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04 JOSÉ AO EXODO:

José vendido aos midianitas.

1680 AC – (Anno Mundi 2216) – José é vendido


aos midianitas
Conforme Gn 37:2-28, José foi vendido aos mercadores
midianitas que iam para o Egito quando tinha dezessete
anos de idade, no Anno Mundi 2.216, resultado de (2199 +
17).

José vendido pelos irmãos - Konstantin Flavitsky


1680 AC – (Anno Mundi 2216) – José é vendido a
Potifar
Conforme Gn 39:1-4, José foi levado ao Egito, e Potifar,
oficial de Faraó, capitão da guarda, homem egípcio,
comprou-o da mão dos midianitas: “E o Senhor estava com
José, e foi homem próspero; e estava na casa de seu senhor
egípcio. Vendo, pois, o seu senhor que o Senhor estava com
ele, e tudo o que fazia o Senhor prosperava em sua mão,
José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs
sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha”.
Isto veio a acontecer no mesmo ano em que José foi
vendido pelos irmãos aos mercadores midianitas.
1679 AC – (Anno Mundi 2217) – José é colocado na
prisão por doze anos
Conforme Gn 39:20, “o senhor de José o tomou, e o
entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei
estavam encarcerados; assim esteve ali na casa do cárcere”.
José foi vendido pelos irmãos quando tinha a idade de
dezessete e saiu da prisão aos trinta, quando se tornou
governador do Egito. Permaneceu, portanto, um ano em
casa de Potifar e doze anos na prisão.
Jasher faz um comentário interessante sobre o julgamento
de José: que pela forma como a roupa de José fora rasgada,
mostrava claramente que ele era inocente, pois era claro
que a posição de José era de defesa e não de ataque. Potifar
ouviu o juiz proferir sua análise e soube, desta forma, que
sua esposa era culpada. Mesmo assim, fez valer sua posição
social atirando José ao cárcere.

José governador do Egito.

1669 AC – (Anno Mundi 2227) – as prisões do


copeiro e padeiro do rei do Egito
Por alguma ofensa cometida contra o rei do Egito, foram
colocados na mesma prisão em que José estava, o padeiro e
o copeiro do rei. Ali eles têm sonhos que José interpreta
corretamente: o copeiro será liberdado e o padeiro será
enforcado.

José interpreta os sonhos na prisão - Alexander Ivanov


Este evento aconteceu dois antes da libertação de José, ano
que coincide com o sonho de Faraó, conforme Gn 41:1: “ E
aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó
sonhou…”.
1668 AC – (Anno Mundi 2228) – morte de Isaque
Conforme Gn 35:28-29 Isaque morreu aos 180 anos de
idade, portanto, no Anno Mundi 2228, conforme (2048 +
180), ano de seu nascimento somado à sua idade.
Uma curiosidade retratada em Jasher: Jacó e Esaú
sepultaram seu pai na caverna de Macpela que Abraão
havia comprado de Hete, em Quiriate-Arba (Hebrom) para
sepultar Sara. Isaque havia deixado muitas riquezas como
herança e Jacó, intentando ser justo com seu irmão, propos
dividir os bens de seu pai em duas metades: uma
constituída pelas terras deixadas por Isaque, ou seja, toda
Canaã, dada por Deus em promessa a Abraão e herdadas
por Isaque; e a outra metade constituída pelas riquezas
deixadas por Isaque, compreendidas pelo gado, ouro,
prata, escravos e demais bens materiais.
Diz Jasher que Esaú foi se aconselhar com seu filho
Nebaiote, que residia em Canaã, e este aconselhou seu pai
a tomar as riquezas de Isaque, pois a terra não lhe
pertencia pois era de fato habitada por muitos povos e suas
cidades estremamente fortificadas, ou seja, não passava de
uma quimera. Desta forma Esaú tomou todas as riquezas
de seu pai.
Jacó escreveu este acordo num livro, que foi assinado por
quatro testemunhas. Eram estas as palavras do acordo: “A
Terra de Canaã e as cidades dos hititas, dos havitas, dos
jebuseus, dos amonitas, dos perazitas e dos gagarzitas,
todas as sete nações, desde o Rio do Egito até o Rio
Eufrates, e a cidade de Hebron – Quiriate-Arba, e a
caverna de Macpela, tudo isto comprou Jacó de seu irmão
Esaú por valor, para possessão e por herança de sua
semente para sempre”. Jacó colocou este acordo em vaso
de barro para que ficasse conservado por longo tempo.
1667 AC – (Anno Mundi 2229) – José interpreta o
sonho de Faraó
José interpretou o sonho de Faraó, e sua interpretação foi
dígna de aceitação pelo rei, conforme Gn 41:37-38: “E esta
palavra foi boa aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os
seus servos. E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um
homem como este em quem haja o espírito de Deus?”
1667 AC – (Anno Mundi 2229) – José governa
sobre o Egito
Conforme José interpretara, em decorrência do sonho de
Faraó, o Egito passaria por sete anos de prosperidade
seguidos de sete anos de sequidão.
Pela confiança de que tal interpretação só poderia vir de
Deus, Faraó torna José o segundo homem mais poderoso
do Egito. Conforme Gn 41:46, “E José era da idade de
trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E
saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do
Egito”.
Somados estes trinta anos ao ano de seu nascimento,
situamos no Anno Mundi 2229 o ano em que José se
tornou governador do Egito.

