um dos fornecedores de lã da Eileen Fisher é a lial argentina do Savory Institute, onde os


agricultores adotam boas práticas de criação de animais e manejo do solo

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
4
Accept All Cookies
Rastreável da fazenda ao guarda-roupa
Contexto de mercado: marcas e fornecedores estão usando tags para identificar,
avaliar e aprimorar o impacto ético e ambiental da lã.
Quem é des taque? Pertencente ao grupo Chargeur, a NATIVA foi a primeira marca
global de lã a oferecer rastreabilidade da fazenda ao produto final por tecnologia
blockchain para suas fibras compradas na Argentina, Uruguai, Nova Zelândia,
Austrália, EUA e África do Sul. Por meio de QR codes únicos para cada produto, o
consumidor pode rastrear a lã em tempo real no site da empresa. Para o O/I 22/23,
todo o estoque da tecelagem chinesa UPW será rastreado pela empresa de verificação
de DNA Haelixa, enquanto a ONG Mohair South Africa usa a ferramenta Oritain para
rastrear a lã de mohair produzida na África do Sul.
Pr incipais marcas : Victoria Beckham, WARDROBE.NYC, Cos e Patagonia já rastreiam
suas lãs desde a fazenda. Nos EUA, a marca Wool&Prince e sua submarca wool&
desenvolveram uma cadeia de suprimento de lã de merino australiana totalmente
sustentável, em parceria com a The Woolmark Company.
Para dar destaque à rastreabilidade, a marca carbono negativo Sheep Inc permite que o
cliente adote uma ovelha da fazenda na Nova Zelândia onde a matéria-prima é
produzida e rastreie o animal em tempo real por meio de uma tag colocada na orelha
dele – basta escanear a tag NFC na barra do suéter usando o smartphone.
Como imp lementar: use ferramentas de rastreamento e certificações para reduzir o
impacto ambiental da sua cadeia de produção de lã.

Victoria Beckham

A marca Victoria Beckham lançou uma coleção de tricôs de lã de merino australiana livre de
crueldade animal. Totalmente rastreável, o material foi tingido botanicamente pela Tintoria di
Quaregna, empresa certi cada pela Woolmark

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
5
Accept All Cookies
Principais bras: lã de ovelha
Contexto de mercado: com uma produção anual de cerca de 1 milhão de toneladas
(de acordo com o 'Preferred Fiber and Materials Market Report' de 2021, da Textile
Exchange), a lã de ovelha é a fibra de origem animal mais usada no mundo.
Caracter ís ticas : a lã é leve, macia e quente, e por ser natural, também é renovável,
biodegradável e reciclável. O material é excelente quando o assunto é retenção da
forma e da umidade, respirabilidade e controle de odores. Longeva e durável, a lã
também exige pouca manutenção. Os fios cardados são felpudos e feitos de fibras mais
curtas, enquanto os fios penteados têm fibras mais longas além de serem mais finos e
macios.
Or igem res p ons ável: a produção da lã emite bastante CO2, e relatos de maus tratos
aos animais fizeram que a indústria estabelecesse padrões mais rígidos. O esfolamento
mulesing (remoção da pele das nádegas da ovelha para evitar o ataque de moscas) foi
banido da Nova Zelândia em 2018, mas ainda é uma prática comum em algumas
fazendas australianas. Mais de 30 marcas e varejistas, como Marks & Spencer, adidas e
VF Corp, anunciaram um manifesto exigindo o fim do mulesign até 2030. De acordo com
a AWI ('Australian Wool Innovation', órgão que regulamenta a produção de lã na
Austrália), a quantidade de lã de ovelhas que não passam por esse processo aumenta
ano a ano.
Como imp lementar: compre fibras certificadas. A Woolmark atesta a qualidade e o
conteúdo das fibras de lã na Austrália. Normas como ZQ, Responsible Wool Standard
(RWS), Organic Content Standard (OCS) e Global Organic Textile Standard (GOTS)
certificam a lã de ovelhas que não foram esfoladas.
Marks & Spencer

A M&S Originals cria roupas masculinas responsáveis e elaboradas, feitas de lã com certi cação
RWS

