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Pesquisa Qualitativa

1. Tipos de Conhecimento
2. Ética na Pesquisa
3. Escrita Científica
4. Técnicas Qualitativas
5. Observação
6. Entrevista em Grupo
7. Entrevista
8. Grupo Focal

1. TIPOS DE CONHECIMENTO

A) Empírico/Popular/sensível/Senso Comum
B) Filosófico
C) Religioso
D) Científico

Conhecimento Definição
-Acúmulo de conhecimento originado de experiências vividas pelos
antepassados, compartilhado por culturas e povos pois é passado de
Empírico/ geração em geração;
Popular/ -Ametódico e Assistemático, pois não utiliza método, estudo ou
verificação sendo organizado com base nas experiências de um sujeito,
sensível/Senso e não em um estudo para observar o fenômeno.
-É baseado em experiências;
Comum -Pautado em relações de causa-efeito sem se importar se essa relação
está de fato correta.
-Valorativo, verificável, falível e inexato;

-Conhecimento emergido de questionamentos sobre a realidade e


Filosófico funcionamento humano, sem buscar respostas necessariamente.
-Valorativo, pode ou não ser verificável, falível e sistemático.

-Sistemático porém não utiliza método. Atribui causas sobrenaturais a


Religioso fenômenos que não conseguimos explicar racionalmente. Portanto, não
se preocupa em explicar os fenômenos.
-É elemento de suporte psicológico.
-Valorativo, não verificável, infalível e exato (pois possui dogmas
inquestionáveis)

-Sistemático pois pauta-se na lógica;


Científico -É metódico pois utiliza: teoria, estudo, experimentação e resultado;
-Factual, verificável, falível, aproximadamente exato, replicável;
⚠ A pesquisa não busca achar verdades, apenas evidências. Também não contém
certezas, apenas probabilidade.
2. ÉTICA NA PESQUISA

➢ Código de Nuremberg:

1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial,


necessitando obrigatoriamente que ele seja legalmente capaz de consentir;
2. O experimento deverá ser vantajoso para a sociedade e não feito
desnecessariamente;
3. O experimento deverá ser baseado em resultados de experimentação animal
e no conhecimento da evolução dos problemas em estudo;
4. O experimento deverá ser conduzido de maneira a evitar todo o sofrimento e
danos desnecessários, sejam eles físicos ou mentais;
5. Nenhum experimento deverá ser conduzido sob risco de morte ou invalidez
permanente;
6. O grau de risco aceitável deverá ser limitado pela importância humanitária do
problema que se é proposto a resolver;
7. deverão ser tomados cuidados especiais para proteger o participante de
quaisquer possibilidades, se remotas, de dano, invalidez ou morte;
8. O experimento deverá ser conduzido apenas por pessoas cientificamente
qualificadas;
9. O participante deverá ter plena liberdade de se retirar, caso sinta que há
possibilidade de algum dano com a sua participação;
10. O pesquisador deverá suspender os procedimentos se sob crença de que sua
continuação causará dano, invalidez ou morte para o participante;

➢ Resoluções do Ministério da Saúde:


➢ Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012: “Incorpora, sob a ótica do
indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como,
autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre
outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos
participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado”
➢ Nº 510, DE 7 DE ABRIL DE 2016: “Dispõe sobre as normas aplicáveis
a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais Cujos procedimentos
metodológicos envolvem a utilização de dados diretamente obtidos
com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam
acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana”
➢ Procedimentos para submeter Pesquisa ao Comitê de Ética através da
Plataforma Brasil:
○ Título do projeto;
○ Responsáveis (orientadores, etc.);
○ Quem são os participantes;
○ Propósito;
○ Hipóteses;
○ antecedentes científicos;
○ material (procedimentos, análises dos dados e resultados desses
dados);
○ Análise crítica dos riscos e benefícios para a sociedade;
○ Duração da pesquisa;
○ Explicitação de responsabilidades;
○ Critérios para suspensão de pesquisa;
○ número mínimo de participantes;
○ locais da pesquisa e estrutura;
○ Orçamento (bolsas/ recursos);
○ bibliografia;
○ apêndice (contém termo de consentimento); contém tudo que foi feito
na pesquisa;

