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Monografia - Aline Doelinger
Monografia - Aline Doelinger
VILA VELHA
2022
ALINE BEATRIZ PIMENTEL DOELINGER OLIVEIRA
VILA VELHA
2022
INSERIR DIGITALIZAÇÃO DA FOLHA DE APROVAÇÃO ASSINADA
A ORIGINAL SERÁ PROVIDENCIADA PELA COORDENAÇÃO DO CURSO
ELEMENTO OBRIGATÓRIO
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………….…… 14
2 OBJETIVOS ……………………………………………………………….……… 17
2.1 OBJETIVOS GERAIS ……………………………………………………………. 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ……………………………………………………. 17
3 REVISÃO DE LITERATURA ……………………………………………………. 18
3.1 PRODUÇÕES ACADÊMICAS CORRELATAS ………………………………... 18
3.2 CURRÍCULO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL NA REDE
MUNICIPAL DE VITÓRIA - ES: PRESSUPOSTOS E POSSIBILIDADES ………… 24
4 REFERENCIAL TEÓRICO ……………………………………………………… 30
4.1 A PERSPECTIVA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE E O
ENSINO DE CIÊNCIAS COMO RESPOSTA ÀS DEMANDAS SOCIAIS DA
CONTEMPORANEIDADE ………………………………………………………………. 30
4.2 OS TRÊS MOMENTOS PEDAGÓGICOS COMO METODOLOGIA
POTENCIALIZADORA DO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM……………………………………………………………… 32
4.3 AGROTÓXICOS E ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS GLOBAIS E LOCAIS 34
5 METODOLOGIA ………………………………………………………………….. 41
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ………………………………….……….. 41
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA ………………………………………….….. 41
5.3 PÚBLICO-ALVO ………………………………………………………….……….. 42
5.4 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA E INSTRUMENTOS
AVALIATIVOS ………………………………………………………………………….….. 42
5.5 APLICAÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA E INSTRUMENTOS
AVALIATIVOS ………………………………………………..……………………………. 43
5.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS …………..……………. 43
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ……………………………………………….. 47
6.1 DADOS GERAIS SOBRE O PÚBLICO-ALVO ………………………………… 47
6.2 O AMBIENTE DA PESQUISA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES ………...… 47
6.3 APLICAÇÃO DA PROPOSTA PEDAGÓGICA ………………………………… 50
6.3.1 Aula 00: entrega dos Termos de Assentimento Livre e Esclarecido e
apresentação da licencianda e do projeto …………………………………………. 51
6.3.2 Aula 01: o que é solo? ……………………………………………………….… 53
6.3.3 Aula 02: Colorindo com o solo ……………………………………………..… 56
6.3.4 Aula 03: Mapa mental sobre o solo: indo até a raiz do conceito ……….. 59
6.3.5 Aula 04: O que são agrotóxicos? …………………………………………..… 60
6.3.6 Aula 05: Matéria e suas propriedades físicas: afunda ou boia? ……….. 63
6.3.7 Aula 06 e 07: Agrotóxicos: Cochonilhas australianas na mira e
classificação quanto ao organismo alvo ………………………………………….... 67
6.3.8 Aulas 08 e 09: Matéria e suas interações: elementos e substâncias em
movimento ………………………………………………………………………………. 69
6.3.9 Aulas 10 e 11: Matéria e suas propriedades químicas: a medida do ph 76
6.3.10 Aula 12 e 13: Quem ganha com o uso de agrotóxicos? E quem perde? 80
6.3.11 Aula 14: Nova resposta aos questionários diagnósticos ……………….. 82
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………….……………….… 88
REFERÊNCIAS ………………………………………………………………… 90
APÊNDICES ………………………………………………………………………. 97
APÊNDICE A - TERMO DE ASSENTIMENTO E CONSENTIMENTO LIVRE
ESCLARECIDO …………………………………………………………………… 97
APÊNDICE B - PLANO DE AULA: AULA 00 ……………………………..…… 99
APÊNDICE C - PLANO DE AULA: AULA 01 E QUESTIONÁRIO
DIAGNÓSTICO “O QUE É SOLO?” …………………………………………... 101
APÊNDICE D - PLANO DE AULA: AULA 02 ………………………………… 103
1 INTRODUÇÃO
Há mais de uma década, o Brasil é um dos países que mais consome agrotóxicos
em todo o mundo, além de ser um dos maiores movimentadores deste mercado. Em
2013, o gasto total com agrotóxicos chegou a 10 bilhões de dólares, o equivalente,
naquele ano, a aproximadamente 25 bilhões de reais (BRASIL, 2014; GRIGORI,
2019).