Os sete anos de fartura.

1667 AC – (Anno Mundi 2229) – início dos sete


anos de fartura
O início do período de fartura no Egito se deu no Anno
Mundi 2229, quando José começou a governar o Egito, aos
trinta anos de idade, conforme Gn 41:46.
1663 AC – (Anno Mundi 2233) – nascimento de
Manassés e Efraim
Conforme Gn 41:50-52, nasceram no mesmo ano,
Manassés e Efraim, filhos de José, gêmeos, portanto.
O redator de Gênesis não tem a preocupação de datar estes
nascimentos, referindo apenas que aconteceram antes do
tempo da fome. Jasher data o evento no ano trinta e quatro
da vida de José.
1661 AC – (Anno Mundi 2235) – nascimento de
Coate, avô de Moisés
A data de nascimento de Coate, filho de Levi, não se
encontra definida na Bíblia, nem mesmo em Jasher ou na
Seder Olam Rabbah. Pelos motivos que expomos abaixo,
situamo-la em 2235 A.M., quando Levi teria 41 anos de
idade.
Levi teve três filhos e Coate seria o segundo, conforme Ex
6:16: “E estes são os nomes dos filhos de Levi, segundo as
suas gerações: Gérson, Coate e Merari; e os anos da vida de
Levi foram cento e trinta e sete anos”.
Conforme Ex 6:18, “os anos da vida de Coate foram cento e
trinta e três anos”. Coate nos é importante, pois foi avô de
Moisés. Por se tratar de uma data estimada, a intenção
aqui é fixá-la num período que se possa acomodar dentro
do intervalo de tempo que se estende desde antes da
entrada da família de Jacó no Egito, até o nascimento de
Moisés, oitenta anos antes do Êxodo.
Jasher relata em seu capítulo 68 que Coate estaria vivo
quando Moisés nasceu no Anno Mundi 2368. Subtraindo-
se 133, idade de Coate ao falecer, de 2368, chegamos a
2235 A.M., suposto ano de seu nascimento, que fica
acomodado em três anos antes da entrada da família no
Egito.
Da mesma forma, acomodamos o nascimento de Merari, o
terceiro filho de Levi, dois anos depois, no Anno Mundi
2.237, um ano antes de a família adentrar o Egito.

Os sete anos de fome.


1660 AC – (Anno Mundi 2236) – início dos sete
anos de fome
Sabemos, por Gn 47:28 que Jacó viveu no Egito por
dezesste anos, e que foi para o lá no segundo ano do
período de fome (Gn 45:6), quando ainda restavam 5 anos
para se finalizar aquele ciclo.
Sabemos que o período de escassez de comida se iniciou 19
anos antes da morte de Jacó, que veio a falecer no Anno
Mundi 2255. Temos, portanto, que o período de fome se
iniciou em 2236 A.M. (2255 – 19).
É importante guardarmos as prováveis datas de
nascimento dos filhos de Perez (filho de Judá com Tamar)
para constatação acerca dos descendentes de Jacó que
entraram no Egito, bem como de Marari, terceiro filho de
Levi, para cálculo das datas referentes a Moisés. Ambos
assuntos serão vistos adiante.
Conclui-se também que José se revelou aos seus irmãos no
Anno Mundi 2.238, mesmo ano em que Jacó se deslocou
ao Egito com sua família.

A chegada de Israel ao Egito.