➢ Coleta de dados no Brasil não pode ser comercializada


○ No Brasil é proibido realizar pesquisas com remuneração da amostra,
pois: “Resolução Nº 466, de 12 de Dezembro de 2012: II.10-
participante da pesquisa - indivíduo que, de forma esclarecida e
voluntária, ou sob o esclarecimento e autorização de seu(s)
responsável(eis) legal(is), aceita ser pesquisado. A participação deve
se dar de forma gratuita, ressalvadas as pesquisas clínicas de Fase I
ou de bioequivalência”. Além disso, a Constituição veda qualquer tipo
de comercialização de coletas, porém dispondo de políticas que
facilitem-as pois: “Artigo 199, parágrafo 4º, da Constituição da
República: Segundo o qual a lei disporá sobre as condições e os
requisitos que facilitem a remoção de órgãos,tecidos e substâncias
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
coleta,processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo
vedado todo tipo de comercialização”
3. ESCRITA CIENTÍFICA

Um artigo científico possui estruturação de escrita específica:

1. Título
2. Resumo
3. Introdução
4. Método
5. Resultados
6. Discussão
7. Conclusão
8. Agradecimentos
9. Referências

Título Características
Deve conter: Contextualização do tema do artigo; Justificativa que
exponha a relevância do estudo deste tema para a sociedade;
Resumo Objetivo geral e específico da pesquisa; Metodologia que inclua
procedimentos experimentais, análises teóricas ou estatísticas
(explicita participantes, instrumentos e análises estatísticas);
Resultados e Discussão contém exposição de dados quantitativos ou
qualitativos e interpretação de resultados relevantes; Conclusão e
Perspectivas encerra o resumo, conta com as contribuições e aponta
possíveis implicações da pesquisa.

Apresenta o problema, disseca o tema escolhido, apresenta hipótese


Introdução (achados a partir da bibliografia selecionada. Expor o que é esperado
para a problemática de acordo com estudos anteriores), apresenta
justificativa e objetivo. Deve conter alguma citação teórica.

Método Que tipo de pesquisa foi empregada, quantitativa ou qualitativa; Se foi


exploratória, descritiva ou explicativa; População-alvo (amostra
populacional), procedimentos experimentais, análises teóricas ou
estatísticas, instrumentos utilizados para coleta de dados;

Resultados Expõe todos os dados encontrados na pesquisa. Se a pesquisa for


quantitativa, deve conter análises estatísticas, tabelas e gráficos.

Deve conter a interpretação e os comentários sobre o significado dos


resultados, a comparação com outros achados de pesquisas sobre o
Discussão assunto e as conclusões a que chegaram os autores, em consonância
com o objetivo da pesquisa ou a hipótese formulada.

Conclusão Conclui o artigo retomando resultados e discussão

Referências Bibliografia utilizada


4. Técnicas Qualitativas

1. Entrevista
2. Revisão Sistemática (leitura de inúmeros artigos)
3. Revisão bibliográfica (leitura de artigos escolhidos que favorecem a pesquisa)
4. Observação
5. Questionário
6. Instrumento
7. Grupo Focal
8. Análise de discurso
9. Análise de conteúdo
10. Relato de caso
11. Etnografia

Técnicas Características

Entrevista -Método para coleta de dados;


-Pode ser focalizada (coleta de informações é livre e enfoca
em um tema específico. O entrevistado pode falar livremente
e o entrevistador deve sempre retomar o mesmo foco quando
ele é desviado), padronizada (realizada a partir de roteiro
prévio, com perguntas e opções de respostas) ou
semipadronizada (coleta é feita de maneira livre e no
momento que falta alguma informação, o entrevistador realiza
perguntas);

Grupos focais -Método para coleta de dados de um objeto de interesse


-Uso explícito do grupo para produção de dados e insight
-Discussão Informal

Observação -Método para coleta de dados de um objeto de interesse;


-É possível observar um grupo, conteúdo ou objeto;
-Pode ser livre (informal) ou sistemática (formal)
5. OBSERVAÇÃO

A) Etapas da Observação
B) Observação Livre
C) Observação Sistemática

Tipo Características

Etapas 1- Escolha do ambiente


2- Definição do que deve ser documentado na observação e em
cada caso
3- Treinamento dos observadores a fim de padronizar estes focos
4- Observações descritivas que forneçam uma apresentação inicial e
geral do campo
5- Observações focais que se concentrem nos aspectos relevantes à
questão da pesquisa
6- Observações seletivas cuja finalidade seja a compreensão
intencional dos aspectos centrais
7-Fim da observação: quando se atinge a saturação teórica, ou seja,
quando conhecimento adicional for esgotado.

