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Artigo - A Noção de Bom Argumento
Artigo - A Noção de Bom Argumento
1 INTRODUÇÃO
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A NOÇÃO DE BOM ARGUMENTO - Cogência,
plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
Vários aspectos de qualquer argumento merecem atenção: desde a milenar a ideia de forma,
assecuratória de sua validade; passando pelo conteúdo e contexto, capazes de determinar-lhe o
atributo da correção (“ soundness ”, solidez),1 bem como se se está diante de um bom argumento
(cogente); até se chegar a verificação dos elementos dialógicos, que são fundamentais para definir
qual, dentre dois argumentos bons, é o melhor.
Para tanto, são essenciais as contribuições dos estudos sobre teoria da argumentação, da lógica
informal e do pensamento crítico. Essas disciplinas, que experimentaram rápido desenvolvimento
nas décadas recentes, obtiveram seu impulso, precisamente, na patente incapacidade demonstrada
pela lógica formal de lidar com argumentos complexos, expressos em linguagem natural. Daí a
crescente importância dessas disciplinas, que pretendem oferecer instrumentos e métodos
alternativos para a compreensão e avaliação de argumentos, práticos ou teóricos, exibidos em
linguagem real, sobre temas como “natureza, sociedade, política ou filosofia - o tipo de argumento
que é complexo, importante, mas difícil de se lidar.”2
A lógica formal, portanto, não dispõe de instrumentos para enfrentar a sutileza e a complexidade das
construções argumentativas que se alojam em alguns dos debates mais candentes e decisivos para
a humanidade. Na medida em que estas discussões possuem precisamente tais traços de
complexidade, importância e dificuldade no trato, propomos que se deva dar maior atenção às
propriedades não formais da argumentação e ao instrumental analítico da lógica informal4 e da teoria
da argumentação.5
2 VALIDADE
Um argumento é válido “se, e somente se, não for possível que todas as suas premissas sejam
verdadeiras quando sua conclusão é falsa”.7 Observe-se que a preocupação com a verdade, aqui, é
secundária. Neste campo, a verdade ou a falsidade, critérios cruciais na avaliação de proposições,
são tomadas hipoteticamente. Não constitui tarefa da lógica (e menos ainda da lógica formal)
investigar a veracidade ou falsidade das proposições que compõem um argumento, mas sim da
ciência, cuja tarefa consiste em elucidar as relações linguagem-mundo. A lógica formal ocupa-se,
primordialmente, em saber se a verdade de determinadas premissas conduz, necessária e
inexoravelmente (ou com graus de probabilidade, caso o argumento não seja dedutivo), à verdade
da conclusão. Sendo meramente formal, tal ramo da lógica tem em mira uma relação entre entidades
da linguagem. Não importa se as premissas ou a conclusão são de fato verdadeiras: o importante, do
ponto de vista lógico-formal, é que, se aquelas forem verdadeiras, esta também o será, no caso de
um argumento válido.
As premissas são afirmadas e uma conclusão é pleiteada, por meio de uma inferência.8 O
importante, em matéria de validade, é que o argumento seja preservador da verdade (“
truth-preserving ”), isto é, que não permita concluir uma proposição falsa, se as premissas forem
verdadeiras. Note-se que a verdade factual das premissas absolutamente não vem ao caso: um
argumento como “todas as aranhas têm dez pernas; ora, todas as criaturas de dez pernas têm asas;
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relevância e suficiência) e conceitos correlatos
logo, todas as aranhas têm asas”, embora atente contra a biologia, é perfeitamente válido, pois, se
as duas premissas forem verdadeiras, a conclusão inevitavelmente também o será. Origina-se daí a
expressão “ ex vero, verum sequitur (a partir do verdadeiro, segue-se o verdadeiro).” 9 Conclui-se,
portanto, que um argumento válido pode ter premissas falsas e conclusão falsa, premissas falsas e
conclusão verdadeira,10 premissas verdadeiras e conclusão verdadeira, mas, em hipótese alguma,
premissas verdadeiras e conclusão falsa. Já um argumento inválido pode ter qualquer combinação
entre premissas e conclusões, falsas ou verdadeiras.11
Note-se que a validade, conceito aplicado aos argumentos dedutivos, é garantida por sua forma,
podendo-se substituir seus termos por letras (“todo A é B”) ou simples marcadores de lugar (
placeholders). No entanto, apesar de útil para determinados fins, a validade é um conceito
demasiado restrito para lidar com os argumentos complexos e multifacetados da vida real. Nessas
situações, muitas vezes não se sabe de antemão se as premissas são verdadeiras, e o objetivo do
raciocínio é exatamente decidir quais premissas considerar verdadeiras ou tentar concretizar:
“estivéssemos nós interessados apenas em argumentos que têm premissas verdadeiras, não
poderíamos saber qual linha de argumentação considerar até que soubéssemos qual das premissas
alternativas era verdadeira”.14 Tais construções demandam, por isso, complementação pela lógica
informal, como passaremos a demonstrar.
3 CORREÇÃO
A correção de um argumento parte de sua validade, e acrescenta-lhe outro requisito, a verdade das
premissas: “quando um argumento é válido, e todas as suas premissas são verdadeiras,
chamamo-lo correto.”16 Noutra concepção, é um argumento dedutivo que prova sua conclusão como
verdadeira, porque “(1) o argumento deve ser válido; (2) as premissas devem ser verdadeiras.
Quando um argumento atende a ambos os critérios, é dito correto.”17 Falhando no preenchimento de
qualquer um dos critérios, o argumento será incorreto (e talvez também inválido, se a falha for em
“1”), e não se poderá afirmar que necessariamente terá uma conclusão verdadeira, como seria
possível fazer perante um argumento correto. A conclusão de um argumento incorreto poderá até ser
verdadeira, mas não em consequência da verdade das premissas. Desidério Murcho sintetiza a
ideia: “chama-se ‘sólidos’ aos argumentos que, além de válidos, têm premissas verdadeiras
(Aristóteles chamava-lhes ‘demonstrações’). Num argumento sólido é impossível (ou improvável, no
caso dos argumentos não dedutivos) que a sua conclusão seja falsa”.18
Deve-se dar as devidas importância e atenção à questão da correção. Isso porque a mera validade
cinge-se à relação entre premissas hipoteticamente verdadeiras, conducentes a conclusão
hipoteticamente verdadeira, enquanto a correção conduz, com a força de uma premissa realmente
verdadeira, a uma conclusão igualmente verdadeira no mundo real. Portanto, mais que a validade, a
correção é tática que se revela dotada de um poder persuasório mais pronunciado. Isso decorre,
precisamente, do fato de as premissas (verdadeiras, caso se trate de um argumento correto; ou
verdadeiras e aceitas como verdadeiras, caso se esteja diante de uma prova) gozarem do status de
veracidade. Como o argumento deve ser válido, antes de ser correto ou constituir uma prova, a
verdade das premissas será transferida, pela inferência, à conclusão, cuja verdade não poderá ser
negada, sob pena de contradição.
Argumento Válido: não permite passar de premissas verdadeiras para uma conclusão falsa.
Entretanto, no processo de avaliação da qualidade argumentativa, validade e correção não são tudo.