1658 AC – (Anno Mundi 2238) – ida de Israel e sua
família para o Egito
Conforme já vimos, ao constatar datas anteriores, Jacó se
seus familiares desceram ao Egito no Anno Mundi 2238. A
informação chave para se determinar as datas referentes ao
Egito é a morte de Jacó.
Jacó nasceu no Anno Mundi 2108 e faleceu no Anno
Mundi 2255 aos 147 anos de idade: (2108 + 147 = 2255).
Jacó viveu seus 17 últimos anos de vida no Egito, conforme
Gn 47:28. Temos, portanto, que Jacó encontrou-se com
José seu filho, na ocasião, governador do Egito, no Anno
Mundi 2238, resultado de (2255-17);
Sabemos que Jacó e seus filhos se mudaram para o Egito
no mesmo ano em que José se revelou a seus irmãos e
sabemos que quando isto aconteceu, José mencionou que
já haviam se passado dois anos e fome e que mais cinco
anos ainda restavam, aconselhando desta forma que seus
irmãos trouxessem Jacó e o restante da família para
estarem seguros no Egito, conforme o relato de Gn 45:6.
Tempos portanto, que o período de fome se iniciou no
Anno Mundi 2236, terminando em 2.243 A.M.
Passaram-se vinte e dois anos entre a venda de José e a ida
de Israel para o Egito. Conforme Gn 46:26, “todas as almas
que vieram com Jacó ao Egito, que saíram dos seus
lombos, fora as mulheres dos filhos de Jacó, todas foram
sessenta e seis almas”. O capítulo 46 de Gênesis nos dá
conta de nomear todas estas pessoas, setenta ao todo.

