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Capitulo 7 Curto-Circuito no Sistema Elétrico 7.1 Introdugéo ste capitulo destina-se ao estudo do curto-circuito no sistema elétrico. A anélise aqui desenvolvida é geral, sendo aplicada a sistema elétrico em anel ¢ radial ‘As correntes de curto-circuito serio calculadas fazendo-se uma extensio da andlise apresentada no capitulo anterior. No ponto do defito, isto ¢, do curto-cireuito, sempre & possivel obter o circuito equivalente de Thevénin, ficando o circuito idéntico ao do gerador sinerono operando & vazio cam o mesmo curto nos seus terminais. Deste modo, a corrente de curto-circuito poderd ser obtida com facilidade. As cortentes nas outros trechos do sistema sao obtidas fazendo 0 retrocesso no circuito, obtendo~ se as correntes que contribuem com o defeito, em varios pontos da rede erica ‘Apesar do defeito ser indesejavel, ocurto-circuito sempre ocorre em pontos aleatérios da rede elétrica. Se os curto-circuitos nao forem rapidamente eliminados, os danos nos equipamentos que integram a rede elétrica poderao ser elevados Portanto, as correntes de curto-circuitos deverio ser conhecidas em todo 0 sistema ico pata todos os possiveis defcitos. ‘© conhecimento da corrente de curto-citcuito atende a diversos objetivos impor tantes, relacionados a seguir: '# conhecer a dimensio do seu valor. ‘¢-dimensionar a linha de transmissio em relagio a seu limite suportivel de elevacio da temperatura devido ao curto-circuito. « dimensionar o disjuntor quanto & seegéo dos seus contatos ¢ capacidade disruptiva da sua cimara de extingdo do arco-elétrico. «¢ dimensionar o transformador de corrente (TC) quanto 20 nivel de saturaéo da sua curva de magnetizagéo definido pela sua classe de exatidéo. 1s efetuar a coordenagio de relés 137 18 CAPCEULO 7 CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO ‘* analisar as sobretensdes na freqiéncia industrial devido a0 curto-citcuito. ‘© conhecer o vempo de atuacéo do relé, conseqiientemente o tempo da eliminacio do defeito, para analisar as perturbacdes devido as harménicas e da estabilidade dinamica do sistema elétrico; + outros. 7.2 Causas das Faltas na Rede Elétrica Ao projetar um sistema, o objetivo basico é sempre projeté-lo adequadamente. com lay-out otimizado. com materiais de qualidade comprovada. bem desenhados, ¢ prevendo 1 execuco da obra e a instalagéo da melhor qualidade. Mesmo assim, o sistema estaré exposto is condicdes mais diversas ¢ imprevisiveis. ¢ a falha aparecera em pontos aieatérios do sistema, ‘As falhas sio devidas &: 4) Problemas de Isolagio ‘As tenses nos condutores do sistema sdo elevadas. conseqiientemente. rupturas para ‘a terra ou entre cabos podera ocorrer por diversos motives «© desenho inadequade da isolagio dos equipamentos, estrutura ou isoladores; ‘© material empregado (inadequado ou de mé qualidade) na fabricagio. * problemas de fabricagao; ‘* envelhecimento do proprio material 6) Problemas Mecanicos Sio os oriundos da natureza e que provocam agio mecanica no sistema elétrico: 1 agio do vento. ‘© contaminagéo, # arvores, ete 119 ©) Problemas Elétricos ‘Sio os problemas elétricos intrinsecos da natureza ou os devidos & operacio do sistema: 1» descargas atmosféricas diretas ou indiretas, ‘# surtos de chaveamento {manobra) « sobretensio no sistema, d) Problemas de Natureza Térmica (0 aquecimento nos eabos e equipamentos do sistema. além de diminuir a vida stil prejudica a isolagao ¢ devido a: « sobrecorrentes em conseaiiéncia da sobrecarge no sistema « sobretensio dindmica no sistema. ¢) Problemas de Manutencio « substituigéo inadequada de pecas e equipamentos. ‘» pessoal nio treinade e qualificade. ‘* pegas de reposicio nao adequadas, «falta de controle de qualidade na compra do materia. « inspegio na rede nio adequada, £) Problemas de Outra Natureza + atos de vandalismo + queimadas « inundagées + desmoronamentos + acidentes de qualquer natureza M0 CAPITULO 7 CURTO-CIRCUITO No SISTEMA ELETRICO 7.3 Ocorréncia dos Defeitos no Sistema Elétrico Procura-se apresentar aqui apenas uma idéia da ordem de ocorréncia de falhas no sistema elétrico. isto é na geragéo, subestagéo e transmissio. Cada setor. devido as suas préprias caracteriaticas, contribut mais ou menos no curto-circuito. Estas ocorréncias sao obtidas através do levantamento histérico de defeitos nas em- presas de energia. ‘A contribuicio de cada setor do sistema de energia elétrica em relagdo a curto ‘ircuitos esta apresentada na Tabela 7.3.1 Curto-Circuito | we Subestagao 05% Tinkas de Transmissao | __89 Tabela 7.3.1: Porcentagem de Curto-Circuito no Sistema Elétrico Pela propria natureza do sistema de energia elétrica, 0 setor mais vulneravel & falha 6 a linha de transmisséo. Isto porque ela percorre o pais de ponta a ponta, pasando por dliversos lugares, corn terrenos e climas distintos. Os elementos das linhas de transmissio. isto 6. as ferragens. cabos, estruturas. esto dispostos em série. diminuindo consideravelmente a sua confabilidade, A rede de distribuigio também contribui com falhas. mas os seus curto-cireuitos nao colocam tanto em risco o sistema elétrico como os curtos na linha de transmissao, 7.4 Ocorréncias dos Tipos de Curto-Circuito no Sis- tema de Energia Elétrica Pela propria natureza fisica dos tipos de curtos-circuitos. 