Você está na página 1de 69

Grécia Antiga

Grécia Antiga é a época da história grega que se estende do século XX ao século IV a.C.
Quando falamos em Grécia Antiga não estamos nos referindo a um país unificado e sim num
conjunto de cidades que compartilhavam a língua, costumes e algumas leis.

Muitas delas eram até inimigas entre si como foi o caso de Atenas e Esparta.

Mapa da Grécia Antiga


Política
No Período Clássico, os gregos procuraram cultivar a beleza e a virtude desenvolvendo as artes
da música, pintura, arquitetura, escultura etc.

Com isso, acreditavam que os cidadãos seriam capazes de contribuir para o bem-comum. Estava
lançada, assim, a democracia.

A democracia era o governo exercido pelo povo, ao contrário dos impérios que eram liderados
por dirigentes que eram considerados deuses, como foi o caso do Egito dos Faraós.

A democracia desenvolveu-se principalmente em Atenas, onde os homens livres tinham


oportunidade de discutir questões políticas em praça pública.

Sociedade
Cada polis tinha sua própria organização social e algumas, como Atenas, admitiam a escravidão,
por dívida ou guerras. Por sua vez, Esparta, tinha poucos escravos, mas possuíam os servos
estatais, que pertenciam ao governo espartano.

Ambas as cidades tinham uma oligarquia rural que os governava.

Também em Atenas verificamos a figura dos estrangeiros chamados metecos. Só era cidadão
quem nascia na cidade e por isso, os estrangeiros não podiam participar das decisões políticas
da polis.

1
Economia
A economia grega se baseava em produtos artesanais, na agricultura e no comércio.

Os gregos faziam produtos em coro, metal e tecidos. Estes davam muito trabalho, pois todas as
etapas de produção - desde a fiação até o tingimento - eram demoradas.

Os cultivos estavam dedicados às vinhas, oliveiras e trigo. A isto somavam-se à criação de


animais de pequeno porte.

O comércio ocorria entre as cidades gregas, nas margens do Mediterrâneo e afetava toda
sociedade grega. Para realizar as trocas comerciais se usava a moeda "dracma".

Havia tanto o pequeno comércio do agricultor, que levava sua colheita ao mercado local, quanto
o grande comerciante, que possuía barcos que faziam toda rota do Mediterrâneo.

Religião

Templo Partenon, dedicado à deusa Atenas, protetora da cidade de mesmo nome


A religião da Grécia Antiga era politeísta. Ao receber a influência de vários povos, os gregos
foram adotando deuses de outros lugares até constituir o panteão de deuses, ninfas,
semideuses e heróis que eram cultuados tanto em casa como publicamente.

As histórias dos deuses serviam de ensinamento moral à sociedade, e para justificar atos de
guerra e de paz. Os deuses também interferiam na vida cotidiana e, praticamente, havia uma
deidade para cada função.

Se um grego tivesse uma dúvida em relação a qual atitude tomar, poderia consultar o oráculo
de Delfos. Ali, uma pitonisa entraria em transe a fim de tomar contato com os deuses e
responderia à questão. Como essa era dada de forma enigmática, um sacerdote se encarregaria
de interpretá-la ao cliente.

2
Cultura
A cultura grega está intimamente ligada à religião, pois a literatura, a música e o teatro contavam
os feitos dos heróis e de sua relação com os deuses que viviam no Olimpo.

As peças teatrais eram muito populares e todas as cidades tinham seu espaço cênico (chamado
orquestra) onde eram encenadas as tragédias e comédias.

A música era importante para alegrar banquetes civis e acompanhar atos religiosos. Os
principais instrumentos eram a flauta, tambores e harpas. Esta última era utilizada para ajudar
os poetas a recitarem suas obras.

Igualmente, os esportes faziam parte do cotidiano grego. Por isso, para celebrar a aliança entre
as diferentes polis, organizavam-se competições nos tempos de paz.

A primeira delas foi realizada em 776 a.C, na cidade de Olímpia e daí seria conhecida como Jogos
Olímpicos, ou simplesmente, Olimpíadas.

Naquela época, só os homens livres que soubessem falar grego poderiam tomar parte na
competição.

Resumo da história da Grécia Antiga


A história da Grécia Antiga está dividida em quatro períodos:
• Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.)
• Homérico (séculos XII - VIII a.C.)
• Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)
• Clássico (séculos V - IV a.C.)
Período Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.)
O primeiro período de formação da Grécia é chamado de pré-homérico.

A Grécia antiga se formou da miscigenação dos povos Indo-Europeus ou arianos (aqueus, jônios,
eólios, dórios). Eles migraram para a região situada no sul da península Balcânica, entre os mares
Jônico, Mediterrâneo e Egeu.

Acredita-se que por volta de 2000 a.C. chegaram os aqueus, que viviam num regime de
comunidade primitiva.

Depois de estabelecerem contato com os cretenses, de quem adotaram a escrita, se


desenvolveram, construíram palácios e cidades fortificadas.

Organizaram-se em vários reinos liderados pela cidade de Micenas e daí o nome Civilização
Aqueia de Micenas. Depois de aniquilarem a civilização cretense, dominaram várias ilhas do Mar
Egeu e destruíram Troia, cidade rival.

Porém, no século XII a.C., a civilização micênica foi destruída pelos dórios, que impuseram um
violento domínio sobre toda a região, arrasaram as cidades da Hélade e provocaram a dispersão
da população, o que favoreceu a formação de várias colônias. Este fato é conhecido como a 1ª
diáspora grega.

Veja também: Período Pré-Homérico


Período Homérico (séculos XII - VIII a.C.)
As invasões dóricas provocaram um retrocesso das relações sociais e comerciais entre os gregos.

3
Em algumas regiões surgiram o genos – comunidade formada por numerosas famílias,
descendentes de um mesmo ancestral. Nessas comunidades, os bens eram comuns a todos, o
trabalho era coletivo, criavam gado e cultivavam a terra.

Tudo era dividido entre eles, que dependiam das ordens do chefe comunitário, chamado Pater,
que exercia funções religiosas, administrativas e jurídicas.

Com o aumento da população e o desequilíbrio entre a população e o consumo,


os genos começaram a desagregar.

Muitos começaram a deixar o genos e procurar melhores condições de sobrevivência, iniciando


o movimento colonizador por boa parte do Mediterrâneo. Esse movimento que marca a
desintegração do sistema gentílico é chamado de 2ª diáspora grega.

O processo resultou na fundação de diversas colônias, entre elas:

• Bizâncio, mais tarde Constantinopla, e atual Istambul;


• Marselha e Nice, hoje na França;
• Nápoles, Tarento, Síbaris, Crotona e Siracusa, conhecidas em conjunto como Magna Grécia, no
sul da atual Itália e na Sicília.
Veja também: Período Homérico
Período Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)
O Período Arcaico se inicia com a decadência da comunidade gentílica. Nesse momento, os
aristocratas resolvem se unir criando as frátrias (irmandades formadas por indivíduos de vários
genos).

Estas se uniram formando tribos que construíram, em terrenos elevados, cidades fortificadas
denominadas acrópoles. Estavam nascendo as cidades – Estados (pólis) gregas.

Atenas e Esparta serviram de modelo para as demais polis grega. Esparta era uma cidade
aristocrática, fechada às influências estrangeiras e uma cidade agrária.

Os espartanos valorizavam a autoridade, a ordem e a disciplina e assim, tornou-se um Estado


militarista, onde não houve espaço para a realização intelectual.

Por sua vez, Atenas dominou durante muito tempo o comércio entre gregos e, em sua evolução
política, conheceu várias formas de governo: monarquia, oligarquia, tirania e democracia.
Atenas simbolizou o esplendor cultural da Grécia Antiga.

Grandes Navegações
Grandes Navegações é o nome que se deu para as expedições de exploração do oceano que
aconteceram a partir do século XV. Portugal foi o país que se lançou pioneiramente nessa
empreitada, e a conquista de Ceuta, em 1415, é considerada o início das navegações
portuguesas. No caso espanhol, o grande feito foi a expedição que chegou à América, em 1492.

Quem liderou as Grandes Navegações?

4
A caravela foi uma das grandes inovações que contribuíram para o sucesso das Grandes
Navegações.
As Grandes Navegações iniciaram-se no século XV e estenderam-se ao longo do século seguinte,
com progressiva exploração do oceano. Essas navegações marítimas só foram possíveis porque,
no século XV, havia um acúmulo de conhecimento náutico e novas tecnologias haviam
aprimorado o ofício da navegação.

Portugal é considerado o país pioneiro nessa exploração do oceano Atlântico por uma série de
fatores que envolvem economia, política, geografia e até mesmo a própria sociedade
portuguesa. Isso possibilitou que Portugal explorasse o Atlântico, descobrindo novas rotas e
estabelecendo novas relações comerciais.

Primeiramente, Portugal tinha estabilidade política desde o final do século XIV. Isso foi resultado
da Revolução de Avis, um conflito que aconteceu entre 1383 e 1385 e que foi responsável pela
ascensão da dinastia de Avis ao trono português. Esse acontecimento conseguiu estabilizar a
política portuguesa, permitindo que o país incentivasse o seu desenvolvimento econômico.

Outro fator importante era que Portugal tinha seu território já consolidado, isto é, não estava
em litígios territoriais, como era o caso da Espanha, que, ainda no século XV, travava conflitos
com os mouros no sul da Península Ibérica. A consolidação do território português remonta ao
século XIII, quando os mouros foram derrotados na região do Algarve.

Economicamente, Portugal era um importante centro que recebia comerciantes de diversas


partes da Europa. A cidade de Lisboa, inclusive, era o grande centro de comércio de Portugal,
principalmente porque comerciantes genoveses tinham investido para que o comércio lisboeta
se desenvolvesse. Com as explorações, a economia portuguesa buscava obter, principalmente,
especiarias e ouro.

Na questão geográfica, podemos mencionar que todo o litoral português era voltado para o
oceano Atlântico e a posição geográfica do país colocava-o próximo de correntes marítimas

5
importantes, tornando a navegação mais fácil. Por fim, na questão social, a exploração atlântica
era incentivada por todo o país e era entendida como oportunidade de prosperar
financeiramente por diferentes camadas daquela sociedade.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Navegações portuguesas

Em 1500, a expedição de Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil para investigar as


possibilidades que os portugueses teriam na América.[1]
Considera-se que o as grandes navegações portuguesas foram iniciadas em 1415, quando os
portugueses, durante o reinado de d. João I, conquistaram Ceuta, no norte do continente
africano. A conquista de Ceuta era parte dos interesses portugueses, que queriam alcançar o
ouro árabe e também manter contato com o reino mítico de Preste João, a fim de guerrear
contra os muçulmanos.

Depois de Ceuta, uma série de outras expedições oceânicas foram realizadas, e a prioridade
portuguesa foi a de explorar a costa do continente africano. Isso porque os portugueses
desejavam encontrar, por meio da costa africana, uma rota que os permitisse alcançar as Índias.
Esse desejo foi reforçado em 1453, quando Constantinopla foi conquistada pelos otomanos e o
acesso às especiarias ficou limitado.

As especiarias eram mercadorias importantes na Europa porque ajudavam na conservação dos


alimentos e melhoravam o gosto, sobretudo, das carnes. Também eram utilizadas na elaboração
de cosméticos e na produção de medicamentos e eram uma mercadoria de altíssima
lucratividade.

6
Durante as expedições que exploravam a costa africana, os portugueses chegaram a locais onde
nunca haviam estado. Em 1420, chegaram a Madeira; em 1427, a Açores; em 1460, às ilhas de
Cabo Verde; e, em 1471, chegaram a São Tomé. No entanto, não apenas de “descobertas” de
locais foram feitas as Grandes Navegações.

Em 1434, um marco importante aconteceu: o contorno do Cabo do Bojador. Esse cabo fica
atualmente próximo do litoral da Saara Ocidental e é marcado por uma série de corais
pontiagudos e por bancos de areia e locais de baixa profundidade. O lugar era alvo de muitas
lendas justamente porque muitos navios desapareciam nele ou simplesmente não conseguiam
atravessá-lo.

Muitos portugueses acreditavam que o Cabo do Bojador era um dos limites do mundo e, por
isso, era impossível ultrapassá-lo, mas o navegante Gil Eanes conseguiu tal feito. Poucos anos
depois, os portugueses começaram a usar uma embarcação que se tornou mais apropriada para
a navegação marítima: a caravela. A caravela era mais eficiente em situações em que o vento
soprava contra e foi a principal embarcação portuguesa até o século XVII.

Idade Média
A Idade Média é o período da história geral que se inicia no século V, logo após a queda do
Império Romano do Ocidente, e termina no século XV, com a conquista de Constantinopla
pelo Império Turco-Otomano. Foi um período marcado pela síntese da herança romana com a
cultura dos povos bárbaros que invadiram o Império Romano.

A Igreja Católica tornou-se uma instituição poderosa e influente não apenas na religião, mas
também na sociedade medieval. A invasão bárbara provocou a fuga da cidade em direção ao
campo. A Europa ocidental ruralizava-se, e a riqueza era a terra. A agricultura tornou-se a
principal atividade econômica, e a produção dos feudos era para o próprio sustento.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)


A partir do século XIII, por conta dos renascimentos comercial e urbano, o mundo medieval
começou a entrar em crise. A centralização do poder nas mãos dos reis derrotou os senhores
feudais, pacificou as revoltas servis e abriu as portas da Europa para a Idade Moderna.

Leia também: Revolução Francesa – marco inaugural da Idade Contemporânea

Por que o nome “Idade Média”?

Durante muito tempo, o termo “Idade Média” foi muito discutido na historiografia. Os
estudiosos modernos, do século XV em diante, fervorosos defensores do pensamento racional
e grandes admiradores da cultura greco-romana, fizeram uma análise sobre o período que se
encerrara.

Desde a queda do Império Romano do Ocidente até o século XV, cunhou-se Idade Média como
um termo pejorativo, como se fosse um intervalo entre a Antiguidade Clássica, ou seja, os
tempos áureos da Grécia e Roma Antiga, e a Idade Moderna, período de resgate da cultura
humanística idealizada pelos primeiros filósofos gregos e concretizada pelos romanos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)


Por conta desse sentido pejorativo, chamou-se também a Idade Média de “Idade das Trevas”.
Além de ser um intervalo, o período medieval era tido como obscuro, tomado pelas crenças

7
ditadas pela Igreja Católica, que desprezava o pensamento racional, e que não teve produções
intelectuais de relevo.

No entanto, o termo Idade das Trevas já não é mais utilizado pela historiografia. Reconhece-se
hoje a vasta produção cultural da época medieval, a importância da filosofia medieval para o
conhecimento humano e a importância dos livros e documentos da Antiguidade Clássica terem
sido preservados da destruição ao serem guardados nos mosteiros.

Era no castelo, principal construção dos feudos, que vivia a nobreza durante a Idade Média. [1]
Características da Idade Média
Como a Idade Média é um período extenso da história geral, convencionou-se dividi-la em dois
momentos:

• Alta Idade Média (séc. V ao século X)

• Baixa Idade Média (séc. X ao século XV)

É importante ressaltar que esses momentos não estão separados, mas um complementa o
outro.

• Alta Idade Média

O período da Alta Idade Média corresponde à formação da Europa medieval até o seu apogeu,
no século X. O Império Romano do Ocidente acabou no século IV, e o imenso território
conquistado pelos romanos pertencia então aos povos bárbaros. O termo “bárbaro” era como
os romanos chamavam os povos que não faziam parte do seu império, que estavam fora dos
limites romanos, ou seja, eram aqueles que não compartilhavam do mesmo costume romano,
que não tinham a cidadania romana.

8
A Alta Idade Média constituiu-se pela junção da herança romana com os costumes dos povos
bárbaros. A invasão bárbara alcançou a cidade de Roma, que foi saqueada diversas vezes. O
temor dessas invasões fez com que os habitantes das cidades buscassem refúgio e trabalho no
campo. Ocorreu o que chamamos de ruralização da Europa.

Os reinos germânicos adaptaram seus costumes aos os dos romanos. A Igreja Católica aliou-
se aos reis e tornou-se a grande ponte entre o mundo germânico e o mundo romano. Os povos
bárbaros abandonaram suas antigas práticas religiosas e aderiram ao cristianismo. A fé
cristã expandiu-se pela Europa ocidental, reforçando o poder do papa. Foi no Império
Carolíngio, no século VII, que a Igreja conseguiu consolidar o seu domínio.

O imperador Carlos Magno conquistou uma grande quantidade de terras e doou algumas delas
à Igreja. Começava a formação dos Estados pontifícios, grandes quantidades de terra que
estavam sob o domínio do papa. Carlos Magno promoveu a distribuição de terras aos senhores
feudais exigindo em troca a sua fidelidade e seu auxílio em caso de guerra. Logo após a sua
morte, seus filhos não conseguiram manter a unidade do império, que acabou dissolvendo-
se. O poder foi descentralizado entre os senhores feudais.

A sociedade medieval era estamental, ou seja, não possibilitava a ascensão social. No topo da
pirâmide estava o clero, logo abaixo vinha a nobreza, e na base estavam os servos, os únicos que
trabalhavam e sustentavam as classes de cima. A agricultura tornou-se a principal atividade
econômica. Os servos trabalhavam na terra para o seu próprio sustento, de sua família e do seu
senhor.

Havia uma dinâmica ao lidar-se com a terra aproveitando-a ao máximo sem desgastá-la.
Enquanto uma parte da terra era utilizada para o cultivo, uma outra porção dela ficava em
repouso. Logo após a colheita, a terra trabalhada ficava em repouso e a outra era utilizada. Esse
era o sistema de rotação, que evitava o desgaste do solo.

A cultura da Alta Idade Média estava concentrada nos mosteiros. A produção da Antiguidade
Clássica foi guardada, e os monges copistas tinham a missão de copiar os textos antigos para
que não se perdessem com o tempo. O acesso às bibliotecas dos mosteiros era restrito e o
trabalho era manual. Para saber mais sobre esse primeiro período medieval, leia: Alta Idade
Média.

Carlos Magno foi imperador do Império Carolíngio e aproximou-se da Igreja Católica.

9
• Baixa Idade Média

O aumento populacional ocorrido a partir do ano 1000 foi motivado principalmente pela
diminuição significativa das guerras bárbaras. Por isso, chama-se esse ano de “O ano da paz de
Deus”. Esse aumento populacional provocou significativas mudanças na estrutura medieval e,
mais tarde, levou à sua crise, no século XV.

A forma de lidar com a terra modificou-se. A produção agrícola aumentou e passou-se a usar as
terras que ficavam em repouso. Dessa forma, o desgaste da terra não tardou a acontecer,
acarretando dificuldades na produção.