Livre -Principal objetivo: Registro de comportamento ao mesmo tempo em


que ele ocorre, não havendo um tempo determinado para este tipo
de observação. Portanto, pode durar minutos ou horas.
-Forma de registro: escrito, gravado na memória, filmado (com
autorização);
-Vantagem: verificação maior do fenômeno observado
-Desvantagens: maior dificuldade na obtenção de detalhes,
dificuldade de replicação, dificuldade na análise do resultado.

Sistemática -Exige planejamento


-Campo de observação deve ser delimitado (roteiro auxiliador)
-Duração estabelecida: tempo e de de quanto em quanto tempo
durará;
-Local estabelecido
-Número de observações necessárias: depende da frequência de
ocorrência do contexto;
-Vantagens: verificação maior dos detalhes onde o fenômeno ocorre
e é facilmente replicada;
-Desvantagens: dificuldade maior de observação do contexto geral.
➔ 5 dimensões da Observação

➔ Classificação Participante e Observador


◆ Observação não participante: observador tem contato com o grupo
mas não se integra a ele, presenciando porém não participando. Papel
de espectador.
◆ Observador como participante: observador tem contato com o grupo
e se integra a ele, portanto presencia e participa na pesquisa. Exerce
influência e é influenciado pelo grupo.
◆ Participante completo: observador participa porém não revela a
verdadeira identidade;
◆ Participante como observador: observador revela sua identidade e
objetivos a que se presta.
◆ Observador Completo: não interage com o grupo, realizando toda a
observação sem ser visto.
6. ENTREVISTA EM GRUPO

➔ É uma entrevista com um pequeno grupo de pessoas;


➔ A principal tarefa do entrevistador é impedir que pessoas ou grupos parciais
dominem a entrevista;
➔ Possui procedimentos diferenciados;
➔ Pode ser mais estruturada ou não;
➔ O entrevistador é um moderador, devendo motivar e obter respostas de todos,
guiar buscando sempre o equilíbrio
➔ Tem um tópico específico
➔ Possui, como vantagens, o baixo custo e a ampla qualidade dos dados

➔ Discussões em Grupo:
◆ Alternativa para as entrevistas abertas, podendo também ser utilizada
na área de marketing.
◆ Objetivos: estimulação de um debate e a utilização da dinâmica
desenvolvida como fonte de conhecimento;
➔ Sobre o moderador:
◆ Direcionamento formal: Limita-se ao controle da pauta dos
interlocutores e a determinação do início do curso e do final das
discussão;
◆ Direcionamento tópico: Introdução de novas perguntas e a orientação
da discussão para um aprofundamento e uma ampliação de tópicos e
de componentes específicos.
◆ Direcionamento das dinâmicas: Utilização de questões provocativas,
polarizando uma discussão branda ou acomodando relações de
dominância, atingindo intencionalmente aqueles membros que estejam
mantendo um comportamento mais reservado durante a discussão;
7. ENTREVISTA

➔ Ferramenta de coleta de dados que permite a extração de uma grande


quantidade de informações, favorecendo a manifestação das particularidades
do entrevistado mais que qualquer outro método, utilizada também por sua
versatilidade e baixo custo. Esta ferramenta permite que o sujeito
contextualize sua história. Portanto, ela não depende apenas da resposta do
entrevistando, pois conta com a subjetividade do terapeuta fazendo um
feedback com quem é entrevistado.

➔ Tipos de Entrevista:

Não estruturada/Padronizada/Aberta Espontaneidade, densidade. Pouca ou nenhuma


estruturação das perguntas, o entrevistado fala livremente
sobre um tema. Ampla liberdade para intervenções e
alterações.

Estruturada/Padronizada/Fechada Rigidez, possibilidade de reprodução. Perguntas, ordem e


formação predeterminadas e sem possibilidade de
alteração. Facilita análises quantitativas. É possível aplicar
mais pessoas do que a não estruturada, pois é uma
ferramenta mais simples, tanto em termos de aplicação
quanto de análise.

