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Bitencourt 2018
Bitencourt 2018
ILHÉUS – BAHIA
2018
DAIANE VENANCIO BITENCOURT
ILHÉUS – BAHIA
2018
B624 Bitencourt, Daiane Venancio.
Early álgebra na perspectiva do livro didático /
Daiane Venancio Bitencourt. – Ilhéus, BA: UESC,
2018.
126f. : il.
CDD 510.7
DAIANE VENANCIO BITENCOURT
_________________________________________
Prof.ª Dr.ªVera Lúcia Merlini
Estadual de Santa Cruz
(Orientadora)
_________________________________________
Prof.ª Dr.ªSandra Maria Pinto Magina
Universidade Estadual de Santa Cruz
(Examinadora interna)
_________________________________________
Prof.ª Dr.ªGabriela dos Santos Barbosa
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(Examinadora externa)
Ao meu esposo, Edmar Bitencourt, por me fazer acreditar que nada supera a
força do trabalho e a dedicação.
Ao meu filho, Pedro Henrique Bitencourt, por me ensinar a aprender e por ser
minha fortaleza.
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa se refere à análise de livros didáticos de matemática dos anos inicias
do Ensino Fundamental, a respeito de três vertentes da Early Algebra. Teve como
objetivo analisar como os livros didáticos têm abordado o pensamento algébrico,
considerando os pontos de vista do padrão de sequência, da equivalência e da
relação funcional. Para dar apoio no tocante à Early Algebra, buscamos as ideias de
Kaput (1999), Blanton et al (2007), Schliemann et al (2013) e Carraher et al(2008).
Trata-se de uma pesquisa documental. Para o critério de escolha dos livros didáticos
a serem analisados, considerou-se a coleção de livros mais e a menos distribuídas,
avaliadas e aprovadas pelo PNLD 2016, utilizadas do 1º ano ao 5º ano do Ensino
Fundamental. Quanto à análise, essa foi elaborada contabilizando e discutindo as
tarefas de padrão de sequência, equivalência e relação funcional, de acordo com
classificação numérica e pictórica. Os resultados apontam que os livros das
coleções analisadas apresentam tarefas no que diz respeito ao padrão de
sequência, em sua maioria numérica e crescente. No que tange à equivalência,
predominam tarefas com uso do ícone da balança e, quanto à relação funcional, as
tarefas são apresentadas em forma de situaçoes problemas. Essas tarefas
convergem para as normas da BNCC, desenvolvimento algébrico, como para as
discussões dos pesquisadores da Early Algebra, no desenvolvimento de
competências em álgebra. Por fim, é importante salientar que somente o fato de ter
encontrado tarefas que possam desenvolver o pensamento algébrico dos
estudantes, isso só não basta, a mediação do professor é fundamental na sala de
aula. Todas as discussões que podem ser feitas em sala de aula e que suscitem o
pensamento algébrico dos estudantes, só serão possíveis se o professor as
fomentar. Portanto, é imprescindível que o professor seja preparado para esse
desafio.
This research refers to the analysis of mathematics textbooks from the ' start of
elementary school, about three aspects of Early Algebra. Aimed to analyze how the
textbooks have approached the algebraic thinking, considering the views of the
following pattern of equivalence and functional interface. For support regarding the
Early Algebra, we seek ideas of Kaput (1999), Blanton et al. (2007), al Schliemannet
(2013) and Carraher et al. (2008). This is a desk research. For the criterion of choice
of textbooks to be analyzed, the collection of books more and less distributed,
evaluated and approved by the PNLD 2016, used the first year the fifth grade of
elementary school. As for this analysis was compiled with and discussing tasks
depadrão, equivalence and functional relationship, according to numerical
classification and pictorial. The results point out that the books from the analyzed
collections presents exercises which concern to the sequence pattern, in your
majority they are numeric and increasing, the ones that regards equivalence
predominate exercises with the weighing machine’s icon and as for the functional
relation, the exercises are presented in the form of mathematical problems. Those
home works converge to the BNCC norms, as well as to the discussions from the
Early Algebra’s researchers about algebra skills development. Lastly, it is important
to emphasize that only the fact of having found tasks that can develop students'
algebraic thinking is not enough, teacher mediation is fundamental in the classroom.
All discussions that could be done in the classroom that elicits students' algebraic
thinking will only be possible if the teacher encourages them. Therefore, it is
indispensable that the teacher shall be prepared for this huge challenge.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
1 Early Algebra.........................................................................................................25
INTRODUÇÃO
Nessa introdução, inicialmente apresento os caminhos percorridos que
levaram à elaboração dessa pesquisa, trazendo alguns momentos da minha
trajetória estudantil e atuação na docência. Na sequência, relato, sucintamente, as
pesquisas que me conduziram à Early Algebra1, os documentos oficiais lidos a esse
respeito e, a partir desse panorama, trago a problemática, o objetivo e a relevância
do trabalho realizado. Concluo com uma visão geral de cada capítulo que vislumbra
a trajetória percorrida dessa pesquisa.
Minha trajetória
1
Termo utilizado por pesquisadores para se referir à introdução da álgebra nos primeiros anos de
escolaridade (CARRAHER; SCHILIEMANN, 2007) e será aprofundado no Capítulo 1.
2
Atualmente 8º ano do Ensino Fundamental – Anos finais.
17
mecânica, ou seja, o que eu sabia era aplicar as fórmulas, obedecendo regras para
resolver algumas questões algébricas e, na maioria das vezes, não relacionadas a
qualquer contexto da realidade, quer seja da vida quer seja da própria Matemática.
Faltava uma compreensão dos caminhos tomados para a resolução, criando,
também, uma falsa percepção. Como, por exemplo, acreditar que a manipulação
correta entre os símbolos garante o entendimento dos conceitos algébricos.