As cidades voltaram a ter movimentação mais intensa, pois o aumento populacional levou as
pessoas a saírem do campo e retornarem a elas. O comércio também voltou com atividade mais
intensa por meio da troca de mercadorias.

As Cruzadas começaram como movimento religioso, mas, com o passar do tempo,


transformaram-se em expedições comerciais ao trazer as especiarias orientais para a Europa
ocidental. Essa movimentação Ocidente–Oriente fez retomar as navegações pelo mar
Mediterrâneo, até então abandonadas por causa da ruralização da Europa e do domínio
islâmico. Gênova e Veneza enriqueceram com o comércio marítimo logo após fazerem um
acordo com os comerciantes islâmicos do Oriente.

As universidades promoveram mudanças na vida cultural da Idade Média. Surgidas no século


XIII, elas se tornaram locais de estudos e discussão livre de ideias. Os mosteiros começaram a
perder sua força cultural, que, desde o início do período medieval, era intensa. A moeda
circulando com mais intensidade pela Europa por causa da volta às atividades comerciais passou
a financiar a produção artística e intelectual.

A retomada do comércio fez surgir as feiras. Elas funcionavam ao redor dos feudos e
comercializavam os produtos vindos do Oriente. Outras feiras formavam-se às margens das
estradas para garantir a segurança das comitivas do comércio e a instalação de bancos para a
troca de moedas. Cidades como Champagne, na França, surgiram dessas feiras. Uma nova classe
social apareceu: a burguesia.

Essas transformações no mundo medieval começaram a fazer a estrutura social entrar em


crise. As bases da Idade Média foram afetadas. A agricultura perdia espaço para o comércio. O
campo esvaziava-se, e as cidades enchiam-se. As ideias que eram dominadas pela Igreja
circulavam livremente pelas universidades. A fé, que era o elemento norteador do pensamento
humano, perdia espaço para a razão. Se quiser saber mais detalhes sobre a parte final do período
medieval, acesse: Baixa Idade Média.

Feudalismo
O feudalismo é uma das principais características da Idade Média. Trata-se de um sistema
social, econômico e político que vigorou por todo período medieval. Nesse sistema, terras eram
concedidas por um suserano ao seu vassalo em troca de fidelidade e ajuda militar. Os senhores
feudais controlavam os feudos, e a mão de obra era servil. Os servos deveriam pagar impostos
e trabalhar para os senhores e o clero.

A atividade econômica feudal era a agricultura, e a produção atendia as demandas internas do


feudo. A Igreja Católica exercia grande influência dentro dos feudos, onde aconteciam as

10
cerimônias religiosas e os registros de nascimento, casamento e morte. O feudalismo entrou
em crise no século XIV, logo após as revoltas servis.

Veja também: Desenvolvimento da cidade medieval – uma das causas do fim do feudalismo

Crise do século XIV


A crise do século XIV pode ser resumida em três palavras:

• fome

• peste

• guerra

A fome foi resultado da escassez de alimentos provocada pela redução da produção agrícola por
causa de intemperes naturais.

A Peste Negra foi uma doença que matou milhões de pessoas e espalhou-se rapidamente pela
Europa. Vinda do Oriente, essa peste foi beneficiada pela ausência de higiene dos medievais.
Com o alto número de mortos, começou a faltar mão de obra para o trabalho no campo. Os
poucos servos que ainda trabalhavam nos feudos tiveram que trabalhar mais. Isso gerou
uma revolta servil que abalou a estrutura feudal. As guerras entre os reinos europeus e as
revoltas servis foram derrotadas pelos reis, que passaram de simples chefes militares a
governantes dos reinos.

Fim da Idade Média


As mudanças da Baixa Idade Média levaram a Europa ocidental à crise. A centralização do poder
nas mãos dos reis reduziu os poderes locais, que estavam sob o comando dos senhores feudais.
Além disso, os reis questionavam a influência do poder do papa nas decisões políticas. Esses
poderes reais deram início à formação dos estados nacionais, decretando-se o fim da Idade
Média e o início da Idade Moderna.

Superar o Cabo da Boa Esperança, em 1488, permitiu com que Portugal estabelecesse uma
rota marítima até as Índias.[2]

11
Durante o reinado de d. João II, um novo feito importante aconteceu: o Cabo da Boa Esperança,
no sul da África, foi superado pelo navegante Bartolomeu Dias, em 1488. Essa expedição
permitiu que as embarcações portuguesas conseguissem superar as águas agitadas desse cabo
e deu possibilidade para que uma rota entre Portugal e as Índias fosse estabelecida.

O feito de Bartolomeu Dias permitiu que o navegante Vasco da Gama descobrisse um caminho
por mar que ligava Portugal às Índias. A viagem de Vasco da Gama foi realizada entre 1497 e
1498, portanto, durante o reinado de d. Manuel I. Outro grande feito português foi montar a
expedição que chegou ao Brasil em 1500. Essa foi a expedição de Pedro Álvares Cabral, que
chegou aqui em 22 de abril de 1500. Caso queira saber mais sobre esse momento de pioneirismo
português, leia: Expansão marítima portuguesa.

Navegações espanholas - chegada à América


Não somente os portugueses realizaram grandes feitos durante as Grandes Navegações. É
creditado aos espanhóis o feito de terem organizado a expedição que trouxe os europeus ao
continente americano pela primeira vez, desde que exploradores vikings estiveram na América
do Norte, entre os séculos X e XI.

Durante grande parte do século XV, a Espanha enfrentava questões que não a permitiram
lançar-se antes na exploração atlântica. Houve guerras dinásticas e conflitos contra os mouros
em Granada, no sul da Península Ibérica. Além disso, a unificação territorial espanhola começou
a esboçar-se com a união de dois reinos: Castela e Aragão. A expulsão dos mouros também fez
parte dessa unificação territorial.

Os reis Isabel de Castela e Fernando de Aragão foram convencidos a financiar a expedição de


um genovês que dizia ser possível alcançar a Ásia pelo oeste. Esse era Cristóvão Colombo.
A expedição de Colombo tinha três embarcações, que chegaram ao arquipélago das
Bahamas em 12 de outubro de 1492.

A ilha a que Colombo chegou era chamada pelos nativos de Guanahani, mas ele a nomeou San
Salvador. Colombo morreu em 1506 e não foi convencido de que tinha chegado a um novo
continente. Ele sempre acreditou ter chegado a alguma parte da Ásia.

Acesse também: Você sabe como os espanhóis derrotaram os incas?

Consequências das Grandes Navegações

Muitos historiadores entendem que as Grandes Navegações foram um acontecimento marcante


para a história da humanidade. Alguns deles consideram a chegada à América, em 1492, como
um evento responsável por consolidar o fim da Idade Média e dar início à modernidade —
entendida como um período histórico e como um conceito relacionado com o desenvolvimento
de uma nova visão de mundo na sociedade ocidental.

As Grandes Navegações ainda contribuíram para o desenvolvimento da colonização, reforçando,


em certa medida, a política monetária na Europa e contribuindo para o desenvolvimento
do capitalismo no longo prazo. Portugal e Espanha consolidaram-se como dois grandes impérios
ultramarinos.

12
Península Ibérica
A Península Ibérica ocupa o sudoeste da Europa e ali estão a Espanha, Portugal, o principado de
Andorra e Gibraltar, um território ultramarino do Reino Unido.
É a terceira maior península da Europa, ficando atrás da península italiana e dos Balcãs.

Também é a mais ocidental das penínsulas europeias e se aproxima da África em sua ponta sul,
separada somente pelo Estreito de Gibraltar.

Os principais rios que banham a Península Ibérica são: Minho, Douro, Tejo, Guadalquivir e
Guardiana, que desaguam no Oceano Atlântico; Ebro e Júcar, que desaguam no Mar
Mediterrâneo.

O rio Tejo é o mais longo da Península Ibérica e flui para o Douro em direção a Portugal. Já o
Guardiana inclina para o sul e forma a fronteira entre a Espanha e Portugal. Os rios peninsulares
sofrem influência do índice pluviométrico, ficando mais ou menos cheios conforme o regime de
chuvas.

Geologia
A formação geológica da península ocorreu no período Ediacaran. No núcleo da península é
encontrado o Maciço Ibérico, delimitado por faixas e dobras das montanhas dos Pirineus e pelas
cadeias do cinto dos Alpes.

Clima
Há dois tipos de clima a dominar a Península Ibérica, o clima oceânico e o clima mediterrâneo.
A maior porção dos territórios de Portugal e Espanha está sob a influência do clima
mediterrâneo. Parte da Espanha central sofre as influências de climas semi-áridos.

As quatro estações do ano são bem divididas e existem diferenças climáticas conforme a
variação de relevo, proximidade com o mar e predomínio de ventos.

No Norte e Nordeste, devido à alta umidade e elevada precipitação, há temperaturas suaves no


Inverno e no Verão.

No interior peninsular há pouca precipitação, resultando em elevada amplitude de temperatura,


com invernos bastante frios e verões muito quentes.

13
Ao Sul, onde há pouca precipitação, os invernos também são suaves e os verões quentes.

No interior da Espanha são encontradas as temperaturas mais elevadas da Europa, com médias
de temperaturas que chegam a 37º C em julho.

Vegetação
A vegetação é dividida em ibéria úmida e ibéria seca. Na parte denominada ibéria úmida são
encontradas florestas com folhas caduca, pinheiros e prados.

Já a parte denominada ibéria seca é caracterizada por florestas com arbustos, predominando
cactos e palmeiras.

Saiba mais sobre a Vegetação Mediterrânea.

História
A ocupação humana da Península Ibérica teria começado no período geológico Ediacaran e era
marcada por pequenas comunidades que dividiam abrigo, alimento e protegiam-se do perigo.
Eram usadas grutas e as vestimentas eram confeccionadas com peles de animais.

As comunidades viviam de pesca, caça e recolha de alimentos. Eram nômades e, quando a


capacidade de oferta de recursos dos locais ocupado se esgotava, migravam em busca de
alimento e abrigo.

As evidências arqueológicas desse período são encontradas em gravuras em cavernas adornadas


com pintura rupestre.

Há cerca de 10 mil anos, com o aumento da temperatura da Terra, os habitantes começaram a


desenvolver a agricultura, domesticar animais e passaram a ser sedentários.

Surgem, assim, os primeiros povoados e o desenvolvimento de técnicas de cestaria, tecelagem


e cerâmica.

Também são desenvolvidos instrumentos para tratar a terra, como a enxada e o arado de
madeira.

Os primeiros povos eram oriundos de celtas e iberos. Há cerca de 2,5 mil anos, descendentes
desses dois povos ocuparam a Península Ibérica.

Os celtas descendiam de povos guerreiros da Europa central. De elevada estatura, tinham olhos
e cabelos claros. Fixaram, principalmente, ao Norte e Oeste da península.

Já os iberos, morenos e de estatura média, permaneceram ao Sul e Leste. Conheciam o cobre o


bronze e, por parte dos celtas, conheceram o ouro e o ferro.

Por meio do contato comercial com os povos do mediterrâneo, os habitantes da Península


Ibérica conheceram técnicas de conservação de alimentos, a moeda grega e o alfabeto fenício.

Influência dos Romanos


A Península Ibérica foi conquistada pelos romanos no século III a.C. que, desta maneira,
conseguiram dominar o comércio do Mar Mediterrâneo.

O poderoso e organizado exército romano não enfrentou resistência por parte dos povos
peninsulares. O destaque ficou por conta dos lusitanos, que não tiveram sucesso e os romanos
permaneceram por cerca de 700 anos na península.

14
Entre as influências romanas na Península Ibérica estão:
• Na sociedade: desenvolvimento do comércio e uso da moeda;
• Na língua: uso do latim;
• Na indústria: tecelagem, técnica de salgar o peixe, desenvolvimento de olarias;
• Na agricultura: produção de azeite, trigo e vinho;
• Na arquitetura: construção de estradas, pontes, teatros, balneários públicos, monumentos,
templos, aquedutos, uso de telhas;
• Na decoração: uso de telhas, jardins exteriores adornados com mosaicos.

Leia também sobre o Império Romano.

Mouros na Península Ibérica


Os mouros, muçulmanos que saíram do Norte da África, ocuparam a Península Ibérica em 711
como parte da expansão do islamismo. Pelo estreito de Gibraltar, o exército mouro venceu os
cristãos visigodos na batalha de Guadalete.

Foram dois anos até a conquista integral da península e até a reconquista, 800 anos depois.

Influência dos Mouros


• Na sociedade: pesquisas em matemática, astronomia, medicina e navegação;
• Na língua: o incremento do vocabulário em pelo menos 600 palavras, como açafrão, alcaide,
açúcar, açougue, alcateia, alcunha, azeite, azulejo, azimute;
• Na indústria: tapetes, carros e armas;
• Na agricultura: introduziram a laranja, o limão, a amêndoa, figueira, oliveira e os processos para
regar a planta, além do aproveitamento da água;
• Na arquitetura: palácios e mesquitas decorados com azulejos;
• Na decoração: uso da pintura branca em terraços e pátios interiores.
Reconquista da Península Ibérica
A reconquista as Península Ibérica ocorreu ao longo de 800 anos, num movimento que ficou
conhecido como Cruzadas Cristãs.

A primeira derrota muçulmana ocorreu em 711, em Guadalete. A partir daí, os cristãos visigodos
conseguiriam manter o território de Astúrias como um reino cristão.

Do reino de Astúrias surgiram os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão, que formariam os
territórios hoje conhecido como Espanha; e o condado Portucalense, que originou Portugal.

Complemente sua pesquisa lendo os artigos:

• Formação de Portugal
• Povos Bárbaros
• Formação das Monarquias Nacionais
• As Cruzadas
• América Espanhola
• Mouros
• Península Itálica

Romanos e Germânicos
O conceito de bárbaro surgiu entre os gregos como forma de referir-se a todos que falavam
idiomas diferentes do grego. Foi resultado da duplicação de uma onomatopeia usada

15
pelos gregos para imitar o som de idiomas estrangeiros. Com o tempo, adquiriu um tom
pejorativo e usado para diminuir a cultura alheia como se ela fosse selvagem, primitiva.

O termo foi assimilado pelos romanos, que passaram a utilizá-lo para desginar todos os povos
que não possuíam a cidadania romana nem partilhavam da cultura greco-romana. O exemplo
mais conhecido são os povos germânicos, que habitavam ao norte da Europa e que foram
fundamentais na desagregação romana.

Acesse também: Transformações que aconteceram na Europa durante a Alta Idade Média

Quando surgiram os bárbaros?

Os bárbaros eram aqueles que possuíam uma cultura diferente da dos gregos e romanos. Os
povos germânicos eram bárbaros para os romanos.
A ideia de povos bárbaros surgiu na Grécia Antiga, e o termo em questão derivou-se da
palavra barbaros, que, no idioma grego, foi identificada pela primeira vez na Ilíada, escrita
por Homero. A menção da palavra por Homero foi feita para referir-se aos cários, povo que
habitava a região da Ásia Menor e não falava o grego.

Esse termo era utilizado pelos gregos para referir-se a todos os povos estrangeiros, isto é, para
os não gregos. A barreira do idioma foi o primeiro critério utilizado para referir-se a quem era e
quem não era grego, mas, com o passar do tempo, o termo também passou a ser utilizado para
estabelecer-se uma diferenciação cultural.

A noção de bárbaro para os gregos poderia ter sentido negativo ou não, pois poderia ser utilizada
apenas como uma expressão para demonstrar o estranhamento linguístico. O sentido negativo
da palavra foi desenvolvido com o tempo, e considera-se que as Guerras Médicas foram um dos
fatores para isso.

O estrangeiro, além de ser aquele que falava um idioma diferente, passou a ser visto
como “inferior” por conta das diferenças culturais. Assim, aqueles que não possuíam os padrões
culturais gregos, nem possuíam as mesmas formas de organização social e política dos gregos,
começaram a ser taxados de maneira negativa.

A palavra barbaros foi formada pela repetição de onomatopeias, porque os gregos reproduziam
os demais idiomas utilizando-se da onomatopeia “bar bar bar”. A utilização da palavra como
diferenciação cultural tornou-se muito forte a partir do Período Helenístico, em que os gregos
perderam sua independência e foram conquistados pelos macedônios.

Assim, não mais independentes, os gregos reforçaram critérios, como vestimentas, costumes,
tradições, sistemas políticos etc., como forma de diferenciarem-se do outro, do estrangeiro.

16
Quando os romanos começaram a ter contato com os gregos, passaram também a utilizar-se do
termo e da noção de bárbaros.

Acesse também: Democracia, conceito político que surgiu em Atenas, na Grécia Antiga

Bárbaros para os romanos


Para os romanos, os bárbaros eram todos os que não possuíam a cidadania romana e que não
compartilhavam da cultura greco-romana. Por meio dos romanos, consolidou-se a ideia
pejorativa de que o bárbaro era aquele tido
por primitivo, incivilizado, inculto, selvagem, atrasado. Criou-se, assim, um forte preconceito
contra todo aquele que tivesse uma cultura diferente. Dentro da história romana, o melhor
exemplo para explorarmos a ideia de bárbaros foram os povos germânicos.

• Povos germânicos

Romanos e germânicos travaram muitas guerras. Esse monumento homenageia Armínio, líder
dos queruscos, que derrotou os romanos em 9 d.C.
Os germânicos ou germanos eram povos que habitavam o norte da Europa e mantiveram
contatos regulares com os romanos a partir do século II a.C. Os romanos definiam-nos como
bárbaros porque eles, apesar de muito influenciados pelos romanos, tinham uma cultura
bastante diferente da romana.

As tradições germânicas, as vestimentas, as crenças e os idiomas falados eram diferentes dos


praticados pelos romanos. Existiam, portanto, diversos fatores que demonstravam as diferenças
culturais entre os grupos. Uma observação importante é que os germânicos não eram um único
povo, mas diversos povos.

17
Os povos germânicos habitavam uma região chamada Germânia e foram definidos assim, pela
primeira vez, por Júlio Cesar, durante a guerra liderada por ele contra os gauleses. Ele utilizou o
termo germani para diferenciar cimbros e suevos (dois povos germânicos) dos
povos celtas (contra quem ele estava em guerra na Gália).

Havia certa proximidade cultural entre os germânicos, uma vez que se tratava de povos com
uma origem étnica em comum. Ainda assim, havia muita variedade cultural e linguística entre
os diversos povos germânicos que mantiveram contato com os romanos. Os germânicos
formavam confederações militares que aglutinavam cada povo.

A relação dos germânicos com os romanos passou por muita variação. Os contatos tornaram-se
muito frequentes a partir do século I d.C. e tiveram momentos de paz, mas também passaram
por muitos momentos de hostilidade. Um processo muito comum nessa relação foi o
da assimilação, quando os romanos passaram a aceitá-los em suas terras.