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
6
Accept All Cookies
Principais bras: cashmere
Contexto de mercado: o cashmere vem da pelagem mais profunda das ovelhas, e
durante a temporada de tosquia, cada animal pode render até meio quilo do material.
Cerca de 25.000 toneladas de fibra de cashmere foram produzidas no mundo em 2020 –
60% na China, 20% na Mongólia e o restante no Irã, Turquia, Afeganistão e sul da Ásia.
Caracter ís ticas : a fibra do cashmere é macia, sofisticada, fina, leve e respirável,
resistente à umidade e a odores e com boa retenção da forma. O material pode ser
penteado, mas altas temperaturas, abrasão e traças podem causar danos. Há serviços
de reparo que podem estender a vida útil do cashmere.
Or igem res p ons ável: a demanda cada vez maior pelo cashmere aumentou o número
de criadores e o uso do solo. Isso acabou acelerando a crise climática, causando a
desertificação de áreas verdes da China e da Mongólia e colocando em risco a vida de
criadores e animais. A pastagem degrada o solo, já que as ovelhas arrancam as plantas
pela raiz. Para combater o problema, estão sendo tomadas medidas como o fim das
pastagens e a alimentação manual dos animais.
Como imp lementar: participe da conferência anual 'Responsible Cashmere
Roundtable', da The Textile Exchange, e compre fibras certificadas pelas normas
RWS (Responsible Wool Standard), the Good Cashmere Standard (GCS) – emitida pela
Aid by Trade (AbTF) – e The Sustainable Fibre Alliance (SFA).

Gobi Cashmere

A GOBI produz cashmere rastreável e responsável. A marca adota práticas que apoiam o modo de
vida nômade dos criadores em sete províncias da Mongólia

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
7
Accept All Cookies
Principais bras: mohair
Contexto de mercado: o mohair vem da ovelha da raça Angorá (não confunda com a
pele do coelho Angorá), cujo modo de pastagem tem menos impacto ambiental. Cerca
de 4.320 toneladas de fibras de mohair foram produzidas no mundo em 2020 – metade
na África do Sul e o restante em Lesoto, Turquia, Argentina, EUA, Nova Zelândia e
Austrália.
Caracter ís ticas : a maciez da fibra depende da idade do animal, o que significa que a lã
mais fina vem dos filhotes. Com um brilho sedoso, o mohair funciona bem em mesclas.
O material é hipoalergênico, retém calor quando está molhado, é resistente, não fica
franzido com facilidade e é fácil de tingir.
Or igem res p ons ável: por conta de relatos de más práticas em 2018, o mohair sul-
africano foi banido por 70 marcas. A certificação Responsible Mohair Standard (RMS)
foi criada em 2020 pela The Textile Exchange para garantir práticas éticas e
padronizadas em nível internacional. Adotada pela indústria, ela certificou 27% dos
produtores de mohair no mundo todo – e esse número vem crescendo a cada ano. A
SAMIL é um exemplo de boas práticas, pois é uma empresa que produz mohair
sustentável em parceria com fazendeiros.
Como imp lementar: compre mohair certificado. A Mohair South Africa tem cerca de
53% de suas fibras verificadas, enquanto a ONG The Mohair Empowerment Trust ajuda
a implementar a norma RMS.

Leandi Mulder

A coleção Fvh x LM, dos designers Frances van Hasselt e Leandi Mulder, é feita com mohair da
África do Sul e inspirada na região de Karoo, no sul do país

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
8
Accept All Cookies
Principais bras: alpaca
Contexto de mercado: a alpaca vive em regiões montanhosas. Há cerca de 4 milhões
desses animais no Peru, país que produz cerca de 90% da lã no mundo – Bolívia,
Austrália, Reino Unido e EUA vêm logo atrás.
Caracter ís ticas : quente, macia e sedosa, a lã de alpaca pode ser comparada ao
cashmere. Além de naturalmente impermeável, o material é bactericida, antiodor,
autolimpante e hipoalergênico. Quente como a lã comum, a alpaca pesa um terço da
lã. Os povos nativos transformam a lã da alpaca em fibras e tecidos há séculos.
Or igem res p ons ável: a criação da alpaca não tem um histórico importante de maus
tratos, já que os animais vivem livres na natureza e estão bem adaptados ao ambiente.
A crise climática representa um problema para a produção da fibra, pois as secas
afetam os animais. Marcas como Marks & Spencer, Next, New Look, Matalan e Uniqlo
baniram a fibra após controvérsias éticas envolvendo a maior fazenda particular de
alpaca do Peru.
Como imp lementar: compre fibras certificadas. Desde 2021, as normas Responsible
Alpaca Standard (RAS), emitida pela The Textile Exchange, e International Working
Group (RAS IWG) abordam as práticas de criação dos animais e gestão do solo.
Certificações de cadeia de custódia garantem que a fibra seja rastreada ao longo de
toda a produção.