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, os
agrotóxicos são definidos como
produtos químicos sintéticos usados para matar insetos, larvas, fungos,
carrapatos sob a justificativa de controlar as doenças provocadas por esses
vetores e de regular o crescimento da vegetação, tanto no ambiente rural
quanto urbano (BRASIL, 2002; INCA, 2021).
O uso de agrotóxicos desperta divergências no ideário coletivo, uma vez que é
necessário combater os agentes invasores nas lavouras para garantir uma produção
que seja capaz de suprir as demandas internas e externas do Brasil. Contudo, é
questionável o custo da exposição a esses produtos, tanto nos aspectos
socioeconômicos quanto nos aspectos sanitários.
Com o Projeto de Lei 6299/2002, aprovado pela Câmara Federal e que aguarda
apreciação do Senado Federal, a polêmica em torno do uso de agrotóxicos no Brasil
se intensificou, devido às flexibilizações propostas e pela sugestão de mudança do
termo agrotóxicos para “pesticidas” ou “defensivos agrícolas”. Argumenta-se, nessa
questão, que a nova legislação facilita o processo de liberação de novas
formulações para aplicação nas lavouras, ao passo que diminui ainda mais o
controle e o rigor sobre o comércio e a venda desses produtos. A exemplo, nos
últimos 5 anos, mais de 700 novos produtos foram autorizados a serem
comercializados e utilizados no Brasil, despertando a necessidade de reflexão sobre
qual a intencionalidade por trás da liberação imediata desses produtos no país e
quais implicações serão geradas para o meio ambiente e o bem estar humano
(BRASIL, 2002).
Geralmente, as discussões sobre essa temática são mais dirigidas ao meio rural,
uma vez que nessas regiões, costuma-se ocorrer a maior exposição aos
agrotóxicos. Contudo, os impactos não se restringem somente aos indivíduos
ligados ao meio rural, mas sim a todos que consomem produtos tratados direta ou
15
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO DE LITERATURA
Para realizar buscas acerca das publicações correlatas com o tema, utilizou-se as
ferramentas de pesquisa Google Acadêmico, Portal Periódicos Capes e Catálogo de
Dissertações e Teses Capes.
Nas pesquisas, a fim de identificar o uso da temática agrotóxicos no ensino de
Ciências, mais especificamente nos anos finais do ensino fundamental, utilizou-se o
filtro “agrotóxicos e ensino fundamental”, com um recorte temporal dos últimos 5
anos. A tabela 01 apresenta os resultados da busca nos diferentes portais e os
resultados selecionados para desenvolver esta seção.
Tabela 01 - Resultados da busca “agrotóxicos e ensino fundamental”.
Portal Resultados Resultados selecionados
Periódicos Capes 30 2
Catálogo de Teses e
6362 3
Dissertações Capes
Fonte: acervo pessoal (2022).
Periódicos Capes 0 0
Catálogo de Teses e
7408 1
Dissertações Capes
Fonte: acervo pessoal (2022).