0 trifésico é mais raro. Em contra-partida, € 0 curto-circuito monofasico & terra o mais corriqueiro. As percentagens médias de ocorréncia de cada tipo esti na tabela 7.4.1. Tipos de] Ocorrencias] Curtos-Cireuitos_| em % 3a. i pe 13 [Botera: L_6 [ite Cacva sezeemnereeel| sane 63 ene} Tabela 7.4.1: Ocorréncia dos Curtos-Circuitos “1 7.5 Curto-Circuito Permanente 0s curto-cireuitos podem ser do tipo permanentes ou temporatios (Fortuito), Os curto-circuitos permanentes. como 0 proprio nome ja indica. sio do tipo ir reversivel espontaneamente, necessitando de conserto na rede para restabelecer o sistema, [Apés a abertura do disjuntor. a equipe de manutengio devera se deslocar até o local do defeito e. somente apos o conserto, o sistema sera restabelecido, 7.6 Curto-Circuito Temporario Curtos-circuitos temporirios, ou fortuitos. sio aqueles que ocorrem sem haver defeito na rede. Apés a atuacio da protegio o sistema pode ser restabelecido sem problemas. Os curtos-circuitos temporirios sio oriundos de varias causas. tais como: «# sobretensio na rede. com a conseqiiente quebra de isolamento do isolador. propiciando © arco elétrico (flashover: +» contaminagio do isolador pela poerra ¢ poluigao, © umidade = chuva « salinidade «© galhos de arvores 1 paissaros: vento 0 principal defeito temporirio ¢ a disrupgio do arco elétrico (lashover) no izolador. ‘como mostra a figura 7.6.1 (0 isoladar enfraquecido. isto €, contaminado por poeira. salinidade, poluicéo. umi- dade, produz urna consideravel corrente de fuga por sua superticie. Uma sobretensio ind ida na rede provoca disrupcio no isolador. ionizando o ar e iormando o arco elétrico, Com ‘0 desaparecimento da sobretensio. 0 arco elétrico persiste mantido pela tensio normal do sistema. Isto se dé porque a resisténcia elétrica do ar ionizado € muito pequena. Observe-se que a tensio dy sistema mantém, atraves do arco eléttico. 0 curte- cireuito. Com a atuacio do disjuntor o cireuito & aberto. estinguindo © arco eiétrico ¢ fem conseqiiéncia. desionizando 0 ar, que recupera sua rigidez normal. Se o sistema for provido de religamento automatico. a energizacéo serd aceita ¢ 0 sistema volta a operar nor ‘malmente, como se nada houvesse ocorrido. Portanto. a vantagem do religamento é marcante ‘na manutencéo da continuidade do servico. we, CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO Condutor yo Contr Isolodor Cruzeto Figura 7.6.1: Flashover no Isolador 7.7 Ocorréncia de Curtos-Circuitos Permanente e Tem- : porério Eo curto-circuito monofésico a terra o que tem maior incidéncia no sistema elétrico. E deste, a predominancia ¢ de curto temporario. A percentagem de ocorréncia dos curtos-circuitos permanentes e temporarios estio na tabela 7.7.1 “Tempordi 1: Ocorréncia dos Curtos-Circuitos Permanente e Temporario Observa-se que a taxa de ocorréncia do defeto temporirio € grande, compensando usar o religamento monopolar na fase em curto-crcuito do sistema eléirico de grande porte. Neste caso, durante o tempo morto do religador. o sistema eléirio fica momentaneamente desequlibrado. Se o sistema eltrico for de pequeno porte é usual o religamento trifésico, us 7.8 Curto-Circuito no Sistema de Energia Elétrica Os curtos-circuitos trifésicos sio equilibrados. bastando para tanto considerar 0 circuito equivalente de seqiiéncia positiva. J& os curto-circuitos bifdsicos, bifdsicos a terra e 6 monofisico & terra, si0 desequilibrados. e os diagramas de seqiiéncias positiva, negativa c zero deverio ser usados. 0 importante é calcular a corrente de curto no ponto de defeito. Partindo desta. as correntes em outros trechos sio calculadas fazendo o retrocesso nos circuitos equivaientes, Com o abjetive de caicular a corrente de curtorcircuito no local do defeto. far-se- 4 correspondéncia com as técnicas usadas nos curtos no gerador sincrono do Capitulo 6. Para tanto, deve-se obter o circuito equivalente de Thévenin no ponto de defeito do sistema elétnico e efetuar a correspondéncia com o gerador sinerono. como indica a tabela 7.8.1 Cireuitos de Sequénda Tfeaito de Seqiencia do Sistema | do Gerador Sincrono a Vazio _| de Poténcia | Ez, = fem da fase “a” no | Eq, — vensao de fase no local do terminal do Gerador Sincrono a | defeito (tensio de Thévenin antes vazio do defeito) | Obs.: a tensio devera ser obtida com o sistema alimentando normaimente as cargas Ze — Impedancia de | Z.Za. Zy — Impedancias de Seqiiéncia do Gerador Sincrono | Seqiiéncias Equivalentes (vista) | no ponto de defeito (equivalente de Thévenin| em cada um dos I circuitos de segiéacias Todas T. = correntes nas Ta: Tu. J. = correntes que fuer fases a, be ¢ durante 0 do sistema para o defeito no defeito | local do defeito ‘Tabela 7.8.1: Correspondéncia do Gerador Sinerono com 0 Sistema Elétrico Para estabelecer. com maior fundamento o significado das corventes Js, is e ‘que fluem do sistema para 0 defeito. de modo a fazer a correspondéncia, isto é, as mesmas ccaracteristicas de defeitos do gerador sincrono a vazio. séo apresentadas as tenses e correntes no local do defeito conforme figura 7.8.1. No local da ocorréncia do curto-circuito, usa-se o artificio de construir uma pequena linha ideal, isto é, sem impedincia. As correntes que fluem do sistema para o defeito sao as correntes desta linha imagindria Observe-se que para a linha imaginiria da figura 7.5.1. 