Inúmeros argumentos válidos e corretos podem - inobstante tais características - falhar na sua
função ultralinguística de convencer ou persuadir o destinatário. Embora o argumento seja definido,
do ponto de vista formal-estrutural, como um plexo de proposições, no qual uma (conclusão) é
justificada a partir de outras (premissas), sua função primordial é a do convencimento, da persuasão.
Tem o argumento, assim, caráter também instrumental, pois visa a criar, alterar ou suprimir crenças,
posições e inclinações. Argumentar, na vida real, significa emitir um ato de conversação, por meio do
qual se busca produzir um efeito no destinatário precisamente em razão do que é dito - tal como
ocorre nas atividades pragmático-sociais de persuadir, incentivar, demover etc. Mas nem sempre
esse resultado, almejado pelo emissor da mensagem argumentativa, deve ser ou é produzido - ou
seja, o argumento, ainda que válido e correto, pode falhar. Por outro lado, mesmo argumentos sem
nenhum mérito podem ser capazes de persuadir certos destinatários, pelos mais diversos motivos
(falta de atenção, limitações intelectuais-cognitivas, recusa em ouvir a razão, predisposição para
negar o argumento alheio e reforçar suas próprias crenças, dentre outros).
Diante desse problema, fica patente que os caracteres da validade e da correção não são suficientes
para definir se um argumento é bom. Isso porque, diante da questão “quão bom é este argumento?
(…), o critério de correção (premissas verdadeiras e relação dedutivamente válida entre premissas e
conclusão) é incompleto, pouco esclarecedor ou inapropriado ”.20 Existem, assim, argumentos que
podem ser válidos, corretos, e, mesmo assim, maus argumentos. Um bom argumento deve ter
qualidades diferentes, como se verá.
Os argumentos não dedutivos21 não são classificados em função de sua validade ou correção, pois
suas premissas não pretendem estabelecer, com foros de certeza absoluta, a verdade da conclusão
- sua reivindicação é apenas a de que, tidas como certas as premissas, é altamente improvável que
a conclusão seja falsa.
A contrapartida da validade, nos argumentos não dedutivos, é a força. Diz-se que um argumento
deste tipo é forte quando é improvável (mas não necessariamente impossível) que suas premissas
sejam verdadeiras e, sua conclusão, falsa. Entretanto, observe-se, com Mara Harrell, que
“diferentemente da validade, a força pode vir em graus.”22
Isso porque o termo cogência também pode ser empregado em sentido amplo, para significar a
capacidade de gerar convencimento subjetivo justificado no destinatário do argumento, ou seja, a
propriedade de convencer por meios racionais. Conforme a definição proposta por Bickenbach &
Davies, tem-se que “um argumento cogente é aquele torna razoável para o público aceitar a
conclusão como verdadeira, porque é apoiada por um conjunto suficiente de premissas relevantes e
aceitáveis ”.24 Também Trudy Govier afirma que um argumento que preencha as três condições
(aceitabilidade, relevância e suficiência) é “bom, compelidor, convincente, sólido ou cogente”.25
Assim, um argumento cogente, em sentido lato, equipara-se a um bom argumento.
5 BOM ARGUMENTO
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Argumentos válidos, corretos, fortes ou cogentes stricto sensu podem ser ruins,26 assim como
argumentos inválidos, incorretos, fracos ou não cogentes em sentido estrito podem ser bons.27
Afinal, “a ideia fundamental de um bom argumento - o tipo de argumento que devemos avaliar
favoravelmente - é a daquele que faz crer, de modo razoável, em sua conclusão”.28 Noutra acepção,
“o requisito mínimo dos bons argumentos é que provejam razões para fundamentar uma decisão,
julgamento ou outra proposição que figure como conclusão. Porém, mais é necessário: as razões
devem ser boas razões”.29
Avançando no tema, acrescentamos que não basta definir, preliminarmente, um bom argumento
como aquele justifica, com boas razões, a aceitação de sua conclusão. O que mais importa é o
método para identificar tais entidades, isto é, como saber, afinal, se estamos diante de um bom
argumento, i.e., aquele dotado de razões que devam convencer. Daí indagar-se: que critérios e
condições uma construção argumentativa deve preencher para ser considerada boa e digna de
crédito?
Bom argumento: premissas aceitáveis, relevantes e suficientes; pelo menos tão plausíveis quanto à
conclusão.
Identificamos duas correntes na definição e identificação do que seja um bom argumento: uma
derivada da lógica da plausibilidade (plausibility logic) e outra, denominada abordagem ARS
(aceitabilidade - relevância - suficiência), que se pauta por critérios mais objetivos e intrínsecos ao
argumento, mas ainda assim plasmada por algumas considerações de ordem subjetiva.
É preciso ter em conta que a questão do bom argumento remete a considerações crítico-avaliativas,
demandando critérios diferentes, mais sofisticados e refinados daqueles utilizados para analisar a
validade e a correção. Isso porque a avaliação qualitativa dos bons argumentos não repousa sobre
aquele binômio validade-correção, meramente acrescentando-lhe algo. Para se analisar se um
argumento é bom, não basta adicionar um novo “degrau” à pirâmide ilustrada no item 3, supra. Ao
contrário, é um método de aferição paralelo, com critérios próprios e - admita-se - algo incipientes.
6 PLAUSIBILIDADE
A primeira das duas vertentes que tentam se desincumbir da missão de definir um bom argumento
(cogente lato sensu, de qualidade) toma-o como sinônimo de “argumento plausível”,33 isto é, “um
argumento bom ou forte porque, além de válido, as premissas são mais plausíveis que a conclusão.”
34
Murcho esclarece sua teoria:
“Os argumentos falham porque não partem do mais plausível para o menos plausível. Dado que a
função de um argumento é persuadir um agente cognitivo da verdade ou plausibilidade da conclusão
em causa, isso tem de se conseguir partindo de algo que o agente considere mais plausível do que a
conclusão. O agente tem de ser compelido racionalmente a aceitar a conclusão por ver que é
impossível ou muito improvável que a conclusão seja falsa dadas as premissas; mas isto significa
que o agente tem de pensar que as premissas são mais plausíveis do que a conclusão, caso
contrário recusará o argumento recusando pelo menos uma das premissas.”
Deve-se evitar confundir um argumento desse tipo, no qual as premissas ou razões são mais óbvias
ou plausíveis do que a conclusão, para justificá-la, com uma simples explicação não argumentativa,
em que se explica algo óbvio com razões menos explícitas, e.g. “a água ferve a 100ºC porque (…).”