Ressalta-se que o alto índice de resultados obtidos nas buscas (Tabelas 01 e 02)
deve-se à falta de delimitações estabelecidas pelas palavras chaves utilizadas, ou
seja, não foi apresentado apenas resultados correlatos com a pesquisa. Diversos
trabalhos emergentes na busca tratavam de estudos sobre exposição ocupacional
19
4 REFERENCIAL TEÓRICO
Assim, esta metodologia configura-se como uma metodologia própria para o Ensino
de Ciências (sendo possível também a sua transposição para outras áreas), que
objetiva uma abordagem mais problematizadora dos conteúdos, almejando uma
formação crítica, comprometida com a cidadania. Muenchen e Delizoicov resgatam
também a possibilidade de utilização dos 3MP para além das salas de aula, sendo
possível a sua aplicação também na organização de eventos, materiais didáticos,
dentre outras possibilidades (MUENCHEN; DELIZOICOV, 2014).
A transição do modo de vida nômade para o sedentarismo fez com que as tribos de
seres humanos precisassem conhecer e aprender a explorar os ambientes em que
se fixavam. O crescimento populacional e a necessidade de variar a alimentação,
não mais suprida apenas pela caça e pela coleta, há cerca de 10 mil anos,
culminaram no surgimento da agricultura primitiva. Os indivíduos passaram a
observar como espécies vegetais se propagavam na natureza, como era sua
reprodução, e passaram a selecionar quais seriam mais vantajosas para as tribos
(BRAIBANTE; ZAPPE, 2012; FELDENS, 2018; MAZOYER; ROUDART, 2010).
Feldens (2018) caracteriza essa mudança de percepção dos humanos como uma
ruptura ecológica na relação humano-natureza, uma vez que a prática de alterar a
dinâmica de produção constituía uma intervenção no solo e no ecossistema. O autor
entende, assim, o surgimento da agricultura como um salto qualitativo no
desenvolvimento da humanidade. Entre 8 e 5 mil anos, os seres humanos forjaram
as primeiras ferramentas de trabalhos, feitas de pedra e metais como cobre, ferro e
estanho. Povos como os mesopotâmicos, egípcios e babilônios, posteriormente, já
possuíam uma sociedade organizada e identificavam regiões em que o solo era
mais fértil, bem como dominavam o comportamento dos rios, conhecendo suas
épocas de cheia e seca. Gregos e romanos dominavam técnicas de irrigação, que
foram apropriadas pelos egípcios, ao serem submetidos aos impérios invasores.
Essa progressão no desenvolvimento da agricultura caminhava com o próprio
desenvolvimento da humanidade, contudo, práticas como o desmatamento e as
queimadas em grande proporção para abrir caminho para lavouras já apontavam
35
do próprio ar, bem como a exposição dos indivíduos à água, alimentos e objetos
contaminados com agrotóxicos (INCA, 2022).
No livro “É veneno ou é remédio?”, Peres e Moreira (2003) abordam que, por vezes,
a mudança de nomenclatura dos produtos classificados como agrotóxicos é
realizada com o objetivo de mascarar o seu potencial danoso, sendo chamados de
defensivos agrícolas. Uso dos termos agrotóxicos, pesticidas e agroquímicos se
aproximam mais da forma com que esses produtos agem. Os autores também
trazem a classificação dos agrotóxicos quanto ao seu organismo alvo, grupo químico
e exemplos de produtos, conforme figura 02.
38
5 METODOLOGIA
Diante deste cenário, com a impossibilidade de uso do prédio, a PMV, por meio de
licitação, estabeleceu um contrato de locação com a faculdade Unida/Unopar, que
funciona no prédio Centro de Formação Martinho Lutero, localizado no bairro Bento
Ferreira, Vitória - ES, para onde os alunos foram transferidos e alocados no terceiro
e quarto andar da instituição. Desta forma, o ambiente desta pesquisa foram as
instalações provisórias da EMEF ASC.
5.3 PÚBLICO-ALVO
O público-alvo da pesquisa foi composto por 45 estudantes, na faixa etária de 13 a
16 anos, matriculados regularmente na EMEF ASC nas turmas de 8º ano,
organizadas em 2 turmas: 8º ano A e B.