0 sistema esta operando vatio, isto é, sem carga. As tenses Vq, Vi, ¢ Vi: sio as tensdes desta linha & terra 4 capmui0 7, CuRto-cnct170 No sstEMA sLs7AIC0 : Letal_t tle at : fs eee L Figura 7.8.1: Tenses e Correntes no Local do Defeito ‘As impedincias equivalentes de Thévenin Z;, 21 Zo. do sistema elétrico. séo obti das dos diagramas de impedincia das respectivas seqiiencias. Como 0s circuitos equivalentes de seqiiéncia negativa e zero sio passivos, o cireuito equivalente de Thévenin é apenas repre- sentado pela impedincia Z, € Zo, Sendo a seqiéncia positiva ativa,o seu circuito equivalente de Thévenin € representado pela impedancia de seqigncia positiva (Z,) atrds da tensio de ‘Thévenin (E,,), que é obtida no local do defeito antes da ocorréncia do curto-circuito. O cireuito de Thevenin da seqiiéncia postiva do sistema elétrico ¢ 0 da figura 7.8.2 toy Figura 7.8.2: Circuito de Thévenin da Seqiéncia Positiva s diversos curto-circuitos poderio agora ser simulados. a) Curto-Cireuito lo-terra Basta fazer a conexio na figura 7.8.1 da fase “a” com a terra, obtendo-se a figu- ra 783, ry Local do defeito Figura 1.8.3: Curto-Circuiio Monofésico-Terra [As condigées do defeito sic: Bstas sio as mesmas condigées apresentadas-no item 64, portanto. os circuitos ‘equivalentes de Thévenin das seqiéncias positiva. negativa e zero. no local do defeito, deverio ‘ser conectados em série, A conexio, em série, dos circuitos equivalentes de Thévenin por fase, esta apresentada na figura 7.8.1 +) Curto-Cireuite 20 na linha “b" © Na figura 7.8.1, conectando as fases b ¢ ¢. obtém-se 0 curto 22, indicado na figu- ra 785, As condigies do defeito sao 146 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO oo seaudecio seautncla Zero Figura 7.8.4: Conexées em Série para o Curto Monofésico-Terra Local do det © (ie > o to tb Figura 7.8.5: Curto-Cireuito Bifésico no Sistema Elétrico ist he “7 Estas condicies sio as mesmas apresentadas no item 6.5, portanto, os modelos de seqiiéncia positiva e negativa serio conectados em paralelo. Figura 78.6, Figura 7.8.6: Modelos em Paralelo no Curto Bifisico ¢) Curto-Cireuito 2¢-terra nas fases “b” “c”. Este curto esta apresentado na figure 7.87. Local do defeito fisico-Terra no Sistema Elétrico Figura 7.8.7: Curto 8 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO As condigdes deste curto-circuito 2¢-terra sio: ig=0 Y=Ve=0 ist i= She Estas condigées sio similares as apresentadas no item 6.6, € os modelos dos circuitos ‘equivalentes de Thévenin, no ponto de defeto, sio conectados em paralelo. Figura 7.8.8. Iseeutncio seovincia mt ign sesvinee Zare | Yoo Figura 7.8.8: Ligasio em Paralelos dos Modelos no Curto-Circuito Bifasico-Terra 4) Curto-Cireuito 32. E 0 curto onde todas as correntes sao equilibradas, portanto, néo ha diferenga no curtorcireuito 3¢ ¢ Sé-terra. Ver figura 7.8.9. Figura 7.8.9: Curto-Circuito Trifésico no Sistema Elétrico M9 As condicdes do defeito séo: kev Estas sio as mesmas do item 6.3 do capitulo 6, indicando que os modelos de seqiéncia positiva, negativa e zero esto curto-citcuitados. ‘Como os circuitos equivalentes de seqiiéncia negativa © zero sio passivos. $6 ha necessidade de apresentar o citcuito de seqiiencia positiva. Ver figura 7.8.10. toy [Seesnciapounve Figura 7.8.10: Modelo de Seqiiéncia Positiva em Curto no Curto-Cireuito Trifisico 7.9 Cargas [As correntes de curto-citcuito caleuladas no item anterior sio somente a conti buigio das correntes quando se considera o sistema elétrico operando a vazio. isto é. sem carga. Como, na realidade. o sistema esta sempre operando com carga. 0 curto-ireuito nesta situacdo deve ser considerado. Assim, para se obter as condigGes iniciais das correntes verdadeiras de curto-circuito no sistema operando com carga ¢ sob defeito, deve-se fazer @ superposigio do sistema operando normalmente com carga com o sistema com defeito mas sem carga, ‘Observe-se que a superposicio sé ¢ valida se os dois sistemas (circuitos) forem iguais, isto 6,0 sistema elétrico ¢ 0 mesmo. com carga ¢ sob curto-cicuito. [As correntes nos diversos trechos do sistema elétrico sio caleuladas através do pro: arama de fuxo de carga (Load Flow), Note-se que o cdlcuo do fiuxo de carga devers se feito om as reatancias internas dos geradores e motores sincronos correspondentes as do periodo ‘ub-transitério. isto 6 21, No entanto, como a contribuigio da reatincia sub-transitéria frente as reatancias do sistema juntamente com a impedéncia da carga € muito pequena, nd0 se comete erro considerando a reatancia sincrona dos geradores e motores sineronos no fluxo da carga normal. “Junto com a solugdo do fluxo de carga. que é uma pratica rotineira das empresas de energia elétrica. obtémse também. o valor de E,,. isto ¢. da tenséo em relagéo & terra (neutro) no local do defeto, Esta tensio £, serétransformada em pu na base correspondente 50 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO ao nivel de tenséo do local do defeito. 