Resumidamente, os germânicos eram povos seminômades que sobreviviam da pecuária e


agricultura. Mantinham contatos comerciais com os romanos e organizavam-se
em tribos patriarcais lideradas por um chefe militar, em geral o guerreiro mais poderoso. Um
monge inglês chamado Beda, relatou, por exemplo, que os saxões tinham vários chefes militares
como líderes. Eles partilhavam o poder, e, nos tempos de guerra, um deles era escolhido por
sorteio para liderá-los|1|.

Os germânicos dominavam muitas técnicas, como a ourivesaria (fabricação de joias), apesar dos
relatos romanos indicarem que suas terras eram pobres de ouro. Eram povos que, apesar de
ótimos guerreiros, também sabiam viver em paz, e existem relatos que apontam que muitos
deles negociavam com os romanos para poderem viver pacificamente nas terras e sob as leis de
Roma. Alguns desses povos chegaram a elaborar leis a partir do século III d.C., com o objetivo
de resolver-se os conflitos e garantir-se a paz. Caso queira aprofundar-se no tema deste tópico,
leia: Povos germânicos.

18
Invasões bárbaras

Ruínas de construções visigóticas localizadas na Espanha.


A partir do século III d.C., o Império Romano entrou em crise. Essa decadência estendeu-se até
o século V e contou com elementos catastróficos causados pelas invasões bárbaras. Essas
invasões aconteceram quando os povos bárbaros (os povos germânicos e outros) começaram a
invadir as terras romanas.

Essas invasões foram, a princípio, pacíficas e negociadas, mas a fragilidade romana logo fez com
que elas se tornassem violentas. Os povos germânicos assimilados por Roma eram chamados
de federados, e muitos deles voltaram-se contra o domínio romano.

Um exemplo disso foram os visigodos, povo germânico que surgiu dos godos. No século IV, eles
negociaram com os imperadores de Roma e Constantinopla para que pudessem estabelecer-se
em terras romanas. Eles aceitariam as leis e a religião romana como demonstração de lealdade
e obediência.

Desentendimentos entre os romanos e os visigodos fizeram com que eles entrassem em guerra.
Com o passar do tempo, os visigodos abandonaram o local em que tinham se estabelecido (leste
europeu) e fixaram-se, séculos depois, na Península Ibérica (atual Espanha e Portugal). Os
visigodos foram um de dezenas de povos que decidiram migrar para as terras romanas.

Os motivos (nos quais acreditamos atualmente) que explicaram essas migrações


germânicas/bárbaras foram:

1. Procura por terras mais férteis;


2. Procura por terras com climas mais amenos;
3. Fuga de outros povos.

Um povo bárbaro que causava grande terror entre os germânicos eram os hunos.
Os hunos eram um povo da Ásia Central, classificados etnicamente como tártaros-mongóis.
Eles, assim como os germânicos, ficaram conhecidos como bárbaros. Os visigodos que acabamos

19
de citar fizeram um acordo com os romanos para fixar-se nas terras de Roma, no século IV,
porque temiam os hunos.

Os registros que os romanos fizeram dos hunos demonstram claramente que a noção de bárbaro
utilizada para referir-se a eles e a outros povos era carregada de preconceito e usada para os
comparar com povos rudes e violentos.

Um historiador romano do século IV, por exemplo, alegava que os hunos eram tão deformados
e feios que poderiam ser comparados com animais. Ele ainda se referiu aos costumes hunos
como rudes, e sugeriu que eles eram sujos e preguiçosos|2|. Esse relato demonstra que a visão
do romano em relação ao bárbaro ressaltava as diferenças como forma de desqualificá-lo.

A decadência romana fez com que suas terras ocidentais fossem ocupadas pelos germânicos. O
que, até o século V, era Império Romano do Ocidente deu espaço para uma série de reinos
formados por diferentes povos germânicos: os francos, visigodos, vândalos, burgúndios, saxões,
entre outros.

Modernismo

O modernismo foi uma tendência artístico-cultural ocorrida na primeira metade do século XX.

Se manifestou em diversos campos das artes, como a pintura, escultura, arquitetura, literatura,
dança e música.

No Brasil, a linguagem de maior destaque no movimento modernista foi a literária e, assim como
as demais, tinha como objetivo questionar e romper com tradições passadas.

Origem do modernismo e contexto histórico


O movimento moderno se iniciou na primeira década do século XX, a princípio na Europa,
chegando posteriormente ao Brasil por volta dos anos 20.

Impulsionados por um contexto histórico conturbado, onde grandes transformações estavam


em curso, os artistas e intelectuais modernos passaram a repensar a maneira de produzir arte e
literatura. Eles cada vez mais valorizavam um pensamento crítico.

Assim, o modernismo acontece em um cenário de conquistas tecnológicas, progresso da


indústria, aprofundamento do sistema capitalista e das desigualdades.

É nesse momento também que ocorrem grandes conflitos, como a Primeira Guerra Mundial, a
Revolução Russa e o surgimento de regimes totalitários.

Podemos dizer que a corrente modernista perdurou até os anos 50, após a Segunda Guerra
Mundial.

Caraterísticas do modernismo
As características que podemos notar no modernismo de maneira geral estão relacionadas à
ruptura com os modelos artísticos-literários vigentes e a busca por inovação.

Dessa forma, os modernistas passam a produzir obras transgressoras e com maior liberdade
criativa, sem seguir necessariamente regras e padrões.

20
Tanto na literatura como nas demais vertentes artísticas, podemos elencar como
particularidades das obras modernistas:

• Recusa aos moldes acadêmicos;


• Liberdade criativa e de expressão;
• Valorização da experimentação;
• Busca pela aproximação da linguagem popular;
• Espontaneidade e irreverência;
• Quebra de formalismos;
• Ironia e espírito cômico.
Modernismo no Brasil
No Brasil, o movimento modernista se consolidou com a Semana de Arte Moderna, ocorrida em
1922 no Theatro Municipal, em São Paulo. O evento contou com artistas de diversas áreas, com
representantes da literatura, pintura, música e dança.

Di Cavalcanti foi o artista que produziu o cartaz e o catálogo da Semana de Arte Moderna
A Semana de 22, como também é chamada, é considerada um marco da vertente no país,
entretanto, obras com características modernas já estavam sendo produzidas anteriormente. O
momento ficou conhecido como Primeira Fase do Modernismo brasileiro.

Os artistas buscavam inspiração na arte que acontecia na Europa (as chamadas vanguardas
europeias) para produzir trabalhos com caráter inovador e ao mesmo tempo nacional.

Também é importante destacar que a realidade brasileira nesse período impulsionou o


surgimento da arte e literatura moderna nacional.

O contexto social por aqui era bastante delicado, com a grande insatisfação popular por conta
da crescente alta dos preços, gerando manifestações e paralisações de trabalhadores.

Assim, a intelectualidade brasileira passa a criar trabalhos com o intuito de questionar os


tradicionalismos e propor uma nova visão de mundo, baseada na valorização de temas
cotidianos e nacionais.

21
A tela Abaporu, de Tarsila do Amaral, é um ícone do modernismo brasileiro
Modernismo literário brasileiro
O modernismo literário foi uma vertente bastante forte no Brasil, sendo que a Segunda Fase
modernista no país foi marcada pela produção da literatura, com destaque para a prosa e
poesia.

Os escritores passam a usar as palavras de maneira mais flexível, abusando de versos livres,
linguagem sarcástica e cômica e renúncia à métrica e à rima.

Alguns dos escritores de maior destaque no período são: Oswald de Andrade, Mario de Andrade,
Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Rachel de Queiroz.

A partir de 1945, surge um novo momento na literatura do país, com a Terceira Fase do
Modernismo, na qual os escritores buscavam integrar novamente recursos formais com

22
características intimistas, regionalistas e urbanas. Os representantes dessa fase são
considerados também como “neoparnasianos”.

Modernismo nas artes


Nas artes visuais, a tendência também se deu de maneira significativa, sobretudo na Europa. Lá
ocorreram as primeiras expressões modernas, e fazem parte delas:

• Expressionismo;
• Fauvismo;
• Cubismo;
• Abstracionismo;
• Futurismo;
• Dadaísmo;
• Surrealismo;
• Concretismo.

A dança (1910) é uma tela de Henri Matisse e faz parte do fauvismo


Essas vertentes tiveram em comum a busca pela inovação. Faziam isso por meio da
arbitrariedade no uso das cores, a deformação e geometrização das formas, a abstração das
figuras ou a busca pelo absurdo.

23
Missões Jesuítas
As missões jesuíticas começam nas primeiras décadas do século XVI, a partir da criação da
Companhia de Jesus, em 1534.

A Companhia de Jesus era uma ordem religiosa que tinha como objetivo a disseminação da
cultura e religião católica pelo mundo. Ela surgiu em resposta às reformas religiosas de Lutero,
que começou em 1517.

Assim, a Companhia de Jesus vai organizar e fomentar expedições de doutrinação religiosa


durante o século XVI até o XVIII, que são as missões jesuíticas. Essa missões estiveram presentes
na América e também na África.

Na América, as missões jesuíticas se iniciam por conta da denúncia de violência e abusos aos
nativos. O papa passa a defender a salvação espiritual desse povo através do Catolicismo, o que
leva ao aval das missões. Contudo, isso também serve como uma das justificativas da ocupação
e colonização dessas terras, já que com as missões jesuíticas será imposto todo um modo
cultural europeu nas tribos americanas.

No Brasil, as missões jesuíticas se iniciam em 1549, com o apoio do governador geral Tomé de
Souza. Assim, começam os primeiros jesuíticos brasileiras, com nomes conhecidos até hoje,
como os padres Manoel Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira.

Os padres possuíam treinamento militar, e isso era refletido nas rotinas rígidas de seus
acampamentos, na qual era demandada muita disciplina, como veremos no próximo tópico.

As missões acabaram após a expulsão dos jesuítas em 1759 pelo Marquês de Pombal, por conta
da sua influência e domínio da educação, além da sua autonomia própria, desvinculada do
Estado de Portugal.

As características do acampamento

Eram comandados por padres missionários;

Tinham caráter autoritário, exigindo disciplina dos indígenas com uso de punições físicas caso
as demandas não fossem cumpridas;

Seu objetivo principal era a catequização do índio, adaptando-o aos costumes religiosos, sociais
e culturais da Europa;

Os índios, além de exercerem as suas tarefas religiosas, precisavam exercer trabalhos de mão
de obra para sustentar o acampamento;

Dentro dos seus acampamentos, foram instituídos os primeiros projetos de educação que
moldaram a base das primeiras escolas brasileiras. A educação no Brasil começa com o
monopólio jesuíta e intrinsecamente ligada aos valores cristãos.

O negro e o índio

Diferentemente dos negros, os índios não eram amplamente escravizados. Isso se dava por
conta das filosofias trazidas pelas missões jesuíticas, pautadas nas ideias de São Tomás de
Aquino, na qual o negro encontraria sua salvação na servidão, o que justificaria o regime
escravocrata.

24
Já o índio, poderia ser salvo pelo Catolicismo. Isso era defendido por jesuítas, como o Padre
Antônio Vieira, que defendia essas ideias em seus sermões.

Mas não era apenas a filosofia religiosa a razão dessa prática. Havia um grande interesse
econômico no tráfico negreiro, que rendia muitos lucros para Portugal.

Por sua vez, o índio também foi escravizado durante a colonização brasileira, mas com menor
frequência, justamente por ser mal visto pela religião e por atrapalhar o tráfico negreiro. Em
certa medida, também houve a escravização do índio que era rebelde e não cedia aos costumes
dos acampamentos, durante os séculos XVI e XVII.

O índio acabava por ceder ao Catolicismo por conta da perda de sua força de resistência, pela
morte de seu povo em conflitos e por doenças trazidas da Europa (como sarampo, gripe e
varíola), além da escravização dos que se mostravam resistentes.

Ciclo do Ouro

O Ciclo do Ouro foi um período do século XVIII, em que a extração de ouro foi a atividade
econômica mais importante do Brasil.

No fim do século XVII, as exportações do açúcar, referentes ao ciclo da cana de açúcar teve uma
significativa queda, por causa da preferência que a Europa deu ao açúcar holandês, também de
boa qualidade, porém o preço era menor. A crise econômica que se estabeleceu no Brasil,
fez Portugal buscar novas alternativas como fonte de renda.

O garimpo é considerado uma forma predatória ao meio ambiente. (Foto: Flickr)

25
O Ciclo do Ouro e sua História

O ciclo do ouro teve início quando bandeirantes encontraram minas de ouro no estado de Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás. No século XVII, o bandeirante paulista Fernão Dias Paes
Leme (1608 – 1681) partiu do estado de São Paulo com seus adeptos, para
procurar prata e esmeraldas na região de Sabará – Minas Gerais.

Mas, somente no final do século XVII, foi revelado que no estado de Minas Gerais havia a
ocorrência de ouro. Já os diamantes, só vieram a ser descobertos na segunda década do século
XVIII.

O primeiro achado de ouro foi denominado de “ouro de aluvião”, que significa ter sido
encontrado nos vales dos rios. O ouro de aluvião foi encontrado no vale do rio Doce e do rio das
Mortes. Essa descoberta provocou uma grande migração para a região de Minas Gerais.

Durante décadas, Portugal explorou e canalizou os recursos provenientes do ciclo do ouro. A


metrópole sempre cobrava impostos altos sobre essa atividade, a exemplo do intitulado Quinto,
uma taxa de cerca de 20% em cima de todo ouro que era retirado das minas.

Havia outros impostos cobrados sobre o ouro extraído no Brasil, como a Derrama – uma quota
de cerca de 1.500 quilos de ouro anualmente, como meta a ser atingida pela colônia.
A Capitação era outro imposto que era pago pelo senhor, por cada escravo que trabalhava para
ele.

Mesmo com os altos impostos cobrados por Portugal, boa parte dos lucros derivados da
exploração dos minérios no ciclo do ouro, foram para a Inglaterra. Isso aconteceu por causa
da dependência econômica de Portugal com relação aos ingleses, tudo determinado
pelo Tratado de Methuen.

O ciclo do ouro atingiu o ápice, no decorrer do século XVIII, quando promoveu um crescimento
excepcional do fluxo de mercadorias e pessoas nas áreas exploradas, além de um
bom desenvolvimento econômico.

Muitas cidades surgiram e outras tantas cresceram durante o ciclo do ouro, além várias
atividades comerciais e construções de instituições diversas. As cidades mineiras
de Mariana, Tiradentes e Ouro Preto são exemplos disso.

O ciclo do ouro foi responsável pela transferência do centro comercial da região Nordeste, por
causa do ciclo da cana de açúcar, para a região sul e região Sudeste, por causa da exploração de
minérios.

Com objetivo de realizar a fiscalização das áreas de mineração, com mais firmeza, a capital
do Brasil Colônia foi transferida de Salvador – BA para o Rio de Janeiro – RJ. Atividades
econômicas como a agricultura e a pecuária também tiveram o desenvolvimento favorecido,
por conta de todo o processo de ocupação das terras das áreas ricas em minério.

O ouro foi ficando cada vez mais escasso, a partir da segunda metade do século XVIII, mas
mesmo assim, Portugal manteve a mesma cobrança de impostos sobre o metal precioso. Uma
justificativa para isso, foi o fato de Portugal ter sofrido um terremoto e necessitava de recursos
para se recuperar.

26
Com intuito de arrecadar mais impostos, Portugal decretou a “Derrama”, um imposto que
obrigava toda região aurífera (região extratora de ouro) a guardar cerca de uma tonelada e meia
de ouro anualmente e entregar para os portugueses.

A economia nacional tem uma relação estreita com a extração mineral. (Foto: Wikipédia)

As Revoltas do Ciclo do Ouro

Fatos como as cobranças de impostos exorbitantes, as punições e também a fiscalização intensa


da Coroa Portuguesa deixaram a população muito revoltada. Por isso, aconteceram vários
movimentos de rebelião, como:

Guerra dos Emboabas

A Guerra dos Emboabas aconteceu entre os anos de 1707 e 1709, no estado de Minas Gerais. A
principal causa do movimento, foi o embate entre os paulistas e os portugueses que brigavam
pelo direito de explorar o ouro na região das minas.

Os paulistas queriam ter mais direitos e benefícios sobre o ouro que tinham achado, por terem
sido os primeiros a descobrir as minas. Os portugueses então, chamados de forasteiros, queriam
o direito de exploração do ouro e chegaram a formar comunidades dentro da área já habitada
pelos paulistas.

27
Revolta de Felipe dos Santos

A Revolta de Felipe dos Santos foi um movimento que ficou conhecido também como Revolta
de Vila Rica e aconteceu no ano de 1720, em Vila Rica. A principal causa do evento, foi a
insatisfação da população, dos comerciantes e dos proprietários, por causa da rigidez na
fiscalização portuguesa, os impostos altos e as punições.

Inconfidência Mineira

A Inconfidência Mineira foi um movimento que ficou conhecido também como Conjuração
Mineira e aconteceu no ano de 1789, no estado de Minas Gerais. Foi considerado
um movimento separatista, pelo fato de ter a intenção clara de separar o Brasil de Portugal.

A principal causa da revolta, foi a cobrança excessiva dos impostos, principalmente a Derrama e
a proibição da instalação de fábricas no território do Brasil. Além de haver as ideias de liberdade
que o Iluminismo europeu pregava e conseguia afetar uma boa parcela da população e da elite
econômica do estado de Minas Gerais.

Conjuração Baiana

A Conjuração Baiana foi um movimento que ficou conhecido como Revolta dos Alfaiates e
recentemente também foi chamado de Revolta dos Búzios. Ela aconteceu no ano de 1798, na
então Capitania da Bahia, no Brasil Colônia.

Trata-se de um movimento separatista, de caráter emancipacionista, que almejava


a Proclamação da República, conseguiu obter uma maior participação do povo, além de
defender o fim da escravidão no Brasil.

A principal causa do movimento, foi a mudança da capital da colônia de Salvador para o Rio de
Janeiro, os altos impostos, a concentração de terras e as imposições de Portugal. O movimento
teve a influência da Independência dos Estados Unidos, da Revolução Francesa e do Haiti. Os
conjuradores foram estimulados pelos ideais iluministas de fraternidade, igualdade e liberdade.

Mesopotâmia
Mesopotâmia é uma palavra de origem grega que significa “terra entre rios”. Trata-se de uma
região desértica localizada entre os rios Tigre e Eufrates. Nos dias atuais, é território pertencente
ao Iraque. Por ter sido uma região de passagem, a Mesopotâmia foi ocupada por vários povos
de diferentes origens, como os sumérios, acádios e babilônicos.

