Você está na página 1de 6

Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Centro de Ciências Humanas – CCH


Departamento de Geociências - DGC

Os Desastres ambientais de Mariana e Brumadinho


Hidrografia
Prof. Dr. Ronaldo Belém
As Barragens de Rejeitos

Diferente de uma usina hidrelétrica em que a barragem é a própria fonte de lucros, as barragens de rejeitos de
mineração são a dor de cabeça proveniente do negócio. São estruturas construídas para armazenar e tratar o que
“sobra” após a extração do minério – a água utilizada nos processos de beneficiamento e os resíduos sólidos
que não têm valor comercial. Pode ser muito perigosas se não acompanhadas através de um sério programa de
monitoramento
Os tipos de Barragens de Rejeitos

A Barragem à montante é a mais perigosa, pois os diques são construídos sobre o próprio rejeito que é acumulado
atrás do dique de partida. Esse rejeito é compactado e adensado formando degraus invertidos ou em direção às
nascentes. É o modelo mais barato e que foi usado em Brumadinho e Mariana.
A mineração a Seco

.
A nova tecnologia é a Mineração a Seco, sem uso de água e barragens. A técnica consiste em reaproveitar os
rejeitos, que passam por retirada da água para serem depositados em áreas protegidas por diques. Toda gama de
rejeitos provenientes da mineração de ferro possui solução para filtração, onde a água é reutilizada no processo e
o material compactado será destinado a empilhamento a seco, eliminando desta forma o sistema de barragem.
Os impactos sobre a Biodiversidade

O rompimento da barragem liberou cerca de doze milhões de metros cúbicos de rejeitos. Além das mortes de seres
humanos, a tragédia em Brumadinho desencadeou a morte de vários outros animais e da vegetação. Assim que a
barragem se rompeu, uma grande avalanche de lama formou-se, arrastando a fauna e também a flora local.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), os rejeitos ocuparam, desde a barragem
até o rio Paraopeba, uma área de 290,14 hectares e destruiu uma área de vegetação de 147,38 hectares.
Quatro anos... E nenhuma Punição

“O rompimento da barragem de Brumadinho 2019 é considerado um dos maiores desastres ambientais


da história recente do Brasil. Associação das vítimas reivindica reparação aos familiares de mortos e
desaparecidos. A Vale foi denunciada à Justiça. Em 2020, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou
16 pessoas por homicídios dolosos e crime ambiental. Entre os acusados, estão Fabio Schvartsman, ex-
presidente da Vale, e a empresa Tüv Süd. Apesar de todos terem virado réus, em 2021 o STJ decidiu pela
extinção do processo criminal, transferindo a competência de julgamento para a Justiça Federal. Até
hoje não houve punição.
Sob o risco de prescrição, a presidenta do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, decidiu, no início
deste ano, que a Justiça Federal de Minas desse prosseguimento à ação penal. Em 20 de janeiro de 2023,
o Ministério Público Federal ratificou integralmente a denúncia oferecida pelo MP de Minas contra 16
funcionários da Vale e Tüv Süd por homicídio qualificado, cometido 270 vezes, além de crimes contra a
fauna, crimes contra a flora e crime de poluição. As duas empresas também foram denunciadas pelos
crimes ambientais.
Enquanto a novela do empurra-empurra de recursos avança, a Associação dos Familiares de Vítimas e
Atingidos pelo Rompimento da Barragem (Avabrum) teme mesmo é que tudo acabe com a impunidade
aos réus e prejuízo às vítimas, além do risco de que novas ocorrências causem mais tragédias em Minas
Gerais”.
Fonte: https://fpabramo.org.br/focusbrasil/2023

Você também pode gostar