4 a tensio de Thévenin, ou seja, a tensio da fonte ideal do cireuito equivalente da seqitncia positiva do sistema elétrico. Dependendo do tipo de defeito, os modelos de seqiiéncia positiva, negativa e zero seréo conectados como jé Visto, € as correntes de curto-circuitos do sistema sem carga serdo calculadas. Em um mesmo ponto do sistema elético, fazendo-se a superposicéo das correntes de carga com a corrente de curto-cireuito do sistema sem carga, obtém-se a corrente ver dadeira de curto-cireuito do sistema elétrico com carga. A expressio 7.9.1 elucida bem a superposigéo. verdadiradonstema com cays wh dfete = learga sem dese + laefeito vr arse (79.1) As correntes de carga sio praticamente limitadas pelas impedancias das cargas, portanto, seus valores sio pequenos, com fatores de poténcia maiores ou iguais a 0,85. Conseqiientemente, a defasagem da tensio de fase-neutro (terra) e a corrente da carga é rnuito pequena. Em contra-partida, as correntes de curto-circuito sio apenas limitadas pelos pari- metros do sistema, que tém valores pequenos ¢ indutivos. Em conseqiiencia as correntes de ccurto-cireuito séo grandes e com defasagem também grande em relagéo & tensio fase-neutro. Diagrama fasorial da superposicdo est na figura 7.9.1 Yrensdo tose neutro Figura 7.9.1: Diagrama Fasorial 11 Nao hé muita diferenca nos médulos da corrente verdadeira e da corrente de curto- circuito do sistema sem carga. Isto é, a contribuicio da corrente de carga é muito pequena, podendo tranqiilamente set desprezada no célculo do curto-circuito. Além do mais, nio hi necessidade de a corrente de curto-circuito ser calculada com absoluta precisio, mas apenas terse uma idéia do valor da sua grandeza em médulo, que ¢ fundamental na andlise da protecéo do sistema elétrico. Se precisio for requerida, as correntes de carga poderio ser consideradas. No en- tanto, é rotineiro na pritica, as cargas serem desprezadas no caleulo da corrente de curto circuitos. 7.10 Exemplo de Calculo de Curto-Circuito no Sis- tema Elétrico Para explicitar e consolidar as ferramentas da técnica aqui proposta, resolugdes completas de exemplos serdo apresentadas. Exemplo 7.10.1 ‘O sistema elétrico da figura 7.10.1 opera sem carga. Para um curto-cireuito 1é-terra na fase “a” da barra “c", calcular as correntes de curto-circuito considerando o transformador de micleo envolvente e envolvido. [YT OB £4} | +" s0mva xoureatt taeny YD cutearein xnig% | 30MVA ‘ xg520% 1367/6980 % x4 210% Figura 7.10.1: Diagrama Unifilar a) Tranformador de Nuicleo Envolvente Como 0 curto-circuito 1¢-terra, os modelos de seqiiéncia positiva, negativa © zero 182 (CAPITULO 7 CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO so conectados em série. Figura 7.10.2, Figura 7.10.2: Modelos em Série Considerando Transformador de Niicleo Envolvente Pode-se constatar pela figura 7.10.2, que o cireuito esta aberto devido ao bloqueio da seqiiéncia zero no transformador. Isto & [Apesar da fase “a” estar em contato com o solo, 0 bloqueio do transformador de niicleo envolvente nao da condicies de operagéo a protegio de neutro (relé ou religador) b) Transformador de Niicleo Envolvido (Os modelos conectados em série estio na figura 7.10.3 Devido ao A fictcio, ha possbilidade de passagem da componente de seqiéncia 153 Figura 7.10.3: Modelos em Série Considerando o Transformador do Niicleo Envolvido 120° ene * = FO ASS IO + G01 + I02+I01 + 7014905409 ah, fag = hey 0,6451pu Utilizando a expresso matricial 2.9.1, obtém-se i 1a 1 ] [0,641 i }=|1 @ @ || 0.6051 i 1a a} [0,605 1,9353pu 184 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO 485,84 Note que a corrente de curto é pequena. apenas 93% maior que a corrente de pleno ccarregamento do cireuito. mas jd suficiente para fazer operar a protecio de neutro do religador ou do rel Este exemplo mostra claramente a influéncia do tipo de niicleo do transformador nas correntes de cutto-citcuito do sistema de energia elétrica. Exemplo 7.10. ‘O sistema de energia elétrica tem o diagrama unifilar apresentado na figura 7.10.4 “I san eon LSow ay, Her xe oa Setar 5 as mot ay pte capone sown ry ee f Figura 7.104: Diagrama Unifilar Todos 03 transformadores sio de nicleos envolventes. O exemplo sera resolvido considerando um defeito na linha de transmissdo “be”. defeito é um curto-circuito 1 terra, isto 6, envolvendo a fase “a” e a terra, situado a 70% da linha de transmissao “be’ O sistema apresentado est opetando a vazio, isto €, sem carga. 155, a) Fazer 0 diagrama de impedancia de seqiiéncias positiva, negativa © zero ( sistema elétrico deste exemplo é o mesmo do exemplo apresentado no item 1.17 do Capitulo 1. Portanto, os céleulos em pu jé foram efetuadis e 0 diagrama de impedncia de seqiéncia positiva é 0 mesmo da figura 1.17.2, que esté aqui reproduzido na figura 710.5 to ois 19078 —«jope0s oes | 50,219 0,087 4 ¢ 2 10,36 (te, Seniéncia Posiiva i | ogre Figura 7.10.5: Diagrama de Impedincia por Fase de Seqiiéncia Positiva ‘Observe-se que a impedancia em pu da linha de transmisséo “be” foi dividida em duas partes, uma com 70% e a outra com 30%. ‘Como antes do defeito o sistema estava operando a vazio, as trés fontes de tensio da figura 7.10.5 estdo em fase e pode-se aplicar o teorema de deslocamento de fontes. As: vas trés fontes ficam reduzidas a uma tinica fonte de tensio. conforme recomendado na tabela 7.8.1. Efetuando o deslocamento de fontes origina-se a figura 7.10.6. ‘Topologicamente o diagrama de impedancia da seqiéncia negativa é 0 mesmo da seqiiéncia positiva, mas os valores em pu das reatancias dos geradores e motores si0 Tentes. O diagrama de impedancia da seqiéncia negativa. com os valores em pu na base reoomendada no item 1.17, esta na figura 7.10.7. 