Os netos de Judá.
Para efeito didático, podemos constatar as idades dos
filhos de Israel quando da sua chegada ao Egito: Ruben
teria 46 anos; Simeão – 45, Levi – 44, Judá – 43, Dã – 43,
Naftali – 42, Gade – 42, Aser – 41, Issacar – 41, Zebulon –
40, Diná – 39, José – 39 e Benjamin, o mais jovem, 30
anos. Os gêmeos, Manassés e Efraim, filhos de José, teriam
5 anos de idade.
Podemos aprender um pouco mais sobre os costumes da
época analisando com detalhe a relaçãos dos descendentes
de Jacó. Todos os seus filhos já haviam constituído famílias
e possuíam filhos. Observe-se, porém, o que nos diz Gn
46:12: “E os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zerá; Er
e Onã, porém, morreram na terra de Canaã; e os filhos de
Perez foram Hezrom e Hamul”.
Dos filhos de Judá, somente Selá e Perez entram com a
família no Egito, uma vez que Er e Onã já haviam morrido,
mas Perez, já possui na época dois filhos, o que torna Judá
o único dos doze filhos de Jacó que seria avô na ocasião.
Perez não teria mais que onze anos de idade na ocasião, e
seus filhos Hezrom e Hamul, teriam no máximo dois e um
ano respectivamente, ou cerca de dois anos de idade, caso
fossem gêmeos.
Todos os descendentes dos filhos de Jacó nasceram depois
da venda de José aos midianitas. Lembremos que entre a
venda de José, conforme já vimos, e a ida da família ao
Egito, passaram-se apenas vinte e dois anos. Desta forma,
Judá, em vinte e dois anos gerou Er e Onã que morreram;
gerou depois disto Perez e Perez gerou Hezrom e Hamul.
Tomemos como ponto de partida o ano da venda de José
aos midianitas, pois segundo Gn 38 (todo), foi a partir de
então que nasceram, a saber, ER, Onã e Selá, filhos de
Judá.
Conforme Gn 38:1-2, “E aconteceu no mesmo tempo que
Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa de um
homem de Adulão, cujo nome era Hira, E viu Judá ali a
filha de um homem cananeu, cujo nome era Sua; e tomou-
a por mulher, e a possuiu. E ela concebeu e deu à luz um
filho, e chamou-lhe Er.”.
Seria o Anno Mundi 2216, o mesmo ano da venda de José
ao Egito; Judá teria se casado e gerado Er.
Gênesis 38:4 nos diz que “tornou a conceber e deu à luz um
filho, e chamou-lhe Onã”. Seria, portanto, o Anno Mundi
2217.
Gênesis 38:5 nos diz que “E continuou ainda e deu à luz
um filho, e chamou-lhe Selá; e Judá estava em Quezibe,
quando ela o deu à luz”. Seria o Anno Mundi 2218.
Judá toma então Tamar por esposa para Er, conforme Gn
38:6-7: “Judá, pois, tomou uma mulher para Er, o seu
primogênito, e o seu nome era Tamar. Er, porém, o
primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, por
isso o Senhor o matou”.
De acordo com a tradição dos hebreus, a viúva sem filhos
deveria ser entregue ao irmão mais velho para que este
suscitasse filhos ao falecido. Que idade teria Er quando
casou-se com Tamar? Não mais que nove anos de idade.
Seria o Anno Mundi 2225.
Vejamos o texto: “Então disse Judá a Onã: Toma a mulher
do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita descendência a
teu irmão. Onã, porém, soube que esta descendência não
havia de ser para ele; e aconteceu que, quando possuía a
mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, para
não dar descendência a seu irmão. E o que fazia era mau
aos olhos do Senhor, pelo que também o matou”. (Gn 38:9-
10) Por curiosidade, de Onã deriva a palavra onanismo,
que é sinônimo de masturbação.
Tomando-se em conta que seria o Anno Mundi 2225,
mesmo ano da morte de Er, que idade teria Onã na
ocasião? Não mais que oito anos.
Depois da morte de Er e Onã, faleceu também a mulher de
Judá, e só depois disto Judá gerou Perez da união com
Tamar, a viúva de seus dois filhos. Tamar teria
permanecido reclusa, na sua condição de viúva por um
ano, e no ano seguinte, Anno Mundi 2227, Judá teria
mantido relações com ela e gerado no mesmo ano Perez.
Em onze anos, entre 2227 A.M., ano do nascimento de
Perez, e 2238 A.M., ano em que a família de Jacó entra no
Egito, Perez teria gerado dois filhos, um em cada ano ou
gêmeos no mesmo ano. Desta forma, Perez não poderia ter
mais que onze anos quando entrou no Egito e seus filhos,
entre um e dois anos.
Quanto à análise dos judeus sobre o fato, tanto o Talmude,
quanto a Seder Olam Rabbah, fazem uma profunda
reflexão quanto a estes epsódios.
A Sedder Olam afirma que Er não teria mais que sete anos
quando se casou com Tamar e Perez, por sua vez, sete,
quando gerou seus filhos. Segundo o Talmude, um homem
é capaz de procriar a partir dos seis anos de idade.
Em termos exatos, só se conhecem com precisão as datas
da venda de José aos midianitas e a data da entrada da
família no Egito, período este, de vinte e dois anos.
Pode-se concluir, desta forma, que quer tenham sido estes
filhos gerados aos sete ou aos nove anos de idade de seus
pais, uma coisa é certa: foram gerados prematuramente, e
o que queremos demonstrar, é que este procedimento fazia
parte da cultura vigente.
Para finalizar, consideremos outro exemplo de uma família
prematura, o que nos mostra que a inclinação de constituir
famílias prematuras perdurará em Israel por muito tempo.
Conforme II Cr 28:1, “tinha Acaz vinte anos de idade,
quando começou a reinar, e dezesseis anos reinou em
Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do Senhor,
como Davi, seu pai”.
II Cr 28: 27 relata que “dormiu Acaz com seus pais, e o
sepultaram na cidade, em Jerusalém; porém não o
puseram nos sepulcros dos reis de Israel; e Ezequias, seu
filho, reinou em seu lugar”. O capítulo 29 de II Crônicas
nos diz que “tinha Ezequias vinte e cinco anos de idade,
quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em
Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abia, filha de
Zacarias”.
Acaz era pai do rei Ezequias. Acaz morreu aos 36 anos de
idade e Ezequias começou a reinar aos 25. Temos,
portanto, que Acaz gerou Ezequias aos 10 anos, e quando
este nasceu, Acaz teria 11 anos de idade.

210 anos de permanência no Egito.