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Práticas Experimentais 8º 3º
Duração Local
55 minutos
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
45
Referências
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O contato inicial com a equipe da escola foi realizado em maio de 2022. A Prefeitura
Municipal de Vitória solicitou o envio do projeto de pesquisa para autorização da
aplicação do estudo na EMEF ASC. Mediante o envio do projeto e autorização da
prefeitura, retomou-se o diálogo com a equipe de docentes e com a pedagoga no
mês de agosto.
Dialogou-se acerca do conteúdo que já estava em andamento na disciplina de
Práticas Experimentais. Por se tratar de uma disciplina sem ementa, diferente das
disciplinas já consolidadas como História, Geografia, Ciências, dentre outras, o
conteúdo ministrado no momento anterior ao início da pesquisa mesclava-se entre
as disciplinas de Geografia e História .
A conversa com a equipe docente e pedagógica, também permitiu discutir sobre as
características das turmas, sobre a presença de alunos com deficiência e a
necessidade de adaptação dos materiais ao longo da pesquisa.
Durante as reuniões, as docentes apontaram a ausência de tempo para
planejamento e realização de experimentos em sala de aula, entretanto, notou-se a
receptividade das professoras que se dispuseram em contribuir com a realização da
proposta pedagógica. Dessa forma, apresentou-se os planos de aulas e, em
conjunto com a equipe da escola, adaptou-se o que foi necessário para o contexto
das turmas e dos estudantes.
Ressalta-se que a todo tempo foi reforçada a liberdade para intervenção das
professoras que acompanharam e participaram da proposta pedagógica realizada
nas aulas de Práticas Experimentais.
Figura 08 - Escadas que dão acesso às salas destinadas aos estudantes da EMEF
ASC no Centro de Formação Martinho Lutero
Neste primeiro contato com as turmas foi realizada a entrega dos Termos de
Assentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A) pela licencianda aos estudantes das
turmas de 8º ano, durante as aulas de Práticas Experimentais. Com a presença da
pedagoga dos anos finais, o documento foi explicado e as dúvidas emergentes
foram sanadas.
Realizou-se, também, a coleta de dados gerais dos estudantes para auxiliar na
caracterização do público-alvo. Nesse momento da pesquisa, 41 estudantes
estavam presentes. A caracterização dos estudantes participantes quanto a idade; a
autodeclaração racial e a região em de Vitória onde residem se encontram,
respectivamente nas figuras 9 (a), (b) e (c).
51
Figura 9 (a) - Classificação dos estudantes participantes da pesquisa por idade; (b)
Autodeclaração racial dos estudantes e (c) Bairros de Vitória onde residem os
estudantes das turmas de oitavo ano.
afastadas, em menor percentual, como ilustra a figura 9(c). Também são atendidos,
nessas turmas, 2 alunos residentes no município da Serra.
A figura 10 traz um mapa da cidade de Vitória para efeito comparativo da distância
enfrentada por um percentual significativo de estudantes.
Figura 10 - Mapa político-administrativo da cidade de Vitória
pronomes e nome social adotados pelo estudante foram respeitados durante todos
os momentos da pesquisa.
Para a análise e discussão nesse estudo, obteve-se resultados finais apenas para
as turmas 8ºA e 8ºB, totalizando 45 participantes. Os resultados obtidos com a
participação dos outros estudantes ainda estão em processo de finalização e
apontam potencial promissor para análise e tratamento em outras publicações.
Desta forma, as seguintes subseções abordarão apenas a interpretação dos dados
obtidos da aplicação da proposta nas turmas de 8º ano.
Observou-se, por meio das respostas, que a maioria dos estudantes observa e opina
sobre agrotóxicos a partir da perspectiva de que esses produtos são utilizados
somente no âmbito rural, como apontado por eles nas questões 1 e 2. A partir da
Análise Textual Discursiva das justificativas complementares às questões de 3 a 6,
elencou-se duas categorias: agrotóxicos como elementos distantes do cotidiano e
agrotóxicos como elementos que afetam diretamente o cotidiano. As categorias e
unidades de significado estão dispostas no quadro 06.
Quadro 06 - Categorias e Unidades de Significado sobre as questões (4) e (5) do
questionário “O que são agrotóxicos?”