186 CAPITULO 7. CURTO.CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO cor Figura 7.10.6: Deslocamento de Fontes 10,076 Figura 7.10.7: Diagrama de Impedancia por Fase de Seqiéncia Negativa 17 0 circuito equivalente por fase de seqiéncia zero. deve ser feito considerando as conexdes dos enrolamentos dos transformadores de nicieo envoivente de acordo com a Te bela 4.18.1. Os valores das reatancias de seqiiéncia zero ji. trensformadas em pu, esto na figura 7.10.8. Joss B pysresia47 Seqiiéncia Zero Figura 7.10.8: Diagrama de Impedancia por Fase ca Seqiiéncia Zero b) Caleular as correntes verdadeiras de curto-circuito que fluem do sistema para a terra, Exatamente no local do defeito, esta 6 a corrente que deixa o sistema na fase “a” para a terra, Como 0 curto-cireuito € lo-terra. 0s modelos de seaiéncia deverio ser conectados fem série. As ligagdes das conexdes deverao ser feitas no ponto do defeito, Ver figura 7.10.9. (0 objetivo inicial & calcular a corrente /a,. Portanto. deve-se reduzir os cirewitos da figura 7.10.9. As redugdes estao nas figuras 7.10.10, 7.10.11. 7.10.12 e 7.10.13. CAP;TULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO Figura 7.10.9: Modelos Conectados em Série 40,3183, 10,0387 c, bert Figura 7.10.10: owe ji Redugéo do Circuito 189 160 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO i or jose Figura 7.10.11: Redugéo do Circuito ast iosies Figura 7.10.12: Redugéo do Circuito 162 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO Figura 7.10.13: Redugio do Circuito 168 Do cireuito reduzido da figura 7.10.19. obtém-se ee JO,1447 £70, 1680 + 70.2953 ~ 70.5980 -8587pu ag + hay + day = Bla, = 3.1.8587 i, =5.5761pu A corrente base, no nivel de tensio do local do defeito. é i S, 30M Oe VP 8Viane VB ATE 20.054 3.5761. 120,05 669.414 As correntes de curto-cireuite do sistema para o defeito, estao na figura 7.10.14. que ‘mostra a linha de transmissao “be” ¢) Caleular as correntes verdadeiras nas trés fases da linha de transmissio “be”, correspondente ao trecho que vai da barra “b” ao ponto do defeito. As correntes de seqiiéncia positiva. negativa zero do trecho “bc” estdo indicadas nna figura 7.10.9. 7.10.10. 7.10.11 e 7.10.12. Do circuito da figura 7.10.12, aplicando divisor de corrente. tem-se 30.2652 Yo = 50, B183 + 70,2650 30,2652. 1.8587 50,3188 — 70,2652 is, (= 0.8448pu CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO 14 (CAPITULO 7 30,3091 1, 8587 30.3091 . = 50,3683 + 70,3051 fen = 50,3685 + 50,5081 = 0.8481pu Usando divisor de corrente na figura 7.10.10. obtém-se: i 51.0186 31,0186. 1.8587 fos. = 59,2894 + 71,0186 "* ~ 50,2804 + 71,0186 dug, = 1 ANTS pu [As correntes em pu nas trés fases da linha de transmissio do trecho “bc” sio obtidas aplicando a expressio matricial 2.9.1 1101] f tu] [ie a] ree] AT ee l= 1. 1.4475, Pele R eles alte llnaad Lilet Resolvendo. obtém-se: in, = 0.6011 (0.272% pu dey, = 0,6011 | = 0,272°pu 165 Multiplicando-se pela /ase obtémm-se as correntes verdadeiras em cada fase da linha de transmissio do trecho “be”. Assim iy, = 377.014 72, 16/0.272°A hy 4 = 72,16 [0.27994 Estas correntes esto indicadas na figura 7.10.14 : loco! 6° Eyvenreiezaorma PON ng a5 fore b feet 5 iponere wars Dio borrab Figura 7.10.14: Correntes de Curto-Circuito que Fluem do Sistema para 0 Defeito 4) Calcular as correntes verdadeiras em cada fase do gerador sinerono Gy As correntes de seqiiéncia que passam pela bobina do gerador sincrono G; esto indicadas na figura 7.10.9. As correntes de seqiiencia positiva © negativa sio as mesmas do trecho da linha de transmissio “bc” até o ponto do defeito. Isto é: = 0.8448pu dag, 166 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO agg, = dog, = 0,8481pu A cotrente de seqiiéncia zero é nula devido ao bloqueio do enrolamento A do trans- formador T, Iota, = As correntes de seqiiéncia positiva e negativa foram obtidas desconsiderando a rotagéo de 30° do transformador T;. Introduzindo a rotacio angular devido a ligaséo do transformador T,, as correntes ficam: fan (a? = ia 1. 8448.30°Pu ql? = 0.8481 [= 30pv 0, Aplicando a expresso matricial 291, obtém-se fl] fax aqpo ha | =| a at a || o.seasyace ie] Lie @) Loess coe hoo, = 4661 pu hho, = 0 fee, = 14661 L180?pu A corrente fw no nivel de tentio do geradorsinrono Gy é Siue__ _ 0M Vivien > To13.86 = S14 Trane = Assim dao, = 1840,1A ig, = 0 dco, = 1840,1 180° e) Calcular as correntes verdadeiras na linha de transmissio "be", correspon dente ao trecho do ponto de defeito a barra “c”. Estas correntes podem ser obtidas aplicando-se a Primeira Lei de Kirchhoff na figu- ra 7.10.14 ‘As correntes nas fases “b” e “c” sio as mesmas. isto 72,16/0,272°4 Fy = Hoa Ho, = dag = 216 £0,272" Ja a corrente na fase “a” 6 diferente, ¢ obtida por lh, 377,01 ~ 669.41 292.4 = 202,4 (180° {f) Calcular a corrente que sobe pelo terra do transformador T;. ‘A corrente de seqiiéncia zero ¢ representada por /ap,,, que esté indicada na figu ra 7.109. 1, = hay, = 1ANTS PU A corrente verdadeira Is, = Bln, = 9.14878 = 4,3225p0 ny = 463425 lene = 4, 3425 120.05 168 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO Ing = 521,317 g) Calcular a corrente que sobe pelo terra do transformador 7; pelo lado da AT. Esta corrente é o complemento da corrente que sobe peio terra do transformador 7), J yas de nna aera) = driny + bn 669.41 = 521.317 + in, Ing) = 148.0934 h) Calcular a corrente que sobe pelo terra do gerador sincrono G2. Esta corrente é Iniay, = Blac, A corrente fu, esta indicada na figura 7.10.9 e 7.10.10. Pela figura 7.10.10, tem-se: agg, = 1.8987 1.4475, 4112p fnjgy, = 3-0,4112 = 1, 2336p Multiplicando-se pelo Thsse correspondente ao nivel do tensio do gerador sincrono Gy, tem-se: a OM, 0s = PaViemas VE 18, 80 = 920.324 jay) = 1.2386 920,32 = 135,314 Esta é a mesma corrente que desce pelo terra do transformador Ts 169 i) Calcular as correntes verdadeiras de curto-circuito que fluem do motor sincrono. ‘As correntes de seqiiéncia relativas ao motor sincrono esto indicadas nas figu- ras 7.10.9 e 7.10.10. 