Conforme veremos no exame das datas seguintes, Israel


virá a permanecer no Egito por apenas 210 anos, entre o
Anno Mundi 2238 (1658 AC), data de entrada da família de
Jacó, e 2448 AM (1448 AC), data do Êxodo.
Quando Abraão suplicou a Deus que lhe desse um filho,
relato este contido em todo o capítulo 15 de Gênesis, o
Senhor lhe prometeu que sua descendência seria tão
numerosa como as estrelas do céu.
Na conclusão desta conversa, Deus diz a Abraão: “Sabes,
de certo, que peregrina será a tua descendência em terra
alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por
quatrocentos anos, Mas também eu julgarei a nação, à qual
ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu
irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a
quarta geração tornará para cá; porque a medida da
injustiça dos amorreus não está ainda cheia.”. Gn 15:13-16
Como vimos, ao tratar das datas referentes a Abraão, os
quatrocetos anos referidos por Deus diziam respeito
aaflição de Isaque e seus descendentes, que mesmo
possuindo a terra de Canaã por promessa, viveriam nela
sem de fato a possuirem, pois a terra era habitada por
inúmeros povos.
Desta forma, os quatrocentos anos abrangeriam a vida de
Isaque, a de Jacó, o ingresso da família no Egito, e algum
tempo depois da morte de Levi, a escravidão no Egito até
os dias de Moisés.
Deus afirma a Abraão, no entanto, que depois desta aflição
e redução à escravidão, a quarta geração retornaria a
Canaã. A qual geração se referiu o Senhor? A quarta
geração contada depois de Jacó. Levi (1) gerou Coate;
Coate (2) gerou Anrão, e Anrão (3) gerou Moisés (4) e seus
irmãos Arão e Miriã. É à geração de Moisés que o Senhor
se referia.
Moisés era descendente de Levi. Levi possuia tres filhos
quando desceu com sua famíliia ao Egito, a saber, Gérson,
Coate e Merari. (Ex 46:11), e veio a gerar uma filha de
nome Joquebede já no tempo em que habitava no Egito,
conforme Nm 26:59. Coate gerou Anrão, e Anrão gerou de
Joquedebe, sua tia, Arão, Moisés e Miriã.
O redator de Gênesis nos mostra que nenhum dos doze
filhos de Israel faleceu antes de José, bem como nenhum
faleceu depois de Levi. Até a morte de Levi, não há relato
algum sobre qualquer tipo de servidão no Egito, e entre a
morte de Levi e o Exodo, passaram-se cento e dezessete
anos.
Não é possível considerar que quatrocentos anos de
servidão tivessem acontecido depois da morte de Levi, pois
Gênesis é claro quanto às gerações que existiram desde
Jacó até Moisés: Jacó gerou Levi, que gerou Coate, que
gerou Anrão, que gerou Moisés e seus irmãos. Quando Levi
faleceu, Coate, seu filho, teria então cerca de noventa e
cinco anos de idade, e viveria mais trinta e oito anos após a
morte de seu pai.
Se somássesmos quatrocentos anos após a morte de Levi,
implicaria que este tempo teria que ser distribuído entre os
trinta e oito anos restantes da vida de Coate, os oitenta
anos de vida de Moisés quando se deu o Exodo, e a vida de
Anrão. Anrão teria que ter vivido 282 anos e viveu apenas
137, conforme Ex 6:20. Temos, portanto, que a escravidão
não poderia ter durado quatrocentos anos.
Quanto ao acréscimo ao final do verso 16 (“… porque a
medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.”.
Gn 15:16), a justiça foi feita aos amorreus depois do Êxodo.
Os amorreus eram descendentes de Canaã, filho de Cão,
neto que Noé amaldiçoara por descobrir sua nudez perante
os irmãos. Ao impedirem a passagem dos israelitas por
suas terras, conforme relato de Nm 21, foram derrotados e
“Assim deu-lhes Moisés, aos filhos de Gade, e aos filhos de
Rúben, e à meia tribo de Manassés, filho de José, o reino
de Siom, rei dos amorreus, e o reino de Ogue, rei de Basã; a
terra com as suas cidades nos seus termos, e as cidades ao
seu redor” (Nm 32:33)
São estas algumas considerações necessárias antes de
pesquisarmos as datas que precedem o Exodo.

As mortes de Jacó e José.


1641 AC – (Anno Mundi 2255) – morte de Jacó
Jacó faleceu aos cento e quarenta e sete anos de idade,
dezessete anos após entrar no Egito, no Anno Mundi 2255
(2108 + 147).
1630 AC – (Anno Mundi 2266) – nascimento de
Anrão, pai de Moisés
Conforme Ex 6:18 eram “os filhos de Coate: Anrão, Izar,
Hebrom e Uziel; e os anos da vida de Coate foram cento e
trinta e três anos”.
Sabemos, portanto, apenas os anos da vida de Coate e que
ele gerou a Anrão, pai de Moisés entre outros filhos. A data
do nascimento de Anrão se baseia na hipótese de Coate tê-
lo gerado aos trinta anos de idade, portanto, no Anno
Mundi 2266.
1626 AC – (Anno Mundi 2270) – morte de Faraó,
amigo de José
Gênesis não nos fornece maiores detalhes sobre a vida
deste Faraó que teria confiado a José tão alto posto na
administração do Egito. Pouco se sabe sobre ele e até o
presente não há referência arqueológica sobre sua pessoa.
O livro de Jasher, no entanto, relata todos os faraós, desde
José até os dias de Moisés, citando inclusive os nomes da
maioria deles, nem todos. Não cita, por sinal, o do Faraó
dos dias de Moisés.
O Faraó teria morrido no Anno Mundi 2270, trinta e nove
antes da morte de José e seria substituído por Magron, seu
filho, que segundo Jasher 58:4 viria a reinar por quarenta
anos, durante os quais, teve em José seu grande
colaborador. A escravidão de Israel viria a acontecer
tempos depois da morte deste faraó.
1587 AC – (Anno Mundi 2309) – morte de José
Conforme Gn 50:22, José viveu 110 anos, que somados ao
seu nascimento nos dá o Anno Mundi 2309 como ano de
sua morte (2199 + 110). José faleceu cincoenta e quatro
anos depois de Jacó, seu pai. Foi o primeiro, dos doze
filhos de Israel a falecer.