35
O argumento busca convencer sobre algo, enquanto a explicação remete aos porquês. Em outros
termos, saber “se a passagem em questão é uma tentativa de estabelecer que uma proposição é
verdadeira, ou se, em vez disso, ela oferece razões sobre o porquê dessa veracidade, tomando-a
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Douglas Walton,37 de forma ainda mais precisa que Desidério Murcho, afirma que a conclusão tem
que ser ao menos tão plausível quanto a mais fraca (nos argumentos ligados, cujas premissas são
interdependentes) ou a mais forte (nos argumentos convergentes, com premissas independentes)
das premissas. A plausibilidade, que “avalia proposições em relação solidez de sua base cognitiva”,
38
comporta elementos de convicção subjetiva, confundindo-se com a ideia de argumento
persuasivo, pois demanda a perquirição do estado mental dos agentes:
“Não estão em causa fenómenos ‘meramente psicológicos’, mas sim o estado cognitivo do agente,
ou seja, fenómenos epistémicos (…). Por ‘estado cognitivo’ do agente entende-se o conjunto de
crenças ou convicções que o agente tem, aquilo que o agente julga saber, o que ele pensa ser falso,
o que ele aceita apenas parcialmente, o que ele duvida etc. (…) A verdade e a validade são
independentes dos agentes e isto significa que uma pessoa pode pensar que um argumento é sólido
quando o argumento não é realmente sólido. Mas não faz literalmente sentido dizer que um agente
pensa que uma dada afirmação é plausível apesar de essa afirmação não ser plausível, dado que
‘plausível’ significa ‘plausível para essa pessoa’.”39
Frank Sautter esclarece os fatores que Murcho erige como imprescindíveis à existência de um bom
argumento, classificando-os em:
“a) Fator lógico: a exigência de que um argumento bom deve ser válido.
b) Fatores extralógicos:41
i) Fator metafísico: a exigência de que um argumento bom deve ter premissas verdadeiras.
ii) Fator epistemológico: a exigência de que um argumento bom deve ter premissas mais plausíveis
do que a conclusão.”42
A teoria que Murcho desenvolve encara a solidez ou correção do argumento como “uma condição
necessária da boa argumentação, [mas] não suficiente”.43 De fato, afirma textualmente que “há três
condições necessárias para que um argumento seja forte: ser válido, ter premissas verdadeiras e ter
premissas mais plausíveis do que a conclusão”.44 Portanto, somente existiria um bom argumento
que fosse, necessariamente, correto, válido e plausível, num escalonamento em três níveis.
Contudo, entendemos que as condições exigidas pela plausibilidade são diferentes, na medida em
que não se requer a verdade das premissas, mas algo bem menos rigoroso. Assim, a correção e a
validade não são condições necessárias nem suficientes de um bom argumento: simplesmente não
são condição alguma. O escalonamento só se mostra viável nos dois primeiros níveis, mostrando-se
sem sentido sua aplicação ao nível da avaliação do bom argumento.
A fluidez do conceito, quase pirandelliano (“ assim é, se lhe parece ”), de plausibilidade, também é
reconhecida por Murcho: “a lógica informal introduz uma noção vaga e intratável em lógica formal: a
noção de plausibilidade relativa.” 45 A despeito de admitir que “a plausibilidade é uma noção muito
diferente da verdade ou da validade”,46 o autor faz aquele conceito repousar nestes, além de
subordinar a plausibilidade do argumento à plausibilidade relativa de seus componentes, sem propor
instrumentos para avaliá-las. A dependência dos critérios de validade e correção torna mais difícil o
emprego da noção de plausibilidade:
“Hamblin (1970) propôs que a verdade é um critério inadequado para argumentos com um dado
público, contexto e situação, sendo ao mesmo tempo muito fraco (queremos premissas que sejam
não apenas verdadeiras, mas sabidamente verdadeiras) e muito forte (em muitos contextos em que
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Como a definição exata de plausibilidade não é objeto de consenso, adotaremos uma abordagem
suplementar. Por seu intermédio, tentamos especificar, de forma mais palpável, a noção de
plausibilidade, de modo a obter bases mais firmes para a crítica e a avaliação de argumentos.
A abordagem ARS também se preocupa com a cogência ínsita ao bom argumento, afirmando que
suas premissas “devem ser aceitáveis (em vez de verdadeiras) e propiciar suporte relevante e
suficiente para a conclusão (em lugar de dedutivamente implicá-la)”.48 Com efeito, qualquer bom
esquema argumentativo requer, como precondição, que “suas premissas sejam verdadeiras, bem
fundamentadas, justificadas”.49
Tome-se um exemplo concreto da aplicação desses critérios: as diretrizes para a avaliação de textos
adotadas em um curso de Comunicação Empresarial da Sloan School of Management (MIT, 1999),
trazem a exigência de que haja fundamentação para o argumento. A competência é assim descrita:
“Suporte/provas: as provas usadas para sustentar o argumento são concretas, relevantes, críveis,
precisas e suficientes?” 52 Ora, a relevância e a suficiência constam explicitamente da diretriz, e
podemos afirmar que concretude, credibilidade e precisão nada mais são do que meios de aferição
da aceitabilidade das premissas. Daí se percebe que os critérios não apenas têm grande interesse
teórico, mas podem ser efetivamente aplicados na construção e crítica de argumentos cotidianos.
Observe-se que a ordem ideal de superação das etapas analíticas não é objeto de consenso. Apesar
de concordarem que a suficiência é o último quesito a se averiguar, as teorias divergem em relação à
ordem de precedência entre as condições de aceitabilidade53 e relevância,54 isto é, qual deve ser
avaliada em primeiro lugar.
7.1 Aceitabilidade
Walton & Gordon chamam a atenção para a importância de se “questionar a aceitabilidade das
premissas, quando da avaliação de um argumento”.57 O primeiro autor diz que, além das questões
estruturais/formais, há que se indagar “se cada uma das premissas é realmente verdadeira (ou se,
de algum modo, há indício de que é aceitável)”.58 Isso significa, para ele, que devemos ter “razões
para pensar que são verdadeiras.” Sob outra definição, “aceitabilidade refere-se a saber se uma
premissa que seja relevante à conclusão pode compor um argumento coeso”.59
Bickenbach & Davies esclarecem que, quando se está diante de uma premissa aceitável, “é razoável
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pensar que ela é verdadeira”.60 Por outro lado, o fato de uma premissa não ser “certamente
verdadeira” não a torna inaceitável - deve haver uma “dúvida razoável” para que se possa rejeitá-la
sob o rótulo de inaceitável. Dito de outro modo, “é obviamente razoável aceitar uma premissa
claramente verdadeira como verdadeira, mas uma premissa não precisa ser claramente verdadeira
para ser razoavelmente aceita como tal.”61
Nas palavras de Marion Ledwig, ter premissas aceitáveis significa que “é razoável, para os
destinatários do argumento, acreditar nessas premissas. Premissas aceitáveis são necessárias para
a cogência do argumento. Premissas falsas são inaceitáveis. As premissas aceitáveis são plausíveis,
e você acredita que elas são verdadeiras, ou [ao menos] elas parecem verdadeiras para você”.62
Para James Freeman, a aceitabilidade “é uma noção normativa, e não descritiva. Aceitabilidade não
implica aceitação (…). Dizer que uma proposição é aceitável para alguém significa dizer que é
correto e apropriado para aquela pessoa aceitá-la, isto é, tomá-la como premissa para futura
deliberação ou ação”.63 O autor não se preocupa com “as perspectivas de a proposição ser aceita
por certo público”, mas sim em investigar “se a proposição deve ser aceita. A aceitação é
racionalmente justificada?” 64 Portanto, para responder a tal indagação, devem-se investigar as
“condições sob as quais a aceitação é justificada”.65
Com esse objetivo, alguns autores procuraram elaborar uma espécie de tipologia das premissas que
devem ser consideradas aceitáveis. Traçaremos, agora, um breve panorama de tais guias de
aceitabilidade.
