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MÓDULO 2

TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
SUSTENTÁVEIS

OBJETIVOS:

Conhecer as técnicas construtivas sustentáveis;


Analisar os meios de construções sustentáveis;
Entender sobre os princípios de transferência de calor.

Nesse módulo, veremos sobre as técnicas construtivas sustentáveis


empregadas na elaboração e confecção de casas e edifícios também sobre
o aglomerado de técnicas que permite o reaproveitamento de materiais.

Na construção civil, as alternativas sustentáveis são um assunto cada vez


mais relevante, principalmente, com o crescimento das pautas relacionadas
à utilização mais consciente dos recursos naturais. Para poder entender um
pouco mais, vale ressaltar que o conceito de sustentabilidade é justamente
a preservação desses recursos. E este conceito aplicado na construção
civil é a garantia para a redução dos impactos ambientais durante todos
os processos da obra, potencializando uma boa qualidade de vida para as
atuais e futuras gerações.

2.1 Principais técnicas de construções sustentáveis

Algumas das principais técnicas utilizadas na construção civil, são:

A. Retrofit

Uma tendência europeia que tem o intuito de recuperar prédios antigos, mas man-
tendo sua arquitetura original. A principal vantagem deste tipo de construção é preservar
prédios históricos e construções urbanas, além de tornar um espaço antigo, como casas e
prédios históricos mais seguros e modernos, adequados com a legislação e estrutura do local.

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Basicamente, o retrofit é uma técnica de revitalização de construções antigas.
Portanto, a ideia é fazer alterações para garantir a melhoria das instalações, a atualização
estética e a modernização da construção, mas, ao mesmo tempo, sem descaracterizar seus
elementos originais históricos e arquitetônicos.

Figura 19 – Pinacoteca de São Paulo.

Fonte: Domingos (2021).

B. Construção modular

É uma metodologia de construção por etapas que já possui peças prontas para
confecção de casas e prédios. Estas peças são transportadas e montadas. As principais vantagens
desse modelo de construção são a economia, rapidez, facilidade e a sustentabilidade, pois
diminui bastante o acúmulo de entulhos e outros materiais que sobram de uma construção.

Figura 20 – Condomínio construído com base na construção modular.

Fonte: AEA (2020).

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C. Jardim vertical

Com as cidades cada vez mais aglomeradas, os jardins verticais têm a função de
levar mais o verde, com certeza, mais saúde a todos. A sua principal vantagem é diminuir os
poluentes concentrados no ar, calcula-se que jardins de grande porte como este da figura
21 podem diminuir em até 30% dos gases poluentes presentes na atmosfera do local. Outra
vantagem é a de ajudar a reduzir também a poluição sonora e a temperatura do local.

Figura 21 – Exemplares de jardim vertical.

Fonte: Alves (2022).

D. Utilização de material reciclável

A lista com os materiais sustentáveis para utilização em uma construção é imensa.


Ela pode ir da tinta, feita a partir de recursos naturais sem componentes tóxicos, até mesmo
ao tijolo, feito de garrafas pets ou mesmo de entulhos, moldados em uma prensa hidráulica
evitando a queima e, consequentemente, a poluição.

O principal intuito dessa prática é poder reaproveitar materiais que antes não tinham
mais serventia, diminuindo, assim, a quantidade de elementos que seriam descartados na
natureza.

2.2 Análise de transferência de calor em paredes e coberturas

O Brasil devido a sua localização geográfica é caracterizado como um país tropical,


pois encontra-se nas proximidades da Linha do Equador. Logo, o nosso território sofre
bastante incidência dos raios solares.

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Figura 22 – Trópicos da Terra.

Fonte: Mendonça (2020).

Sabe-se, então, que o calor está muito presente em grande parte do país. Ele pode
gerar desconforto e, em casos mais graves, até mesmo problemas de saúde, como insolação
e problemas respiratórios.

