Você está na página 1de 2

Através das análises textuais, foi possível inferir como as Teorias Críticas contribuíram

para a solidificação dos Direitos Humanos para além da ordem global, individualista,
neoliberal, colonial e nortecêntrica. Observou-se discussão sobre como o Direito pode
realmente se transformar em direitos como garantia jurídica, de acordo com Joaquin
Herrera, para que isso seja possível, é necessário, preliminarmente, buscar a luta pelos
“bens”, ou seja, aqueles necessários para se obter vida digna e, através deste acesso, há
consequentemente acesso aos direitos. A contribuição se permeia através da análise sobre
a luta não só pelos direitos humanos de modo abstrato, mas sim de uma maneira mais
palpável, para que seja possível o acesso por todos os humanos.
Não obstante, quando Escrivão debate sobre o que se compreende por direitos humanos,
retira aquela visão rasa que se tem de que direito é direito somente quando positivado.
Além disso, no decorrer do texto insta demonstrado sobre a existência de uma grande
desumanização em relação às pessoas que se encontram marginalizadas ou fazem parte
da minoria social, pois a sociedade e até eles mesmo possuem a visão de não são seres
humanos, logo, não são passíveis de deter nenhum direito. Portanto, antes de se questionar
sobre os direitos humanos, há de se inferir como o processo de desumanização é capaz de
transformar a efetivação dos direitos humanos em utopia, sendo encergado apenas como
uma ilusão e não como direitos que tenham real efetivação.
Outrossim, Boaventura, corroborando com Escrivão, aborda sobre a necessidade de se
atentar para o direitos humanos além do positivado. Com isso, percebe-se que, em
decorrência da origem histórica, a visão que se tem dos direitos humanos é a eurocêntrica,
cristalizada apenas em uma língua e que por isso, existem tantas regiões onde humanos
sofrem mas não há nenhuma intervenção por causa da localização e/ou da linguagem. Tal
cristalização ou celebração acrítica dos direitos humanos advém da desvalorização das
lutas e dos saberes, permeados por aqueles excluídos pela história, mas que resistiram às
injustiças do passado. Pode-se até mesmo fazer uma analogia ao livro de Chimamanda
Ngozi Adchie, “O perigo de uma história única”, cuja escritora aborda sobre a
necessidade de analisar outras versões e visões sobre os fatos , entretanto em se tratando
do histórico dos Direitos Humanos, o que se tem como legítimo é apenas a história
contada por europeus e norte-americanos, deixando de fora as classes dominadas por
estes.
Destarte, é imperioso analisar a distinção que existe entre as sociedades metropolitanas
e os territórios coloniais, que põe no esquecimento e invisibilidade aqueles que estão “do
outro lado” tornando-os incapazes de se comprometerem com pautas atinentes aos
direitos humanos e deixando-os à deriva ou sob o poderio dos seus dominantes. Portanto,
é perceptível que os direitos humanos foram concebidos para vigorar apenas nas
sociedades metropolitanas, entretanto, através da Teoria Crítica, partindo da análise
contra- hegemônica, há reconhecimento das diversas linguagens e lutas mobilizadas pelos
que se encontram “do outro lado”.
Por fim, fica evidente a contribuição das Teorias Críticas para a concretização dos
direitos humanos, para que seja possível enxergar para além do significado simplista e
para além do direito positivado, cujo direito, para ser direito, além da garantia jurídica, é
necessária a luta pelos bens, luta que venha abranger a todos, principalmente os
“esquecidos” e marginalizados, tirando toda a percepção hegemônica e nortecêntrica que
se tem acerca do assunto.

Você também pode gostar