Trudy Govier aponta como aceitáveis premissas que sejam, alternativamente: (a) justificadas por
subargumentos cogentes; (b) fundamentadas por fontes confiáveis, com premissas externas ao
argumento; (c) verdades apriorísticas; (d) baseadas no senso comum; (e) testemunhos pessoais; (f)
argumentos de autoridade apropriados ou (g) aceitas provisoriamente (satisfeitas R e S,
pressupõe-se a aceitabilidade).66
Na mesma linha, Bickenbach & Davies tecem considerações semelhantes sobre o tema, indicando
como aceitáveis:67
(a) verdades necessárias: aquelas que não podem ser negadas, em virtude de sua necessidade
lógica (como a relação inversa de veracidade entre uma proposição e sua negação) ou de serem
verdadeiras por definição (derivam do próprio significado dos termos envolvidos);
(b) verdades contingentes: é possível que sejam falsas, mas “dados nossos outros conhecimentos, é
muito improvável que sejam falsas.”68 São verdades empíricas, baseadas em nosso conhecimento e
experiência sobre o mundo, e dependentes daquilo que realmente ocorre nele, donde deriva seu
caráter contingente. Podem ser fundamentadas:
(b.1.2) feito alhures, mas referido no argumento principal - “neste caso, a aceitabilidade depende em
parte da confiabilidade e precisão da referência”;70
(b.2) pelo senso comum, que pode gerar, legitimamente, crenças razoáveis. Não faria sentido
realizar “investigações empíricas prolongadas (…), testes científicos” 72 ou recorrer a especialistas a
fim de determinar a veracidade das proposições mais comezinhas, tais como “os invernos
canadenses são mais frios que os verões.”73 Nesses casos, ausente qualquer razão para a dúvida, é
razoável acreditar em asserções feitas com base no senso comum;
(b.3) por testemunhos pessoais: a fim de aceitá-los, as experiências devem ter sido vivenciadas por
aquele que relata o caso (first-hand experience).74 Deve tratar-se de uma pessoa confiável, que se
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limita a descrever sua experiência, “em vez de especular sobre sua natureza ou significado”;75
(c) proposições controversas ou contrafáticas, aceitas tanto pelo proponente quanto pelo destinatário
ad argumentandum tantum, ou seja, apenas “para fins de argumentação”.76 Admite-se
provisoriamente a aceitabilidade das premissas, ainda que sabidamente falsas. A argumentação
contrafactual é útil para “explorar possibilidades, eventos e relações sobre as quais estamos
inseguros ou que sabemos não terem ocorrido, apesar de poderem ocorrer em tese”.77 É empregada
para testar hipóteses e “verificar o que se seguiria” das premissas, caso fossem verdadeiras.
Bickenbach & Davies defendem, portanto, que uma premissa aceitável não é necessariamente
verdadeira, bastando que, “para os propósitos de um argumento particular, seja razoável tratar a
premissa como se verdadeira fosse”.78 A razoabilidade da aceitação depende do tipo de argumento
e de seu contexto: em certas ocasiões, a certeza absoluta pode ser exigida; noutras, basta certo
grau de probabilidade. Em suma, “uma premissa é aceitável se for ‘boa o bastante’ como premissa, à
luz do contexto e do tipo de argumentação empregados”.79
Por outro lado, Govier,80 trabalhando no extremo oposto da aceitabilidade, entende inaceitáveis as
premissas (a) facilmente refutáveis, por contraexemplos, experiência, testemunhos etc.; (b)
sabidamente falsas, a priori; (c) inconsistentes com outras premissas; (d) vagas ou ambíguas; (e)
dependentes de presunções falhas; (f) que não sejam mais aceitáveis do que a conclusão; ou (g)
que assumam a verdade da conclusão, incidindo da falácia da petição de princípio.
7.2 Relevância
A relevância das premissas para o estabelecimento da conclusão tem a ver com o papel
desempenhado por tais componentes dentro de uma agenda mais ampla, consistente numa relação
triádica entre um item, uma situação e um resultado ou objetivo.81 Dito de maneira menos
enigmática, o conceito envolve verificar “se a premissa tem realmente alguma coisa a ver com a
conclusão.” 82 Trata-se, de acordo com Bickenbach & Davies,83 de um conceito relacional, não
absoluto (diversamente da noção de “ importância ”), aparentado com as ideias de correlação de
assuntos, pertinência temática, valor probante, “ou, simplesmente, ‘ir ao ponto’ ao invés de estar ‘fora
de questão’”.84 A relevância determina se e como as premissas “podem contar como razões para se
acreditar na conclusão (…). Nos perguntamos em quê as premissas têm a ver com a conclusão”.85
“A tese central da teoria da relevância estabelece que as expectativas de relevância geradas por
uma elocução são precisas e previsíveis o suficiente para conduzir o ouvinte até o significado daquilo
que foi proferido pelo falante. (…) Em termos de teoria da relevância, qualquer estímulo externo ou
representação interna que proveja um input para o processo cognitivo pode ser relevante para um
indivíduo, em algum momento. As elocuções geram expectativas de relevância (…) porque a busca
pela relevância é uma característica básica da cognição humana”.87
Já Govier distingue três situações diversas, antes de advertir que a relevância é pressuposto da
suficiência:
“Uma proposição A é positivamente relevante para outra proposição B se, e somente se, a
veracidade de A contar em favor da veracidade de B. Isso significa que A oferece alguma prova em
prol de B, ou alguma razão para acreditar que B é verdadeira. (…)
Uma proposição A é negativamente relevante para outra proposição B se, e somente se, a
veracidade de A atuar contra a veracidade de B. Isso significa que, se A é verdadeira, provê alguma
prova ou razão para pensar que B não é verdadeira. (…)
Uma proposição A é irrelevante para outra proposição B se, e somente se, não for positiva nem
negativamente relevante para B. Quando houver irrelevância, não haverá relação de suporte ou
enfraquecimento lógico entre as duas proposições. A não apresenta razões a favor de B, nem contra
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Os autores destacam a importância de não se confundir relevância com aceitabilidade, já que uma
premissa perfeitamente aceitável pode não ter nada a ver com a conclusão, nem com suficiência,
pois o somatório das premissas relevantes pode não bastar para justificar a conclusão. Ao contrário
dos dois primeiros, o conceito de suficiência, tema da seção seguinte, não é de cada premissa
individual, mas do conjunto (ainda que unitário) delas. Assim, uma ou várias premissas perfeitamente
aceitáveis e relevantes podem, em seu conjunto, “ fornecer prova tão insuficiente em favor da
conclusão que não seria razoável deixar-se persuadir”.92
Importante notar que a relevância pode ser efetiva/real ou condicional. Neste último caso, a premissa
“pode tornar-se relevante em algum ponto, no futuro (…). Não significa que ela é relevante aqui e
agora, em relação às provas e evidências factuais até então coligidas”.93 O autor deixa claro que a
relevância depende do valor probante (“ probative weight ”) das proposições e inferências, que se
traduz na transferência de plausibilidade - e o termo reaparece aqui - entre as premissas e as
conclusões, seguindo as regras da menor (em argumentos ligados) ou da maior (em argumentos
convergentes) plausibilidade. Caso haja relevância, “as premissas devem carrear um valor probante
significativo para a conclusão”.94
7.3 Suficiência
Por fim, a suficiência probatória das premissas, relativamente à conclusão, segundo Johnson & Blair,
tem três dimensões: “Primeiro, todos os tipos apropriados de provas foram apresentados? Segundo,
dentro de cada tipo, foram fornecidas provas o bastante? Terceiro (o que poderia ser denominado
suficiência dialética), o emissor respondeu apropriadamente a objeções, conhecidas ou potenciais,
ou a provas incompatíveis?”.95 Sob outra definição, proposta pela British Columbia Society,
“suficiência refere-se a se a premissa, que é relevante para a conclusão e aceitável como parte do
argumento, é suficiente para dar suporte à conclusão”.