Em 2017, comecei a participar do Grupo de pesquisa RePARe - Reflexão,
Planejamento, Ação, Reflexão em Educação Matemática, e dentro desse Grupo
estava iniciando o Projeto “A Early Algebra no Ensino Fundamental: mapeamento e
diagnóstico”, que tem dois estudos com objetivos distintos. O primeiro estudo
(denominado por α) tem por objetivo realizar um mapeamento das pesquisas
nacionais que investigaram sobre o ensino ou a aprendizagem da introdução da
álgebra (comumente chamada por Early Algebra) na última década. Quanto ao
segundo (denominado por β), este tem por objetivo diagnosticar as competências,
concepções e estratégias de estudantes do Ensino Fundamental ao lidarem com
situações que envolvem o pensamento algébrico, a partir da aplicação de um
questionário. Cabe ressaltar que a presente pesquisa está relacionada ao primeiro
estudo.
No RePARe, tínhamos encontros semanais em que eram feitas leituras e
discussões de vários textos relacionados à Early Algebra, visto que éramos cinco
pesquisando sobre esse tema. Foi um grupo importante para a realização desta
pesquisa, uma vez que as discussões estavam diretamente relacionadas ao foco do
que eu poderia pesquisar.
Os primeiros acontecimentos a influenciar no que eu poderia pesquisar,
foram: Teixeira (2016), um colega do programa de mestrado, que desenvolveu um
trabalho importante nas discussões desse tema, sendo a “ponte” para a existência
do projeto a respeito da Early Algebra; Carraher e Schliemann (2016), ao participar
dos dois minicursos ministrados por eles, como citei anteriormente.
Fiz uma busca nos documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
(BRASIL, 2017), fazendo leituras importantes no que tange ao ensino das noções
algébricas.
20
3
A partir daqui, desenvolvo essa pesquisa junto à minha orientadora e, portanto, passarei a utilizar a
primeira pessoa do plural.
21
Diante dessa afirmação que a Early Algebra não é um novo conteúdo, caberia
um segundo questionamento: então o que poderia estar relacionado à Early
Algebra? Para tanto, buscamos no mesmo texto de Blanton et al. (2007) que, de
acordo com as pesquisas desenvolvidas até então, dentre elas houve um consenso
na capacidade de pensamento algébrico dos estudantes nas diversas origens
socioeconômicas e educacionais, e destacam:
(1) Descrever, simbolizar e justificar propriedades e relações aritméticas; (2)
Desenvolver uma visão algébrica e relacional da igualdade; (3) Uso
apropriado de ferramentas de representação, desde os anos iniciais, que
apoiarão a exploração de relações funcionais; (4) Identificar e simbolizar
relações funcionais; (5) Progresso de construir argumentos empíricos para
construir justificativas usando contextos de problemas e aprender a
raciocinar com generalizações para construir argumentos gerais; e (6)
Aprenda a comparar quantidades abstratas de medidas físicas (por
exemplo, comprimento, área, volume), a fim de desenvolver relações gerais
(por exemplo, propriedade transitiva de igualdade) sobre essas medidas
(BLANTON et al., 2007,p. 9, tradução nossa).
22
Estrutura da pesquisa
CAPÍTULO 1
EARLY ALGEBRA
Este capítulo tem por objetivo discutir a importância do ensino da Álgebra4
desde os anos iniciais. Trouxemos pesquisas que datam desde a última década do
século XX, que vêm discutindo tanto o ensino de Álgebra nessa fase escolar inicial,
assim como a receptividade dos estudantes dessa faixa etária diante de situações
que trazem conceitos algébricos.
Para essa discussão, trouxemos também os documentos oficiais, tanto os
PCN (BRASIL, 1997), que estão saindo do cenário da Educação, como a BNCC
(BRASIL, 2017), que acaba de ser incorporada. Cabe ressaltar que, apesar dos PCN
(BRASIL, 1997) terem dado espaço à atual BNCC (BRASIL, 1997), sua presença
nesse trabalho se justifica pelo fato dos livros didáticos que aqui serão analisados
terem sido elaborados à luz dos PCN, que era o documento oficial daquele
momento.
Ao final, trouxemos pesquisas correlatas direcionadas a essas três vertentes
que focamos na pesquisa: padrão de sequência, equivalência e relação funcional,
serão evidenciados no aporte teórico que nos auxiliaram na análise.
Antes de iniciarmos, é importante fazermos uma abordagem de como surgiu o
termo Early Algebra, mesmo porque o adotamos por não encontrar nenhuma
tradução para o português que pudesse expressar de maneira fidedigna seu
significado, que ao longo do prólogo desse capítulo ficará mais explícito.
O termo Early Algebra surgiu em 2006, nos Estado Unidos, por ocasião de
uma conferência promovida pela National Academy of Scienses (NAS) (KATZ,
2007), para a qual 50 especialistas foram convidados a participar, para pensar sobre
a ciência e tecnologia, de forma que o país pudesse alcançar êxito no século XXI.
Esses 50 participantes foram distribuídos em cinco grupos de trabalho, que
correspondem aos cinco diferentes níveis de ensino da álgebra, são eles: (1) Early
Algebra, (2) Introductory Algebra, (3) Intermediat e Algebra, (4) Algebra for
Prospective Teachers, e (5) College Algebra. Os grupos deveriam ao final do
4
Estamos nos referindo à Álgebra Elementar.
26
média. Para o autor, a variável pode assumir diversas características, por exemplo:
representar um ponto, uma área, uma altura, um valor numérico, entre outros.
Outrossim, o autor afirma que os estudantes tendem a acreditar que a variável é
sempre uma letra e que representa as características supracitadas.
Por conta da diversidade de concepções da variável, quer seja como um
número, um sinal no papel ou um símbolo que substituiu objetos, Usiskin (1995)
afirma que enquadrar uma única concepção para as variáveis é distorcer os objetos
da álgebra. Assim, as concepções de Álgebra estão ligadas à maneira como se
utilizam as variáveis.