Dessa forma, se faz necessária a análise de como esse calor se comporta nas
estruturas, porque isso promove descobertas de novas tecnologias que visam o conforto
térmico. Para isso, deve-se ter em mente alguns conceitos, como:

Temperatura: trata-se do nível de agitação molecular de um corpo. Basicamente,


este conceito provém de análises qualitativas de quente ou frio e está relacionado diretamente
com a energia cinética das moléculas. Ou seja, com o nível de movimentação delas. Portanto,
quanto maior a temperatura de um objeto, maior será o grau de movimentação de suas
moléculas;

Calor: no ramo da física, o calor representa temperatura em transição. Dessa forma,


haverá condução de temperatura entre dois objetos quando ambos tiverem temperaturas
diferentes.

2.3 Transferência de energia térmica

Para que possa haver um fluxo de calor entre dois objetos, é preciso que ambos
estejam com temperaturas diferentes entre si. Essa transferência pode ocorrer de três formas:
por condução, por convecção e por radiação.

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Figura 23 – Princípio de transferência de calor.

Fonte: Adaptado de Tópicos da Física (2012).

1) Condução

A condução se caracteriza pelo fato de a temperatura ser conduzida de um corpo


para outro. Ela é transmitida pelo contato físico entre objetos com temperaturas distintas.
Dessa forma, os átomos dos objetos vibram (por estarem mais quentes) e acabam distribuin-
do essa vibração para seus vizinhos, até alcançar o outro objeto.

Figura 24 – Bastão conduzindo calor.

Fonte: Adaptado de Tópicos da Física (2012).

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2) Convecção

Transmite temperatura com a movimentação dos fluidos que ocorre devido à dife-
rença de temperatura entre as partes dele. Ao transitar pelo ambiente, o calor se espalha e
aumenta a temperatura de todo o local onde fluido se encontra.

Figura 25 – Ciclo de ar dentro de uma panela aquecida.

Fonte: Adaptado de Helerbrock (2020).

3) Radiação

Transmite temperatura por meio de ondas eletromagnéticas que são lançadas pelo
objeto irradiador até o objeto irradiado. A transmissão de calor pela irradiação é a única que
pode viajar no vácuo.

Figura 26 – Transferência das ondas de calor pelo espaço

Fonte: Coelho (2020).

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Na construção civil, pode-se estender esses conceitos de transferência de calor para
as seguintes ocasiões:

Radiação: calor produzido pela luz do sol.

Condução: calor que passa pela parede.

Convecção: calor espalhado pela casa por convecção.

CURIOSIDADE ?
O Efeito Estufa
É um fenômeno natural que acontece no planeta devido a sua
atmosfera. Entre os raios solares que chegam à Terra, uma parte acaba
sendo refletida e mandada de volta ao espaço, porém a nossa atmosfera
acaba retendo parte desses raios, de modo que nem todos conseguem
escapar para o espaço.
Entretanto, quando os gases do efeito estufa se intensificam na
atmosfera em virtude da má conduta ambiental do ser humano, o
fenômeno eleva a temperatura mundial além do necessário.
Podemos, então, fazer uma comparação entre o efeito estufa que

?
acontece no planeta e o efeito do Sol em muitas casas em particular.
A iluminação solar nas paredes e coberturas de uma residência, por
exemplo, acaba esquentando o ambiente interno. Dessa forma, análogo
ao efeito estufa, a falta de medidas para diminuir a temperatura da casa
faz com que o calor fique armazenado dentro dela.

2.4 A influência das cores

Quando se planeja uma construção, é comum definir nas plantas também as cores
utilizadas na pintura. As cores, além da estética, influenciam na absorção de calor das áreas
pintadas.

Cores mais claras absorvem menos calor, pois refletem mais a luz do Sol (principal
agente). Dessa forma, as mais escuras absorvem mais calor porque refletem menos luz.
Portanto, até mesmo a cor de uma parede deve ser levada em consideração ao se planejar o
conforto térmico de uma edificação.

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2.5 Revestimento isolante em paredes

As paredes igualmente podem ser grandes responsáveis pelo aumento de


temperatura em uma casa, mesmo com a proteção do beiral. Dessa forma, em diversos casos,
é interessante projetar um isolante térmico para diminuir a transferência de calor entre o
ambiente e a casa. Essa camada isolante pode ser colocada externa à parede ou dentro dela,
sendo nesse caso preciso construir duas fiadas de tijolos.