Ledwig (2007) assim conceitua suficiência: “as premissas devem fornecer bases sólidas e suficientes
para a conclusão. Isto é, tomadas em conjunto, as premissas dão razões suficientes para aceitar a
conclusão. A suficiência da fundamentação também é necessária para a cogência”.96
Para Bickenbach & Davies, aferir a suficiência é o passo mais complexo, pois significa “decidir se
aquelas premissas [aceitáveis] que contam como razões [ou seja, que são relevantes] oferecem
suporte suficiente para tornar razoável a aceitação da conclusão como verdadeira”.97 Isso depende
do contexto e do tipo argumentativo (dedutivo, indutivo, abdutivo, prático, analógico, condutivo etc.).
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Por fim, o ideal de suficiência encontra-se no extremo de ideal, muitas vezes difícil de ser alcançado
na prática, de esgotamento da discussão, ou seja, o do princípio de que cada argumento deve ser
“considerado à luz dos argumentos contrários”,100 sopesando-se as objeções contrapostas.
Retomaremos a discussão de tais aspectos dialógicos na seção 10, abaixo.
A noção intuitiva de plausibilidade poderia, numa análise superficial, parecer restrita ao conceito de
aceitabilidade das premissas. Porém, limitar o sentido daquele termo a esse ponto equivaleria a
inutilizá-lo, dada a desconsideração acerca da relevância e suficiência das premissas.
O que estamos a propor é que a abordagem ARS provê critérios mais objetivos para aferir um se um
argumento é plausível. Trata-se de uma tentativa de dar maior concreção à ideia de plausibilidade,
voltada ao convencimento do agente.
A noção ampla de cogência tem, naturalmente, forte relação com a noção de bom argumento, como
se depreende da conceituação proposta por Marc Vorobej:
“Dizemos que um argumento ‘A’ é cogente para você apenas no caso de, relativamente ao seu
estado epistêmico e ao contexto argumentativo mais amplo, ser racional, para você, acreditar que:
(i) cada proposição no conjunto de premissas ‘S’ do argumento ‘A’ é verdadeira - esta é a condição T
[True];
(iv) ‘A’ é compacto [sem informações irrelevantes ou redundantes]101 - esta é a condição C [Compact
] (…)
Como a cogência representa um tipo de ideal argumentativo, e como o argumento é uma tentativa de
persuadir racionalmente alguém a adotar certa crença com base nos fundamentos citados, nossa
concepção de cogência é guiada pela intuição que se segue. Um bom argumento - um argumento
pelo qual você deveria ser persuadido - oferece provas [evidence] de tal maneira que: apele apenas
para informação precisas [i.e., aceitáveis]; todas as suas premissas contenham informações que
desempenhem um papel essencial [i.e., relevante] no provimento de suporte para a conclusão do
argumento, e que as premissas ofereçam, coletivamente, evidência suficiente para justificar a crença
na conclusão do argumento”.102
É por isso que Bickenbach & Davies denominam de cogência a “avaliação geral do argumento”,103
tratando-a como “uma função dos critérios [de] aceitabilidade, relevância e suficiência.” Um
argumento é bom se, e somente se, for cogente, como mostra a equiparação feita por Kahane &
Cavender.104 Tais qualificações, por conseguinte, identificam-se inequivocamente com a
plausibilidade do argumento.
Cederblom & Paulsen105 sintetizam de forma precisa essa complementaridade: chamam de bons
argumentos aqueles “legitimamente persuasivos”, enquanto os maus podem persuadir
ilegitimamente (falácias) ou sequer lograr persuasão.
9 PERSUASÃO E CONVENCIMENTO
É útil, nesse passo, fazer uma distinção concernente aos aspectos pragmáticos e subjetivos da
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plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
Demonstração, de acordo com Alaôr Caffé Alves, é “a ação de apresentar logicamente uma
conclusão a partir de premissas verdadeiras (…) a conclusão no caso será necessariamente
verdadeira. A demonstração é utilizada amplamente nas ciências formais, como as matemáticas e a
lógica. (…) Nada mais é do que o ato de explicitar as possibilidades já implícitas desde o começo do
jogo. O conhecimento assim obtido será um conhecimento preciso e exato, dentro de um
conhecimento rigoroso, onde a vontade não tem nenhum papel intrínseco a desempenhar”.106
Podemos aproximar essa definição, ainda que grosseiramente, daquela de prova, um pouco mais
específica, na medida em que “provar algo para alguém é convencê-lo por meios racionais.” A noção
de prova, nesse sentido específico (não formal), abrange a racionalidade objetiva e precisa da
demonstração, e agrega-lhe um elemento subjetivo, a figura daquele para quem se prova. Eis a
concepção de “prova” de Patrick Shaw:
“Uma prova, portanto, é um argumento válido que parte de premissas que são verdadeiras e aceitas
como verdadeira pelo proponente e por seu oponente, e conduz a uma conclusão que previamente o
oponente não estava disposto a aceitar. É mostrar ao oponente que, dadas certas verdades (que ele
aceita), ele não pode, de forma consistente, negar determinadas outras”.107
O conceito de prova, portanto, parte da noção de argumento correto (válido e dotado de premissas
verdadeiras), e agrega-lhe alguns elementos subjetivos de interação social,108 como a discordância
prévia do oponente a respeito da aceitabilidade da conclusão. A ideia de que se prova algo para
alguém não é isenta de críticas, uma delas acusando-a de confundir “prova” com “persuasão.” Há
uma diferença entre ambos os conceitos,109 e uma reposta possivelmente adequada à crítica é a de
que o problema está no ouvinte, e não no conceito de prova como “algo que se destina a alguém.”
Ou seja, prova pode ser concebida como algo que se destina para um ouvinte, mas o fato de tal
ouvinte não se deixar persuadir pela prova não a desnatura enquanto “prova”:
“Uma boa prova pode falhar em persuadir uma pessoa muito irredutível para ouvir a razão; enquanto
um argumento descuidado pode persuadir alguém propenso a ser convencido. Entretanto, aqui a
falha reside nas pessoas, em vez de na expressão ‘provar para’. (…). Se a pessoa não está ouvindo
a razão, então ninguém terá sucesso em provar coisa alguma para ela, ainda que o argumento
proferido pudesse constituir uma prova para uma pessoa mais racional”.110
As dificuldades não terminam aí, visto que o convencimento não deve ser confundido com
persuasão. Atentemos para a comparação feita por Perelman & Olbrechts-Tyteca, entre convencer e
persuadir, no seio de sua teoria da argumentação:
“É por ocasião desse debate que parece elaborar-se a distinção entre persuadir e convencer. (…)
Para quem se preocupa com o resultado, persuadir é mais do que convencer, pois a convicção não
passa da primeira fase que leva à ação. Para Rousseau, de nada adianta convencer uma criança ‘se
não se sabe persuadi-la’. Em contrapartida, para quem está preocupado com o caráter racional da
adesão, convencer é mais do que persuadir. (…) Propomo-nos chamar persuasiva a uma
argumentação que pretende valer só para um auditório particular e chamar convincente àquela que
deveria obter a adesão de todo ser racional”.111
Avançando no tema, tem-se que a persuasão “nos diz o que pensar, mas não por que pensar”,112
pois “é um modo de apresentar conhecimentos prováveis com um teor de verossimilhança que tende
a inclinar a vontade do interlocutor em favor daquele que argumenta. (…) O objetivo é lograr que o
interlocutor aceite como verossímil o conhecimento comunicado. Neste caso, a persuasão vale-se da
retórica como arte de argumentar” .113 Volta-se, desse modo, à obtenção de resultados e ações.