Esses eram povos guerreiros, que expandiam seus domínios por toda a região. Os persas
derrotaram as últimas populações que ocuparam a Mesopotâmia em 539 a.C. Os legados
culturais dos povos mesopotâmicos são a arquitetura de seus palácios e templos e o estudo da
astronomia e geometria.

História da Mesopotâmia

O Crescente Fértil, onde se localizava a Mesopotâmia, é uma região que foi habitada por vários
povos da Antiguidade oriental. Geograficamente, o Crescente Fértil está localizado entre o Egito

28
e a Mesopotâmia e é caracterizado como uma região desértica (quente e seca), mas com rios
volumosos

Foi às margens desses rios que surgiram as primeiras civilizações do Oriente. A civilização egípcia
surgiu às margens do rio Nilo, e as civilizações da Mesopotâmia, às margens do Tigre e do
Eufrates. A proximidade desses últimos povos com os rios fez com que vários autores nos
denominassem como sociedades hidráulicas.

Tais rios saciavam a sede das pessoas, mas também serviam de meios de transporte. Além disso,
e o mais importante, as águas dos rios serviam para irrigar as plantações. Em suas vazantes, as
margens eram utilizadas para o plantio, pois o baixar das águas tornava o solo fértil. Quando os
rios subiam de volume, os povos da Antiguidade oriental construíam diques e represas para que
a água não faltasse durante os seus períodos de seca.

A religião teve um papel de destaque. Ao utilizarem a escrita, esses povos registravam os ritos
praticados em suas cerimônias religiosas. Eram povos politeístas, isto é, acreditavam em vários
deuses, e além disso não mediam esforços para construírem belos templos religiosos por meio
de refinadas técnicas arquitetônicas.

Os rios Eufrates e Tigres tiveram suas margens ocupadas por civilizações que se destacaram na
Mesopotâmia. [1]

Povos da Mesopotâmia

Sumérios

Os sumérios foram os primeiros povos a chegarem à Mesopotâmia e dominaram a região entre


3200 a.C. e 2800 a.C. Como estavam próximos dos rios, eles buscaram utilizar a água da melhor
forma, aperfeiçoando as técnicas de irrigação.

Os templos religiosos foram construídos de forma sofisticada, o que demonstra o apreço dos
sumérios pelas técnicas arquitetônicas. Eles também usaram a escrita cuneiforme (escrita em
forma de cunha e feita em tabletes de barro) para registrar os feitos dos seus soberanos e os
ritos religiosos. O excedente da produção agrícola era aproveitado no comércio com outros
povos, como os egípcios e indianos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Acadianos

Os acadianos derrotaram os sumérios e dominaram a Mesopotâmia por pouco tempo. O rei


Sargão I unificou os povos mesopotâmicos e ampliou o domínio acadiano por meio de um
exército ágil e preservando a cultura dos dominados. Os acadianos foram derrotados pelos
amoritas, mais conhecidos como babilônicos. Para saber mais sobre esses dois primeiros povos
que habitaram a Mesopotâmia, acesse: Sumérios e acádios.

Império Babilônico

O domínio babilônico iniciou-se por volta de 2000 a.C, e sua sede foi a cidade de Babilônia. Em
1728 a.C., Hamurabi assumiu o poder do império e criou um códio de leis, o Código de Hamurabi,
que era baseado na Lei do Talião, que dizia: “olho por olho, dente por dente”. Em outras

29
palavras, as punições eram determinadas proporcionalmente aos crimes cometidos. O domínio
babilônico durou até 1513 a.C., quando os hititas dominaram a região.

Assírios

Os assírios dominaram a região da Mesopotâmia até 1450 a.C. Esse controle foi conquistado por
meio da ação cruel do seu exército, que não poupava recursos sanguinários contra os povos
conquistados. Os assírios foram derrotados pelos caldeus em 612 a.C.

Segundo Império Babilônico

Os caldeus fundaram o Segundo Império Babilônico. Foi no reinado de Nabucodonosor que o


império viveu seu apogeu. Sua principal característica foi o desenvolvimento da arquitetura, o
que propiciou a construção de obras públicas até hoje recordadas pela sua suntuosidade e
beleza, como os Jardins Suspensos e a Torre de Babel. Nabucodonosor expandiu seu domínio e
conquistou a cidade de Jerusalém. Em 539 a.C., os persas, liderados por Ciro II, derrotaram os
babilônicos.

Os Jardins Suspensos da Babilônia são um exemplo do investimento de Nabucodonosor na


construção de grandes obras públicas.

Economia da Mesopotâmia

A economia dos povos que habitaram na Mesopotâmia baseava-se principalmente na


agricultura por causa dos rios que banham a região. As águas do Tigres e do Eufrates eram
usadas para irrigar a plantação bem como para transportar as colheitas. Os excedentes da
produção eram comercializados com outros povos. Além disso, o agropastoreio era uma
atividade econômica entre os povos babilônicos. Para conhecer mais detalhes da economia
desses povos, leia: Mesopotâmia – economia.

Sociedade da Mesopotâmia

A sociedade mesopotâmica era dividida em castas, ou seja, não era permitida a mobilidade
social. O soberano era o chefe político, militar e religioso e estava no topo da pirâmide social.
Abaixo dele estavam os sacerdotes, aristocratas e militares. A base piramidal, ou seja, quem
sustentava as demais castas, era composta de camponeses, que trabalhavam no plantio e na
colheita, e de escravos, que construíam as obras públicas e os templos.

Cultura da Mesopotâmia

A atividade cultural na Mesopotâmia foi intensa. Os mesopotâmicos desenvolveram o


conhecimento da astronomia para prever enchentes e vazantes dos rios bem como para práticas
religiosas. Os babilônicos dividiram o tempo em 24 horas e a hora em 60 minutos. A arquitetura
teve suas técnicas desenvolvidas por conta da construção de palácios, templos e torres.

Resumo

A Mesopotâmia era a região que fica entre os rios Tigres e Eufrates e onde se desenvolveram
importantes civilizações da Antiguidade oriental.

Política: os povos eram governados por um soberano, que acumulava as funções de chefe
político, militar e religioso.

Economia: agrícola, comercial e agropastoril.

30
Sociedade: dividida em castas

Cultura: astronômica, dedicada ao tempo e arquitetônica.

Colonização Inglesa_Francesa_Holandesa
A França, a Holanda e a Inglaterra atrasaram suas participações dentro do processo
expansionista europeu, onde por esse motivo esses 3 países estão incluídos dentro do quadro
das Navegações Tardias.

A colonização Francesa:

A França organizou as suas primeiras expedições marítimas no século XVI com a intenção de
atingir a América, e muitas dessas expedições realizavam ataque e saques sobre as possessões
portuguesas e espanholas. Em 1555, a tentativa dos franceses de instituir França Antártica no
Brasil foi fracassada. E entre os anos de 1534 e 1535 Jacques Cartier ocupou o território da foz
do Rio São Lourenço, na América do Norte, onde foi criada a colônia Nova França. Em 1608, foi
criada a Companhia Comercial Nova França que organizada e patrocinava várias expedições
francesas, e com isso Samuel Champlain começou a explorar terras do Canadá, fundando a
cidade de Quebec. Em 1642, os franceses ampliaram o seu campo de dominação fundando a
Montreal, e ocupando a região dos Grandes Lagos em 1673, e a partir daí atingiram a foz do
Mississipi de onde seguiram até chegar numa vasta região dos EUA onde atualmente localiza-se
o estado de Luisiana.

A colonização inglesa:

As primeiras expedições inglesas iniciadas no final do século XV foram fracassadas, somente no


ano de 1607 é que a situação foi superada quando a empresa privada London Company fundou
a colônia Virginia, no litoral atlântico dos Estados Unidos. Nessa mesma época, outra empresa
privada, a Plymouth Company, iniciou a ocupação da Nova Inglaterra. A partir daí, o processo de
colonização inglesa se fortaleceu, formando as treze colônias inglesas que deram origem aos
Estados Unidos. As treze colônias formaram-se na faixa atlântica dos Estados Unidos, ao Norte
e ao Centro estavam as colônias de povoamento, e ao Sul ficavam as colônias de exploração.

A colonização holandesa:

Em 1581, a Holanda, que até então era dominada pela Espanha, proclamou a sua independência.
Em 1602 surgiu a Companhia de Comércio das Índias Orientais, e em 1621 surgiu a Companhia
de Comércio das Índias Ocidentais, para resistir ás imposições espanholas. E a partir daí, os
holandeses iniciaram de fato os seus processos de expansão marítima.

No Oriente Médio, atingiram porções do Império luso-espanhol. Entre os anos de 1630 e 1654,
ocuparam as regiões da Bahia e Pernambuco no Brasil, tomando posse da produção açucareira
e dos lucros do tráfico negreiro. Em 1654, após as Batalhas de Guararapes os holandeses foram
obrigados a deixar o território brasileiro, e foram se instalar na Guiana e nas ilhas de Curaçao,
nas Antilhas, onde desenvolveram a produção açucareira. Na América do Norte, atingiram o vale
do Hudson, onde foi criada a colônia Nova Amsterdã, que eventualmente se tornaria a cidade
de Nova York.

União Ibérica e as Bandeiras

31
A União Ibérica foi a unificação dos reinos de Espanha e Portugal entre 1580 e 1640. Nesse
período, o reino português esteve sob domínio espanhol. Com a morte do rei Dom Sebastião,
que não tinha filhos, Portugal ficou sem rei. Alegando parentesco com Dom Sebastião, o rei
espanhol Filipe II invadiu o reino português e anexou-o à Espanha.

Essa unificação trouxe consequências para as colônias americanas, principalmente no Brasil. Os


holandeses eram inimigos dos espanhóis, de quem se separaram por causa da sua
independência, e aproveitaram a unificação das duas coroas para invadir o Nordeste brasileiro
e dominar as técnicas de produção açucareira.

"Causas da União Ibérica

As causas da União Ibérica estão relacionadas com a sucessão do trono português. O rei Dom
Sebastião morreu na Batalha de Alcácer-Quibir em 1578 e não deixou nenhum herdeiro. Dom
Henrique, tio-avô de Dom Sebastião, foi coroado o novo rei de Portugal, mas morreu dois anos
depois sem também deixar herdeiros. O rei da Espanha, Dom Filipe II, alegando parentesco com
o rei Dom Sebastião, assumiu o trono português, anexando Portugal ao território espanhol.

Representação da Península Ibérica, onde se localizavam os reinos de Portugal e Espanha. Os


dois reinos foram unificados sob a liderança da coroa espanhola.

Período da União Ibérica

A União Ibérica ocorreu de 1580 até 1640 e inseriu-se no contexto da exploração da América
por Portugal e Espanha. Desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, que
portugueses e espanhóis dividiram o continente americano para explorá-lo e atender às
demandas do mercado europeu. Os espanhóis enriqueciam com a exploração de metais
preciosos, enquanto os portugueses lucravam com a comercialização da cana-de-açúcar no
litoral brasileiro.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

União Ibérica e as invasões holandesas

Os conflitos entre Espanha e Holanda tiveram consequências no Brasil. Até a formação da União
Ibérica, os portugueses mantinham relações comerciais com os holandeses. Essa proximidade
foi rompida logo após Portugal ser anexado pela Espanha. A invasão holandesa no Brasil,
inclusive, foi uma das consequências da união dos reinos ibéricos.

A Holanda tinha como objetivo obter o controle da produção açucareira e do tráfico de escravos.
Para isso, foi criada a Companhia das Índias Ocidentais, que buscava ocupar os territórios
produtores de açúcar e controlar o comércio escravista. Essa companhia era financiada com
capital estatal e privado.

A invasão holandesa no Brasil ocorreu em dois momentos. Em 1624, os holandeses atacaram a


capital, Salvador, e conseguiram desembarcar na cidade. Porém, os invasores não conseguiram
avançar para o interior em decorrência da atuação dos “homens bons”, que conheciam a região
e utilizaram táticas de guerrilha, como a emboscada, para atacar os holandeses. Em maio do ano
seguinte, os holandeses foram expulsos de Salvador, o que não significou a derrota definitiva.
Em 1630, a Holanda iniciou uma nova invasão do Brasil. Os holandeses conseguiram o domínio
de Recife e Olinda, permanecendo na região até 1654.

Imagem de Frans Posts retratando Olinda. Maurício de Nassau trouxe um grupo de artistas e
naturalistas para estudar e desenhar o Brasil Holandês.

32
A presença holandesa no Brasil ficou marcada pela chegada de Maurício de Nassau a
Pernambuco. Ele foi o responsável por administrar o território holandês na América do Sul.
Nassau buscou se aproximar dos senhores de engenho por meio da concessão de empréstimos
para que a produção açucareira pudesse ser retomada.

Além disso, houve liberdade religiosa, o que motivou a vinda de judeus holandeses para o Brasil.
A cidade de Recife foi remodelada por meio da construção de pontes e canais, imitando o
traçado de Amsterdã. Nassau trouxe para Pernambuco um grupo de intelectuais para realizar
os primeiros estudos naturais do Brasil. Pintores como Frans Posts também vieram para o Recife
e fizeram os primeiros desenhos da vida colonial brasileira.

Maurício de Nassau ficou no Brasil até 1644, quando retornou para a Holanda após
desentendimentos com a Companhia das Índias Ocidentais. A saída de Nassau e a reconquista
portuguesa desencadearam os conflitos que levaram à expulsão definitiva dos holandeses do
Brasil.

Veja também: Inquisição no Brasil Colônia – perseguições aos judeus e protestantes da colônia

Ponte Maurício de Nassau em Recife. Nassau investiu em obras públicas, como a construção de
pontes e canais, tendo como modelo a cidade de Amsterdã.

Fim da União Ibérica

Em 1640, os portugueses restabeleceram a autonomia do seu reino, encerrando a união com a


Espanha. Começava a Dinastia dos Bragança com a coroação de Dom João IV como rei de
Portugal. Os dois imperadores que governaram o Brasil durante o período imperial, Dom Pedro
I e seu filho, Dom Pedro II, pertencem a essa dinastia.

Consequências da União Ibérica

Logo após o fim da União Ibérica e a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro, o comércio
de açúcar entrou em crise. A Holanda aprendeu as técnicas de cultivo da cana-de-açúcar e
passou a plantá-la nas Antilhas. Dessa forma, os holandeses tornaram-se fortes concorrentes do
açúcar produzido no Brasil.

Os portugueses não tinham condições financeiras de enfrentar a concorrência por causa da


guerra pela restauração do seu trono e também para a reconstrução dos engenhos destruídos
nos confrontos que resultaram no fim do domínio holandês no Brasil.

Outra consequência foi a formação de expedições para explorar o sertão brasileiro. Até o final
do século XVI, os colonos concentravam-se no litoral. A União Ibérica promoveu a suspensão do
Tratado de Tordesilhas e isso motivou a busca por metais preciosos. Após a expulsão dos
holandeses e a crise econômica que se seguiu, a coroa portuguesa investiu nessas expedições
pelo interior brasileiro. Começavam as entradas e as bandeiras.

Resumo sobre a União Ibérica

União Ibérica foi a união dos reinos português e espanhol de 1580 a 1640.

Conflitos entre espanhóis e holandeses.

Invasão Holandesa ao Brasil: Salvador (1624) e Pernambuco (1630). Os holandeses buscavam


obter o controle da produção açucareira e do comércio escravista.

33
Fim da União Ibérica e expulsão dos holandeses: restauração do reino português pela Dinastia
de Bragança e crise do açúcar (concorrência com a Holanda)."

A Sociedade Colonial Inglesa


Pensar em como viviam as famílias dos ingleses que vieram da Inglaterra e dos colonos nascidos
na América é um tanto complexo, pois, geralmente, a constituição de uma família era um
empreendimento difícil dentro de uma lógica de colonização de exploração.

A ideia de que todas as formas de colonização foram somente de exploração é um fato


recorrente e perpetuado entre vários estudiosos do assunto. Recentemente, novos estudos
ressaltaram a importância de analisarmos as colonizações ocorridas durante o processo das
Grandes Navegações Marítimas Europeias (séculos XV ao XVIII), dentro de uma perspectiva que
incluísse a colonização de povoamento.

Estudiosos apontam para a seguinte questão: todas as formas de colonização fundamentaram


suas ações e práticas na exploração e povoamento dos novos territórios conquistados. Dessa
maneira, devemos pensar a colonização europeia na América como colonização de exploração
e colonização de povoamento ao mesmo tempo: essas formas de colonização não existem
sozinhas, acontecem mutuamente e reciprocamente. Toda a colonização visa à ocupação do
território e à exploração dos recursos minerais e vegetais e, às vezes, humanos (escravidão dos
nativos) deste território.

Após alguns esclarecimentos, voltemos ao nosso objetivo: o cotidiano das famílias nas Treze
Colônias inglesas. Como essas famílias viviam? Como se alimentavam? Como se vestiam? Como
trabalhavam? Todas essas indagações serão nossos objetos de análise no presente texto.

As famílias constituídas nas Treze Colônias inglesas assemelhavam-se muito às famílias


europeias. Existia uma média de sete filhos em cada família, mas a mortalidade infantil com
menos de um ano de idade era altíssima – dos sete, menos da metade chegava a sobreviver. A
família colonial era patriarcal, o pai ou o marido era a principal autoridade da casa e nessas
famílias o trabalho era exercido por todos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

As mulheres geralmente trabalhavam dentro e fora de casa, produziam alimentos, roupas, velas,
entre outros, portanto, o papel social desempenhado pela mulher era extremamente
importante – a partir de suas mãos a família se vestia e comia. As mulheres das colônias, no
século XVIII, quase todas se casavam, era muito difícil uma mulher ficar solteira. Casavam-se a
partir dos 24 anos de idade, enquanto as mulheres europeias do século XVIII casavam-se bem
mais novas. As mulheres não tinham autonomia nas colônias, ficavam às sombras de seus
maridos ou pais. Uma mulher poderia se casar uma única vez. O divórcio existiu por um curto
tempo, mas posteriormente foi extinto.

No seio das famílias existia o resultado direto do matrimônio entre o homem e a mulher (marido
e esposa), que eram os filhos. Nas Treze Colônias inglesas, as crianças eram vestidas como
adultos a partir dos sete anos de idade, aprendiam a ler e a escrever e geralmente seguiam o
ofício dos pais. O principal trabalho exercido pelas crianças era em casa, lá exerciam vários
afazeres domésticos.

Principalmente nas Colônias do Norte, desenvolveu-se o comércio juntamente com as


atividades manufatureiras, entretanto a grande parte da população estava desempenhando o
trabalho no campo, ou seja, praticando a agricultura.