Usiskin (1995, p.12) traz dois importantes questionamentos, sendo que o
primeiro deles é: “até que ponto se deve exigir dos alunos a capacidade de manejar,
por si próprios, diversas técnicas manipulatórias?”, uma vez que odocumento oficial
NCTM-MAA 5 , de 1977, dá ênfase à importância dos estudantes aprenderem e
praticarem essas técnicas. O outro questionamento que ele levanta é a respeito do
currículo de álgebra, mais precisamente de quando introduzir o conceito de função e
o seu papel. Segundo o autor, no currículo de algumas escolas elementares, as
ideias de funções aparecem no primeiro ano de Álgebra, mas de modo superficial, e
somente no segundo ano é que passam a ter importância. Todavia, no currículo de
outras escolas elementares, defende-se que as funções deveriam ser a porta de
entrada para se introduzir tanto o estudo de álgebra quanto das variáveis.
Com o intuito de entender como é a relação da álgebra com as diversas
maneiras de usar as variáveis, o autor apresenta a tese:
[...] que as finalidades do ensino de álgebra, as concepções que tenhamos
dessa matéria e a utilização de variáveis são intrinsecamente relacionadas.
As finalidades da álgebra são determinadas por, ou relacionam-se com,
concepções diferentes da álgebra que correspondem a diferente
importância relativa dada aos diversos usos das variáveis (USISKIN, 1995,
p.12-13).
5
MAA-Mathematical Association of America.
28
(resolver, simplificar)
Estudo de relações Argumentos, parâmetros
(relacionar, gráficos)
Estrutura Sinais arbitrários no papel
(manipular, justificar)
Fonte: Usiskin (1995, p. 20).
entre os termos dos pares ordenados (x, y), de números” (POST; BEHR E LESH,
1999, p. 90).
Estas equações são possibilidades que o estudante pode utilizar para mostrar
o entendimento da parte abstrata da álgebra com o mundo real, visto que se trata de
um raciocínio com uso de comparação e interpretações das situações proporcionais
e não proporcionais. Ainda para os autores, “o raciocínio e o conhecimento
algébricos muitas vezes envolvem modos diferentes de representação. Tabelas,
gráficos, símbolos (equações), desenhos e diagramas são maneiras importantes
pelas quais se podem representar as ideias algébricas” (POST; BEHR E LESH,
1995, p. 92).
Em 1980, o pesquisador Lesley R. Booth desenvolveu um projeto de pesquisa
chamado “Strategiesand Errors in Secondary” (SESM), no Reino Unido, com a
intenção de investigar as dificuldades das crianças em aprender álgebra. E uma
possibilidade para compreender essas dificuldades seria identificar os tipos de erros
e as possíveis causas que levam a esses erros. Os sujeitos dessa pesquisa foram
estudantes da oitava à décima série, que vinham estudando a álgebra.
Com isso, nas entrevistas foi identificado que em todas as séries existem
erros semelhantes entre os estudantes. Para Booth (1995), isso pode ser originado
pela concepção que eles têm sobre quatro aspectos, como:
Sequência de padrão
Quanto à sequência repetitiva, nela existe uma unidade que é composta por alguns
termos que se repetem de forma cíclica. Para os autores,
Dada uma sequência repetitiva com uma unidade de comprimento n, a
determinação do elemento seguinte pode ter por base duas características:
(i) a existência de uma igualdade entre cada elemento da sequência e um
dos primeiros n elementos; (ii) a existência de uma igualdade entre cada
elemento da sequência e o elemento n posições antes dele. Ao analisar
este tipo de sequências os alunos têm oportunidade de continuar a sua
representação, procurar regularidades e estabelecer generalizações. A
compreensão da unidade que se repete pode não ser facilmente
conseguida pelos alunos nos primeiros anos do ensino básico, mas é
possível desenvolvê-la progressivamente. A percepção da unidade que se
repete permite determinar a ordem de diversos elementos da sequência por
meio de uma generalização (PONTE;BRANCO; MATOS, 2009, p.41).
Na
a tarefa apresentada na Figura 1.3
1.3, de sequência de regularidades numérica
e crescente, observa-se os números 0, 10, 20, 40 e 50 e quatro lacunas (como trata-
trata
se do Livro do Professor
Professor, elas estão explícitas), sendo que a regularidade dessa
sequência, que é crescente e finita, é de 10 em 10.
A Figura 1.4 traz um exemplo de tarefa de sequência de regularidade pictórica
e crescente.
Figura 1.4 – Exemplo de tarefa de sequência de regularidade pictórica e crescente
Equivalência
Relação Funcional
que atuou como único por vinte anos; e, em seguida, a BNCC (BRASIL, 2017), a
fase final do documento mais recente que temos.
Ressaltamos que não encontraremos o termo Early Algebra nesses
documentos, no entanto estamos compreendendo “as ideias e concepções da
álgebra” como o mais próximo do que estávamos buscando e, dessa forma, nossa
análise parte desses tópicos.
7
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e
locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (Redação dada pela Lei n.º12.796,
de 2013).
45
Como podemos perceber, o foco desses dois primeiros anos é trabalhar com
padrões e sequências. Para o 1º ano, a BNCC (BRASIL, 2017) propõe iniciar o
trabalho com a organização de objetos seguindo alguns padrões. Por exemplo, pela
cor, tamanho ou forma, como é possível identificar no exemplo a seguir:
Figura 1.5 – Representação de uma sequência repetitiva
Fonte: As autoras(2018).
Observe que nessa tarefa é proposto ao estudante seguir pintando para dar
continuidade à sequência pictórica e repetitiva, inicialmente definida por um padrão,
no entanto o professor deve ficar atento à possibilidade de a sequência ter mais de
um padrão.
Ainda no 1º ano, outro destaque é trabalharcom sequências recursivas, e
completar seja com números, desenhos ou objeto. Como exemplo:
Figura 1.6 – Representação de uma sequência recursiva
Nessa tarefa, o estudante terá que usar seus conhecimentos com a adição
para existir veracidade na igualdade.
Podemos observar no quadro abaixo, a sugestão da BNCC (BRASIL, 2017)
para o 5º ano, inicialmente com as propriedades da igualdade e da noção de
equivalência.
51
Exemplos como esse devem ser apresentados pelos professores desde cedo.
E por meio desses problemas, com variação proporcional direta entre duas
grandezas, pode ser trabalhada a noção intuitiva de função.