Theodore Herald

A marca peruana Theodore Herald usa a Royal Alpaca, que representa 2% de toda a lã de alpaca. O
objetivo do Peru é ser o produtor têxtil mais sustentável da região

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
9
Accept All Cookies
Fibras raras e de luxo
Contexto de mercado: além de materiais como lã de ovelha, cashmere, mohair e
alpaca, fibras raras e de nicho são usadas em roupas e acessórios de luxo.
Pr incipais fibras : as fibras de vicunha e guanaco estão ganhando terreno entre
produtos premium e de nicho. A lã da vicunha, valorizada por sua cor caramelo, é
ultrafina, macia e sofisticada, e por ser rara, é sinônimo do mais alto luxo, usada em
meias, suéteres lenços e alfaiataria. Na Itália, a fibra de vicunha é quase exclusiva da
tecelagem de luxo Loro Piana, usada em tricôs premium. A lã de guanaco, embora não
tão macia quanto a da vicunha, também é bastante valorizada.
As fibras de camelo e iaque são coletadas pelos pastores nômades assim que os
animais desenvolvem a primeira pelagem de inverno, rendendo pequenas quantidades.
Em tons de dourado, caramelo e caiena, a fibra do camelo é usada em sobretudos,
tricôs e acessórios macios de alta qualidade. Já a fibra do iaque, disponível nas cores
coco, prata-queimada e platina, está ganhando espaço no mercado. A Kora está usando
o material – comprado de produtores tibetanos – em suas peças de alta performance,
assim como as marcas House of Tengri e Norlha.
Como imp lementar: compre apenas fibras éticas, rastreáveis e de fornecedores
confiáveis e siga as normas GOTS, OCS ou RWS.

Johnstons of Elgin

De alta qualidade, os lenços e estolas de vicunha e cashmere da Johnstons of Elgin são feitos de
uma mistura única de os.

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
10
Accept All Cookies
Cores e raças de animais nativas
Contexto de mercado: além de despertar o interesse de marcas preocupadas com o
impacto ambiental dos processos de coloração, a lã sem tingimento vem ganhando
terreno graças à criação em pequena escala de animais raros e em extinção.
Fibras raras e s em tingimento: criadores, fornecedores e marcas estão investindo
em raças raras, como é o caso da The Wool Initiative Company, uma iniciativa do
coletivo Rare Sheep Breeders, da Irlanda do Norte. A marca sueca de moda feminina
Nygårdsanna e a britânica Hyht usam lãs sem tingimento do Reino Unido, enquanto os
tricôs da Ally Bee são feitos de lã de alpaca, disponíveis em 18 cores naturais.
Fibras p retas s em tingimento: as fibras pretas naturais são cada vez mais cobiçadas,
mas os animais são raros. A lã Pecora Nera, da Loro Piana, é coletada de um rebanho
único de ovelhas da Nova Zelândia. O material é usado pela Vollebak em seus suéteres
da linha Nomad, pela marca norueguesa Cavour em seus itens de moda masculina e
pela australiana Oscar Hunt em seus ternos e blazers.
A marca responsável The Inoue Brothers se juntou à fazenda experimental Pacomarca
Alpaca Research Facility, no Peru, administrada pelas produtoras de fibras e roupas
Incalpaca e Inca Tops, para obter fibra de alpaca sem tingimento. Essa iniciativa rendeu
parcerias com as marcas Snow Peak e Folk para a produção de tricôs e acessórios.
Como imp lementar: para reduzir o impacto ambiental, prefira as fibras sem
tingimento e elimine os processos de coloração.

Vollebak

O suéter Nomad, da Vollebak, é feito da lã de merino preta 'Pecora Nera', coletada de um rebanho
único de ovelhas da Nova Zelândia. Essa é uma das bras mais raras e macias do mercado