34
Grande parte da população das Treze Colônias inglesas era puritana (protestantes),
principalmente os colonos do norte. A população puritana quase sempre se vestia com roupas
com tons escuros e as mulheres não ostentavam joias e luxo. Era uma sociedade dedicada ao
trabalho, havia pouco tempo para as diversões. As reuniões festivas dos colonos aconteciam no
momento da construção de algum celeiro, ou seja, misturavam lazer ao trabalho. Uma das
principais características dos colonos ingleses foi a ética do trabalho.

Independência dos Estados Unidos


"A Independência dos Estados Unidos foi declarada no dia 4 de julho de 1776 e colocou fim ao
vínculo colonial que existia entre as Treze Colônias (nome pelo qual a região era conhecida nesse
período) e a Inglaterra. Com essa conquista, os Estados Unidos transformaram-se na primeira
nação do continente americano a ter sua independência.

A nova nação que surgiu foi construída em um modelo republicano e federalista e inspirada
pelos ideais iluministas que defendiam as liberdades individuais e o livre comércio, por exemplo.
De toda forma, a Independência dos EUA foi encabeçada pela elite colonial, insatisfeita com a
forma como a Inglaterra tratava os colonos.

A Independência dos EUA e o modelo de nação desenvolvido pelos norte-americanos no século


XVIII serviram de inspiração para outras nações do continente americano. A República
instaurada no Brasil, a partir de 1889, por exemplo, inspirou-se claramente no modelo norte-
americano.

"A Independência dos EUA foi resultado direto da divergência de interesses que existia entre a
metrópole (Inglaterra) e as Treze Colônias. Na segunda metade do século XVIII, a política da
Inglaterra em relação às Treze Colônias alterou-se drasticamente, e isso desagradou aos
colonos, motivando-os a rebelarem-se contra a Inglaterra.

O primeiro ponto relevante a ser abordado é que, durante o século XVII, a Inglaterra havia
deixado de ser uma monarquia absolutista, tornando-se uma monarquia parlamentar
constitucionalista, na qual a burguesia, por meio do Parlamento, controlava o país. Com o
advento da Revolução Industrial, essa burguesia tinha interesse na expansão da indústria e por
isso buscava novas fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.

As colônias da Inglaterra, naturalmente, foram enxergadas como “fontes para alimentar o


processo industrial inglês”, conforme definiu o historiador Leandro Karnal.|1| Além disso, ao
longo do século XVIII, a Inglaterra envolveu-se em uma série de conflitos que aumentaram o
peso dos impostos para os colonos.

Ao longo do século XVIII, a Inglaterra envolveu-se nas seguintes guerras: Guerra da Liga de
Augsburgo, Guerra da Secessão Espanhola, Guerra da “Orelha de Jenkins”, Guerra do Rei Jorge,
Guerra Franco-Índia e Guerra dos Sete Anos. A soma desses conflitos, para a Inglaterra, foi
positiva, pois esses contribuíram para enfraquecer a França na América e aumentaram as posses
territoriais dos ingleses.

Com a ocorrência de tantas guerras, a Inglaterra optou por manter um exército permanente nas
Treze Colônias, o que representava um custo de 400 mil libras anuais para os colonos.|2| Isso
aumentou o impacto financeiro para esse últimos, criando um desgaste na relação. Esse
desgaste foi ampliado quando o rei Jorge III proibiu os colonos de ocuparem as novas terras
conquistadas que ficavam entre os Montes Apalaches e o Rio Mississippi. A medida do rei visava
impedir que novos conflitos de colonos com indígenas acontecessem.

35
A reação entre colônia e metrópole realmente começou a ficar ruim quando a política da Coroa
inglesa, em relação a suas colônias, modificou-se. Até então, a colonização inglesa tinha sido
pautada pela autonomia das Treze Colônias e pela pouca interferência da Coroa nos assuntos
internos. Karnal estabelece que o ano de 1763 é o ponto de partida para a modificação dessa
postura. |3|

Essa transformação da política inglesa em relação às Treze Colônias (mediante todo o cenário
apresentado de necessidade de expansão industrial e aumento de gastos com as guerras e com
as tropas permanentes) concretizou-se, basicamente, em aumentos de impostos. A partir da
década de 1760, uma série de leis foi decretada, pela Inglaterra, com o objetivo de aumentar a
arrecadação das Treze Colônias.

Dentre essa série, podem ser destacadas:

Lei do Açúcar: aumentava os impostos sobre o açúcar e outros artigos, como vinho, café e seda;

Lei da Moeda: proibia a emissão de papéis de crédito nas Treze Colônias;

Lei do Selo: estipulava que em publicações como contratos, jornais e documentos públicos, em
geral, deveria constar um selo que era pago à Coroa;

Lei da Hospedagem: determinava que os colonos deveriam abrigar os soldados enviados pela
Coroa.

Atos Townshed: aumentava impostos sobre vidros, corantes e chá.

O impacto da maioria dessas leis sobre os colonos foi grande e gerou muita insatisfação. Muitos
colonos começaram a boicotar as mercadorias inglesas, e protestos aconteciam em diferentes
partes das Treze Colônias. Algumas leis, como a Lei do Selo, precisaram ser revogadas, tamanha
insatisfação que causaram.

O estopim para a revolta geral dos colonos aconteceu quando os ingleses decretaram a Lei do
Chá, que determinava que o chá nas Treze Colônias somente seria vendido pela Companhia das
Índias Orientais. A insatisfação com a lei levou 150 colonos, disfarçados de índios, a invadirem o
porto de Boston durante a madrugada, atacarem três navios e jogarem ao mar 340 caixas de
chá. |4| Esse acontecimento ficou conhecido como Festa do Chá de Boston.

A Festa do Chá de Boston foi uma demonstração da insatisfação dos colonos com a metrópole.
*

A rebeldia dos colonos resultou em medidas duras decretadas pela Inglaterra. As medidas
determinadas pela Coroa ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis. Entre as medidas das Leis
Intoleráveis, estão as seguintes:

O porto de Boston foi fechado até que os prejuízos fossem ressarcidos.

O direito de reuniões foi suspenso.

A colônia de Massachusetts foi ocupada por tropas britânicas.

Os colonos foram obrigados a abrigar e alimentar as tropas inglesas que dominaram a região.

As medidas deixaram claro para os colonos que havia uma grande divergência de interesses
entre colônia e metrópole. Assim, os colonos, que até então eram reticentes quanto à

36
possibilidade de separação, começaram a cogitar a independência. Essa ideia ainda era muito
tímida, e isso ficou claro quando foi organizado o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia.

Nesse congresso, os representantes das Treze Colônias (exceto da Geórgia) reuniram-se para
redigir um documento ao rei inglês declarando sua lealdade, mas protestando contra as medidas
determinadas pelas Leis Intoleráveis. A reação do rei, no entanto, motivou mais insatisfação,
pois foi determinado que o número de soldados na colônia aumentasse. Com essa medida, os
primeiros conflitos armados entre colonos e tropas inglesas aconteceram.

Declaração de Independência dos Estados Unidos

Local no qual foi realizado o Segundo Congresso Continental da Filadélfia. **

Em seguida, foi realizado o Segundo Congresso Continental da Filadélfia que, dessa vez, contou
com representantes de todas as colônias. Nesse congresso, os colonos chegaram à conclusão de
que não era mais possível manterem-se sob o domínio colonial inglês, uma vez que
consideravam que as ações da metrópole eram um desrespeito aos interesses dos colonos.
Desse congresso, elaborou-se a Declaração de Independência dos Estados Unidos, publicada no
dia 4 de julho de 1776.

Os colonos, reunidos no congresso, estabeleceram 27 causas que explicam a Declaração de


Independência, e os motivos pelos quais os colonos entendiam a situação são resumidos por
Leandro Karnal:

[…] as leis mercantilistas, as guerras que prejudicavam os interesses dos colonos, a existência de
tropas inglesas que os colonos deviam sustentar etc. A paciência dos colonos, sua calma e
ponderação são destacadas em oposição à posição intransigente e autoritária do rei da
Inglaterra, no caso, Jorge III.|5|

A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi escrita por Thomas Jefferson. Com a
independência, foi iniciada a Guerra de Independência, na qual os colonos lutaram, durante
cinco anos, contra as tropas inglesas.

Guerra de Independência dos Estados Unidos

A Guerra da Independência dos Estados Unidos estendeu-se durante cinco anos. Os colonos
defenderam sua independência por meio do Exército Continental, força criada logo após a
declaração. Após o rompimento com a colônia, desenvolveu-se nos Estados Unidos um
dispositivo legal que permitia aos cidadãos armarem-se. Essa ideia fez com que o porte de armas
nos Estados Unidos fosse incluído na Constituição do país.

Os ingleses enviaram uma série de comandantes importantes para liderarem suas tropas na
América. Além disso, contaram com muitos colonos traidores que lhes forneceram informações
importantes. Os colonos, por sua vez, uniram-se contra os ingleses motivados, principalmente,
pela violência com que eram tratados durante a guerra.

Nisso, franceses e espanhóis entraram no conflito fornecendo apoio vital aos americanos. Os
dois primeiros tinham interesses em enfraquecer os ingleses no continente americano e viram,
no apoio à Independência dos Estados Unidos, uma forma de atingi-los. A vitória final dos
colonos americanos aconteceu após a Batalha de Yorktown, que correu em 19 de outubro de
1781. Os ingleses reconheceram a Independência dos EUA, com a assinatura do Tratado de Paris,
em 1783.

Por que a França ajudou na Independência dos EUA?

37
O envolvimento francês na Guerra de Independência dos Estados Unidos aconteceu porque os
franceses tinham o interesse em enfraquecer os britânicos na América. Lembrando que, durante
o século XVIII, as duas nações haviam entrado em combate durante a Guerra dos Sete Anos, na
qual os franceses, derrotados, foram obrigados a ceder uma série de territórios.

A Guerra de Independência dos EUA era vista pelos franceses também como uma possibilidade
de recuperarem tais territórios perdidos. Com a derrota, os ingleses foram obrigados a devolver
Senegal, algumas ilhas no Atlântico e algumas terras na América, para os franceses.

Os espanhóis, que também lutaram ao lado dos colonos, receberam de volta Minorca, uma ilha
no Mediterrâneo, e territórios na Flórida.

Acesse também: Entenda a história do conflito que dividiu os Estados Unidos durante o século
XIX

Consequências

A Independência dos Estados Unidos também é conhecida como Revolução Americana. Desse
processo, as principais consequências que podem ser destacadas são:

Consolidação dos Estados Unidos enquanto nação independente.

Os ideais iluministas defendidos pelos americanos inspiraram movimentos de independência


em outras partes da América, inclusive no Brasil.

Republicanismo consolidou-se como alternativa política. No século XIX, as colônias espanholas,


por exemplo, converteram-se em repúblicas, após conquistarem suas independências.

Declínio do domínio colonial da Inglaterra na América continental.

França e Espanha recuperaram parte de seus territórios na América, após a derrota inglesa na
guerra;

Deu-se início ao processo de expansão territorial dos EUA, após a Inglaterra ceder as terras entre
os Montes Apalaches e o Rio Mississippi."

Guerra Civil Norte-americana


O que foi a Guerra Civil Americana?

A Guerra Civil Americana, ou Guerra de Secessão, foi um conflito armado travado entre os
estados do Sul e do Norte dos Estados Unidos. O conflito começou em 12 de abril de 1861 e só
teve fim em 22 de junho de 1865. A guerra aconteceu após o clima de tensão gerado pelas
eleições de 1860, que elegeram o presidente Abraham Lincoln – representante do Norte. Mas
por que havia essa tensão entre as duas regiões do país?

38
Polarização: Norte vs. Sul

Com a Independência das Treze Colônias, em 1776, as colônias converteram-se em estados


independentes, mas unidos em uma Federação, com representação política republicana e
presidencialista. Os estados na região Norte concentraram-se no desenvolvimento da indústria
e, para tanto, necessitavam de mão de obra livre e assalariada que operasse o trabalho dentro
das fábricas. A formação do operariado e da burguesia industrial no Norte produziu também
uma forma específica de se encarar a atividade política e os direitos civis.

Os estados do Sul, ao contrário, tiveram um desenvolvimento agrário baseado na grande


propriedade e no modelo da plantation, isto é, grandes propriedades rurais que praticavam a
monocultura (cultivo de uma ou poucas espécies de planta para o mercado) do algodão. O
modelo da plantation valia-se da mão de obra escrava negra, já que, além de não ter o custo do
trabalho assalariado, o tráfico transatlântico de escravos também gerava bastante lucro.

Apesar de os dois modelos seguirem caminhos opostos, eles se complementavam ao menos em


um ponto: as indústrias têxteis (que fabricavam tecido) do Norte necessitavam do algodão do
Sul, que, por sua vez, voltava para o Sul na forma de produto, como roupas. Apesar de tal
complementaridade econômica, incomodava às lideranças do Norte (que possuíam uma
perspectiva política voltada para as liberdades individuais, para o direito à pequena propriedade
etc.) a existência do regime escravista nos estados do Sul. Não era compreensível que um país,
uma República Federativa, fosse unido politicamente por duas perspectivas completamente
antagônicas.

Os estados do Sul, por sua vez, também não viam com bons olhos o modelo nortista, que a cada
ano se impunha como o mais eficaz (a população do Norte era bem superior e mais desenvolvida
que a do Sul). Os sulistas, ainda no ano das eleições (1860), já falavam em secessão, isto é, em
separação entre as duas regiões e na criação de outro país, os Estados Confederados da América,
em oposição ao Norte.

Em dezembro de 1860, os sulistas conceberam uma nova Constituição e oficializaram os Estados


Confederados, elegendo como presidente Jefferson Davis, do Mississippi, e como capital a
cidade de Montgomery, no Alabama.

Desenvolvimento do conflito

Com a secessão e a formação dos Estados Confederados, o conflito tornou-se inevitável. Lincoln,
como presidente da União, isto é, dos Estados Unidos como um todo, não reconheceu a
independência dos estados sulistas e optou pela reincorporação deles. O exército da União era
mais numeroso e organizado, mas o Sul contava com militares experientes que saíram da União
e tornaram-se fiéis aos Confederados. Foi o caso do general Robert E. Lee, veterano na guerra
contra o México.

O general Lee foi o principal comandantes dos sulistas na Guerra Civil. Ele possuía um
conhecimento estratégico que poucos tinham àquela altura e que dava vantagem ao Sul.
Entretanto, Lincoln tinha a seu favor a tecnologia. Duas armas tecnológicas foram decisivas para
o Norte: o telégrafo e a locomotiva a vapor.

Por meio do telégrafo, Lincoln e seus generais podiam integrar, em questão de minutos, as
informações dispersas sobre a movimentação das tropas sulistas. Se isso fosse feito por
mensageiros a cavalo, o tempo seria de sete dias. As locomotivas a vapor, em vez de
transportarem mercadorias, serviram para transportar soldados, armas e munição do Norte

39
para o Sul. Em questão de horas, os exércitos da União eram abastecidos no Norte, fato que
demoraria semanas se fosse feito a pé.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O confronto em campo aberto era terrível. A Guerra Civil Americana, ao lado da Guerra do
Paraguai, foi uma das mais sangrentas guerras já travadas no continente americano. Tantos os
soldados do Sul quanto os do Norte usavam em seus rifles as balas minié, um tipo de bala capaz
de estraçalhar facilmente braços e pernas e esmigalhar os ossos do corpo humano. O rifle, por
sua vez, tinha que ser recarregado após cada disparo. O recarregamento era feito manualmente,
colocando-se pólvora no cano e depois a bala, que era pilada com uma vareta. Em uma única
batalha morriam de 10 a 30 mil homens, como diz o historiador Leandro Karnal:

As batalhas tornaram-se verdadeiros palcos de horror. Numa delas, os nortistas, com cerca de
30 mil homens a mais que os sulistas, obrigaram o general Lee a se refugir na Virgínia e cerca de
12 mil homens morreram em cada um dos lados dos conflitos. Em outra, os confederados
lançaram-se com mais de 150 mil homens contra as trincheiras da União próximas a Gettysbury,
na Pensilvânia. Os confederados acabaram dizimados pelas tropas federais e cerca de mil
soldados sulistas morreram nesse conflito.

Uma das estratégias mais importantes elaboradas por Lincoln para vencer a guerra foi a
aprovação da chamada Lei de Terras, em 1862, também conhecida como Homestead Act. Essa
lei autorizava novos colonos a ocuparem as terras do Oeste americano, ainda pouco povoado, e
a adotarem o modelo da pequena propriedade – contrário ao do latifúndio sulista. O objetivo
de Lincoln era manter o território ainda não ocupado fiel à União. Os sulistas, que já haviam
começado a expandir suas plantations para o Oeste, tiveram que frear o processo.

Fim do conflito

Em 1864, as forças do Sul já não conseguiam mais se manter coesas. A situação era desfavorável
para os sulistas, e o seu presidente, Jefferson Davis, foi preso pelos soldados da União quando
tentava fugir. O general Lee, por sua vez, rendeu-se em 19 de abril de 1865 ao general Ulysses
Grant, pondo fim à guerra.

Colonização da América
O descobrimento da América é como ficou conhecida a chegada dos espanhóis aqui, em 12 de
outubro de 1492, em uma ilha que pertence às Bahamas atualmente. A chegada dos europeus
nesse contexto aconteceu pela expedição de Cristóvão Colombo, navegante genovês que
comandou três embarcações financiadas pela Espanha.

A chegada dos europeus à América está inserida no cenário das grandes navegações e marcou
o início oficial da disputa por terras a serem colonizadas. Os espanhóis, no entanto, não foram
os primeiros europeus a chegaram ao continente americano, pois os historiadores sabem que
os vikings alcançaram a América do Norte no final do século X.

Os espanhóis foram os primeiros europeus a chegarem à América?

Não. Atualmente, os historiadores sabem que os espanhóis não foram os primeiros europeus a
chegarem ao continente americano. O responsável por isso foi Leif Eriksson, filho de Erik, o
Vermelho. Ele teria liderado um grupo de 35 homens (todos vikings) que navegou pelo Atlântico
Norte, chegando a regiões que atualmente formam o Canadá.

40
Um indício da presença viking foi um achado arqueológico da década de 1960. Na região de
Terra Nova, foi encontrado um assentamento viking que ficou conhecido como L’Anse-aux-
Méduses (Caverna das Águas-Vivas). Esse assentamento não teve sucesso e foi abandonado, e
novas tentativas, nesse sentido, não foram realizadas na América.

Acesse também: Como os vikings enxergavam a guerra?