Observando esses dois documentos, percebemos que os PCN (BRASIL,
1997), ainda que com uma linguagem elaborada, possuía uma maior preocupação
de trazer a educação matemática que a BNCC (BRASIL, 2017), ele trouxe a história
da matemática, as linhas da matemática, como deve ser o trabalho de cada bloco
naquele ciclo, trazendo também mais opções em cada fase. Diferente da BNCC, que
não traz esse detalhamento, não dá uma distinção do trabalho de um ano para outro
ano dentro da temática. Tem-se uma fala geral apontando caminhos para o ensino,
mas depois não existe o detalhamento de ano por ano.
matemático (Early Algebra), que nos ajudou quanto às duas vertentes: regularidade
em sequência e equivalência.
A dissertação de Teixeira (2016) teve como objetivo “investigar o raciocínio
funcional introdutório dos estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental, apoiado em
uma intervenção de ensino pautada em situações multiplicativas e sequenciais,
icônica e numérica”. O objeto matemático foi função polinomial de 1º grau, e na
fundamentação teórica usou a Teoria dos Campos Conceituais(VERGNAUD, 1990),
junto às ideias de pesquisadores da Early Algebra.
O autor denominou sua pesquisa de natureza quase experimental, optando
por trabalhar com uma única turma de 21 estudantes de uma escola pública de
Ilhéus (BA). Todos os dados coletados foram a partir da aplicação de um pré-teste,
depois com um intervalo de alguns dias aplicou a intervenção de ensino, em seguida
o pós-teste1 e, após 66 dias, aplicou um segundo pós-teste, todos esses
instrumentos com 12 questões.
Em sua pesquisa, para alcançar a introdução do raciocínio funcional, Teixeira
(2016) iniciou com tarefas de sequências icônicas e numéricas para que os
estudantes pudessem demonstrar, ao longo de cada tarefa, compreensão acerca
das regularidades, das relações entre as grandezas e generalizações. Os
resultados, não momentâneos, apontaram para um crescimento no que se refere à
relação funcional, o mesmo diz:
Os resultados obtidos não deixam dúvida quanto à contribuição dessa
intervenção no avanço do raciocínio funcional desses estudantes. Assim,
podemos entender que esses resultados oferecem “lanternas” que justificam
a realização de estudos mais amplos que confirmem essa relação entre
uma intervenção pautada em situações multiplicativas e sequenciais e a
construção introdutória do raciocínio funcional”.
CAPÍTULO 2
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O PNLD existe há 81 anos, sendo que sua origem foi para a legitimação e
controle dos livros, inclusive didáticos, no Brasil. No decorrer do tempo, mudanças
foram acontecendo até cunhar o termo PNLD.
Em 1937, o presidente Getúlio Vargas decretou através da Lei nº 93 a criação
do Instituto Nacional do Livro (INL). Cabendo aomesmo ajudar na manutenção das
bibliotecas, promover medidas para melhorar, aumentar e baratear a edição de
livros, editar obras raras, organizar e publicar a Enciclopédia Brasileira e o Dicionário
da Língua Nacional. No ano seguinte, foi instituída a Comissão Nacional do Livro
Didático (CNLD), formando sua primeira política de legislação e controle de
produção e circulação do livro didático no país.
Também foi criada a Comissão do Livro Técnico e Livro Didático (Colted),
com o objetivo de coordenar as ações referentes à produção, edição e distribuição
do livro didático. Isso se deu por conta de um acordo entre Ministério da Educação
(MEC) e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid),
em 1966, assegurando ao MEC recursos suficientes para a distribuição gratuita de
51 milhões de livros no período de três anos.
O INL, em 1971, assumiu as atribuições administrativas e de gerenciamento
dos recursos financeiros até então a cargo da Colted e passoua desenvolver o
Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (Plidef). Ao término do
acordo supracitado entre o MEC e a Usaid, efetivou-se o sistema de contribuição
financeira das unidades federadas para o Fundo do Livro Didático
Assim, trazendo diversas mudanças, como, por exemplo, o professor indicar o
livro didático, em 1985 o Plidef deu lugar ao PNLD.
Com o tempo, o programa foi criando critérios para seleção dos livros e estes
foram feitos por meios de decretos, parcerias, leis e portarias. Nesse processo,
foram sendo criadas comissões e participações de professores, o que permitiu
garantir a distribuição de livros (didáticos, dicionários, literários) para todas as
escolas municipais, já que inicialmente somente as escolas estaduais eram
contempladas. Atualmente, além de fornecer livros para os anos escolares
58
Dentre todas as coleções de livros didáticos avaliadas pelo PNLD 2016, como
dito anteriormente, daremos observância às coleções que foram: (1) a mais
distribuída e (2) a menos distribuída. Dessas, temos a coleção Ápis – Alfabetização
Matemática destinada aos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º anos, como a mais distribuída. Trata-se
da 1ª impressão e 2ª edição, vendida em 2014 pela editora Ática, cujo autor Luiz
Roberto Dante é livre-docente em Educação Matemática pela Unesp – Rio Claro,
SP; doutor em Psicologia da Educação: Ensino da Matemática; escreve livros
didáticos e paradidáticos de Matemática para o Ensino Fundamental e Médio.
61
8
Refere-se
se aos quatro campos matemáticos a: Números e operações; Geometria; Grandezas e
medidas; Tratamento da informação.
64
apresentadosum
um glossário, referências bibliográficas de cada livro e anexos
anexos, que são
suportes para a realização das atividades (imagens para rec
recortar,
ortar, por exemplo).
E mesmo quando
quandoos conteúdossão trabalhados intercalados, ou seja, ora
álgebra ora geometria, em algumas situações existe uma ligação entre os campos
matemáticos. A coleção estimula a utilização de materiais concretos nas aulas,
porém nass suas sugestões aparece pouco a utilização de instrumento de desenho e
recursos tecnológicos. Também foi citada pelo PNLD 2016 (BRASIL, 2015) a
repetição de algumas atividades dentre os volumes.
Em seguida, traremos a relação dos conteúdos de cada livro d
didático dessa
coleção, com as observações apresentadas pelo PNLD 2016 (BRASIL, 2015). Para
o 1º ano, temosa
a relação de conteúdos naFigura 2
2.6a seguir.