Os antecedentes da escravidão.

1565 AC – (Anno Mundi 2331) – morte de Levi


Embora as datas de nascimento e morte de Levi sejam
estimadas, pois não há um relato exato do ano de seu
nascimento, são absolutamente corretas, pela análise do
contexto de seu nascimento.
Tanto a Seder Olam Rabbah, quanto o Talmude concordam
com esta data. Temos, portanto, o Anno Mundi 2231 como
ano de sua morte, somados os 137 anos de idade ao ano de
seu nascimento (2194 + 137).
Levi foi o último dos filhos de Israel a falecer, cento e
dezessete anos antes do Exodo. Note-se que não há, até
então, nenhum indício de escravidão até o fim dos dias de
Levi.
Quanto aos filhos de Jacó, apenas as mortes de José e Levi
são mencionadas. José foi o primeiro de todos a falecer e
Levi o último.
Se não foram mencionadas as mortes dos demais, como
podemos saber que estes foram o primeiro e o último?
Porque esta é a forma do redator em deixar isto claro, e a
Escritura veio para esclarecer e não confundir.
1534 AC – (Anno Mundi 2362) – nascimento de
Miriã
Nm 26:59 se refere da seguinte forma ao nascimento de
Miriã: “E o nome da mulher de Anrão era Joquebede, filha
de Levi, a qual nasceu a Levi no Egito; e de Anrão ela teve
Arão, e Moisés, e Miriã, irmã deles”.
Sua idade não é mencionada, embora se saiba
precisamente o ano de sua morte, o mesmo ano em que
faleceram Arão e Moisés, seus irmãos, no Anno Mundi
2487.
Embora Nm 26:59 a relate como terceira filha, o Talmude
a classifica como sendo a mais velha dos tres irmãos, que
teria na época do Exodo, oitenta e seis anos de idade,
quando Arão e Moisés teriam respectivamente oitenta e
tres e oitenta anos.
Em função do significado de seu nome, “amargura”, o
Talmude reputa que Miriã recebeu este nome de seus pais
porque nos dias de seu nascimento, os egípcios começaram
a amargurar o povo de Israel. Desta forma, o Talmude faz a
seguinte afirmação: que a escravidão no Egito não se deu
antes da morte de Levi, nem tampouco depois do
nascimento de Miriã.
Elmer L. Towns cita que “no Israel antigo, o nome de uma
pessoa era suposto indicar alguma característica daquela
pessoa, ou ligado a circunstâncias, ainda que triviais ou
monótonas.” (Elmer L. Towns,
HowtoStudyandTeachtheBible, 1997 – disponível para
download em seçcão Books online) Quando pensamos em
um nome estrangeiro, como são a maioria dos nomes, é
difícil refletir sobre seu significado. Poder-se-ia dar o nome
Miriã a uma filha simplesmente porque é um lindo nome
sem nunca pensar em seu significado. Mas imagine os pais
chamarem sua filha “Amargura”, em portugues. Teria
realmente de haver uma razão muito forte para isto.
1532 AC – (Anno Mundi 2364) – nascimento de
Arão
Tendo-se em conta que no Anno Mundi 2448 Moisés e
Arão se apresentaram perante Faraó, o que veremos mais
adiante, temos, de acordo com Ex 7:7 que a idade de Arão,
era de 83 anos e a de Moises, 80 anos.
Subtraindo-se 83 de 2488, temos que Arão nasceu no
Anno mundi 2365.
1529 AC – (Anno Mundi 2367) – nascimento de
Moisés (7 de Adar)
Da mesma forma que calculamos o nascimento de Arão,
temos que o nascimento de Moisés deu-se no Anno Mundi
2368, resultado de (2488-80). A Bíblia nos fornece a data
exata do nascimento de Moisés, dia 7 do mês de Adar
(décimo segundo), conforme veremos por ocasião da
análise da morte de Moisés no Anno Mundi 2487.