Contexto do descobrimento da América

A chegada dos europeus à América fez parte do processo das grandes navegações, o qual se
estendeu por todo o século XV e foi encabeçado pelos portugueses em grande parte. Uma série
de avanços tecnológicos permitiram melhorias na navegação marítima, e, além disso, existia
toda uma motivação econômica por trás dessa empreitada.

A conquista da Constantinopla pelos otomanos, em 1453, tinha criado grandes dificuldades para
os europeus acessaram o comércio oriental. As mercadorias obtidas no Oriente, sobretudo as
especiarias, eram muito valorizadas, e, portanto, a sua obtenção trazia consigo enormes chances
de lucro. Sendo assim, as grandes navegações foram realizadas de acordo com os interesses
comerciais dos europeus.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Ao longo do século XV, os portugueses realizaram uma série de expedições de exploração no


Oceano Atlântico e descobriram vários locais, como Madeira e Açores, além de terem
estabelecido feitorias no litoral africano, estabelecendo relações comerciais na África. Na
década de 1480, conseguiram contornar o sul desse continente, abrindo o caminho para a Índia.
O pioneirismo português explica-se por que o país reunia condições ideais para tal
empreendimento.

No caso espanhol, as iniciativas foram muito tímidas, e os reis católicos, Fernando de Aragão e
Isabel de Castela, só permitiram uma expedição do tipo depois que os mouros foram expulsos
da Península Ibérica, em 1492. Nesse momento, um genovês tinha uma proposta de expedição
para alcançar a Índia: Cristóvão Colombo.

Leia Mais: Revolução de Avis - iniciou uma nova dinastia e trouxe estabilidade política a Portugal

Cristóvão Colombo

Em 12 de outubro de 1492, as três embarcações lideradas por Colombo chegaram à ilha de


Guanahani, atual Bahamas.

Em 12 de outubro de 1492, as três embarcações lideradas por Colombo chegaram à ilha de


Guanahani, atual Bahamas.

Cristóvão Colombo era um navegante genovês de grande experiência, e, no final do século XV,
ele procurava alguém para financiar sua expedição para a Índia. Ele advogava pela ideia da
esfericidade da Terra e, portanto, defendia que, navegando-se para o oeste, era possível
alcançar-se o Oriente. Ele passou a defender essa teoria após anos de estudos, mas, ainda assim,
tinha algumas ideias equivocadas.

Ele acreditava que a Terra fosse menor do que de fato o é e que uma viagem para a Índia pelo
oeste seria curta, pois pensava que o Oceano Atlântico fosse estreito. Assim, procurou
interessados para financiar sua expedição em Portugal, local onde ela foi negada duas vezes, na

41
Inglaterra, e trocou cartas com a França, mas não teve respostas positivas. Caso tenha maior
interesse nessa figura histórica, leia: Cristóvão Colombo.

Expedição de Colombo

Colombo então foi à Espanha, e, depois de anos de audiências e negociações, os reis católicos
(Fernando de Aragão e Isabel de Castela) concederam o financiamento exigido por ele para que
a expedição fosse possível. Foram preparadas três embarcações chamadas Niña, Pinta e Santa
María.

A expedição de Colombo partiu de Palos de la Frontera, na Espanha, em 3 de agosto de 1492,


em direção às Canárias. De lá, as embarcações passaram por reparos, foram reabastecidas e
içaram velas na direção oeste. A viagem foi complicada porque a demora em encontrar terras
angustiou os marinheiros. Cogitou-se até o retorno para a Europa.

Colombo enganou os marinheiros, registrando no diário de bordo distâncias menores do que de


fato haviam sido percorridas. De toda forma, no dia 12 de outubro de 1492, a expedição
encontrou terra. Era a ilha de Guanahani, que ele nomeou como San Salvador. Os historiadores
especulam que talvez seja a Waitling’s Island, nas Bahamas.

Além disso, nessa expedição, foram explorados outros locais. Colombo foi para a ilha em que
fica o Haiti e a República Dominicana, nomeando-a Hispaniola. Por fim, foi à ilha de Cuba,
renomeando Juana. Nesses locais, ele manteve contato razoavelmente pacífico com os nativos,
embora tenha sequestrado alguns deles para levar à Espanha.

Em 1493, Colombo retornou à Espanha trazendo as notícias do achamento de novas terras e foi
recebido com grande homenagem.

Em 1493, Colombo retornou à Espanha trazendo as notícias do achamento de novas terras e foi
recebido com grande homenagem.

Apesar do feito, Colombo não quis acreditar na possibilidade de que aquela terra fazia parte de
um novo continente. Ele defendeu durante toda a sua vida que tinha chegado à Ásia e, segundo
os historiadores, negou-se a observar elementos que demonstravam claramente, como a
vegetação nas ilhas caribenhas, de que ele não havia estado naquela região.

Assim que a notícia do achamento da nova terra chegou aos reis espanhóis (foi levada pelo
próprio Colombo, em 1493), eles trataram de conseguir a posse das terras por meio de um
acordo com a Igreja Católica. O papa Alexandre VI estabeleceu a bula Inter Coetera, que traçava
uma linha imaginária a 100 léguas ao oeste de Cabo Verde.

O que ficasse ao oeste dessa linha imaginária seria terra espanhola, e as terras ao leste seriam
portuguesas. No entanto, os portugueses não gostaram dessa divisão, e, após longas
negociações com a Espanha, assinaram o Tratado de Tordesilhas, que colocava a linha imaginária
a 370 léguas. Esse acordo permitiu que as bases da colonização da América fossem
estabelecidas.

Leia mais: Descobrimento do Brasil - o contexto da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500

Colonização espanhola

Colombo realizou quatro viagens para a América. Já na primeira, ele deixou um assentamento
espanhol na ilha de Hispaniola que se chamava Navidad (ficava no território haitiano). Quando
ele voltou, o assentamento estava destruído e os habitantes dele estavam mortos. Os

42
historiadores não sabem o que matou os espanhóis, mas acredita-se em conflito com os
indígenas.

Depois ele fundou outro assentamento chamado Isabela (ficava no território dominicano), mas
esse também fracassou. O local não foi bem escolhido, o trabalho era duro, as dificuldades eram
muitas, e os contatos com os indígenas ficaram mais hostis. Colombo foi acusado de negligência
no comando desse assentamento e perdeu o direito de governá-lo.

Pouco a pouco, os espanhóis foram estabelecendo as bases da colonização, e os povos nativos


foram sistematicamente violentados. Os conflitos, as doenças e a escravização fizeram com que
milhões de indígenas que habitavam o Caribe, no final do século XV, passassem a poucos
milhares, em meados do século XVI.

Sociedade Colonial Espanhola


América Espanhola ou América Hispânica são as denominações dadas aos países da América
Latina que foram colônias do império espanhol. Atualmente, esses países estão distribuídos na
América do Sul, Central e América do Norte.
Colônia
O processo de colonização das Américas se inicia em 1492, com a chegada da esquadra do
navegador italiano Cristóvão Colombo. Em busca de uma rota alternativa para as Índias,
Colombo desembarca no Caribe.

Os limites territoriais que dariam origem à América espanhola começaram a ser traçados dois
anos após descoberta, em 1494, com a assinatura do Tratado de Tordesilhas. Este acordo previa
a divisão de todos os novos territórios descobertos e por descobrir entre os reinos de Portugal
e Espanha.

Após a conquista, o próprio Colombo foi nomeado governador dos novos territórios, porém por
má gestão, terminou por ser destituído em 1500.

Visão idealizada dos espanhóis sobre a chegada de Colombo a Cuba


Em 1517, exploradores espanhóis terminavam uma guerra contra os muçulmanos na Península
Ibérica e voltam-se com afinco para ocupar territórios descobertos na América.

43
No chamado “Novo Mundo”, os colonos espanhóis encontraram metais preciosos e esses
passaram a ser a base econômica das colônias. Obedecendo ao pacto colonial, toda a riqueza
retirada da colônia era enviada para a metrópole.

Escravidão Indígena e Africana


O espírito evangelizador da religião católica também levava os exploradores a querer conseguir
novas almas para a Igreja. Os indígenas eram catequizados e grande parte abandonou seus
costumes e outra parte, mesclou suas religiões com o cristianismo.

Em teoria, era proibido escravizar os indígenas. No entanto, na prática, os nativos eram


capturados de suas comunidades e distribuídos entre os colonizadores para trabalhar nas minas.
Esta prática existia entre os povos andinos e dava-se o nome de mita.

Os colonizadores levaram doenças desconhecidas para os indígenas como a varíola, tifo,


sarampo e gripes que faziam grande número de mortos.

Os espanhóis apresentavam infinita vantagem bélica na comparação com os povos nativos e


souberam fazer alianças que jogaram as tribos indígenas umas contra as outras.

Além de espadas mais robustas e da pólvora, levaram cavalos para o novo continente e
passaram a deter intensa vantagem no campo de batalha.

Desta maneira, os indígenas sucumbiram aos colonizadores. Impérios inteiros foram destruídos,
como os Maias, Astecas e Incas.

A escravidão africana na América Espanhola não ocorreu de forma homogênica. No Caribe,


populações inteiras foram dizimadas e substituídas pelos negros africanos.

Entretanto, na América Andina, se registra o uso dos indígenas e dos negros africanos, de acordo
com tarefa que deveriam desempenhar e o local onde deveriam trabalhar. Veja também: Tráfico
Negreiro

Sociedade Colonial

44
"Do espanhol e índia se produz o mestiço", pintura utilizada para explicar a miscigenação nas
colônias
A sociedade colonial foi moldada através da violência e da mestiçagem. Como eram poucas as
mulheres nascidas na Espanha morando nas colônias, os homens uniram-se com indígenas.
Alguns casamentos entre a nobreza indígena e oficiais foram realizados com o intuito de
fortalecer alianças locais.

Por este motivo, houve a mistura do europeu ao índio e, posteriormente, ao negro. Essa última
em menor proporção do que houve no Brasil.

A sociedade da América Espanhola estava dividida basicamente em:

• Chapetones: eram a elite colonial, controlavam a colônia e ocupavam os altos cargos


administrativos.
• Criollos: vinham logo abaixo. Eram os filhos dos espanhóis nascidos na colônia e integravam a
nobreza, sendo, ainda, grandes latifundiários.
• Negros e índios: estavam na base da pirâmide social.

Os indígenas se tornariam marginalizados, mas muitos manteriam seus costumes ancestrais.

Veja também: Colonização Espanhola


Administração Colonial
A metrópole controlava as colônias através da Casa de Contratação, que tinha sua sede em
Sevilha e, mais tarde, em Cádiz. Também havia o Conselho das Índias, a quem cabia a
administração colonial e que era representado nas colônias pelos chapetones.

Da mesma forma, havia os cabildos, também chamados de conselhos municipais. Esses


conselhos representavam a metrópole e controlavam o policiamento, o recolhimento de
impostos e a Justiça.

45
Os chefes dos cabildos eram escolhidos pela própria coroa e, muitas vezes, eram vitalícios. O
povo não participava dos cabildos, mas eram chamados quando havia decisões importantes a
tomar.

Essa situação foi registrada quando Napoleão invadiu a Espanha em 1807 e o rei Fernando VII
foi preso pelas tropas francesas.

No século XVIII, a Espanha reorganiza administrativamente suas colônias na América. Por isso,
são criados o Vice-Reinado da Nova Espanha, Capitania-Geral da Guatemala, Capitania-Geral de
Cuba, Capitania-Geral da Venezuela, Capitania-Geral do Chile, Vice-Reinado de Nova-Granada e
Vice-Reinado do Rio da Prata.

Mapa da América
Espanhola após a reforma administrativa que criou Vice-Reinados e Capitanias-Gerais
Independência da América Espanhola
A emancipação das colônias da América Espanhola ocorreu entre 1808 e 1829. Os levantes
estavam inspirados nas ideias iluministas, no exemplo do processo de libertação dos Estados
Unidos e no desejo de se livrar dos altos impostos cobrados pela Coroa.

O êxito no processo de independência foi obtido após muitas guerras em todo território. Os
revolucionários ainda contaram com o apoio da Inglaterra, interessada em novos mercados
consumidores e fornecedores de matérias primas.

46
Após a emancipação, os Vice-Reinados e Capitanias-Gerais foram fragmentados em muitos
territórios e deram origem a vários países como o Uruguai, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile,
Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Cuba, Santo Domingo, Honduras, Costa Rica,
Nicarágua, Guatemala, e México.

Igualmente, os espanhóis estiveram em Porto Rico e grande parte do território que hoje é os
Estados Unidos como os estados da Califórnia, Texas, Flórida, entre outros.

Café e Modernização
A cultura do café constituiu, no período da República Velha, sobretudo na fase conhecida como
“república dos oligarcas” (1894-1930), o principal motor da economia brasileira. Esse produto
liderava a exportação na época, seguido da borracha, do açúcar e outros insumos. O estado de
São Paulo capitaneava a produção de café neste período e determinava as diretrizes do cenário
político da época. Da economia cafeeira, resultam três processos que se complementam: a
imigração intensiva de estrangeiros para o Brasil, a urbanização e a industrialização.

Desde a segunda metade do século XIX, ainda na época do Segundo Império, a imigração de
estrangeiros, sobretudo europeus, foi fomentada pelo governo brasileiro. O motivo de tal
fomento era a necessidade de mão de obra livre e qualificada para o trabalho nas lavouras de
café. Haja vista que, gradualmente, a mão de obra escrava, que era utilizada até então, tornou-
se objeto de densa crítica e pressão por parte de grupos políticos abolicionistas e republicanos.
Em 1888, efetivou-se a abolição da escravidão e, no ano seguinte, realizou-se a Proclamação da
República, fatos que intensificaram a imigração e a permanência dos imigrantes nas terras
trabalhadas, tornando-se colonos.

Algum tempo depois, especificamente após o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918,
uma nova onda migratória se dirigiu ao Brasil. Nessa época, a economia cafeeira se transformou
num complexo econômico com várias extensões. Os imigrantes que vinham à procura de
trabalho nas lavouras de café acabavam, muitas vezes, deslocando-se para os núcleos urbanos
que começavam a despontar nessa época. O processo de urbanização de cidades como Rio de
Janeiro e São Paulo se desenvolveu, em linhas gerais, para facilitar a distribuição e o escoamento
do café, que era direcionado à exportação. A ampliação das linhas férreas que ocorreu neste
período, por exemplo, foi planejada para tornar mais fluido esse processo.

A presença dos imigrantes nos centros urbanos, por sua vez, como informa o historiador Boris
Fausto, em sua História do Brasil, proporcionou o aparecimento de empregos urbanos
assalariados e outras fontes de renda como artesanato, fabriquetas de fundo de quintal e a
proliferação de profissões liberais. A junção dessas novas formas de trabalho do imigrante com
a estrutura urbana desenvolvida pelo complexo cafeeiro favoreceu o fluxo de produtos
manufaturados e o consequente desenvolvimento das indústrias nos centros urbanos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Atualmente, São Paulo é um dos maiores centros urbanos do mundo com grandes indústrias e
forte comércio. *

Por volta de 1880, já existia a presença de várias fábricas no Brasil, mas sem uma estrutura
realmente significativa. Contudo, por volta das décadas de 1910 e 1920, as atividades industriais
já eram bastante expressivas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por meio da intensa exportação
de café e importação de outros produtos necessários ao mercado interno brasileiro, várias
estruturas de maquinário fabril também aportavam em terras brasileiras, já que muitos
produtores de café também passaram a investir nas fábricas.

47
Os principais tipos de atividades industriais do período estavam relacionados aos setores: têxtil
(produção de tecido), de bebidas e de alimentos. A modernização agrícola contribuiu
decisivamente para a que indústria se desenvolvesse no âmbito dos setores referidos. E, para
que houvesse estabilidade na produção industrial, também foi necessário o controle do valor da
moeda brasileira. O motivo para esse controle era não correr o risco de ter o principal produto
de exportação, o café, desvalorizado no mercado internacional. Então, por vezes, o governo
brasileiro priorizava o café, preterindo a atividade industrial. Esse fato demonstra que apenas
na Era Vargas, a partir da década de 1930, é que se teve no Brasil uma política econômica
realmente voltada ao desenvolvimento industrial pleno.

Vale notar, porém, que nos centros urbanos, além da proliferação de fábricas e trabalhadores
assalariados, formou-se também nesse período as primeiras organizações de trabalhadores com
fins de protesto por melhores condições de trabalho, dentre outras exigências. O anarco-
sindicalismo se tornou notório entre os trabalhadores brasileiros na década de 1920,
influenciados pelas ideias dos anarquistas italianos da mesma época, que aqui chegavam por
meio dos imigrantes italianos com experiência no trabalho fabril.

Imigração no Brasil
O processo de imigração no Brasil começou a partir de 1850 com o fim do tráfico de pessoas
escravizadas.

Querendo apagar a herança escravocrata brasileira, o governo passa a estimular a entrada de


imigrantes europeus, a fim de promover o "branqueamento" da população.

Características da imigração no Brasil

A abertura dos portos, ocorrida em 1808, possibilitou a entrada de imigrantes não portugueses
ao Brasil. Neste momento, várias expedições científicas europeias visitam e divulgam a colônia
portuguesa na Europa. Também se registra a instalação de profissionais liberais especialmente
no Rio de Janeiro.

Com a proibição do tráfico de escravos, em 1850, o desenvolvimento das lavouras de café e o


preconceito racial induziram a entrada de imigrantes europeus no país.

Com as guerras de unificação na Itália e na Alemanha, são trazidos pelo governo brasileiro para
trabalhar nos cafezais.

Imigração no Brasil

Veja também: Fim do Tráfico de Escravos Africanos

Sistema de parceira e colonato

A imigração europeia no Brasil não foi homogênea para todas as regiões. Em São Paulo,
observamos a implantação do sistema de parceira, onde o imigrante vinha trabalhar nas
fazendas de café.

Já no sul do Brasil, a preocupação era povoar as grandes regiões desertas para resguardar a
fronteira. Por isso, ali é aplicado o sistema de colonato.

Vejamos a diferença entre os dois sistemas.

Sistema de Parceria

48
Na primeira, os imigrantes que desejavam vir, eram contratados pelos proprietários das
fazendas. Estes pagavam a passagem de navio, o deslocamento do porto até a fazenda, e a
hospedagem. Deste modo, chegavam ao destino endividados e sem poder obter a sonhada
propriedade da terra.

Igualmente, os colonos não podiam abandonar a fazenda enquanto não pagassem o que
deviam.

Este sistema era tão cruel que foi registrada uma revolta de imigrantes alemães na fazenda
Ibicapa, do Senador Vergueiro, em São Paulo. A consequência foi a proibição da imigração
prussiana ao Brasil em 1859.