Figura 16 – Descrição dos conteúdos para 1º ano de Grando et al. (2014)
Esse livro didático é composto por 197 páginas e está dividido em quatro
unidades que se subdividem em quatro capítulos cada, totalizando 16 capítulos
capítulos,
organizados em seções.
Para o livro didático do 2º ano, temos a seguinte relação de conteúdos que
pode ser vista na Figura 2
2.7 a seguir:
66
9
Antonio José Lopes.
68
Esse livro é composto por 240 páginas e está dividido em oito unidades.
Segundo o PNLD 2016 (BRASIL, 2015), os conteúdos são abordados com
apresentação de atividades do conceito em questão e
e, em seguida,
seguida de atividades
para o estudante. Nas
as seções
seções, observa-se também estratégias como a Revistinha da
Matemática,, que apresenta dicas de leitura, atividades lúdicas e,, inclusive, propostas
de desenvolvimento de projetos
projetos, e ao final, a bibliografia da obra..
Para
ara o livro do 5º ano, temos a seguinte relação de conteúdos
conteúdos, que pode ser
vista naFigura 2.10
10 a seguir:
Figura 20 – Relação dos conteúdos do livro didático do 5º ano, de Bigode e Gimenez
(2014)
Feita a escolha das coleções dos livros didáticos, foi necessário criar as
categorias de análise para realizar a produção dos dados. Neste caso, escolhemos
três: (i) padrão de sequência, (ii) equivalência e (iii) relação funcional, indo ao
encontro do objetivo desta pesquisa.
Com as coleções definidas, vamos descrever o que pretendemos fazer com
cada livro. Seguindo os critérios preestabelecidos por nós para a escolha delas,
ficamos com três coleções, no total de 10 livros didáticos para analisar. Vale
ressaltar que analisaremos os livros direcionados ao professor.
Essa análise será feita à luz das leituras dos documentos oficiais, do Guia de
Livros Didáticos – PNLD 2016 – (BRASIL, 2015) e das pesquisas relacionadas ao
pensamento algébrico.
Diante disso, para que pudéssemos analisar as coleções de livro didático
escolhidas, criamos procedimentos de análise, a saber: sendo que o primeiro deles
é(i) contabilizar o total de tarefas de cada livro, de acordo com a coleção, e o total de
tarefas relacionadas aopadrão de sequência, à equivalência e à relação funcional.
Feito isso, analisaremos, em cada uma das três coleções, as tarefas de
acordo com a categorização, quais sejam: padrão de sequência, equivalência e
relação funcional. Desse modo, teremos: (ii) contabilizar e discutir as tarefas de
padrão de sequência, de acordo com a classificação numérica e pictórica; (iii)
contabilizar e discutir as tarefas relacionadas à equivalência, de acordo com a
classificação numérica e pictórica; (iv) contabilizar e discutir as tarefas de relação
funcional de acordo com a classificação numérica e pictórica.
Nessa análise, faremos, sempre que possível, um estudo longitudinal (do 1º
ao 5º ano) entre as tarefas apresentadas nos livros da mesma coleção.
70
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS
(b)
(a)
Naprimeira
primeira tarefa da Figura 3.2a, o autor apresenta
resenta alguns aspectos que nos
chamam a atenção. O primeiro deles está no enunciado
enunciado, em que ele deixa explícito
que se trata de uma sequência e a tarefa é descobrir um padrão ou regularidade.
Essa tarefa vem ao encontro
contro da afirmação de Vale et al. (2007),
(2007) de que é natural a
busca em encontrar regularidades nos vários aspectos da vida, como também na
matemática. Outro aspecto é que se trata de uma sequência cíclica de padrões
padrões, o
que, segundo Ponte, Branco e Matos (2
(2009), ao analisar este tipo de sequências os
estudantes têm a oportunidade de continuar a sua representação, pint
pintando os
quatro últimos chapéus. Nessa tarefa de padrão de sequência repetitiva pictórica
háuma
uma unidade de comprimento três (chapéu rosa, chapéu azul e chapéu amarelo).
Com relação à segunda tarefa, Figura3.2b, esta apresenta uma sequência
numérica finita de nove termos, sendo que ele fornece os dois primeiros termos,
iniciando do zero e acrescentando uma unidade em cada termo imediatamente
seguinte. Essa tarefa foi classificada como sequênci
sequência
a de padrões numérica
crescente, com padrão de 1 em 1.
O LDA2º apresenta 24 tarefas rela
relacionadas a padrão de sequência,
sequência sendo 20
delas numéricas e as outras quatro tarefas de padrões de sequências
sequência que foram
classificadas como pictóricas
pictóricas.
Na Figura 3.3 estão duas tarefas representativas daquelas apresentadas ao
longo do LDA2º.
76
(a) (b)
Fonte: Dante (2014, p.19-201).
Matos (2009) abordam e solicitam aos professores, que ofereçam tarefas como uma
oportunidade de proporcionar aos estudantes a exploração de sequências finitas de
números, fazendo com que eles descrevam as possíveis regularidades encontradas.
Nesse caso, podemos dizer que esses tipos de tarefa instigam aos
estudantes a busca porum padrão, e isso contribui na compreensão do conceito de
função, ainda que a generalidade seja expressa, no caso das crianças, na
linguagem natural (PONTE; BRANCO; MATOS, 2009).
Os dados da Tabela 3.2 mostram que no LDA3ºforam categorizadas um total
de 35 tarefas relacionadas a padrão de sequência, sendo que dessas, a maioria
(85,7%) foi classificada como sequência numérica. No manual do professor referente
ao LDA3º, o autor enfatiza a importância de os estudantes perceberem as
regularidades das tarefas relacionadas às tabuadas. Em seu texto, ele coloca, por
exemplo, que a tabuada do 2 é uma sequência dos números pares; a tabuada do 5
tem sua influência na leitura dos minutos no relógio de ponteiros; e a tabuada do 6
são referências nos assuntos que se referema dúzia e meia dúzia.