Os Nascimentos de Josué e Calebe.

1527 AC – (Anno Mundi 2369) – morte de Coate


Coate nasceu hipoteticamente no Anno Mundi 2236 e
viveu 133 anos, resultando sua morte no Anno Mundi
2369.
1493 AC – (Anno Mundi 2403) – morte de Anrão
(pai de Moisés)
Anrão, pai de Moisés, faleceu no Anno Mundi 2403, aos
cento e trinta e sete anos de idade, resultado de (2266 +
137).
1490 AC – (Anno Mundi 2406) – nascimento de
Josué
Josué viveu cento e dez anos. Tomando-se como base o ano
da morte de Josué, 2516 A.M., chegamos ao Anno Mundi
2406 como ano de seu nascimento. Os detalhes referentes
ao cálculo da morte de Josué são tratados no período
próximo aos Juizes.
1489 AC – (Anno Mundi 2407) – Moisés mata um
egípcio e foge
Conforme o discurso de Estevão perante seus acusadores
(At 7:23-24), Moisés aos 40 anos de idade matou um
egípcio que maltratava um dos hebreus, e por esta razão
teve que fugir para Midiã (Ex 2:15).
1487 AC – (Anno Mundi 2409) – nascimento de
Calebe
Como veremos mais adiante, foi no Anno Mundi 2449 que
Moisés enviou os espias a Canaã, e entre eles estavam
Josué e Calebe.
Conforme Nm 13:2, os espias foram enviados a Canaã no
ano seguinte à saída do povo do Egito, e, de acordo com Js
14:10, Calebe teria na ocasião 40 anos de idade: “E agora
eis que o Senhor me conservou em vida, como disse;
quarenta e cinco anos são passados, desde que o Senhor
falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no
deserto; e agora eis que hoje tenho já oitenta e cinco anos”.
Disto se conclui o nascimento de Calebe no Anno Mundi
2409, subtraindo-se 40 de 2449, data da visita dos espias a
Canaã.

O Livro de Jó.
Jó foi uma pessoa real, e não um mito como querem
alguns, uma vez que é citado em Ezequiel 14:20 e Tiago
5:11. Viveu na terra de Uz, que segundo a maioria dos
cometaristas bíblicos, seria uma região provavelmente
localizada ao noroeste de Israel entre a cidade de Damasco
e o Rio Eufrates. Melhor ficar com a localização dada pelo
Profeta Jeremias que situa a Terra de Uz como sendo
Edom, herança dos descendentes de Esaú: “Regozija-te e
alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz” (Lm
4:21)