Sistema de Colonato

Na segunda fase foi aplicado o sistema de colonato e a vinda de imigrantes era assumida pelos
governos provinciais (estaduais). Assim, o imigrante não vinha endividado.

Também recebiam uma remuneração mensal ou anual, podiam plantar alimentos para sua
subsistência e estavam livres para deixar a propriedade.

Este sistema era mais atrativo para os imigrantes e muitas colônias puderam prosperar.

Imigrantes no Brasil

Antes da chegada dos portugueses é importante salientar que o território já contava com uma
população indígena de cerca de 5 milhões de habitantes. Por sua vez, os africanos foram trazidos
de maneira forçada.

Assim, quem é imigrante no Brasil, se apenas os indígenas são os nativos? Para fins de estudos,
vamos considerar como imigrante apenas o indivíduo que chegou livre no país.

Suíços

Família Baumer

A família Baumer na Colônia Francisca, em Santa Catarina, 1908.

Os primeiros imigrantes europeus não-portugueses a se estabelecerem no Brasil foram os


suíços. Devido à falta de terras na Suíça, cerca de duas mil pessoas imigraram para o país entre
1818 e 1819 e se tornaram "súditas do Rei de Portugal."

Como a vinda foi negociada com o cantão de Friburgo, a localidade onde eles permaneceram
passou a se chamar Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.

Apesar das condições adversas, a imigração suíça continuou ao largo do século XIX, e os colonos
foram se estabelecendo pela região serrana do Rio de Janeiro e nos estados de São Paulo,
Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Bahia.

Em Santa Catarina, várias famílias suíças povoaram a Colônia Francisca, atual Joinville, junto com
imigrantes alemães.

Devido as más condições de vida e o tratamento de semi-escravidão que recebiam, a imigração


em grande quantidade de suíços foi proibida após a década de 1860.

49
Alemães

Imigração no Brasil Alema

Sede dos Cantores Alemães, Waldescrus, na cidade de Erechim/RS, reproduzindo na madeira o


estilo das moradas alemãs, em 1931

Com a unificação aduaneira promovida no Império Alemão e o processo de Unificação Alemã,


muitos camponeses perderam suas terras.

Embora já existissem cidadãos de origem alemã no Brasil, o dia 25 de julho de 1824 é


considerado o marco da imigração. Nesta data, chegaram 39 imigrantes alemães à cidade de
São Leopoldo/RS.

Incentivados pelo governo brasileiro, eles se dirigiram especialmente para o sul e a região
serrana do Rio de Janeiro, em busca de terras para cultivo. Ali, tentaram reproduzir o estilo de
vida de seus antepassados.

Por outro lado, o governo imperial esperava que eles ajudassem a defender as fronteiras
brasileiras e muitos eram forçados a se alistar no Exército assim que desembarcavam.

Os alemães estão presentes em quase todos os estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, principalmente nas cidades de Joinville, Blumenau e Pomerode.

Italianos

A Península Itálica passou por várias batalhas até alcançar a Unificação Italiana sob o reinado do
rei Vitor Manuel II (1820-1878), em 1870. A partir dessa década, começam a chegar contingentes
de italianos no Brasil e o fluxo só terminaria com a ascensão de Mussolini.

Desde o fim do tráfico de escravos, estimulava-se a vinda de italianos para o Brasil a fim de
substituir os africanos escravizados.

O governo brasileiro pagava a passagem dos imigrantes em navios a vapor, lhes prometia
salários e casas, algo que não era cumprido.

Os estrangeiros receberam incentivos, como a propriedade da terra e cidadania. Foi assim que
surgiram na região sul cidades como Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves.

A presença italiana sente-se especialmente em São Paulo pelos seus aspectos culturais e
políticos. Foram os imigrantes italianos que se tornaram os primeiros trabalhadores das fábricas
de São Paulo.

Assim, fizeram as primeiras "caixas de socorro mútuo" com o objetivo de ajudar os operários
quando ainda não havia sindicatos estabelecidos no Brasil.

Portugueses

A imigração portuguesa nunca deixou de acontecer, mesmo depois da independência e da


separação de ambos os países.

Com o aumento população portuguesa e a escassez de terras, vários empreenderam a viagem


para a ex-colônia americana. No entanto, ao contrário de outros imigrados, a relação com os
portugueses era mais fluida, pois alguns vinham, se enriqueciam e voltavam para Portugal.

50
De qualquer maneira, houve uma grande parte que permaneceu e foi engrossar o operariado
brasileiro e o comércio. No século XX, a colônia portuguesa se junta em torno do futebol,
fundando seus próprios clubes como Vasco da Gama, no Rio de Janeiro e Portuguesa, em São
Paulo.

A ditadura de Antônio de Oliveira Salazar também foi motivo para que muitos portugueses
deixassem sua terra e viessem para o Brasil.

Espanhóis

O terceiro contingente de imigrantes no Brasil, em termos de número, foram os espanhóis.


Estima-se que entre 1880 e 1950 tenham entrado cerca de 700 mil espanhóis no país.

Destes, 78% se dirigiram para São Paulo, com o intuito de trabalhar nas lavouras de café e, mais
tarde, nos laranjais; e o restante buscou grandes centros como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Os espanhóis se organizavam em tornos de centros culturais como as "Casas de Espanha" que


ensinavam música, dança e o idioma para os filhos de imigrantes e brasileiros.

Japoneses

A maior colônia de japoneses do mundo está localizada no Brasil. Os japoneses chegaram a partir
de 1908, em São Paulo para trabalhar nas lavouras de café.

Estabeleceram-se também no Paraná e Minas Gerais e inovaram as técnicas de cultivo


conhecidas no Brasil.

Veja também: Imigração Japonesa

Oriente Médio

Imigração Árabe

Passaporte expedido em Beirute, Líbano, no ano de 1926 a Elias Hanna Elias, que se estabeleceu
em Cantagalo/RJ

Devido às guerras e perseguições religiosas, houve a entrada de muitos imigrantes oriundos da


Síria, Líbano, Armênia e Turquia. A maior parte se dirigiu para São Paulo, mas é possível
encontrar descendentes no Rio de Janeiro, Bahia e em Minas Gerais.

Os sírios e libaneses eram pequenos agricultores na sua terra natal. No entanto, devido ao
modelo de latifúndio encontrado no Brasil, eles não encontraram terras disponíveis para
ocuparem.

Assim, dedicaram-se, principalmente, ao comércio como ambulantes e ficaram conhecidos


como mascates. Com uma mala cheia de produtos, eles percorriam as grandes cidades e partiam
para o interior do estado, acompanhando as linhas ferroviárias.

A segunda geração, os filhos dos imigrantes, entraram nas universidades e podem ser
encontrados na cena política brasileira, na pesquisa acadêmica e no meio artístico.

Por serem oriundos do antigo e extinto Império Turco-Otomano, até hoje esses imigrantes são
comumente chamados de "turcos" no Brasil.

Veja também: Formação do Povo Brasileiro: história e miscigenação

51
Outras nacionalidades

Não podemos esquecer de outras nacionalidades como húngaros, gregos, ingleses, americanos,
poloneses, búlgaros, tchecos, ucranianos e russos que também imigraram para o Brasil.

Trouxeram sua diversidade cultural e linguística para o país, aqui se estabelecerem e


construíram uma vida melhor.

Imigração Atual

Imigração no Brasil

Após os anos 2000, com a estabilidade econômica e política, o Brasil tornou-se alternativa para
cidadãos tanto de países desenvolvidos como subdesenvolvidos. Eventos como a Copa do
Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016) se tornaram um verdadeiro chamariz para a imigração.

As principais levas de imigrantes recebidas hoje são de haitianos, bolivianos e refugiados de


guerra, como os sírios, senegaleses e nigerianos.

Igualmente, devido à crise na Venezuela, muitos cidadãos desse país estão cruzando a fronteira,
especialmente em Roraima.

Entre os asiáticos, chineses e coreanos vêm para abrir comércio e se estabelecem sobretudo nas
cidades.

As portas do país não estão abertas a todos. No entanto, em muitos casos, a entrada se dá de
forma ilegal, principalmente no caso de haitianos e bolivianos.

Crise do Segundo Reinado


O Segundo Reinado é o período em que o Brasil foi governado pelo imperador Dom Pedro
II, entre os anos de 1840 a 1889. Pedro II foi o governante que mais tempo ficou no poder no
Brasil. Ele assumiu o trono brasileiro com apenas 13 anos de idade – logo após o Golpe da
Maioridade, que encerrou o Período Regencial – e foi deposto em 15 de novembro de 1889,
quando militares proclamaram a República.

Leia também: Período Joanino – época iniciada com a vinda da corte portuguesa em 1808

Contexto histórico do Segundo Reinado

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)


O Brasil Império teve início em 1822, logo após a Independência, e estendeu-se até 1889, com
a Proclamação da República. Ao contrário das antigas colônias espanholas na América, que, após
a independência, tornaram-se repúblicas, o Brasil seguiu o caminho do Império, isto é, da
formação de um governo central com um monarca com poderes absolutos.

Nesse período, o Brasil consolidou-se como um império de grandes proporções territoriais, o


maior da América do Sul, o que reforçava a necessidade de consolidar tanto as fronteiras como
também a unidade política interna. Historicamente dividimos o Brasil Império em três
períodos: Primeiro Reinado (1822-1831), Período Regencial (1831-1840) e Segundo Reinado
(1840-1889).

52
O Segundo Reinado iniciou-se logo após o conturbado Período Regencial. Esse período foi
marcado por revoltas provinciais. De norte a sul do Brasil, as províncias pegaram em armas por
conta de disputas de poder local, problemas sociais e questões republicanas.

Durante o Período Regencial, não havia imperador. Em 1831, Dom Pedro I abdicou do trono
brasileiro em favor do seu filho Pedro de Alcântara, que tinha apenas 5 anos de idade. A
Constituição de 1824 – que foi a primeira Constituição do Brasil e outorgada por Dom Pedro I –
dizia que o novo imperador só poderia assumir o poder com 18 anos. Enquanto o herdeiro não
alcançava a maioridade, o Brasil foi governado por regentes.

Dom Pedro II (1825-1891) governou o Brasil por quase 50 anos. Foi o homem que mais tempo
ocupou o poder em nossa história.
As constantes disputas provinciais fizeram com que fosse decretado o Golpe da Maioridade, que
permitia a coroação de Dom Pedro II mesmo sem atingir a idade mínima exigida pela
Constituição.

Com um imperador coroado, o Poder Moderador poderia ser exercido novamente, garantindo
assim a ordem interna do Império brasileiro.

No contexto externo, o mundo era dominado pela Europa, que expandia seus domínios pela
Ásia e África. O século XIX foi caracterizado pelo neoimperialismo, avanço das novas tecnologias
e desenvolvimento científico. A segunda fase da Revolução Industrial expandiu a indústria para
outras nações europeias, como França e Bélgica. Acontecia também as unificações da Alemanha
e da Itália, que, em pouco tempo, tornaram-se potências europeias.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Características do Segundo Reinado

• Política

53
Na política, o Segundo Reinado foi marcado pelo retorno do Poder Moderador. Logo após a
abdicação de Dom Pedro I e na impossibilidade de Dom Pedro II assumir o trono por conta da
sua pouca idade, o Poder Moderador foi suspenso durante o Período Regencial, pois, de acordo
com a Constituição de 1824, apenas o imperador poderia exercê-lo. Com o Golpe da Maioridade
e a coroação de Dom Pedro II, o Poder Moderador voltou a ser exercido até a Proclamação da
República em 1889. Dessa forma, consolidavam-se a centralização política e o fortalecimento da
figura do imperador.

O Parlamento foi o grande local de debates durante o Segundo Reinado. Dois partidos
políticos dominavam a cena política: conservadores e liberais. Seus representantes não tinham
diferenças ideológicas. Assim, não importava se o Parlamento fosse dominado por
conservadores ou liberais, pois havia disputas apenas por prestígio e vantagens políticas.
Segundo o professor Boris Fausto:

“Chegar ao poder significava obter prestígio e benefícios para si próprio e sua gente. Nas
eleições, não se esperava que o candidato cumprisse bandeiras programáticas, mas as
promessas feitas a seus partidários. (...) A divisão entre liberais e conservadores tinha assim
muito de disputa entre clientelas opostas em busca das vantagens ou das migalhas do
poder.” |1|
O político pernambucano Holanda Cavalcanti dizia: “Nada se assemelha mais a um ‘saquarema’
do que um ‘luzia’ no poder”. “Saquarema” era o apelido dos conservadores, em uma referência
ao Visconde de Itaboraí, que era uma das principais lideranças do partido conservador e tinha
uma fazenda em Saquarema (RJ). “Luzia” referia-se ao partido liberal por conta da vila de Santa
Luzia, em Minas Geais, onde aconteceu uma revolta de cunho liberal.

O Parlamento brasileiro buscava inspiração na Inglaterra. Todavia, o Poder Moderador concedia


a Dom Pedro II interferir no Conselho de Estado e dissolver o Parlamento. Isso era o oposto do
Parlamento britânico, no qual o rei não interferia nas atividades parlamentares. Por essa razão,
essa forma de governo no Brasil ficou conhecida como “parlamentarismo às avessas”.

Logo após o final da Guerra do Paraguai, em 1865, os militares do Exército ganharam força e não
se contentaram apenas com as atividades nos quartéis. Inspirados nos ideais positivistas, eles
decidiriam que tinham o dever de participar da política brasileira. Porém, Dom Pedro II impediu
tais manifestações políticas vindas dos quartéis. Isso fez com que o Exército começasse a
conspirar contra o imperador.

Desde o Primeiro Reinado, havia a união entre Estado e Igreja. De acordo com a Constituição de
1824, a religião oficial do Império brasileiro era a católica.

• Economia

A independência em 1822 trouxe mais transformações políticas do que sociais e econômicas


para o Brasil. A economia permaneceu durante o período imperial como agroexportadora, ou
seja, atendendo às necessidades do mercado europeu. Em meados do século XIX, um produto
começou a ser exportado de forma mais intensa: o café.

Plantado primeiramente na região do Vale do Paraíba (entre as províncias de São Paulo e Rio de
Janeiro), a exportação do café ocupou espaço na economia brasileira do Segundo Reinado,
gerando lucros para os cafeicultores. A mão de obra utilizada era a escrava. Com o êxito das
lavouras de café, aumentou a movimentação de escravos da região Nordeste e das minas de
ouro para a região do Vale do Paraíba.

54
A partir de 1850, o café expandiu-se para a região do Oeste Paulista, tornando-se o maior
produtor de café do Império. Ao contrário das lavouras do Vale do Paraíba, o café plantado no
Oeste Paulista contou com a mão de obra imigrante.

Inúmeros europeus vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e


estabeleceram-se em São Paulo. Esses imigrantes fugiam dos conflitos sociais e guerras relativos
à unificação alemã e italiana.

Essa mão de obra tinha mais qualificação do que a escrava e isso foi fundamental para o êxito
da produção cafeeira da região. A partir desse momento, a província de São Paulo passou a se
destacar no cenário do Segundo Império.

O café, ao longo do século XIX, tornou-se a principal atividade econômica do Brasil, mas não era
a única. Mesmo em menor número, ainda havia a produção de açúcar, exploração do ouro e
outras atividades econômicas secundárias.

Além disso, havia projetos de investimento em outros ramos econômicos, como a indústria.
Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, procurou meios para desenvolver a indústria no
Brasil, mas não conseguiu superar o domínio do café. Mauá foi pioneiro na indústria e na
construção de ferrovias, que foram utilizadas no transporte do café até o Porto de Santos, onde
o produto era exportado para a Europa.

• Sociedade

A sociedade brasileira do Segundo Império passava por transformações. A maioria da população


ainda vivia no campo, mas as cidades começavam a receber maior número de habitantes. Os
donos de lavouras de café ganhavam prestígio social e aproximavam-se do imperador, que os
agraciava com títulos de nobreza.

A vinda de imigrantes trouxe também mudanças para a sociedade brasileira, como a influência
cultural e política, aumentando consideravelmente a presença europeia em nosso território.
Além disso, a chegada do imigrante foi substituindo gradativamente a mão de obra escrava. O
Parlamento brasileiro, ao longo da segunda metade do século XIX, aprovou leis que proibiam o
tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz) e libertou o escravo recém-nascido (Lei do Ventre
Livre).

Era uma sociedade mais informada. Vários jornais começaram a circular pelo Rio de Janeiro
informando notícias, mas também disseminando ideias republicanas e abolicionistas. Porém,
ainda era uma sociedade herdeira das características coloniais: elitista e escravocrata.

Veja também: O “povo brasileiro” no Segundo Reinado

Abolição da escravidão

A escravidão no Brasil começou desde a chegada dos portugueses em 1500. Primeiramente,


tentou-se escravizar os índios, mas foi a escravidão negra que vigorou em nosso território.
Mesmo com a independência em 1822, a liberdade tão defendida na época não atingiu as
senzalas. Durante quase todo o período imperial, a mão de obra no Brasil era escrava. Somente
em meados do século XIX, com a chegada dos imigrantes, a mão de obra, aos poucos, foi
substituindo o trabalho dos escravos. Aqueles que saíram das fazendas procuravam trabalho nas
cidades.

55
Foi no Segundo Reinado que a abolição da escravidão teve ampla discussão e sua concretização.
Intelectuais, jornalistas e políticos, como Joaquim Nabuco|2|, Rui Barbosa, José do Patrocínio,
André Rebouças, discutiam o fim da escravidão em jornais, discursos no Parlamento e em praça
pública.

O Parlamento brasileiro aprovou várias leis que, gradativamente, acabaram com a escravidão.
Porém, elas tinham suas limitações, como se observa a seguir:

• Lei Eusébio de Queiros (1850): aboliu o tráfico negreiro no Brasil. Buscava impedir a chegada
de navios vindos da África com negros para o trabalho escravo. Como o tráfico negreiro era
muito lucrativo, a lei demorou a ter o seu efeito esperado e motivou o deslocamento de
escravos dentro do Império brasileiro. Os que estavam no Nordeste eram vendidos para os
senhores do Vale do Paraíba que estavam investindo na lavoura de café.

• Lei do Ventre Livre (1871): o recém-nascido de escrava era liberto, mas, enquanto não
completasse 21 anos de idade, estava sob tutela e trabalhando para o seu senhor.

• Lei do Sexagenário (1885): dava liberdade aos escravos com mais de 65 anos. Porém, o
número de escravos que chegavam a tal idade era bastante reduzido.

• Lei Áurea (1888): aboliu definitivamente a escravidão no Brasil, mas sem diretrizes para
inserir o escravo liberto na sociedade.