Figura 27 – Parede constituída por isopor.

Fonte: Revista Blocom (2019).

Nesses casos, costuma-se usar um tipo de isopor mais resistente, como é o caso do
EPS que se caracteriza por ter uma densidade maior, garantindo-lhe mais resistência, além de
não ser inflamável. Sua principal característica é a baixa condutibilidade térmica que, quando
instalado, gera uma baixa troca de energia térmica entre o interior da casa e o meio ambiente.

Figura 28 – Aplicação de revestimento com uso de isopor.

Fonte: Mundo Isopor (2017).

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2.6 Desempenho térmico de mantas cartonadas

As coberturas de mantas térmicas têm o objetivo de trazer conforto e bem-estar por


meio, principalmente, do isolamento térmico para as famílias que empregam este sistema.

Existe uma pequena distinção a ser feita entre o material profissional e o reciclável.

Profissional: trata-se de um material vendido e instalado por empresas


especializadas. Existem diversos tipos com várias qualidades. Em geral, possuem uma camada
isolante térmica e uma aluminizada.

Figura 29 – Manta térmica.

Fonte: Conecta FG (2020).

Reciclável: trata-se de uma manta feita com caixas TETRA PAK unidas, formando
uma área que cubra toda a cobertura. Também possui uma camada aluminizada e uma isolante.

Essas caixinhas possuem uma face aluminizada que será a parte utilizada. Ela impede
que o calor seja transmitido para dentro ou para fora do corpo ao refletir cerca de 95% do
calor. Se mostrando, assim, um ótimo material para exercer a função de manta térmica, tendo
consigo a vantagem de ser um produto reciclável.

Figura 30 – Mantas térmicas recicláveis.

Fonte: Edificasa Revendedora (2019).

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As mantas térmicas têm a função de refletir os raios infravermelhos emitidos pelo
Sol. Parte desses raios atravessam as telhas ou transmitem esse calor para o ambiente interno,
causando desconforto. A parte aluminizada da manta tem a capacidade refletora que diminui
bastante essa geração de calor no ambiente.

Essa manta é instalada logo abaixo do telhado para um maior desempenho, com a
parte aluminizada voltada para cima. Além disso, a parte isolante serve para que o calor não
passe para o ambiente por meio da condução.

RESUMO

Caro(a) cursista,

Neste módulo, vimos sobre as técnicas construtivas sustentáveis as quais buscam


reduzir o impacto ambiental gerado pela construção civil. São elas:

o retrofit;
a construção modular;
o jardim vertical.

Estudamos também a reciclagem de materiais, o assunto central do módulo. Técnicas


que remetem a diminuição de gastos com o reaproveitamento de peças e a redução dos
impactos ambientais que uma construção comum geralmente causaria.

Consequentemente, trata-se sobre o uso de alguns materiais recicláveis, no âmbito


do conforto térmico e os princípios de transferência de energia térmica, sendo estes
fundamentais para a compreensão de dissipação de calor em uma região.

A título de exemplificação, são apresentadas as mantas térmicas oriundas de


embalagens de leite. Na oportunidade, se expõe a diferenciação entre uma manta térmica
comum e uma reciclada devido à análise de transferência de calor realizada pelos dois
modelos, e analisa-se os benefícios e o custo benefício nas construções.

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REFERÊNCIAS

FURUKAWA, F. M.; CARVALHO, B. B. Técnicas construtivas e procedimentos sustentáveis


– estudo de caso: edifício na cidade de São Paulo. 2011. 109f. Monografia (Graduação em
Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade
Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2011.

MICHELS, C. Análise da transferência de calor em coberturas com barreiras radiantes.


2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

PRADO, D. F. Desenvolvimento de placas de embalagens ‘longa vida’ e estudo de seu


comportamento como material térmico. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) - Universidade Federal do Pampa, Alegrete, RS, 2015.

SANTOS, A. R. C. Avaliação da emissividade de embalagens cartonadas por termografia


e modelagem computacional. 2019. 67 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) –
Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2019.

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