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
11
Accept All Cookies
Inovações: bras recicladas
Contexto de mercado: a fibra virgem utiliza terra, água e aditivos químicos em
excesso, mas a fibra reciclada pode reduzir o impacto ambiental do produto final. De
acordo com a The Textile Exchange, a lã reciclada – produzida principalmente na Itália,
Índia e China – representa cerca de 6% do mercado.
Inovações de reciclagem: em 2014, a iniciativa italiana Re.VerSo criou um processo
integrado para o reaproveitamento da lã, cashmere e pele de camelo. Criadoras da
tecnologia, as empresas Green Line e Nuova Fratelli Boretti transformam as sobras
pós-consumo de tecido em fibras e as repassam para as tecelagens Filpucci, Mapel e
Antica Valserchio, que produzem fios, acessórios e tecidos com certificação GRS.
A Re.VerSo também coleta itens usados de lã e cashmere de empresas parceiras do
mundo todo, com o objetivo de criar novos produtos a partir do reaproveitamento de
resíduos.
Pr incipais marcas : a Patagonia usou lã reciclada em 12% da sua coleção P/V 21,
reduzindo suas emissões de CO2 em 83% em comparação ao uso de fibras virgens. A
Stella McCartney usa o cashmere Ninetyfive, produzido pela Filpucci com a tecnologia
Re.VerSo, para reduzir o impacto ambiental do material, assim como fazem Eileen
Fisher, Patagonia e Whistles, enquanto a Filippa K usa os tecidos da Mapel. Outras
marcas importantes, como Everlane, Colourful Standard, Reformation, Riley Studio,
Cuyana e Re_branded, também usam cashmere e lã de merino reaproveitados.
Como imp lementar: para reduzir a sua pegada de carbono, compre fibras recicladas
com as certificações GRS e RCS ('Recycled Content Standard').

Stella McCartney

A marca Stella McCartney parou de usar cashmere virgem em 2016, reduzindo o seu impacto
ambiental em relação a essa matéria-prima em 92% (de acordo com cálculos feitos pela EP&L)

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
12
Accept All Cookies
Inovações: lãs de alta performance
Contexto de mercado: capaz de regular a temperatura e proteger do clima, a lã está
cada vez mais presente na moda esportiva.
Lã de mer ino s intética: na Austrália, a The Woolmark Company promove a lã de alta
performance junto a marcas e tecelagens por meio da tecnologia Optim, que garante
uma lã de merino resistente ao vento e à água, já que os fios de alta densidade se
comprimem após o acabamento sem o uso de aditivos químicos. Também criado pela
empresa, o tecido Techmerino é impermeável e seca rapidamente, ideal para a moda
esportiva.
Pr incipais marcas : a 'Natural Run Collection' da Allbirds, usou Tencel e lã de merino
com certificação ZQ. Destaque da coleção, a camiseta de mesh seca rápido e tem
regulagem de temperatura e umidade. A marca de roupas de ciclismo Santini criou a
malha The Gravel, que usa uma mescla de lã sintética, enquanto o moletom da
Icebreaker, feito com 100% de lã de merino orgânica, usa a tecnologia MerinoFill.
Outras lãs : a marca outdoor Arms of Andes usa lã de alpaca em suas peças de alta
performance, aproveitando a maciez, a durabilidade, a resistência, a respirabilidade e
as propriedades de secagem rápida do material. A Kora desenvolveu o tecido Hima-
Layer usando pele de iaque. As fibras são ocas e protegem o corpo, funcionando bem
em diversas condições meteorológicas.
Como imp lementar: identifique onde é possível substituir os materiais sintéticos à
base de petróleo por fibras naturais. Vale a pena investir na performance natural da lã.

Allbirds

A 'Natural Run Collection', da Allbirds, conta com shorts, blusas e leggings de bras naturais de lã e
eucalipto. Cada peça informa a própria pegada de carbono

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in13our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy

Accept All Cookies


Principais normas e certi cações
Lã de ovelha: 'Responsible Wool Standard' (RWS), baseada na norma de boas práticas
de criação de animais 'Five Freedoms of Sheep'; 'ZQ Merino' (merino da Nova Zelândia),
que garante lãs de merino rastreáveis e de animais que não foram esfolados; 'National
Wool Growers Association of South Africa'; 'SustainaWOOL'; 'Australian Sustainable
Wool Organisation'; 'The Woolmark Company'; 'IWTO Specifications for Wool Sheep
Welfare'.
Cashmere: 'Good Cashmere Standard (GCS)', emitida pela Aid by Trade Foundation
(AbTF); 'SFA', emitida pela Sustainable Fibre Alliance de acordo com os padrões de
melhores práticas da ISEAL; 'RWS Standard'.
Alpaca: 'Responsible Alpaca Standard (RAS)', que verifica as condições de criação das
alpacas e os impactos ambientais e sociais, disponível desde abril de 2021.
Mohair: 'Responsible Mohair Standard' (RMS); 'The Mohair Empowerment Trust'; 'The
International Cooperation Committee of Animal Welfare' (ICCAW).
Fibras orgânicas : 'Global Organic Textile Standard' (GOTS) e 'Organic
Content Standard (OCS)' certificam os produtores de lã que não submetem as ovelhas
á prática de esfolamento mulesing (CM).
Fibras recicladas : 'Global Recycling Standard' (GRS), que garante que cada etapa do
processo de reciclagem seja rastreável e verificada.
'The Cradle to Cradle' (C2C), que define padrões ambientais rígidos e apoia a
implementação de princípios da economia circular.
Pres er vação da vida s elvagem: 'Wildlife Conservation Society' (WCS).
Responsible Wool Standard