O objetivo do primeiro capítulo deste livro é a compreensão, a leitura e a
escrita do sistema de numeração decimal e, logo após sua sétima tarefa, o autor
propõe um desafio que identificamos como a primeira tarefa de sequência. Na
Figura 3.4 a seguir, apresentamos as duas de padrão de sequência do LDA3º.
Figura 24 – Tarefas de padrão de sequência do LDA3º
(b)
(a)
(a)
(b)
Fonte: Dante (2014, p.19-31)..
(a) (b)
Fonte: Dante (2014, p. 27-183
183).
Na Figura 3.6a,
a, temos um padrão de sequência repetitiva pictórica
semelhante àquela do LDA1º. Contudo é possível perceber que o nível de
complexidade entre as duas sequências é bem diferente. Nessa,
Nessa o autor quer saber
não cor da próxima bandeira, mas
mas, sim, qual a cor da bandeira que ocupa a
vigésima oitava,, sendo que na sequência ele apresenta at
atéé a nona posição.
posição
O estudante pode verificar uma a uma até chegar à resposta ou perceber
algum padrão. Por exemplo, abai
abaixo
xo das seis primeiras bandeirinhas
bandeirinha amarelas,
encontram-se
se os números 1, 2, 4, 5, 7 e 8, ou seja, a cada dois números
consecutivos, pula-se um, de modo que teremos, então, as bandeirinhas amarelas.
Com isso, abaixo das bandeirinhas verdes, encontramos os números 3, 6 e 9, ou
seja, um número múltiplo de 3 é a posição das
as bandeirinhas verdes, logo a 28ª
bandeirinha é amarela, pois 28 não é m
múltiplo de 3.
Neste tipo de tarefa
tarefa, Civinski (2015), em sua pesquisa, identificou que os
estudantes acertaram a figura da posição solicitada, na
a posição 30ª,
30ª usando o
método de contagem e não identificaram um padrão.
A segunda tarefa, Figura 3.6b, o padrão de sequência apresentado
apresentad no LDA5º
utiliza um desenho que repre
representa
senta regiões triangulares, que a figura auxilia a
encontrar a resposta do item (a). Segundo Ponte, Branco e Matos (2009), “a análise
de sequências pictóricas crescentes tem como principais objetivos desenvolver as
capacidades de generalização e de usar a linguagem algébrica para express
expressar
generalizações” (p. 60).
Se pensarmos na
a primeira sequência do LDA1º como aquela que tem três
elementos (as cores rosa, azul e amarelo) que se rrepetem de forma infinita e sem
alteração, ela é diferente dessa apresentada no LDA5º. Apesar de ser um padrão de
81
Também
ambém podemos perceber que o número de tarefas
tarefa pictóricas foi
consideravelmente equilibrado ao número de tarefas numéricas,, já que na categoria
de padrão de sequência elas dominaram.
Contabilizamos
ontabilizamos um total de 1
12 tarefas de equivalência no LDA1º, sendo que
cinco são pictóricas e sete são numéricas. Assim,
ssim, trouxemos na Figura 3.7 duas
tarefas de equivalência.
Figura 27 – Tarefas de equivalência LDA1º
(b)
(a)
Fonte: Dante, 1º ano (2014,p.. 134-161).
(a) (b)
(a) (b)
(b)
(a)
Fonte: Dante, 4º ano (2014, p
p.255-124).
(a)
(b)
A primeira tarefa apresentada na Figura 3.11 foi categorizada por nós como
uma equivalência pictórica
pictórica. Nesse caso, usou-se como ícone a balança de dois
pratos. Nesta tarefa, a balança está equilibrada com três latas no primeiro prato e
solicita o peso de cada
ada lata e o peso de quatro latas. Se pensarmos em linguagem
algébrica, essa tarefa tem um nível de complexidade menor se compararmos com a
tarefa da balança apresentada do LDA3º, pois apresenta apenas dois elementos
(latas e pesos), que poderiam ser representados como 3 latas = 2100 g.
A segunda tarefa do LDA5º, trata-se de uma equivalência
ência numérica, em que
temos termos desconhecidos e
e, para existir a igualdade, cada quadradinho tem
apenas
enas uma solução, com exceção da últimaoperação
últimaoperação, que é de multiplicação de um
fator por zero, cujo produto também seja zero
zero.É
É possível perceber que a importância
dessa tarefa não está no nível de complexidade, pois é uma tarefa simples, contudo
trata-se
se de uma tarefa que permite discutir conceitos algéb
algébricos relativos à
propriedade do elemento neutro da adição (zero) e o que acontece quando esse
mesmo zero for um dos fatores da operação de multiplicação.
Não está explícito na tarefa, mas essa discussão poderia estender
estender-se para a
propriedade do elemento neutro da mutiplicação (um), comparando o que acontece
com as operações de adição (mais 1) e multiplicação (vezes 1).
É provável que nessas equações, como, por exemplo 15 + __ = 15, o
estudante não utilizará a operação inversa para resolvê-la,
la, o que Kieran
Kiera (1995)
classficaria como resolução do grupo da aritmética, cuja resolução seguiria a
operação indicada.
89
(a) (b)
Fonte: Dante, 1º ano (2014,
2014, p. 179
179).
(a) (b)
Fonte: Dante, 2º ano (2014,
2014, p. 23
23-259).
92
(a)
(b)
Fonte: Dante, 3º ano(2014, p.239
.239-245).
Em seguida, a Figura 3.15 apresenta duas tarefas do livro LDA4º, que foram
por nós categorizadas como sendo relação funcional numérica.
Figura 35 – Tarefas de relação funcional do LDA4º
(a)
(b)
(b)
(a)
Fonte: Dante, 5º ano (2014,
2014, p. 243
243).
(b)
(a)
Fonte: Grandoet al.(2014, p. 130
130-98).