Categoria Unidades de Significado
uma vez que, se os agrotóxicos são aplicados apenas nas plantações, ou eliminam
todos os microrganismos destas ou aceleram e potencializam o crescimento de
vegetais, seus benefícios sobrepõem a visão dos malefícios, com uma limitada
reflexão sobre o assunto. Houve também um indício de confusão entre agrotóxicos e
fertilizantes no que tange à função desses produtos, uma vez que os agrotóxicos
não atendem ao objetivo de aumento da produtividade dos vegetais, enquanto
fertilizantes podem contribuir diretamente para esse aumento ao fornecer nutrientes
para o solo e, consequentemente, para a vegetação (PERES; MOREIRA, 2003).
Entretanto, há também os que alcançam uma compreensão mais ampliada, na
categoria agrotóxicos como elementos que afetam diretamente o cotidiano, uma vez
que reconhecem a possibilidade de implicações nos sistemas do corpo humano,
efeitos agudos e crônicos, o contraponto entre crescimento populacional e produção
de alimentos em larga escala.
Politereftalato de
Garrafa de refrigerante 1,38-1,40 Afunda
etileno (PET)
Polietileno de alta
Embalagem de fermento 0,95-0,97 Boia
densidade (PEAD)
Policloreto de
Segmento de encanação 1,19-1,35 Afunda
vinila (PVC)
64
Poliestireno
Esfera de isopor 0,009 Boia
expandido (EPS)
plástico não
Miçanga esférica >1,0 Afunda
identificado
Embalagem de amostra de
Vidro 2,43-3,33 Afunda
perfume
Fonte: adaptado de Crossetti (2012), Mota et al. (2017), Moraes (2017).
Destaca-se que a escolha dos materiais se deu em função da disponibilidade de
opções que a licencianda já possuía em casa, e o alto número de plásticos no
experimento contribuiu para aumentar a variedade de resultados e possibilitar a
compreensão de que, mesmo em um grupo de compostos que são parecidos, como
os plásticos, é possível observar propriedades físicas diferentes. A diversidade de
materiais também permite explorar a natureza da matéria e sua composição, além
da possibilidade de combinar diferentes materiais para formar outros.
Neste momento, os estudantes participaram ativamente da aula, uma vez que estes
eram os responsáveis por formular as hipóteses e verificar se determinado material
afundaria ou boiaria em meio à água. Nesse percurso, os estudantes apontavam
sobretudo o tamanho dos objetos como explicação para os resultados, porém foi
explicitado que além do volume, também é necessário conhecer a massa do objeto
para estabelecer uma relação que fornecerá a sua densidade. Alguns estudantes já
conheciam essa propriedade da matéria, contudo, não estabeleciam relação entre
as propriedades massa e o volume. A figura 19 exemplifica como se deu a
realização do experimento.
65
Iniciou-se a etapa de organização do conhecimento por meio da aula 06, que foi
destinada à responder às questões propostas sobre agrotóxicos no questionário
diagnóstico, com a participação dos estudantes. Abordou-se, nesse momento, sobre
a natureza dos agrotóxicos enquanto matéria e, portanto, constituídos de
substâncias ou misturas de substâncias, que por sua vez são formadas por
elementos químicos. Nesse momento, retomou-se a discussão realizada na aula
anterior (05), para exemplificar como a matéria pode apresentar composição e
propriedades variadas. Discutiu-se também sobre a presença dos agrotóxicos para
além do meio rural, uma vez que no ambiente urbano se recorre diversas vezes ao
uso desses produtos, seja nos inseticidas comerciais, nos produtos vendidos na
farmácia para combater infestações de piolhos, no controle populacional de formigas
em canteiros, no combate ao mosquito Aedes Aegypti, vetor de doenças como
Dengue, Zika e Chikungunya, via carro fumacê. Além da presença de resíduos de
agrotóxicos nos alimentos, confirmada continuamente pelo Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos - PARA, o contato com esses produtos é
cada vez mais comum, tendo em vista que o Brasil caminha na direção de uma
flexibilização cada vez maior do registro e comércio de formulações de agrotóxicos.