Jó e seus amigos - Ilya Yefimovich-Repin


Jó faz parte dos chamados livros poéticos da Bíblia, e
assim, como é próprio da alegoria poética, a narrativa
explora em mínimos detalhes e à exaustão as convicções
dos personagens nela retratados.
Quanto à cronologia de Jó, só podemos especular sobre o
assunto, uma vez que há poucos indícios que favoreçam o
reconhecimento de sua época. O livro menciona o Egito, o
papiro, a quesita como dinheiro, etc. Jó 42:11 bem como
Josué 24:32 fazem menção à quesita, um lingote de prata
utilizado como dinheiro, o que poderia vincular o tempo de
Jó a um período certamente anterior a Josué. A maioria
das traduções para “quesita” se referem genericamente a
“dinheiro”. Para certificar-se da tradução correta veja as
referidas passagens na Concordância de Strong. Mas estes
elementos não são em si suficientes para identificar seu
tempo.
Um dado que poderia nos orientar quanto à data de sua
existência se refere à duração de sua vida, supostamente
210 anos, conforme veremos adiante.
Se de fato Jó viveu 210 anos, poderíamos situá-lo próximo
à geração de Tera, pai de Abraão. Dados que podem nos
sugerir esta hipótese podem ser consultados no capítulo
que trata sobre a duração das vidas dos homens antes e
depois do dilúvio. Conforme analisamos neste capítulo, há,
a partir do dilúvio, um decréscimo progressivo na duração
da vida, de maneira que se pode estimar que nos dias de
Tera, o tempo médio de vida seria de pouco mais que 200
anos.
Neste caso, Jó teria sido por bom tempo contemporâneo de
Eber, Pelegue, Reú, Serugue, Naor, Tera, e do próprio Noé,
através de quem poderia ter se instruído sobre Deus.
Os livros apócrifos não mencionam Jó, embora citem
homônimos.
Várias teorias dissertam sobre sua vida, e naturalmente
todas têm pontos fortes e fracos quanto sua validade, mas
entre elas destacamos uma, da tradição judaica, por
entender que se não é a expressão da verdade, tem seu
valor como simbolismo didático.
A Seder Olam Rabbah, conforme vimos, interpreta as datas
bíblicas desde a criação do homem até o período persa.
Relatamos abaixo, seu capítulo de número 3 intitulado
“Pacto e Escravidão” com o intuito tanto de mostrar seu
estilo literário, quanto mostrar uma interessante analogia
entre o tempo de Israel no Egito e a vida de Jó. Diz o
seguinte:
“Foi dito ao nosso pai Abraão (Gn 15:13) no Pacto entre as
Partes: Deves certamente saber que tua semente será
estranha em terra estrangeira por quatrocentos anos.
Quem é a semente? É Isaque (Gn 21:12), de quem é dito:
Porque Isaque será chamado tua semente.
Sobre Isaque (Gn 25:26) é dito: Isaque tinha sessenta anos
quando eles nasceram (Jacó e Esaú). Nosso patriarca Jacó
(Gn 47:9) disse a Faraó: Os dias dos anos de minha
caminhada são cento e trinta anos.
Fazem juntos 190 anos, e deixam 210 anos, um sinal do
tempo de duração da vida de Jó (Jó 42:16), que foi nascido
naquele tempo, conforme dito: Jó viveu depois disto 140
anos (Jó: 42:10) e é dito: O Eterno deu a Jó o dobro de
tudo que Jó possuía. Isto significa que Jó nasceu quando
Israel desceu ao Egito e morreu quando sairam.”
Quanto aos anos, o cálculo seria este: se Deus dobrou tudo
quanto Jó tinha, dobrou também seu tempo de vida, e se
Jó viveu depois de seu sofrimento 140 anos, logo se conclui
que teria 70 anos na ocasião, totalizando, desta forma, 210
anos a sua idade ao falecer. Assim interpretam tanto a
Seder Olam quanto o Talmude.
Note-se que há fundamento bíblico para tal afirmação. Gn
46, no contexto que nomeia todos os familiares de Jacó que
desceram ao Egito relaciona um certo Jó, nos seguintes
termos: “E os filhos de Issacar: Tola, Puva, Jó e Sinrom.”
(Gn 46:13).
Grande parte das datas aceitas pelo Talmude, tanto o
babilônico, quanto o de Jerusalém, são extraídas da Seder
Olam, e tanto em uma quanto outra fonte se encontram
comentários de diversos rabis sobre um ou outro ponto de
discussão sobre Jó.
Um rabi pode contestar outro e dar um ponto de vista
diferente sobre o assunto, sem que isto invalide uma
opinião divergente, devendo todas as interpretações ser
acatadas dentro de um espírito de liberdade de expressão.
Um exemplo disto é uma afirmativa do Rabi Yose Bar
Halaphta, que interpreta que o sofrimento de Jó teria
durado não mais que um ano, e que este tempo seria como
uma espécie de bode espiatório para distrair Satanás do
plano de Deus de tirar Israel do Egito.
Tal interpretação é contestada por vários rabinos, com o
argumento de que Satanás estaria de qualquer forma livre
por 209 anos para se dedicar ao assunto. Seria mais válida
a afirmativa, caso o ano de sofrimento de Jó fosse de
alguma forma coincidente com o ano das pragas trazidas
por Moisés ao Egito, mas de fato, se acatadas estas datas, o
sofrimento de Jó seria coincidente com um tempo em que
José estaria ainda vivo, muito tempo antes das pragas.
De qualquer maneira, a duração da vida de Jó, 210 anos, é
um excelente ponto de referência para que se lembre que
entre a ida de Israel para o Egito e o Êxodo, duzentos e dez
anos se passaram, não quatrocentos.
O Talmude, embora não mencione os 210 anos
literalmente, concorda com o cálculo. Há porém, que tanto
o Talmude Babilônico, quanto o de Jerusalém reputam Jó
como ficção literária.
Ezequiel entende Jó como personagem real, de acordo com
Ez 14:12-14: “Veio ainda a mim a palavra do Senhor,
dizendo: Filho do homem, quando uma terra pecar contra
mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha
mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e
enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais.
Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé,
Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas
almas, diz o Senhor DEUS.”
Jó é também citado por Tiago que o entende como
personagem real e não ficção literária: “Eis que temos por
bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a
paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu;
porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” (Tg
5:11)”

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