Compre bras de origem animal com certi cações que garantam padrões éticos, sociais e
ambientais

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
14
Accept All Cookies
1 234
Pontos de ação

Compre lã de origem animal de Invista na rastreabilidade de As certi cações reforçam o seu Avalie de que forma o uso de
produtores responsáveis todo o ciclo de abastecimento compromisso com a bras recicladas pode reduzir o
para garantir um produto ético sustentabilidade seu impacto ambiental

Trabalhe com empresas e Não abra mão da rastreabilidade da Use certificações emitidas por órgãos As fibras de origem animal podem ter
fornecedores comprometidos com o cadeia de produção. Trabalhe com terceirizados para enfatizar as uma grande pegada de carbono por
tratamento dado aos animais e com o fornecedores de soluções capazes de credenciais sustentáveis da sua marca e conta do processamento e das práticas
padrão de vida de fazendeiros e ajudar você a identificar, avaliar e da sua cadeia de produção, alinhando agrícolas. Além de economizar energia
criadores. Indo além das fibras reduzir o impacto ambiental do seus valores comerciais e o e água, deixar de lado as fibras virgens e
orgânicas, invista em programas de processo e de oferecer ao consumidor desenvolvimento de produtos. Vale a investir em opções recicladas reduz as
apoio à agricultura regenerativa, que final a capacidade de rastrear o produto pena solicitar ajuda técnica desses emissões de CO2. Trabalhe com
vão ajudar a reduzir a erosão do solo, as da fazenda ao guarda-roupa. órgãos e seguir determinados padrões empresas que reciclam roupas para
emissões de CO2 e os efeitos da crise da indústria, uma estratégia que transformar os resíduos pré e pós-
climática. diferencia os seus produtos e abre consumo em fibras de alta qualidade
oportunidades de marketing. para novos produtos.

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
15
Accept All Cookies
Índice de sustentabilidade: oportunidades e desa os
Prós : Contras :
As fibras regenerativas podem transformar a indústria da lã. A prática é benéfica ao Além de emitir carbono, a produção de lã e a criação de animais prejudica o solo,
meio ambiente, já que protege o solo, sequestra carbono e promove a consome bastante água e gera gases do efeito estufa.
biodiversidade. A criação de animais para a produção de lã tem sido alvo de críticas devido a
A criação de animais soltos tem um impacto ambiental menor. questões éticas e sociais. E embora a indústria já tenha tomado medidas e adotado
normas mais rígidas, as marcas devem continuar vigilantes para evitar as más
As fibras de lã são mais duráveis e resilientes – quanto mais um produto é usado,
menor o impacto ambiental –, já que os custos de produção são distribuídos ao práticas. Por isso, garanta que as fibras que você usa sejam certificadas e contem
com altos padrões no que se refere à qualidade de vida dos animais.
longo do ciclo de vida do produto.
Esse grupo de fibras é renovável, natural e biodegradável em seu estado bruto. As O veganismo tem crescido exponencialmente, aumentando o interesse de marcas e
consumidores por fibras livres de crueldade animal.
marcas estão começando a investir em fios raros e locais e em variantes de cor sem
tingimento.
As tecnologias de rastreamento das fibras garantem mais transparência à cadeia de
produção da lã, da fazenda ao produto final.
As fibras de lã podem ser produzidas para serem recicladas mecanicamente. Por
isso, use sobras industriais e roupas usadas para reduzir o impacto ambiental.

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
16
Accept All Cookies
Matérias relacionadas

White Paper Webinar: Sustentabilidade e inovação Sustentabilidade e inovação Sustentabilidade e Sustentabilidade e inovação
criando melhor – Algodão: da bra à moda – Fibras celulósicas: da inovação: performance e – Fibras vegetais
oresta à moda proteção

Cookies Settings
By clicking “Accept All Cookies”, you agree to the storing of cookies on your device to enhance site navigation, analyze site usage, and assist
in our marketing efforts. For more detailed information about the cookies we use, see our Cookies Policy
17
Accept All Cookies

Você também pode gostar