Semiestruturada/Semipadronizada Flexibilidade, adaptabilidade. Perguntas e estrutura


parcialmente pré-definidas, com espaço para escuta e
intervenção.

Focalizada Assunto é muito específico. Há exibição de um estímulo


específico e análise do impacto deste estímulo nos
entrevistados.

➔ Vantagens:
◆ Riqueza intensa de informações holísticas e contextualizadas
◆ Captura de dados qualitativos via informações não verbais (expressão
corporal, tonalidade, ênfase, etc). Isso é vantajoso pois nem sempre o
paciente expressa sua condição de maneira completa. É pela
observação de seu estado que se garante mais informações.
◆ Esclarecimento de respostas e significado das perguntas, caso surja
alguma dúvida da parte de quem responde ou de quem pergunta.
◆ Flexibilidade de aplicação
◆ Facilidade de adaptação do protocolo
◆ Aplicável em pessoas não aptas à leitura
◆ Maior número de respostas em comparação a outras técnicas

➔ Desvantagens:
◆ Por si só, não garante fidelidade dos dados coletados. Para contornar
este conflito, é preciso utilizar outras ferramentas adicionais.
◆ Fornecimento de respostas falsas, seja por razões conscientes ou
inconscientes
◆ Requer treinamento especializado a fim de evitar questões como
influência do entrevistador.
◆ Falta de motivação do entrevistado

➔ Requisitos: na formulação do roteiro

Preparação de entrevista anteriormente

Contextualizar a cultura do indivíduo, para evitar vieses.

Ficar de olho na disponibilidade, confidencialidade, escolha de ambiente seguro


para entrevista.

Preparação de roteiro:
● Elaboração deve contar com maior facilidade possível de entendimento.
● Perguntas devem contar com estimulação do paciente, para que ele
continue a responder/falar de maneira precisa
● Não mostrar opinião pessoal e não fazer perguntas enviesadas
● Entrevistador deve começar se apresentando, para constituir vínculo com
quem está sendo entrevistado
● explicar finalidade do trabalho
● Reassegurar a confidencialidade da entrevista
● Mostrar importância da contribuição do entrevistado
● Solicitar autorização para gravar
● Não é aconselhável: entrevistao pertença ao contexto onde sua dala possa
ser facilmente reconhecida, pois isso pode afetar o sigilo.
● Realizar entrevistas em contextos de abuso de poder, como prisão, hospital
psiquiátrico, etc.

◆ Por que você fez essa pergunta específica


● Qual sua relevância teórica?
● Qual a conexão com a questão da pesquisa?
● Qual a dimensão substancial da pergunta?

◆ Por que você formulou a pergunta desta forma?


● É uma pergunta de difícil compreensão?
● É uma pergunta ambígua?
● É uma pergunta produtiva?
◆ Por que você situou essa pergunta nesse ponto específico?
● Como a questão se ajusta dentro da estrutura do guia?
● De que forma a distribuição dos tipos de questão está
diferenciada?
● Qual a relação entre as questões isoladas?

8. GRUPO FOCAL

➔ Técnica qualitativa que utiliza sessões grupais de discussão centralizadas


num tópico específico, debatido por pequenos grupos de pessoas. Portanto,
realiza discussões para encontrar/chegar em algum ponto, tendo como objeto
ou assunto específico.
➔ A técnica distingue-se justamente pelo uso explícito da interação do grupo
para a produção de dados e insight.
➔ Vantagem: frequentemente utilizada devido seu baixo custo de
operacionalização e rapidez na obtenção de dados.
➔ Também é possível combinar com outros métodos, tais como levantamentos,
observações e entrevistas individuais.
➔ Construção do grupo focal:
◆ Escolha dos participantes;
◆ Escolha do moderador;
◆ Local dos encontros;
◆ Elaboração do guia de temas;
◆ Quesitos fundamentais para um bom andamento de grupo;
◆ Não existe número certo de encontros;
➔ Etapas:
1. Planejamento
2. Definição do objetivo da pesquisa
3. Metas a serem alcançadas
4. Após tudo isso, ocorre a análise de dados;

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