30,872 ij ) 30,372 fm = 59,312 + 90,578" Far sa 8887 ~ 0.848) .3966pu (sem a rotacio de 30° do trans formador T;) dnsy, = 0,396 L30°pu 30,441 50,441 Cin ~ aad = geet aps 8887 — 0,881) fo = FO HAL + 50,008 4, =0,3909pu (sem a rotacio de ~ 30° do trans ormador Ts) bay =O Substituindo as correntes de seqiiéncia na expresso matricial 2.9.1 lé] bi tyfe 1b | [ama] 18 | [tiem Cea day, = 0,6820pu 6820 /180° pe 30M V3.13.8k 170 CAPITULO 7. CURTO.CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO ayy = 855,984 dy 55,98/180°A J) Caleular as correntes verdadeiras que passam pela linha de transmissio da barra “e” para a barra “c”, As correntes de seqiiéncia. em pu. séo as mesmas que passam pelo gerador sincrono Gz e esto indicadas na figura 7.10.9 ¢ 7.10.10, Ios i. = 1.8587 ~ 0,8481 — 0.3909 = 0.6197pu ., = 0.4112pu (44 caleulado no itern h) Aplicando a expressio matricial 2.9.1. tem-se Facnaanes 11 1 ]posne Trane 1 @ a || 06173 1a a} [0.697 i = 1, 6482pu = 197, 73.4 Taccena on) = 902073 L180°pu = 24.85 0.2073 /— 180°pu = 24.89 /— 180°A k) Calcular as correntes verdadeiras nas fases do gerador sincrono G3. ‘As correntes em pu séo as mesmas do trecho “ec” da linha de transmissio, no centanto, as correntes bases sio diferentes. 16482 .920.32 516.874 he, ). 2073 [180° 920. 3: = 19 80° ). 2073 Lis" 80° .920.32 = 190, 1) Fazer o diagrama trifilar com as correntes em todos os trechos. diagrama trfilar apresentando todas as correntes esta na figura 7.10.15 (CAPITULO 7. CURTO-CIRCTITO NO SISTEMA ELETRICO im VIR ae'SRQ, vO T ones Figura 7.10.15: Diagrama Tifilar do Exemplo 7.102 3 7.11 Impedancia no Ponto de Curto-Circuito Até 0 momento considerou-se curto-circuitos sélides. isto é, sem impedincia no local de defeito, Na realidade, 0s curtos ocorrem com a presenca da impedancia Zg no local do defeito. Desprezar @ impedincia Z, equivale a obter correntes maiores que as reais. 0 que. feliamente, esta a favor da seguranca, porque os equipamentos elétricos ficam" melhor di mensionades. No local do defeito, a impedincia Z, pode ser formada pelos elementos a seguir: «resistencia do arco elétrco entre o condutor ¢ a tera, ou entte dois condutores. + tesstencia de contato devido a oxidagéo no local. «resistencia da camada mais superficial do solo, «resistencia de terra no local 4 resistencia devido a qualquer outrasituagéo. A impedincia 2, no local do defeito pode ser facilmente incorporada aos modelos de seqiiéncia positiva, negativa ¢ zero. Esta facilidade ¢ obtida considerando-se que no sistema original fica incorporada (adicionada) uma pequena linha imagindria com impedancia 2, devidamente acomodada em cada fase. originando uma barra ficticia nos seus terminais. Nesta barra ficticia ocorterdo of curto-circuitos, A seguir sera feita uma andlise para cada tipo de curto-circuite a) Falta trifésiea (36) A impedancia do defeto (2), ovorre entre os és condutores, formando uma co- nexio em ¥, de acordo com a figura 7.11.1 0 defeito equivale & ocorréncia de um curto-ircuito 36 na barra ficticia, portanto basta incorporar a impedincia Z, no cizusto equivelente de Thévenin de seaiéncia posit Ver figura 7.1.2 b) Falta 16-Terra Eo caso da impedincia de defeito Z,. entre o condutor ¢ a terra. Ver figura 7.11.3. Ha duas maneiras de resolver o presente problema: Primeira Maneira: m4 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO hit ‘ = barre ficticio cuto30— Figura 7.11.1: Impedincia de Defeito no Curto-Circuito 36 to o4 |seauéacie vositwe Ts | ° Vo f sistema! Positiva do Figura 7.11.2: Impediucia de Defeito Incorporada ao Modelo de Seqiién Sistema Elétrico Usando o primeiro exquema da figura 7.11.3, pode-se supor que a impedincia 2, fi deslocada ¢ inserida no neutro do gerador ou transformador. Assim, somente a seqiiéncia zero veria esta impedincia, que no modelo de seqiiéacia zero aparece com valor 324. Usando a barra ficticia, como mostra o segundo esquema da figura 7.11.3. Levando o sistema até a barra fcticia, a impedancia do defeito Ze é inserida no modelo de seaiiéncia positiva. negativa e zero. Como no curto Lo-terra, os trés modelos sio ligados em série ea impedincia aparece com o valor 32,. Ver figura 7.11.4 18 wincio negative | Vor seauincia positive | Voy Figura 7.11.4: Impedancia do Defeito no Curto 16-Terra ©) Falta 26 Falta 26 com a impedancia de defeito 2, conectada entre as duas fases em curto. A figura 711.5 monn a ipedince de defeito justamente com a ua nha imaginaia. Levande ostemn equialenteno pont de defito até bara tii, « impedincia 24 se inerida no melo de seine positive e também no modelo de seqiéncianegativa, No cutocciteito 2o or dos modelos de seqiéncia sto conectados em paralelo. No caso particuieg no entante Ream em série porque 4 seqaénca zero nio tem infuénca sree ee fate deo defeto ado envolvera Tetra. Assim. na conexio dos models, as duas impedincias £ somadas dario apenas 2,, como mostra a figura 7.116 178 CAPITULO 7 CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO [Sequinciapositnve Figura 7.11.6: Impedancia de Defeito no Modelo de Seqiéncia no Curto-Circuito 26 4) Falta 2¢-Terra, com