Como pensamos ter deixado claro, o poder persuasório de um argumento (o qual exprime a mera
aceitação subjetiva da conclusão, não necessariamente por meio do convencimento racional e
fundamentado a respeito dela) não tem relação necessária com sua qualidade objetiva. É
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plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
perfeitamente possível que alguém creia num argumento inválido, ou deixe de acreditar num
argumento válido.
Por outro lado, o estado epistêmico do agente não pode interferir em alguns aspectos próprios do
argumento, objetivamente considerado. Por exemplo, o fato - objetivo e logicamente aferível - de um
argumento ser válido, ou correto (válido e com premissas verdadeiras), não depende de sua
aceitação pelo sujeito. Pode-se acreditar em argumentos inválidos, ou deixar de acreditar em
argumentos válidos, assim como ocorrer o oposto. Idem em relação a argumentos corretos. Isso
reforça a ideia de que tais caracteres - validade e correção - não garantem a elaboração de um bom
argumento. É preciso ter em vista, a todo instante, a tensão existente entre o argumento e seus
usuários (emissores e receptores), porque a análise isolada de um ou de outro aspecto tenderá a ser
incompleta. É por isso que Bickenbach & Davies não admitem que se avalie a qualidade do
argumento apenas com base em sua “taxa real de sucesso”, ou seja, na capacidade concreta de
persuadir os destinatários: “esse padrão é claramente falho: um argumento excelente algumas vezes
deixa de convencer as pessoas, não por conta de defeitos na argumentação, mas em razão das
limitações ou idiossincrasias do público”.115 Os autores defendem que o fato de um argumento ser
bem sucedido perante determinados destinatários não autoriza a concluir que ele “possui as
qualidades que seriam transparentemente persuasivas sob um ambiente comunicativo ideal”.116
Uma observação deve ser feita, no que concerne à seara dos argumentos morais, éticos e das
decisões políticas, na qual estão implicadas questões sobre o que é certo e errado:
Este parece ser o caso de discussões que envolvem profundas divergências e julgamentos de valor -
citem-se, por exemplo, os casos do aborto, da pena de morte, do desarmamento, das cotas
étnico-raciais, das pesquisas com células-tronco embrionárias, do casamento homossexual, da
legalização das drogas, da eutanásia, das operações militares norte-americanas no Oriente Médio,
dentre outros temas igualmente polêmicos. Embora não sejam apresentados em termos
exclusivamente morais, mas também jurídicos, históricos, sociais, econômicos, religiosos, morais,
estratégicos, geopolíticos, dentre outros prismas, esses debates exibem, em comum, o mesmo tipo
de dificuldade: em tais casos é impossível, à primeira vista, descobrir um princípio geral, aceitável
para ambas as partes, do qual decorra a plausibilidade ou desacerto completo de uma das posições.
Quando um princípio dessa natureza é apresentado por uma das partes, a outra tende a apegar-se a
suas convicções morais particulares e a rechaçar o princípio que lhe é desfavorável.118 Pode-se
configurar, assim, o que John Rawls denomina de desacordo ou conflito razoável.119
Na mesma linha, Trudy Govier afirma que julgar um argumento como ruim significa ter objeções em
relação ao argumento como um todo, e não apenas à sua conclusão. Deve-se demonstrar que “suas
premissas não proveem bases racionalmente adequadas para sua conclusão, a qual pode,
entretanto, ser verdadeira ou plausível por outras razões (…). Para refutar-se uma conclusão,
[deve-se] construir um argumento independente, mostrando que a conclusão é falsa.” 120 Somente
parâmetros não formais e funcionalistas, como os aqui apresentados, permitem uma avaliação
aceitável do bom argumento.
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plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
Afirmou-se que um bom argumento, muitas vezes, não é persuasivamente bem-sucedido. Aponta-se
como razão desse descompasso, em geral, algum problema121 na transmissão, recepção ou
interpretação da mensagem. Significaria isso que a falta de cogência de um argumento decorre,
necessariamente, de algum defeito, seja no próprio argumento ou no processo comunicativo?
Entendemos que não, porque um argumento, mesmo sendo bom (e, assim, digno de gerar
convencimento racional) pode ser suplantado por outro argumento, ainda melhor.
Por mais eficiente que seja a aplicação das condições ARS na avaliação da cogência ou
plausibilidade de um argumento, elas não deixam de ser intra-argumentativas, parciais ou
monoargumentativas, isto é, circunscrevem-se a relações entre premissas e conclusão, dentro de um
único argumento - à exceção da suficiência, que trata a latere da questão de possíveis objeções
contra o argumento. Embora envolvam o receptor (que é o sujeito da aceitabilidade, por exemplo),
fazendo considerações pragmáticas, não têm caráter dialógico.
Sob a perspectiva teórica ARS, o destinatário é tomado de forma passiva, como mero espectador:
não levanta objeções, não critica nem rebate asserções, tampouco constrói contra-argumentos - e,
como sabemos até por meio de exemplos banais, embora um argumento possa ser cogente ou bom,
outro argumento, por vezes em sentido contrário, pode ser melhor, e suplantá-lo. Portanto, um
argumento, ainda que bom, pode não vencer uma disputa ou debate, e ser derrotado por um
argumento adversário. Para sagrar-se vitorioso numa querela argumentativa, é necessário “blindar” o
argumento contra as réplicas dos contendores, antecipando-as e refutando-as preemptivamente.
Ainda assim, caso se queira aproveitar a abordagem ARS numa avaliação dialógica, arriscaríamos
dizer que a noção de suficiência deve ser enfatizada. O que está em jogo, aqui, é a ideia de
suficiência dialética, sugerida por Johnson & Blair.122 Se um argumento adversário não ataca a
aceitabilidade nem a relevância das premissas, mas apresenta razões mais convincentes que o
argumento original, é a suficiência deste o pilar afetado. Afinal, suas premissas aceitáveis e
relevantes, que seriam suficientes em uma situação ideal (isolada, em abstrato, intra-argumento)
deixam de sê-lo na presença do argumento oposto. Por isso, quando dois argumentos
verdadeiramente bons são contrapostos, e um derrota o outro, por ser melhor, a suficiência das
premissas do pior deles terá ruído. Caso a derrota ocorra em razão da demonstração da falta de
aceitabilidade ou relevância das premissas, então o argumento refutado não era realmente bom.