Na Figura 3.17a,
a, temos uma sequência pictórica e repetitiva,
repetitiva em que a
unidade que se repete é formada por dois elementos ((bolinha
bolinha amarela e bolinha
verde). Na perspectiva de Kaput (1999), este tipo de tarefa encoraja os alunos a
trabalhar confortavelmente com símbolos
símbolos,, sem o uso de números. Esta
E tarefa solicita
que o estudante observe as cores e responda no item A qual a cor da 9ª bolinha e
no item B as posições das bolinhas verdes.
No Manual do Professor, no item referente a esta tarefa, as autoras explicitam
que os estudantes devem reconhecer o padrão “par/ímpar” para as cores e
identificar a regularidade para descobrir a 9ª posição. Esse reconhecimento sugere
que o estudante avance do raciocínio recursivo para a generalização (p
(posição par,
posição ímpar). Esse avanço pode ser incentivado pelo item (b)
(b), cuja resposta será
a sequência dos números pares.
Morais (2012) afirma que o estudante do 2º ano é capaz de descobrir a
regularidade nesta sequência, utilizando a estratégia da co
contagem
ntagem e depois associa
as cores aos números pares e ímpares. No entanto, para os estudantes do 3º ano,
ano
segundo Santos (2017), eles conseguem entender a regularidade relacionando a cor
a uma posição qualquer,, sem fazer contagem.
A tarefa que trouxemos na Figura 3.17b foi categorizada como sequência
numérica e crescente,cujo
cujo padrão de regularidade é acrescentar 1 ao termo anterior.
O único elemento conhecido nessa sequência está na quarta posição, o número 10,
98
porém da forma como está explícita a tarefa, as setas indicando “+1” auxiliam o
estudante a identificar os elementos seguintes.
Segundo Blanton e Kaput (2005, p. 413, tradução nossa)“a generalização de
padrões numéricos envolve explorar e expressarregularidades
regularidades em números, tais
como descrever padrões d
dee crescimento ou informações sobre somas de números
consecutivos”.
”. Nessa tarefa
tarefa, para determinar o termo anterior ao número 10 de
maneira que obedeça ao comando “+ 1”, necessariamente terá que ser utilizada a
operação inversa, “– 1”, o que proporciona dese
desenvolver
nvolver o raciocínio algébrico nos
moldes de Kieran (1995).
Constatamos no LD
LDT2º sete tarefas de padrão de sequência, nas quais duas
são pictóricas e cinco numéricas e crescentes. Dentro dos livros dessa coleção,
coleção esse
foi o que apresentou menor número de ttarefas
arefas dessa categoria. A Figura 3.18 traz
duas tarefas de sequências de padrões.
Figura 38 – Tarefas de padrão de sequência do LDT2º
(a) (b)
Fonte:Grandoet al.(2014, p. 18
18-80).
(a) (b)
Fonte: Grando et al. 3º ano (2014,
2014, p. 35-113).
A tarefa que trouxemos na Figura 3.19a do LDT3º foi categorizada como uma
sequência numérica e crescente com padrão de 1 em 1
1. O enunciado desta tarefa
explicita que é uma sequência e que existe um segredo (padrão)
(padrão), colocando em dois
lugares distintos da sequência, dois números consecutivos (85 e 86; 102 e 103) e
alguns outros números de forma aleatória. O estudante pode fazer uso do raciocínio
recursivo para completar a sequência, entretanto o professor poderá promov
promover uma
discussão com os estudantes a respeito da descoberta do “segredo” (PONTE
(PONTE;
BRANCO; MATOS, 2009).
Categorizamos a tarefa da Figura 3.19b de sequência pictórica. Uma
característica importante que difere da sequência pictórica do LDT1º é que essa não
é repetitiva. Entretanto as tarefas se assemelham ao solicitar que o estudante
100
(a)
(b)
Fonte: Grandoet al. 1º ano (2014,
2014, p. 70-32).
número seis de duas formas diferentes seria um bom mote para que o professor
encaminhe a discussão da igualdade, ou seja, 6 = 3 + 3 = 1 + 5.
A tarefa ressaltada pela Figura 3.20a traz a possibilidad
possibilidade de trabalhar
algebricamente a propriedade comutativa
omutativa da adição. A resolução posta apresenta a
barra vermelha (valor 2) seguida da barra roxa (valor 4), sendo que essa
apresentação poderia ser invertida, a barra roxa seguida da barra vermelha, o que
numericamente seria 2 + 4 = 4 + 2.
As autoras trazem
zem outras possibilidades de respostas que poderiam seguir a
mesma propriedade, como
como, por exemplo, a barra amarela (valor 5) seguida da barra
branca (valor 1) e vice-versa,
versa, o que permite explorar 5 + 1 = 1 + 5. Para tanto
tanto, é
preciso a intervenção do professor no sentido de requerer que os estudantes
apresentem suas soluções e discuti
discuti-las
las numericamente, uma vez que os
o
agrupamentos com as peças contribuem para uma visualização da composição dos
números. Civinski (2015)
(2015), em sua pesquisa, aplicou uma tarefa usando as barrinhas,
e na etapa de representar os números
números, os estudantes não manifestaram dificuldade.
Encontramos, no LDT2º, ao todo 16 tarefas de equivalência, classificamos oito
como numéricas e seis pictóricas
pictóricas. Na Figura 3.21 apresentamos duas delas.
Figura 41 – Tarefas de equivalência do LDT2º
(b)
(a)
Fonte:Grandoet al. 2º ano (2014,
2014, p. 47-200).
A tarefa da Figura
igura 3.21a foi categorizada como uma tarefa de equivalência
numérica. Essa tarefa ex
explora as diferentes maneiras de representar um mesmo
número,, mas de forma diferenciada do que já apontamos anteriormente, visto que
nos itens (a), (b) e (c) o número 100 deverá ser formado por 2, 3 e 4 parcelas,
respectivamente. Para C
Civinski (2015),é importante que o professor ressalte, sempre
que possível, a ideia de equivalência utilizando o símbolo “=” no quadro
quadro, em cada
situação. Outro fator relevante que podemos destacar n
nessa
essa tarefa é que para cada
103
item não há uma resposta única, o que proporciona uma discussão das diversas
formas corretas de formar o número 100. Por conta das possíveis respostas
oriundas das resoluções dos estudantes, é possível que o professor também pos
possa
trabalhar com a propriedade comutativa da adição, ou ainda provocar a discussão a
respeito. Para isso, Ponte
Ponte, Branco e Matos (2009) sugeremtrabalhar
trabalhar com atividades
que relacionam formas diferentes de representar um mesmo número
número.