impedincia de defeito & terra Para este defeito é feta a hipdtese de que a impedancia de defeito Zs € conectada como mostra o esquema da figura 7.11.7. Tsto 6, as fases "b” e *c" esto em curto sido entre si, mas o curto para a terra é feito através da impedincia de defeito Z,. Pode-se considerar que a impedincia de defeito 2,6 desiocada e inserida no neutro do gerador ou transformadar,ficando, conseqientemente incorporada no modelo de seqiéncia zero com o valor 324. Como 0 curto-cicuito é 26-terra, ‘0s modelos serdoligados em paralelo como mostra a figura 7.1.8 7 = = borro ficticio 32d [seautncw sontva | Ug, [Stavincio negotiva| Vo, |Seasincio 2 Figura 7.11.8: Modelos de Seqiiéncia com a Inclusio da Impedancia de Defeito no Curto- Circuito 26 — terra ¢) Falta 2o-terru com impedancia de defeito entre condutores ¢ a terra Neste caso. considera-se impedancia de defeito entre as duas fases e tambéin eutre © local de defeito e a terra. Ver figura 7.11.9. CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO Figura 7.11.9: Impedincia de Defeito entre Fases e a Terra, Levando o sistema original até a barra fctcia, tem-se aimpedincia & inserida nos modelos de seqiiéncia positiva, negativa ¢ zero. Jé a impedancia 2, poderd ser deslocada e colocada no neutzo do gerador ou transformador, que no modelo de seqincia zero apareceré como valor 32. As conexdes dos circuitos de seqiéncia, esto apresentadas na figura 7.11.10, com impedincia de defeito indicada na figura 7.11.9, +8 [Sequincwe rere J Seautncia negative = “¥ ja no Curto-Circuito 26-terra Figura 7.11.10: Conexées dos Modelos de Seqii i ‘Com as consideragées feitas neste item. os curto-circuitos com impediincias de defeito no local da falha podem ser facilmente ealeulados. obtendo-se valores mais realistas. 7.12 Resisténcia do Arco Elétrico No local do curto-circuito sempre ha a presenca do arco elétrico. A corrente de curto- Circuito, devido ao aquecimento. propicia a ionizacio do ar possibilitando o aparecimento do arco elétrico. Mesmo se o condutor se afasta do solo. o arco elétrico mantém a continuidade do curto-cireuito, O arco elétrico funciona como um verdaderro macarico. queimando. fundindo. carbonizando os materiais alcancados pelo arco. propiciando destruigio ¢ mcéndio. Um exemplo de arco elétrico ¢ 0 curto-circuito le-terra, apresentado na figura 7.12.1 Figura 7.12.1: Ateo Elétrico no Curto-Circuito lo-terra O efeito do arco elétrico nio é mais drdstico porque. devide a formagio de bolhas de ‘material fundente, a0 ar ionizado e & acio das forcas eletromagnéticas. 0 arco tem tendéncia 22 se mover. dissipando e distribuindo o seu efeito. (© arco elétrico praticamente resistivo ¢ o valor de sua resistencia podera ser in corporada aos modeios de seaiiéncia de acordo com as recomendacoes do item 7.11 [A resistencia ao arco eietrico pode ser caicuiaaa peva formula de Warrington mdicads na expresso 7.12.1 . Rares eine Onde: 180 CAPITULO 7 CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO L + Comprimento do arco elétrico em metros 1+ Corrente elétrica [A] do curto-cireuito, sendo que J < 10004 Nas redes de distribuicéo, quando o condutor fase cai sobre areia silicosa. o calor do arco eiétrico funde a areia e, com o desligamento da rede pelo religador, o material fundido se solidifica, formando uma camada vitrficada que adere ao conduior. Esta camada vitrificada G isolante e, com a energizacdo (religamento). o sistema volta a operar como se néo existisse nenhum defeito. Esta é uma situagio critica, que abala os técnicos do setor de distribuigéo. 13 Transformador de Aterramento Muitos sistemas de energia elétrica operam totalmente isolados da terra ou aterra- ddos atraves de uma alta impedincia. Apesar das vantagens ave isto proporciona, ha uma desvantagem marcante que ¢ caracterizada pela insensibilidade aos defeitos Lo-terra. Estes defeitos lo-terra, por nao caracterizarem um curto-circuito. nao possibilitam = atuagio da protegio. Num sistema isolado, o condutor pode cair no solo sem que a protecio tue, © 0 defeito 56 sera percebido quando outro defeito a terra ocorrer em algum lugar do sistema. Para usufruir das vantagens do sistema isolado e aproveitar também a vantagem principal do sistema aterrado. isto é, 2 alta sensibilidade aos defeitos 1é-terra, ha necessidade do uso de transformador de aterramento, (0 transformador de aterramento é urn transformador que opera a vazio © que tem as seguintes caracteristicas ‘¢ tem impedéincia infinita na operagéo normal do sistema. mantendo, portanto, a carac- teristica de sistema isolado. © tem impedincia muito baixe nos defeitos que envolvem a terra, isto é usufrui da caracteristica do sistema aterrado, Para caracterizar com mais profundidade estes fundamentos, serio analisados. a seguir, dois tipos de trausformador de aterramento, a) Transformador de Aterramento :¥-A. Este é um transformador Y-A comum, conectado coro indica a figura 7.13.1 Oenrolamento 2. esta operande a vaziv, porcanto a corrente que passa pelo entole mento em ¥ é a corvente de magnetizagio. Esta corrente de maguetizasto é pequena. com valor suficiente apenias para induzir uma tensao idéntica a da rede. Portamo. para a seqiiéneia nornial do sistema, isto 6. sewiéncia positiva, o trans: 181 4 Figura 7.13.1: Transformador de Aterramento formador tem uma impedancia muito alta (infinita). A seqiéacia negativa é também equi librada, e