Essa orientação encontra paralelo na obra de Trudy Govier, que, ao tratar da avaliação dos
argumentos condutivos (convergentes, baseados na cumulação ou sopesamento de considerações),
sugere não haver impacto dialógico sobre os quesitos da aceitabilidade e relevância, afirmando: “a
maior diferença surge ao se considerar a suficiência (…). O que temos de determinar é a força
cumulativa das razões (…). Temos que nos perguntar se concordamos com a visão do
argumentador, segundo a qual as premissas oferecem melhore s razões para afirmar a conclusão do
que aquelas fornecidas pelas objeções para negá-la”.123
Trudy Govier127 apresenta três tipos de respostas possíveis à argumentação alheia: (1) aceitação
racional (concordância com o argumento cogente e aceitação de sua conclusão), (2) rejeição
racional (mostrando a não cogência do argumento, por falha no atendimento às condições ARS) ou
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plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
(3) suspensão do julgamento (incerteza e indefinição quanto aos méritos do argumento). Ora, o
esforço expendido pelas partes, no embate dialético, tem como alvo obter a aceitação racional de
seus próprios argumentos, evitando tanto contra-argumentos capazes de rejeitá-los de forma
justificada, quanto a criação de um estado de dúvida no destinatário. Embora esta etapa
intermediária possa integrar o processo de convencimento, ela não é necessária, e certamente
menos preferível, para o emissor do argumento, a um cenário de pronta aceitação do argumento.
Tendo em mira precisamente o processo argumentativo (em especial aquele em torno de matérias
polêmicas, de cunho ético e político), Peter Stuber sugere uma divisão dos estágios da
argumentação, de acordo com sua sofisticação.128 O primeiro estágio, do dogmatismo ou ausência
de argumento, corresponde a fazer uma asserção sem apresentar fundamentos em seu favor. No
segundo estágio, “oferece-se um argumento positivo ou negativo, mas não ambos. É argumentar de
forma parcial, unilateral (one- -sidedly) ”. Porém, ouvir apenas uma parte não permite grandes
avanços na compreensão e reflexão sobre o tema, pois na verdade “queremos saber o melhor que
pode ser dito” por ambas as partes. Afinal, embora um argumento unilateral possa ser bom, “os
argumentos em favor de uma conclusão alternativa podem ser ainda mais fortes. ” A terceira fase
envolve o oferecimento “de argumentos favoráveis e contrários. Significa argumentar bilateralmente (
two-sidedly) [ou] de forma multilateral (many-sided).” Há considerações - negativas - sobre uma ou
mais alternativas ao argumento original, isto é, reconhece-se e critica-se um argumento contrário,
enquanto se defende a própria posição. Porém, falar bem do próprio argumento e mal das
considerações adversárias não é o bastante, na medida em que tal atitude “desconsidera objeções
oferecidas ao seu argumento positivo, e ignora defesas contrapostas ao seu argumento negativo”,
sujeitando-se à derrota pelos argumentos adversários que, inobstante ignorados, podem suplantar o
original. Portanto, somente passando da bilateralidade ou multilateralidade para a responsividade
pode-se construir argumentos efetivamente cogentes. Ingressa-se, então, no estágio quatro, que
“oferece argumentos positivos e negativos, antecipa-se às objeções e responde a elas.
Argumenta-se de maneira bilateral e responsiva.”
Em conclusão, acreditamos que a perspectiva apresentada abra novas frentes para uma
compreensão dialética e responsiva do conceito de cogência, que vai além das condições ARS (ou
exige mais da condição S, requerendo que as premissas sejam suficientes não só para defender a
própria conclusão, mas para antecipar e refutar objeções e argumentos contrários). Essa perspectiva
traz considerações externas, hauridas no jogo dialógico, de caráter interargumentativo e capazes de
assegurar que um bom argumento seja o melhor disponível, em relação às propostas alternativas ou
concorrentes.
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1 “(…) a grande questão é se [um argumento] é correto. (…) Uma vez que esteja claro qual é o
argumento sob análise, estamos aptos a testar se ele estabelece sua conclusão.” Fisher, Alec. The
logic of real arguments. Cambridge: Cambridge University Press, 1997. p. 2 e 25.
2 Idem, p. 7
3 Shaw, Patrick. Logic and its limits. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 1997. p. 7.
4 A lógica informal consiste no “estudo dos aspectos lógicos da argumentação que não dependem
exclusivamente da forma lógica, contrastando assim com a lógica formal, que estuda apenas os
aspectos lógicos da argumentação que dependem exclusivamente da forma lógica” (Murcho,
Desidério. Lógica informal. In: Branquinho, João; Murcho, Desidério; Gomes, Nelson. Enciclopédia
de termos lógico-filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 473 e ss.). Importante notar, com o
autor, que, “à exceção dos argumentos dedutivos formais, todos os argumentos são informais, isto é,
são argumentos cuja validade ou invalidade não é determinável exclusivamente com base na sua
forma lógica”. Assim, argumentos dedutivos do tipo conceptual ou semântico, bem como todas as
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plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
5 A teoria (ou teorias) da argumentação, tal como atualmente concebida, surge de forma
contemporânea à lógica informal e com o mesmo objetivo fundamental: propor novos métodos
práticos de análise e avaliação de argumentos, que fossem além dos estreitos limites da lógica
dedutiva. A origem da moderna teoria da argumentação pode ser atribuída a um grupo
interdisciplinar de pesquisadores e acadêmicos, que, reunidos em torno da temática da
argumentação, uniram-se a estudiosos de lógica informal na tentativa de estruturar tais métodos
práticos e aplicá-los a exemplos reais de argumentos (Johnson & Blair, 1987 apud Walton, Douglas.
Argumentation theory: a very short introduction. Disponível em: [www.
dougwalton.ca/papers%20in%20pdf/09ArgShort.pdf]. Acesso em: 03.04.2011).
8 Copi, Irving; Burgess-Jackson, Keith. Informal logic. 3. ed. New Jersey: Prentice Hall, 1995. p. 28.
10 Exemplo: “Todo quadrado tem só três lados; Ora, todo triângulo é quadrado, Logo, todo triângulo
só tem três lados”, que reflete um princípio chamado de “Lex Clavii: Ex falso quodlibet sequitur (Lei
de Clávio: a partir do falso, segue-se qualquer coisa)”. Idem, ibidem.
12 Tanto assim é que o Prof. Emérito Goffredo Telles Jr., de saudosa memória, denomina sua obra
sobre lógica formal de Tratado da Conseqüência, dada importância de tal relação nessa área da
filosofia. Telles Júnior, Goffredo da Silva. Tratado da conseqüência - Curso de lógica formal. 6. ed.
São Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 1962 [2004].
18 Murcho, Desidério. Pensar outra vez - Filosofia, valor e verdade. Vila Nova de Famalicão: Edições
Quasi, 2006. p. 113.
20 Johnson, Ralph; Blair, J. Anthony. Informal logic and the reconfiguration of logic. In: Gabbay, Dov;
Johnson, Ralph; Ohlbach, Hans; Woods, John (eds.). Handbook of the logic of argument and
inference - The turn towards the practical. Amsterdam: Elsevier, 2002. p. 356.
23 Wallace, Meg. Some logic. 2007. Disponível em: [www.unc.edu/~megw/Logic. html]. Acesso em:
12.04.2009.