A abolição da escravidão foi um dos fatores que determinaram a queda do Império em


1889. Dom Pedro II perdeu o apoio dos cafeicultores, que tiveram de libertar os escravos após
a assinatura da Lei Áurea e não receberam nenhuma indenização por parte do governo central.
Se quiser saber mais detalhes sobre esse processo que pôs fim à utilização institucionalizada de
mão de obra escrava no Brasil, leia: abolição da escravatura.

56
Princesa Isabel (1846-1921) era filha de Dom Pedro II e assinou a Lei Áurea em 13 de maio de
1888. [1]

57
Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi um confronto envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A
região da Bacia do Prata era muito disputada pelos países envolvidos no conflito, a fim de
dominar o comércio da região. Solano Lopez, ditador paraguaio, desejava abrir um caminho que
ligasse o Paraguai até o Oceano Atlântico, facilitando o comércio do país com as nações
europeias sem depender de nenhum país vizinho.

Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se por meio da Tríplice Aliança para lutar contra o Paraguai. O
conflito durou seis anos, entre 1864 e 1870. Dom Pedro II, decidido a todo custo a derrotar
Solano Lopes, enviou para o front escravos mediante a promessa de liberdade caso voltassem
da guerra. A Tríplice Aliança venceu o Paraguai, que saiu devastado do confronto.

O Exército brasileiro fortaleceu-se após o conflito. Os militares buscaram maior participação na


política brasileira, porém foram impedidos por Dom Pedro. Mesmo saindo vitorioso da guerra, a
situação financeira do Império brasileiro deteriorou-se. O endividamento externo para custear
as tropas brasileiras no campo de batalha provocou uma crise econômica determinante para o
fim do Império. Para saber mais sobre esse conflito ocorrido durante o Segundo Reinado,
acesse: Guerra do Paraguai.

Fim do Segundo Reinado

O Segundo Reinado começou a entrar em crise principalmente após a Guerra do Paraguai.


Foram vários fatores que levaram à queda de Dom Pedro II em 1889.

• Questão militar

Após a vitória na Guerra do Paraguai e influenciados pelos ideais do positivismo, os militares,


em especial os do Exército, decidiram participar ativamente da política brasileira. Foram
criados Clubes Militares, que discutiam a crise vivida pelo Segundo Reinado, os ideais
republicanos e as ideias positivistas.

Dom Pedro II, utilizando as prerrogativas do Poder Moderador, mandou fechar esses clubes.
Essa censura imperial fez com que os militares se organizassem para derrubar Dom Pedro II do
poder.

• Questão da Igreja

A Constituição de 1824, que vigorou durante todo o período imperial, dizia que a religião oficial
do Brasil era a católica. Porém, era comum haver conflito entre “o trono e o altar”. Decretos
eclesiásticos só entravam em vigor no território brasileiro desde que o imperador autorizasse.

O Papa Pio IX emitiu um decreto reafirmando o poder da Igreja e do papa sobre o mundo. Esse
decreto chegou ao Brasil, e os católicos buscaram atitudes mais rígidas que reforçassem a
disciplina religiosa. Dom Vital, bispo de Olinda, na província de Pernambuco, decidiu proibir a
entrada de maçons nas irmandades religiosas. Alguns ocupantes de cargos de destaque do
Império eram maçons, como o Visconde de Rio Branco, que presidia o Conselho de Ministros.
Dom Vidal foi preso, acusado de “rebeldia”, mas foi solto dias depois. Essa crise abalou o apoio
eclesiástico a Dom Pedro II.

• Questão escravista

58
A abolição da escravidão no Brasil ocorreu em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei
Áurea. Porém, os escravos foram libertos sem que os donos de fazenda de café fossem
indenizados por causa da abolição. Isso fez com que os cafeicultores| abandonassem Dom Pedro
II e apoiassem a causa republicana. Esses cafeicultores que abandonaram o apoio a Dom Pedro
II nos últimos momentos do Segundo Reinado foram apelidados na época de “republicanos de
última hora”.

Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892) liderou as tropas que proclamaram a República em


15 de novembro de 1889.
A República no Brasil foi proclamada em 15 de novembro de 1889. Tropas do Exército lideradas
pelo Marechal Deodoro da Fonseca depuseram Dom Pedro II, e a família imperial foi exilada na
Europa. Segundo relatos da época, muitos viram a movimentação das tropas como um mero
desfile militar. Já o jornalista Aristides Lobo conseguiu resumir muito bem o que foi o 15 de
novembro de 1889: “O povo assistiu bestializado”.

Primeira República
A Primeira República é o período da história do Brasil que aconteceu de 1889 a 1930, tendo sido
iniciado com a Proclamação da República que aconteceu em 15 de novembro de 1889 e
encerrou-se com a deposição de Washington Luís como consequência da Revolução de 1930.
Esse período é conhecido por muitos como República Velha, mas entre os historiadores o termo
utilizado para referir a esse período é Primeira República.

"Proclamação da República

A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República, que aconteceu no dia 15 de
novembro de 1889. A derrubada da monarquia ocorreu pela perda de apoio político fazendo
com que esse regime se tornasse impopular entre as elites do Brasil. Os militares, insatisfeitos
com a monarquia há tempos, e uma parcela da sociedade civil, sobretudo os oligarcas paulistas,
organizaram um movimento para derrubar a monarquia.

59
Em 15 de novembro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, os militares destituíram o
Visconde de Ouro Preto do Gabinete Ministerial. Ao longo do dia, as movimentações políticas
levaram José do Patrocínio a proclamar a República na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso
marcou o início da Primeira República Brasileira.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Periodização

A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889 a 1930. Um período


específico da Primeira República que foi de 1889 a 1894, também é conhecido como República
da Espada. Esse nome se deve ao fato de que os dois presidentes brasileiros (Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto) foram militares. A República da Espada, porém, é um período
incorporado à Primeira República.

Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases, conforme estabelece o
professor Marcos Napolitano|1|:

Consolidação (1889-1898): período marcado pela consolidação das estruturas políticas e


econômicas da Primeira República. Foi assinalado por crises na política e na economia.

Institucionalização (1898-1921): período no qual a estrutura política da Primeira República


estava devidamente consolidada. Aqui se definiram políticas como a dos governadores e do café
com leite.

Crise (1921-1930): período no qual as estruturas políticas da Primeira República entraram em


crise por conta da incorporação de novos atores na política brasileira. Conflitos entre as
oligarquias também contribuíram para o fim da Primeira República.

Características

A Primeira República, além de República Velha, é muito conhecida também como República
Oligárquica e isso porque esse período ficou marcado pelo predomínio das oligarquias sobre
nosso país. As oligarquias eram forças políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto
é, na terra (os oligarcas eram, em geral, grandes proprietários de terra).

O predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser consolidado a partir de
1894, quando Prudente de Morais foi eleito presidente. A eleição de Prudente de Morais
também marcou o fim do citado período conhecido como República da Espada. O predomínio
das oligarquias resultou em algumas características que são consideradas grandes marcas da
Primeira República.

Essas características são o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo. Essas três simbolizam


o poder das elites agrárias do país manifestado na posse de terras, além de manifestar o poder
dos coronéis sobre as regiões interioranas do Brasil e a troca de interesse, elemento
fundamental para a sustentação das oligarquias no poder.

Outras características muito importantes desse período foram as políticas que sustentavam as
estruturas no âmbito político do Brasil. Aqui estamos falando da política dos governadores e da
política do café com leite. Essas políticas foram muito importantes, porque reduziram os
conflitos entre as oligarquias, mas não acabaram com eles.

Política dos governadores

60
A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi criada durante o
governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e 1902. Foi com a política dos
governadores que o funcionamento político brasileiro na Primeira República foi estruturado. Por
meio dessa política, foi possível realizar uma aliança entre executivo e legislativo.

O historiador Boris Fausto definiu os objetivos da política dos governadores da seguinte


maneira:

Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas políticas no âmbito
de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a um acordo básico entre a União e
os Estados; pôr fim à hostilidade existente entre Executivo e Legislativo, domesticando a escolha
dos deputados|2|.

Na prática, essa política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal daria apoio à
oligarquia mais poderosa de cada Estado. Em troca, o governo exigia que cada oligarquia
apoiasse as propostas do Governo Federal no legislativo.

Assim, as oligarquias deveriam eleger deputados dispostos a atuar em favor do governo no


legislativo. Com o apoio à oligarquia mais poderosa, o Governo Federal esperava que os conflitos
políticos respingassem o mínimo possível no âmbito federal e ficassem reduzidos apenas ao
âmbito estadual.

O funcionamento da política dos governadores dependia consideravelmente da figura do


coronel, pois seria ele que, a nível regional, mobilizaria os votos necessários para eleger os
candidatos certos, de acordo com o interesse de cada oligarquia.

O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a votar em determinado
candidato. Essa intimidação dos eleitores é conhecida como “voto de cabresto”. Além da
intimidação, a fraude das atas que registravam os votos eram uma prática comum.

Política do café com leite

A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à Primeira República.
Essa política ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de 1913, com a assinatura do Pacto de
Ouro Fino, entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais. Esse conceito refere-se ao
revezamento dos candidatos lançados à presidência por essas duas oligarquias.

Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência da República. O nome


“café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o maior produtor de café do Brasil,
enquanto que Minas Gerais era o maior produtor de leite.

O uso desse conceito para explicar a Primeira República tem sido criticado pelos historiadores,
porque as oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o funcionamento jogo político
desse período não passava exclusivamente por elas, uma vez que existiam outras oligarquias no
país.

Economia
No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O grande produtor dele
no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século XX, os cultivadores começaram a

61
aumentar a quantidade de café produzida, o que acarretou a queda do preço desse produto,
uma vez que o mercado ficou abarrotado com a mercadoria. Visando a defender seus interesses,
os cafeicultores reuniram-se no Convênio de Taubaté.

Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de sacas de café
com o objetivo de controlar o preço desse produto no mercado internacional. Isso garantiria os
lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do preço do café. Além disso, decidiu-se que o
Estado realizaria um empréstimo de 15 milhões de libras para conseguir realizar a compra do
excedente dessas sacas.

Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento industrial, sobretudo


no Estado de São Paulo. O desenvolvimento industrial em São Paulo foi, em parte, financiado
pela prosperidade do negócio cafeeiro e a cidade de São Paulo concentrou grande parte desse
crescimento industrial.

As indústrias receberam muitos trabalhadores imigrantes e o crescimento industrial resultou no


surgimento do movimento operário do Brasil, sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu a
Revolução Russa.

Acesse também: Saiba mais sobre o período mais sombrio da história brasileira

Decadência da Primeira República

A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920. A entrada de novos atores
na política nacional, como os tenentistas, contribuiu para seu fim. O desgaste do pacto que
mantinha as oligarquias minimamente em paz também contribuiu para o fim desse período da
história brasileira. Na década de 1920, os tenentistas foram uma força que abalou a estrutura
da Primeira República.

Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas oligárquicas que
estavam estabelecidas no país. Ao longo da década de 1920, os tenentistas realizaram uma série
de revoltas por todo o país como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, a Revolta Paulista
de 1924 e a Coluna Prestes.

Importante mencionar que a Primeira República foi um período marcado por tensões sociais
que resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil. Aqui podemos citar a Guerra de
Canudos, Revolta da Armada, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata etc.
Leia este texto para saber mais sobre revoltas da Primeira República.

O estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de 1930. Naquela ocasião,
o presidente Washington Luís resolveu romper com o Pacto de Ouro Fino e em vez de lançar um
candidato mineiro optou por lançar Júlio Prestes, candidato paulista. Isso desagradou
profundamente a oligarquia mineira que se aliou à oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos
lançaram Getúlio Vargas como candidato presidencial.

Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral, inconformados com a
derrota, começaram a conspirar contra o governo. A desculpa utilizada pelos membros da
Aliança Liberal (chapa de Vargas) para iniciar uma revolta armada contra o governo foi o
assassinato de João Pessoa, vice-presidente de Vargas. O assassinato de João Pessoa, porém,
não teve relação com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e Vargas.

A revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930, iniciou-se em 3 de outubro de


1930, e, no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de Washington Luís da presidência.

62
Júlio Prestes foi impedido de assumir a presidência do país e, em novembro do mesmo ano,
Getúlio Vargas foi empossado como presidente provisório do país. Esse era o fim da Primeira
República, e o início da Era Vargas, período que se estendeu por quinze anos.

Escravidão

A escravidão, também chamada de escravismo, escravagismo e escravatura é a prática social em


que um ser humano adquire direitos de propriedade sobre outro denominado por escravo, ao
qual é imposta tal condição por meio da força.

Em algumas sociedades, desde os tempos mais distantes, os escravos eram legitimamente


definidos como um produto. Os preços modificavam-se conforme as condições físicas,
habilidades profissionais, sexo, a idade, a procedência e o destino.

Quando falamos em escravidão, é difícil não pensarmos nos europeus que superlotavam os
porões de seus navios de homens trazidos da África independente de suas vontades e que foram
colocados à venda de forma desumana e cruel por toda a América.

Entretanto, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela é tão antiga
quanto à própria história, quando os povos derrotados em batalhas eram escravizados por seus
conquistadores. Neste caso, citamos como exemplo os hebreus, que foram vendidos como
escravos desde o começo da História.

Muitas das antigas civilizações empregavam e necessitavam do trabalho escravo para a


execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Roma e Grécia são exemplos, estas possuíam
muitos escravos; no entanto, a maioria de seus escravos eram bem tratados e tiveram a
oportunidade de comprar sua liberdade.

A escravidão no Brasil

No Brasil, a escravidão teve seu início a partir da produção de açúcar na primeira metade do
século XVI. Os portugueses traziam os escravos de suas colônias na África para utilizar como
mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar da região nordeste do Brasil. Os escravos aqui no

63
Brasil eram vendidos como se fossem mercadorias pelos comerciantes de escravos portugueses.
Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte destes escravos era feito da África para o Brasil nos porões de navios negreiros. Os
escravos vinham amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao
Brasil, e seus corpos eram deixados no mar.

Quando chegavam às fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os
escravos eram tratados da pior maneira possível. Trabalhavam excessivamente (de sol a sol),
recebiam uma alimentação precária e suas roupas eram trapos. A noite recolhiam-se nas
senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) e eram acorrentados para evitar fugas.
Constantemente eram castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum
no período do Brasil colonial.

Os escravos eram proibidos de praticarem a sua religião de origem africana ou de realizar suas
festas e rituais africanos. Eram obrigados a seguir a religião católica, imposta pelos senhores de
engenho, e era exigido adotar a língua portuguesa na sua comunicação. Porém mesmo com
todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se extinguir. Escondidos,
realizavam seus rituais, praticavam suas festas, conservaram suas representações artísticas e
desenvolveram uma arte marcial disfarçada de dança, a Capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão no Brasil, ainda que os senhores
de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos.
Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da
colônia.

No período conhecido como o Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua
liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida,
conseguiam a liberdade. Entretanto, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedade
acabavam fechando as portas para estas pessoas.

O negro, porém, reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Neste período eram comuns as
revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os quilombos.
Estes quilombos eram comunidades organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade,
através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, os
negros africanos podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O
mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.

64
Zumbi dos Palmares: líder do Quilombo dos Palmares

Ditadura
Ditadura é um regime de governo onde o poder está concentrado nas mãos de um indivíduo ou
grupo.
Uma ditadura se caracteriza por ter censura, falta de eleições transparentes, de liberdade
partidária e um intenso controle do Estado na vida dos cidadãos.

Características de uma Ditadura

65
Junta militar que governou o Chile na década de 70. Pinochet é o terceiro da esquerda para
direita
A ditadura é um regime antidemocrático que se baseia no governo de um ditador. Para exercê-
lo, o dirigente se apoia em apenas um partido político cuja ideologia será a única considerada
correta e na censura.

O ditador, muitas vezes, é considerado um ser especial, onde os cidadãos devem obediência e
não é possível questioná-lo.

As ditaduras podem ser de direita, de esquerda, religiosas, monárquicas etc. e, inclusive,


costumam utilizar recursos democráticos como as eleições para disfarçar seu caráter autoritário.

Veja também: Intervenção Militar

Ditadura Militar
Uma ditadura militar é aquela exercida por um militar ou grupo de militares.

Na época moderna, o primeiro ditador militar foi Napoleão Bonaparte quando se proclamou
Primeiro-Cônsul da França, após o Golpe do 18 de Brumário. Desta maneira, o poder civil passou
a ser exercido por um general que concentrava todos os poderes na sua pessoa.

No século XX, vários países da América Latina sofreram ditaduras militares devido à fragilidade
de suas instituições democráticas.

66
Na Europa, observamos este fenômeno na Itália - com Benito Mussolini (1922 a 1943), na
Alemanha - com Adolf Hitler (1933 a 1945) e na União Soviética - com Josef Stalin (1922 a 1953).

Também na África e na Ásia, temos países que sofreram ditadura militar, como a Líbia, liderada
por Kadafi (1969 - 2011) ou o Camboja, governado por Pol Pot (1963 a 1979).

Veja também: Maiores Ditadores da História


Ditadura no Brasil

Aspecto da repressão policial na época da ditadura militar no Brasil


O Brasil sofreu ditadura em dois períodos de sua história: no governo de Getúlio Vargas, durante
o Estado Novo (1937-1945), e a ditadura militar entre 1964 a 1985.

Ambas as ditaduras foram instaladas depois de um golpe de Estado contra um governo


democrático. Nessa altura, além de ter sido instaurada a censura, os opositores foram
perseguidos e as liberdades individuais foram restringidas.

Veja também: Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)


Origem da Ditadura
O termo ditadura vem do latim e foi utilizado pela primeira vez na República Romana.

No entanto, esta ditadura é diferente do conceito moderno. Naquela época, o ditador tinha
poderes plenos por um limitado período e este lhe era cedido pelo Senado.

A ditadura é um fenômeno do século XIX e XX. Normalmente, os ditadores são representantes


de uma das Forças Armadas ou conseguem o poder pela força.

Desta maneira, não existe ditadura que tenha sobrevivido sem o apoio das armas e da violência.

É preciso lembrar que a repressão é exercida das duas maneiras: tanto física como psicológica.
A física se caracteriza pela brutalidade com que os agentes da ordem mantêm a lei, enquanto a
psicológica vai desde a propaganda política até a limitação de liberdade de expressão.

67
Ditadura do Proletariado
A expressão "ditadura do proletariado" foi criada pelo filósofo Karl Marx.

Segundo Marx, quando a classe operária tomasse o poder, a sociedade seria igualitária. O modo
de produção socialista seria instalado e a burguesia não existiria.

Assim, "ditadura do proletariado" faz referência à implantação do comunismo, quando as


diferenças de classe fossem superadas e seria o estágio final da história.

68

Você também pode gostar