Os estudantes também opinaram sobre os benefícios e malefícios dos agrotóxicos
para a sociedade e para o ambiente. Ainda identificou-se posicionamentos nem
favoráveis nem desfavoráveis ao uso de agrotóxicos, revelando a necessidade de
retomada da problemática ao longo da proposta. Para além dos ambientes rurais,
urge também tomar consciência dos produtos químicos utilizados no cotidiano e
compreender seus mecanismos de ação, preocupando-se sempre com os impactos
socioambientais deste uso.
Os agrotóxicos podem ser classificados de acordo com o seu organismo alvo, grupo
químico, periculosidade ao ambiente e aos seres vivos (referências). Abordou-se, na
aula 07, a classificação dos agrotóxicos de acordo com o grupo de ação: inseticidas,
acaricidas, moluscicidas, rodenticidas, fumegantes. Explicou-se o mecanismo de
algumas substâncias como inseticidas comercializados em supermercados e foi
apresentado aos estudantes um caso real de infestação de Cochonilha-australiana
68
e sobre a substância branca secretada por ele, se oferecia perigo ou não para a
saúde humana, se poderia voar ou picar a pele.
Destaca-se o apoio e suporte de uma das professoras de Ciências da escola para
configurar o microscópio óptico e auxiliar no desenvolvimento das aulas em que este
foi utilizado. O uso do microscópio motivou também a professora de Ciência do turno
vespertino a utilizar o equipamento em suas aulas.
de água de molho de feijão, um litro de água para 500 g de feijão preto, em repouso
por 12 horas. Para o preparo do indicador de repolho roxo, utilizou-se 1 litro de água
para 150 g do vegetal. Realizou-se, ainda, a diluição de uma fração de 500 mL de
indicador de repolho roxo concentrado com 500 mL de água da torneira, para avaliar
o efeito da concentração durante seu uso. A tabela 07 indica os materiais usados,
sua composição química e seu caráter (ácido, neutro ou básico).
Tabela 07 - Dados sobre os materiais utilizados e resultados do teste de pH
Material Composição química Meio
Bicarbonato de sódio
bicarbonato de sódio (NaHCO3) básico
comercial
Permetrina
Pulicida [2,2-dimetil-3-(2,2-diclorovinil)ciclopropil-1-car ácido
boxilato-3-fenoxibencilo], excipiente q. s. p.
Nas duas últimas aulas antes da nova resposta aos questionários diagnósticos,
realizou-se uma aula expositiva-dialogada sobre os impactos da utilização de
agrotóxicos para o ar. Posteriormente, realizou-se um debate com os estudantes,
dando enfoque aos compartimentos ambientais atingidos pelo uso desenfreado de
agrotóxicos (solo, água e ar). O debate foi baseado em trechos de textos científicos
contendo informações sobre esses produtos químicos, sua composição, seres vivos
que desenvolvem resistência a esses produtos, dentre outros conteúdos. Os textos
selecionados são apresentados na tabela 08.
Tabela 08 - Textos selecionados para realização do debate em sala de aula
Título Autor e ano Tema do trecho
Desenvolvimento de novos
A Química dos Braibante e Zappe agrotóxicos para combater
Agrotóxicos (2012) espécies resistentes aos produtos
já utilizados.
Agrotóxicos sistêmicos e de
Como funcionam os Superinteressante
contato e seus mecanismos de
agrotóxicos (2018)
ação.
Resultados do
Programa de Análise Alimentos com maior número de
de Resíduos de Anvisa (2020) resíduos de agrotóxicos e
Agrotóxicos em resultados gerais do programa.
Alimentos - PARA
Figura 34 - Nuvem de palavras da questão “do que é feito o solo?” a partir das novas
respostas
responder”
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Trunfo Agrotóxicos”. Revista Ensino Saúde e Biotecnologia da Amazônia, Coari,
v. 2, n. 1, p. 1-18, maio 2020.