segue a mesma analise da seqiiéncia positiva Quando ocorre um defeito 1d-terra no sistema elétrico. a corrente de seqiiéncia zero retorna pelo solo e sobe pelo terra da ligagio em Y. O reflexo desta corrente fica perieitamente sintonizado com o rodopio de corrente dentro do A. Ver figura 7.13.1 Portanto, no instante do defeito 1¢-terra, otransformador aterra o sistema, advindo dai o nome bem apropriado de transformador de aterramento. sistema fica aterrado através da impedancia de seqiéncia zero do transformador Y-A. 0 circuito equivalente de seqiiéncia zeto é apresentado na figura 7.13.2. b) Transformador de Aterramento em Zig-Zag E um transformador comum de relagdo 1 : 1, conectado como autotransformador. Ver figura 7.13.3. ‘As seqitencias positiva e negativa sio bloqueadas pelo autotransformador ligado em zig-zag. 1s CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO ixo terr09 Figura 7.13.2: Circuito Equivalente da Seqiiéncia Zero do Transformador de Aterramento Figura 7.13.3: Transformador de Aterramento em Zig-Zag, No defeito 1g-terra, as correntes de seqiiéncia zero estéo em fase e sobem pelo aterramento da ligagéo em Y. Como as bobinas do autotransformador esto conectadas em zig-zag, as correntes indicadas na figura 7.13.3 produzem fluxos magnéticos que sio contra- balanceados com fiuxo magnético idéntico mas de sentido contrétio. 183 Portanto, em cada perna do transformador, os fluxos se anulam. possibilitando a passagem da corrente da seqiiéncia zero. "Assim, este transformador aterra o sistema isolado através de uma impedincia de seqiiéncia zero, que é muito pequena. O circuito equivalente deste transformador € o mesmo da figura 7.13. "A ligagio apresentada na figura 7.13.3 pode ser representada esquematicamente pela figura 7.13.4. Figura 7.13.4: Representagéo do Transformador de Aterramento em Zig-Zag Observe-se que as bobinas paralelas sio as bobinas acopladas na mesma perna do iicleo do transformador da figura 7.13.3. No defeito 1¢-terra os seus fluxos sdo contratios, aterrando instantaneamente o sistema elétrico. Portanto, o sistema elétrico isolado, pode usufruir da caracteristica do sistema ater- rado, desde que seja usado um transformador apenas para este fim. 7.14 Filtro de Corrente de Seqiiéncia Zero 0s filtros de corrente de seqincia zero sio utilizados em relés para protecio de curto-circuitos que envolvem a terra (26 te 16). através da cotrente, relés direcionais de terra (neutro) de sobrecorrentes ou para polarizar, 14 CAPITULG 7. CURTO-CIRCLITO NO SISTEMA ELETRICO Ha varios filtros (sensores) de corrente de seqiiéncia zero. Algumas alternativas serdo apresentadas a seguil a) Filtro de corrente de seqiiéncia zero usando 3 TC’s em paralelo A figura 7.14.1, mostra 3 TC's idénticos em paralelo. seasinese 1010 Figura 7.14.1: 3 TC's em Paralelo Usando a Primeira Lei de Kirchhoff, tem-se thei (7.14.1) Usando a expressio 2.9.1, isto é Substituindo as correntes i,. iy e i, na expressio 7.14.1. tem-se 4 + bay + bay + dag + @la, + de + hag + aha, + he, Bh +i (Lt +a) + il +a +a) 185 i, = Bing (7.142) Conelusi 0 relé conectado a 3 TC’s em paralelo, vera apenas as correntes de seqié provenientes do cireuito, isto é, 0 ramo do circuito do relé ¢ um sensor de terra ou do fio neutro. b) Filtro de corrente de seqiiéncia zero usando o terra da ligacao :¥ Os geradores, motores sincronos ou transformadores. cuja ligagio € EY, tém a ca- racteristica de ter 0 sensor de seqiiéncia zero na ligado do ponto central do Y com o ater- ramento. Figura 7.14.2. Figura 7.14.2: Filtro de Seqiiéncia Zero ¢) Filtro de corrente de seqiiéncia zero no enrolamento 4 sem carga Mauitos transformadores de 3 enrolamentos utilizam o enrolamento tercidrio em A. apenas para ter disponivel o sensor de seqiiéncia zero, Ver figura 7.14.3. 6 CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO —— ft . Figura 7.14.3: Enrolamento A come Sensor de Seqiiéncia Zero Se 0 enrolamento terciirio em A esta operando a vazio. a Gnica corrente que pode circular pelas bobinas é a corrente de seqiiéncia zero. Portanto. pode-se utilizar esta corrente para eensibilizar o relé de neutro, ou para examinar o perfil da corrente em um registrador grafico, ete. 7.15 Filtro de Tensao de Seqiiéncia Zero Usando o Terciario do TP em Delta Aberto A tensio de seqiiéncia zero é obtida através de um transformador de potencial (TP) com 3 enrolamentos. sendo o terciério em A aberto, Mostra-se na figura 7.15.1. apenas © enrolamento tercidnio em delta aberto Figura 7.15.1: TP com Delta Aberto ws Weave have Utiligando a expresso matricial. tem-se (E}-Ti all] Substituindorse V, Vi ¢ V. na expressio 7.15.1, tem-se V, = 3¥s, (7.15.2) Esta tensio 31, ¢ usada principalmente para polarizar relés direcionais de neutro, 7.16 Exercicio Proposto No diagrama unifilar da figura 7.16.1 calcular todas as correntes para um curte- cireuito 16 — terra no meio da linha de transmissio. 0 sistema esta operando a vazio com tensio igual tensbo nominal do geradorsincrono. 2 aouva iar xor 2808 xyex28 20% a iat cranes De 2a Kor8% iva ~ a i me ses nk a Lo ova ee SSwva resKv xem 7 gexgs20% xor8% Figura 7.16.1: Diagrama Unifilar |A solucio completa. isto é, a resposta do exercicio proposto esta apresentada na figura 7.16.2. CAPITULO 7. CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELETRICO 188 Figura 7.16.2: Solucdo Completa

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