A segunda tarefa que apr
apresentamos, Figura 3.21b, foi considerada uma tarefa
de equivalência pictórica. Nesta tarefa, as duas primeiras balanças estão em
equilíbrio, e solicita que o estudante descubra quantos cubos são necessários na
terceira balança para ela também fique equilibrada. Essa tarefa é interessante e
relevante, pois a balança apresenta três elementos, abacaxi, cubos e um peso de 3
kg, sendo que a primeira relação está entre o abacaxi e o peso de 3 kg; a segunda
relação está entre os cubos e o peso de 3 kg
kg, e pede
de a relação entre o abacaxi e os
cubos. A relevância que apontamos é que, apesar de não estar explícita, essa tarefa
permite ao professor fomentar uma discussão que aborde a propriedade da
transitividade, se a = b e b = c, então a = c.
Analisando o LDT3º, contabilizamos oito tarefas referentes à equivalência.A
seguir, apresentamos dois exemplos.
Figura 42 – Tarefas de equivalência do LDT3º
(a) (b)
Nessa subseção,apresentamos
apresentamos na Tabela 3.8a
3.8ass tarefas que identificamos e
contabilizamos na categoria da relação ffuncional, na
a coleção supracitada. Em
seguida, analisamos qualitativamente duas destas tarefas de cada livro
livro.
Tabela 3.8 – Tarefas de relação funcional da coleção LDT
Total Tarefas de
Ano
de Relação Numérica Pictórica
Escolar
Tarefas Funcional
LDT1º 160 12 – 7,5% 8 – 66,6% 4 – 33,4%
LDT2º 278 11 – 4% 8 – 72,7% 3 – 27,3%
LDT3º 387 18 – 4,6% 16 – 88,9% 2 – 11,1%
Fonte: As autoras (2018).
(b)
(a)
Fonte: Grandoet al.1º ano (2014,
2014, p. 1
181-192).
(b)
(a)
Fonte: Grandoet al.2º ano, (2014,
2014, p. 1
181-192).
(a) (b)
Fonte: Grandoet al.3º ano (2014,
2014, p. 165
165-174).
LDC5º 412 - - -
Fonte: As autoras (2018).
(a)
(b)
(a)
(b)
Fonte: Bigode e Gimenez, 4º ano (2014, p. 73-196).
“facilitadora”, mas talvez não seja tão explícita essa relação para a criança, já que o
trabalho com o concreto é diferente do “formal”.
No LDC5º, identific
identificamos
amos três tarefas de equivalência e numérica, a seguir
apresentamos duas delas.
Figura 48 – Tarefas de equivalência do LDC5º
(a) (b)
(b)
(a)
Fonte: Bigode e Gimenez, 5ºº ano (2014, p. 109-166).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossa pesquisa teve como objetivo analisar como os livros didáticos têm
abordado o pensamento algébrico, considerando os pontos de vista do padrão de
sequência, da equivalência e da relação funcional, e para tanto, optamos como
critério de escolha analisar coleções avaliadas e aprovadas pelo PNLD 2016.
Para atingir ao objetivo proposto, estruturamos o texto em introdução, três
capítulos e as considerações finais. Inicialmente, trouxemos a experiência que
vivenciamos como estudante e como professora, as dificuldades percebidas
naqueles momentos; a motivação que nos levou a pesquisar sobre o tema e a
buscar discussões sobre a introdução do pensamento algébrico.
Naquela ocasião, refletindo a respeito do que poderíamos pesquisar, do ponto
de vista do ensino, pensamos em dois caminhos possíveis: o primeiro seria ir para
sala de aula e observar como o professor aborda a Early Algebra com seus
estudantes; e o outro seria investigar uma importante ferramenta utilizada pelo
professor na preparação de suas aulas e também pelo estudante, que é o livro
didático. Desses dois caminhos, fizemos a opção pelo segundo, uma vez que a
BNCC (BRASIL, 2017) traz uma unidade temática específica de Álgebra, desde os
anos iniciais. Sendo assim, a nossa preocupação foi saber se os livros didáticos que
já estavam em uso, mesmo antes da promulgação do documento oficial, abordavam
o tema da Early Algebra e como era feita essa abordagem, caso ela existisse.
Definido o caminho a seguir, apresentamos o objetivo geral e a questão de
pesquisa, juntamente com os objetivos específicos e suas respectivas questões.
Criamos os critérios de escolha dos livros didáticos e elencamos três coleções,
sendo que a primeira delas analisamos os cinco livros (1º ao 5º ano); a segunda os
três primeiros (1º ao 3º ano) e a terceira coleção, os dois últimos livros (4º e 5º ano).
Abordamos sobre alguns aspectos apresentados nos estudos sobre a Álgebra
e a Early Algebra, tendo como principais aportes teóricos Usiskin, Kaput, Carraher e
Schliemann. Paralelamente, fizemos uma análise dos documentos oficiais e um
breve estudo do nosso objeto matemático. Definimos essa pesquisa como
documental e criamos procedimentos e os critérios para análise dos livros didáticos.
A partir da criação de nossos critérios de análise, estudamos todas as tarefas,
contabilizando tanto o total de tarefas de cada livro quanto o total de tarefas
118
REFERÊNCIAS
DANTE, Luiz Alberto. Ápis: Alfabetização Matemática. Obra em três volumes para
alunos do primeiro ao terceiro ano. São Paulo: Ática, 2014.
124
DANTE, Luiz Alberto. Ápis: Matemática. Obra em dois volumes para alunos
doquarto e quinto ano. São Paulo: Ática, 2014.
SOUZA, E.R.; DINIZ, M.I.S. Álgebra: das variáveis às equações e funções. Instituto
de Matemática e Estatística da USP. Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de
Matemática-CAEM. 3. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo-USP, 1998.