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Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 4, n. 4, 2012.
DE SOUSA, M.; FREDERICO MARRANGHELLO, G. ATIVIDADE DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA NOS ANOS INICIAIS, BASEADA NOS TRÊS MOMENTOS
PEDAGÓGICOS. Anais... In: Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v.
11, n. 1, 14 fev. 2020.
DEGANI, Ana Luiza G.; BASS, Quézia B.; VIEIRA, Paulo C.. Cromatografia: um
breve ensaio. Química Nova na Escola, [S.L], v. 1, n. 7, p. 21-25, maio 1998.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria
Castanho Almeida. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo:
Cortez, 2002. 364p.
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SOBRE O TEMA "AGROTÓXICOS" E A PROPOSIÇÃO DE UMA WEBQUEST
PARA O ENSINO FUNDAMENTAL II. 2021. 123 f. Dissertação (Mestrado) - Curso
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Professoras de Ciências: das compreensões às possibilidades de intervenção.
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1307-1337, 4 jan. 2021. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciencia.
http://dx.doi.org/10.28976/1984-2686rbpec2020u13071337.
FRANÇA, Brunella. Professores das novas disciplinas e do tempo integral
passam por formação. Prefeitura Municipal de Vitória, 2022. Disponível em:
https://www.vitoria.es.gov.br/noticia/professores-das-novas-disciplinas-e-do-tempo-int
egral-passam-por-formacao-44589. Acesso em: 13 set. 2022.
GEHLEN, Simoni Tormöhlen; MALDANER, Otavio Aloisio; DELIZOICOV, Demétrio.
MOMENTOS PEDAGÓGICOS E AS ETAPAS DA SITUAÇÃO DE ESTUDO:
COMPLEMENTARIDADES E CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS. Ciência & Educação, Bauru, v. 18, n. 1, p.1-22, ago. 2012. Disponível
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132012000100001.
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GIACOMINI, Alexandre; MUENCHEN, Cristiane. Os três momentos pedagógicos
como organizadores de um processo formativo: algumas reflexões. Revista
Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 339–355,
2015. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4317.
Acesso em: 13 set. 2022.
GIL, Antonio Carlos et al. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,
2002.
93
Assinatura da Pesquisadora:
AULA 00
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
contendo itens como nome, turma em que estão matriculados, idade, bairro em
que residem e identificação racial.
Recursos
Avaliação
Não há avaliação.
Referências
AULA 01
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
O que é solo?
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Questionários impressos.
Avaliação
Referências
Nome: Turma:
1. O que é solo?
AULA 02
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
55 minutos Pátio
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Recipientes de até 200 mL. Água potável. Amostras de solo. Cola branca comum.
Palitos de picolé ou colheres de madeira para sorvete. Pincéis. Folhas em branco
para pintura.
104
Avaliação
Referências
AULA 03
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
106
Avaliação
Referências
AULA 04
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
A avaliação será realizada por meio das respostas aos questionários diagnósticos.
108
Referências
Nome: Turma:
AULA 05
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
Referências
BROWN, Theodore L. et al. Química: a ciência central. 13. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2016. 1229 p.
ATKINS, Peter W.; JONES, Loretta. Princípios de química: questionando a vida
moderna e o meio ambiente. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 965 p.
111
AULA 06
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
Referências
AULA 07
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
relações.
Recursos
Avaliação
Referências
AULA 08
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
Referências
AULA 09
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
118
Recursos
Avaliação
Referências
GRUPO:
3. Explique, com suas palavras, como ocorreu a separação das cores das
canetinhas por meio da cromatografia em papel.
120
AULA 10
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
Referências
AULA 11
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Influência do pH de agrotóxicos
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
123
Referências
AULA 12
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
Referências
AULA 13
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
127
Referências
AULA 14
Planejamento de Aula
Professora(s)
Área de conhecimento
Ciências da Natureza
Duração Local
Tema
Conteúdo
Objetivos
Desenvolvimento
Recursos
Avaliação
Referências