24 Bickenbach, Jerome; Davies, Jacqueline. Good reasons for better arguments: an introduction to
the skills and values of critical thinking. Peterborough: Broadview Press, 1997. p. 156.
25 Govier, Trudy. A practical study of argument. 6. ed. Belmont: Thomson Wadsworth, 2005. p. 63.
26 Uma tautologia é válida e correta, porém ruim. Da mesma forma, um argumento forte pode ser
ruim, caso seja refutado ou defeated. Para um argumento cogente stricto sensu ser bom, defende
Richard Feldman, é preciso que, além de forte e com premissas verdadeiras, tenha premissas
justificadas e não seja refutado por provas relevantes em contrário. Feldman, Richard. Philosophy
105 Lecture Notes - Chapter 4. Fall 2005. Disponível em:
[www.ling.rochester.edu/~feldman/philosophy105/04-strength.html]. Acesso em: 05.10.2007.
27 Argumentos indutivos ou analógicos podem ser bons, mesmo não sendo válidos nem corretos.
Isso ocorre “primeiro, porque a cogência [lato sensu] exige premissas racionalmente aceitáveis, mas
não requer que sejam verdadeiras. Segundo, a cogência admite formas de suporte diferentes da
implicação dedutiva” (Govier, Trudy. Op. cit., p. 65).
31 Douglas Walton e Thomas Gordon dizem que, identificado o argumento, “o próximo problema é
avaliar sua força”, exatamente no sentido de “aferir o valor do argumento e se deve ser aceito”.
Critical questions in computational models of legal argument. 2005. Disponível em:
[www.tfgordon.de/publications/files/WALTON2005a.pdf]. Acesso em: 26.02.2010.
33 Cf. abordagem alternativa proposta por Marc Vorobej, centrada na ideia de argumentos confiáveis
(reliable/trustworthy), os quais admitem probabilidades e gradações e podem conduzir à cogência.
Vorobej, Marc. A theory of argument. New York: Cambridge University Press, 2006. p. 54 e ss.
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plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
37 Walton, Douglas. Abductive reasoning. Tuscaloosa: The University Alabama Press, 2004. p. 28.
38 Idem, p. 27.
41 Além desses, Sautter reconhece outros fatores extralógicos que poderiam servir de critério para a
avaliação de um bom argumento: são fatores estéticos, pragmáticos e éticos, inter alia. O critério
adotado neste trabalho tem na relevância, suficiência e aceitabilidade das premissas para a
conclusão seu ponto central. Sautter, Frank Thomas. Nota sobre a Condicional de Murcho.
Cognitio-Estudos: Revista eletrônica de filosofia. vol. 3, n. 2, p. 176-180. Disponível em:
[www.pusp.br/pos/filosofia/Pragmatismo/cognitio_estudos/cog_estudos_v3n2/cog_est_v3_n2_sautter_t18_176_180.pd
Acesso em 21.11.2006
42 Idem, ibidem.
44 Idem, p. 126.
45 Idem, p. 120.
46 Idem, p. 124.
48 Idem, p. 370.
51 Idem, p. 143.
52 Massachusetts Institute of Technology (MIT) - Sloan School of Management. Scoring rubrics for
professional writing. 1999. Disponível em:
[http://web.mit.edu/tll/teaching-materials/rubrics/TLL-Writing-Rubrics.doc]. Acesso em: 01.10.2010.
53 São partidários dessa corrente (ARS ou ARG, de ground), dentre outros, Ledwig, Marion (Op.
cit.); Govier, Trudy (Op. cit.) e Bickenbach, Jerome; Davies, Jacque-line (Op. cit.).
54 A British Columbia Society for Skeptical Enquiry, por exemplo, adota a ordem R-A-S: “Ao
examinar cada uma das premissas, devemos primeiro considerar sua relevância, depois sua
aceitabilidade (…). Por fim, consideramos a suficiência.” British Columbia Society for Skeptical
Enquiry. Critical thinking tutorial. Disponível em:
[www.bcskeptics.info/resources/criticalthinking/index.html]. Acesso em: 09.10.2007.
57 Op. cit., p. 6.
58 Walton, Douglas. Defining conditional relevance using linked argument and argumentation
schemes. Michigan State Law Review 4/1305, Michigan, 2003.
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A NOÇÃO DE BOM ARGUMENTO - Cogência,
plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
61 Idem, ibidem.
62 Op. cit.
64 Idem, p. 3.
65 Idem, p. 4.
68 Idem, p. 158.
69 Idem, p. 163.
70 Idem, ibidem.
71 Idem, p. 161.
72 Idem, p. 159.
73 Idem, ibidem.
74 Idem, p. 160.
75 Idem, p. 161.
76 Idem, p. 163.
77 Idem, ibidem.
78 Idem, p. 164.
79 Idem, ibidem.
84 Idem, ibidem.
85 Idem, p. 157.
86 Op. cit.
87 Sperber, Dan; Wilson, Deirdre. Relevance theory. In: Ward, G.; Horn, L. (eds.). Handbook of
pragmatics. Oxford: Blackwell, 2006. Disponível em: [www.dan.sperber.com/relevance_theory.htm].
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A NOÇÃO DE BOM ARGUMENTO - Cogência,
plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
89 Op. cit.
92 Idem, p. 165.
94 Idem, ibidem.
96 Op. cit.
98 Idem, p. 168.
99 Idem, ibidem.
104 Kahane, Howard; Cavender, Nancy. Logic and contemporary rhetoric: the use of reason in
everyday life. 10. ed. Belmont: Thomson Wadsworth, 2006. p. 6.
105 Cederblom, Jerry; Paulsen, David. Critical reasoning: understanding and criticizing arguments
and theories. 4. ed. Belmont: Thomson Wadsworth, 1996. p. 150.
106 Alves, Alaôr Caffé. Lógica, pensamento formal e argumentação - Elementos para o discurso
jurídico. Bauru: Edipro, 2000. p. 360-361.
108 A prova é essencialmente dirigida a um interlocutor - prova-se algo para alguém. É atividade
intersubjetiva, que leva em conta o que cada parte toma como estabelecido, como dado. Shaw,
Patrick. Op. cit., p. 15 e 17-18.
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A NOÇÃO DE BOM ARGUMENTO - Cogência,
plausibilidade, condições "ARS" (aceitabilidade,
relevância e suficiência) e conceitos correlatos
118 O raciocínio é feito por Patrick Shaw (op. cit., p. 22) em relação ao tema polêmico, complexo e
envolvente do aborto, mas se aplica a outras discussões, como o debate sobre cotas raciais nas
universidades e outros de semelhante natureza.
119 Rawls, John. Political liberalism. New York: Columbia University Press, 1993. Em português: O
liberalismo político. Trad. Dinah de Abreu Azevedo. 2. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 179 e ss.
121 Bickenbach, Jerome; Davies, Jacqueline (Op. cit., p. 150) listam potenciais fatores que
atrapalham a persuasão transparente: “forças externas, coerção, violência; incentivos, subornos e
recompensas; restrições de tempo, energia ou paciência; limitações linguísticas, culturais ou de
raciocínio (…) e demais motivos ou circunstâncias que possam interferir na atitude cooperativa do
ouvinte”.
129 Houaiss, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
2003. versão 1.0.
131 Idem.
132 Idem.
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